Hemoparasitoses Med Vet03
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Hemoparasitoses Med Vet03
Hemoparasitoses
em Medicina Veterinária
MÓDULO III
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mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na Bibliografia Consultada.
MÓDULO III
INTRODUÇÃO
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1 Babesioses
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FIGURA 1. Babesia sp. no interior de eritrócito, observar a forma piriforme com o par unido
pela extremidade mais afilada (Foto cedida pela M.V. Mestre Thatianna Camillo Pedroso).
1.1Ciclo de vida
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Inicialmente os trofozoítos encontram-se unidos, e posteriormente, se
separam, rompendo o eritrócito e partindo para invasão de outros. B. equi ao invés
de pares, geralmente forma tétrades, e no caso de B. canis podem ser encontrados
inúmeros trofozoítos no interior da mesma hemácia. Este processo multiplicação-
invasão pode continuar indefinidamente durante toda a vida do animal.
No carrapato, o ciclo de vida acontece de duas formas, que dependem da
espécie de babesia e da espécie do carrapato, sendo que estes podem albergar
simultaneamente mais de uma espécie de Babesia. Nos carrapatos monoxenos
(Boophilus microplus, Dermacentor nitens), que desenvolvem todo seu ciclo em
apenas um hospedeiro, há um tipo de desenvolvimento, e nos heteroxenos
(Amblyomma sp. e Rhipicephalus sanguineus), que utilizam mais de um hospedeiro
para fechar o ciclo, há outro.
O ciclo nos monoxenos ocorre da seguinte forma: as babesias ingeridas
pelos carrapatos penetram e se multiplicam nas células epiteliais do intestino, ali
caem na hemocele, penetram os túbulos de Malpighi, nos ovários, e invadem os
oócitos infectando os ovos. Nas larvas infectadas, as babesias se desenvolvem na
hemocele ainda dentro do ovo, e posteriormente nos estádios de ninfa e adulto do
carrapato migram para as glândulas salivares, onde continuam se multiplicando e
são transmitidas aos hospedeiros definitivos. Assim, no ciclo dos monoxenos, a
transmissão é transovariana, ou seja, de geração a geração.
Nos heteroxenos, a transmissão é transestadial, isto é, de estádio a estádio
do ciclo do carrapato. Se a ingestão de babesias ocorrer na fase de larva, as ninfas
é que farão a transmissão para o animal, ou se a ingestão ocorrer na fase de ninfa, a
fase adulta é que será a transmissora. A multiplicação das babesias nos vetores
heteroxenos ocorre na hemocele, onde se reproduzem por divisão múltipla formando
pseudocistos que podem abrigar até 200 microrganismos. Posteriormente, os
pseudocistos se rompem e há invasão dos músculos do carrapato que permanecem
inalterados até a próxima metamorfose, quando as babesias migram para as
glândulas salivares. Nas glândulas salivares, elas continuam suas multiplicações por
divisão binária, e aguardam serem inoculadas nos hospedeiros definitivos.
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1.1 Resposta Imunológica e Patogenia
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também mais suscetíveis à infecção por B. bovis, B. bigemina e A.
marginale; o fator racial não é observado em cães;
• Estado nutricional: animais nutridos adequadamente são
mais resistentes do que aqueles com carências nutricionais;
• Estado imunológico: animais imunodeprimidos ou que não
apresentaram re-infecção pelo período de oito meses após a primeira
infecção são mais suscetíveis, enquanto aqueles que apresentam
recidiva no intervalo de oito meses restabelecem gradualmente a
imunidade;
• Virulência do agente: pequenas babesias são
consideradas mais patogênicas que as grandes babesias, o tratamento
contra pequenas babesias também é mais complicado, pois é difícil
eliminá-las;
• Associação a outros patógenos: especialmente se a co-
infecção for causada por outro hemoparasito, o que em geral agrava a
patogenia e o quadro clínico do animal.
Estes fatores pedem maior atenção a animais que vivem em regiões onde os
carrapatos apresentam sazonalidade, como na Região Sul do país, favorecendo a
ocorrência de surtos de babesiose nos períodos mais quentes e úmidos do ano.
Bovinos que vivem em propriedades com controle intensivo de carrapatos e
bezerros nascidos confinados, transferidos para o pasto quando a imunidade
passiva transmitida pelo colostro está declinando também são mais suscetíveis a
surtos de babesiose, pois não tiveram exposição prévia ao agente. A exposição é
desejável, mas de forma controlada, para que o animal possa desenvolver
imunidade sem desenvolver a doença clínica.
1.2 Bovinos
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existem relatos, pois a gestação é uma fase imunossupressora, que favorece a
reativação da infecção latente.
Nos bovinos, a babesiose também é conhecida por tristeza parasitária, febre
esplênica, malária bovina, febre do Texas ou água vermelha. As co-infecções
principalmente com Anaplasma marginale são bastante comuns.
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evolução rápida para a morte, cerca de dez dias; a taxa de mortalidade em animais
não tratados varia de 50 a 90%. Na forma crônica, o período pré-patente leva de
dois a seis meses e o único sinal observado pode ser um emagrecimento crônico e
progressivo, acompanhado de anemia.
Na infecção por B. bovis, ocorre a formação de trombos (viscerotropismo)
especialmente no cérebro, fígado e baço, com baixa parasitemia, sendo esta, muitas
vezes não detectável. Ocorrem também sintomas como diarréia, aborto, sinais
neurológicos, alterações de comportamento com agressividade ou apatia extremas,
paresia e convulsões. Distúrbios da coagulação também já foram descritos.
No Brasil, a babesiose bovina é considerada uma doença endêmica, que
causa grandes prejuízos econômicos. Estima-se que as perdas anuais da babesiose
bovina em associação ao carrapato B. microplus fiquem em torno de um bilhão de
dólares no país. Estes prejuízos econômicos para a bovinocultura são observados
sob as formas de mortalidade, gastos com medicações, diminuição na produção de
carne e leite, diminuição do ritmo de crescimento dos bezerros e gastos com
vacinações ou premunição.
Assim, estudos epidemiológicos da babesiose bovina em uma determinada
área podem prever a possibilidade da ocorrência ou não de surtos e diminuir as
perdas econômicas. Esta possibilidade é avaliada segundo a situação
epidemiológica que pode ser classificada em três tipos: estabilidade enzoótica,
instabilidade enzoótica e situação de área marginal. Uma área é considerada estável
enzooticamente quando a soroprevalência encontrada tanto de B. bovis quanto de
B. bigemina é maior do que 80%. Áreas em que a soroprevalência fica entre 75 e
80% são classificadas como áreas marginais, e aquelas com soroprevalência menor
que 75% são consideradas instáveis e sujeitas a surtos.
1.3 Equinos
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de cavalos, pois países como Japão, Canadá, EUA e Austrália, que possuem uma
indústria eqüina muito forte, já são livres de Babesia, e animais positivos são
terminantemente proibidos de entrarem nesses países, seja para exportação ou
apenas competição.
Isso faz com que o Brasil sofra restrições para exportações de cavalos,
apesar da qualidade do plantel, pois aqui a infecção é considerada endêmica em
todo o território nacional. Diante disso, a importância da babesiose eqüina não se
reserva apenas aos danos individuais causados, mas a todo o plantel e às perdas
econômicas geradas aos criadores. Os agentes causadores da babesiose eqüina no
Brasil, freqüentemente encontrados concomitantemente, são Babesia caballi (Fig. 4)
e Babesia equi.
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porém ainda existem discordâncias entre pesquisadores. De modo geral concorda-
se que B. equi não seja uma babesia verdadeira, mas alguns pesquisadores
discordam que se trate de uma Theileria, o que sugeriria um novo gênero para B.
equi.
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infecções causadas por B. caballi, ocasionalmente há paresia do trem posterior.
Animais que vem a óbito dificilmente morrem em decorrência da anemia, e sim pela
formação de microtrombos, assim como ocorre com os bovinos; a não ser em casos
onde a parasitemia é bastante elevada e ocorre anemia aguda.
Nos quadros subclínicos, os sinais são os mesmos, mas se apresentam de
modo mais leve ou intermitente, há diminuição do desempenho dos animais de
competição e comprometimento do potencial atlético do cavalo. Os cavalos
cronicamente infectados são os mais comuns e apresentam sinais inespecíficos;
nestes, e nos portadores assintomáticos, situações de estresse ou doenças
intercorrentes podem reverter a doença para a forma aguda.
As alterações laboratoriais de eqüinos com babesiose incluem anemia
hemolítica acompanhada de hiperbilirrubinemia e conseqüente hemoglobinúria.
Monocitose e eosinopenia são consideradas alterações significativas. Sinais de
coagulopatia são freqüentes nas infecções severas. Também já foi descrita
hipofosfatemia.
1.4 Caninos
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FIGURA 6. Babesia canis no interior de eritrócitos caninos, observar forma amebóide e
piriforme (Foto cedida pela M.V. Mestre Thatianna Camillo Pedroso).
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hipocromia e eritroblastose. A eritroblastose é caracterizada pela presença de 2 a
11 eritroblastos a cada cem leucócitos examinados.
1.6 Felinos
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policromatofilia, corpúsculos de Howell-Jolly, eritroblastos e anisocitose (Fig. 7).
Pode ocorrer eritrofagocitose e trombocitopenia. Geralmente não são observadas
alterações nas contagens de leucócitos. Outras alterações incluem aumento dos
níveis séricos da ALT, bilirrubina total e hipergamaglobulinemia devido à gamopatia
policlonal.
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diferenças. Nos bovinos, as alterações observadas são hepatoesplenomegalia,
fígado de coloração amarelada, vesícula biliar com bílis espessa, rins cianóticos,
mucosas do abomaso e intestino com edema, icterícia e petéquias; tecido conjuntivo
intramuscular edemaciado e ictérico, gordura amarelada e gelatinosa, e sangue de
aspecto aquoso.
Nos equinos, a necropsia revela carcaça anêmica, ictérica, edematosa (Fig.
8). Há acúmulo de fluidos no pericárdio e peritônio, hepatoesplenomegalia,
estômago e intestino hemorrágico. Nos equinos, os diagnósticos diferenciais são
importantes, entre eles anemia infecciosa (A.I.E.), não qual não ocorre icterícia e
hemoglobinúria, e erlichiose equina.
FIGURA 8. Carcaça e órgãos ictéricos de potro com infecção experimental de T. equi (Nizoli, 2005).
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especialmente por ser capaz de identificar animais portadores assintomáticos e
possibilitar a diferenciação entre espécies de Babesia e possíveis infecções
concomitantes. Amostras de sangue são as mais utilizadas para PCR. A
determinação exata do agente causador, possibilitada pela PCR, pode ser
determinante no tratamento do animal, especialmente em eqüinos, pois a T. equi é
freqüentemente mais refratária ao tratamento do que a B. caballi.
E, no caso específico dos gatos, a PCR permite o diagnóstico específico do
parasito, o que não ocorre na observação dos hemoparasitos no interior dos
eritrócitos, pois os merozoítos de B. felis (Fig. 9) são morfologicamente
indistinguíveis de B. leo e de Citauxzoon felis.
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O prognóstico da babesiose depende do momento em que foi feito o
diagnóstico, o estado geral do animal e se há ou não infecções concomitantes.
Quanto mais brando o quadro e quanto antes o animal for tratado, melhor o
prognóstico.
1.8 Tratamento
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3) 7,2 mg/kg por via intramuscular, divididos em duas aplicações no mesmo
dia com intervalo de uma hora entre elas, e depois dez dias para novas aplicações –
inespecífico;
4) 8,0 mg/kg por via intramuscular, divididos em duas aplicações com
intervalo de 10 horas e repetido a cada 48 horas – inespecífico;
5) 1 ml para 50 kg por via intramuscular, com uma segunda dose após 24
horas no caso de infecção por T. equi – indicação do fabricante.
Em cães, o diaceturato e o diminazeno são muito tóxicos, o índice
terapêutico destas drogas nesta espécie é muito baixo. Então, assim como em
eqüinos, a droga mais utilizada é o dipropionato de imidocarb, utilizado nas
dosagens de 0,5 ml a cada 10 kg ou 5 mg/kg por via subcutânea com intervalos de
14 ou 15 dias entre as aplicações. Nesta espécie, efeitos colaterais podem ser
observados, o mais freqüente é a dor no local da aplicação.
Além da dor localizada, os efeitos colinérgicos, tais como salivação
excessiva, secreção ocular, diarréia e depressão são comuns após a utilização desta
droga, por isso recomenda-se que o animal seja observado por cerca de dez a
quinze minutos após a injeção ou que se controle tais sinais com a administração
prévia de sulfato de atropina na dose de 0,04 mg/kg por via subcutânea.
Nos gatos, o tratamento ainda é questionável, mas tem se utilizado
primaquina na dose de 0,5 mg/kg por via oral ou intramuscular, porém ela causa
vômitos quando administrada oralmente e seu índice terapêutico é baixo, sendo que
as doses acima de 1,0 mg/kg podem ser letais. Outra droga que tem se mostrado
eficiente, de acordo com alguns pesquisadores, é o dipropionato de imidocarb na
dose de 2,5 mg/kg por via intramuscular, todavia esta droga não tem indicação para
felinos domésticos, de acordo com o fabricante. Todas as outras drogas testadas ou
demonstraram-se muito tóxicas para os gatos ou ineficazes contra o agente.
1.9 Profilaxia
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não eliminem todos os parasitos de uma vez. Os métodos profiláticos englobam a
quimioprofilaxia, o controle de vetores, a premunição e a imunização.
A quimioprofilaxia consiste em tratar o animal com doses sub-terapêuticas a
fim de manter o animal com a doença em nível subclínico e torná-lo apenas um
portador assintomático. A quimioprofilaxia também serve para prevenir a agudização
da doença em portadores assintomáticos. Este método é defendido por alguns
pesquisadores e condenado por outros, com discussões sobre o desenvolvimento
de resistência às drogas utilizadas em baixas doses e a manutenção de animais
portadores no rebanho, plantel ou canil.
O dipropionato de imidocarb, mais uma vez, é a droga mais indicada. As
doses para quimioprofilaxia, de acordo com cada espécie estão descritas a seguir:
1) Bovinos: 2,5 ml a cada 100 kg por via subcutânea;
2) Eqüinos: 1 ml a cada 50 kg por via intramuscular ou 1,2 mg/kg também
por via intramuscular em duas aplicações com intervalos de 24 horas;
3) Caninos: 0,2 ml para cada 10 kg por via subcutânea.
O controle dos vetores é um método profilático válido para todas as
espécies. Sendo que o recomendado é realmente controlar e não erradicar os
carrapatos, a fim de manter os animais sob desafio ao longo de todo o ano. O uso
de pulverizações no ambiente e banhos carrapaticidas nos casos de bovinos e
eqüinos, ou os banhos e o uso de coleiras, no caso dos cães, são úteis.
Em bovinos, antigamente, usava-se fazer uma premunição com a inoculação
subcutânea de sangue positivo, a fim de proteger os animais, especialmente nas
áreas endêmicas. Após a inoculação controlava-se o quadro clínico e tratava-se o
animal. No entanto, este método encontra-se praticamente abandonado porque não
há como controlar a quantidade de antígeno inoculado, a virulência e ainda há a
possibilidade de transmissão de outras doenças ou desenvolvimento de auto-
imunidade. Modernamente, aplicam-se vacinas padronizadas, a fim de imunizar o
animal que utilizam desde parasitos vivos, inativos ou ainda subunidades de DNA
recombinante.
Para eqüinos não há vacina disponível comercialmente. Para caninos, uma
vacina contra B. canis (Nobivac Piro®) foi registrada em 2006 no Ministério da
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Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro, mas ainda permanece sob
estudos, e não se encontra disponível comercialmente.
Para bovinos, outro fator que diferencia o nível de controle da babesiose em
determinada região é a condição epidemiológica da mesma. Isto é, em regiões
endêmicas não se indica medidas de controle, a fim de manter o estímulo e a
resposta imunológica através da exposição contínua ao hemoparasito. Já em
regiões de instabilidade enzoótica, sujeitas a súbitos aumentos da quantidade de
carrapatos deve-se utilizar o controle estratégico com uso de carrapaticidas, rotação
de pastagens, seleção de animais resistentes e imunização.
2 Rangelise
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cavidade oral do cão. As alterações hematológicas observadas são compatíveis
com anemia hemolítica extravascular imunomediada.
FIGURA 10. Sangramento persistente da face externa e pina da orelha de cão naturalmente
infectado com R. vitalli (Loretti & Barros, 2005).
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FIGURA 11. Esfregaço de medula óssea de cão experimentalmente infectado com R. vitalli;
observar os numerosos zoítos no interior da célula endotelial (Loretti & Barros, 2005).
3 Theileriose
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Estes protozoários possuem forma arredondada, ovalada ou bacilar, e seus
estádios de desenvolvimento ocorrem em linfócitos, histiócitos, eritrócitos e
eritroblastos.
Entre as espécies de Theileria importantes, além da “recente” T. equi, temos
T. parva, T. annulata e T. mutans; ambas agentes da theileriose bovina, também
conhecida como Febre da Costa Leste da África ou doença da passagem. Esta
doença tem casos descritos em diversos países da África e da região mediterrânea
da Europa. Zebuínos e bubalinos também são acometidos por teilerídeos.
A multiplicação inicial ocorre por esquizogonia em linfócitos (Fig. 12) e
células endoteliais do hospedeiro definitivo formando esquizontes, que são
denominados de corpos azuis de Koch. Os esquizontes podem ser de dois tipos,
macroesquizontes e microesquizontes. Os macroesquizontes repetem a
esquizogonia, e os microesquizontes produzem os merozoítos que invadem as
hemácias. Depois, Theileria invade os eritrócitos e se multiplica por divisão binária
simples. Nos eritrócitos, sua forma é redonda, oval ou bacilar (Fig. 13), e vários
parasitos podem ser encontrados no mesmo eritrócito. Também podem ocorrer
merozoítos livres.
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FIGURA 13. Formas anelares de Theileria spp. no interior de eritrócitos (Disponível em
http://instruction.cvhs.okstate.edu/jcfox/htdocs/disk1/images/img0024.jpg, 07/05/2008).
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4 Citauxzoonose
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Os sinais clínicos observados na citauxzoonose são inespecíficos, entre
eles letargia aguda, depressão, anorexia, icterícia, mucosas pálidas, desidratação e
dispnéia. A dispnéia é acompanhada de alteração radiográfica sugestiva de afecção
pulmonar broncointersticial moderada a grave. Com menor freqüência ocorre
renomegalia, esplenomegalia, hepatomegalia e febre. A febre geralmente coincide
com o período de pico da parasitemia. Na fase terminal, a temperatura corporal do
animal declina até a hipotermia, ocorre prostração, coma e por fim, a morte.
As alterações laboratoriais da citauxzoonose são diversas, leucopenia com
desvio à esquerda e alterações tóxicas em neutrófilos, trombocitopenia e anemia
normocítica normocrômica arregenerativa. A anemia está relacionada à parasitemia
e à destruição imunomediada das hemácias. Também ocorrem alterações da
hemostasia e do perfil bioquímico, com hiperbilirrubinemia, hiperglicemia,
hipoalbuminemia, hipocalemia e aumento da atividade da ALT. Em alguns casos
aparece bilirrubinúria.
O diagnóstico da citauxzoonose pode ser realizado com a identificação dos
piroplasmas no interior dos eritrócitos felinos. Eles possuem um núcleo pequeno,
localizado na periferia do protozoário que apresenta forma oval ou anelar com 1,0 a
1,5 μm de diâmetro (Fig. 14), formando tétrades ou como pontos anaplasmóides
(semelhantes ao gênero Anaplasma) com menos de 0,5 μm de diâmetro. Raramente
são vistas células mononucleares nos esfregaços sanguíneos, contendo merozoítos
em desenvolvimento. Os macrófagos sobrecarregados de parasitos podem chegar a
medir 75 μm de diâmetro.
FIGURA 14. Citauxzoon felis no interior de eritrócitos felinos, observe as formas anelares
(Dailey et al., 2008).
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A identificação de C. felis em um esfregaço sanguíneo periférico exige uma
lâmina bem corada, sem depósitos de precipitados sobre as hemácias que possam
dificultar sua visualização. Em locais onde são descritos outros hemoparasitos de
felinos, como Mycoplasma haemofelis e Babesia felis deve-se estar atento. O
primeiro é mais facilmente distinguível, por se apresentar na periferia das hemácias,
fora destas, formando correntes, enquanto C. felis encontra-se no interior da
hemácia. Já a diferenciação entre C. felis e B. felis não é possível morfologicamente,
como descrito anteriormente (veja Babesiose Felina e Fig. 9).
Quando a detecção dos parasitos no sangue periférico não for possível,
recomenda-se fazer punções aspirativas com agulha fina do baço (Fig. 15),
linfonodos ou medula óssea. Nesses casos, visualizar macrófagos contendo
merozoítos não é incomum. Outros métodos diagnósticos incluem testes
sorológicos, como o teste de anticorpo fluorescente direto e o imunoensaio de
microfluorometria, o primeiro é realizado em amostras de tecido e o segundo, de
soro, contudo estes testes são mais utilizados em pesquisas, e não estão
disponíveis comercialmente.
FIGURA 15. Macrófago contendo inúmeros merozoítos de C. felis em baço de gato (punção
aspirativa com agulha fina) (Dailey et al., 2008).
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intumescidos, edematosos ou avermelhados; vasos sanguíneos abdominais
distendidos; petéquias e equimoses em órgãos abdominais, coração e pulmões;
baço aumentado de volume e de coloração escura; e pulmões congestos e
edematosos.
Lâminas feitas por decalque dos tecidos afetados geralmente levam ao
diagnóstico. Os macrófagos contendo esquizontes ou merozoítos em
desenvolvimento são facilmente observados em imprints teciduais. Em cortes
histopatológicos, os macrófagos parasitados são vistos próximos ao lúmen de
capilares sanguíneos, principalmente nos pulmões, baço e fígado (Fig. 16). Os
parasitos ocasionalmente podem ser vistos livres no lúmen, na parede dos vasos ou
até ocluindo o capilar.
FIGURA 16. Obstrução parcial de capilar hepático por macrófagos parasitados por C. felis
(corte histopatológico, corado com HE) (Dailey et al., 2008).
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5 Hepatozoonose
5.1 Caninos
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A hepatozoonose pode se manifestar nos cães como uma doença discreta
com poucos sinais clínicos ou uma doença grave, que pode até causar a morte. Os
sinais clínicos observados são febre, anorexia, perda de peso, descarga ocular,
fraqueza dos membros posteriores levando a paresia e sinais de debilidade crônica.
As alterações laboratoriais observadas na hepatozoonose canina incluem
leucocitose moderada, anemia, trombocitopenia, hipoalbuminemia, hiperglobulinemia
e elevação da atividade sérica da fosfatase alcalina e creatina quinase.
O diagnóstico é geralmente feito pela observação dos gametócitos nos
neutrófilos e monócitos em esfregaços sanguíneos periféricos (Fig. 17). A
parasitemia por H. canis é em média de 3%, mas certamente que quanto maior a
parasitemia, mais fácil a observação na lâmina.
FIGURA 17. Hepatozoon canis no interior de neutrófilo canino (Foto cedida pela M.V.
Mestre Thatianna Camillo Pedroso).
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2) Doxiciclina: 10 mg/kg por via oral, uma vez ao dia durante 14 dias;
3) Dipropionato de imidocarb: 6 mg/kg por via subcutânea ou 5 mg/kg por via
intramuscular, em duas doses com intervalo de 14 dias.
Alguns pesquisadores associam o tratamento à prednisona, suplementos
vitamínicos e transfusão sanguínea. Uma droga que vem sendo testada na França
com resultados positivos é o anticoccidiano toltrazuril, na dose de 10 mg/kg, por via
oral durante seis dias.
5.2 Felinos
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em felinos selvagens com hepatozoonose, nos quais foram observadas estruturas
semelhantes a esquizontes de Hepatozoon sp. em capilares sanguíneos do
miocárdio.
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