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De Ilo Krugli
O público vai entrando e os atores se aproximam das crianças pedindo para eles
se sentarem perto. Depois, começam a colocar no palco todos os objetos de cena e
interagem com a plateia, fazendo perguntas, tais como: “será que com esses jornais
velhos pode-se fazer teatro?” etc. Tudo isso muito rápido, até formar o quintal. Objetos
jogados à direita, uns varais, panos grandes pendurados, etc.
Um dos atores entra com uma mala. Ela é aberta e ele surpreende-se com os
bonecos que tem dentro. Um ator diz: “Vamos começar o espetáculo. Eu começo. Vocês
fazem música e batem palmas também”.
Manuela: - Já começou o teatro? Ah, então vou chamar o Manuel, porque nós sempre
dançamos juntos. Ei!
Manuel: (Grita!) (Se escuta a voz de Manuel: - “Estou botando o nariz.” Assim várias
vezes. “Estou botando as orelhas”. “Estou botando os sapatos”. Manuel entra e se
abraçam.)
Manuel: - Manuela!
Manuela: - Manuel!
Manuel: - Vamos chamar os outros.
Manuela: - Vamos! Eu vou por aqui.
Manuel: - Não, Manuela!
Manuela: - Por quê?
Manuel: - Não posso dizer.
Manuela: - Então eu vou.
Manuel: - Não. Não vai.
(Todos pedem para ele ficar. Todo este diálogo é comentado pelos atores que fazem
música.)
Manuel: - (Tremendo) Manuela, lá, a dois passos daqui...
Manuela: - Lá onde? (Com muito movimento)
Manuel: - Manuela, isto aqui é o teatro e esta é a longa estrada da vida que passa pelo
teatro, ou talvez a longa estrada do teatro que passa pela vida.
Manuela: - E porque você se mexe tanto?
Manuel: - Porque estou fazendo expressão corporal, mas agora eu vou continuar sem
expressão corporal dizendo tudo em forma psicológica, dizendo tudo com o olhar; me
olha fixo, Manuela.
Manuela: - Estou olhando, Manuel.
Manuel: - Então vamos olhar também para o público. E nesta estrada da vida, a dois
passos daqui, há um poço.
Manuela: - Não faz mal, eu vou.
Manuel: - Vou fechar os olhos. Não quero nem ver.
Manuela: - Um passo. (Manuel treme) Um e meio. (Manuel treme) E dois. (Cai)
Manuel: - Bem que eu avisei, e agora não posso salvá-la, tenho que continuar o
espetáculo, apesar de tudo. Vou chamar os outros. (Entram o cavalo e o sapo. Pedem
música de sapo e cavalo, e perguntam aos atores o que eles estão fazendo.)
Atores: - Estamos fazendo teatro, ora que pergunta!
Bonecos: - Então não somos nós que vamos fazer?
Cavalo: - Eu vou chamar o Manuel.
Sapo: - Vamos chamar o Manuel.
(Ator aparece e pede música de encontro e desencontro. Entram de costas, os
bonecos.)
Boneco 1: - (Esbarrando no outro) Ah! É você.
Boneco 2: - Sou eu, sim.
Boneco 1: - Como?
Boneco 2: - O que você perguntou?
Boneco 1: - Se é você?
Boneco 2: - E eu respondo, sou eu.
Boneco 1: - Não. Eu sou eu.
Boneco 2: - Não. Não. Você é você e eu sou eu.
(Continuam, trocam de lugar, depois perguntam aos atores se confundem com nós,
vocês, nosco e vosco e vão embora aborrecidos. Entra o Manuel. Procura o poço várias
vezes, por fim se aborrece com o público.)
Manuel: - Agora vem o momento mais importante do espetáculo, esta cena se chama
“Manuel, o salvador”. Vocês pensam que eu não sei onde está o poço? Sabe quem faz
poços nesse teatro? Sou eu. Estudei vinte anos, sou doutor em poços. E Manuela
estudou quinze anos, é professora de caída em poços. Sobe Manuela.
Manuela: - Não posso subir, está escuro!
Manuel: - Sobe pela escada! Por favor, músicos, façam música de Manuela subindo a
escada. (Se aborrece com os músicos. Manuela sobe até aparecer a cabeça.)
Manuel: - Sobe mais.
Manuela: - Não posso.
Manuel: - Por quê?
Manuela: - Porque acabou a escada.
(Ele ajuda a puxá-la para cima, mas fica muito alto. Puxa para baixo, fica baixo
demais, etc. Manuela acaba caindo de novo no poço.)
Manuel: - Manuela sobe pelo elevador.
(Se escuta ruído de elevador e se vê Manuela subindo através do pano)
Manuela: - Estou no quarto andar.
Manuel: - Esse elevador não serve este aqui é o quinto andar. Desce e sobe de qualquer
forma.
(Ela desce e sobe segurada pela mão do titereteiro).
Manuel: - Ah, isso é “qualquer forma”? Então vamos dançar.
(Começam a dançar. Entram o sapo e o cavalo. Falam ao ouvido de Manuel. A
sequência com bonecos será interrompida porque o sapo e o cavalo convencem Manuel
e os outros a não trabalharem. O ator sai com a mala detrás do pano.)
Ator: - Eles estão trancados lá dentro. Se fecharam com a chave. Vamos ter que fazer o
espetáculo sem eles. Mas com o que vamos fazer o espetáculo? (Começam a procurar
até que se descobre um lenço no violão e a partir daí vão achando outros entre as
roupas e os objetos, e vão pendurando todos. Isso tem que funcionar como um jogo
mágico.)
Eu sou de seda
Eu sou de seda
Eu sou de pano
Sou bordada de lua
Tenho flores de prata
Eu sou de chita
Eu sou de lã
Sou dura engomada
De flor floreada
(Mas, uma vez criada a convenção de que os lenços, objetos, são os personagens, os gestos
podem ser mais livres. Com uma mão, com duas, jogando-as para o ar ou deixando-os cair.
Agitando levemente, intensamente, tremendo, pulando ou estáticos.)
Ator 2: - Aqui não diz nada sobre o tempo. Se aqui não falar nada não vai ter graça.
Ator 3: - É que o que vem agora é muito perigoso!
Ator 4: - Então eu vou tirar a poeira das escadas.
Ator 1: - E eu vou enxugar a chuva das janelas.
Ator 2: - E eu vou cortar as sombras das vidraças.
Ator 3: - E eu vou varrer a névoa dos telhados.
Ator 4: - Eu vou tomar banho de sereno.
Ator 1: - Mas vai ter tantos perigos nesta história... Para continuarmos contando vamos
esperar a noite.
Ator 2: - Porque nas histórias os perigos sempre acontecem de noite...
Lá vem a noite
Lá vem
Lá vem a noite
E vem de capa preta
Traz uma estrela grande
Três mil e uns cometas
Lá vem
Lá vem a noite
E vem trazendo o vento
Com três luas redondas
Brincando no sereno
(Ela voa e cai num balde, fazendo um grande barulho, que traz os atores de volta à cena.
Retiram Azulzinha do balde, toda molhada.)
(Todos os atores trazem lâminas de metal e começam a fazer ruídos e sons e cantam a Música
do Soldado Medieval)
Soldado Medieval
Ele é grande, é forte
Ele é brilhante
É soldado que voa
Do país distante
Um: - É o vento?
Todos: - Não é.
Um: - São trovões? Trovoadas?
Todos: - Não, não são.
Um: - É tempestade?
Todos: - Não é!
Um: - É usina nuclear?
Todos: - Também não.
Um: - É gente?
Todos: - Não é.
Um: - É uma guerra?
Todos: - É uma guerra? (Suspense)
Um: - Pode ser.
Ator 4: - Olha, a Azulzinha já está seca.
Ator 3: - A gente continua esta cena depois.
Ator 2: - É. É depois que vamos continuar o suspense.
Azulzinha: - A correnteza só me fez cair no balde. É melhor esperar o vento. Será que tem
vento esta noite?
Todos: (em segredo) - Tem o vento da madrugada. Azulzinha, é melhor você ir dormir.
Azulzinha: - Eu quero aprender a voar...
Um: - Mas quem voa agora não é um vento qualquer, é o vento da madrugada. (ameaçador)
Vento da Madrugada
Vento da madrugada
nunca chega só
numa mão traz o sol
na outra um beija-flor
ele é misterioso
mas não é medroso
Já fez voar um rato, um gato
uma escada, um telhado
mas que vento guloso
ele não é medroso
ele traz o sol
(Amanhece)
(Trazem o jornal)
Ator 2: - (Lendo o jornal em voz alta.) Na noite passada, repentinamente, sem avisar, nos
quintais dessa cidade soprou intempestivamente o vento da madrugada. O vento da
madrugada causou alguns danos; derrubou árvores e levou para o ar as folhas de papel, telhas,
sinos, ninhos, camisas e também diversos objetos não identificados.
Ator 3: - A azulzinha deve estar entre os objetos não identificados.
Ator 4: - Vamos ler o resto. Pode ser que o vento da madrugada volte com ela.
Ator 1: - O prognóstico para hoje e amanhã é de chuvas esparsas e ventos moderados de norte
a sul.
Ator 2: - Só vai ter ventos moderados.
Ator 3: - Não gosto de histórias de ventos moderados.
Ator 4: - É, eles têm toda a razão do mundo, ventos moderados não dá, a última vez que estive
numa história de ventos moderados foi muito ruim, ou é vento pra valer, ou melhor nada.
Ator 1: - Mas agora é momento de fazer entrar na história um novo personagem.
Ator 2: - Ele não é de seda.
Ator 3: - Também não é de pano.
Ator 4: - Nem de papelão.
Ator 1: - Nem de papel celofane transparente.
Ator 2: - Nem de corda.
Ator 3: - Nem de metal brilhante. Ele é de jornal.
(Um ator rasga a metade de uma folha de jornal, faz uma dobra vertical para segurar, e outro
pinta os olhos e a boca no papel.)
Papel: - Meu nome é papel. Eu sei voar, andar, girar pelo ar, às vezes eu ando aos trancos e
barrancos. Eu tenho altos e baixos. Mas o importante é chegar onde a gente quer chegar. Eu
gosto muito do quintal, das cores, das coisas, da gente. Mas gosto mesmo é da Azulzinha!
Sabem o que vou fazer? Vou sair procurando por ela. E amanhã o jornal vai trazer notícias
bem alegres. Azulzinha voltou! E eu vou voar com ventos moderados... Hoje os ventos serão
moderados, mas eu vou conseguir voar. Eu já disse que eu tenho altos e baixos. Faz um vento
para mim! (Sopram todos intensamente) Eu disse moderado.
(Os atores se despedem detrás do varal acenando)
Eu fui voando, lá no quintal os lenços ficaram brincando de roda como fazem todas as tardes;
só que um pouco mais tristes, porque Azulzinha não estava. E quando os amigos não estão, a
gente fica um bocado triste.
Da cor do céu
Da cor do céu
da cor do céu
da cor do teu olhar
a roda nasce
a roda gira
aqui no meu quintal
Se é muito azul
se é muito azul
no branco vai clarear
da cor do céu
a roda gira
aqui no meu quintal
Ator:- E o Papel foi embora e chegou outro personagem estranho, que não era do quintal.
Soldado Medieval
Ele é grande, é forte
Ele é brilhante
É soldado que voa
Do país distante
(Passa uma nuvem – uma bandeira – adereço de cena feito também de papel de seda)
Ator 4: - Ei, Nuvem, você viu passar a Azulzinha? Ela saiu voando hoje de madrugada. Com o
vento da madrugada.
Nuvem: - Hum, hum, não sei. Acho que vi... Acho que não vi...Como ela é?
Papel: - Pequena, de seda, carinhosa, da cor do céu.
Nuvem: - Hum, hum, não sei. Vai ser difícil achá-la se é da cor do céu.
Papel: - Por quê?
Nuvem: - Porque não dá contraste.
Papel: - Ah! Então vamos fazer entrar muitas nuvens para fazer o contraste.
(Em cena enquanto cantam, uma atriz triste faz “chover” sem parar, com uma lata cheia de
furos, como se fosse um regador velho; a água cai numa bacia velha.)
Se é de papel
Se é de papel
voa no céu
se é de metal
brilha na mão
se é de jornal
me faz chorar
não é por mal
me faz chorar
Ator 1: - E o papel voou para outro quintal; nesse quintal havia outros personagens que
também estavam voando no céu, sozinhos.
A Guarda-Chuva: - Que tristeza, ai, estou toda quebradinha! Solta, desmanchada,
desparafusada. Esse vento da madrugada quase me mata! Vou dar um telefonema e entrar
para conserto.
(Arma-se um telefone com duas latas e cordas, segurado pela Guarda-Chuva e pela Galinha)
Papel: - Me ajude, deixa ficar aqui, senão a chuva me desmancha e eu não vou conseguir achar
a Azulzinha.
Guarda-Chuva: - Você está muito molhado, fica aqui até a chuva parar. Eu vou dar um
telefonema. Alô, alô. É do Observatório?
Papel: - Não vai não, Azulzinha!Já sei quem é ele! Ele é da cidade brilhante, da Cidade
Medieval. Cuidado Azulzinha, cuidado! (O soldado rouba a Azulzinha) A Azulzinha foi roubada!
(Chega uma nuvem- uma bandeira feita de vara de bambu e papel de seda colorido – segura
por dois atores que vão andando, fazendo barulho de carro.)
(Aparece a cidade medieval. O Rei e os soldados andam marcando ângulos,um soldado traz
Azulzinha.)
Azulzinha: - O senhor é que é o Rei desta cidade? Sabe, eu gostei dela de longe e agora eu
gosto muito mais. Eu só não gostei foi de ser roubada pelo seu soldado.
Rei: - Ele deve ter confundido você com algum inimigo. Meus soldados são obedientes e não
deixam que ninguém se aproxime desta cidade; mas você pode ficar tranqüila, alegre e
satisfeita.
Azulzinha: - Eu já estou muito alegre, estou morrendo de alegria.
Rei: - Você será muito bem tratada. Poderá andar por toda a cidade e morar no Castelo
Perfeito, sem perigos.
Azulzinha: - É bonito o castelo! É tudo tão perfeito!
Rei: - É bonito, perfeito, e sem perigos. Aqui ninguém entra: nem pássaros, nem ventos, nem
papéis, nem nuvens, nem nada. Só você.
Azulzinha: - Nem pássaros, nem nuvens, nem ventos?
Rei: - É, só você! Sabe, eu vou casar com você!
Azulzinha: - Casar comigo?!
Rei: - É, você vai ficar aqui pra sempre.
Azulzinha: - Mas ficar aqui, sem voar, sem nunca mais voltar ao meu quintal?
Rei: - Isso mesmo, mas vou organizar antes um grande torneio. Nenhum cavaleiro que se
preze, ou rei, ou sei lá, pode ganhar sua dama sem lutar. Rá! Rá! Claro que aqui na Cidade
Medieval ninguém será mais forte nem tão perfeito guerreiro quanto eu. Soldados, tragam
todos os lenços de todos os quintais. Assistirão ao torneio e depois ficarão com a Azulzinha e
se transformarão em bandeiras da cidade Medieval!
O Guarda: - (anuncia) Por ordem do Rei Metal Mau do Castelo Perfeito, todos os lenços de
todos os quintais terão que se apresentar e entrar na Caixa Estratosférica, parar dirigir-se nela
até a Cidade Medieval.
(Volta a música “Eu sou de seda” suave, enquanto vai descendo a caixa estratosférica - uma
caixa de papelão. E todos os lenços são guardados nela, que logo em seguida é suspensa. O
Papel chega na Cidade e fala com um cartaz pendurado na porta.)
Papel: (Olha para todos os lados, enquanto ela não aparece.) - Ela não aparece, ela não escuta!
Azulzinha: (Aparecendo numa janela do castelo.) - Papel!
Papel: - Azulzinha, você se lembra de mim? Você não se esqueceu?
Azulzinha: - Eu me lembro, eu me lembro! Você é o Jornal lá do quintal!
Papel: - Azulzinha, desce que eu quero falar com você.
(Azulzinha desce, usa uma corda como escada, mas fica do lado oposto do papel)
(Os soldados saem limpando tudo. O papel passa voando e eles tentam pegá-lo, desaparecem
todos. Parecerá que o papel foi aprisionado, mas ele volta e chama os amigos)
Papel: - Guarda-Chuva, Galinha Observatriz, Violão, me ajudem, estou muito triste. Os Guardas
estão queimando todos os papéis em volta do Castelo e eu queria voltar ao quintal, mas estou
cansado.
Todos: - Fique aqui descansando, nós vamos vigiar.
(Os amigos ficam vigiando, mas um soldado pega o Papel e o queima. O Soldado vai embora.
Os atores não conseguem continuar o espetáculo. Estáticos olham para as cinzas do papel.)
Ator 1: - Cuidado, cuidado! É tarde demais.
Ator 2: - E agora? Queimaram o Papel. A Azulzinha ficou lá na cidade Medieval, e o quintal
ficou sem cores, sem lenços.
Ator 3: - Estão vendo? Tudo por culpa de vocês. Se não fossem vocês nós teríamos aqueles
espetáculos bonitos e não teríamos feito esta história triste. Tudo podia ter sido mais alegre.
Ator 4: - Você acha que é tão triste?
Ator 1: - Eu acho que a história acabou. (Ao público: “Podem ir embora”.)
Ator 2: - Assim desse jeito acabou. E não é a primeira vez que a história acaba desse jeito.
Ator 3: - Mas quem é que está inventando essa história? Não somos nós? Quem foi que fez o
Papel? Não foi a gente?
Ator 1: - É, eu dobrei o papel.
Ator 2: - Eu pintei os olhos e a boca.
Ator 3: - Então traz os jornais e vamos fazer um Papel muito melhor, muito mais forte.
Ator 4: - E como ele vai ter que participar do torneio, bota corpo, bota mãos e um coração
transparente de celofane, para que se veja tudo o que se passa dentro.
Ator 1: - É melhor botar também um coração de metal, já que ele vai lutar contra o Rei Metal
Mau! É, por baixo do coração de celofane, bota um outro de metal.
(Toda essa ação deve ser realizada procurando-se ampliar a discussão com o público.)
(Constroem um Dragão, com todos os lenços presos num pano com pregadores de varal, e
uma máscara de Dragão no meio, enquanto cantam a Música do Dragão.)
O Dragão
Vamos fazer um Dragão
de muitas cabeças
para poder esta história terminar
uma cabeça, oito cabeças
dez cabeças, doze cabeças
Chega, já é demais
Chega, já é demais
Vamos fazer um Dragão de uma cabeça
Chega, já é demais
Arauto: - E o Papel, com esse elmo, com esse coração, montando no Dragão. Voltou para a
cidade Medieval para salvar a Azulzinha.
Cartaz: - Quem é você?
Papel: - Papel Coração de Celo... Xi... Quase que eu digo... Papel coração de Metal!
(Falando baixinho para o público) Mentira, meu coração é de papel celofane mesmo.
Cartaz: - Pode entrar e esperar que comece pelo torneio.
Metal Mau: - É dia de torneio e ainda não se apresentou ninguém para lutar comigo, já estão
todos com medo de mim!Rá! Rá! Rá! Mas hei de lutar e ganhar como Rei e Cavaleiro Medieval
que sou. Se for preciso, lutarei com minha própria sombra.
(Um ator bota uma máscara de metal e segura uma trombeta com estandarte)
Cartaz: - Hoje, aqui neste lugar na grande Cidade Medieval, o grande Rei Metal Mau, do
Castelo Perfeito, lutará com o primeiro cavaleiro que se apresentar. O vencedor casará com a
Azulzinha do quintal.
Ator 2: - Primeiro cavaleiro.
Cartaz: - Não tem!
Ator 2: - Segundo cavaleiro.
Cartaz: - Não tem!
Ator 2: - Terceiro e quarto cavaleiros.
Cartaz: - Não tem! Não tem!
Rei: - Eu acho que vou ter que lutar com minha própria sombra! Preparem-se todos, toquem
os tambores que o torneio vai começar! Em guarda, minha sombra, hei de vencer ainda que te
perca. Toma, toma!
(As duas sombras lutam, a do papel vence e desaparece a sombra do rei. Isto poderá ser feito
com dois refletores, apagando-se a sombra do Rei)
Rei: - Minha sombra foi vencida, estou sem sombra. Agora Papel, você lutará com meus
soldados!
Papel: - Eu não, o meu Dragão é que vai lutar!
(A luta começa e o Dragão vai vencendo todos os soldados. Todos cantam a Música do
Dragão.)
Papel: - Ainda quer continuar a luta comigo? Já está sem soldados, sem sombra.
Rei: - Eu sou apenas um boneco, um rei de metal, eu deixarei sair a Azulzinha, mas deixe-me
ficar aqui no meu castelo.
Papel: - Mas longe do quintal! Bem longe do quintal! (Procura a Azulzinha)
Azulzinha!
Azulzinha: - Papel!
Papel: - Azulzinha, a gente vai voltar para o quintal!
Azulzinha: - Com o vento da madrugada?
Ator: - Não, com o vento do Pólo Norte.
Ator 2: - Com o vento da manhã.
Ator 3: - Com o vento de todo o mundo.
Todos: - Com o vento de todo o mundo.
(O espetáculo termina com as músicas: “Tempo de Lenços e Ventos” e “Se é de Papel”.)