Habilidades Sociais Infantis Comparações Por Gêner
Habilidades Sociais Infantis Comparações Por Gêner
Habilidades Sociais Infantis Comparações Por Gêner
RESUMO
Habilidades sociais podem variar ao longo do desenvolvimento do indivíduo
em razão de características pessoais e escolares. Neste estudo verificou se
há diferenças nas médias de habilidades sociais em dois grupos de crianças
de acordo com gênero, idade, ano escolar, presença de dificuldades de
aprendizagem e problemas de comportamento. Participaram 81 crianças,
entre seis e doze anos, alunos do segundo ao quinto ano do Ensino
Fundamental e nove professores. Utilizou-se o Inventário Multimídia de
Habilidades Sociais de Crianças - Del Prette (IMHSC-Del Prette). Os
resultados indicaram que crianças com idades entre seis e oito anos e alunos
no segundo ano escolar, são propensas a apresentar médias inferiores de
habilidades sociais em relação àquelas entre nove a doze, que cursavam o
terceiro ao quinto ano. Não houve diferenças significativas para dificuldades
de aprendizagem e problemas de comportamento. Aponta-se que idade e
ano escolar foram preditivos para presença de baixas habilidades sociais na
amostra investigada, entretanto ressalta-se a necessidade de conhecer
características do contexto de desenvolvimento das crianças por entender
que padrões culturais de relações influenciam na presença ou ausência de
adequado repertório social. Outras medidas de avaliação comportamental
devem ser aplicadas em pesquisas futuras no contexto pesquisado.
Palavras-chave: habilidades sociais, crianças, escolares.
ABSTRACT
Social skills can vary over an individual's development because of personal
and school characteristics. This study examined whether there are
differences in means between social skill in two groups of children according
to gender, age, school year, the presence of learning disabilities and
behavior problems. Participants included 81 children between the ages of six
and twelve, elementary school students and nine teachers. The Multimedia
Social Skills Inventory of Children- Del Prette (IMHSC-Del Prette) was used.
The results indicated that children between the ages of six and eight years
ISSN 1808-4281
Estudos e Pesquisas em Psicologia Rio de Janeiro v. 17 n. 2 p. 616-634 2017
Thaciana Araujo da Silva, Lília Iêda Chaves Cavalcante
old and students in the second year of school are likely to present lower
mean social skills compared to those between nine and twelve, who were in
the third to fifth school year. There were no significant differences for
learning difficulties and behavior problems. It is pointed out that age and
school year were predictive of the presence of low social skills for the sample
investigated, however it is necessary to know the characteristics of the
children's development context because it’s understand that cultural
patterns of relationships influence the presence or absence of adequate
social repertoire. Other measures of behavioral evaluation should be applied
in future research in the researched context.
Keywords: social skills, children, students.
RESUMEN
Las habilidades sociales pueden variar a lo largo del desarrollo de un
individuo debido a las características personales y escolares. Este estudio
examinó si existen diferencias en las medias de las habilidades sociales en
dos grupos de niños de acuerdo al sexo, edad, año escolar, presencia de
dificultades de aprendizaje y problemas de conducta. Participaron 81 niños,
entre seis y doce años, estudiantes del quinto año de la escuela primaria y
nueve profesores. Se utilizó el Inventario Multimedia de Habilidades Sociales
de Niños-Del Prette (IMHSC-Del Prette). Los resultados indicaron que los
niños de seis y ocho años, y cursando el segundo año de la escuela, es
probable que tengan medias más bajas de habilidades sociales en
comparación con los de nueve a doce, que estaban en el tercer al quinto año.
No hubo diferencias significativas en las dificultades de aprendizaje y
problemas de conducta. Señala que la edad y el año escolar son predictivos
de la presencia de bajas habilidades sociales en la muestra investigada, sin
embargo, hace la necesidad de conocer las características del desarrollo de
los niños del contexto por entender que los patrones culturales de las
relaciones influyen en la presencia o ausencia de adecuados repertorio social.
Otras medidas de evaluación del comportamiento se deben aplicar en el
futuro en la investigación en este contexto.
Palabras clave: habilidades sociales, niños, estudiantes.
Introdução
pessoas (Del Prette & Del Prette, 2009; Gresham, 2009). Segundo
Caballo (2012), o comportamento socialmente hábil é aquele que
engloba um conjunto de comportamentos emitidos pelo indivíduo, em
um contexto interpessoal, que expressa atitudes, sentimentos,
desejos e opiniões ou direitos, de forma adequada às situações
colocadas no convívio social, tornando-o eficaz na resolução de
problemas imediatos, minimizando a probabilidade de problemas
futuros.
Pode-se entender as habilidades sociais no centro de um contínuo em
que, de um lado, estão reações não-habilidosas passivas que são
comportamentos que se expressam de forma encoberta, tais como
ansiedade, mágoa, ressentimento e/ou esquiva ou fuga de demandas
interpessoais e em situações conflituosas, e, de outro, estão as
reações não-habilidosas ativas que são comportamentos que se
expressam de forma aberta, como agressividade verbal ou física,
ironia e coerção (Del Prette & Del Prette, 2005). Além disso, admite-
se que as habilidades sociais da pessoa em desenvolvimento e do seu
contexto relacional e cultural atuam conjuntamente exercendo
influência sobre o seu repertório social em formação (Del Prette & Del
Prette, 2009). Por exemplo, a variável gênero tem sido associada a
um repertório adequado de habilidades sociais, como indicam os
estudos de Fumo (2009), Garaigordobil e Maganto (2011) e Valle e
Garnica (2009).
Segundo a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano
(Bronfenbrenner 1996, 2011), características biopsicológicas da
pessoa, tais como idade, gênero, etnia, e aparência física, sofrem
interferências de valores, crenças e papéis sociais que permeiam o
contexto que a pessoa interage (Leme, Del Prette, Koller & A. Del
Prette, 2015). Assim, pesquisas evidenciaram a predominância de
reações não-habilidosas passivas e maiores médias de reações
habilidosas em crianças do gênero feminino, enquanto que em
relação ao gênero masculino foram observadas mais frequentemente
reações não-habilidosas ativas.
Nessas pesquisas, foram utilizados por Fumo (2009), Valle e Garnica
(2009), Garaigordobil e Maganto (2011) o Social Skills Rating System
(SSRS) e o IMHS-Del Prette, respectivamente, além de outros
instrumentos para a avaliação de empatia, atitudes sobre conflitos e
estilos adotados para sua resolução. Na mesma direção, o estudo
longitudinal de Pizato, Marturano e Fontaine (2014) encontrou
também diferenças dos valores de habilidades sociais, sendo as
meninas classificadas como mais habilidosas socialmente que os
meninos, quando em idade escolar, e foram avaliadas pelo SSRS-
versão professor, ao longo de três anos.
As diferenças entre as médias de habilidades sociais de crianças e
outras categorias de participantes de acordo com a sua condição de
gênero, levam em consideração fatores culturais dos ambientes
Método
Participantes
Instrumentos
Análise de dados
Considerações Éticas
Resultados e Discussão
Maganto, 2011; Sabol & Pianta, 2011; Welsh et al, 2001) que indica
haver um aumento gradual no repertório social habilidoso das
crianças conforme a sua idade avança, por considerar seu maior
amadurecimento psicológico, desenvolvimento de autorregulação
emocional e senso de autonomia em relação aos cuidadores primários
(Bolsoni-Silva et al., 2010; Montroy et al, 2014).
Conforme o Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano, as
características biopsicológicas sofrem influência do contexto e o
influencia, e são expressas ao longo do tempo através de
estabilidades e mudanças (Bronfenbrenner, 2011). Neste estudo, o
gênero não foi um fator determinante entre os grupos, enquanto a
idade mostrou-se importante nesta amostra para diferenciar o
repertório de habilidades sociais entre as crianças. A partir do que a
literatura aponta, a hipótese deste estudo era encontrar diferenças
entre habilidades sociais entre meninos e meninas e em crianças com
mais idade, sendo meninas mais velhas consideradas mais
habilidosas.
Por meio de análise de regressão logística das variáveis que
apresentaram significância estatística, dispostos na Tabela 2, foi
possível inferir que em crianças com idade entre seis e oito anos e
que cursavam o 2º ano escolar estavam propensas a pertencerem ao
Grupo B (gl = 3; p < 0,0001).
Considerações finais
Referências
Notas
* Doutoranda e Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento, UFPA.
** Doutora em Teoria e Pesquisa do Comportamento, UFPA, professora do Programa
de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, área de concentração da
Ecoetologia.