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DIREITO
ADMINIST
RATIVO I
PERDI ANTÓNIO PIMENTA COSTA GONÇAKVES
T1 | 08.10.2021s/gravação
Apresentação e exposição dos conteúdos da matéria.
T1 | 15.10.2021c/gravação
Estado e Estado Administrativo (1).
T1 | 05.11.2021
Direito Administrativo como fonte de legitimação e de orientação finalística da ação
administrativa (19; 19.2; 19.2.1; 19.2.2)
T1 | 12.11.2021
Discricionariedade administrativa: considerações iniciais (24).
T1 | 19.11.2021
A discricionariedade se estuda o tema em função da norma de competência. Da norma
que atribui a competência à administração. Se refere ao poder de escolha. A uma
liberdade que a administração dispõe numa situação concreta. Determinado, regulado e
disciplinado por uma norma. Saber se a norma atribui esse poder de escolha ou não. É a
discricionariedade que determina. Em grande medida, uma vez que a discricionariedade
não representa um poder que a administração confira a ela mesma. Não é uma liberdade
própria da administração. Os conceitos indeterminados, em muitos casos não são
verdadeiramente indeterminados. São conceitos que parecem indeterminados, mas não o
são. Como o conceito de substância tóxica. Um conceito que se pode determinar admite
apenas um conceito e resposta. Se a lei utiliza a palavra substância tóxica não é
definição nenhuma em termos científicos. Se esses conceitos não têm uma
indeterminação, podem ser determinados. Quando a administração atua em base da
discricionariedade não detém liberdade de escolha.
Há conceitos verdadeiramente indeterminados. O que é uma inundação grave? Podemos
assumir que a lei ou norma não está a querer dizer que só há uma resposta possível.
Quer introduzir um critério com alguma plasticidade. Flexibilidade. O legislador não
pode ter a pretensão de aprisionar todos os casos da vida possíveis e imaginários e
definir de forma taxativa o que são acidentes muito graves. O legislador refugia-se,
utiliza este sistema de cláusula geral, que permite que a administração possa dar a
resposta certa à situação. A discricionariedade da administração não resulta de termos
de aceitar. Não é possível numa norma eu prever todas as situações da vida. Não é
possível. A discricionariedade administrativa não é um mal. É um poder conferido
conscientemente por uma norma à administração para ele decidir bem face às
circunstâncias. É o resultado de uma concessão de uma norma ao agente administrativo
que vai mobilizar essa norma. Vai perceber que tem uma margem de decisão que é sua.
Conferido para dotar uma margem de ação suficiente para melhor decidir. Depois disto,
perceber que a discricionariedade é objeto de controlo. O facto de a administração ter
esse poder de escolha não significa que a administração possa fazer o que lhe bem
interessar.
Nem todos os conceitos indeterminados atribuem discricionariedade. Não suscitam um
juízo administrativo. Estes conceitos indeterminados suscitam juízos, mas estes não
envolvem uma competência administrativa. Logo não dão discricionariedade por isso.
Há ali uma especial credibilidade que nos leva a aceitar que a decisão da administração
é provavelmente certa e determinada.
A discricionariedade é um espaço jurídico. O que a administração faz ali, é uma escolha
orientada por critérios jurídicos. A lei cria um espaço discricionário, mas este espaço é
jurídico. Significa que vamos ter que mobilizar, para condicionar essa autonomia da
administração, vamos ter que mobilizar outros critérios, outros padrões que vão aqui
funcionar como mecanismos que pressionam o poder decisório da administração.
Espaço de juridicidade. Orientado e regulado pelo direito. Aqui surgem então estes
critérios que vão pressionar e limitar esta liberdade. Esta limitação não pode ser muito
agressiva. Se eu decidir que a administração só pode decidir por uma via, não existe
necessariamente discricionariedade. A redução da discricionariedade a zero, numa
situação concreta da vida, toma a decisão A. Se dois meses depois aparece uma situação
igual, a norma continua a ser a mesma, mas ela já fez A. O princípio da igualdade.
Redução a zero da discricionariedade. A situação que se indica como critério de
controlo da discricionariedade, é o princípio da imparcialidade e da proporcionalidade.
O princípio da imparcialidade tem uma aplicação que diz que a administração deve ser
neutra. A administração quando toma uma decisão discricionária, saber se a mesma
considerou todos os elementos relevantes. E por outro lado apensa os elementos
relevantes. Implica que o agente administrativo está a exercer poderes discricionários e
que vai ponderar todos os interesses em jogo.
A fundamentação que é um dever posterior, funciona como um elemento muito
importante a moderar a condicionar as ações do agente administrativo. Um dos
principais travões ao arbítrio da discricionariedade. Dever de explicar e se expor ao
imperativo de racionalidade. Surge também o princípio da proporcionalidade. Essa
escolha terá que atingir uma determinada finalidade. Nesta medida, a exigência de
proporcionalidade determina que o agente administrativo consiga explicar que a sua
escolha seja necessária. Adequada, em face das possibilidades. E em sentido estrito. A
discricionariedade é um espaço de autonomia decisória da administração, disciplinado e
juridicamente orientado. Princípio da razoabilidade. O princípio de uma natureza mais
básica. No sentido em que uma decisão não razoável, a administração deve rejeitar. Não
deve tomar medidas que não sejam razoáveis e racionais. O erro manifesto de
apreciação gera uma decisão não razoável. As decisões discricionárias, o são, mas a
norma apesar de ser discricionária não admite tudo. Não admite qualquer solução. A
norma de competência defina pressupostos mínimos. Podemos distinguir dois
momentos de compreensão da discricionariedade. A de apreciação e a de ação. A de
apreciação, quando a administração deve escolher a pessoa idónea para um cargo.
Implica uma valoração. A de ação, tomar medida que entender mais conveniente.
Direito Administrativo. Um direito nacional. Aplicado por autoridades portuguesas. No
território português. A integração na União alterou isto. Na União, há um direito
administrativo que resulta do facto de existir uma administração pública europeia.
Existem atos dessa administração pública europeia. Europeização do direito
administrativo. O direito administrativo nacional é hoje um direito europeizado. Muito
influenciado pelo direito da União Europeia. Muitas das normas que se aplicam no
direito português são normas portuguesas, mas que transpõem direito europeu. Diretivas
ou regulamentos europeus. Será que há atos da administração publica portuguesa com
fundamento direito no direito administrativo europeu. A União atribui poderes à
administração pública quase como se o legislador público não existisse. Um
regulamento europeu pode ser fundamento? Isto representa é que o princípio da
legalidade da administração, sujeição da administração às leis do país, nesta
compreensão pode estar em crise. A legalidade nacional pode ser substituída pela
legalidade europeia. A administração pode ser legitimada a agir com base em normas do
direito da União Europeia, sem que o legislador português intervenha em momento
algum.
Deve a administração pública portuguesa recusar a aplicação de normas nacionais que
estejam em contradição com normas de direito europeu? O que temos aqui é um choque
de princípios. Primeiro um princípio da legalidade. Por outro lado, um princípio da
União do efeito direito, e do primado da União Europeia. A resposta do Tribunal do
Justiça, é sem surpresa, preferência da norma da União Europeia por parte do agente
administrativo. Na vida real quando o agente administrativo toma uma decisão as
normas não são tao inequívocas. O conflito normativo não é uma coisa evidente na
maior parte dos casos. Saber se uma norma viola ou está contra a outra é muito difícil.
A maior parte destes conflitos normativos que não têm uma resposta evidente. O agente
administrativo não pode realizar ponderações jurídicas. Mesmo numa situação de
contradição, o facto de a administração decidir a favor do legislador nacional, não põe
em causa o primado da União, porque ainda existem os tribunais.
Determinadas instituições nacionais que se tornaram instituições quase europeias.
Depois procedimentos administrativos com fases nacionais e com fases europeias.
Como a entrada de um medicamento, com uma fase nacional e com uma fase europeia.
Atos e decisões da administração pública portuguesa com efeito decisório no território
europeu.
O agente administrativo pode estar perante uma norma e pode-se supor que esse decreto
viola a Constituição. Aquilo que temos é a força normativa da Constituição. As leis que
violam a Constituição são inconstitucionais. Saber se uma lei é inconstitucional só
depois de pronúncia do TJ.
T1 | 26.11.2021c/gravação
Constituição e Direito Administrativo (pontos 41; 41.1; 41.2).
O DA podemos situá-lo na sua fonte, na ordem jurídica europeia. E aí vemos uma série
de questões relacionadas com esta circunstância e com a europeização do mesmo.
Também situá-lo na Constituição. A CRP contém normas que se dirigem
especificamente à Administração Pública. Sendo um documento que contém normas
especificamente pensadas para a Administração Pública, há Direito Administrativo na
Constituição. Uma preocupação com certas questões que envolvem a Administração
Pública. Sentido e eficácia administrativo.
A situação em que a Administração se pode colocar quando numa circunstância onde há
uma lei que lhe dirige, que abrange a Administração Pública e essa lei, suspeita que a
mesma é inconstitucional. Um choque entre o princípio da legalidade e da
constitucionalidade. O que preocupa é termos uma definição clara para o agente
administrativo. Aqui enquanto pensadores do Direito Administrativo podemos ter
grandes reflexões históricas sobre a supremacia constitucional. Aqui o que interessa é
dar ao agente administrativo uma orientação que seja segura para ele agir. Quando ele
numa situação da vida tem uma norma legal que diz que pode fazer X, há uma perceção
de inconstitucionalidade eu tenho de lhe dar critérios. Em suma “siga a Lei”, o princípio
da regulação mais próxima. Numa situação de conflito o agente deve seguir a norma
hierarquicamente mais forte. Um tribunal quando julga se uma determinada norma deve
ser derrogada por outra segue sempre a regra da hierarquia. O agente administrativo não
é um tribunal. Não tem os instrumentos para apreciar judicativamente o tribunal. A
norma mais atuante é aquela mais próxima dele. Que está mais na sua esfera de
percetibilidade. Uma portaria que diz “o reitor da Universidade pode fazer isto”. Mas
esta norma está em contradição com a lei. Esta lei foi criada por um poder legitimo. O
reitor pode fazer. É a norma que se dirige a ele diretamente. É esta que ele deve aplicar.
Está pensada no reitor. Em vigor no ordenamento jurídico. Apesar de subordinada à
Constituição. Deve fazê-lo como regra salvo casos excecionais. Imaginem que os
tribunais já julgaram aquela norma inconstitucional. Nesse caso o agente administrativo
já está autorizado a não aplicar a norma. Sem querer retirar força à Constituição não
posso permitir que o agente administrativo subverta o sistema. Há determinadas
matérias onde a Assembleia da República, mas que também podem ser disciplinas a
partir de decretos-lei do Governo. Três níveis. Uma regra geral de equivalência; reserva
de competência absoluta e matérias onde a AR tem competência relativa.
A atuação administrativa se faz com base em leis, para a Administração Pública não
interessa de quem provém a Lei, seja AR ou Governo. Se eu tenho uma lei que dirige à
Administração, o princípio da legalidade está assegurado. Tem autorização para atuar.
Um problema de Direito Constitucional, não de Direito Administrativo. Que é um
direito legal. A maioria das suas normas são legais, governamentais ou parlamentares. A
legislação é a principal fonte do Direito Administrativo e o órgão soberano que a produz
pouco ou nada importa para o Direito Administrativo. A atuação administrativa em si
não é inconstitucional. O que é inconstitucional é a autorização que permitiu a atuação
da Administração.
O Direito Administrativo encontra a sua esmagadora maioria nas normas que se dirigem
a ela em atos legislativos. A questão que se coloca aqui é saber se ocupam aqui uma
aposição autónoma os princípios de direito administrativo. Normas que condicionam e
orientam a atuação da administração. Quando falamos de princípios de direito
administrativo o tema não nos remete para valores. Esses princípios apontam critérios
de atuação administrativa. Que a administração está obrigada a seguir sob pena de
apreciação negativa da sua atuação. Um princípio não é jurídico só quando pode ser
sancionado em tribunal. Não tem de ser um tribunal a determinar a apreciação negativa.
Pode ser um superior hierárquico por exemplo. Consequências jurídicas significam já
Direito. Os princípios de direito são critérios jurídicos de atuação. Isso não significa que
os princípios são regras.
Uma norma jurídica que é uma regra é uma norma que defina um critério de atuação de
uma forma que exige o seu acatamento de forma definitiva. A regra conhece apenas
uma hipótese. O cumprimento ou o incumprimento. Na regra podemos ter a regra geral
e a exceção. As regras admitem violações quando haja outra regra a permitir essa
exceção. Quando olhamos para uma regra falamos de uma lógica binária. Cumprir ou
não cumprir é violar ou não violar.
Os princípios também são normas só que este tem uma plasticidade que não define um
critério taxativo, definitivo. Indica um caminho realizável. Um critério de uma ação.
Aceita o confronto com outros princípios. Aceita compressões em função da sua
articulação com outros princípios. Quando se fala de princípios de direito administrativo
são guias de orientação administrativa de uma forma que permite à Administração
considerar outros princípios. “Perante a circunstância determina a Administração pode
agir assim”. O legislador fez essa ponderação. Aqui a administração tem uma regra para
seguir. A ponderação foi definida pelo legislador numa regra. A regra é esta. Nos
princípios a administração é confrontada com um critério de atuação que orienta, mas
não de uma forma absolutista. Permite fazer conciliações entre diferentes princípios. Os
princípios também podem resultar de uma forma espontânea por influência da doutrina,
tribunais ou da própria administração. Princípio da solidariedade administrativa. Um dia
chegado a questão ao tribunal, dizia que a Administração está obrigada a considerar este
princípio. O tribunal condena o não respeito do princípio pela Administração. Nasce
assim um princípio. A doutrina inicia a conversa. A decisão do tribunal corporiza o
princípio. Vivemos num estado de direito muito legal. Muito passa pelo legislador. Tem
de haver uma regra formal a positivar uma norma. Mas os princípios são normas que
existem independentemente dessa formalização. Assim estaríamos a falar de princípios
que são válidos juridicamente apenas por estarem consagrados na lei. Estes princípios
têm força mesmo “sem Direito”. Existem em canais informais e ganham forma através
dos tribunais. O direito só admite esta criação espontânea anónima, não formalizada de
normas jurídicas, desde que os princípios se possam rever ou ser considerados em
expressões ou concretizações aceites em normas jurídicas. Podemos construir o
princípio da solidariedade administrativa como um princípio de direito se houver
evidencia que este princípio de solidariedade é a concretização de uma ideia de justiça.
Os princípios administrativos ganham muito mais força quando recebidos pela lei.
Princípios regra e falsos princípios, consagrados na lei, mas não trazem normatividade
autónoma. Princípios regra são como o princípio da legalidade. Dever cumprir a lei é
uma regra. Não um princípio. Caráter absoluto. Mas porquê falar de princípio da
legalidade? Estes princípios são falsos. Se a administração deve cumprir a regra sempre
porquê falar em princípios? Porque esta regra é uma regra universal. Tem um caráter
universal. Não pensada para um caso concreto. A regra não está pensada num caso. A
atuação deve sempre agir legalmente. O caráter universal permite uma regra de caráter
taxativo ser também um princípio. O estado de necessidade administrativa vai autorizar
a atuação administrativa em circunstâncias excecionais não pensadas nem previstas pelo
legislador, mas dada a sua excecionalidade admite-se a tomada de decisões contra a lei.
Os princípios são uma fonte de direito administrativo. Um critério de atividade
administrativa. Independentemente de um tribunal poder observar se o princípio foi ou
não observado. Não se cumprem princípios. Seguem-se. Cumpre-se a lei. Podemos ter
uma norma jurídica, mas o tribunal pode não ter instrumentos para verificar se a
administração atuou conforma essa norma. Princípio da eficiência diz que a
administração dever ser “eficiente” na aplicação dos recursos públicos. O princípio da
eficiência não tem uma densidade ou conteúdo normativo que possa dar origem a
controlo judicial.
T1 | 03.12.2021c/gravação
Princípios de organização da Administração Pública:
Hierarquia (56)
Desconcentração (57, 57.1, 57.2, 57.2.1, 57.2.2) e descentralização (58, 58.1, 58.2, 58.3).
Independência (59).
T1 | 10.12.2021c/gravação
Pessoas coletivas de direito público (61; 61.1, 61.2).