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COLOSSENSES

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A c a r t a d e P a u lo aos colossenses e o maior tratado cristologico do Novo Testamento.

A mensagem de Colossenses e desesperadoramente necessaria para a Igrejacontemporanea.


Vivemos num tempo de tolerância com o erro e de intolerância com a verdade.
Ao mesmo tempo em que as heresias se aninham confortavelmente na Igreja, a verdade é
atacada com rigor excessivo.
Homens pervertidos, disparam suas armas tentando desacreditar e até ridicularizar;
 O nascimento virginal de Cristo;
 Sua morte vicária;
 Sua ressurreição corporal e
 Sua santidade imaculada.
A doutrina de Cristo sempre agitou o inferno e muito opositores tem se levantado contra
ela. Porém, todo aquele que se levanta contra o Filho de Deus sera reduzido a po, pois
ninguem pode lutar contra o Eterno e prevalecer.
Esta carta e uma resposta a esses críticos de plantão.
A Igreja vive num mundo hostil.
Muitas vezes, ela e influenciada e até seduzida pela cultura secular que a circunda.
Filosofias anticristãs surgem todos os dias conspirando contra o cristianismo.
Homens arrogantes, arrotando uma falaciosa sapiência, escarnecem das Sagradas Escrituras e
rotulam os cristãos de pré-históricos.
Constantemente, os inimigos da fez evangélica fazem troar sua voz arrogante, dizendo que
agora descobriram um fato novo que irá desacreditar a Palavra de Deus.
Ela, porém, marcha resoluta e sobranceira, vitoriosa e impávida, contra todos esses
ataques. A Bíblia tem saído vitoriosa dos ataques mais perversos, das fogueiras mais
intolerantes. A voz dos críticos se cala. Suas obras cobrem-se de poeira, mas a Palavra
de Deus prospera gloriosamente.
Na verdade, a Bíblia e a bigorna de Deus que tem quebrado todos os martelos dos críticos.

 Como a Igreja deve se posicionar nesse mundo tão virulento?


 Como enfrentar as antigas e novas heresias que surgem no mercado da fe?
 Como dar respostas aos lobos com dentes afiados e aos lobos disfarçados com
peles de cordeiro?
O estudo desta carta nos oferece a resposta!
Estou convencido de que esta carta e absolutamente pertinente e necessaria para a Igreja
contemporânea por algumas razoes:
 Porque a doutrina de Cristo tem sido atacada ao longo dos séculos.
Nos primeiros séculos da era crista, muitos e acirrados debates foram feitos em torno da
doutrina de Cristo. Por acreditarem que a matéria era essencialmente má,
Os gnósticos diziam:
 Se Jesus Cristo é Deus não pode ser humano; se Ele e humano não pode
ser Deus.
O arianismo pregava;
 Que Jesus não era co-igual, coeterno e consubstancial com o Pai.

Hoje, a doutrina de Cristo está sendo bombardeada com rigor desmesurado. Livros e mais
livros são despejados no mercado literário tentando desacreditar o bendito Filho de Deus.
 Uns negam sua divindade;
 Outros negam sua humanidade.
 Ha aqueles que atacam sua impecabilidade.
Porque a doutrina da criação tem sido atacada com grande virulência. A carta de Paulo aos
colossenses acentua a verdade primaria do cristianismo, de que o universo não é resultado de
uma geração espontânea, nem de uma explosão cósmica, muito menos de uma evolução de
bilhões e bilhões de anos. Antes, o mundo visível e invisível e obra da criação de Deus,
por meio de Cristo.

Porque a doutrina da redenção tem sido atacada com incansável persistência. Os falsos
mestres, como lobos vorazes, sempre se infiltraram na Igreja e outras serpentes peçonhentas
permanecem do lado de fora destilando seu veneno mortal. A ideia de que o homem pode
chegar a Deus pelos seus esforços, méritos, esoterismo e sincretismo, sem o sacrifício
expiatório de Cristo, não e apenas enganosa, mas também satânica. E uma falsa humildade
acreditar que o homem pode chegar até Deus por meio de seus esforços.
O príncipe dos pregadores no século 19, Charles Haddon Spurgeon, dizia que é mais fácil
ensinar um leão a ser vegetariano do que um homem ser salvo pelos seus próprios
esforços.
Porque a doutrina da santificação tem sido atacada por várias ideias equivocadas. Não
faltam ideias erradas e falsas acerca do estilo de vida que pode agradar a Deus.
Paulo escreve a carta aos colossenses para corrigir esses desvios como
 O gnosticismo;
 O misticismo;
 O legalismo e
 O ascetismo.

Os predicados de uma igreja


verdadeira (2.4-7)
Destacaremos a luz do texto em tela cinco predicados da igreja verdadeira:
Em primeiro lugar, uma igreja verdadeira demonstra uma vida disciplinada (2.5). Paulo manifesta sua alegria ao
verificar “a boa ordem e a firmeza da fe” da igreja. Warren Wiersbe diz que as palavras “ordem” e “firmeza”
fazem parte do vocabulario militar.253 De forma semelhante William Barclay diz que esses dois termos
apresentam um quadro grafico, porque pertencem a linguagem militar. A palavra grega táxis, traduzida por
“ordem”, significa “fileiras ordeiras de um exercito” ou disposicao ordenada.254 A “ordem”
indica a organizacao hierarquica do exercito, com cada soldado no devido posto.255 A igreja deve assemelhar-se
a um exercito ordenado em fila, onde cada soldado esta em seu devido lugar e disposto a fazer o seu trabalho sob
a ordem de comando.256 O mesmo escritor diz que a palavra “firmeza” e stereoma, que significa baluarte solido,
falange inamovivel e pronta para receber o impacto do inimigo, sem recuar.257 A palavra “firmeza” descreve um
exercito em posicao de combate, colocando-se diante do inimigo como uma frente coesa, disposta a enfrentar
com galhardia o inimigo. Os cristaos devem avancar com disciplina e obediencia como fazem os soldados no
campo de batalha. Em segundo lugar, uma igreja verdadeira manifesta uni firme compromisso com o senhorio
de Cristo (2.6). Ser cristão e receber a Cristo como Senhor. A vida crista comeca com
a submissao ao senhorio de Cristo. A conversao desemboca em obediencia. A conversao se evidencia pela
ubmissao a Cristo. Jesus nao e Salvador daqueles que ainda nao se submeteram a Ele como Senhor. Jesus e
apresentado como Salvador 22 vezes no Novo Testamento e 650 vezes como Senhor. A grande enfase do Novo
Testamento esta no senhorio de Cristo. Em terceiro lugar, uma igreja verdadeira dispõe a seguir os
passos de Jesus (2.6). Ser cristao e andar nos passos de Jesus. E andar como Ele andou (ljo 3.1-6). Um falso
cristão pode enganar por algum tempo. Demas amou o mundo
e abandonou a fe. Judas traiu o Mestre. Ananias e Safira mentiram para o Espirito Santo. O cristao e verdadeiro e
aquele que anda em novidade de vida, vive no Espirito, segue os passos de Jesus e anda como Cristo andou
(1.10).
Em quarto lugar, uma igreja verdadeira evidencia uma inabalável firmeza em Cristo (2.7). Paulo usa algumas
metaforas para evidenciar a nossa estabilidade espiritual e a nossa firmeza inabalavel em Cristo.
a. Uma figura da agricultura. A expressao “nele radicados” sugere que o cristao tem a estabilidade de uma arvore
frondosa cujas raizes estao plantadas firmemente em Cristo. Longe de ser como a palha que o vento dispersa ou
como uma semente que os ventos de doutrina carregam, as raízes do cristao estao plantadas em Cristo. Nao
podemos perecer porque aquele que nos sustenta jamais conheceu fracasso ou derrota. William Barclay,
corroborando essa ideia, diz que a palavra usada para “arraigados” e a que se toma de
uma arvore cujas raizes estao profundamente fixadas na terra. Assim como uma arvore se enraiza profundamente
para extrair seu sustento do solo, da mesma forma o cristão deve enraizar-se em Cristo, que e a fonte da vida.258
Russell Shedd lanca mais luz no entendimento desse assunto, quando escreve.
Nele radicados esta no preterito perfeito, indicando uma experiência no passado que nao mudara. A arvore, uma vez enraizada, so fica mais
firme a medida que o tempo passa e ela cresce. Paulo deixa bem claro que, a semelhanca da arvore, os cristaos foram plantados em Cristo,
de uma vez para sempre. Sendo um verbo passivo, da para entender que foi Deus quem plantou a Igreja, e nao uma decisao meramente
humana.259 b. Uma figura da arquitetura. A expressao “nele edificados”
revela que somos como um edificio, cujo fundamento e Cristo. Somos como uma casa edificada sobre a
rocha. A chuva pode cair no telhado, os ventos podem fuzilar as paredes, os rios podem solapar os alicerces, mas
essa casa nao entrara em colapso, porque seu fundamento e inabalavel. Estamos edificados sobre Cristo. Ele e a
pedra sobre a qual a Igreja esta edificada (Mt 16.18), o fundamento
da Igreja (ICo 3.11), a pedra de esquina sobre a qual todo o edificio da Igreja se apoia (Ef 2.20). Ele e o
nosso sustentador. c. Uma figura da pedagogia. Os verbos “confirmados” e
“instruidos” sugerem que a vida crista e como uma escola. Estamos radicados e edificados em Cristo e somos
confirmados e instruidos pela Palavra de Cristo.
Em quinto lugar, uma igreja verdadeira manifesta efusiva gratidão a Deus (2.7). Paulo nao ora para que os
colossenses comecem a dar gracas, mas pede que o oceano de sua
gratidao possa constantemente alargar suas fronteiras.260 A palavra “crescendo” traz a ideia de um rio. Quando
cremos em Cristo, uma fonte e aberta dentro de nos (Jo 4.1014).
Depois disso ela se transforma em um rio caudaloso (Jo 7.37-39). O cristao e alguem que se enche nao de
murmuracao, queixumes e lamentos, mas cresce a cada dia em acoes de gracas. Ele sempre se volta para Deus, a
fonte de todo o bem, com a alma em festa de alegria e com o
coracao embandeirado de gratidao. Warren Wiersbe, sintetizando o texto estudado, ve seis
figuras nos versiculos 4 a 7: a figura de um exercito (2.5), de um peregrino (2.6), de uma arvore (2.7a), de um
edifício (2.7b), de uma escola (2.7c) e um de rio (2.7d).261
Os perigos enfrentados pela igreja verdadeira (2.4,8) Russell Shedd diz que os colossenses estavam sendo
atraídos por uma “salvacao” mistica, intelectual e especulativa e pela busca de contato benefico com poderes
espirituais. Procuravam uma “perfeicao”, nao moral ou espiritual, mas teosofica. Paulo combateu toda essa palha,
reconfirmando as principais verdades historicas e teologicas do evangelho. 262 Paulo fala sobre dois perigos que
a Igreja estava enfrentando em relacao a falsa religiao. Em primeiro lugar, ser enganada por raciocínios falsos
(2.4). Os falsos mestres tinham chegado a Colossos, e a igreja estava correndo serios riscos. Com palavras
persuasivas eles estavam disseminando seu veneno letal. O termo usado por Paulo “raciocinio falazes” e a
traducao do termo grego pithanologia. A palavra era usada pelos escritores classicos para denotar o raciocinio
provavel, mas oposto a demonstracao. A palavra e usada nos papiros em um caso do tribunal de pessoas que
procuravam palavras persuasivas a fim de manter as coisas que haviam conseguido por meio de roubo. A
terminologia usada aqui e praticamente equivalente a expressao “enrolar alguem”.263 Nesta mesma linha de
pensamento, William Barclay diz que o termo pertence a linguagem dos tribunais de justica; indicava o poder
persuasivo dos argumentos de um advogado, o tipo de argumento que podia fazer que o malparecesse melhor a
razao a fim de livrar o criminoso do justo castigo. Essa palavra era usada para descrever aquele
discurso capaz de dissuadir toda uma assembleia a seguir por caminhos sinuosos. A igreja verdadeira deve estar
de posse da verdade de tal forma que nunca de ouvidos a argumentos enganosos e sedutores.264 Em segundo
lugar, tornar-se cativa de falsas filosofias (2.8). As falsas filosofias, especialmente o gnosticismo,
proliferavam tambem na cidade de Colossos. Aquela cultura mistica tornou-se um canteiro fertil onde
floresceram muitas heresias perniciosas. A palavra grega sylagogein, usada por
Paulo para “enredar”, significa sequestrar. A palavra era usada no sentido de “raptar”, e aqui e a figura de desviar
alguem da verdade e coloca-la na escravidao do erro.265 William Barclay diz que esse termo poderia ser
aplicado a um mercador de escravos que sequestrava e conduzia o povo de uma nacao conquistada para leva-lo a
escravidao. Para Paulo, constituia algo estranho e tragico que aqueles que haviam sido resgatados, redimidos e
libertados (1.1214) pudessem retornar novamente a uma miseravel
escravidao.266 O gnosticismo era uma falsa filosofia que estava distorcendo
a doutrina de Cristo. Eles nao negavam diretamente a pessoa e a obra de Cristo, mas negavam Sua supremacia e
suficiencia. Eles olhavam para Cristo apenas como um dos muitos mediadores. Na verdade, para eles Jesus nao
passava de uma das muitas emanacoes divinas. O gnosticismo erauma filosofia adicional ao cristianismo.
Essas falsas filosofias tinham tres caracteristicas: a. Eram baseadas em tradicao humana (2.8). Essa tradicao
humana, segundo William Hendriksen, era uma mescla de cristianismo, cerimonialismo judeu, ascetismo e culto
dos anjos (2.11-23).267 Eram ensinos falsos de homens sem a iluminacao do Espirito de Deus. Eram ensinos de
homens e nao de Deus; da terra e nao do ceu. Esses falsos mestres argumentavam que Jesus jamais havia dito as
multidoes, senao a um seleto grupo, os misterios que eles agora estavam repassando. Paulo, porem, os refuta
dizendo que o ensino deles e meramente humano e nao possui respaldo da Palavra de Deus. Trata-se de um
produto da mente humana, e não de uma mensagem revelada por Deus.268 b. Eram baseadas nos rudimentos do
mundo (2.8). Essesrudimentos do mundo, stoicheia, eram o a-be-ce de qualquer assunto, mas tambem eram
entendidos como os espiritos elementares do universo, especialmente os astros e planetas que supostamente
governavam a vida humana.269 De acordo com o ensino desses falsos mestres, os homens estavam sob essas
influencias e poderes e necessitavam de um conhecimento especial, alem daquele que Cristo poderia dar, para
serem libertos.270 Ainda hoje, quando as pessoas se agarram a astrologia e consultam o horoscopo para tomar
suas decisoes, elas se deixam enredar por esse mesmo engano do passado. c. Nao estavam baseadas na Palavra de
Cristo (2.8).
Essas filosofias estavam contra Cristo e em desacordo com a Palavra de Cristo. A heresia gnostica escamoteava
a verdade ao afirmar que seus ensinos se originavam do proprio Cristo. Eles mentiam abertamente ao usar o
nome de Cristo para disseminar suas ideias hereticas. A filosofia gnostica baseava-se em raciocinios falazes em
vez de calcados na Palavra de Deus. As armas de defesa da igreja verdadeira (2.9,10) O apostolo menciona tres
armas de defesa da igreja verdadeira. Em primeiro lugar, saber quem é Cristo (2.9). Os mestres
gnosticos ensinavam que Cristo nao era suficiente para levar o homem a Deus, pois era apenas um dos muitos
mediadores. Silas Alves Falcao diz que esses falsos mestres concebiam a plenitude da Divindade como
istribuida entre anjos, pelos quais o universo material fora criado. Cristo nao passava de uma manifestacao de
Deus, um “eon”. A resposta de Paulo e fulminante. Cristo nao e uma revelacao parcial de Deus, mas e Deus
mesmo em toda a Sua plenitude.271 Esses falsos mestres tinham uma visao pequena e distorcida da Pessoa e da
Obra de Cristo. A palavra grega katoikéo, “habitar”, significa estar em casa.272 Nao se trata de morar
temporariamente como um inquilino, mas de habitar permanentemente como o dono da casa. Jesus era
e e o Deus perfeito e absoluto. Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. E Nele - e nao
nosintermediarios angelicais - que a plenitude divina habita na Sua totalidade.273 Paulo usa a palavra Theotetos,
e nao Theiostes. A primeira expressa o estado de ser Deus, enquanto a segunda significa “ser semelhante a
Deus”. Nenhum ser criado pode ser “plenitude”. O mais sabio, o mais forte, o mais perfeito, o mais santo dos
homens nao é plenitude, isto e, não pode encerrar a plenitude em seu ser, pois que isto seria o mesmo que dizer
que o finito poderia conter o infinito.1 Mas em Cristo “habita corporalmente toda a plenitude da
Divindade”, e nao ha nenhum absurdo nessa afirmacao, visto que Ele é Deus. Vale ressaltar ainda que somatikos,
“corporalmente”, demonstra que nao e por figura ou sombra que a plenitude da Divindade habita de modo
permanente em Jesus, mas sim em realidade. Jesus nao e uma representacao de Deus, mas Deus mesmo.274 O
apostolo Paulo rechacou o ensino desses falsos mestres, dizendo que eles nao necessitavam de coisa nenhuma
fora de Cristo para triunfar sobre qualquer poder do universo, porque Nele se encontra nada menos que toda a
plenitude de Deus, e Ele e o cabeca de todo poder e autoridade, pois Ele os criou.275 William Hendriksen coloca
esse pensamento com clareza: Dado que toda a plenitude da essencia de Deus esta concentrada em
Cristo, nao existe nada que justifique nenhuma necessidade de buscar em outro lugar ajuda, salvacao ou perfeicao espiritual. Em Cristo nos
possuimos a fonte da qual flui a corrente das bencaos que podem satisfazer qualquer necessidade que tenhamos, seja nesta vida seja na
vindoura.276 Em segundo lugar, saber o lugar que Cristo ocupa (2.10b).
Cristo nao e um entre os muitos mediadores, como se Ele fosse uma mera criatura da Divindade. Ele e o proprio
Filho de Deus, e tambem o cabeca, a fonte, o chefe e o Senhor de todas as hostes angelicais, sejam anjos santos
u decaidos. William Hendriksen corretamente afirma que Cristo e o cabeca de todo principado e potestade nao no
sentido pleno no qual Ele e o cabeca da Igreja (1.18), que e Seu corpo, mas no sentido de que Ele e o governador
supremo de todas as coisas (1.16; Ef 1.22), de modo que fora do Seu comando os anjos bons nao podem ajudar a
ninguem e devido a Ele os anjos maus nao podem ferir os cristaos.277 Em terceiro lugar, saber o que temos em
Cristo (2.10a). O apeifeicoamento nao e adquirido por meio de ciências ocultas, religioes de misterio ou
iniciacao em cultos pagaos. Somos aperfeicoados em Cristo. Nao e a gnose que nos leva
a Deus, mas Cristo. Nao somos transformados de pedras
brutas em pedras lapidadas do edificio de Deus pelo esforço humano, mas pela obra de Cristo em nos, aplicada
pelo Espirito. O que Cristo fez pela igreja verdadeira (2.11-15) O apostolo Paulo destaca cinco grandiosas obras
realizadas por Cristo em beneficio da igreja. Em primeiro lugar, transformação interior em lugar de incisão
exterior (2.11). Os falsos mestres em Colossos, num concubinato espurio entre gnosticismo e judaismo,
diziam que a fe em Cristo nao era suficiente para a salvacao; deviamos agregar a ela a circuncisao.
A circuncisao era um sinal da alianca de Deus com o povo de Israel (Gn 17.9-14). Apesar de ser uma operacao
fisica, possuia significado espiritual. O problema era que o povo judeu dependia do carater fisico dessa pratica,
não do espiritual. Uma simples operacao fisica nao pode jamais transmitir graca espiritual.278 A circuncisao que
esses falsos mestres exigiam era apenas uma incisao exterior, e não uma transformacao interior. Os falsos
mestres nao fizeram uma leitura correta do Antigo Testamento, pois a essência do ensino veterotestamentario
sobre a circuncisao consistia em que essa era a marca externa do homem consagrado internamente a Deus. Por
isso a Biblia fala de labios circuncidados (Ex 6.12) e coracao circuncidado (Lv 26.41). Os falsos mestres so
podiam circuncidar o prepucio do homem, enquanto Cristo podia circuncidar seu coracao. Os homens so podem
fazer uma incisao na carne, algo externo, mas Cristo, e so Ele, pode fazer uma transformacao interna.
A circuncisao de Cristo e diferente da judia. A circuncisão judia era uma cirurgia externa; a de Cristo e no
coracao; a circuncisao judia era apenas de uma parte do corpo; a de Cristo, de todo o corpo; a circuncisao judia
era feita pelas maos; a de Cristo foi feita pelo Espirito Santo; a circuncisão judia nao podia ajudar as pessoas
espiritualmente; a de Cristo capacita o homem a vencer o pecado.279 Em segundo lugar, uma vida radicalmente
nova (2.12,13a). Paulo usa aqui a figura do batismo como nossa identificacao com Cristo. Tudo o que aconteceu
com Cristo, aconteceu conosco. Quando Cristo morreu, nos morremos com Ele. Quando Cristo foi sepultado, nos
fomos sepultados com Ele. Quando Cristo ressuscitou, nos ressuscitamos com Ele e deixamos as roupas da velha
vida na sepultura. Estavamos mortos e agora renascemos para uma nova vida. Temos vida com Cristo. William
Barclay diz que a obra de Cristo e uma obra de poder porque deu vida a homens mortos; e uma obra de graca
porque alcançou aqueles que nao tinham razao de esperar benefícios divinos.280 Em terceiro lugar, o perdão
definitivo dos pecados (2.13b). Paulo diz: “... perdoando todos os nossos delitos”. O perdao
de Deus e gratuito, generoso, certo e fundamental.281 A experiencia mais doce do cristao e a certeza do perdao
divino. Davi muito bem expressou esta verdade: “Bem aventurado o homem cuja transgressao e perdoada e cujo
pecado e coberto” (Sl 32.1). Uma consciencia atormentada pelo peso da culpa e pela inquietacao provinda da
impossibilidade de pagar a Deus a sua divida e uma das maiores tragedias espirituais da humanidade.282 Em
virtude do sangue derramado de Cristo na cruz, temos perdao completo. Deus mesmo e aquele que apaga as
nossas transgressoes e nao mais se lembra delas (Is 43.45). Em quarto lugar, o cancelamento total da dívida
(2.14). Jesus nao somente levou nossos pecados sobre a cruz (IPe 2.24), mas tambem levou a lei e a encravou na
cruz.283 A lei que era contra nos, porque era impossivel que nos a cumprissemos, foi tambem crucificada.
Agora, estamos debaixo da graca, e nao da lei.
Ha quatro pontos neste versiculo que queremos destacar: a. A admissao da divida. A palavra grega queirogrdfon,
“escrito de dividas”, era uma especie de lista de acusações que continha as dividas que o proprio devedor
admitia. Era uma nota escrita a mao por um devedor que reconhecia sua divida. Era uma admissao de divida
escrita de próprio punho. Fritz Rienecker diz que essa palavra era usada como um termo tecnico para o
reconhecimento escrito de um debito. Era como uma nota promissoria assinada pessoalmente pelo devedor.284
Os pecados do homem são uma longa lista de divida para com Deus. Trata-se de uma acusacao contra si mesmo;
ou seja, de uma lista de acusações que o homem devedor assinou e reconheceu firma.285 b. A anulacao da
divida. Deus anulou ou apagou a lista de acusacoes. A palavra grega exaleifein, traduzida por
“removeu-o”, significa apagar, anular, queimar ou inutilizar uma acusacao ou divida escrita.286 Fritz Rienecker
diz que essa palavra era usada para apagar uma experiencia na memoria ou para cancelar um voto, ou, ainda, para
anular uma lei ou cancelar um debito.287 Deus anulou o documento de nossos pecados; Ele apagou o registro
das nossas dividas de forma tao completa como se elas jamais tivessem existido. Russell1
Shedd diz que a figura de um tribunal esta na mente de Paulo. O reu esta no banco. A escrita repleta de acusacoes
esta sendo preparada e lida. Mas o juiz, que e Deus, inocenta o culpado, tendo satisfeito na morte de Jesus, Seu
Filho amado, todas as exigencias da lei.288 c. A fixacao da divida na cruz. No mundo antigo, quando
se cancelava uma lei, decreto ou prescricao, eles eram fixados em uma tabua com um cravo. Na cruz de Cristo
foi crucificada a nossa lista de dividas. Todas as acusações que pesavam contra nos foram pregadas na cruz de
Cristo. Nossas acusacoes foram executadas. Foram eliminadas como se nunca tivessem existido. Em Sua
isericordia, Deus destruiu, prescreveu e eliminou todos os registros das nossas dividas.289 Ralph Martin diz que
o pregar deste documento na cruz, agora com todas as suas acusações apagadas, e, pois, uma acao subsequente
que sugere um ato de desafio triunfante diante daqueles poderes chantagistas que ameacavam os colossenses no
sistema dos hereticos.290 Werner de Boor conclui esse ponto dizendo que Paulo tem a resposta que nenhuma
filosofia daquela epoca ou de hoje pode fornecer: olhe para a cruz, e ali voce vera a sua nota promissoria
publicamente destacada e aniquilada.291 d. A legalidade da divida. Paulo afirma: “tendo cancelado o escrito de
divida, que era contra nos e que constava de ordenanca, o qual nos era prejudicial...” (2.14). A lista de acusacoes
estava baseada nas ordenancas da lei. A palavra grega dogmasin significa “ordens de tribunal ou juiz”.292
A palavra ainda se refere a obrigacao legal em forma de lei ou edito, colocados num local publico para que todos
os passantes pudessem ver.293 A acusacao adquiria a forca e o poder das prescricoes e decretos da lei. O homem
nao podia guardar a lei, por ser pecador. Por isso estava debaixo de maldicao (G1 3.13). A lei e perfeita e exigia
do homem total perfeicao, por isso, ao tropecar num único ponto, tornava-se culpado de toda a lei (Tg 2.19). Mas
aquilo que o homem nao podia fazer, Deus fez por ele em Cristo. O Filho de Deus tornou-se nosso representante
e fiador. Quando Cristo foi a cruz, Deus lancou sobre Ele a iniquidade de todos nos. Ele foi moido pelos nossos
pecados e traspassado pelas nossas iniquidades. Ele pegou o escrito de divida que era contra nos, anulou-o,
rasgou-o e o encravou na cruz. Ele bradou do topo da cruz: “Esta consumado!” (Jo 19.30). A palavra grega
tetélestai significa: Esta pago! O homem agora nao deve mais nada. A lei que dava legitimidade a nossa acusacao
foi cumprida e tambem pregada na cruz! Por meio do Seu Filho, Deus revogou a lei como meio de salvacao e
como uma maldicao que pendia sobre a nossa cabeca. Em certo sentido, essa lei que trazia a lista das nossas
dividas, as acusacoes contra nos e a sentenca da nossa condenacao foi pregada na cruz. Deus anulou a lei, quando
Seu Filho satisfez completamente Sua demanda de perfeita obediencia. A lei foi cravada com Cristo na cruz.
Morreu quando Ele morreu. E, por causa da natureza vicaria do sacrificio de Cristo, os cristaos ja nao estao
debaixo da lei, mas da graca (Rm 6.14; 7.4,6; G1 2.19).294 O fim da lei e Cristo (Rm 10.4).
Hendriksen esclarece um ponto importante no trato desta materia:
Isto nao quer dizer que a lei moral tenha perdido o seu significado para o cristao. Nao pode significar que agora deve deixar de amar
a Deus sobre todas as coisas e a seu proximo como a si mesmo. Ao contrario, a lei de Deus tem uma validade eterna (Rm 13.8,9; G1
5.14). O cristao encontra nela seu maximo prazer. O cristao a obedece em gratidao pela salvacao que recebeu como uma dadiva da graca
soberana de Deus. Todavia, ele foi liberto da lei como um código de regras e prescricoes, como um meio de obter a salvacao eterna, e
como uma maldicao, que ameacava destrui-lo.295 Em quinto lugar, o triunfo final sobre os principados e potestades (2.15).
Jesus nao somente lidou com o pecado e com a lei na cruz, mas tambem com Satanas. Jesus despojou
os principados e potestades e os fez cativos, triunfando sobre esses poderes satanicos.
A palavra grega apekdusamenos se aplica ao despojo de armas e armadura de um inimigo derrotado. Jesus
quebrou de uma vez para sempre o poder dos principados e potestades. Ele os expos a vergonha publica e os
levou cativos em Sua carreira triunfal. A vitoria de Cristo e cosmica. Em Sua marcha triunfal os poderes do mal
sofreram um golpe definitivo que todos podem contemplar.296 Aqui Paulo finca uma bandeira no territorio
desses falsos mestres e mostra ao mundo inteiro a suficiencia total da obra de Cristo. Os cristaos nao precisam ter
medo desses agentes malignos. Hendriksen deixa esse ponto claro ao fazer algumas perguntas: Acaso Deus nao
nos resgatou do imperio das trevas? (1.13). Nao e Seu Filho o cabeca de todo principado e potestade? (2.10). Nao
e verdade que os principados e autoridades nao sao mais que meras criaturas, criadas por Ele, atraves Dele e para
Ele? (1.16). Portanto, devem recordar que, por meio deste mesmo Filho, Deus despojou a esses principados e
potestades de seu poder. Desarmouos totalmente. Nao triunfou Cristo sobre eles na tentacao
do deserto? (Mt 4.1-11). Acaso nao amarrou o valente? (Mt 12.29), e nao lancou fora os demonios uma e outra
vez? Nao tirou Cristo, pela Sua morte vicaria, toda a possibilidade de Satanas levantar contra nos qualquer
acusacao legal? (Rm 8.34). Nao e certo, entao, que mediante esses grandiosos atos redentivos, Deus exibiu
e envergonhou publicamente esses poderes malignos, triunfando sobre eles e levando-os cativos em seu desfile
de triunfo?297 Russell Shedd, nesta mesma trilha de pensamento, descreve esse triunfo de Cristo sobre as hostes
do mal com as seguintes palavras: Cristo venceu os principados e potestades ao vencer todas as tentações satanicas, vivendo uma vida
absolutamente sem pecado. Mais ainda, Cristo os venceu pela morte conquistada na ressurreicao. Os poderes
do mal tentaram destruir Jesus, publicamente, pela rejeicao do povo, que gritava: “Crucifica-o!” e pelo poder politico dos lideres israelitas,
com a concordancia de Roma (At 2.23). Justamente na hora da maior vitoria das trevas sobre o Senhor da Gloria, Ele rompeu os grilhoes
da morte, demonstrando Sua vitoria sobre o poder do pecado na Sua expiacao na cruz e sobre a morte pela ressurreicao. A palavra
grega aqui traduzida por “triunfando” pode indicar o cortejo triunfal do general romano que, apos a conquista de territorio novo, traz os
cativos amarrados, com o seu exercito vitorioso.298 Warren Wiersbe conclui dizendo que Jesus conquistou tres vitorias
na
cruz: Jesus despojou os principados e potestades, tirando de Satanas e de seu exercito todas as suas armas. Jesus
publicamente os expos a vergonha e a derrota. Jesus triunfou sobre todas as hostes do mal. Sempre que um
general romano conquistava uma grande vitoria em terras estrangeiras, fazia muitos cativos, tomava muitos
espolios e se apossava de novos territorios para Roma, era homenageado com um desfile oficial conhecido como
“triunfo romano”. Jesus Cristo conquistou vitoria absoluta, voltando a 1 gloria em um grande cortejo triunfal (Ef
4.8-16).299

A ameaça do
engano religioso
(Cl 2.16-23)
As heresias SÃO comoervas daninhas:
florescem em todos os lugares. Como
ervas venenosas, as heresias matam. As
heresias resistem ao tempo, cruzam os
seculos e ameacam a Igreja ainda hoje.
A primeira advertencia de Jesus no Seu
sermao profetico foi sobre o engano religioso:
“Vede que ninguem vos engane.
Porque virao muitos em meu nome, dizendo:
Eu sou o Cristo, e enganarao a
muitos” (Mt 24.4,5).
Depois de falar da heresia gnostica,
uma severa helenizacao do cristianismo,
Paulo trata agora de tres novas vertentes
da heresia que estava atacando as igrejas
do vale do Lico: o legalismo, o sincretismo
e o ascetismo. William Barclay diz
que a heresia central que esses falsos mestres disseminavam
era que Jesus Cristo, Sua obra e Sua doutrina nao eram
suficientes para a salvacao.300
Vamos examinar essas tres heresias que ameacavam a
Igreja do primeiro seculo. Ao examina-las, nao faremos
apenas uma viagem rumo ao passado, pois elas ainda estao
vivas e rondando as igrejas contemporaneas.
A ameaça do legalismo (2.16,17)
O legalismo e um caldo mortifero que ameacou a Igreja
no passado e ainda perturba a Igreja hoje. Warren Wiersbe
diz que suas doutrinas consistiam em uma estranha mistura
de misticismo oriental com legalismo judeu e uma pitada
de filosofia e preceitos cristaos.301
O apostolo Pedro classificou o legalismo como um jugo,
uma canga no pescoco: “Agora, pois, por que tentais a
Deus, pondo sobre a cerviz dos discipulos um jugo que
nem nossos pais puderam suportar nem nos?” (At 15.10).
O apostolo Paulo, de igual forma, via o legalismo como
um jugo de escravidao: “Para a liberdade foi que Cristo nos
libertou. Permanecei, pois, firmes e nao vos submetais, de
novo, a jugo de escravidao” (G1 5.1).
Hendriksen diz que o proposito principal dos falsos
mestres era atacar a doutrina da suficiencia de Cristo. Eles
pregavam que ninguem poderia ser salvo e chegar a perfeicao
senao por meio de seus regulamentos legalistas.302
Os falsos mestres queriam transformar a religiao numa
questao de regras e prescricoes sobre comidas e bebidas.
Mas Jesus deixou bem claro que a dieta alimentar em si
mesma e alguma coisa neutra. Nao e o que entra pela
boca, mas o que sai do coracao e que contamina o homem
(Mt 15.11-20). Jesus considerou puros todos os alimentos
(Mc 7.19). Paulo diz que sao os falsos mestres que exigem
abstinencias de alimentos, que Deus criou para serem recebidos
(lTm 4.3). Paulo da o seu veredicto: “Pois tudo que
Deus criou e bom, e, recebido com acao de gracas, nada e
recusavel, porque pela Palavra de Deus e pela oracao, e santificado”
(lTm 4.4,5). Por isso, o proprio apostolo Paulo
diz: “Nao e a comida que nos recomendara a Deus, pois
nada perderemos, se nao comermos, e nada ganharemos, se
comermos” (ICo 8.8).
O legalismo era uma das facetas da heresia que ameacava
a igreja de Colossos. Para esclarecer esse ponto, vamos
destacar quatro pontos:
Em primeiro lugar, a descrição do legalismo (2.16). Os
promotores do legalismo andavam pelas igrejas como assaltantes
da liberdade crista. Eles eram escravos de uma infinidade
de regras e queriam colocar essas mesmas algemas nos
cristaos. Eram prisioneiros e queriam roubar a liberdade
dos salvos. Eles argumentavam com os cristaos, buscando
convence-los de que, a menos que guardassem determinados
dias e festas do calendario e observassem determinadas
dietas com abstinencia de certos alimentos e bebidas, jamais
poderiam ser salvos ou viver uma vida santa e vitoriosa.
Os falsos mestres faziam uma leitura errada tanto do
Antigo quanto do Novo Testamento. Todas as exigencias
da Velha Alianca relativas aos alimentos e dias sagrados
nao passavam de sombras das novas condicoes na era da
Igreja. Diz o autor aos hebreus: “Ora, visto que a lei tem
sombra dos bens vindouros, nao a imagem real das coisas,
jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos
sacrificios que, ano apos ano, perpetuamente eles oferecem”
(Hb 10.1). A lei serviu de pedagogo que nos tomou pela
mao e nos conduziu a Cristo (G1 3.23-25).
Em segundo lugar, as prescrições do legalismo (2.16). O
apostolo Paulo diz: “Ninguem, pois, vos julgue por causa de
comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sabados”
(2.16). Os falsos mestres legalistas se ocupavam de duas
coisas basicas: dietas de comida e bebida e dias sagrados. A
Igreja de Cristo, porem, nao e prisioneiras de calendarios
nem de dietas. O proprio sabado e uma sombra; a realidade
e Cristo. Quais eram as prescricoes do legalismo?
a. Eles estavam preocupados com dietas alimentares
(2.16). O apostolo alerta: “Ninguem vos julgue por causa
de comida e bebida”. Eles se preocupavam com aquilo que
entrava no estomago, e nao com o que saia do coracao.
Eles buscavam uma santidade exterior, e nao interior.
Cuidavam da forma, e nao da essencia. Fritz Rienecker diz
que a ideia de que o homem pode servir a Divindade ou
preparar-se para receber uma revelacao mediante uma vida
ascetica era muito comum no mundo antigo.303 Russell
Shedd destaca que os mestres falsos vinham ensinando
que algumas comidas e bebidas contaminavam quem as
consumia, impedindo a pessoa de entrar em contato com
poderes sobrenaturais.304 Questoes de comida e de bebida,
porem, nao tem consequencia na pratica da piedade crista.
O apostolo Paulo declara: “Porque o reino de Deus nao e 1
comida nem bebida, mas justica, paz, e alegria no Espirito
Santo” (Rm 14.17). A razao disso esta no fato de que, com
o uso, comida e bebida se destroem (2.22).
b. Eles estavam preocupados com dias especiais (2.16).
Paulo prossegue: “Ninguem vos julgue por causa [...] de dia
de festa, ou lua nova, ou sabados”. Os legalistas pensavam
que a observancia de certas datas especiais e certas comemoracoes
festivas e que os tornavam aceitaveis a Deus. O
principal problema dos falsos mestres nao era guardar esses
dias especiais, mas ensinar que dessa observancia dependia
a salvacao.
Em terceiro lugar, o engano do legalismo (2.17). O apostolo
Paulo derruba o fundamento do legalismo, dizendo:
“Porque tudo isso (comida e bebida, ou dia de festa, ou lua
nova, ou sabados) tem sido sombra das coisas que haviam
de vir; porem o corpo e de Cristo” (2.17). Platao, no seu
livro República, distingue a sombra (aparencia externa) da realidade
(a verdade espiritual e interna das coisas). Paulo, porem,
usa “sombra” no sentido de prenuncio da realidade.305
O corpo lanca uma sombra, mas o corpo e infinitamente
mais real que a sua sombra, alem de ser distinto desta.306
Paulo refuta os falsos mestres usando a ilustracao do
“corpo” e da “sombra”. Werner de Boor esclarece esse ponto
quando escreve:
Um corpo lanca sua sombra e pode ser reconhecido pela sombra,
segundo seu contorno. Porem o essencial nao e a sombra, mas
proprio corpo. Assim o mandamento do sabado de Israel tambem e
“apenas uma sombra do que haveria de vir, o verdadeiro corpo e de
Cristo”. Os mandamentos e regras dados a Israel eram tao-somente a
sombra projetada de uma coisa cuja realidade plena pertence somente
a Cristo e chegou nele e com ele.307
Nessa mesma linha de pensamento, Russell Norman
Champlin diz que a palavra “sombras” deve levar-nos a
pensar nos seguintes pontos: ela fala de 1) inexatidao; 2)
natureza incompleta; 3) falta de substancialidade; 4) temporalidade;
5) inferioridade; 6) simbolismo; 7) diferenca
de natureza; 8) questoes cerimoniais contidas em ritos;
9) que sao coisas dispensaveis.308
Essas coisas as quais os legalistas se agarravam eram
a sombra, mas o corpo e de Cristo. Quando a realidade
chega, nao precisamos mais da sombra. Por que retornar a
sombra, quando ja temos a realidade?
Corroborando essa posicao, Fritz Rienecker diz que a
palavra grega skia, “sombra”, usada aqui por Paulo, indica
uma sombra que nao tem substancia em si mesma, e indica
a existencia de um corpo que a produz ou indica um esboco,
um mero esquema do objeto, em contraste com o objeto
em si. Isso significa que o ritual do Antigo Testamento
era um mero esquema das verdades redentivas do Novo
Testamento.309
Ralph Martin afirma que a “sombra” e um pressagio
daquilo que esta por vir; e o tempo da substancia ja
chegou, tornando antiquado, desta maneira, tudo quanto
apontava para ela como coisa futura. Aquela “substancia”
e Cristo. A nova era crista liberta os homens da escravidao
ao medo e ao terror supersticioso. Liberta-os de nocoes
falsas e esperancas insubstanciais, e da-lhes um gosto
da realidade na religiao, na medida em que chegam a
conhecer em Cristo a verdadeira comunhao com o
Deus vivo. Esta realidade e aquilo a que Paulo se refere
nas suas alusoes anteriores a “esperanca do evangelho”
(1.5,23).310
Hendriksen deixa claro esse ponto, quando escreve:
Por que ter como indispensavel o submeter-se a preceitos sobre
comida, quando Aquele que foi anunciado pelo mana de Israel se nos
oferece a Si mesmo como o Pao da vida? (Jo 6.35,48). Como pode
considerar-se a Pascoa (Ex 12.1-12) uma observancia necessaria para
a perfeicao espiritual, se “nossa pascoa, que e Cristo, ja foi sacrificado
por nos?” (ICo 5.7). Que justificativa havia para impor aos que se
converteram do mundo gentilico a observancia do sabado judeu,
quando Aquele que traz o descanso eterno exorta a todos a ir ate Ele?
(Mt 11.28,29; Hb 4.8,14).311
Uma questao intrigante pulsa em nossa mente: Por que
o legalismo com sua rigidez fundamentalista e tao popular
e tao aceito na maioria das religioes? Warren Wiersbe
responde: “E porque dentro desse sistema, é possivel medir
nossa vida espiritual - e ate nos vangloriar dela!”312
Em quarto lugar, a derrota do legalismo (2.16,17). Em
virtude de tudo aquilo que Cristo e e fez por nos, nao
devemos permitir que ninguem nos julgue pelas regras
do legalismo. A preposicao “pois” (2.16) nos ensina que
a base da nossa liberdade sao a pessoa e a obra de Jesus
Cristo. Somente depois que Paulo proclamou que Cristo
triunfou na cruz sobre os nossos pecados, sobre a lei que nos
condenava e sobre as forcas espirituais que nos acusavam,
e que ele orienta: “Ninguem, pois, vos julgue...” (2.16). A
cruz de Cristo e a nossa carta de alforria. Se ja morremos
e ressuscitamos com Cristo, somos servos Dele e nao mais
escravos da lei. A lei nao exerce mais jurisdicao sobre um
morto. Agora temos um novo Senhor!
A ameaça do sincretismo (2.18,19)
Destacaremos quatro pontos sobre o sincretismo.
Em primeiro lugar, a natureza do sincretismo (2.18). O
apostolo Paulo escreve: “Ninguem se faca arbitro contra
vos outros, pretextando humildade e culto dos anjos,
baseando-se em visoes, enfatuado, sem motivo algum, na
sua mente carnal” (2.18). Os falsos mestres que estavam
assaltando a igreja de Colossos eram nao apenas legalistas,
mas tambem sincretistas. A teologia que eles pregavam
era uma mistura, um produto hibrido de filosofia grega,
judaismo legalista e cristianismo. O produto final desse
concubinato espurio era uma heresia que fazia forte
oposicao a fe evangelica.
Os falsos mestres de Colossos eram profundamente
misticos. Eles reprovavam os cristaos por nao terem, como
eles, imediata experiencia com o mundo espiritual a parte
da Palavra de Deus. A teologia deles procedia de suas
visoes, e nao das Escrituras. Eles adoravam anjos, espiritos
intermediarios, e nao diretamente a Deus por meio de
Cristo. Eles davam mais valor a experiencia subjetiva do
que a verdade objetiva. Mais valor ao sentimento do que
a razao.
Em segundo lugar, a arrogância do sincretismo (2.18).
Paulo exorta: “Ninguem se faca arbitro contra vos outros...”
(2.18). Munidos de suas heresias sincretistas, os falsos
mestres tentavam desqualificar os cristaos por nao terem
como eles as mesmas experiencias arrebatadoras. Eles se
colocavam na posicao de arbitros que desqualificam um
atleta e o impedem de receber o seu premio.313
Russell Shedd esclarece que o termo “arbitro” traduz
uma palavra extremamente rara: provavelmente quer dizer
“agir na capacidade de um juiz ou arbitro que, num jogo,
desqualifica o atleta ou lhe nega o premio. Claramente,
tais “juizes” eram mestres gnosticos que nao davam ao
Senhor Jesus Cristo o lugar supremo, mas se reservavam
superioridade propria.314
Em terceiro lugar, a idolatria do sincretismo (2.18). Paulo
prossegue: “... pretextando humildade e culto dos anjos...”
(2.18). Os falsos mestres estavam enganados quanto a
teologia e quanto ao sentimento. Eles nao apenas adoravam
os anjos, mas diziam que faziam isso por humildade. Paulo
ja havia ensinado a preeminencia de Cristo sobre os anjos
(1.16,17,20; 2.9,15). Os anjos sao criaturas de Deus e
ministros a servico de Deus (Sl 103.20; Hb 1.14) e nao
podem ser adorados como Deus, ou no lugar de Deus, ou
como intermediarios para nos levar a Deus. Os anjos nao
aceitam adoracao humana (Ap 19.10; 22.8,9). Adorar a
criatura em lugar do criador provoca a ira a Deus em vez de
representar a Ele qualquer agrado (Rm 1.24,25).
Os falsos mestres estavam ensinando que era arrogancia
uma pessoa tentar ir direto a Deus. Precisavam, portanto,
adorar a Deus por meio dos anjos. No entanto, a atitude
desses falsos mestres nao era de humildade, mas de presuncao.
Ao desobedecer a um preceito de Deus, eles estavam
sendo petulantes, arrogantes e soberbos, e nao humildes.
Quando esses falsos mestres acusavam os cristaos de nao
serem suficientemente humildes e, travestidos de uma falsa
humildade, diziam que nao eram suficientemente bons
para aproximar-se diretamente de Deus, recorrendo antes
aos anjos, estavam incorrendo no mesmo engano daqueles
que ainda hoje se aproximam de Deus por meio de Maria,
de santos ou de outros mediadores. A Biblia e clara em
afirmar que ha um so Deus e um so mediador entre Deus e
os homens, Jesus Cristo homem (lTm 2.5).
Werner de Boor esta correto quando diz que humildade
intencional é forcosamente humildade fabricada e desprezivel.
A humildade autentica nunca se aproxima dos outros
com exigencias e criticas. A falsa humildade sempre se trai
pelo orgulho. Os pretensos humildes que interpelavam os
cristaos de Colossos estavam ao mesmo tempo ocupando
a catedra de juiz para lhes negar o premio da vitoria.315 O
homem que pretende ser muito humilde na realidade e insuportavelmente
orgulhoso. Sua mente esta inflada com o
sentido de sua propria importancia ao jactar-se das coisas
que diz ter visto.316
Em quarto lugar, a base rota do sincretismo (2.18,19).
Paulo conclui: “... baseado em visoes, enfatuado, sem
motivo algum, na sua mente carnal, e nao retendo a cabeca,
da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas
juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de
Deus” (2.18,19).
Destacamos aqui quatro pontos importantes:
a. A religiao do sincretismo nao e biblica, mas mistica.
O sincretismo e uma heresia, uma religiao heterodoxa. Ele
esta baseado em visoes, e nao na verdade revelada. Esta
fundamentado na experiencia, e nao na Escritura. Aquele
que cai nesse laco do engano acredita ter visto algo e jactase
dessa experiencia. Faz dela o assunto mais grandioso.
Se alguem se atreve a contradize-lo ou colocar em duvida
suas teorias, ele respondera: “Mas eu tivesse essa ou aquela
visao”. Ao agir assim, essa pessoa coloca sua experiencia
mistica acima da Palavra de Deus e julga-se possuidora de
uma revelacao especial de Deus e de um conhecimento
superior de Deus alem das Escrituras.317
Floresce de maneira vigorosa em nossos dias o sincretismo.
As pessoas deixam o sincretismo pagao para abracar outro
sincretismo chamado “evangelico”. As pessoas entram
para a “igreja evangelica”, mas continuam prisioneiras de
crendices foraneas e estranhas a Palavra de Deus.
b. A religiao do sincretismo nao e espiritual, mas carnal.
Os falsos mestres arrotavam uma espiritualidade que nao
possuiam. Eles se diziam humildes, mas eram enfatuados.
Diziam-se espirituais, mas eram carnais. Queriam ser
juizes dos outros, mas nao julgavam a si mesmos. Queriam
reprovar os outros, mas nao enxergavam o quao longe eles
mesmos estavam de Deus. William Hendriksen afirma a
mente e carnal quando baseia sua esperanca para a salvacao
em qualquer coisa que nao seja Cristo somente (2.19). Nao
faz nenhuma diferenca se o fundamento no qual tenha
colocado a sua esperanca seja a forca fisica, a habilidade, as
boas obras ou, como aqui, visoes transcendentais. Tudo e
igualmente a mente carnal.318
c. A religiao do sincretismo proclama ser de Cristo,
mas esta desligada dele (2.19). Os falsos mestres estavam
desligados de Cristo e da Sua Igreja. Nao tinham conexao
com a cabeca nem com o corpo. O sincretismo e como
um corpo morto desligado da cabeca, que e Cristo. Como
as heresias crescem, o sincretismo tambem cresce numericamente,
mas nao o crescimento que procede de Deus.
Um dos maiores equivocos da nossa geracao pragmatica e
mistica e a afirmacao de que, onde existe uma multidao, ai
esta a verdade. O argumento e o seguinte: se a igreja esta
crescendo, e obra de Deus, porque, se nao fosse de Deus,
o trabalho jamais prosperaria. Esse raciocinio e enganoso
e falaz. Tal conclusao esta equivocada. Nem tudo o que
cresce e verdadeiro. Nem todo “sucesso” procede de Deus.
Nessa sociedade embriagada pelo sucesso, o criterio na busca
da verdade mudou radicalmente. O pragmatismo mistico
nao se interessa pela verdade. Alias, ele tem aversao por
ela. Esse sincretismo pragmatico busca o que funciona; nao
busca o que e certo, mas o que da certo. Resultado, e nao
fidelidade, e tudo o que um pregador pragmatico almeja.
Uma igreja nao e automaticamente fiel por estar crescendo
numericamente.319 Paulo diz que a igreja nao necessita nem
de outra fonte de poder, nem deve busca-la, para vencer o
pecado ou para crescer no conhecimento, virtude e gozo.
d. A religiao do sincretismo proclama ser verdadeira,
mas e totalmente falsa (2.19). E falsa toda religiao que nao
segue a orientacao da cabeca, que e Cristo. E engodo toda
religiao que da mais valor as visoes, ensinos e experiencias
dos homens que ao ensino de Cristo. Toda religiao que
se isola e pretende ser a unica detentora da verdade sem
estar suprida pela cabeca e bem vinculada por suas juntas
e ligamentos e um cancer no corpo em vez de crescer o
crescimento que procede de Deus.
O perigo do ascetismo (2.20-23)
Paulo condenou o gnosticismo, o legalismo, o sincretismo
e agora condena o ascetismo, a crenca de que podemos
crescer espiritualmente simplesmente abstendo-nos de
coisas, flagelando o nosso corpo e mortificando-nos fisicamente.
Warren Wiersbe diz que essas praticas asceticas se
tornaram comuns durante a Idade Media: usar vestes de
pelos, dormir em camas duras, flagelar-se, passar dias ou
anos sem falar, fazer longos jejuns ou ficar sem dormir.320
O ascetismo venceu a barreira do tempo e chegou ate nos.
Essa heresia ainda ameaca a igreja contemporanea.
O apostolo Paulo sintetiza o ascetismo em tres proibicoes:
“Nao manuseies”, “nao proves” e “nao toques”
(2.21). Embora devamos cuidar do nosso corpo como
templo do Espirito (ICo 6.19) e trata-lo com disciplina
para nao sermos desqualificados (ICo 9.27), o ascetismo
e uma falacia. Ele e fruto do entendimento errado da filosofia
grega. E enganosa a ideia de que a materia e ma e de1
que, sendo o nosso corpo materia, ele precisa ser castigado
e privado dos prazeres. O nosso corpo nao e pecaminoso.
Deus ama o nosso corpo, protege-o, sustenta-o, salva-o e
o glorificara.
Vamos examinar alguns perigos que a religiao asceta
pode trazer.
Em primeiro lugar, o ascetismo produz escravidão (2.20).
O apostolo Paulo escreve: “Se morrestes com Cristo para
os rudimentos do mundo, por que, como se vivesseis no
mundo, vos sujeitais a ordenancas...?” (2.20). O ascetismo
e a religiao do NAO. E a crenca de que podemos agradar a
Deus obedecendo a uma lista de “naos”. Para o ascetismo, a
enfase esta nos aspectos negativos, e nao nos positivos. Ser
cristao e muito mais quem voce nao e do que quem voce
e; muito mais aquilo que voce nao pratica do que aquilo
que voce pratica. Aqueles que caem na teia do ascetismo
tornam-se escravos de regras e mais regras, preceitos e mais
preceitos. William Hendriksen diz que, em vez do ascetismo
ser um remedio contra a satisfacao dos desejos da carne, os
fomenta e promove.321
Paulo declara que, quando Cristo foi a cruz levou nao
apenas a lista dos nossos pecados, mas tambem a lei que
nos acusava e nos condenava. A morte de Cristo foi a nossa
morte e, pela Sua ressurreicao, recebemos uma nova vida.
Agora somos livres do pecado e da lei. Nao precisamos mais
colocar o nosso pescoco debaixo desse jugo. Carregamos
numa mao a certidao de obito da velha vida e na outra
a certidao do novo nascimento. Somos verdadeiramente
livres!
Werner de Boor coloca essa questao assim:
Ninguem esta tao separado do mundo quanto o morto. O mundo,
com tudo o que e contrario a Deus e deteriorado, nao e mais minha
vida; nao atrai mais meu coracao nem preenche mais minha mente e
meus anseios. Essa e uma separacao do mundo bem diferente e muito
mais profunda do que evitar permanentemente centenas de coisas
com temor, porque a rigor elas ainda sao tentadoras e perigosas para
mim. Por isso, “se morrestes com Cristo para longe dos elementos
do mundo, por que, como se ainda tivesseis a vida no mundo,
vos deixais impor preceitos?” Tambem nesse caso os colossenses
novamente trocariam apenas “corpo” por “sombra”, liberdade real
por escravidao.322
Em segundo lugar, o ascetismo está preocupado apenas
com a aparência e não com a essência das coisas (2.21,22).
O apostolo Paulo continua: “... nao manuseies isto, nao
proves aquilo, nao toques aquiloutro, segundo os preceitos
e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com
o uso, se destroem” (2.21,22). O ascetismo e uma religiao
de aparencias. Ele se preocupa apenas com a forma, e nao
com a essAicia; com o meti 1 >, e nao com o con 1
com o exterior, e nao com o interior. Seu grande le£k
e: nao manuseies, nao proves, nao toques (2.21). ,PafflA,C
porem, diz que Deus nos da todas as coisas p ra \ 1 ermos
prazerosamente (lTm 6.17). Podemos cojk^KJP) melhor
desta terra (Is 1.19).
O ascetismo esta preocupado coftí iguflcrque desce ao
estomago e e lancado fora do coro o(eV^vez de preocupar-se
comoquesealojaeproc - >(co acao. Todos os alimentos
foram criados para se :m rec^bicios com acoes de graca
(lTm 4.3). Mas as doutrinas de homens tentam substituir
a Palavra de Efeto^\4S-/-6-9). Jesus disse que a comida vai
para o < tomago^nao para o coracao (Mc 7.18). Paulo diz
que nacH&i^s nenhuma coisa em si mesma impura (Rm
14. J^TUmner ou nao comer nao nos faz mais ou menos
iis. As seitas estao preocupadas com as aparencias;
:rista esta preocupada com a essencia.
Em terceiro lugar, o ascetismo proíbe em nome de Deus
h s nao

religiao do ascetismo nao esta baseada na Palavra de Deus,


mas em preceitos e doutrinas de homens. Essa doutrina
e invencao humana, e nao revelacao divina. Procede do
enganoso coracao humano, e nao da santa Palavra de Deus.
Novamente podemos ouvir o eco da palavra de Cristo aos
fariseus: “Hipocritas! Bem profetizou Isaias a vosso respeito,
dizendo: Este povo honra-me com os labios, mas o seu
coracao esta longe de mim. E em vao me adoram, ensinando
doutrinas que sao preceitos de homens” (Mt 15.7-9). Ha
igrejas que relativizam a Palavra de Deus e absolutizam
regras e preceitos humanos. Os usos e os costumes tornamse
mais importantes do que as Escrituras.
Em quarto lugar, o ascetismo é enganador em suas propostas
(2.23). O apostolo Paulo conclui: “Tais coisas, com
efeito, tem aparencia de sabedoria, como culto de si mesmo,
e de falsa humildade, e de rigor ascetico; todavia, nao
tem valor algum contra a sensualidade” (2.23). O ascetismo
tem aparencia de sabedoria e humildade, mas nao tem
valor nenhum diante de Deus. E um sacrificio inutil. E um
culto de si mesmo, uma religiao feita para si mesmo. Tem
uma piedade falsa e fingida. Tratava-se de uma inovacao
barata, de fabricacao propria, de um culto falsificado.323
Ele nao valor espiritual nenhum. E um engano. Nao torna
ninguem mais santo. Paulo diz que as regras rigorosas dos
ascetas “nao tem valor algum contra a sensualidade” (2.23).
Nenhum amontoado de regras religiosas pode mudar o coracao
do homem. Somente o Espirito Santo pode faze-lo.
Warren Wiersbe diz que as regras rigorosas dos ascetas
no maximo fazem aflorar o que ha de pior, em vez de
estimular o que ha de melhor.324 A santificacao ascetica e
legalista foi clara e terminantemente rejeitada pelo apostolo
Paulo. Em nenhum lugar a carne e tao bem camuflada e tao
perigosa como quando se torna “religiosa”, diz Werner de
Boor.325 A religiao das obras nada mais e do que a religiao do
orgulho.326 Ela professa humildade diante do mundo, mas
essa humildade e falsa, pois ensina uma salvacao adquirida
pelo esforco do homem, rejeitando dessa forma a graca de
Deus. A verdadeira humildade reconhece sua total carencia
da graca de Deus (Mt 5.3). Ela nao chega diante de Deus
batendo no peito, aplaudindo suas proprias virtudes e
exigindo seus direitos, mas chega prostrada, suplicando Sua
misericordia. A verdadeira humildade recebe de bom grado
a salvacao comprada por Cristo na cruz em vez de querer
abrir um novo caminho para o ceu mediante as obras.
William Hendriksen corretamente afirma que qualquer
sistema religioso que nao deseja aceitar a Jesus Cristo como
o unico e todo suficiente Salvador e uma gratificacao da
carne e uma entrega ao capricho pecaminoso do homem,
como se ele pudesse, mediante seus proprios inventos,
aperfeicoar a ja completa e cabal obra de Cristo.327
Russell Shedd destaca as romarias que as pessoas fazem ate
Fatima, em Portugal, ou ate Aparecida, no Brasil, andando
de joelhos nus e ensanguentados, sofrendo agonias, na
esperanca de que a severidade no trato do corpo venha a
agradar a Deus ou a “santa”; mas isto em nada transforma
o coracao do sofredor.328
Ralph Martin conclui esse ponto nas seguintes palavras:
Paulo reconhece que o ascetismo possa produzir visoes, mas a
condenacao dele recai sobre o motivo e os resultados. O motivo e o
desejo de uma experiencia espiritual que passe por cima de Cristo e 1
procure a gratificacao numa exaltacao sensual. O resultado final e um
senso de orgulho espiritual, o que Paulo chama de uma capitulacao
a sensualidade, a “satisfacao da carne”, ou seja, da natureza naoregenerada
do homem.329
Bruce Barton exorta que devemos acautelar-nos acerca da
religiao das obras, sempre fazendo as seguintes perguntas:
1) Esse grupo religioso esta enfatizando a graca de Deus
ou as regras feitas pelos homens? 2) Esse grupo religioso
tem uma vida disciplinada ou e impiedosamente critico
dos outros? 3) Esse grupo religioso coloca sua enfase na
Palavra de Deus ou em formulas, conhecimentos secretos
e visoes especiais? 4) Esse grupo religioso exalta a Cristo e
Sua obra ou os observadores de suas regras? 5) Esse grupo
religioso reconhece e valoriza a Igreja de Cristo, comprada
pelo Seu sangue, ou a negligencia, exaltando apenas o seu
grupo?330

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