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MÉTODO FÔNICO DE ALFABETIZAÇÃO: A NOVA INDICAÇÃO DO MEC

JERKE, Raquel B.
RU: 1810471
Orientadora: ALBRECHT, Ana Rosa Massolin

RESUMO
Através de uma pesquisa bibliográfica sobre a alfabetização no Brasil, fez-se um
estudo sobre os principais métodos usados nas escolas de todo o país, bem
como das orientações metodológicas nas políticas públicas das últimas décadas.
O objetivo principal da pesquisa foi avaliar o método fônico de alfabetização, em
busca de uma comprovação científica para o seu uso, já que esta técnica é a
mais nova indicação do Ministério da Educação e o seu uso está sendo
incentivado aos professores de escolas públicas e privadas, bem como aos pais
de crianças em idade pré-escolar. Esta abordagem do MEC tem gerado discórdia
entre os especialistas, pois, apesar de se tratarem de métodos e técnicas
tradicionais, elas vão de contramão ao que vinha sendo estabelecido
anteriormente. Desde os anos 1980, as teorias socioconstrutivistas e os métodos
globais de alfabetização substituíram o ensino tradicional, tomando conta de
todos os espaços educacionais. A principal proposta socioconstrutivista foi
transferir o foco do professor ao aluno na sala de aula, fazendo dele o grande
protagonista de sua própria aprendizagem. Desta forma, foi colocada sobre os
alunos, uma responsabilidade que, mais tarde, se comprovou extremamente
danosa, deixando grandes prejuízos no desempenho escolar de toda uma
nação. Em contrapartida, o método fônico e a consciência fonológica já possuem
eficácia comprovada e demonstram ser a melhor abordagem para o sucesso
acadêmico, principalmente aos alunos com dificuldade de aprendizagem.
Concluiu-se que esta abordagem pode ser a grande responsável por uma
melhora significativa da educação brasileira, mesmo que isso demore a
acontecer.

Palavras-chave: Alfabetização. Método Fônico. Consciência fonológica.


Políticas Públicas.
1 INTRODUÇÃO

O crescente e permanente fracasso do ensino brasileiro chama atenção.


A educação é um direito básico e fundamental de qualquer cidadão que deve ser
exercido com qualidade e excelência, mas, o Brasil está muito distante deste
ideal. Dentre os principais problemas encontrados no sistema de ensino
brasileiro estão, a indisciplina dos alunos e o analfabetismo, o que compromete
qualquer tentativa de sucesso escolar. É muito comum que estes problemas
sejam atribuídos a falta de recursos financeiros no sistema de educação básica.
Porém, apesar dos crescentes investimentos neste setor, os índices só
continuaram a piorar.
Os problemas da educação brasileira são complexos, seria ingenuidade
atribuir todo o seu fracasso somente a uma questão, principalmente achar que o
recurso financeiro por si só melhoraria o desempenho dos alunos brasileiros nas
importantes avaliações internacionais. Porém, existe um fator de suma
importância para garantir o sucesso da alfabetização, que é a base para todo o
ensino posterior, que é questão dos métodos. Há muitos anos o Brasil tem
adotado métodos de alfabetização baseados na teoria socioconstrutivista,
abandonando os métodos e as técnicas tradicionais de ensino. Pesquisas
importantes têm demonstrado o fracasso destas abordagens e os danos
causados por elas na educação de nosso país.
Atualmente, a nova Secretaria de Alfabetização, tem buscado respaldos
científicos para construir um novo caminho de ensino baseado em métodos que
sejam comprovadamente eficazes. Porém, por se tratarem de métodos
tradicionais, a sua implementação tem gerado polêmicas e discórdias entre os
especialistas da área. Desta forma, este estudo mostrou sua relevância ao
avaliar as mais atuais escolhas e indicações do Ministério da Educação e da
Secretaria de Alfabetização quanto a alfabetização das crianças brasileiras, seja
no ensino público ou privado. E pôde, através de pesquisas já realizadas, prever
de certa forma se estas escolhas trarão resultados a longo prazo mais positivos
ou negativos para o índice de alfabetização no Brasil, que por muitos anos, tem
se mostrado um verdadeiro fracasso.
O objetivo principal deste estudo foi avaliar o método fônico de
alfabetização, e assim, pôde-se avaliar se ele é, ou não, a melhor abordagem
para a alfabetização no Brasil, se ele traz resultados comprovados, e ainda, se
o uso deste método se aplica de forma satisfatória em alunos que apresentem
quaisquer dificuldades de aprendizagem. Este estudo foi possível através do uso
do método de pesquisa bibliográfica.
O método de pesquisa bibliográfica consiste na atividade de investigação
em materiais teóricos já existentes sobre o tema em questão. Esta pesquisa
precedeu a delimitação do tema, a problemática e todo o questionamento sobre
o assunto abordado neste trabalho. Foi através da leitura de diversas obras
sobre o tema que foi finalmente, escolhida a direção e o rumo deste estudo.
Assim, a leitura sobre o tema começou juntamente com todo o desenrolar do
curso de Licenciatura em Psicopedagogia.
Dentre as diversas obras lidas sobre o assunto deste estudo, foi escolhido
o livro de Kátia Simone Benedetti de 2020 com título de “A falácia
socioconstrutivista: por que os alunos deixaram de aprender a ler e escrever”
como a principal obra e livro-texto da presente pesquisa. Esta obra é de extrema
importância para a área da psicopedagogia pois se trata de um livro
extremamente atual que discorre sobre as principais causas do desensino nas
escolas de nosso país. É uma das maiores obras nacionais sobre o assunto e é
especialmente relevante por se tratar dos problemas específicos do Brasil,
segundo a sua realidade.
O livro é escrito por uma professora que conhece bem a sala de aula e os
problemas que são enfrentados dia após dia pelos profissionais da educação.
Benedetti (2020) conhece os desafios que os alunos brasileiros têm passado e
os danos que foram causados por anos de desensino a partir de práticas
pseudocientíficas que prejudicaram várias gerações de brasileiros.
Além desta obra, e de outras, também foi feita uma pesquisa em diversos
materiais que estão disponíveis nas plataformas digitais do Ministério da
Educação (MEC). Atualmente, a secretaria da alfabetização tem lançado
programas e cursos de formação continuada para professores da educação
básica ensinando técnicas e métodos de literacia e alfabetização que
apresentam uma eficácia que já foi cientificamente aprovada por diversas
pesquisas internacionais.
Além dos professores, as políticas públicas da secretaria de alfabetização
também têm incentivado e contemplado a participação dos pais neste processo
importante do desenvolvimento infantil e assim, tem feito programas e cursos
voltados a eles. Todo este material disponível no AVA do MEC foi analisado
cuidadosamente para o melhor proveito deste estudo.

2 POLÍTICAS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL

É fato que a educação no Brasil vem de mal a pior nos últimos anos.
Dentre os principais problemas da educação brasileira, obviamente se
encontram a “indisciplina e a incapacidade de leitura-escrita dos alunos”
(BENEDETTI, 2020, p.15). A isto, tem se atribuído constantemente “às políticas
públicas inadequadas e, principalmente, à falta de investimento na educação”
(ibid, p.41). Porém, segundo os estudos da OCDE de 2019, o Brasil é um dos
países que mais investe em educação em relação a proporção do PIB. A
pesquisa afirma que

Apesar da forte pressão social para a elevação do gasto na área de


educação, existem evidências de que a atual baixa qualidade não se
deve à insuficiência de recursos. Tal observação não é específica ao
Brasil, tendo em vista que já é estabelecida na literatura sobre o tema
a visão de que políticas baseadas apenas na ampliação de insumos
educacionais são, em geral, ineficazes (VALERIANI, 2021).

Novos estudos científicos têm sido feitos sobre a natureza do aprendizado


da leitura e da escrita e, segundo a autora Benedetti (2020, p.41), a causa básica
para isto é muito específica: “a absoluta inadequação da abordagem global de
alfabetização e de ensino adotados em nosso país”. Por muitos anos, as políticas
públicas de alfabetização no Brasil insistiram em abordagens e métodos
socioconstrutivistas, com o intuito de promover a autonomia do aluno em seu
próprio processo de aprendizagem (ibid, 64). E, “embora a má qualidade do
ensino brasileiro [...] não tenha como causa única o aspecto metodológico, ele
é, sem dúvida, um dos mais relevantes” (ibid, p. 23).
Desde meados da década de 1980, houve uma revolução conceitual em
todo a América Latina em suas abordagens e métodos de ensino baseados na
ideia errônea de que a aquisição da habilidade de leitura e escrita se equipara a
aquisição da fala, ou seja, de forma natural, fazendo parte do processo de
desenvolvimento cognitivo humano. Assim, as políticas de alfabetização no
Brasil seguiram modelos pedagógicos que buscaram acabar com a tradição do
ensino explícito e sistematizado, “conteudísta”, assim chamado por eles

sob o argumento de que a sistematização progressiva de conteúdos


específicos por meio de métodos, bem como o ensino explícito do
princípio alfabético seriam procedimentos artificiais “mecanicistas” que
não consideram a criança como sujeito do próprio aprendizado. (Ibid,
p. 65).

Na pedagogia construtivista, o aprendizado da leitura e da escrita passou


a ser considerado como um processo natural e espontâneo do desenvolvimento
cognitivo infantil, tal qual a fala, que necessitasse apenas da imersão da criança
em um ambiente favorável e rico em estímulos. Assim também, o papel do
professor se transforma completamente, pois, ao invés do ensino diretivo e
explícito e da transmissão do conteúdo, cabe ao professor, chamado agora de
“educador” ou “facilitador, ou ainda “mediador” a função apenas de mediar o
processo natural de alfabetização da própria criança (ibid, p.48), sendo ela a
grande responsável pelo seu próprio aprendizado.
Pouco a pouco, toda educação brasileira foi dominada pela rejeição à
“concepção de ensino-aprendizagem como processo de transmissão-
apropriação de conhecimentos, e substituída pela concepção de ensino como
processo de desenvolvimento de habilidades e modelagem de comportamento”
(ibid, p. 81). A abordagem socioconstrutivista “passou a ser o aporte teórico não
apenas dominante na área educacional brasileira, mas praticamente absoluto”
(ibid, 66) em todos os sistemas de educação do país, desde o público até o
privado. Isso ocorreu, principalmente, porque tais abordagens foram oficialmente
adotadas pelo Ministério da Educação (MEC) a partir das políticas públicas, dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) (ibid, p.19).
Conforme estas políticas socioconstrutivistas foram sendo
implementadas, juntamente com a abordagem global de alfabetização
proveniente delas na educação nacional, a posição do Brasil em importantes
pesquisas, como o PISA, foram despencando ano após ano. Toda esta
pseudociência que acabou com a transmissão de conteúdo tradicional nas
escolas, transformando as em meros ambientes de promoção apenas das
“interações sociais” não contribuiu em nada na melhora do desempenho
educacional do Brasil. Pelo contrário, o desrespeito dos alunos por seus
professores só aumenta e o desempenho escolar só continuou despencando.
Assim, tudo indica que a abordagem pedagógica socioconstrutivista, juntamente
com os métodos globais de alfabetização são os grandes responsáveis pelo
péssimo desempenho dos brasileiros nas avaliações internacionais (ibid, p.41).
Por causa de todo esta revolução que ocorreu no ensino brasileiro, os
métodos tradicionais de alfabetização, como o Método Fônico, foram
abandonados pelas últimas décadas no Brasil. Eles foram duramente criticados
pelos socioconstrutivistas por serem sistemáticos e exigirem o treino e a
memorização (ibid, p.39). Porém, várias pesquisas recentes têm apontado para
a sua eficiência na aprendizagem da leitura e da escrita. Recentemente, o
Ministério da Educação tem reconhecido isto e está num processo de volta as
tradições, em busca de um novo caminho para a alfabetização no Brasil afim de
melhorar os índices internacionais e, principalmente, de acabar com a
analfabetismo no país, que vinha crescendo desenfreadamente.
Assim, desde 2019, foram instauradas diversas políticas públicas
completamente opostas ao que vinha sendo feito no país. A proposta da nova
secretaria de alfabetização do Brasil é oferecer um método de alfabetização que
seja verdadeiramente baseado na ciência. Desta forma, foi reconhecida a
importância da consciência fonológica, que é cientificamente comprovada como
o “preditor de sucesso mais importante em leitura” (ibid, p.70). A partir disto, o
MEC e a Secretaria de Alfabetização têm oferecido ferramentas aos pais e
professores para que estes possam auxiliar o desenvolvimento da consciência
fonológica promovendo a alfabetização das crianças.
Conforme a Política Nacional de Alfabetização vigente no país, ela
pretende
inserir o Brasil no rol de países que escolheram a ciência como
fundamento na elaboração de suas políticas públicas de alfabetização,
levando para a sala de aula os achados das ciências cognitivas e
promovendo, em consonância com o pacto federativo, as práticas de
alfabetização mais eficazes, a fim de criar melhores condições para o
ensino e a aprendizagem das habilidades de leitura e de escrita em
todo o país (PNA ARTIGO A ARTIGO).
Para isso, a Secretaria de Alfabetização tem disponibilizado uma série de
ferramentas e programas para pais e professores. São eles, o programa “Conta
pra mim” que ensina aos pais as técnicas de literacia familiar que contribuem
com a consciência fonológica e consequentemente com o sucesso na
alfabetização de seus filhos mais tarde promovida pela escola; e o programa
“Tempo de Aprender” voltado aos educadores e professores da educação básica
para que estes dominem as técnicas de consciência fonológica e de
alfabetização baseada na ciência. Ambos os programas estão disponíveis
gratuitamente para todos no site do MEC (FORMAÇÃO CONTINUADA EM
PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO, 2021).
A partir da prática e da implementação de tais políticas públicas
instauradas pela Secretaria da Alfabetização, o governo atual pretende cumprir
o disposto na meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE) que afirma:
“Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do
ensino fundamental” (PNA ARTIGO A ARTIGO, 2021). Para cumprir tal meta, as
políticas terão seu foco tanto “na pré-escola, fase em que a criança adquire
habilidades necessárias para ser alfabetizada, quanto no 1º e 2º ano do ensino
fundamental, período em que se concretiza efetivamente o processo de
alfabetização” (ibid).

3 MÉTODO FÔNICO DE ALFABETIZAÇÃO

Existem basicamente duas categorias de métodos de alfabetização, os de


abordagem sintética (que partem das partes ao todo, letra-texto) e os de
abordagem global ou analítica (que partem do todo às partes, texto-letra).
Historicamente, o Brasil abandonou os métodos sintéticos, dentre eles o método
fônico, pois foram considerados tradicionais e mecânicos, já que exigem o ensino
explícito e sistemático, além da memorização.
Apesar das duras, e errôneas, críticas ao método fônico, os estudos “nas
áreas de neurociência do aprendizado e psicologia cognitiva têm evidenciado a
superioridade dos métodos fônicos em relação aos demais métodos de
alfabetização, em especial aos analíticos” além de que “as dificuldades de leitura
e escrita são minimizadas pela intervenção fônica e que esses efeitos positivos
são permanentes” (BENEDETTI, 2020, p.29).
Os métodos fônicos surgiram na Alemanha e na França em meados do
século XVIII, onde foram criados programas de alfabetização baseados no
ensino explícito dos fonemas. Com o passar do tempo, estes métodos foram
aprimorados e atualmente se resumem a partir do chamado “princípio
alfabético”: a consciência da correspondência entre grafema-fonema, ou seja, a
consciência de que cada letra representa um som da fala (ibid, p.27). Esta é a
base do método fônico, e, ao contrário do que diziam os socioconstrutivistas,
esta relação não se dá de forma natural no desenvolvimento cognitivo da criança,
mas se dá através do ensino explícito e sistemático (ADAMS et al. 2006, p.20) e
da formação da consciência fonológica.
A consciência fonológica é a compreensão de que os fonemas
representam as mínimas unidades sonoras que constituem a fala e a habilidade
de combinar e recombinar os sons para formar novas palavras (BENEDETTI,
2020, p.156). Esta parece ser uma habilidade fácil de ser adquirida, porém, ela
se dá, principalmente, através do ensino sistemático e explícito (ADAMS et al.
2006, p.20). Este pode ser o segredo de uma educação bem-sucedida a longo
prazo, pois, “o nível de consciência fonológica de uma criança ao entrar na
escola é considerado o indicador individual mais forte do êxito que ela terá ao
aprender a ler” (ibid, p.20). Atualmente, “são cada vez mais abundantes os
estudos que evidenciam a estrita relação entre consciência fonológica e
desenvolvimento da leitura-escrita” (BENEDETTI, 2020, p.147).
Assim, o “nível de consciência fonológica de crianças em idade pré-
escolar predizem em muito seu futuro sucesso na aprendizagem da leitura”
(ADAMS et al. 2006, p.20), inclusive no seu desempenho escolar até o ensino
médio, sendo ainda, um fator principal para acabar com o analfabetismo até
mesmo em adultos. As pesquisas revelam que “uma consciência fonológica mal
desenvolvida é a principal dificuldade para um grande número de crianças que
apresentam problemas para aprender a ler” (ibid, p.23).
Como apresentado, o método fônico consiste basicamente na consciência
grafema-fonema a partir de uma exposição sistemática. Para o sucesso da
alfabetização através deste método, é imprescindível que haja o ensino explícito
de cada etapa da consciência fonológica. Estas etapas foram estudadas e
organizadas e estão disponíveis no site do MEC no curso “Tempo de Aprender”
(FORMAÇÃO CONTINUADA EM PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO, 2021). São
elas:
1. Aprendendo a ouvir: desenvolver os sons da linguagem (rimas,
silabas, aliterações, palavras e fonemas) é um passo fundamental
para a aquisição da habilidade de leitura e escrita. Saber distinguir bem
os sons da fala é o primeiro passo para o sucesso da alfabetização.
2. Conhecimento alfabético: compreender que as letras do alfabeto são
os grafemas que representam os sons da fala (princípio alfabético).
3. Fluência em leitura: é a habilidade de ler um texto oralmente com
velocidade, precisão e prosódia. Esta habilidade é fundamental para a
compreensão de texto.
4. Desenvolvimento de vocabulário: conhecer um bom número de
palavras é fundamental, pois são elas que garantem a comunicação
eficaz.
5. Compreensão de texto: envolve extrair os significados e identificar a
mensagem de um texto, ou seja, é o objetivo final da leitura.
6. Produção de escrita: é a habilidade de escrever palavras e redigir
textos a fim de comunicar algo.

Pode se perceber, que o ensino através do método fônico é progressivo,


ou seja, ele avança das etapas mais simples até as mais complexas, o que
facilita muito a compreensão do aluno, pois ele constrói seu conhecimento de
degrau em degrau de forma que cada conhecimento prévio serve como base
para um novo conhecimento mais complexo.
Porém, não é isso que se tem visto nas escolas. Desde meados da
década de 1980, os alunos foram impedidos de “subir esta escada” degrau a
degrau. Em nome da autonomia da criança e em defesa de seu “processo
criativo”, as crianças foram largadas em meio a textos e livros que estão muito
distantes de sua capacidade a fim de descobrirem por si só o código alfabético
através de inúmeras tentativas e erros.
As crianças não recebem mais o ensino que lhes cabe por direito, ao
contrário, elas estão a mercê de suas próprias reflexões para então,
conseguirem, praticamente sozinhas aprenderem, ou decorarem palavras.
A ação pedagógica passa, portanto, do ensino sistemático e
organizado a promotora da “reflexão”. O foco agora é a valorização das
tentativas das próprias crianças de compreender o código escrito. Essa
abordagem é nociva porque priva a criança do ensino que ela deveria
receber, deixando-lhe sozinha diante do desafio de se alfabetizar,
contando apenas com seus próprios “conflitos”. E essa abordagem é
cruel porque torna o processo de aprendizagem um verdadeiro calvário
para as crianças com déficits sensoriais e cognitivos (BENEDETTI,
2020, p. 192).

Desta forma, o ensino através de métodos globais privou e ainda priva


seus alunos de receberem os alicerces do conhecimento que precisam para
utilizarem a linguagem com eficácia, e isto tem deixado graves sequelas nas
novas gerações de brasileiros. Ao invés de receberem o “ensino a que tinham
direito, nossas crianças passaram a ter que contar com o próprio esforço para
conseguirem se alfabetizar” (ibid, p. 194). Como consequência, a realidade tem
mostrado cada vez mais que estes métodos transformaram “a vida escolar de
nossos alunos em um fardo muito maior do que deveria ser” (ibid, p. 194).
O único ensino que realmente funciona, garantindo ao aluno a capacidade
leitora autônoma, é o “ensino explícito, organizado, progressivo, intensivo e
repetitivo das correspondências grafofonêmicas” (ibid, p. 166). Já os métodos
globais, apresentam dois problemas principais: a simples exposição da criança
a textos não é suficiente para que ela consiga, sozinha, construir suas hipóteses
sobre o código alfabético; e segundo, o “método global não permite ao aprendiz
generalizar o procedimento da leitura para as palavras novas” (ibid, p.167). Isto
é um problema grave, já que saber ler é “saber decodificar qualquer palavra nova
com a qual nos deparamos” (ibid, p. 167).
Assim, fica evidente que, como concluíram as recentes pesquisas da
neurociência cognitiva, não existem diversos métodos eficazes, ou formas de
alfabetizar um aluno. Apesar de cada criança ser diferente e única, não existem
vários modos de aprender. No que “se refere ao aprendizado da leitura, todas
compartilham dos mesmos mecanismos neuronais para realizar esse
aprendizado” e “segundo as pesquisas cognitivas, não há sequer diferentes tipos
de aprendizes” (ibid,163), ou seja, as crianças são mais semelhantes do que
diferentes em seu modo de pensar e aprender. Desta forma, pode se concluir
que o currículo escolar deveria estar mais focado e organizado a partir de
conteúdos do que de habilidades e competências, ou mesmo em estilos de
aprendizagem.
Em síntese, ao invés de partir dos aspectos globais da linguagem em
direção aos aspectos específicos, deve se fazer o completo oposto, e é
exatamente isto que a nova secretaria da alfabetização tem busca fazer ao
promover o retorno às práticas tradicionais (sintéticas) de alfabetização através
de suas políticas públicas. Tudo indica que as mudanças e a nova direção do
MEC, juntamente com o trabalho do professor Carlos Nadalim à frente da
Secretaria da Alfabetização e o uso sistemático do Método Fônico podem
contribuir numa melhora significativa da educação brasileira. É claro que este é
um trabalho que exige muito tempo e os seus resultados virão a longo prazo.

4 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Por muito tempo, o processo de alfabetização foi colocado nas mãos dos
próprios alunos através de métodos globais e em nome da autonomia e
criatividade da criança. Sem o ensino sistemático e explícito do princípio
alfabético, muitas crianças acabam por se frustrarem pois, ao invés de
conseguirem decifrar o código alfabético, elas estão constantemente
adivinhando palavras, o que exige muito mais de sua memória. Se este processo
já é desgastante e frustrante para crianças consideradas “normais”, muito mais
então para as crianças com dificuldades de aprendizagem.
Como ficou claro, toda criança faz grande proveito do método fônico, pois
ele é organizado e progressivo, de forma que a criança aprende pouco a pouco
o código alfabético até que o domine por completo e, somente então, posso partir
para o significado de um texto. Crianças com dificuldades, por sua vez,
“necessitam ainda mais do auxílio de exercícios fonológicos” (BENEDETTI,
2020, p. 167). E é justamente por isso que “a abordagem global de ensino é tão
perniciosa: pois não permite a consolidação progressiva de conhecimento factual
de base para novos aprendizados” (ibid, p. 284) e nem permite as atividades
repetitivas e os treinos de caligrafia que sistematizam e organizam o processo
de aprendizagem. Também foi esclarecido que os métodos globais não só
dificultam o aprendizado, como também “deixam sequelas permanentes na
habilidade leitora dos alunos” (ibid, p. 144).
São inúmeros os estudos que comprovam os prejuízos dos métodos
globais, especialmente para as crianças com dificuldades de aprendizagem. Sob
o argumento de não tolher a autonomia da criança e de desenvolver práticas
significativas, os socioconstrutivistas deixaram de transmitir conteúdos
organizados e largaram as crianças por conta própria, negando completamente
todas as necessidades neurobiológicas das crianças no processo da
alfabetização (Ibid, p.269).
Neste processo desgastante de aprendizagem, algumas crianças, com
muito esforço, até conseguiam atingir a “hipótese alfabética”, mas

aquelas com algum tipo de dificuldade de aprendizagem, déficit


sensorial ou cognitivo (e que não tinham condições de, por si mesmas,
compreenderem que a escrita é um código visual que transcreve os
sons da fala), passaram a enfrentar um verdadeiro calvário escolar.
(Ibid, p. 210).

A prática global e socioconstrutivista no processo de alfabetização tem


dificultado e muito o aprendizado de seus alunos, ainda mais, “aquelas com
algum tipo de dificuldade de aprendizagem estão sendo massacradas por esse
desensino...” (Ibid, p.180).
Atualmente, já existem diversas técnicas e abordagens baseados em
métodos fônicos que tem eficácia comprovada em “minimizar consideravelmente
as dificuldades do processo de alfabetização das crianças disléxicas, inclusive
prevenindo a manifestação de sintomas ou atenuando-os” (Ibid, p.180),
melhorando o desempenho escolar do aluno. Desta forma, pode-se concluir que,
se o método fônico já é vantajoso para o ensino de leitura-escrita em crianças
sem dificuldades naturais de aprendizagem, quanto mais as crianças com tais
dificuldades. Pode-se dizer ainda que muitas das dificuldades de aprendizagem
encontradas hoje nas crianças brasileiras poderiam ser drasticamente
diminuídas ou até mesmo erradicadas com o uso de métodos e técnicas com
eficácia cientificamente comprovada.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pôde se perceber ao longo deste estudo que a questão dos métodos já


está resolvida, inúmeras pesquisas internacionais demonstraram a
superioridade do método fônico de alfabetização em relação aos demais. Desta
forma, é evidente que as novas políticas públicas que o Ministério da Educação,
juntamente com a Secretaria de Alfabetização apontam para o caminho do
sucesso da educação brasileira, mesmo que este seja ainda um longo caminho
a percorrer até que toda a educação seja transformada e mude a sua abordagem
de ensino. Assim, mesmo que o sucesso seja quase que garantido, ele pode
demorar a chegar de fato, isso, porque o Brasil passou muitas décadas
enfraquecendo seu povo intelectualmente através de metodologias danosas e
técnicas de ensino pouco eficazes.
Apesar da questão dos métodos não ser a única responsável pelo
fracasso da educação brasileira, tudo indica que ela seja uma das principais.
Através deste estudo, fica evidente que o simples aumento de recursos
financeiros na educação de um país não é um indicativo e nem uma garantia de
uma melhora efetiva nos índices de educação. Atualmente, com o auxílio de
inúmeras pesquisas científicas sérias, não é mais preciso fazer experimentos
nas escolas, deixando professores e alunos perdidos a procura de desenvolver
suas próprias técnicas e meios de aprendizado através da construção de
inúmeras hipóteses, de tentativas aleatórias e erros incontáveis.
Se um método de alfabetização já é considerado, através de muita
pesquisa, como realmente eficaz no processo de ensino da leitura-escrita, seria
um crime ao povo brasileiro, privá-los do acesso a este conhecimento e de todo
o proveito que ele pode trazer na educação de todo um país. O método fônico
de alfabetização tem eficácia comprovada e a consciência fonológica é o fator
mais importante para o sucesso escolar, desta forma, toda criança brasileira tem
o direito de ser instruída através destas técnicas e não, como tem sido feito por
anos, ser simplesmente deixada a sua própria sorte, buscando encontrar sozinha
o caminho de sua própria aprendizagem.
Foi possível perceber, também, através deste estudo, que o papel do
professor precisa ser resgatado. O professor deve ser a autoridade na sala de
aula. Ele deve ter o conhecimento e ser o transmissor de conteúdo. Um bom
professor conhece os melhores métodos de ensino e faz uso deles. Os alunos,
por sua vez, estão na escola para receber o ensino e não para serem
protagonistas de sua própria aprendizagem. Deixar a responsabilidade do ensino
nas mãos dos alunos é na verdade uma irresponsabilidade que acaba gerando
um fardo muito grande aos alunos, quanto mais aos alunos que apresentam
quaisquer dificuldades de aprendizagem.
Fazer uso de métodos sintéticos e tradicionais de alfabetização não é um
retrocesso, é fazer uso de técnicas comprovadamente eficazes. Através destes
métodos é possível organizar o conteúdo de forma sistemática e progressiva de
forma que os alunos sejam privilegiados pelo acesso que receberam a um ensino
de qualidade. Isso não quer dizer que a sala de aula será um ambiente
monótono, e muito menos que ele irá tolher a autonomia e a criatividade dos
alunos. Pelo contrário, uma criança que compreende o princípio alfabético e
verdadeiramente aprende a ler, poderá ter acesso a uma infinidade de livros e
conhecimentos no futuro e poderá buscar o seu próprio caminho de
aprendizagem a medida em que domina os princípios e bases da língua
portuguesa. Ensinar uma criança a ler é deixa-la livre para aprender o que quiser
através da leitura, porque, primeiro é preciso aprender a ler, para somente então,
ler para aprender.

REFERÊNCIAS

ADAMS, FOORMAN, LUNDBERG e BELLER. Consciência Fonológica em


crianças pequenas. 1ª Edição. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006.

BENEDETTI, Kátia S. A falácia socioconstrutivista por que os alunos


brasileiros deixaram de aprender a ler e escrever. 1ª Edição. Campinas: Kírion,
2020.

FORMAÇÃO CONTINUADA EM PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO. Tempo de


Aprender, 2020. Disponível em:
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/sealf/curso/5401/informacoes. Acesso
em 19 de março de 2021.

PNA ARTIGO A ARTIGO. Ministério da Educação, 2021. Disponível em:


http://alfabetizacao.mec.gov.br/politica-nacional-de-alfabetizacao-2/pna-artigo-
a-artigo. Acesso em 19 de março de 2021.
PRATICAS DE LITERACIA FAMILIAR. Conta pra mim, 2020. Disponível em:
http://alfabetizacao.mec.gov.br/contapramim. Acesso em 19 de março de 2021.

VALERIANI, Thales. Países que mais investem em educação: veja a situação do


Brasil. Quero bolsa, 2021. Disponível em:
https://querobolsa.com.br/revista/paises-que-mais-investem-em-educacao-veja-
a-situacao-do-brasil. Acesso em 14 de setembro de 2021.

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