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Processo Penal I - Exercício de Fixação (Princípios Processuais Penais) - Gabarito

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Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ

Disciplina: Processo Penal I


Docente: Cláudio Lameirão
Monitora: Tayná Nóbrega de Queiroz

Exercício de Fixação
Princípios Constitucionais Penais

1. De acordo com o princípio do promotor natural, reconhecido pelos


tribunais superiores, a atribuição para um promotor de Justiça atuar em
determinado caso deve ser fixada a partir de regras abstratas e
preestabelecidas, o que é incompatível com a designação casuística do
promotor de justiça pelo procurador-geral de justiça para atuar em casos
que não sejam de sua atribuição.
Certo. A alternativa traz exatamente a definição do princípio do promotor natural.
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

2. No tocante às garantias constitucionais aplicáveis ao processo penal,


a) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, mas
não somente a estes.
b) o civilmente identificado jamais pode ser submetido a identificação criminal, sob
pena de caracterização de constrangimento ilegal.
c) o preso tem direito à identificação do responsável por sua prisão, mas nem
sempre por seu interrogatório policial.
d) a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação são garantias exclusivamente aplicáveis à ação penal.
e) a garantia do juiz natural é contemplada, mas não só, na previsão de proibição
de juízo ou tribunal de exceção.

Comentário: O princípio do juiz natural possui duas vertentes, a


vedação constitucional à criação de juízo ou tribunal de exceção e
a de ser processado pelo magistrado competente definido em lei.
A alternativa A está incorreta, pois o art. 93, IX, da CF permite que
a lei limite a presença, em determinados atos somente às partes e
seus advogados. A alternativa B está errada por ser contrária à
disposição do art. 5º, LVIII, da CF. A alternativa C também está
contrária ao art. 5º, LXIV, da CF. Por fim, a razoável duração do
processo se aplica aos processos cíveis e administrativos também
(art. 5º, LXXVIII, da CF), o que torna a alternativa D incorreta.

3. O direito processual penal é regido por diversos princípios, dentre os quais


o do nemo tenetur se detegere, pelo qual ninguém será obrigado a produzir
prova contra si mesmo. Com base no princípio em questão e na
jurisprudência dos Tribunais Superiores:
a) a atribuição de falsa identidade pelo suspeito ou investigado, ainda que em
situação de autodefesa, configura fato típico;
b) a recusa do investigado em prestar informações quando intimado em sede
policial poderá justificar, por si só, o seu indiciamento pela autoridade policial;
c) as provas que exijam comportamento passivo do investigado não poderão ser
produzidas sem sua concordância;
d) a alteração de cena do crime pelo agente não configura fraude processual;
e) apenas o preso poderá valer-se do direito ao silêncio, não se estendendo tal
proteção aos investigados.

Comentário: Está em conformidade com a Súmula 522 do STJ. A


alternativa B está incorreta, pois o investigado não é obrigado a
prestar informações e isso não é justificativa para indiciamento. A
alternativa C está errada, uma vez que as provas que exijam
comportamento ativo, e não passivo, do investigado não poderão
ser produzidas sem sua concordância. A alternativa D está contrária
ao disposto no art. 158-C, § 2º, do CPP. Finalmente, a alternativa E
está equivocada, pois é pacífico que, apesar de a redação do art.
5º, LXIII, da CF falar apenas em “preso”, o dispositivo constitucional
não se presta a proteger apenas este, mas qualquer pessoa a quem
seja imputada uma infração criminal, estando presa ou solta.

4. Considerando os princípios de Direito Processual Penal, com base na


Constituição da República de 1988, no Código de Processo Penal e na
jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, analise as afirmativas a
seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.

( ) O princípio do duplo grau de jurisdição tem previsão expressa na Convenção


Americana sobre Direitos Humanos, promulgada pelo Decreto nº 678, de
06/11/1992, contudo não possui previsão expressa na Constituição da República
de 1988.
( ) O indivíduo, que possui contra si mandado de prisão em aberto e que apresenta
documento de identidade falso no momento da abordagem policial, não comete
o crime disposto no Art. 304 do Código Penal (uso de documento falso), posto
que está exercendo o seu direito de autodefesa.
( ) A publicidade restrita é regra geral dos atos processuais no processo penal, ao
passo que a publicidade ampla é exceção e ocorre nas situações expressamente
previstas em lei, dependendo de decisão judicial no caso concreto.
( ) Durante a investigação criminal, a defesa técnica é imprescindível, em razão da
observância dos princípios do contraditório e ampla defesa do acusado.

As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente,


a) V – F – F – V.
b) V – F – F – F.
c) F – V – V – F.
d) F – V – V – V.

5. Quanto à compatibilidade da prisão preventiva com a presunção de não


culpabilidade, é correto afirmar que:

a) pode assumir a natureza de antecipação da pena;


b) pode decorrer da natureza abstrata do crime;
c) deve apoiar-se em fatos novos ou contemporâneos;
d) deve decorrer automaticamente do ato processual praticado;
e) deve apoiar-se em condições pessoais desfavoráveis.

Comentário: De acordo com o art. 312, §2º, do CPP:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia


da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada


e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de
fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação
da medida adotada.

6. No Brasil, o princípio da proibição da dupla persecução penal ou da vedação


à dupla incriminação:

a) tem expressa previsão na Constituição da República de 1988;


b) não tem previsão normativa, o que impede sua aplicação;
c) tem expressa previsão no Código de Processo Penal;
d) não tem previsão normativa, decorrendo implicitamente da Constituição da
República de 1988;
e) tem expressa previsão na legislação processual penal extravagante.
Comentário: Dentre os princípios aplicáveis ao processo penal,
tem-se aquele que proíbe em dupla incriminação de alguém pelo
mesmo fato. Princípio do bis in idem não está previsto
expressamente, mas decorrente das normas previstas na CF.
Porém, diante da impossibilidade de se violar a coisa julgada, nem
mesmo por expressa previsão legal, se alguém já foi julgado por
um crime, não se pode julgá-lo novamente pelo mesmo fato.

7. Acerca dos direitos e das garantias fundamentais aplicáveis ao processo


penal, assinale a alternativa correta.

a) O Supremo Tribunal Federal admite a execução provisória da decisão penal


condenatória, enquanto pendente de julgamento os recursos extraordinários,
porquanto estes não possuem efeito suspensivo.
b) Segundo entendimento dos Tribunais Superiores, no processo penal, a
deficiência da defesa técnica constitui nulidade absoluta.
c) A autodefesa engloba o direito de presença, de audiência e o direito de postular
pessoalmente em determinados atos do processo penal.
d) Não viola a ampla defesa a publicação de acórdão condenatório sem o voto
vencido.
e) É indispensável a intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao
recurso interposto contra a decisão que rejeitou a denúncia, exceto se oferecida
pelo Defensor Público natural.

Comentário: Ampla defesa é a defesa técnica (processual ou


específica) e a autodefesa (material ou genérica) A defesa técnica
somente pode ser exercida pelo profissional da advocacia e deve
ser plena, efetiva e irrenunciável. Ninguém poderá ser processado
criminalmente sem um defensor, seja constituído ou nomeado.

A autodefesa é exercida pelo próprio acusado em determinados


momentos do processo. Compreende: direito de audiência, direito
de presença e capacidade postulatória autônoma do acusado.

Tanto o direito à defesa técnica quando à autodefesa estão


previstos na CADH.

8. Sobre a possibilidade de imposição de astreintes no processo penal, visando


conferir efetividade às decisões judiciais, é correto afirmar que:

a) no balizamento dos valores da multa coercitiva devem incidir aqueles


decorrentes da penalidade por ato atentatório à dignidade da justiça;
b) sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, deve o juiz
aplicar multa, de acordo com a gravidade da conduta do réu e as circunstâncias
concretas do caso submetido a processo e julgamento;
c) a decisão que impõe medida cautelar emergencial de constrição de ativos
financeiros mediante a utilização do sistema BacenJud é incompatível com o
contraditório diferido e a posterior revisão da decisão;
d) o Art. 139, IV, do Código de Processo Civil, que autoriza o juiz a determinar todas
as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, não tem aplicação ao processo
penal;
e) não viola o princípio do contraditório a constrição de numerário por meio do
sistema BacenJud quando o devedor, após deixar de cumprir determinação
judicial anterior e de realizar o pagamento de multa diária cominada, é alertado
do risco de adoção de outras medidas cautelares.

9. Nos casos de ações penais em curso, alcançadas por sucessão de lei nova
que acarrete observância do princípio da continuidade normativo-típica, a
denúncia ou queixa deverá:

a) ser ratificada;
b) ser retificada;
c) ser rerratificada;
d) ser extinta;
e) prosseguir sem alterações.

Comentário: CP dispõe sobre o tema da seguinte forma:


Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer
o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado.

Nesse contexto, o princípio da continuidade típico-normativa


estabelece que a revogação formal de uma lei penal não implica
necessária e obrigatoriamente abolitio criminis, na medida em que
há a possibilidade de, embora revogada a lei, a figura criminosa ser
transferida para outro dispositivo, permanecendo inalterada a
situação penal do agente.
Portanto, em casos de ações penais em curso, alcançadas por
sucessão de lei nova, a denúncia ou queixa deverá prosseguir sem
alterações, posto que incidirá no princípio da continuidade
normativo-típica.

10. No que tange ao Direito Processual Penal, podemos afirmar:

a) Dentre alguns dos princípios norteadores do Direito Processual Penal podemos


elencar: princípio da presunção de inocência, princípio da imparcialidade do juiz,
princípio do contraditório, princípio da ampla defesa.
b) Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado de ofício; mediante
requisição da autoridade judiciária ou a requerimento do ofendido ou de quem
tiver qualidade para representá-lo, vedada a intervenção do Ministério Público.
c) A ação penal privada é aquela na qual se tem como titular, em regra, o Ministério
Público, por meio da qual se busca o início da ação penal mediante a
apresentação da queixa (petição inicial da ação penal privada).
d) A ação penal encontra-se posta tendo como sujeitos o juiz, que é o sujeito
processual parcial, assim como as partes representadas pela acusação feita pelo
Ministério Público ou o querelante e/ou assistente da acusação e pela defesa,
representada pelo querelado e seu advogado.
e) As medidas cautelares previstas pelo Código de Processo Penal visam a garantia
do processo, após a sentença penal, sendo as mais usuais a prisão em flagrante
e a prisão preventiva.

11. O princípio Nemo tenetur se detegere é um dos princípios


fundamentais do Processo Penal brasileiro. Tal princípio estabelece que:

a) Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo.


b) O Processo Penal se pauta na busca da verdade real dos fatos.
c) São inadmissíveis, no Processo Penal, as provas obtidas por meios ilícitos.
d) Todas as pessoas têm direito ao conhecimento prévio do teor da acusação.
e) Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença
condenatória.

12. A lei processual penal determina que, em audiência de instrução e


julgamento, as testemunhas de acusação sejam ouvidas antes das
testemunhas de defesa. Nesse sentido, suponha que determinado juiz,
observando já estarem presentes as testemunhas de defesa e tendo
determinado a condução coercitiva das testemunhas de acusação, decida
ouvir primeiro aquelas, enquanto aguarda as últimas, fundamentando, sua
decisão, no princípio da instrumentalidade das formas. Relativamente ao
caso e tendo em conta as disposições constitucionais aplicáveis ao direito
processual penal, assinale a alternativa correta.
a) A decisão do juiz de inverter a ordem de oitiva das testemunhas ofende o
princípio do devido processo legal.
b) A decisão do juiz de inverter a ordem de oitiva das testemunhas foi correta e
bem fundamentada, pois o processo não é um fim em si mesmo.
c) A decisão do juiz de inverter a ordem de oitiva das testemunhas ofende o
princípio da busca da verdade real.
d) A decisão do juiz de inverter a ordem de oitiva das testemunhas não ofende
nenhum princípio e, mesmo que se comprove prejuízo ao réu, não se
determinará o refazimento do ato.
e) A decisão do juiz de inverter a ordem de oitiva das testemunhas é mera
irregularidade e ofende apenas norma de ordem infraconstitucional,
descabendo falar-se em ofensa a qualquer princípio.

13. Com a prisão em flagrante do autuado, foi instaurado inquérito pela


Polícia Civil do Estado do Ceará para investigar crime de ação penal pública
previsto no Código Penal e punido com pena de reclusão. A vítima
reconheceu o preso, e este permaneceu calado. Concluídas as diligências, o
delegado elaborou o relatório final.

Considerando essa situação hipotética, julgue os itens a seguir.

O indiciado tem o direito de permanecer calado durante o inquérito policial e


a ação penal, não sendo permitida valoração desfavorável do silêncio.

( ) Certo
( ) Errado

Comentário: É o que está disposto no art. 186, CPP:

Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do


inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes
de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e
de não responder perguntas que lhe forem formuladas.

14. Acerca das disposições constitucionais aplicáveis ao processo penal,


assinale a alternativa correta.

a) O princípio da não autoincriminação compulsória impede que qualquer pessoa


seja obrigada a confessar um delito, mas não impede que o indicado seja
obrigado a fornecer padrões gráficos para realização de perícia grafotécnica,
com base no princípio da busca da verdade real.
b) O princípio da duração razoável do processo é aplicável tanto aos processos
criminais, quanto aos inquéritos policiais e demais procedimentos
investigatórios, legitimando, inclusive, o trancamento de ações penais com base
no excesso de prazo.
c) O princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas poderá ser excepcionado
quando a prova, ainda que obtida por meios ilícitos, for a única existente no
processo apta a provar a verdade real dos fatos e consequente culpa do réu.
d) O princípio da presunção de inocência deve ser flexibilizado quando da análise
acerca do cabimento das prisões cautelares, bastando a prova da materialidade
do delito, mas vedando-se a decretação da prisão cautelar de ofício pelo juiz.
e) O princípio do devido processo legal é sinônimo do contraditório e da ampla
defesa e garante a utilização de todos os recursos previstos em lei, bem como
confere à defesa a prerrogativa de pronunciar-se posteriormente à acusação.

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