COLOSSENSES
COLOSSENSES
COLOSSENSES
Hoje, a doutrina de Cristo está sendo bombardeada com rigor desmesurado. Livros e mais
livros são despejados no mercado literário tentando desacreditar o bendito Filho de Deus.
Uns negam sua divindade;
Outros negam sua humanidade.
Ha aqueles que atacam sua impecabilidade.
Porque a doutrina da criação tem sido atacada com grande virulência. A carta de Paulo aos
colossenses acentua a verdade primaria do cristianismo, de que o universo não é resultado de
uma geração espontânea, nem de uma explosão cósmica, muito menos de uma evolução de
bilhões e bilhões de anos. Antes, o mundo visível e invisível e obra da criação de Deus,
por meio de Cristo.
Porque a doutrina da redenção tem sido atacada com incansável persistência. Os falsos
mestres, como lobos vorazes, sempre se infiltraram na Igreja e outras serpentes peçonhentas
permanecem do lado de fora destilando seu veneno mortal. A ideia de que o homem pode
chegar a Deus pelos seus esforços, méritos, esoterismo e sincretismo, sem o sacrifício
expiatório de Cristo, não e apenas enganosa, mas também satânica. E uma falsa humildade
acreditar que o homem pode chegar até Deus por meio de seus esforços.
O príncipe dos pregadores no século 19, Charles Haddon Spurgeon, dizia que é mais fácil
ensinar um leão a ser vegetariano do que um homem ser salvo pelos seus próprios
esforços.
Porque a doutrina da santificação tem sido atacada por várias ideias equivocadas. Não
faltam ideias erradas e falsas acerca do estilo de vida que pode agradar a Deus.
Paulo escreve a carta aos colossenses para corrigir esses desvios como
O gnosticismo;
O misticismo;
O legalismo e
O ascetismo.
A ameaça do
engano religioso
(Cl 2.16-23)
As heresias SÃO comoervas daninhas:
florescem em todos os lugares. Como
ervas venenosas, as heresias matam. As
heresias resistem ao tempo, cruzam os
seculos e ameacam a Igreja ainda hoje.
A primeira advertencia de Jesus no Seu
sermao profetico foi sobre o engano religioso:
“Vede que ninguem vos engane.
Porque virao muitos em meu nome, dizendo:
Eu sou o Cristo, e enganarao a
muitos” (Mt 24.4,5).
Depois de falar da heresia gnostica,
uma severa helenizacao do cristianismo,
Paulo trata agora de tres novas vertentes
da heresia que estava atacando as igrejas
do vale do Lico: o legalismo, o sincretismo
e o ascetismo. William Barclay diz
que a heresia central que esses falsos mestres disseminavam
era que Jesus Cristo, Sua obra e Sua doutrina nao eram
suficientes para a salvacao.300
Vamos examinar essas tres heresias que ameacavam a
Igreja do primeiro seculo. Ao examina-las, nao faremos
apenas uma viagem rumo ao passado, pois elas ainda estao
vivas e rondando as igrejas contemporaneas.
A ameaça do legalismo (2.16,17)
O legalismo e um caldo mortifero que ameacou a Igreja
no passado e ainda perturba a Igreja hoje. Warren Wiersbe
diz que suas doutrinas consistiam em uma estranha mistura
de misticismo oriental com legalismo judeu e uma pitada
de filosofia e preceitos cristaos.301
O apostolo Pedro classificou o legalismo como um jugo,
uma canga no pescoco: “Agora, pois, por que tentais a
Deus, pondo sobre a cerviz dos discipulos um jugo que
nem nossos pais puderam suportar nem nos?” (At 15.10).
O apostolo Paulo, de igual forma, via o legalismo como
um jugo de escravidao: “Para a liberdade foi que Cristo nos
libertou. Permanecei, pois, firmes e nao vos submetais, de
novo, a jugo de escravidao” (G1 5.1).
Hendriksen diz que o proposito principal dos falsos
mestres era atacar a doutrina da suficiencia de Cristo. Eles
pregavam que ninguem poderia ser salvo e chegar a perfeicao
senao por meio de seus regulamentos legalistas.302
Os falsos mestres queriam transformar a religiao numa
questao de regras e prescricoes sobre comidas e bebidas.
Mas Jesus deixou bem claro que a dieta alimentar em si
mesma e alguma coisa neutra. Nao e o que entra pela
boca, mas o que sai do coracao e que contamina o homem
(Mt 15.11-20). Jesus considerou puros todos os alimentos
(Mc 7.19). Paulo diz que sao os falsos mestres que exigem
abstinencias de alimentos, que Deus criou para serem recebidos
(lTm 4.3). Paulo da o seu veredicto: “Pois tudo que
Deus criou e bom, e, recebido com acao de gracas, nada e
recusavel, porque pela Palavra de Deus e pela oracao, e santificado”
(lTm 4.4,5). Por isso, o proprio apostolo Paulo
diz: “Nao e a comida que nos recomendara a Deus, pois
nada perderemos, se nao comermos, e nada ganharemos, se
comermos” (ICo 8.8).
O legalismo era uma das facetas da heresia que ameacava
a igreja de Colossos. Para esclarecer esse ponto, vamos
destacar quatro pontos:
Em primeiro lugar, a descrição do legalismo (2.16). Os
promotores do legalismo andavam pelas igrejas como assaltantes
da liberdade crista. Eles eram escravos de uma infinidade
de regras e queriam colocar essas mesmas algemas nos
cristaos. Eram prisioneiros e queriam roubar a liberdade
dos salvos. Eles argumentavam com os cristaos, buscando
convence-los de que, a menos que guardassem determinados
dias e festas do calendario e observassem determinadas
dietas com abstinencia de certos alimentos e bebidas, jamais
poderiam ser salvos ou viver uma vida santa e vitoriosa.
Os falsos mestres faziam uma leitura errada tanto do
Antigo quanto do Novo Testamento. Todas as exigencias
da Velha Alianca relativas aos alimentos e dias sagrados
nao passavam de sombras das novas condicoes na era da
Igreja. Diz o autor aos hebreus: “Ora, visto que a lei tem
sombra dos bens vindouros, nao a imagem real das coisas,
jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos
sacrificios que, ano apos ano, perpetuamente eles oferecem”
(Hb 10.1). A lei serviu de pedagogo que nos tomou pela
mao e nos conduziu a Cristo (G1 3.23-25).
Em segundo lugar, as prescrições do legalismo (2.16). O
apostolo Paulo diz: “Ninguem, pois, vos julgue por causa de
comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sabados”
(2.16). Os falsos mestres legalistas se ocupavam de duas
coisas basicas: dietas de comida e bebida e dias sagrados. A
Igreja de Cristo, porem, nao e prisioneiras de calendarios
nem de dietas. O proprio sabado e uma sombra; a realidade
e Cristo. Quais eram as prescricoes do legalismo?
a. Eles estavam preocupados com dietas alimentares
(2.16). O apostolo alerta: “Ninguem vos julgue por causa
de comida e bebida”. Eles se preocupavam com aquilo que
entrava no estomago, e nao com o que saia do coracao.
Eles buscavam uma santidade exterior, e nao interior.
Cuidavam da forma, e nao da essencia. Fritz Rienecker diz
que a ideia de que o homem pode servir a Divindade ou
preparar-se para receber uma revelacao mediante uma vida
ascetica era muito comum no mundo antigo.303 Russell
Shedd destaca que os mestres falsos vinham ensinando
que algumas comidas e bebidas contaminavam quem as
consumia, impedindo a pessoa de entrar em contato com
poderes sobrenaturais.304 Questoes de comida e de bebida,
porem, nao tem consequencia na pratica da piedade crista.
O apostolo Paulo declara: “Porque o reino de Deus nao e 1
comida nem bebida, mas justica, paz, e alegria no Espirito
Santo” (Rm 14.17). A razao disso esta no fato de que, com
o uso, comida e bebida se destroem (2.22).
b. Eles estavam preocupados com dias especiais (2.16).
Paulo prossegue: “Ninguem vos julgue por causa [...] de dia
de festa, ou lua nova, ou sabados”. Os legalistas pensavam
que a observancia de certas datas especiais e certas comemoracoes
festivas e que os tornavam aceitaveis a Deus. O
principal problema dos falsos mestres nao era guardar esses
dias especiais, mas ensinar que dessa observancia dependia
a salvacao.
Em terceiro lugar, o engano do legalismo (2.17). O apostolo
Paulo derruba o fundamento do legalismo, dizendo:
“Porque tudo isso (comida e bebida, ou dia de festa, ou lua
nova, ou sabados) tem sido sombra das coisas que haviam
de vir; porem o corpo e de Cristo” (2.17). Platao, no seu
livro República, distingue a sombra (aparencia externa) da realidade
(a verdade espiritual e interna das coisas). Paulo, porem,
usa “sombra” no sentido de prenuncio da realidade.305
O corpo lanca uma sombra, mas o corpo e infinitamente
mais real que a sua sombra, alem de ser distinto desta.306
Paulo refuta os falsos mestres usando a ilustracao do
“corpo” e da “sombra”. Werner de Boor esclarece esse ponto
quando escreve:
Um corpo lanca sua sombra e pode ser reconhecido pela sombra,
segundo seu contorno. Porem o essencial nao e a sombra, mas
proprio corpo. Assim o mandamento do sabado de Israel tambem e
“apenas uma sombra do que haveria de vir, o verdadeiro corpo e de
Cristo”. Os mandamentos e regras dados a Israel eram tao-somente a
sombra projetada de uma coisa cuja realidade plena pertence somente
a Cristo e chegou nele e com ele.307
Nessa mesma linha de pensamento, Russell Norman
Champlin diz que a palavra “sombras” deve levar-nos a
pensar nos seguintes pontos: ela fala de 1) inexatidao; 2)
natureza incompleta; 3) falta de substancialidade; 4) temporalidade;
5) inferioridade; 6) simbolismo; 7) diferenca
de natureza; 8) questoes cerimoniais contidas em ritos;
9) que sao coisas dispensaveis.308
Essas coisas as quais os legalistas se agarravam eram
a sombra, mas o corpo e de Cristo. Quando a realidade
chega, nao precisamos mais da sombra. Por que retornar a
sombra, quando ja temos a realidade?
Corroborando essa posicao, Fritz Rienecker diz que a
palavra grega skia, “sombra”, usada aqui por Paulo, indica
uma sombra que nao tem substancia em si mesma, e indica
a existencia de um corpo que a produz ou indica um esboco,
um mero esquema do objeto, em contraste com o objeto
em si. Isso significa que o ritual do Antigo Testamento
era um mero esquema das verdades redentivas do Novo
Testamento.309
Ralph Martin afirma que a “sombra” e um pressagio
daquilo que esta por vir; e o tempo da substancia ja
chegou, tornando antiquado, desta maneira, tudo quanto
apontava para ela como coisa futura. Aquela “substancia”
e Cristo. A nova era crista liberta os homens da escravidao
ao medo e ao terror supersticioso. Liberta-os de nocoes
falsas e esperancas insubstanciais, e da-lhes um gosto
da realidade na religiao, na medida em que chegam a
conhecer em Cristo a verdadeira comunhao com o
Deus vivo. Esta realidade e aquilo a que Paulo se refere
nas suas alusoes anteriores a “esperanca do evangelho”
(1.5,23).310
Hendriksen deixa claro esse ponto, quando escreve:
Por que ter como indispensavel o submeter-se a preceitos sobre
comida, quando Aquele que foi anunciado pelo mana de Israel se nos
oferece a Si mesmo como o Pao da vida? (Jo 6.35,48). Como pode
considerar-se a Pascoa (Ex 12.1-12) uma observancia necessaria para
a perfeicao espiritual, se “nossa pascoa, que e Cristo, ja foi sacrificado
por nos?” (ICo 5.7). Que justificativa havia para impor aos que se
converteram do mundo gentilico a observancia do sabado judeu,
quando Aquele que traz o descanso eterno exorta a todos a ir ate Ele?
(Mt 11.28,29; Hb 4.8,14).311
Uma questao intrigante pulsa em nossa mente: Por que
o legalismo com sua rigidez fundamentalista e tao popular
e tao aceito na maioria das religioes? Warren Wiersbe
responde: “E porque dentro desse sistema, é possivel medir
nossa vida espiritual - e ate nos vangloriar dela!”312
Em quarto lugar, a derrota do legalismo (2.16,17). Em
virtude de tudo aquilo que Cristo e e fez por nos, nao
devemos permitir que ninguem nos julgue pelas regras
do legalismo. A preposicao “pois” (2.16) nos ensina que
a base da nossa liberdade sao a pessoa e a obra de Jesus
Cristo. Somente depois que Paulo proclamou que Cristo
triunfou na cruz sobre os nossos pecados, sobre a lei que nos
condenava e sobre as forcas espirituais que nos acusavam,
e que ele orienta: “Ninguem, pois, vos julgue...” (2.16). A
cruz de Cristo e a nossa carta de alforria. Se ja morremos
e ressuscitamos com Cristo, somos servos Dele e nao mais
escravos da lei. A lei nao exerce mais jurisdicao sobre um
morto. Agora temos um novo Senhor!
A ameaça do sincretismo (2.18,19)
Destacaremos quatro pontos sobre o sincretismo.
Em primeiro lugar, a natureza do sincretismo (2.18). O
apostolo Paulo escreve: “Ninguem se faca arbitro contra
vos outros, pretextando humildade e culto dos anjos,
baseando-se em visoes, enfatuado, sem motivo algum, na
sua mente carnal” (2.18). Os falsos mestres que estavam
assaltando a igreja de Colossos eram nao apenas legalistas,
mas tambem sincretistas. A teologia que eles pregavam
era uma mistura, um produto hibrido de filosofia grega,
judaismo legalista e cristianismo. O produto final desse
concubinato espurio era uma heresia que fazia forte
oposicao a fe evangelica.
Os falsos mestres de Colossos eram profundamente
misticos. Eles reprovavam os cristaos por nao terem, como
eles, imediata experiencia com o mundo espiritual a parte
da Palavra de Deus. A teologia deles procedia de suas
visoes, e nao das Escrituras. Eles adoravam anjos, espiritos
intermediarios, e nao diretamente a Deus por meio de
Cristo. Eles davam mais valor a experiencia subjetiva do
que a verdade objetiva. Mais valor ao sentimento do que
a razao.
Em segundo lugar, a arrogância do sincretismo (2.18).
Paulo exorta: “Ninguem se faca arbitro contra vos outros...”
(2.18). Munidos de suas heresias sincretistas, os falsos
mestres tentavam desqualificar os cristaos por nao terem
como eles as mesmas experiencias arrebatadoras. Eles se
colocavam na posicao de arbitros que desqualificam um
atleta e o impedem de receber o seu premio.313
Russell Shedd esclarece que o termo “arbitro” traduz
uma palavra extremamente rara: provavelmente quer dizer
“agir na capacidade de um juiz ou arbitro que, num jogo,
desqualifica o atleta ou lhe nega o premio. Claramente,
tais “juizes” eram mestres gnosticos que nao davam ao
Senhor Jesus Cristo o lugar supremo, mas se reservavam
superioridade propria.314
Em terceiro lugar, a idolatria do sincretismo (2.18). Paulo
prossegue: “... pretextando humildade e culto dos anjos...”
(2.18). Os falsos mestres estavam enganados quanto a
teologia e quanto ao sentimento. Eles nao apenas adoravam
os anjos, mas diziam que faziam isso por humildade. Paulo
ja havia ensinado a preeminencia de Cristo sobre os anjos
(1.16,17,20; 2.9,15). Os anjos sao criaturas de Deus e
ministros a servico de Deus (Sl 103.20; Hb 1.14) e nao
podem ser adorados como Deus, ou no lugar de Deus, ou
como intermediarios para nos levar a Deus. Os anjos nao
aceitam adoracao humana (Ap 19.10; 22.8,9). Adorar a
criatura em lugar do criador provoca a ira a Deus em vez de
representar a Ele qualquer agrado (Rm 1.24,25).
Os falsos mestres estavam ensinando que era arrogancia
uma pessoa tentar ir direto a Deus. Precisavam, portanto,
adorar a Deus por meio dos anjos. No entanto, a atitude
desses falsos mestres nao era de humildade, mas de presuncao.
Ao desobedecer a um preceito de Deus, eles estavam
sendo petulantes, arrogantes e soberbos, e nao humildes.
Quando esses falsos mestres acusavam os cristaos de nao
serem suficientemente humildes e, travestidos de uma falsa
humildade, diziam que nao eram suficientemente bons
para aproximar-se diretamente de Deus, recorrendo antes
aos anjos, estavam incorrendo no mesmo engano daqueles
que ainda hoje se aproximam de Deus por meio de Maria,
de santos ou de outros mediadores. A Biblia e clara em
afirmar que ha um so Deus e um so mediador entre Deus e
os homens, Jesus Cristo homem (lTm 2.5).
Werner de Boor esta correto quando diz que humildade
intencional é forcosamente humildade fabricada e desprezivel.
A humildade autentica nunca se aproxima dos outros
com exigencias e criticas. A falsa humildade sempre se trai
pelo orgulho. Os pretensos humildes que interpelavam os
cristaos de Colossos estavam ao mesmo tempo ocupando
a catedra de juiz para lhes negar o premio da vitoria.315 O
homem que pretende ser muito humilde na realidade e insuportavelmente
orgulhoso. Sua mente esta inflada com o
sentido de sua propria importancia ao jactar-se das coisas
que diz ter visto.316
Em quarto lugar, a base rota do sincretismo (2.18,19).
Paulo conclui: “... baseado em visoes, enfatuado, sem
motivo algum, na sua mente carnal, e nao retendo a cabeca,
da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas
juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de
Deus” (2.18,19).
Destacamos aqui quatro pontos importantes:
a. A religiao do sincretismo nao e biblica, mas mistica.
O sincretismo e uma heresia, uma religiao heterodoxa. Ele
esta baseado em visoes, e nao na verdade revelada. Esta
fundamentado na experiencia, e nao na Escritura. Aquele
que cai nesse laco do engano acredita ter visto algo e jactase
dessa experiencia. Faz dela o assunto mais grandioso.
Se alguem se atreve a contradize-lo ou colocar em duvida
suas teorias, ele respondera: “Mas eu tivesse essa ou aquela
visao”. Ao agir assim, essa pessoa coloca sua experiencia
mistica acima da Palavra de Deus e julga-se possuidora de
uma revelacao especial de Deus e de um conhecimento
superior de Deus alem das Escrituras.317
Floresce de maneira vigorosa em nossos dias o sincretismo.
As pessoas deixam o sincretismo pagao para abracar outro
sincretismo chamado “evangelico”. As pessoas entram
para a “igreja evangelica”, mas continuam prisioneiras de
crendices foraneas e estranhas a Palavra de Deus.
b. A religiao do sincretismo nao e espiritual, mas carnal.
Os falsos mestres arrotavam uma espiritualidade que nao
possuiam. Eles se diziam humildes, mas eram enfatuados.
Diziam-se espirituais, mas eram carnais. Queriam ser
juizes dos outros, mas nao julgavam a si mesmos. Queriam
reprovar os outros, mas nao enxergavam o quao longe eles
mesmos estavam de Deus. William Hendriksen afirma a
mente e carnal quando baseia sua esperanca para a salvacao
em qualquer coisa que nao seja Cristo somente (2.19). Nao
faz nenhuma diferenca se o fundamento no qual tenha
colocado a sua esperanca seja a forca fisica, a habilidade, as
boas obras ou, como aqui, visoes transcendentais. Tudo e
igualmente a mente carnal.318
c. A religiao do sincretismo proclama ser de Cristo,
mas esta desligada dele (2.19). Os falsos mestres estavam
desligados de Cristo e da Sua Igreja. Nao tinham conexao
com a cabeca nem com o corpo. O sincretismo e como
um corpo morto desligado da cabeca, que e Cristo. Como
as heresias crescem, o sincretismo tambem cresce numericamente,
mas nao o crescimento que procede de Deus.
Um dos maiores equivocos da nossa geracao pragmatica e
mistica e a afirmacao de que, onde existe uma multidao, ai
esta a verdade. O argumento e o seguinte: se a igreja esta
crescendo, e obra de Deus, porque, se nao fosse de Deus,
o trabalho jamais prosperaria. Esse raciocinio e enganoso
e falaz. Tal conclusao esta equivocada. Nem tudo o que
cresce e verdadeiro. Nem todo “sucesso” procede de Deus.
Nessa sociedade embriagada pelo sucesso, o criterio na busca
da verdade mudou radicalmente. O pragmatismo mistico
nao se interessa pela verdade. Alias, ele tem aversao por
ela. Esse sincretismo pragmatico busca o que funciona; nao
busca o que e certo, mas o que da certo. Resultado, e nao
fidelidade, e tudo o que um pregador pragmatico almeja.
Uma igreja nao e automaticamente fiel por estar crescendo
numericamente.319 Paulo diz que a igreja nao necessita nem
de outra fonte de poder, nem deve busca-la, para vencer o
pecado ou para crescer no conhecimento, virtude e gozo.
d. A religiao do sincretismo proclama ser verdadeira,
mas e totalmente falsa (2.19). E falsa toda religiao que nao
segue a orientacao da cabeca, que e Cristo. E engodo toda
religiao que da mais valor as visoes, ensinos e experiencias
dos homens que ao ensino de Cristo. Toda religiao que
se isola e pretende ser a unica detentora da verdade sem
estar suprida pela cabeca e bem vinculada por suas juntas
e ligamentos e um cancer no corpo em vez de crescer o
crescimento que procede de Deus.
O perigo do ascetismo (2.20-23)
Paulo condenou o gnosticismo, o legalismo, o sincretismo
e agora condena o ascetismo, a crenca de que podemos
crescer espiritualmente simplesmente abstendo-nos de
coisas, flagelando o nosso corpo e mortificando-nos fisicamente.
Warren Wiersbe diz que essas praticas asceticas se
tornaram comuns durante a Idade Media: usar vestes de
pelos, dormir em camas duras, flagelar-se, passar dias ou
anos sem falar, fazer longos jejuns ou ficar sem dormir.320
O ascetismo venceu a barreira do tempo e chegou ate nos.
Essa heresia ainda ameaca a igreja contemporanea.
O apostolo Paulo sintetiza o ascetismo em tres proibicoes:
“Nao manuseies”, “nao proves” e “nao toques”
(2.21). Embora devamos cuidar do nosso corpo como
templo do Espirito (ICo 6.19) e trata-lo com disciplina
para nao sermos desqualificados (ICo 9.27), o ascetismo
e uma falacia. Ele e fruto do entendimento errado da filosofia
grega. E enganosa a ideia de que a materia e ma e de1
que, sendo o nosso corpo materia, ele precisa ser castigado
e privado dos prazeres. O nosso corpo nao e pecaminoso.
Deus ama o nosso corpo, protege-o, sustenta-o, salva-o e
o glorificara.
Vamos examinar alguns perigos que a religiao asceta
pode trazer.
Em primeiro lugar, o ascetismo produz escravidão (2.20).
O apostolo Paulo escreve: “Se morrestes com Cristo para
os rudimentos do mundo, por que, como se vivesseis no
mundo, vos sujeitais a ordenancas...?” (2.20). O ascetismo
e a religiao do NAO. E a crenca de que podemos agradar a
Deus obedecendo a uma lista de “naos”. Para o ascetismo, a
enfase esta nos aspectos negativos, e nao nos positivos. Ser
cristao e muito mais quem voce nao e do que quem voce
e; muito mais aquilo que voce nao pratica do que aquilo
que voce pratica. Aqueles que caem na teia do ascetismo
tornam-se escravos de regras e mais regras, preceitos e mais
preceitos. William Hendriksen diz que, em vez do ascetismo
ser um remedio contra a satisfacao dos desejos da carne, os
fomenta e promove.321
Paulo declara que, quando Cristo foi a cruz levou nao
apenas a lista dos nossos pecados, mas tambem a lei que
nos acusava e nos condenava. A morte de Cristo foi a nossa
morte e, pela Sua ressurreicao, recebemos uma nova vida.
Agora somos livres do pecado e da lei. Nao precisamos mais
colocar o nosso pescoco debaixo desse jugo. Carregamos
numa mao a certidao de obito da velha vida e na outra
a certidao do novo nascimento. Somos verdadeiramente
livres!
Werner de Boor coloca essa questao assim:
Ninguem esta tao separado do mundo quanto o morto. O mundo,
com tudo o que e contrario a Deus e deteriorado, nao e mais minha
vida; nao atrai mais meu coracao nem preenche mais minha mente e
meus anseios. Essa e uma separacao do mundo bem diferente e muito
mais profunda do que evitar permanentemente centenas de coisas
com temor, porque a rigor elas ainda sao tentadoras e perigosas para
mim. Por isso, “se morrestes com Cristo para longe dos elementos
do mundo, por que, como se ainda tivesseis a vida no mundo,
vos deixais impor preceitos?” Tambem nesse caso os colossenses
novamente trocariam apenas “corpo” por “sombra”, liberdade real
por escravidao.322
Em segundo lugar, o ascetismo está preocupado apenas
com a aparência e não com a essência das coisas (2.21,22).
O apostolo Paulo continua: “... nao manuseies isto, nao
proves aquilo, nao toques aquiloutro, segundo os preceitos
e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com
o uso, se destroem” (2.21,22). O ascetismo e uma religiao
de aparencias. Ele se preocupa apenas com a forma, e nao
com a essAicia; com o meti 1 >, e nao com o con 1
com o exterior, e nao com o interior. Seu grande le£k
e: nao manuseies, nao proves, nao toques (2.21). ,PafflA,C
porem, diz que Deus nos da todas as coisas p ra \ 1 ermos
prazerosamente (lTm 6.17). Podemos cojk^KJP) melhor
desta terra (Is 1.19).
O ascetismo esta preocupado coftí iguflcrque desce ao
estomago e e lancado fora do coro o(eV^vez de preocupar-se
comoquesealojaeproc - >(co acao. Todos os alimentos
foram criados para se :m rec^bicios com acoes de graca
(lTm 4.3). Mas as doutrinas de homens tentam substituir
a Palavra de Efeto^\4S-/-6-9). Jesus disse que a comida vai
para o < tomago^nao para o coracao (Mc 7.18). Paulo diz
que nacH&i^s nenhuma coisa em si mesma impura (Rm
14. J^TUmner ou nao comer nao nos faz mais ou menos
iis. As seitas estao preocupadas com as aparencias;
:rista esta preocupada com a essencia.
Em terceiro lugar, o ascetismo proíbe em nome de Deus
h s nao