Ebook - Ferramentas
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para aprofundar
suas pregações na
Palavra de Deus
A pregação está sendo montada. Passamos por perfis,
apresentamos materiais para estudo, detalhamos temas e
Aprofundar significa não agora vamos demonstrar como você pode se aplicar a deter-
apresentar o óbvio. minados detalhes destes temas.
Astromar Miranda
Você perceberá que são dispositivos simples, mas que po-
dem trazer muita informação, mais conhecimento, mesclar
mensagens, mudar inclusive a dinâmica da sua pregação, fa-
zer você pensar “fora da caixa”.
Este é o objetivo deste capítulo, fazer com que você pos-
sa, em um pequeno trecho escolhido, detectar detalhes em
temas e trazer um diferencial, sair do comum, vasculhar a
mensagem e para isso apresentaremos 5 recursos: Signifi-
cados das Palavras, Opostos, Contextualização, Visualiza-
ção e Dramatização.
Aprofundar significa não apresentar o óbvio. Em algumas
palestras o pregador acaba falando aquilo que já está escri-
to na palavra. Vai falar do filho pródigo - Olha, o pai do filho
pródigo o amava demais, o pai do filho pródigo sempre ficou
esperando por ele, e tem um irmão mais velho – isso é uma
repetição, fica desinteressante ouvir aquele discurso.
Existem dois tipos de pregações: a do nadador, superfi-
cial, que vai por cima da água nadando, aquele mar imenso
de oportunidades e ele, no raso e a do mergulhador, que
explora as profundezas do oceano. Quando ele tem equipa-
mentos e ferramentas adequados, aquele nadador se tor-
na um mergulhador e dentro do mar ele poderá ver o que
é a verdadeira riqueza que não está na superfície, o raso
todo mundo enxerga! A grandeza real está nas profundezas
do mar.
O nadador da superfície, ele bate o pé, bate a mão, espa-
lha água, é barulhento, mais chama a atenção do que pro-
priamente mostra a beleza daquilo que é o fundo do mar, as
águas mais profundas. Já o mergulhador ele tem mais con-
tato com a beleza daquilo que é o oceano.
O nadador pensa que palestra, mas está apenas repe-
tindo o trecho do início da pregação. Isso demonstra que
naquele pequeno pedaço que escolheu, ele não se preocu-
pou em buscar o significado de uma palavra, não se pre-
parou de forma apropriada. Ele não percebeu comparações
presentes em versículos, não contextualizou aquela palavra
com o momento que Jesus estava vivendo com aquele povo,
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não percebeu aquela época. Sabe o que resta? Ficar lendo e
fazer considerações muito superficiais sobre aquilo que ele
não teve.
Quando o pregador escolhe um trecho bíblico, tem uma
grande oportunidade de explorar várias nuances, como a
parte cronológica, o ano que foi escrito, como no caso das
cartas de São Paulo.
Sabemos que São Paulo não conheceu Jesus Cristo. Paulo
entra em ação apelo ano 40, as cartas foram escritas entre
40 e 50, tem muita informação nesse período e você já co-
meça a entrar no contexto, a mergulhar.
As Cinco Ferramentas
São 5 técnicas poderosas aprendidas com a experiência,
ao longo desses vinte e tantos anos. Esses recursos foram
testados e usados em pregações pelo Dunga e pelo Astro-
mar.
Conforme você for chamado a pregar, a testemunhar, a
preparar uma palestra, um encontro, vai ter em mente esses
métodos e poderá testá-lo e sair da superficialidade.
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Quando Jesus chama esse homem, Ele o transforma em Cefas. Cefas significa
não simplesmente pedra, é grande rocha, rochedo, é uma transformação. Deus
transforma o nome das pessoas naquilo que ela vai fazer. Os orientais tam-
bém tem esse costume, quando nasce uma pessoa e ela assume uma missão, o
nome é transformado.
Saulo para Paulo. Paulo significa pequenino, por que Paulo era muito grande,
Saulo era a maldade, a perseguição.
João significa mensageiro.
Um nome todo especial na Bíblia escolhido pelo próprio Deus foi e de seu
filho: “chamarás Jesus” que significa Javé salva. Olha como você pode se apro-
fundar a partir da etimologia da palavra.
Você pode pegar o significado de uma palavra passagem bíblica no dicionário
de língua portuguesa. Tem dúvida? Procura lá! Informe as pessoas.
A língua é um dos instrumentos mais relevantes na história da Sagrada Es-
critura e seus significados não podem ser desprezados, se bem estudadas, são
verdadeiras pregações.
Na época de Jesus se falava o aramaico, a língua do dia a dia, e o hebraico
era mais usado na parte religiosa. Quando eles entravam numa Sinagoga, eles
passavam a usar o hebraico como aqui, atualmente, se usa o latim em algumas
celebrações e o português para uma linguagem coloquial, do dia a dia.
Além do aramaico e do hebraico, também usavam um pouco do latim e do
grego. Naquela região de Jesus, as pessoas que queriam alcançar mais pessoas,
deveriam ter conhecimento dessas quatro línguas: hebraico, aramaico, latim e
grego. Na plaquinha em cima da cruz de Jesus, na crucificação, estava escrito:
“Jesus Cristo, Jesus, Rei dos Judeus” em três línguas: hebraico, grego e latim
para quer todos entendessem o que estava escrito.
Em relação aos nomes de lugares podemos citar Cafarnaum, na Terra Santa,
um dos lugares em que Jesus mais permaneceu naquela região. Ele se fixou por
3 anos morando na casa de Pedro.
Cafar é cidade e Naun tem muitos significados, mas com convicção podem
ser duas coisas: uma homenagem a uma personagem muito importante da épo-
ca ou misericórdia. Então pode ser cidade de Naun ou cidade da misericórdia.
Cafarnaum era uma cidade onde todo mundo passava. Ás margens do mar
da Galileia. Galileia, onde grau significa ondas e lileia, montanhas. Ondas de
montanhas. Olhando aquelas ondas de montanhas, o mar da Galileia, tudo o
que Ele fizesse iria repercutir, porque alí era uma espécie de centro financeiro.
Levi, Mateus - um cobrador de impostos – pessoas do Líbano, da Síria, do Egito,
da Jordânia vinham trocar as moedas para poder comercializar peixe defuma-
do, peixe salgado, peixe fresco, peixe frito pra comer na hora.
Quantas curas Jesus fez ali: curou a sogra de Pedro daquela grande infecção, curou
a hemorroísa, vinda daqueles 12 anos de fluxo de sangue, ressuscitou a filha do Jairo.
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Uma boa indicação para quem deseja material para estudos bíblicos é o Di-
cionário Bíblico da Paulus, uma fonte de informação mais específica, por exem-
plo: letra “g” um nome muito conhecido na Bíblia: Em Gedeão tem um tre-
cho grande explicando o nome, são praticamente duas páginas só dedicadas à
etimologia dessa palavra que significa guerreiro e madeireiro. Para olhos mais
atentos percebe-se a relação: madeira, carvalho, cruz.
O chamado de Gedeão? Juízes – capítulo 6, quando o Senhor chama Gedeão,
ele estava separando trigo num lagar. Lagar é o lugar que faz o vinho, que pisa
a uva. Ele estava com trigo no lagar. Gedeão estava fazendo algo diferente num
lugar impróprio.
O anjo do Senhor chama Gedeão: “- É com você meu valente guerreiro” –
Gedeão fala: “ - Eu, guerreiro? Eu sou o último da casa dos meus pais, eu sou o
último!”. Ele estava no lugar errado, um personagem com baixa autoestima e
Deus o chama para libertar um povo e para ser guerreiro! Contudo o nome dele
já dizia tudo, a obra de Deus na vida desse homem foi forte!
Gedeão dúvida e pede provas: “- Senhor, não sou eu que você está chaman-
do. Se for eu mesmo, vou colocar um punhado de lã, esta noite, no sereno da
madrugada, aquele sereno da noite. Se amanhecer seco, é porque sou eu”. De
manhã, havia até chovido e a lã estava seca. O novelo estava seco. Não satisfei-
to, duvidou novamente “- Senhor eu ainda não acredito, preciso de uma confir-
mação, se essa noite ficar seca e o novelo de lã amanhecer molhado é porque
Você me chamou”. E Deus fez as duas coisas confirmando. E ele se tornou um
grande guerreiro a partir desse chamado!
Só com o nome Gedeão relacionado a sua história constrói-se uma pregação
carregada de curiosidades, correlações, conteúdo, informações, mensagens e
assim pode ser feito com os demais nomes: Pedro, Paulo, João, Cafarnaun, la-
gar, Jesus e tantos mais presentes na Bíblia.
Outro nome muito conhecido é a cidade de Jesus, Belém. Bayt – Lahm (he-
braico), Beit – lehem (grego), Bet é casa. No caso Belém é casa do pão. Olha
o que significa a cidade que Jesus nasceu? Bethlehen (latim): a casa do pão.
Quem é o pão da vida? Jesus.
E Betânia? Bét niyyah (hebraico), o que significa ania? Apoio. Betânia: Casa de
apoio, ou seja, na época, na subida, a partir de Jericó até Jerusalém, passa por
uma região chamada Samaria e logo chega a Betânia, Bet- niyyah, que era um
lugarejo de apoio onde as pessoas tomavam banho, descansavam um pouco da
viagem, para entrar no templo, porque dali, em Betânia já dava para enxergar o
Monte das Oliveiras. Depois é só chegar ao Monte das Oliveiras, descer para o
Vale de Cedrom e já está em outro Monte chamado Moriá, onde estava o templo.
Betânia, Bét-Niyyah, serviu de inspiração para o nome de uma instituição de
recuperação, a Casa Betânia do Padre Léo, uma casa de apoio, de acolhimento
para aqueles que buscam se recuperar das drogas.
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Não só trabalhando significado de nomes, lugares, mas
também adjetivos e um dos mais utilizados e famosos da
sagrada escritura é a palavra pródigo da parábola do filho
pródigo. A palavra significa gastador, ele gastou. Ele não é o
filho próspero, é o filho gastador, mas se mudarmos o foco
para o pai, ele era pródigo em amor.
O significado desta palavra permite que você explore vá-
rias mensagens como: gastar de maneira errada e gastar de
uma maneira correta, gastar amor com as pessoas, gastar
paciência com as pessoas. No caso do filho ele quis gastar
uma riqueza que o pai tinha ajuntado para ele. Ele é chama-
do de filho pródigo, o filho gastador, gastou antes da hora
toda a herança do pai.
Você precisa dentro de uma pregação, seja de uma hora,
meia hora, 15 minutos, trazer conteúdo para as pessoas. É
um respeito que você tem que ter por elas.
Escolheu uma passagem bíblica? É preciso estudar aque-
le trecho escolhido ou que Deus te levou a escolher e dar
material para aquelas pessoas. Eu tenho que imaginar que
aquelas pessoas que estão me ouvindo é uma plateia seden-
ta por conhecimento, são formadas em faculdade, pessoas
inteligentes que estarão me vendo pregar e precisam per-
ceber que por consideração, eu me aprofundei naquilo que
me propus a falar e o que estou trazendo para elas é infor-
mação que vai auxiliá-las realmente na compreensão maior
daquilo que Deus quer para elas.
O significado das palavras é muito importante e facilita
muito se você tiver um bom dicionário da língua portugue-
sa, um dicionário de etimologia das palavras e principalmen-
te um dicionário que vai especificamente tratar das palavras
que estão na bíblia, contudo, nada disso vai ajudar se você
não aguçar a sua curiosidade e a vontade de entregar algo
de qualidade, diferente, variado e carregado de informação.
Opostos
Quando você separa uma A segunda técnica: Opostos. Trabalhar com palavras con-
coisa da outra e quando trárias. Deus trabalha com contrários desde quando começou
estas ficam muito bem cla- a criar o universo: céu, terra, mar e vamos explicar como apli-
ras é fácil você optar car este recurso para você aproveitar ao máximo o conteúdo
escolhido na construção da sua pregação.
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Lá em Genesis, a terra era sem forma e vazia e Deus a encheu. Vazia e cheia,
luz e trevas, dia e noite são os opostos da palavra.
Essa infinidade de oposições nos proporciona um meio de aprofundar a pa-
lavra mostrando essas diferenças. Quando Jesus fala: “no juízo final serão sepa-
radas as ovelhas dos cabritos”. Então você começa a estudar um pouquinho o
que significa a ovelha, o que significa o cabrito na palavra de Deus, são coisas
opostas.
Em Deuteronômios, capítulo 11: bênção e maldição. Você começa a estudar
primeiro o significado da palavra bênção, depois o significado da palavra mal-
dição e trabalha os opostos. Não dá para ficar sempre falando que a maldição
é do maligno, a bênção é de Deus, isso é óbvio e ficar repetindo essa evidencia
pode agredir a inteligência de alguns que estão sentados ali querendo alguma
coisa mais relevante.
As Bem Aventuranças do Evangelho de São Mateus. Essa talvez seja a pas-
sagem que melhor exemplifique o bom uso dos opostos: “Felizes os humildes
porque eles serão exaltados”, “felizes aqueles que foram perseguidos”. Ele vai
usando os opostos para ficar bem claro que uma coisa pode provocar a outra,
porque Jesus também disse que “os humilhados serão exaltados” que “os últi-
mos serão os primeiros”.
Quando fazemos o uso dos opostos é para deixar bem claro para as pessoas
que existe uma distância, mas que uma coisa pode levar a outra. Que aquele
que quer ser o primeiro, vai ser o último. Aquele que compreende, “tudo bem,
tá bom, agora é a hora de ser o último, vou aceitar meu último lugar aqui, mas
eu tenho certeza que os últimos serão os primeiros!” Então o último termo dos
opostos é muito importante, é uma dicotomia.
O que é uma dicotomia? Quando você separa uma coisa da outra e quando
estas ficam muito bem claras é fácil você optar. Quando elas não estão muito
bem esclarecidas, estão meio juntas, fica difícil o discernimento.
Paulo, quando estava falando com os gregos e outras cidades, chegou a usar
a seguinte expressão: “tudo me é permitido”. Essa era a frase que eles usavam
de forma recorrente. Paulo então coloca uma vírgula e completa: “mas nem
tudo me convém”. Olha só os opostos: tudo me é permitido, mas nem tudo me
convém. Foi um acréscimo porque os gregos vivem a dicotomia.
Para os gregos, o que eles faziam com o corpo não afetava a alma ou espí-
rito. Eles podiam fazer o que quisesse com o corpo, pois isso não influenciava.
O corpo, na mentalidade do povo daquela época era uma maldição, não uma
bênção. Por isso eles foram tendo um pouquinho de dificuldade em entender
que Jesus pagou com o próprio corpo, foi morto e enterrado, mas ressuscitou
naquele mesmo corpo, que na verdade era uma bênção e deveria ser cuidado.
Tudo me é permitido? Opa, vírgula, mas nem tudo me convém.
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Outro exemplo de opostos: o boi e o jumento. O boi caminha a passos largos,
forte, puxa, é alto. O Jumento caminha a passos curtos, baixinho. Imagina um
boi e um jumento juntos, na mesma cana, um grande, outro pequeno, um dan-
do passo largo, outro dando passo curto. Imagina a dificuldade para o boi andar
ao lado do jumento puxando um arado. O boi com aquela força e o jumento
com aquela teimosia. Ou vai andar em roda ou não vai andar, vai dar atrito.
Deuteronômio, capítulo 22, versículo 9, contém vários exemplos de opostos:
“não semearás em sua vinha várias espécies de sementes para que não considere
tudo consagrado. O grão semeado e o produtos da vinha. Não lavrarás com um
boi e um jumento atrelados juntos”.
Os Opostos precisaram estar muito claros, como este exemplo do próprio
Deus: “Não trarás sobre ti uma veste de diferentes tecidos, lã e linho mistura-
dos” porque são produtos diferentes. É importante você trabalhar os opostos
para que fique bem explícita a mensagem que quer passar.
Não só nas palavras, os opostos também podem aparecer entre passagens
bíblicas. A Torre de Babel e o Pentecostes são exemplos deste tipo de diferença.
Na Torre de Babel cada um falava uma língua, não se entendiam, não consegui-
ram construir nada. Em Pentecostes, atos, capítulo 2, veio o Espírito Santo, to-
dos falavam a mesma língua, todos se entendiam, eram Judeus, gregos, vindos
da Mesopotâmia, enfim, a palavra fala que tinha gente de todos os lugares e
línguas, e falaram e se entenderam.
Atos dos apóstolos, capítulo 20, versículo 7. Deuteronômios, vamos trabalhar no-
vamente em Paulo, a ressurreição de um moço em Trôade, mas com outra visão.
Você vai ver onde fica Trôade, o que Paulo estava fazendo, e aplicar os opos-
tos: “O primeiro dia da semana, estando nós reunidos ao partir do pão, Paulo
que havia de viajar no dia seguinte, conversava com os discípulos e prolongou
a palestra até a meia noite”. O que nós vimos no primeiro capítulo? Que Paulo
não era um grande pregador, Apólo era, mas prolongou a palestra, a pregação
até a meia noite.
Havia muitas lâmpadas no quarto: se havia muitas lâmpadas no quarto é
porque lá era noite. Dentro luz, lá fora as trevas. Onde estava a palavra de Deus
havia muita luz, porém lá fora havia as trevas. “Muitas lâmpadas acesas no
quarto onde nós nos achávamos reunidos, aconteceu que um moço chamado
Eutico, que estava sentado numa janela, foi tomado de profundo sono”. Aqui
nós começamos a criar os opostos, em algumas palavras já até existe: se lá fora
estava noite, aqui dentro estava claro com as lâmpadas.
Aconteceu desse moço sentado numa janela: o que é um moço, alguém sen-
tado numa janela? Ele não estava nem dentro e nem fora. Se alguém senta
numa janela ele está quase fora, mas ele está quase dentro. Então esse moço
estava dividido entre as trevas que estavam lá fora e as luzes que estavam lá
dentro. Quantas pessoas assim na igreja, em nossas comunidades, aquela pes-
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soa que na hora da pregação, da homilia na missa, fica lá na porta da igreja
sentindo o cheirinho da pipoca. Ele não sabe se presta atenção no Padre ou se
fica sentindo o cheiro da pipoca. São pessoas que estão divididas entre aquilo
que esta sendo apresentado e aquilo que esta sendo uma distração, está sen-
do tirado de dentro daquilo que Deus, o Senhor o colocou.
Tomado de um profundo sono: essas pessoas que não estão dentro e nem
fora, elas estão adormecidas - “Desperta tu que dormes!”. Esse moço caiu de
cima da janela, ele foi tomado de um profundo sono por dois motivos: primei-
ro porque Paulo não era um grande pregador e segundo porque esse moço
não estava nem dentro nem fora, nem nas trevas e nem na luz, ele estava
morno, o que a palavra diz em apocalipse?
Apocalipse, capítulo 2: “O morno não é quente e nem frio”, ele não era
quente nem frio, era morno. O que acontece com o morno? Aquele que está
morno, ele está morto!
Esse moço foi tomado de profundo sono e Paulo prolongou seu discurso.
Vencido pelo sono. Vencido pela preguiça, vencido pela indisposição, ele caiu
do terceiro andar abaixo e foi levantado morto. Os que estavam dentro esta-
vam vivos. Os que estavam fora estavam mornos. Então esse moço caiu, nem
dentro e nem fora, ele estava na janela. Ele caiu para fora. Caindo para fora
ele morreu porque era o terceiro andar. Paulo desceu, debruçou-se sobre ele,
tomou-o nos braços. Aqui, você pode ir criando vários opostos: tomou-o nos
braços, porque aquele moço foi acolhido novamente para a comunidade, foi
acolhido para igreja, estava morto, lá dentro estava todo mundo vivo, Paulo
que estava dando a vida ali, novamente, foi lá em baixo... Baixo, alto, dentro,
fora, luz, trevas.
Depois do episódio, Paulo: “subiu e partiu o pão”. Paulo desceu, debru-
çou-se sobre ele, ressuscitou o moço, subiu com esse moço vivo e aí vai dizer
assim: “Partiu, comeu o pão e falou-lhes largamente até o romper do dia”.
Rompendo o dia: estava de noite e Paulo falou até o dia, até clarear a vida
das pessoas, até iluminar todos que estavam ali, Paulo precisou desse tempo
e no versículo 12: “quanto ao moço, levaram dali vivo”. Se o levaram dali vivo
é porque ele tinha morrido, vida, morte, todos esses opostos são passíveis de
serem trabalhados.
Outra coisa interessante nessa palavra: debruçou-se sobre ele. Na época
de Jesus se acreditava que o espírito ainda permaneceria na pessoa, nos três
primeiros dias depois da morte. Jesus, quando vai ressuscitar a filha de Jairo,
também se debruça sobre a menina. Quando ele vai ressuscitar o filho da viú-
va de Naim, ele toca no esquife, mas ele está do lado. Quando você encontrar
na Bíblia que alguém se debruçou sobre alguém é porque na verdade estava
na esperança que aquela pessoa também voltasse à vida.
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No cotidiano também vivermos os opostos. Fé e dúvida, desespero, alento,
desalento, esperança e ânimo, somos meio bipolares. Temos momentos de fé,
momentos de descrença, são os opostos. Precisamos trabalhá-los, entender
que as pessoas vêm para ouvir a palavra de Deus também com esses opostos.
Quando se detecta algum oposto na Bíblia e se expõem de maneira clara
estas divergências, isso ajuda a ficar bem claro para o ouvinte, para assembleia,
que ela precisa sair dessa dicotomia que está vivendo, precisa ter um esclare-
cimento, precisa se encontrar com os dois lados e escolhe o lado da luz, o lado
de dentro, o lado da verdade, precisamos tirar a pessoa deste “estar na janela”,
ou “em cima do muro”, porque se der bobeira, ela vai cair para o outro lado e
vai morrer.
Essa divisão, essa linha tênue entre os opostos precisa ser tirada porque es-
tar em cima do muro já é o lado da escuridão. É muito importante detectar e
trabalhar um dos opostos da sagrada escritura.
Quando está nas trevas, se é uma coisa que não se tem é sombra, ao con-
trário da luz, onde tem sombra. Quando Pedro e João estavam no templo e
ele passava e diziam assim: “- Até à sombra Dele curava!”. Também estão aí
os opostos. Na luz, você produz uma sombra, um registro, você está naquele
ambiente, está sendo iluminado, projetando uma sombra no chão, na parede,
quando estou nas trevas, ninguém me vê, nem sombra. Eu quero lembrar a
você que até a sombra de Pedro curava.
Contextualização
No capítulo 3 demos uma pincelada neste recurso que não pode ficar de
fora de qualquer pregação, em todo tipo de encontro que for fazer, mais agora
vamos apresenta-lo de forma mais completa, abusando de exemplos para que
você se habitue desde já a adequar a contextualização a seus trabalhos. Nós
temos que parar de pegar uma palavra, um versículo bíblico e pregar como se
fosse único. Existe um contexto em tudo e o pregador deve evitar o risco de
fundamentalismo, de se apegar em um texto isolado. Não podemos tirar de um
versículo toda a verdade, devemos conhecer o contexto analisando a passa-
gem, utilizando todas as ferramentas possíveis.
Em Lucas - capítulo 15, versículos de 4 a 7, Jesus narra a parábola da Ove-
lha Perdida. Essa mesma parábola encontra-se no evangelho de São Mateus,
capítulo 18. Os dois textos são iguais, mas pertencem a contextos diferentes.
A Ovelha Perdida de Lucas está no contexto de três parábolas: a parábola da
Misericórdia, da Ovelha Perdida e da Moeda Perdida. Na sequencia vem a pará-
bola do Filho Pródigo, do filho perdido.
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Usar deste recurso demonstra muito mais que conhecimento de
toda a Bíblia, mas sim preparo e esforço para apresentar aquela pa-
lestra e isso valoriza a sua pregação e principalmente as pessoas que
estão ouvindo você.
Vamos trabalhar um pouco esse contexto de Mateus, capítulo 17.
Como em muitas passagens, o capítulo começa com um contexto sem
definição: “Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João”,
Seis dias depois de quê? Muitas vezes você começa a ler e não sabe!
As pessoas também não sabem.
O capítulo 16 de Mateus, narra o episódio que Jesus pergunta, no
dizer do povo: “Quem eles dizem que eu sou?” Uns dizem que é Elias,
que é Jeremias, que é um dos profetas, mas e vós, quem dizeis que eu
sou? Pedro responde: - Tu és o Messias, o filho de Deus. O local onde
transcorre a passagem de Mateus 16 é um lugar chamado Cesaréia de
Felipe.
...lembre-se de contextu-
alizar, pesquisar um pou-
quinho, se interessar pela
distância, se interessar
pela topografia, pela geo-
grafia
Felipe era um dos filhos de Herodes e Cesaréia de Felipe está aos pés de um
monte chamado Monte Hermon que é muito alto. No topo do monte tem gelo
e no pé muitas piscinas naturais. É do gelo dessas piscinas que começa a se for-
mar o Rio Jordão, que vai chegar ao mar da Galileia e se transformar de novo no
Rio Jordão e transbordar no Mar Morto cortando o país de norte a sul.
Em Mateus 17, a passagem da transfiguração, eles estão em outro monte, o
Monte Tabor. A distância entre o Monte Tabor e o Monte Hermon é de 100 qui-
lômetros. Para que você andasse 100 quilômetros na época de Jesus, levava-se
seis dias. Portanto seis dias depois foi a caminhada que ele fez do Monte Tabor
para o Monte Hermon.
Então da próxima vez que você for pregar sobre a transfiguração, lembre-se
deste exemplo, lembre-se de contextualizar, pesquisar um pouquinho, se inte-
ressar pela distância, se interessar pela topografia, pela geografia.
Seis dias antes da transfiguração aconteceram dois episódios com o mesmo
personagem. Jesus perguntou quem sou eu? Qual o dizer do povo? Uns diziam
que era João Batista, outros que era esse, que era aquele. Pedro, muito espon-
tâneo, respondeu: “- Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”. É a maior definição de
quem é Jesus que os teólogos de todos os tempos não deram. Pedro deu.
Pedro sentiu-se grande. Logo depois Jesus fala pra ele: “Simão, tu é Jonas,
filho de Jonas, não foi nem a carne nem o sangue que te revelou isso, mas meu
pai, que está no céu”. Imagine a felicidade de Pedro perto de todos os outros
homens.
No segundo acontecimento, Jesus começou a manifestar aos seus discípulos
que precisava ir à Jerusalém sofrer da parte dos anciãos, dos príncipes, dos
sacerdotes e escribas e já previa sua morte. “Pedro então começou a dizer e
protestar”. Pedro protestou a salvação, protestou Jesus, o mesmo que tinha
sido elogiado “- Não, Deus não permita isso Senhor, isso não vai acontecer”,
você não vai nos salvar, você não vai morrer na cruz por ninguém. Mas Jesus
voltando-se para ele, disse: “- Afasta de mim satanás”. Aquele que estava em
primeiro, agora estava em último lugar. Imagine como estava Pedro neste mo-
mento? Andaram 100 quilômetros e Pedro o último dessa caminhada. Longe de
Jesus, triste, Jesus o havia elogiado, mas depois o chamou de Satanás. Afasta-te
de mim satanás.
Voltando ao capítulo 17, a transfiguração. Seis dias depois do ocorrido, Je-
sus chamou Pedro novamente. Jesus não voltou atrás, chamou-o para elevá-lo
novamente, para transfigurar-se diante dele. Pedro continuou a ser o primeiro.
Jesus chamou Pedro, Tiago e João e transfigurou-se diante deles. Não falou com
Simão, falou com Pedro, falou com o grande homem.
Quando Jesus chama Simão, Ele fala com as fragilidades de Pedro. Quando Ele
chama Pedro, ele fala com a rocha, aquele que Ele escolheu.
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Só no trecho da transfiguração foram trabalhados muitos elementos: etimo-
logia da palavra, significados, opostos e contextos, além dos demais recursos,
técnicas e ferramentas já abordados até aqui.
Na passagem do Jovem Rico, quando Jesus fala, “que é mais fácil um camelo
entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”, não
estava falando de riqueza material, apesar de ser adequado também à temáti-
ca, estava se referindo a um procedimento em tempos de guerra da época.
Em Israel existem antigas muralhas com frestas onde ficavam os arqueiros
ou os vigias, mas principalmente o arqueiro. Aquelas frestas tem um espaço no
lado de dentro para que a pessoa possa ter uma visão melhor do lado de fora,
um raio de ação. Aquela fenda recebia o nome de agulha. Existia também uma
corda de sisal grossa chamada de camelo, camel, talvez porque muitas daque-
las cordas eram feitas na época, com os pelos compridos, algumas partes do
corpo do camelo e por ter a mesma cor do animal.
Trazer o camelo para dentro da muralha era uma ação de guerra porque
naquela época as cidades eram sitiadas. Os exércitos acampavam ao redor da
fortificação e esperavam dois, três, quatro anos até que acabasse a comida lá
dentro. Quando isso acontecia, as pessoas tinham duas opções a tomar: morrer
de fome ou então se render.
Dentro daquele período onde a cidade estava cercada, uma das funções do
camelo era trazer comida para dentro da fortaleza passando-o por dentro da
agulha. Quando Jesus se referiu ao camelo e a agulha, Ele não se referiu ao
camelo bicho e a agulha objeto e sim a situação, ao camelo corda, que puxa o
alimento para dentro da muralha e àquela fresta, agulha.
A expressão bem contextualizada pode ser aplicada à dificuldade de uma
pessoa que está apegada a riqueza, avarenta, como aquele exemplo cosmológi-
co da formiga que guarda alimento para seis anos, mas vive apenas seis sema-
nas. Então não adianta guardar e ficar apegado as coisas materiais.
Outro cuidado que se deve ter no uso da contextualização é a adequação
da mensagem à época do pregador. O que Deus falou para a humanidade na
época em que Roma dominava aquele pedaço de terra, que era Israel, não é o
mesmo contexto dos dias de hoje. Tem o contexto passado e tem o contexto
contemporâneo.
O pregador precisa ter esse carinho, correlacionar os tempos, para que possa
trazer uma palavra atualizada, mas como pano de fundo, usar aquilo que acon-
tecia na época passada. A compreensão da mensagem passa a ser muito maior
para as pessoas que estão ouvindo e a inspiração que o próprio Deus colocou
no coração do palestrante vai chegar com muito mais eficácia.
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Visualização
A quarta técnica é a visualização e consiste em imaginar a cena e desenhá-la
no papel buscando perceber os detalhes mais significativos do acontecimento.
É uma ferramenta simples, mas ao mesmo tempo muito reveladora.
Você terá a oportunidade de se atentar para algo que não consiga ver na lei-
tura, mas que ao desenhar esclareça melhor o que não foi possível captar.
Antes do encontro, você prepara a pregação e desenha a cena.
Vai pregar sobre a passagem de Jesus caminhando sobre as águas: Imagine
Pedro andando sobre as águas, como ele desceu da barca. Sobre Davi e Golias:
como foi aquela batalha, onde estava o exército, que foi em um vale entre duas
montanhas, de um lado da montanha tinha os Filisteus, do outro lado estava o
exército de Israel, Davi e Golias desceram no vale para batalhar.
A cura do paralítico em Cafarnaum: a cidade de Naun ou cidade da miseri-
córdia, aqueles amigos abriram o teto onde Jesus estava para descer a maca.
Visualizar essa cena, a maca sendo descida com a corda, os amigos lá de cima
descendo aquele paralítico no meio da sala.
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Dramatização
O que é a dramatização? É você assistir a encenação das histórias bíblicas
através de teatros e filmes.
Tente assistir os filmes e depois buscar na palavra as cenas, vai ficar muito
mais rico, vai perceber que tem muito mais facilidade para pregar sobre o que
assistiu.
Você pode assistir a versão da Paixão de Cristo do Mel Gibson, Paulo: Após-
tolo das Nações, Davi e Golias ou Noé, todos os filmes bíblicos, teatros sobre
encenações bíblicas.
Pode também visitar Jerusalém. Conhecer Israel é viajar na história! É você
pisar e nunca mais ler a Bíblia do mesmo jeito. Quando for falar de Betânia,
quando for falar de Belém, quando for falar do Santo Sepulcro, quando for fala
de Emaus a memória virá viva em sua mente.
Conheça Jerusalém, conheça Israel, é a maior dramatização ao vivo, para
você se aprofundar na palavra de uma forma maravilhosa, conhecendo a histó-
ria. É cultura, conhecimento bíblico e história da civilização.
Escolhe uma peregrinação e vá. Dê se a oportunidade de ver a natureza que
Jesus viu, ver o mar da Galileia com seus 22 quilômetros de comprimento, 12
quilômetros de largura, 44 metros de profundidade. Terá a possibilidade de
ver cidades como Cafarnaum, Tiberíades, Magdala... Vai entender os milagres
que Jesus fez ao redor daquele lago, quando estiver na casa de Caifás, verá
a escada que vem lá do Cedron, que Ele desceu lá do Monte Sião, onde Ele
participou da última ceia, vem descendo o Monte Sião, entra no Vale Cedrom,
começa a subir o Monte das Oliveiras. Depois ele faz o caminho contrário, ele
é preso no Monte das Oliveiras, desse no Monte Cedrom e vai para a casa de
Caifás, sobe uma escada, e a escada que esta lá hoje é exatamente a mesma!
Arqueólogos, biblistas, historiadores, todos afirmam categoricamente: “Nes-
sa escada, Jesus pisou. Dê-se essa oportunidade de vivenciar a história.
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