Este documento discute a legislação penal e processual penal especial referente à Lei de Trânsito no Brasil. Apresenta dados estatísticos sobre acidentes de trânsito no país e analisa a Lei 9.503/1997, que define trânsito e vias terrestres, bem como a aplicação da Lei 9.099/1995 aos crimes de trânsito de menor potencial ofensivo. Explora também o crime de lesão corporal culposa previsto no artigo 303 do Código de Trânsito Brasileiro.
Este documento discute a legislação penal e processual penal especial referente à Lei de Trânsito no Brasil. Apresenta dados estatísticos sobre acidentes de trânsito no país e analisa a Lei 9.503/1997, que define trânsito e vias terrestres, bem como a aplicação da Lei 9.099/1995 aos crimes de trânsito de menor potencial ofensivo. Explora também o crime de lesão corporal culposa previsto no artigo 303 do Código de Trânsito Brasileiro.
Este documento discute a legislação penal e processual penal especial referente à Lei de Trânsito no Brasil. Apresenta dados estatísticos sobre acidentes de trânsito no país e analisa a Lei 9.503/1997, que define trânsito e vias terrestres, bem como a aplicação da Lei 9.099/1995 aos crimes de trânsito de menor potencial ofensivo. Explora também o crime de lesão corporal culposa previsto no artigo 303 do Código de Trânsito Brasileiro.
Este documento discute a legislação penal e processual penal especial referente à Lei de Trânsito no Brasil. Apresenta dados estatísticos sobre acidentes de trânsito no país e analisa a Lei 9.503/1997, que define trânsito e vias terrestres, bem como a aplicação da Lei 9.099/1995 aos crimes de trânsito de menor potencial ofensivo. Explora também o crime de lesão corporal culposa previsto no artigo 303 do Código de Trânsito Brasileiro.
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LEGISLAÇÃO PENAL E PROCESSUAL
PENAL ESPECIAL
LEI DE TRÂNSITO
Profa: Aleteia Queiroz Alves de Souza
DADOS ESTATÍSTICOS ➢ Segundo dados da Organização Mundial do Comércio, o Brasil registra cerca de 47 mil mortes por trânsito por ano.
➢ Cerca de 400 mil pessoas ficam com algum tipo de sequela.
➢ De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária, o custo para o
país é de 56 bilhões por ano, o que daria para construir 28 mil escolas e 1.800 hospitais.
➢ Centro de Pesquisas e Economia do Seguro (Cpes) – em 2016, o Brasil
perdeu 146 bilhões em decorrência de acidentes de trânsito, ou seja, 2,3% de todo o PIB (Produto Interno Bruto). Esse valor seria gerado pelo trabalho das vítimas que morreram ou ficaram inválidas. (LIMA, 2021, p. 1181) LEI 9.503/1997 ➢ DEFINIÇÃO DE TRÂNSITO DO PONTO DE VISTA TÉCNICO:
➢ Art. 1º. Lei 9.503/1997
➢ § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga. LEI 9.503/1997 ➢ EM UMA PERSPECTIVA TÉCNICO-JURÍDICA A PALAVRA TRÂNSITO PODE SER CONSIDERADA MAIS AMPLA QUE MOVIMENTAÇÃO OU CIRCULAÇÃO PELAS VIAS TERRESTRES.
➢ Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os
logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. ➢ Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo. LEI 9.099/95 ➢ A LEI 9.099/95 FUNCIONA COMO UMA NORMA GERAL, EM RELAÇÃO ÀS INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO.
➢ NORMAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO:
CONTRAVENÇÕES PENAIS (LEI 3.688/41) E OS CRIMES COM A PENA MÁXIMA COMINADA IGUAL OU INFERIOR A 2 ANOS, CUMULADA OU NÃO COM MULTA, SALVO ALGUNS CASOS (VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E JUSTIÇA MILITAR). APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95 ➢ Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. ➢ § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: ➢ I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; ➢ II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; ➢ III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). ➢ § 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. ➢ § 3º (VETADO). ➢ § 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências do crime. ART. 291, LEI 9.503/97 OBS: A ANTIGA REDAÇÃO DO ART. 291 PERMITIA QUE SERIAM APLICÁVEIS AOS CRIMES DE TRÂNSITO DE LESÃO CORPORAL CULPOSA, DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE E DE PARTICIPAÇÃO EM COMPETIÇÃO NÃO AUTORIZADA – OS ARTS. 74, 76 E 88 DA LEI 9.099/95 (RESPECTIVAMENTE: COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS, TRANSAÇÃO PENAL E NECESSIDADE DE REPRESENTAÇÃO PARA OS CRIMES DE LESÃO CORPORAL LEVE E CULPOSA)
Isso gerava enorme controvérsia porque a antiga redação do
dispositivo considerava necessária a representação para os crimes de embriaguez ao volante (que é de perigo abstrato) e participação em competição não autorizada (que é de perigo concreto) – PORQUE NÃO EXISTIA UMA VÍTIMA DETERMINADA. ART. 291, LEI 9.503/97 OBS2: ASSIM, SEMPRE SE ENTENDEU QUE ESSES CRIMES SERIAM DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA. SOMENTE A LESÃO CORPORAL CULPOSA – ART. 303, CTB – É QUE ESTARIA SUJEITA A REPRESENTAÇÃO – PORQUE HAVERIA VÍTIMA DETERMINADA.
LEI 11.705/08 TROUXE NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 291, CTB –
POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 74, 76 E 88 DA LEI 9.099/95 APENAS PARA OS CRIMES DE LESÃO CORPORAL CULPOSA.
OBS3: E NÃO PODERÃO SER APLICADOS SE ESSA LESÃO CORPORAL
CULPOSA FOI CAUSADA POR PESSOA EMBRIAGA, QUE ESTIVESSE PARTICIPANDO DE COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA EM VIA PÚBLICA OU QUE ESTIVESSE COM VELOCIDADE SUPERIOR À PERMITIDA. ART. 291, LEI 9.503/97 E LEI 9.099/95
RESUMINDO: ART. 303, CAPUT – LESÃO CORPORAL CULPOSA NO
TRÂNSITO É INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO PORQUE TEM PENA DE 6 MESES A 2 ANOS (MENOR DE 2 ANOS) – PORTANTO, DEVE TER A INCIDÊNCIA DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS (ART. 61, LEI 9099/95) – AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO.
NESSE CASO, DEVE-SE LAVRAR TERMO CIRCUNSTANCIADO DE
OCORRÊNCIA COM POSSIBILIDADE DE TRANSAÇÃO PENAL, POSTERIORMENTE. ART. 303, LEI 9.503/97 Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
OBS: COM O AUMENTO DE PENA PREVISTO NO PARÁGRAFO 1º DO
ART. 303, A PENA PASSARIA DE 8 MESES A 3 ANOS E NÃO PODERIA MAIS SER TRATADA COMO INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. ART. 291, LEI 9.503/97 E LEI 9.099/95
ATENÇÃO: SE A LESÃO TIVER SIDO CAUSADA POR
PESSOA EMBRIAGADA, QUE ESTIVESSE EM COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA EM VIA PÚBLICA OU TRAFEGANDO ACIMA DA VELOCIDADE PERMITIDA (INCISOS I, II E III DO ART. 291, CTB) – A AÇÃO SERÁ PÚBLICA INCONDICIONADA (DEIXA DE SER INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO) ART. 303, LEI 9.503/97
DEFINIÇÃO: Trata-se de ofender a integridade corporal ou saúde
de outrem, porém com culpa.
OBS: Entende-se ser um tipo aberto, já que não há uma descrição
minuciosa da conduta criminosa. Assim, o intérprete poderá fazer algum juízo de valor para constatar se, na ocasião da prática criminosa o agente teria realmente agido com inobservância do dever de cuidado na direção de veículo automotor, causando um resultado não desejado. (LIMA, 2021, p. 1227) ART. 303, CTB - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Por se tratar de crime material, o art. 303 do CTB consuma-
se com a efetiva lesão à integridade corporal ou à saúde da vítima.
OBS: A pluralidade de lesões causadas à mesma vítima num
único contexto fático não altera a unidade do crime, devendo ser sopesadas pelo juiz por ocasião da dosimetria da pena. (LIMA, 2021, p. 1228-1229)
TENTATIVA: CRIME CULPOSO NÃO ADMITE TENTATIVA.
TIPOS DE CULPA Culpa inconsciente (sem representação) e culpa consciente (ou com representação). Levando-se em consideração a previsão do agente acerca do resultado naturalístico provocado pela sua conduta, é possível apontar as seguintes espécies de culpa:
a)culpa inconsciente (sem previsão ou ex ignorantia)
b)culpa consciente (com previsão ou ex lascívia)
TIPOS DE CULPA a) Culpa inconsciente (sem previsão ou ex ignorantia): é aquela em que o agente não prevê o resultado, conquanto objetivamente previsível. Ou seja, apesar de a superveniência do resultado ser previsível, o autor do fato delituoso não consegue prevê-lo, seja por descuido, desatenção, seja por simples desinteresse;
b) Culpa consciente (com previsão ou ex lascívia): ocorre quando o agente prevê
a superveniência do resultado, mas confia levianamente na sua não ocorrência. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, a censurabilidade da conduta do agente no caso da culpa consciente é maior do que na culpa inconsciente, devendo, pois, ser valorada nesse sentido pelo magistrado por ocasião da apreciação das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal. CLASSIFICAÇÃO DO ART. 303, CTB O crime do art. 303 do CTB pode ser classificado da seguinte forma: a) comum; b) material; (só se consuma com a produção do resultado naturalístico) c) culposo; d) de forma parcialmente vinculada, pois exige que o agente esteja na direção de veículo automotor; e) comissivo; (ação) f) instantâneo; g) de dano; h) unissubjetivo; (pode ser praticado por apenas um sujeito) i) plurissubsistente. (conduta do agente poderá ser dividida em 2 ou mais atos) (LIMA, 2021, p. 1229) PREVISÃO LEGAL - ART. 303, CTB Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.546, de 2017) § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) ART. 303, CTB - QUALIFICADORAS O art. 303, §2°, do CTB, incluído pela Lei n. 13.546/17, a pena privativa de liberdade aplicável ao crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor será de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas no referido artigo (suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor) se ocorrer uma das seguintes hipóteses alternativas:
a) se o agente conduzir o veículo com capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência; b) se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima; LESÃO CORPORAL GRAVE OU GRAVÍSSIMA OBS1: Por força do acréscimo do §2° ao art. 303 do CTB pela Lei n. 13.546/17, a lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor passa a diferenciar a espécie de lesão a depender da gravidade dos ferimentos. OBS2: Assim, se do crime do art. 303 resultar lesão corporal de natureza grave - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou função ou aceleração de parto (CP, art. 129, §1°, I, II, III e IV) - ou gravíssima - incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização do membro , sentido ou função, deformidade permanente ou aborto (CP, art. 129, §2°, I, II, III, IV e V) - , o agente deverá ser responsabilizado pela figura qualificadora do art. 303, §2°, in fine, do CTB. OBS3: Se do crime resultar lesão corporal de natureza leve, o correto enquadramento típico deverá ser feito à luz do caput do art. 303 do CTB. (LIMA, 2021, p. 1229) ART. 306, CTB Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. § 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no caput. ART. 306, CTB
“O alto índice de sinistralidade envolvendo pessoas que fizeram
uso de bebida alcóolica ou drogas , mas que, mesmo assim, se põem a dirigir um veículo automotor, demonstra a necessidade da intervenção do Direito Penal , porque esse tipo de conduta ao volante expõe os demais participantes no tráfico viário a uma situação potencial de perigo que, ano após ano, vem provocando uma série de resultados lesivos à vida, à integridade física, à saúde e ao patrimônio das pessoas.” (LIMA, 2021, p. 1236) ART. 306, CTB CRIME DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
CRIME DE PERIGO ABSTRATO: REDAÇÃO ANTERIOR DO ARTIGO:
ainda que o agente conduzisse o veículo automotor completamente embriagado, se acaso não restasse demonstrado risco concreto de dano (v.g., excesso de velocidade, zigue-zague, contramão da direção, etc.), sua conduta seria atípica. NOVA REDAÇÃO: foi suprimida com a nova redação conferida ao art. 306 pela Lei n. 11.705/08 ("Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência"). ART. 306, CTB CRIME DE PERIGO ABSTRATO – NÃO SERÁ NECESSÁRIA A CONSUMAÇÃO, BASTANDO A COMPROVAÇÃO DE UMA SITUAÇÃO QUE TENHA COLOCADO EM RISCO O BEM JURÍDICO TUTELADO. Não se exige prova de perigo real. Perigo é presumido.
BEM JURÍDICO TUTELADO – SEGURANÇA VIÁRIA.
RECKLESSNESS – TRADICIONAL IMPRUDÊNCIA REFERENTE A ESSE TIPO ESPECÍFICO DE CRIME DE TRÂNSITO. OBS: O delito pode restar caracterizado se praticado em qualquer local público e também no interior de uma propriedade privada. – AMPLIAÇÃO DO ALCANCE DA REGRA PUNITIVA. ART. 306 - CTB
SINAIS TÍPICOS DA ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA:
a) QUANTO À APARÊNCIA: Sonolência Olhos vermelhos Vômito Soluções Desordem nas vestes Odor de álcool ART. 306 - CTB SINAIS TÍPICOS DA ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA: b) QUANTO À ATITUDE: agressividade; arrogância; exaltação; ironia; falante ou dispersão;
c) QUANTO À ORIENTAÇÃO, SE O CONDUTOR:
sabe onde está; se sabe a data e a hora;
d) QUANTO À MEMÓRIA, se o condutor: sabe seu endereço; lembra dos atos
cometidos;
e) QUANTO À CAPACIDADE MOTORA E VERBAL, se o condutor apresenta: dificuldade
no equilíbrio; fala alterada. JURISPRUDÊNCIA A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça caminha nesse sentido, in verbis: "( ... ) o delito previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro é de perigo abstrato, sendo suficiente para a sua caracterização que o condutor do veículo esteja com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou outra substância entorpecente, dispensada a demonstração da potencialidade lesiva da conduta. Após a vigência da Lei n. 12.760/12, a comprovação do delito do artigo 306 da Lei n. 9.503/97 pode ocorrer por qualquer meio de prova em Direito admitido, sendo prescindível a realização dos testes alveolar ou sanguíneo. No caso, o crime ocorrera em 10/8/2014, restando a comprovação quanto a estar o agravante dirigindo veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool, atestada pelo Termo de Constatação de Sinais de alteração da capacidade psicomotora, o qual indicou que o réu não estava sóbrio, encontrando -se com os olhos avermelhados, possuindo desordem nas vestes, odor de álcool no hálito, atitude arrogante, exaltado, irônico, dispersivo e falante, características, igualmente, constatadas pelos depoimentos dos policiais encarregados de sua prisão . ( ... )“STJ, 5ª Turma, AgRg nos EDcl no HC 354.810/ PB, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j . 17/10/ 2017, DJe 23/10/2017 ART. 306 – CTB - BAFÔMETRO OBS: “A partir do momento em que a tipificação do crime do art. 306 do CTB passou a exigir a taxa de 6 decigramas de álcool por litro de sangue, restou assaz mais difícil a comprovação da referida prática delituosa , visto que, em virtude do princípio que veda a autoincriminação, o motorista não podia ser obrigado a se sujeitar ao exame de sangue, nem tampouco ao bafômetro, únicos meios de prova tecnicamente capazes de aferir a concentração de álcool no sangue;” (LIMA, 2021, p. 1240) OBS2: RECUSAR FAZER O TESTE DE BAFÔMETRO NÃO CONFIGURA CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. PODERÁ TAMBÉM SER FEITO PELO ETILÔMETRO PASSIVO, MAS NEM SEMPRE EXISTE DISPONÍVEL. OBS3: RESGUARDADO PELO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE. COMPROVAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA ALTERADA
NOVA REDAÇÃO: LEI 12.790/2012:
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA – LEI 9.503/97 Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277: Infração - gravíssima; Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270. Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA – LEI 9.503/97 Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. § 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas. § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165-A deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA – LEI 9.503/97 CONCLUINDO: Ao contrário do sustentado pelo acórdão recorrido, a sanção do art. 277, §3°, do CTB dispensa demonstração da embriaguez por outros meios de prova. A infração aqui reprimida não é a de embriaguez ao volante, prevista no art. 165, mas a de recusa em se submeter aos procedimentos do caput do art. 277, de natureza instrumental e formal, consumada com o mero comportamento contrário ao comando legal. A prova da infração do art. 277, § 3° é a de descumprimento do dever de agir. Não há incompatibilidade entre o princípio nemo tenetur se detegere e o §3° do art. 277 do CTB, pois este se dirige a deveres instrumentais de natureza estritamente adminis - trativa, sem conteúdo criminal, em que as sanções estabelecidas têm caráter meramente persuasório da observância da legislação de trânsito. A dignidade da pessoa humana em nada se mostra afrontada pela obrigação de fazer prevista no caput do art. 277 do CTB, com a consequente penalidade estabelecida no §3° do mesmo dispositivo legal. (LIMA, 2021, p. 1242-1244) 1) NÃO EXISTE COAÇÃO FÍSICA 2) A RECUSA NÃO PRESUME EMBRIAGUEZ ART. 306 – CTB - CLASSIFICAÇÃO
1) CRIME DOLOSO – SÓ SE APRESENTA NA FORMA DOLOSA;
2) CRIME COMUM – PRATICADO POR QUALQUER PESSOA; 3) CRIME DE MERA CONDUTA – NÃO NECESSITA DE CONSUMAÇÃO; 4) CRIME DE PERIGO ABSTRATO; 5) INSTANTÂNEO 6) UNISSUBJETIVO – UM SUJEITO 7) PLURISSUBSISTENTE – CONDUTA CARACTERIZADA POR VÁRIOS ATOS. 8) ADMITE TENTATIVA – EX: Motorista completamente embriagado é impedido de sair de estacionamento de bar. ART. 302 – CTB – PREVISÃO LEGAL Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. V - REVOGADO § 2º - REVOGADO § 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. ART. 302 – CTB X HOMICÍDIO CULPOSO (ART. 121, § 3º, CP)
STF: "( ... ) é inegável a existência de maior risco objetivo em decorrência da
condução de veículos nas vias públicas - conforme dados estatísticos que demonstram os alarmantes números de acidentes fatais ou graves nas vias públicas e rodovias públicas - impondo-se aos motoristas maior cuidado na atividade . O princípio da isonomia não impede o tratamento diversificado das situações quando houver elemento de discrímen razoável, o que efetivamente ocorre no tema em questão. A maior frequência de acidentes de trânsito, com vítimas fatais, ensejou a aprovação do projeto de lei, inclusive com o tratamento mais rigoroso contido no art. 302, parágrafo único, da Lei nº 9.503/97. A majoração das margens penais - comparativamente ao tratamento dado pelo art. 121, § 3°, do Código Penal - demonstra o enfoque maior no desvalor do resultado, notadamente em razão da realidade brasileira envolvendo os homicídios culposos provocados por indivíduos na direção de veículo automotor ". STF, 2• Turma, RE 428.864/SP, Rei. Min . Ellen Gracie, j. 14/ 10/2008 , DJe 216 13/ 11/ 2008 ELEMENTO NORMATIVO Alguém deve ser agregado um elemento normativo do tipo, que traduz a forma ou modo de execução: na direção de veículo automotor. Eventual acidente com reboques e trailers, não acoplados a um veículo automotor, bicicletas, carroças, etc., não podem ser considerados crimes de trânsito, tipificando, na verdade, o crime do art. 121, §3°, do CP.
ESPÉCIES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO: Abalroamento, atropelamento,
capotagem viária, choque viário (contra obstáculos físicos imóveis), colisão viárias (choque mais violento entre veículos que vinham em direção oposta), engavetamento viário, tombamento viário (veículo sai da posição normal e fica apoiado em um dos lados), precipitação viária (projeção de um veículo em nível inferior ao que trafegava) e queda acidental viária (veículo despenca em queda vertical). (LIMA, 2021, p. 1212) NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA 1) O Art. 302 do CTB - e do Art. 121, §3° do Código Penal - exigem que sua interpretação seja complementada pelo disposto no art. 18, inciso II, do Código Penal, segundo o qual o crime é culposo quando o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 2) O essencial em um tipo de injusto culposo como o do art. 302 do CTB não é a simples causação do resultado, mas sim a forma em que a ação causadora se realiza. Por isso, a observância do dever objetivo de cuidado, ou seja, a diligência devida, pelo condutor do veículo automotor afasta a tipificação do crime.
ATENÇÃO: O motorista cumpre com as normas de trânsito e mesmo assim
provoca a morte de outrem, não será possível lhe imputar juridicamente esse resultado, em face da inexistência de criação de um risco proibido, pouco importando, in casu, a existência de nexo de causalidade física entre a sua conduta e o evento morte. (LIMA, 2021, p. 1212) NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA
1) NEGLIGÊNCIA - É a imprevisão passiva, o desleixo, a inação.
Consiste em não fazer o que deveria ter sido feito.
É a abstenção de uma cautela que deveria ter sido adotada antes do agir descuidado.
EX: o proprietário do veículo que deixa de fazer a sua manutenção
regular, transitando com pneus (ou freios) em péssimas condições, vindo a perder a condução do automóvel, dando causa à morte de alguém. (LIMA, 2021, p. 1213) NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA
2)IMPRUDÊNCIA - é a culpa em sua forma comissiva (in agendo).
É a imprevisão ativa, havendo concomitância entre a imprudência e a ação, ou seja, a imprudência se desenvolve de maneira paralela à ação, ou seja, surge e se manifesta enquanto o seu autor pratica a conduta.
EX: O motorista que imprime velocidade excessiva em seu veículo,
com visível diminuição de seus reflexos e acentuada liberação de seus freios inibitórios, ou que desrespeita um sinal vermelho em um cruzamento; (LIMA, 2021, p. 1213) NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA
3) IMPERÍCIA - é a falta de capacidade, de aptidão, despreparo ou
insuficiência de conhecimentos técnicos para o exercício de arte, profissão ou ofício, razão pela qual, aliás, é chamada de culpa profissional.
OBS: A imperícia só pode acontecer no exercício de arte, profissão ou ofício.
Ocorrendo fora desses contextos, deve ser tratada, sob o ponto de vista jurídico, como imprudência ou negligência. EX: Se um motorista de ônibus de transporte coletivo de passageiros transita em excesso de velocidade, será imperito. Todavia, se essa mesma conduta tivesse sido praticada por um motorista qualquer, sua conduta seria imprudente. (LIMA, 2021, p. 1213) CULPA CONSCIENTE X DOLO EVENTUAL
a) Culpa consciente (com previsão ou ex lascívia): ocorre quando o agente prevê a
superveniência do resultado, mas confia levianamente na sua não ocorrência. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, a censurabilidade da conduta do agente no caso da culpa consciente é maior do que na culpa inconsciente, devendo, pois, ser valorada nesse sentido pelo magistrado por ocasião da apreciação das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal. b) Dolo Eventual – o agente prevê o resultado (resultado bastante provável) e mesmo assim resolve seguir adiante em sua ação. Ex: Jurisprudência: a embriaguez ao volante, o excesso de velocidade, o tráfego na contramão, a participação em competições automobilísticas não autorizadas, têm funcionado como indicativos de dolo eventual na direção de veículo automotor, tipificando, quase automaticamente, o crime de homicídio doloso do art. 121 do Código Penal, e não a figura culposa do art. 302 do CTB. DOLO EVENTUAL - STF
Supremo Tribunal Federal, "(. .. ) a conduta social desajustada daquele
que, agindo com intensa reprovabilidade ético-jurídica, participa, com o seu veículo automotor, de inaceitável disputa automobilística realizada em plena via pública, nesta desenvolvendo velocidade exagerada - além de ensejar a possibilidade de reconhecimento do dolo eventual inerente a esse comportamento do agente -, justifica a especial exasperação da pena, motivada pela necessidade de o Estado responder, grave e energicamente, a atitude de quem, em assim agindo, comete os delitos de homicídio doloso e de lesões corporais. ( ... )". STJ, 5ª Turma, RHC 83.687/SP, Rei. Min . Jorge Mussi, j. 17/08/2017, DJe 30/08/2017 PARA A DOUTRINA NEM SEMPRE SERÁ DOLO EVENTUAL OBS RENATO BRASILEIRO: “Parte relevante da doutrina sustenta que não se pode partir do princípio de que todos aqueles que dirigem embriagados, com velocidade excessiva e/ou participando de rachas, não se importavam em causar a morte ou mesmo lesões em outras pessoas. A propósito, basta tomar o exemplo citado por Rogério Greco do agente que, após beber excessivamente durante a comemoração de suas bodas de prata, resolve voltar, juntamente com sua esposa e três filhos, para a sua residência dirigindo um veículo automotor em alta velocidade, ocasião em que dá causa a um acidente de trânsito, causando a morte de toda a sua família. Aos olhos do referido autor, é de todo evidente que o agente importava-se com a ocorrência dos resultados e jamais aderiu a sua ocorrência, daí por que não se poderia lhe imputar o crime de homicídio a título de dolo eventual.” (LIMA, 2021, p. 1218) RACHA – ART. 308, CTB Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. § 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. RACHA – ART. 308, CTB BEM JURÍDICO TUTELADO: o crime previsto no art. 308 tutela diretamente a segurança viária, interesse de natureza transindividual, vez que pertence a todos aqueles que participam do tráfico por meio de vias terrestres.
OBS: o crime visa à proteção da incolumidade pública ou privada.
CRIME DE PERIGO CONCRETO: trata-se de crime de perigo concreto,
como é o caso, por exemplo, da constatação do perigo de vida, do perigo de afetação da integridade física, ou o perigo ao patrimônio de um número indeterminado de pessoas. Afinal, a situação de perigo criada pela participação em racha estava (e está) inserida no tipo penal RACHA – ART. 308, CTB SUJEITOS: Trata-se de crime comum, já que o tipo penal não exige qualquer condição especial em relação ao agente . O condutor do veículo pode ser habilitado ou não.
OBS: No caso do condutor não habilitado, aplica-se a agravante do art.
298, inciso III. .
TIPO OBJETIVO: O verbo núcleo do tipo é participar, que traduz a
ideia de tomar parte , intervir junto com outro, ou outros, em atividade, assunto, ou negócio. A conduta em questão deve ser praticada na direção de veículo automotor. PARTICIPAÇÃO a) CORRIDA: tipo de competição em que se percorre um determinado trajeto. Nesse caso, é feita uma proposição expressa por parte de um condutor, seguida da aceitação por outro. b) DISPUTA: há um desafio tácito entre os agentes, mediante expressa ou tácita provocação. A título de exemplo, se o condutor de um veículo, após ser ultrapassado por outro, passa a acelerar seu automóvel simplesmente por não ter gostado de ter ficado para trás, suscitando a reação do outro motorista que já estava à frente. (LIMA, 2021, p. 1250-1251) PARTICIPAÇÃO c) COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA: traduz a ideia de uma corrida, geralmente entre mais de duas pessoas, porém com locais de saída e chegada previamente estabelecidos.
d) EXIBIÇÃO OU DEMONSTRAÇÃO DE PERÍCIA EM MANOBRA NA
DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR: acrobacias, arrancadas, cavalos de pau, freadas bruscas, deslizamento ou arrastamento de pneus, em manobras conhecidas como "zerinho", empinar o guidão da motocicleta, etc. Nesses casos, independentemente da existência de qualquer tipo de corrida, disputa ou competição entre os envolvidos, ter-se-á como tipificado o crime do art. 308, caput, in fine , desde que a conduta seja praticada a partir da entrada em vigor da Lei n. 13.546/07 (19 de abril de 2018), sob pena de violação ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa. (LIMA, 2021, p. 1250-1251) RACHA – ART. 308, CTB RESULTADO LESÃO OU MORTE: Crime preterdoloso – dolo no antecedente, quanto ao art. 308, CTB, e culpa no consequente, quanto ao art. 302, CTB.
COMPETÊNCIA: Lesão corporal de natureza grave constante do art . 308, §1 º,
do CTB é cominada uma pena de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. Por sua vez, o crime qualificado pela morte do §2° do art. 308 prevê uma pena de reclusão, de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, também sem prejuízo das demais penas previstas neste dispositivo legal. Em ambos os casos, a competência será do Juízo Comum, aplicando- -se o procedimento comum ordinário (CPP, art. 394, §1 °, I). Não há falar em transação penal, nem tampouco em suspensão condicional do processo. A ação penal também é pública incondicionada. Admite-se a multa reparatória do art. 297, CTB, porque pode produzir danos materiais. (LIMA, 2021, p. 1253-1254) COMPETÊNCIA – ART. 308, CTB
OBS: Redação original do CTB: a pena cominada ao art. 308,
caput, era de detenção, de seis meses a dois anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. À época, portanto, referido crime era considerado infração de menor potencial ofensivo, sujeito, pois, à competência dos Juizados Especiais Criminais e ao procedimento comum sumaríssimo, admitindo- se, ademais, não apenas a transação penal quanto a suspensão condicional do processo. (LIMA, 2021, p. 1253) COMPETÊNCIA – ART. 308, CTB APÓS A LEI N. 12.971/14: pena de detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
OBS: Competência não é mais dos Juizados Especiais Criminais,
e sim do Juízo Comum, aplicando-se o procedimento comum sumário, nos termos do art. 394, §1°, II, do CPP. Não se admite a transação penal, pois a pena máxima é superior a 2 (dois) anos. Porém, como a pena mínima cominada não é superior a 1 (um) ano, é cabível, pelo menos em tese, a suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei n. 9.099/95. (LIMA, 2021, p. 1253)