ECONOMIA INDUSTRIAL - Aula 1a
ECONOMIA INDUSTRIAL - Aula 1a
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ECONOMIA INDUSTRIAL
Polígrafo 01
1.1 Introdução
Uma das lacunas do Modelo ECD pioneiro era a falta de importância atribuída às
condutas das empresas no processo de concorrência. A resposta foi a aceitação da
existência de causalidades menos rígidas, que se expressavam em uma relação interativa
entre as variáveis de estrutura, conduta e desempenho. Com isso, passou-se a avaliar
empiricamente todos os possíveis feedbacks entre as três categorias, enfraquecendo o
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Uma outra lacuna do paradigma ECD era a sua incapacidade de lidar com a
existência de diferenciais de lucratividade entre empresas em uma mesma indústria. O
problema é que, empiricamente, um dado grau de concentração de uma indústria pode
abrigar variadas distribuições de tamanhos das empresas. Mesmo que se aceite correlação
positiva entre grau de concentração e lucros excessivos em uma indústria, não há por que
imaginar que todas as empresas de uma indústria concentrada partilhem igualmente esses
lucros excessivos entre si. Como ademais, muitas das grandes empresas são diversificadas,
pareceria mais pertinente que a unidade analítica adequada para as análises de Economia
Industrial passasse a ser as grandes empresas e não mais os mercados (indústrias), tornando
questionável o próprio objeto de análise do Modelo ECD.
Mas também é verdade que a chegada dos anos 1980 trouxe novas questões que
não puderam ser tratadas pelo Modelo ECD devido à sua intensa fragmentação. Com
Scherer, o paradigma ECD havia perdido causalidade, a ponto desse autor, para muitos o
responsável pelo mais completo e preciso livro-texto dessa linha teórica, se autoqualificar
não como um estruturalista, mas como um “behaviorista”. A vertente empiricista
econométrica mostrava-se esgotada, enredada em discussões de natureza muito mais
estatística que econômicas. A NEI, apoiada no instrumental da teoria dos jogos, enfatizava
a tal ponto a rivalidade concorrencial, expressa em suposições sobre as condutas das
empresas, que várias de seus autores passaram a duvidar da importância da estrutura do
mercado para a compreensão do seu funcionamento.
de mudança estrutural ou na atribuição de papel ativo por parte das empresas na definição
da direção dessas mudanças, as formalizações dessas relações, em termos das variáveis-
chave e das regularidades e causalidades relevantes é ainda pouco convergente.
Assim, se fará uma breve revisão das mais importantes “noções”: a clássica; a de
Marx; e a neoclássica, ainda hoje dominante – para melhor situar a revolução teórica
representada pela abordagem schumpeteriana.
Por outro lado, é importante notar que Marx também tinha uma percepção aguda
da concorrência como um mecanismo permanente de introdução de progresso técnico,
capaz de tornar endógena à economia capitalista a capacidade de mudança estrutural via
inovações – na sua linguagem –, de tornar o “desenvolvimento das forças produtivas” uma
“lei de movimento” básica da economia capitalista. Este é um elemento crucial para uma
teoria dinâmica da concorrência, que será retomado por Schumpeter muito mais tarde.
Por sua vez, qualquer inovação, nesse sentido amplo, é entendida como resultado
da busca constante de lucros extraordinários, mediante a obtenção de vantagens
competitivas entre os agentes (empresas), que procuram diferenciar-se uns dos outros nas
mais variadas dimensões do processo competitivo, tanto os tecnológicos quanto os de
mercado (processos produtivos, produtos, insumos, organização, mercados, clientela,
serviços pós-venda).
Assim, as estruturas de mercado são relevantes, mas não algo único, nem
imutável. Tanto podem condicionar, com maior ou menor intensidade, as condutas
competitivas e as estratégias empresariais, como podem ser por estas modificadas, de forma
deliberada e às vezes até profunda (no caso de inovações chamadas “radicais”, que afetam
fortemente o funcionamento de vários mercados). Tais mudanças devem ser consideradas
como inteiramente normais, e não excepcionais, podendo apresentar características
evolutivas mais ou menos regulares, como nas situações tratadas pelas noções de ciclo
industrial e ciclo de produto. Em outras palavras, essas estruturas são em grande medida
endógenas ao processo competitivo, e sua evolução deve ser vista no contexto da interação
dinâmica entre estratégia empresarial e estrutura de mercado.
Essa apropriação de lucros não pressupõe nem conduz a algum equilíbrio – como,
por exemplo, a igualação entre taxas de retorno do capital, presente tanto na teoria clássica
como na neoclássica. Ao contrário, está relacionada a desequilíbrios oriundos do esforço de
diferenciação e criação de vantagens competitivas pelas empresas, que se esforçam por
retê-las na forma de ganhos monopolistas, ainda que temporários e restritos a segmentos
específicos de mercado.
1.3.2.4 Síntese
uma empresa tinha como único objetivo a maximização de lucro, tendo pleno
conhecimento de suas funções de custo e de demanda. Como consequência, considerava-se
que a decisão fundamental da empresa consistia em escolher o nível de operação em que o
lucro fosse máximo, correspondendo à quantidade em que custo marginal (Cmg) e receita
marginal (Rmg) se igualassem. Esse modo de representar a decisão das firmas ficou
conhecido como princípio marginal.
Além disso, a observação de que as firmas não agiam de modo a maximizar seu
lucro levou os autores a questionar o pressuposto de informação completa (segundo o qual
as firmas teriam pleno conhecimento das funções de custo e demanda) e o racionalidade
ilimitada (segundo o qual, dado o conhecimento das funções de custo e demanda, as firmas
teriam capacidade de resolver perfeitamente o problema da maximização dos lucros).
O caminho seguido por Hall & Hitch foi propor novo modo de representação da
decisão empresarial que ficou conhecido como princípio do custo total. Nessa nova
proposta, as condições marginalistas de maximização de lucro não desempenhavam
nenhum papel na decisão empresarial.
P = CVMe (1 + mark-up)
Preços seriam relativamente estáveis, uma vez que o aumento da demanda poderia
ocasionar elevação na quantidade vendida sem que isso tivesse o impacto na elevação do
preço. Para que houvesse alteração nos preços, seria necessário que o custo variável médio
fosse sensivelmente modificado ou que houvesse alteração no mark-up. Este último, no
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entanto, constituía margem fixa, que somente era alterada por modificações substanciais
no mercado. Para explicar por que os empresários se utilizavam de margem fixa, Hall &
Hitch utilizaram o argumento da curva da demanda quebrada. Segundo eles, a curva de
demanda observada pelos oligopólios era preço-elástica, no caso de aumento do preço, e
preço-inelástica, no caso de redução do preço. Em outras palavras, se o empresário
procurasse elevar os preços de seus produtos, teria de amargar uma queda substancial na
quantidade vendida. Por outro lado, se sua ação fosse a redução de preços, o aumento da
quantidade vendida seria irrisório, provocando queda da receita. A curva de demanda
quebrada é representada pelo Gráfico 1., em que o preço p* é o preço estável.
A contribuição de Hall & Hitch também era objeto de críticas, tanto de defensores
da Microeconomia tradicional quanto daqueles que procuravam na teoria para a
compreensão dos mercados oligopolizados. Por parte destes últimos, a principal critica era
a indeterminação do mark-up e, portanto, do preço. O princípio do custo total consegue
explicar por que os preços dos oligopólios são estáveis, mas não apresenta qualquer
justificativa para o nível da margem fixa.
Essa margem não deve ser confundida com o lucro da empresa, uma vez que ela
incide somente sobre o custo variável médio. Uma parte dela, portanto, destina-se a cobrir o
custo fixo médio. Assim, setores que necessitam de grandes investimentos em capital fixo –
por exemplo, o setor siderúrgico – vão apresentar mark-up mais elevado, sem que isso
necessariamente implique maiores lucros. Para evitar esse problema, pode-se dividir o
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P = CVMe + m’ + m”,
A margem destinada a cobrir o custo fixo corresponde ao custo fixo médio, sendo,
portanto, variável de acordo com a escala de produção. A margem de lucro, por sua vez,
permanece indeterminada, de tal modo que o princípio de custo total não chega a oferecer
alternativa à Microeconomia tradicional na determinação do nível de preços. Por esse
motivo, o princípio de custo total também ficou conhecido como a teoria da margem
subjetiva.
Em seu texto, Mason definiu como seu objeto as firmas oligopolistas, o que lhe
permitiu diversas considerações que não eram pertinentes em um contexto de concorrência
perfeita. Uma dessas considerações, particularmente importante, era a interdependência das
ações da firma e de suas concorrentes. Ao contrário de um ambiente de concorrência
perfeita, em que a ação de uma firma era insignificante perante o todo, em mercados
oligopolizados a ação de uma empresa afetava o retorno esperado pelas demais. Por
exemplo, se uma firma decidisse ampliar a produção e realizar um esforço de vendas para
ganhar participação no mercado, as demais firmas poderiam se defrontar com a queda da
receita. Como consequência, o comportamento da firma não poderia ser paramétrico, mas
sim estratégico. Em outras palavras, a firma oligopolista não tomaria as variáveis externas
como dadas, mas consideraria que a sua ação poderia induzir à mudança da ação das suas
rivais. Uma vez que a ação das rivais era relevante na determinação das principais variáveis
econômicas – como o preço –, a firma devia agir considerando a provável reação das
concorrentes.
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Ao centrar sua análise nas grandes firmas, Mason introduziu a ideia de firma
ativa, que agia no sentido de modificar o ambiente em que está inserida. Preços, por
exemplo, não mais eram um dado para as firmas, mas sim uma variável de escolha.
Ao revelar que as firmas agiam ativamente sobre o mercado, Mason abriu espaço
para o estudo de diversas estratégias empresariais – como gastos em pesquisa e
desenvolvimento (P&D), marketing, diferenciação de produto, entre outros. No entanto,
seu trabalho inicial se concentrou na política de preços, enfatizando seu papel na
concorrência com as firmas rivais. Esse papel não se restringia a eventual guerra de preços,
mas abria espaço para outras estratégias que poderiam se combinar com uma política de
preços.
Mason também rejeitou a ideia da maximização dos lucros como o único objetivo
da firma. As grandes firmas são organizações complexas em que, frequentemente, a
propriedade está afastada da gerência. Além disso, o modo como a empresa é gerida a
torna vulnerável a diversas pressões dos grupos com quem ela se relaciona. Nesse contexto,
o comportamento das firmas é igualmente complexo, não podendo ser reduzido à simples
maximização de lucros.
Como poderá ser depreendido da leitura dos itens que seguem, vários dos
problemas abordados hoje pela organização industrial foram, em alguma medida,
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O que é a firma? Por que existem firmas? A resposta em que se apoia a economia
tradicional: a firma é uma unidade de transformação tecnológica.
É senso comum, no entanto, que uma empresa não é caracterizada somente por
transformar insumos em produtos. Existem diversos modos de organizar a produção e estes
são relevantes para a eficiência do sistema econômico. Uma firma pode ser centralizada ou
organizada em unidades de negócios autônomas. Pode produzir os insumos de que
necessita ou adquiri-los de terceiros. Pode estabelecer contratos de longo prazo com seus
fornecedores ou optar por compras esporádicas. Pode adotar esquemas de remuneração de
seus empregados por produtividade ou utilizar remuneração fixa. Enfim, firmas diferem
umas das outras, independentemente de sua atividade de transformação de insumos em
produto.
Como segundo passo, Coase mostrou que as transações poderiam se realizar por
meio de diferentes formas organizacionais, como o mercado, contratos de longo prazo ou
mesmo internamente a uma firma. Esta última não seria somente um meio de transformação
de insumos em produtos, mas um meio alternativo de transacionar no mercado. No limite,
toda a atividade de produção e transação poderia se verificar dentro da mesma firma.
O que definiria o escopo e os limites de uma firma era, sobretudo, o modo como
ela desempenhava essa função alternativa no mercado. Assim, se os custos de fazer uma
transação por meio do mercado fossem muito elevados, poderia ser vantajoso internalizá-la,
ampliando o escopo da firma.
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No primeiro caso, seria mais interessante uma firma centralizada, uma vez que
seus custos de transação são menores do que os de uma firma descentralizada. No segundo
caso, é mais econômico a firma operar em unidades autônomas.
Agora se pode definir as condições de entrada (E) como a margem que pode ser
permanentemente acrescida ao custo médio de longo prazo sem que haja entrada de novas
firmas nesse mercado. Pode-se representar essa margem algebricamente pela seguinte
expressão:
E = PL – CMe ,
CMe
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em que PL = preço-limite, por meio do qual a entrada é induzida; e CMe = custo médio de
longo prazo.
Em concorrência perfeita, o valor de E é igual a zero, uma vez que qualquer preço
que exceda o custo médio de longo prazo implica uma renda monopolista, induzindo à
entrada de novas firmas.
PL = CMe (1 + E).
Uma das barreiras à entrada refere-se ao modo pelo qual o consumidor percebe o
produto das firmas estabelecidas vis-à-vis do das firmas entrantes. Em resumo, a
preferência do consumidor por um produto permite elevação do seu preço sem que ele
substitua a marca.
que seria obtido pelo produto das firmas entrantes. Diferenciação de produto real é
especialmente relevante na concorrência entre marcas conhecidas dos consumidores, não
sendo característica tão importante na concorrência entre uma firma estabelecida e os
concorrentes potenciais entrantes. Não havendo segredos industriais, patentes para a
exploração do produto ou propriedade de ativos exclusivos, as firmas entrantes poderão
produzir produtos idênticos aos da firma estabelecida.
Uma firma estabelecida pode apresentar custos mais baixos do que os que seriam
incorridos pelas potenciais entrantes, independentemente da escala de produção. Nesse
caso, a firma estabelecida pode fixar um preço acima de seu custo médio de longo prazo,
sem atrair a entrada de concorrentes potenciais.
Existem diversos motivos para que uma firma estabelecida apresente custos mais
baixos que as concorrentes potenciais entrantes, entre os quais destacam-se três:
Essa relação é apresentada no Gráfico 2. Pode-se notar que, para qualquer escala
de produção, o custo incorrido pela firma entrante é sempre maior que o incorrido pela
firma estabelecida. Esta última pode, portanto, fixar o seu até o nível correspondente a PL,
sem com isso provocar a entrada de concorrentes potenciais.
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Gráfico 2.
Preço/Custo
Quantidade
ainda são as economias de escala pecuniárias derivadas de taxas de juros mais baixas, uma
vez que a probabilidade de pagamento de empréstimos é proporciona à magnitude desse
empréstimo em relação ao capital. Consequentemente, quanto maior a empresa, maior a
probabilidade desta honrar determinado empréstimo e, portanto, menor deve ser a taxa de
juros cobrada.
No entanto, mesmo que uma firma entrante pretende operar em escalas elevadas,
ainda há barreiras à entrada. A decisão de entrar ou não no mercado deve ser feita levando-
se em consideração a reação da firma estabelecida. Bain lista diversos tipos de reação, que
oscilam desde uma redução no volume de produção, acomodando a entrada, até a retaliação
por meio de uma guerra de preços. Segundo o autor, a reação mais provável é a redução
tanto da quantidade produzida quanto do preço praticada pela firma estabelecida,
antecipando um resultado posteriormente obtido pelo uso da teoria dos jogos. Sendo essa a
reação da firma estabelecida, a firma entrante vai se defrontar com a queda de preços, o que
pode inviabilizar a sua entrada. Por esse motivo, economias de escala consistem em
importante barreira à entrada.
Então, se uma firma estabelecida elevar seus preços acima de seu custo médio de longo
prazo, haverá oportunidade de realização de lucros extraordinários para as firmas entrantes.
Como não existirão restrições à entrada, outras firmas poderão ingressar nesse mercado
sem incorrer em custos. Mesmo havendo economias de escala, como o tempo de resposta
da firma estabelecida a eventual entrada será superior ao tempo que a entrante levará
para iniciar suas atividades, não existirá a possibilidade de retaliação imediata por parte
da firma estabelecida. Finalmente, como não haverá barreiras à saída, a firma entrante
poderá abandonar o mercado assim que a firma estabelecida esboçar alguma reação. Em
resumo, se houver oportunidade de lucro extraordinário em um mercado perfeitamente
contestável, uma nova firma poderá “instantaneamente” entrar nesse mercado, realizar o
lucro e abandoná-lo antes da reação da empresa estabelecida. Esse processo, que ficou
conhecido como hit-and-run, é o grande disciplinador do comportamento das firmas
estabelecidas de tal modo que elas se veem constrangidas a manter seus preços próximos de
seus custos médios de longo prazo.
oligopólio, desde que perfeitamente contestável, pode ser uma estrutura de mercado
eficiente. Como consequência, a análise da concorrência deve centrar-se nas três
condições que caracterizam a contestabilidade, em vez de ter a concentração de mercado
como indicador mais relevante do poder de mercado.
O eixo que norteia essa síntese foi resgatado diretamente de Mason (1939), quando
sugere um encadeamento causal da estrutura de mercado para a conduta das firmas e
desta para o desempenho econômico. Resgata-se também aquela que era a maior
preocupação de Mason e de Bain (1956): a formulação de políticas públicas.
Mais importante ainda é a ineficiência produtiva, que se refere à perda de motivação por
parte da firma que desfruta de lucros elevados, refletindo-se em um pequeno esforço
gerencial e produtivo. Sobre isso, o ilustre economista John Hicks afirmou que “o pior
custo dos monopólios é a preguiça dos gerentes”. A concorrência inibe diretamente esse
tipo de ineficiência ao pressionar a empresa a lutar pela sua sobrevivência. Uma ação do
governo no sentido de promover a concorrência pode, portanto, ser benéfica também nesse
caso. Finalmente, a ausência de concorrência pode implicar ineficiência dinâmica, uma vez
que as firmas se veem menos estimuladas a promover investimentos em capacitação
tecnológica. A concorrência é o grande motor da busca de novos produtos, novos mercados
e novos processos produtivos. Sem concorrência, o estímulo à atividade inovativa vê-se
diminuído.
Não obstante, as firmas tenham autonomia para traçar sua conduta por meio de um
leque de estratégias, esse conjunto de estratégias disponíveis é determinado pela estrutura
de mercado em que a empresa se insere. Esse é o ponto em que o paradigma de Estrutura-
Conduta-Desempenho mais se aprofundou, seguindo, sobretudo, os trabalhos de Bain
(1956). Desse modo, se houver barreiras elevadas à entrada, haverá espaço para o exercício
do poder de monopólio, permitindo que a empresa faça uma política de elevação dos
preços. E se, ao contrário, não houver barreiras à entrada e à saída, as firmas terão pouco
espaço para a elevação dos preços. Assim, a estrutura de mercado condiciona a decisão
estratégica.
Figura 1.
Condições básicas
Oferta Demanda
Matéria- prima, tecnologia, sindicalização, Elasticidade, substitutos, taxa de crescimento,
perecibilidade do produto, peso/valor, sazonalidade, método de compra,
ambiente institucional. tipo de comercialização.
Estrutura de mercado
Número de compradores e vendedores, diferenciação de produto, barreiras à entrada e à
saída, estruturas de custo, integração vertical, diversificação.
Conduta
Precificação, estratégia de produto e propaganda, pesquisa e desenvolvimento, expansão da
capacidade, estratégias institucionais.
Desempenho
Eficiência produtiva e alocativa, desenvolvimento, pleno emprego, equidade.
Nas subseções que seguem são apresentadas algumas abordagens que têm em
comum a preocupação pelo estudo das estruturas internas das organizações e o modo que as
instituições, como o mercado, operam. Mesmo tendo esse ponto de contato, as abordagens
selecionadas diferem substancialmente umas das outras. Esta breve apresentação pretende
marcar algumas diferenças, ressaltando algumas contribuições de cada abordagem ao
estudo da organização industrial. Não há a pretensão de apresentar uma lista completa das
teorias alternativas, mas apenas um corpo mínimo que caracterize parte relevante da
pesquisa sobre a firma, seu escopo e comportamento.
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A decisão final cabe à alta direção que, diante da multiplicidade de objetivos e dos
limites na avaliação das alternativas disponíveis à firma (racionalidade limitada), contenta-
se com uma solução “satisfatória” e possível, mesmo diante de tantas restrições ao processo
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de tomada de decisões. Reconhece-se, portanto, que não é possível nem econômico a firma
se empenhar em um comportamento maximizador.
Para resolver os conflitos internos, a alta direção pode recorrer a medidas não
diretamente relacionadas à atividade produtiva, cuja finalidade é atenuar as divergências
quanto aos objetivos da firma. Essas medidas são, em sua maioria, instrumentos de
compensação, incluindo transferência de recursos, redução da carga de trabalho e/ou
delegação de funções. Encontra-se, então, uma explicação econômica para elementos
internos às organizações, que parecem desprovidos de sentido. Por exemplo, aliviar a carga
de trabalho da área de marketing pode ser uma medida que atenue conflitos internos e
permita a adoção de uma ação não desejada pelos membros dessa área.
Embora tenho tido impacto tênue sobre a teoria econômica, a teoria behaviorista
mantém ativa a sua linha de pesquisa, sobretudo a voltada ao processo de decisão nas
organizações.
Dois tipos de risco moral podem ser distinguidos: a) informação oculta (hidden
information) – em que as ações do agente são observáveis e verificáveis pelo principal, mas
uma informação relevante ao resultado final é adquirida e mantida pelo agente; e b) ação
oculta (hidden action) – em que se ações do agente não são observáveis ou verificáveis.
Uma ação é observável se o principal é capaz de avalia-la em qualidade e/ou quantidade,
mesmo que isso não implique alguma forma de mensuração. Uma ação é verificável se,
além de observável pelo principal, este tenha meios de provar o que observou perante a
instância responsável pela resolução das querelas contratuais – por exemplo, um tribunal. A
diferença entre uma ação verificável e outra apenas observável é relevante em relações
continuadas entre agente e principal, em que um deles, ou ambos, pode interromper o
contrato ou renegociá-lo no decorrer da transação. Nesse caso, a observabilidade tem como
efeito a imposição de uma restrição ao contrato, limitando o comportamento do agente, que
pode ser punido com a interrupção do mesmo. O principal, no entanto, somente
interromperá o contrato se essa solução lhe garantir um retorno maior do que aquele que
seria obtido por meio da continuidade do contrato, mesmo considerando-se a possibilidade
de risco moral.
O exemplo clássico de risco moral com ação oculta pode ser encontrado na
relação entre seguradora (principal) e segurado (agente). Um agente faz o seguro de seu
carro numa seguradora denominada principal. De acordo como esse seguro, se o carro for
furtado, o valor integral do veículo será ressarcido ao agente. No entanto, o agente pode
atuar de modo a alterar a probabilidade de roubo do automóvel, tomando precauções que
são custosas a ele, como pagar um estacionamento em vez de deixar o carro na rua. Uma
vez segurado, o proprietário do veículo, tem, literalmente, assegurado o valor de seu
veículo. Então, se houver furto, ele recuperará o valor por meio da seguradora; se não
houver, ele manterá a posse de seu automóvel. Recebendo o retorno da transação,
independentemente da ocorrência de furto, o agente presumivelmente será menos
cuidadoso com o seu veículo, o que aumentará o risco de roubo e, consequentemente,
reduzirá o retorno esperado do principal na transação.
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adotada. Esse passo foi dado pela economia dos custos de transação, cuja principal
referência é Williamson (1985).
A frequência é uma medida da recorrência com que uma transação se efetiva. Seu
papel é duplo. Primeiro, quanto maior a frequência, menores serão os custos fixos médios
associados à coleta de informações e à elaboração de um contrato complexo que imponha
restrições ao comportamento oportunista. Segundo, se a frequência for muito elevada, os
agentes terão motivos para não impor perdas aos seus parceiros, já que uma atitude
oportunista poderia implicar a interrupção de transação e a consequente perda dos ganhos
futuros derivados de troca. Em outras palavras, nas transações recorrentes, as partes podem
desenvolver reputação, o que limita seu interesse em agir de modo oportunista para obter
ganhos de curto prazo.
A incerteza tem como principal papel a ampliação das lacunas que um contrato
não pode cobrir. Em um ambiente de incerteza, os agentes não conseguem prever os
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acontecimentos futuros e, assim, o espaço para renegociação é maior. Quanto maior esse
espaço, maiores serão as possibilidades de perdas derivadas do comportamento oportunista
das partes.
Quanto maior a especificidade dos ativos, maior a perda associada a uma ação
oportunista por parte de outro agente. Consequentemente, maiores serão os custos de
transação. No exemplo sobre o consórcio modular essa relação é evidente. Assim, se não
houver garantias contratuais aos fornecedores da montadora, esta poderá impor condições
desfavoráveis em renegociações futuras. Como consequência, o risco de perda no retorno
dos ativos específicos será grande, indicando elevado custo da transação.
Williamson (1985) propõe ainda uma ordenação dos diversos modos de realizar
determinada transação, começando pelo mercado spot, passando por contratos de longo
prazo e terminado na hierarquia (uma única firma abarcando a transação em questão).
Conforme se caminha por essa ordenação de formas organizacionais, ganha-se em controle
sobre a transação, mas perde-se em capacidade de resposta a estímulos externos
(motivação).
a) Concorrência Perfeita:
b) Concorrência Monopolística:
c) Oligopólio:
d) Monopólio:
e) Oligopsônio:
f) Monopsônio:
Fatores de produção
A forma pela qual a sociedade irá resolver seus problemas de definições quanto às
atividades a serem desenvolvidas será fortemente influenciada pela sua organização social,
econômica e política. Em função disso, serão definidos a forma de atuação das atividades
econômicas e os meios pelos quais elas serão desempenhadas. Em razão disso, poderá
haver ou não distorções e distanciamentos entre o que é produzido na economia e o que se
deseja de fato consumir, além de propiciar ou não acesso a esses bens por todos os
indivíduos na sociedade.
1 – Livre iniciativa
quanto e para quem produzir. Tudo isto é definido exclusivamente pelas empresas privadas.
Este tipo de organização é também conhecido como um sistema de “Economia de
Mercado”.
2 – Planejamento centralizado
3 – Sistema misto
Por sua vez, o setor terciário é integrado pelo segmento de serviços tais como
transporte, comércio, bancos, etc.
De uma forma geral, as empresas, que incluem não somente as indústrias, mas
também as lojas, as escolas, os hospitais, etc., estão por trás desses setores organizando e
combinando os fatores de produção para gerarem bens e serviços a serem consumidos pela
sociedade para a satisfação das necessidades humanas.
Bens e serviços
FAMÍLIAS EMPRESAS
Fatores de produção
Bens e serviços
Transferências Subsídios
FAMÍLIAS GOVERNO EMPRESAS
Tributos Tributos
Fatores de produção
Economia aberta
Bens e serviços
Transferências Subsídios
FAMÍLIAS GOVERNO EMPRESAS
Tributos Tributos
Fatores de produção
1.9.1 Introdução
A política pública é definida por vários analistas como uma série de ações ligadas
à formulação de decisões tomadas pelas autoridades governamentais, envolvendo os fins e
aspirações de uma sociedade moderna, através da utilização de meios disponíveis para
alcançá-los. Nesse sentido, inclui a política de relações externas, a política de defesa
nacional, a política social e “todo um conjunto interrelacionado de ações públicas dentro do
qual se situa a política econômica”. À política econômica cabe a estruturação da ordem
econômica, através da atuação deliberada sobre as variáveis e expressões de natureza
econômica ou não, com o objetivo de alcançar resultados que podem ou não ser de caráter
econômico.
Por sua vez, os instrumentos cambiais, através da fixação da relação de valor entre
a moeda corrente do país e as moedas conversíveis dos demais países, atuam diretamente
no nível de atividade econômica de setores específicos. Por um lado, uma política
deliberada de desvalorização da moeda nacional estimula as exportações do país, uma vez
que serão compensadores para os produtores os ganhos obtidos após a conversão em moeda
nacional. Por outro lado, a valorização da moeda nacional barateia o custo das importações,
e as empresas que utilizam matérias-primas importadas como parte relevante dos insumos
de produção, ou que se utilizam de bens de capital importados, são levadas a aumentar a
produção e o desenvolvimento tecnológico. Um outro instrumento cambial consiste na
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fixação de taxas cambiais múltiplas e especiais para setores diferenciados, com o intuito de
estimular importações ou exportações em períodos específicos da conjuntura nacional. Da
mesma forma, o controle das operações de câmbio, utilizado seletivamente, direciona o
desenvolvimento industrial para os objetivos globais da política governamental.
A regulação visa lidar com três aspectos econômicos básicos: o nível de preços, a
estrutura de preços e o objetivo de competição. O nível de preços é estabelecido de modo a
permitir alguma taxa de retorno, cujo nível é controverso. As leis requerem usualmente
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uma taxa justa de retorno, que não seja demasiadamente elevada e injusta aos clientes nem
excessivamente baixa de modo a desestimular os fornecedores e ser injusta para com os
acionistas ou detentores do capital proprietário. Esse nível de preços deve ser eficiente
conforme os seguintes critérios possíveis de alocação eficiente do capital: a) deve igualizar
o custo do capital para a firma (critério de “custo do capital”); e/ou b) deve ser
suficientemente alta para atrair o montante ótimo de novos investimentos (critério de
“atração de capital”); e/ou c) deve se alinhar às condições de risco e retorno de outras
indústrias (critério de “retornos comparáveis”).
Existem várias razões para a criação de firmas públicas, porém a mais válida é de
que deve servir a propósitos sociais que uma firma privada ignoraria ou violaria. Estes
propósitos sociais são principalmente: a) preferência social de uma sociedade para a
provisão pública em relação à privada em determinados setores proeminentes, que variam
entre países; b) oferta insuficiente pela empresa privada, quando uma nova indústria
requer um montante de capital muito elevado e de longo prazo de maturação, o que
implica altos riscos para os investimentos privados. Nesses casos, a empresa privada
exigiria subsídios, garantias e outras concessões, que tornariam o investimento público
preferível; c) a empresa pública muitas vezes é criada no sentido de “salvar” firmas
privadas da iminência de falência, comprando seu capital e apoiando sua reabilitação; d)
determinadas empresas públicas podem amortecer impactos externos, em forma de
prejuízo ou benefícios, que as empresas privadas ignoram, como no caso de um bem
público puro que requereria altos subsídios; e) uma empresa pública pode deter a
soberania de determinados setores para o país.
subsídio total, desde que os consumidores não pagarão diretamente pela sua utilização, que
será custeada pelos pagadores de impostos.