Anais IV Concaps 2021
Anais IV Concaps 2021
Anais IV Concaps 2021
Volume I
ISSN 2526-7027
Anais
24 a 27 de agosto de 2021
Francisco Beltrão – PR
Realização
Editado por:
Geraldo Emílio Vicentini
Gisele Arruda
Discentes
Ana Paula Jaqueline Crestani
Ariadne Scaratti Campiolo
Camila Luiza Luft
Emilyane Batalha
Emmily Pereira da Costa Spegiorin
Hellen dos Santos Jaques
Hellena Alves Ferneda
Gabriela Ferst de Ré
Gabriele Montipó
Gabrieli Maria Cenci
Larissa Salla
Letícia Yabushita Rigoti
Lucas Bado
Mariana Feldberg Silvestro
Nicole Schneider
Patrícia Engelmann
Pietriny Emanueli PIana
Renata Fabris Lemos
Thais Miwa Onaka
Thalia de Paula Morais
Comissão científica
Franciele Aní Caovilla Follador
Geraldo Emílio Vicentini
Gisele Arruda
Kérley Braga Pereira Bento Casaril
Ketlyn Lucyani Olenka Rizzotto
Léia Carolina Lucio
Lirane Elize Defante Ferreto
Marina Daros Massarollo
Maryelle Cristina Souza Aguiar
Silvana Damin
SUMÁRIO
MEMÓRIA ALIMENTAR AFETIVA ENTRE IDOSOS DA UNATI, FRANCISCO BELTRÃO 1
CONSUMO ALIMENTAR E ASSOCIAÇÃO COM ESTADO ANTROPOMÉTRICO DE ESCOLARES DE UM
MUNICÍPIO DO OESTE DO PARANÁ 5
COMPARAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE O VÍRUS HPV ENTRE FAIXAS ETÁRIAS
DISTINTAS 13
EFEITO DO pH DURANTE A COCÇÃO DE HORTALIÇAS 18
ROMPENDO FRONTEIRAS PARA O CONTROLE DO CANCER DE COLO DE ÚTERO NO ESTADO DO
AMAZONAS 23
AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE CÁLCIO POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS INTOLERANTES À
LACTOSE 27
INCIDÊNCIA DE HEPATITE B NO MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO, PARANÁ, NO PERÍODO DE
2010 A 2019 31
PREVALÊNCIA DE ORTOREXIA NERVOSA EM ACADÊMICOS DE NUTRIÇÃO 36
COVID-19: DESFECHOS DA DOENÇA EM HOSPITALIZADOS DURANTE A CAMPANHA DE
IMUNIZAÇÃO 40
NÚMERO DE DOSES DA VACINA DO HPV APLICADAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL,
NA FAIXA ETÁRIA DE 9 A 18 ANOS, NOS ANOS DE 2013 E 2020: UM COMPARATIVO 44
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) NAS CIDADES DA 8ª
REGIONAL DE SAÚDE DO PARANÁ CONFORME FAIXA ETÁRIA E SEXO ENTRE 2011 E 2021 48
A COMUNIDADE ACADÊMICA E A SUA EXPOSIÇÃO AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
52
IMPACTO DA QUIMIOTERAPIA DE INDUÇÃO NAS CITOCINAS E NOS MARCADORES OXIDATIVOS NO
SANGUE PERIFERICO E MEDULA ÓSSEA DE CRIANÇAS COM LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA 58
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO HERBICIDA FUSILADE 250 EW® NO DESENVOLVIMENTO DE
COLÔNIAS DO FUNGO Aspergillus nidulans 63
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) NAS CIDADES DA 8ª REGIONAL
DE SAÚDE DO PARANÁ CONFORME FAIXA ETÁRIA E SEXO ENTRE 2011 E 2021 67
CONHECIMENTO SOBRE O PAPILOMAVIRUS HUMANO EM ADOLESCENTES DE UMA REDE PÚBLICA
DE ENSINO DE FRANCISCO BELTRÃO 71
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO AGROQUÍMICO PREMIO® NO DESENVOLVIMENTO DE COLÔNIAS DO
FUNGO Aspergillus nidulans 76
ANÁLISE DO PERFIL CLÍNICO-PATOLÓGICO DOS PACIENTES PORTADORES DE LEUCEMIA
LINFOCITICA AGUDA DO TIPO B EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DO PARANÁ 80
AULAS ONLINE DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR PARA IDOSOS: UMA EXPERIÊNCIA NA UNIVERSIDADE
ABERTA À TERCEIRA IDADE 85
COBERTURA DA VACINAÇÃO DO HPV QUADRIVALENTE NO ESTADO DO PARANÁ: UMA
COMPARAÇÃO ENTRE AS POPULAÇÕES MASCULINA E FEMININA 89
RELATO DAS AÇÕES DE CONSCIENTIZAÇÃO E PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA DE UM PROJETO
DE EXTENSÃO 93
AÇÃO DOS EFEITOS DO HERBICIDA FUSILADE 250 EW® SOBRE OS ORGANISMOS TESTES Artemia
salina E Aspergillus nidulans 96
IMPLANTAÇÃO DO INDICADOR DE QUALIDADE DE TRIAGEM NUTRICIONAL EM UM HOSPITAL DE
ATENDIMENTO PÚBLICO NO MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO/PR. 101
CARACTERIZAÇÃO CLINICOPATOLÓGICA DE MULHERES COM CÂNCER DE MAMA EXPOSTAS A
AGROTÓXICOS E EM ACOMPANHAMENTO NO HOSPITAL DE CÂNCER DE FRANCISCO BELTRÃO105
AÇÕES PARA GARANTIR A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DURANTE A PANDEMIA
COVID-19 NO ESTADO DO PARANÁ 109
NOTIFICAÇÕES DOS ACIDENTES DE TRABALHO REGISTRADOS NO INSTITUTO NACIONAL DE
SEGURO SOCIAL (INSS) DA REGIONAL DE FRANCISCO BELTRÃO, PARANÁ 113
EFEITO AGUDO DOS HERBICIDAS GRAMOCIL® E ZAPP QI 620® SOBRE A Artemia salina 117
INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS PARA SARS-CoV-2 NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ. 120
ALIMENTAÇÃO DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL OCASIONADO PELA PANDEMIA DE COVID-19.
125
ANÁLISE DO ESTRESSE OXIDATIVO E COMPARAÇÃO COM OS PADRÕES DE RESPOSTA PÓS
TRATAMENTO EM MULHERES COM CÂNCER DE MAMA NO HOSPITAL DE CÂNCER DE FRANCISCO
BELTRÃO 129
DESENVOLVIMENTO E ESTUDO IN VITRO DE UMA FORMULAÇÃO TERAPÊUTICA CONTENDO ÓLEO
ESSENCIAL DE CITRONELA PARA TRATAMENTO ALTERNATIVO DA MASTITE BOVINA 134
EFEITOS DO AGROQUÍMICO ROUNDUP® SOBRE OS ORGANISMOS TESTES Artemia salina E
Aspergillus nidulans 138
PREVALÊNCIA DE INFECÇÃO HOSPITALAR DE ETIOLOGIA FÚNGICA EM UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA ADULTO NO SUDOESTE PARANAENSE 142
ATENDIMENTO DOMICILIAR COMO ACESSO À SAÚDE: uma ação conjunta entre os ACS, serviço
social e odontologia da USF - Lago Azul do município de Cascavel-PR. 147
SÍNDROME DE BERTOLOTTI COMO CAUSA DE DOR LOMBAR INCAPACITANTE 151
INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DO
HOSPITAL REGIONAL DO SUDOESTE PARANAENSE 155
HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO: RELATO DE CASO 159
AGROTÓXICOS E O DÉFICIT COGNITIVO DE AGRICULTORES DE ENÉAS MARQUES - PR 162
COMPARAÇÃO DOS EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL DE ALTA INTENSIDADE (TFAI)
REALIZADO DE MANEIRA REMOTA VIA WEB/INTERNET VERSUS O MESMO TREINAMENTO
REALIZADO PRESENCIALMENTE SOBRE O VO2MAX. EM MULHERES SEDENTÁRIAS COM MAIS DE 50
ANOS DURANTE O PERÍODO DA PANDEMIA COVID-19. 166
ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS POR COVID-19 NAS POPULAÇÕES INDÍGENAS: PERDAS
CULTURAIS 170
EFETIVIDADE DA VACINA PARA SARS-CoV-2 EM IDOSOS 174
ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DE CASOS DE LEPTOSPIROSE CONFIRMADOS NOTIFICADOS NO PARANÁ
NO PERÍODO DE 2007 A 2017 179
Introdução
A expectativa de vida vem aumentando em maior parte das sociedades contemporâneas.
No aspecto nacional, dados de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostram que o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas acima de 60 anos, número que representa
13% da população do País. Nesse contexto, é fundamental ampliar as condições de melhoria na
qualidade de vida para esse público, promovendo capacitação de profissionais para lidar de modo
eficiente com essa parcela da população. Uma das iniciativas importantes neste de sentido no
Brasil, foi a criação da Universidade Aberta à Terceira Idade - UNATI. Trata-se de um programa
de extensão incorporado às universidades e visa a oferta de disciplinas de atualização em diversas
áreas do conhecimento, além de atividades socioculturais. A UNIOESTE, por meio do Campus de
Francisco Beltrão, oferta o curso Ciências do Envelhecimento Humano, desde 20161.
O presente texto apresenta uma discussão acerca de uma das atividades realizadas a partir
da disciplina ofertada pela orientadora deste trabalho, disciplina esta que se tratava de alimentação,
comida e cultura. A partir de conversação, troca de saberes, os idosos compartilharam histórias
que tratam - mais do que de alimentação, falam de memória e afetos onde a comida é tema central.
Assim sendo, o objetivo deste trabalho é apresentar uma pequena parte dos resultados de
pesquisa de iniciação científica realizada a partir das informações partilhadas por idosos da
UNATI sobre as práticas alimentares do passado, lembranças e afetos. Tal discussão se conecta
com os temas da socioantropologia da alimentação e nutrição.
Metodologia
O presente trabalho tem aprovação do comitê de ética em pesquisa com seres humanos sob
o parecer n. 3.047.807 CAAE 57031616.0.0000.0107. A abordagem utilizada é qualitativa com
análise de relatos e narrativas onde faz-se um resgate das memórias afetivas da comida.
Interpretando a partir das perspectivas subjetivas dos sujeitos estudados. Essa pesquisa traz
consigo muitos valores, culturas e crenças que correspondem com maior profundidade às
1
Sobre isso, ver: https://www.unioeste.br/portal/unati
Resultados e Discussão
Como não esgotaria toda a discussão apenas neste resumo expandido, optamos por trazer
apenas uma parte, apresentando análise mais geral e menos detalhada. Podemos afirmar a
existência de uma grande conexão entre os idosos entrevistados e o campo alimentar, tanto no que
se refere à produção (cultivo de alimentos), quanto à elaboração culinária. Ambas atreladas às
lembranças de relações de sociabilidade e comensalidade que envolvem, sobretudo, familiares.
Foram muitos os depoimentos sobre o passado, lembrando episódios na infância e
juventude, mas também quando já após constituídas as próprias famílias, aquelas lembranças
envolvendo momento com os filhos, filhas e cônjuges. Na maior parte dos relatos as memórias
envolvem um passado de muito trabalho na lavoura, tanto os homens quanto as mulheres, e
também no cuidado da casa, que neste caso recaía mais sobre as mulheres. Sempre numa
comparação de um passado de escassez e de muitas limitações e um presente de fartura e vida mais
confortável.
Há relatos importantes, como o do Sr. R, que contou da distribuição de porco abatido, cujas
partes eram distribuídas entre os vizinhos, e esses vizinhos retribuíam na sua vez de abater o porco.
Esse ritual está muito presente nas narrativas do Brasil rural de outrora, como em Cândido (1982),
ao escrever sobre algumas peculiaridades do caipira paulista. Em muitos lugares do interior, como
SP e MG, chama-se de “Matança do Porco”. Sobre a dádiva implícita nesse ato de retribuir a carne
que um dia foi recebida nos fala Marcel Mauss (2003), mais especificamente sobre a relação
“dádiva-troca”. O que, Segundo Lima (2015)
Há nesse sistema algo mais do que simplesmente uma troca de favor, como no
entendimento de Mauss (2003) de que a dádiva não é meramente uma retribuição
formal ou proveniente de um contrato verbal. Ela se constitui em uma relação que
envolve respeito e um tipo de acordo que é simbólico, tanto assim que a parte da
carne a ser doada é escolhida pelo doador sem nenhum acordo anterior.
Observa-se no olhar de quem fala sobre seu passado, uma saudade e uma gratidão a seus
entes que deixaram essa marca registrada na memória. Nota-se a comoção ao trazer para o presente
a lembrança de momentos especiais que viveram com suas famílias. Ter quem ouça suas histórias,
e dê importância às suas memórias, é gratificante, sobretudo para os idosos, principalmente no
cotidiano acelerado da sociedade contemporânea, e que encontrar quem escute é raro. A
possibilidade de se encontrar no outro um interesse de escutá-los ajuda a diminuir a solidão que
muitos velhos e velhas vivenciam nesta fase da vida.
Considerações finais
A presente pesquisa contribui para futuros estudos sobre a memória afetiva na prática
alimentar e na comensalidade dos idosos, contribui também na atuação de profissionais que tem
contato com idosos.
A alimentação tem profundas raízes culturais, e com o passar do tempo a incorporação de
novos hábitos alimentares fazem com que os hábitos passados tenham uma significativa
importância na memória dos idosos pesquisados. Pode-se afirmar que a alimentação é um
fundamental para o bem-estar por estar impregnada de sentimentos, afetos, emoções,
Referências
Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2018). População. Projeções e estmativas da população
do Brasil e da Unidades da Federação. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popclock&utm_ca
mpaign=novo_popclock Acesso em: 06/07/2021.
Cândido A (1982) Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e as transformações dos seus meios de
vida. 6.ed. Rio de Janeiro: Duas Cidades.
Lima RS (2015). Práticas alimentares e sociabilidades em famílias rurais da zona da mata mineira: mudanças e
permanências. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural. Universidade Federal de Viçosa.
Mauss M (2003). Ensaio sobre a dádiva. In: ______. Sociologia e antropologia, p. 281-314. São Paulo: Cosac-Naify.
Ana Lia Salbego Rutkakis1, Daniela Denize Klein2, Camila Elizandra Rossi3, Élister Lilian Brum Balestrin Fanin4 .
1
Nutricionista.
2
Nutricionista.
3
Professora Adjunta do Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS),
Campus Realeza/PR.
4
Nutricionista Responsável pela Divisão de Alimentação Escolar de Capitão Leônidas Marques-PR.
Palavras chaves: Consumo alimentar, doenças cardiovasculares, sobrepeso.
Introdução
No Brasil, segundo a POF (2008-2009)1, 47,8% das crianças e 21,5% dos adolescentes
estão com sobrepeso/obesidade. Em 2017, no município de Capitão Leônidas Marques/PR, a
pesquisa “Avaliação Nutricional de Alunos da Rede Municipal de Ensino” revelou que 30%
estavam com sobrepeso/obesidade2.
O sobrepeso/obesidade é fator de risco para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares (DCV), sendo uma das maiores causas de morte, o que gera custos altos para a
saúde pública. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que em 2005 ocorreram
17 milhões de óbitos por DCV entre crianças, adolescentes e adultos com menos de 70 anos, o que
representa 30% de todas as mortes anuais3.
Dentre os vários fatores que refletem negativamente no perfil nutricional da sociedade
brasileira citam-se as transformações econômicas, sociais e demográficas. O Programa Bolsa
Família (PBF), um dos maiores programas de transferência de renda no mundo, foi transformado
em lei e regulamentado pelo Decreto nº 5.209/2004. O público alvo são famílias em situação de
pobreza (com renda mensal per capita de R$ 77,01 a R$ 154) e extrema pobreza (com renda mensal
per capita inferior a R$77,00)4.
Face a estas considerações, este trabalho tem o propósito de avaliar o consumo alimentar e
o estado antropométrico (sobrepeso/obesidade e risco para DCV) dos escolares dos quintos anos
do ensino fundamental da rede municipal de ensino de Capitão Leônidas Marques/PR,
observando-se possíveis diferenças entre escolares beneficiários do Programa Bolsa Família.
Metodologia
Resultados e discussão
Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)(2008-2009). Rio de
Janeiro: IBGE; 2009.
Câmara intersetorial de segurança alimentar e nutricional. Plano municipal de segurança alimentar e nutricional 2017-
2020 [Internet]. Capitão Leônidas Marques-PR: CAISAN; 2017 [Acessado 2019 Nov 12]. 84 p. Disponível em:
http://capitaoleonidasmarques.pr.gov.br/documentos/baixar/plano.pdf
Cristiano Eduardo Antunes¹, Julia Fernandes Gois Orrutéa¹, Gisele Ferreira Paris², Fernando Mazetto Brizola²
1
Estudante de Medicina na Unioeste - Câmpus de Francisco Beltrão
2
Professor do curso de Medicina da Unioeste - Câmpus de Francisco Beltrão
cristianoea@hotmail.com
Palavras chaves: Fenda Labial; Fissura Palatina; Idade materna.
Introdução
A fenda labial e a fenda palatina são anormalidades congênitas caracterizadas por aberturas
ou descontinuidades anatômicas no lábio ou palato, com localização e extensão variadas. Cerca de
220.000 novos casos de fendas ocorrem anualmente no mundo. Determinou-se uma prevalência
média de 9,9 casos a cada 10.000 nascidos vivos analisando-se 30 países. No Brasil, a taxa de
prevalência de 2005 a 2016 foi de 0,51 casos a cada 1.000 nascidos vivos, sendo que as regiões
Sul e Sudeste do país apresentaram taxas maiores que a nacional1.
Tendo em vista a relevância do tema, o presente trabalho buscou analisar a proporção de nascidos
vivos com fendas labial e/ou palatina no Brasil, conforme as variáveis raça, região de nascimento,
idade materna, duração da gravidez, Apgar do 1° minuto e do 5° minuto, escolaridade da mãe e
peso ao nascer.
Metodologia
O estudo foi quantitativo e descritivo, com dados coletados no Sistema de Informação
sobre Nascidos Vivos (Sinasc) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde 2.
Utilizaram-se informações sociodemográficas dos anos de 2004 a 2018, incluindo o número total
de nascidos vivos, número de nascimentos que apresentaram fendas palatinas e/ou labiais, idade
materna (≤ 19 anos, 20 a 34 anos e ≥ 35 anos), raça dos nascidos (Branca, Preta, Parda, Amarela,
Indígena e Ignorada), região do país (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste), duração da
gravidez (< 37 semanas, ≥ 37 semanas e Ignorado), Apgar do 1º e do 5º minuto (< 8, ≥ 8 e
Ignorado), escolaridade da mãe (< 8 anos, ≥ 8 anos e Ignorado) e peso do recém-nascido (< 2500
g, ≥ 2500 g e Ignorado). A taxa de ocorrência de fendas foi calculada para os triênios do período
analisado conforme dados disponíveis em dezembro de 2020. Verificou-se a associação das
variáveis raça, região e idade materna com a apresentação ou não de fenda labial e/ou palatina
através do teste Qui-Quadrado por meio do software Minitab versão 19.1. A relação entre as taxas
de fenda foi realizada pelo teste ANOVA. Além disso, foram calculadas as Odds Ratios e seus
respectivos intervalos de confiança a 95%.
32,5%
< 8 anos 7.285 14.036.080 31,9% 0,52
Escolaridade da mãe
≥ 8 anos 14.861 66,2% 29.089.994 66,1% 0,51
18,4% 247,0%
< 2500 g 4.133 3.679.974 8,4% 1,12
Peso do recém-
nascido ≥ 2500 g 18.275 81,4% 40.229.470 91,4% 0,45
Pelo teste de independência Qui-Quadrado, as variáveis raça e presença de fenda labial e/ou
palatina demonstraram-se associadas em todos os triênios analisados (p < 0,05). A raça Branca
apresentou aproximadamente 11% mais chances de apresentar fissuras do que as demais raças (p
< 0,0001, IC 95% = 9,87% a 11,43%). Pelo teste Anova, as diferenças entre as taxas das raças
Preta-Branca e Parda-Branca foram estatisticamente significativas (p < 0,05). Em se tratando da
região do país, verificou-se que as variáveis presença de fenda labial e/ou palatina e região são
dependentes (p < 0,05). O teste Anova confirmou que as diferenças entre Sul-Norte, Sul-Nordeste,
Sul, Sudeste, Sul-Centro-Oeste e Sudeste-Nordeste foram estatisticamente significativas (p <
0,05). Os nascidos da região Sul apresentaram cerca de 47% mais chances de serem portadores de
fissuras (p < 0,0001, IC 95% = 42,56% a 52,56%). A idade materna também se mostrou associada
com a presença de fissuras, sendo que mulheres com 35 anos ou mais evidenciaram 35% mais
chances de terem filhos portadores do que os nascidos de outras idades maternas (p < 0,0001, IC
95% = 29,93% a 39,89%).
Verificou-se que pesos ao nascer inferiores a 2500 gramas estavam fortemente associados
às fendas labiais e/ou palatinas. Esses recém-nascidos apresentaram 2,47 vezes mais chances de
serem portadores de fendas (p < 0,0001, IC 95% = 2,39 a 2,56). As taxas de fissuras labial e/ou
palatina se mostraram significativamente maiores nos recém-nascidos de gravidezes com duração
inferior a 37 semanas, totalizando 0,92 casos de fenda a cada 1.000 nascimentos, comparando-se
a 0,47 casos de fenda para gravidezes com 37 semanas ou mais. O escore Apgar evidenciou forte
associação com a presença de fendas. Nesse sentido, nascidos com Apgar do 5º minuto inferior a
8 têm 3,4 vezes mais chances de exibirem fenda labial e/ou palatina (p < 0,0001, IC 95% = 3,26 a
3,59). Por fim, a escolaridade da mãe não apresentou associação com a presença de fendas labiais
Discussão
Com relação a pesquisas internacionais, a taxa de fendas obtida para o Brasil (0,51) se
mostrou condizente. No tocante à raça, a menor taxa em indivíduos de raça Preta e Parda, em
comparação aos de raça branca, assim como as maiores taxas em recém-nascidos das raças
Amarela e Indígena, mostraram-se coerentes com outras pesquisas3,4,5. No que tange às taxas mais
significativas na região Sul do país, os resultados podem ser explicados pelas diferenças
demográficas e étnicas do Brasil. Nos triênios estudados, 86,4% dos nascidos vivos na região Sul
foram da raça Branca, a mais vulnerável à malformação.
Quando se observa a idade materna, os resultados novamente estão de acordo com a literatura. As
possíveis explicações para mulheres de 35 anos ou mais terem mais filhos com fendas seriam as
exposições ambientais ou as alterações cromossômicas ocorridas nos gametas, além do processo
de envelhecimento uterino em si, que tem sua seletividade reduzida para embriões defeituosos com
o avanço da idade 6, 7.
Quanto ao peso do recém-nascido e a duração da gestação, resta evidente que neonatos
portadores de fissuras orais têm mais riscos de nascerem prematuros, algo que pode ser uma das
causas de apresentarem menor peso1.
O escore Apgar, como importante medida do bem-estar do recém-nascido, mostrou-se
fortemente associado às fissuras labiais e/ou palatinas. Destarte, atenção pormenorizada deve ser
dispensada a indivíduos que apresentem o escore reduzido.
O crescimento das taxas de fenda ao longo dos triênios pode estar relacionado com o
melhor preenchimento da Declaração de Nascido Vivo, para inserção no Sinasc e, também, com a
alternância dos profissionais responsáveis pelo preenchimento da declaração de nascimento, como
citado por outros pesquisadores8. A instrução dos profissionais quanto ao preenchimento da
declaração deve ser eficaz, visto que se constitui em uma importante ferramenta para o estudo das
doenças em nível nacional, colaborando para a compreensão das particularidades regionais.
Considerações finais
A questão das fendas labial e/ou palatina é de considerável relevância, tendo em vista que
interfere profundamente na condição de vida do indivíduo acometido. Colocada a devida
magnitude do assunto, o trabalho ora apresentado colaborou para evidenciar a dependência das
variáveis raça, região do país, idade materna, duração da gravidez, Apgar do 1º e 5º minuto, peso
ao nascer e escolaridade da mãe com esta malformação congênita.
Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Sistema de Informação de
Nascidos Vivos [online]. Brasília, Brasil; 2020. [acesso 2 Dez 2020]. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def.
Croen L, et al. Racial and ethnic variations in the prevalence of orofacial clefts in California, 1983-1992. Am J Med
Genet. 1998;79.
World Health Organization. Global strategies to reduce the health-care burden of craniofacial anomalies. Geneva:
World Health Organization; 2002.
Berg E, et al. Parental age and the risk of isolated cleft lip: a registry-based study. Annals of epidemiology.
2015;25(12):942-7.
Herkrath APC de Q, et al. Parental age as a risk factor for non-syndromic oral clefts: a meta-analysis. J Dent.
2012;40(1):3–14.
Silva GF, Aidar T, Mathias TAF. Qualidade do Sistema de Informações de Nascidos Vivos no estado do Paraná, 2000
a 2005. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(1):79-86.
Ariadne Scaratti Campiolo¹, Anna Karoline Diniz Rodrigues¹, Henrique Rodrigues Menezes Oliveira¹, Julia Prochmam
Vendrame¹, Kevin Luis Stein¹, Matheus Ramos Pinto¹, Nhelayne Ruhane Aparecida de Oliveira¹, Rodolfo Manosso Lopes
Conceição¹ Roseber Trindade Cunha Prates ² Léia Carolina Lucio²
1
Discente, Medicina, CCS, Francisco Beltrão. ² Docente, Medicina, CCS, Francisco Beltrão.
*ariadnescampiolo@gmail.com
Palavras chaves: HPV; Conhecimento; faixa etária.
Introdução
O papilomavírus humano (HPV) causa a infecção sexualmente transmissíveis mais
prevalentes e está associado ao desenvolvimento de diversas neoplasias (DUNNE, PARK, 2013).
O câncer de colo do útero, por exemplo, é o terceiro tipo mais frequente entre as mulheres
brasileiras cujo agente principal para seu desenvolvimento é o HPV (INCA, 2021). Já foram
descritos mais de 200 tipos desse vírus e, embora existam vacinas profiláticas para os mais
agressivos, a cobertura de imunização ainda é pequena (MAGALHÃES et al. 2021).
Nesse sentido, baseando-se na educação em saúde como ferramenta de prevenção e diagnóstico
precoce, este estudo foi desenvolvido com objetivo de analisar o conhecimento de jovens
estudantes oriundos de escolas públicas de Francisco Beltrão, nos anos de 2018 e 2019, sobre o
vírus, mecanismo de infecção e métodos preventivos, considerando as faixas etárias de 9 a 14 anos
e 15 a 20 anos.
Metodologia
No presente estudo, foi realizado uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa,
através de um questionário com 21 perguntas objetivas, respondido por 220 alunos de duas escolas
públicas de Francisco Beltrão nos anos de 2018 e 2019, distribuídos entre 9-14 anos e 15-20 anos.
As perguntas selecionadas nesta análise foram: “Quem pode se infectar pelo HPV?”, “Mesmo
vacinado (a) será necessário utilizar preservativo durante a relação sexual?”, “As mulheres
vacinadas precisam realizar o exame Papanicolau?”, qual o principal meio para se prevenir contra
o vírus do HPV?”; Além do uso de artigos científicos presentes em bases de dados, como Scielo,
empregados para a discussão da temática.
Resultados
As perguntas analisadas foram retiradas do questionário aplicado e os grupos foram
divididos conforme as idades dos participantes. Referente às questões “Quem pode se infectar pelo
HPV?”, “Mesmo vacinado (a) será necessário utilizar preservativo durante a relação sexual?”, “As
mulheres vacinadas precisam realizar o exame Papanicolau?”, foram avaliadas as respostas de 110
alunos entre 9-14 anos e 110 alunos entre 15-20 anos. Para a questão “Qual o principal meio para
se prevenir contra o vírus do HPV?”, foram utilizados 80 estudantes entre 9-14 anos e 80 entre 15-
20 anos, sendo excluídos 60 indivíduos devido ao não preenchimento da pergunta.
Em relação à pergunta “Quem pode se infectar pelo HPV?”, 86,36% da faixa etária de 9
a 14 anos responderam que ambos os sexos podem ser infectados pelo vírus, assim como 81,82%
dos jovens entre 15-20 anos. O restante dos indivíduos da primeira faixa etária responderam que
apenas mulheres podem se infectar pelo HPV (5,45%), ou apenas homens (1,82%), ou não sabiam
a resposta (6,36%). Quanto à segunda faixa etária, 15,45% responderam que apenas mulheres
podem se infectar, e 4,55% não sabiam a resposta.
Em relação à pergunta “Mesmo vacinado (a) será necessário utilizar preservativo
durante a relação sexual?”, as opções de resposta eram: Sim; Não; Não sei. Observou-se que das
220 respostas coletadas, 83,18% afirmaram não ser necessário o uso de camisinha, sendo 79,09%
referentes às idades de 9-14 anos e 87,28% entre 15-20 anos. Constatou-se ainda que cerca de
10,90% da segunda faixa etária desconhecem a necessidade do uso de preservativo mesmo após a
vacinação, assim como 7,27% dos jovens da primeira. Além disso, apenas 1,82% dos jovens entre
15-20 anos afirmaram ser necessário o uso de preservativo após a vacinação.
Figura 1. Análise das questões aplicadas entre os grupos de diferentes faixas etárias.
Figura 2. Análise das questões aplicadas entre os grupos de diferentes faixas etárias.
Discussão
Os dados acerca da possibilidade de infecção pelo HPV, apesar de demonstrar que a
maioria dos indivíduos entende que ambos os sexos podem se infectar, ainda indicam dificuldades
na compreensão do mecanismo básico de contágio por parte dos jovens, sendo o HPV altamente
Considerações finais
Constata-se que os dados expostos convergem a um estado de alerta nas questões de Saúde
Pública, devido a uma soma de fatores, principalmente relacionados à desinformação dos jovens,
que levam à prevalência da taxa de contaminação pelo HPV. Em ambas as faixas etárias, nota-se
uma escassez de conhecimentos básicos quanto aos perigos do agente viral, bem como a
importância da imunização, mesmo com a conscientização da existência do vírus pela maioria.
Referências
MARTINS-ROTELI, C. M. et al. Associação entre idade ao início da atividade sexual e subseqüente infecção por
papilomavírus humano: resultados de um programa de rastreamento brasileiro. Scielo [Internet]. 2007 [cited 2021 Jun
16]; Available from: <https://www.scielo.br/j/rbgo/a/xvnxzF4PKmSR4XNHFkQhxVx/?lang=pt>
ALIANO, M. P. et al. Conhecimento e aceitação da vacina contra o HPV entre pais de adolescentes de 11 a 13 anos
em uma cidade do Sul do Brasil. UNESC [TCC on the Internet]. 2015 [cited 2021 Jun 16]; Available from:
<http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/7355/1/D%c3%a9bora%20Martins%20Aliano%20-
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Silveira NSP, et al. Conhecimento, atitude e prática sobre o exame colpocitológico e sua relação com a idade feminina.
Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016;24:e 2699.
DUNNE, Eileen F.; PARK, Ina U.. HPV and HPV-Associated Diseases. Infectious Disease Clinics Of North America,
v. 27, n. 4, p. 765-778, dez. 2013. Elsevier BV.
INCA. Câncer do colo do útero. 2021. Acesso em: 17 jun. 2021. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-
cancer/cancer-do-colo-do-utero.
MAGALHÃES, G. M. et al. Update on human papilloma virus - part I: epidemiology, pathogenesis, and clinical
spectrum. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 96, n. 1, p. 1-16, jan. 2021. Elsevier BV.
PEREIRA, R. G. V. et al. A influência do conhecimento na atitude frente à vacina contra o Papilomavírus Humano:
Ensaio Clínico Randomizado. ABCS Health Sci, v. 41, n. 2, p. 78-83, ago. 2016
Anne Luize Lupatini Menegotto¹*, Cleonice Scabeni1, Elis Dayana Ayala Ramirez1, Marina Daros Massarollo1.
1
Departamento de Nutrição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Francisco Beltrão.
*annelupatini@yahoo.com.br
Palavras chaves: Betalaína; carotenoides; clorofila.
Introdução
Hortaliças são uma categoria de vegetais, abrangendo verduras e legumes, e em sua
maioria, podem ser fontes de vitaminas e minerais. Além disso, as hortaliças representam um
importante setor da agricultura no Brasil, sendo que as partes comestíveis deste grupo de vegetais
são: folhas; sementes; raízes e tubérculos; bulbos; flores; frutos; caules (PHILIPPI, 2014).
Para a escolha adequada do método de cocção, é necessário conhecer a classificação das
verduras e legumes segundo sua coloração e as possíveis modificações que podem ocorrer durante
o cozimento (PHILIPPI, 2014). Os pigmentos das hortaliças podem ser classificados em algumas
categorias principais como carotenoides, clorofilas, antocianinas, flavonoides e betalaínas; assim
como conforme sua estrutura química, tal como, compostos heterocíclicos com estrutura
Metodologia
As hortaliças utilizadas foram cenoura, brócolis e beterraba, além disso suco de limão e
bicarbonato de sódio; todos obtidos de procedências comerciais distintas. Para pesagem dos
materiais utilizou-se balança digital com capacidade de pesagem de 5 kg (Eletronic SF-400).
Tabela 1 – Quantidade do ingrediente e tempo de cocção para analisar a variação do pH para diferentes pigmentos.
O fator de correção (FC) e o índice de cocção (IC) foram determinados pela Equações 1 e 2,
respectivamente (ORNELAS, 2007; PHILIPPI, 2014).
(1)
(2)
Resultados
Para avaliação da variação do pH para os diferentes pigmentos, betalaína, carotenoides e
clorofila, estudou-se a cocção das hortaliças (beterraba, cenoura e brócolis) com adição de suco de
limão e com bicarbonato de sódio. Os valores referentes aos pesos bruto (PB), peso líquido (PL) e
peso cozido (PC), assim como o FC e o IC estão descritos na Tabela 2. As Figuras 1 e 2 apresentam
imagens das hortaliças antes e depois do cozimento com limão e bicarbonato de sódio,
respectivamente.
Tabela 2 – Pesos bruto, líquido e cozido das hortaliças avaliados pela variação do pH com utilização de suco de
limão e bicarbonato de sódio, além do fator de correção e índice de cocção.
Variação pHPB PL PC PB PL PC PB PL PC
FC IC FC IC FC IC
(g) (g) (g) (g) (g) (g) (g) (g) (g)
Bicarbonato
50 43 42 1,16 0,97 50 40 29 1,25 0,75 50 31 45 1,61 1,45
de sódio
(a) (b)
(c) (d)
Figura 1 – Hortaliças antes da cocção com suco de limão (a) e após a cocção, beterraba (b), cenoura (c) e brócolis
(d).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 2 – Hortaliças antes da cocção com bicarbonato de sódio (a) e após a cocção, beterraba (b), cenoura (c) e
brócolis (d).
Discussão
Com o uso de suco de limão (pH ~5,0), foi possível verificar que a beterraba e a cenoura
não tiveram sua coloração afetada com a cocção, os pigmentos betalaína e carotenoides foram
mantidos. Contudo, é importante ressaltar que o tempo de cocção não garantiu a maciez adequada
dessas hortaliças. O cozimento do brócolis com suco de limão, resultou em uma alteração na sua
coloração, a clorofila ficou amarelada e com uma aparência de “queimada”, isto ocorreu devido a
formação da feofitina (SANTOS et al., 2019).
Ao utilizar do bicarbonato de sódio, a beterraba perdeu sua cor e sabor característicos, o
pigmento passou da cor roxa para amarronzado, sendo que a água de cozimento também
apresentou coloração amarronzada. A maciez da hortaliça foi adequada. A alteração de coloração
da betalaína, possivelmente, é decorrente da alteração do pH, que pode ter chegado em valor
próximo a 8,0 (SANTOS et al., 2019). Ao avaliar a cenoura, foi possível perceber que a textura
apresentou extrema maciez, porém sua coloração não foi afetada. O brócolis cozido apresentou
Considerações finais
Com o estudo da variação do pH durante o cozimento foi possível observar uma
manutenção da pigmentação das hortaliças avaliadas, exceto a clorofila ao utilizar suco de limão,
e a betalaína quando se utilizou bicarbonato de sódio. Entretanto, é importante ressaltar o uso de
bicarbonato de sódio pode promover a perda de nutrientes e sua água de cozimento não pode ser
reutilizada.
Referências
Moreira LN (2016) Técnica dietética. Rio de Janeiro: SESES.
Nunes RM (2010) Tabelas de Per Capita e Fatores de Correção e Rendimento. Disponível:
<http://www.ufjf.br/renato_nunes/files/2010/08/apostila-de-fator-de-corre%C3%A7%C3%A3o- dosalimentos.pdf>.
Acesso em 25 mai 2021.
Nina Rosa Gomes de Oliveira Loureiro¹, Laiz Mangini Cicchelero¹, Maria de Lourdes de Almeida²
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação Saúde Pública em Região de Fronteira da Universidade do Oeste do Paraná
– Unioeste campus Foz do Iguaçu.
2
Docente do Programa de Pós-Graduação Saúde Pública em Região de Fronteira da Universidade do Oeste do Paraná
– Unioeste campus Foz do Iguaçu.
ninarenf@hotmail.com
Palavras chaves: Neoplasias do colo do útero, Prevenção de doenças, Acesso aos serviços de saúde.
Introdução
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, descritivo e analítico, utilizando as informações da
Resultados e Discussão
O gráfico 1 traz a incidência do CCU de cada unidade federativa brasileira com o número
de casos para cada 100.000 mulheres, onde a taxa nacional é de 15,387. O estado do Amazonas
apresenta o maior índice nacional com 33,08 casos para 100.000 mulheres, 115% a mais que a
média do país, seguido por Tocantins com 27,9 casos/100.000 mulheres, ambos pertencentes à
região Norte.
19,83
16,8
AMAPA 22,31
13,85 21,49 33,08
CEARA
Unidade Federativa
15,01
11,65 16,79
GOIAS
MATO GROSSO DO SUL 12,06 19,54 24,74
11,8 18,41
PARAÍBA 13,56
16,89
14,64
PIAUI
18,823,19
17,01
RIO GRANDE DO SUL 12,35
14,4419,01
SANTA CATARINA 26,67
9,61 19,67
TOCANTINS 27,9
0 5 10 15 20 25 30 35
Incidência CCU por 100.000 mulheres
Considerações finais
A falta de conhecimento em relação a importância do exame, falta de humanização no
atendimento e o sentimento das mulheres perante ao exame são fatores que dificultam a busca pelo
exame preventivo Papanicolau10.
É necessário estudar as lacunas que permeiam os índices e, principalmente, discutir e
implementar estratégias voltadas para promoção da saúde da mulher tragam adesão ao exame
objetivando diminuir os diagnósticos tardios e eventuais agravamentos da neoplasia.
Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados do Censo 2010 Cidades e Estados [Internet]. Brasília (DF):
IBGE; 2010. [citado 25 jun 2021]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/am/.
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SILVA. JFS. Comportamento do câncer e atenção à saúde em uma cidade da fronteira: análise da mortalidade por
neoplasias e avaliação da assistência oncológica de alta complexidade, Corumbá, Mato Grosso do Sul [dissertação].
Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; 2010.
World Health Organization. Human papiloma virus (HPV) and cervical cancer [internet]. Geneva: World Health
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tendências e projeções até o ano 2030. Ciênc saúde colet [internet]. 2016 [citado 27 jun 2021]; 21(1): 253-62.
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cumprimento dos direitos humanos. In: XV Semana de Relações Internacionais [internet]; 2017, Marília. Anais do
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Souza MIM, Fernandes, MVC, Gadelha, EPN. The prevention of cervical cancer and the difficulties faced in adhering
to the Pap smear: Integrative review. European Academic Research. 2020; 8(6):3852-62.
Luiza Scalcon de Oliveira¹, Kérley Braga Pereira Bento Casaril2, Fernando Rodrigo Treco²
1
Mestranda em Ciências Aplicadas à Saúde, Universidade Estadual do Estado do Paraná - Campus Francisco Beltrão,
2
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Francisco Beltrão.
fernando.treco@unioeste.br
Palavras chaves: ingestão de cálcio; universitários; deficiência de lactase.
Introdução
Metodologia
Tratou-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e qualitativa, realizada
por meio de levantamento de dados com os discentes matriculados em cursos de graduação,
pertencente ao Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus
Francisco Beltrão, entre os meses de agosto a outubro de 2019. Tal pesquisa foi apreciada pelo
Comitê de Ética envolvendo Pesquisas com Seres Humanos de acordo com as resoluções 466/2012
Conselho Nacional de Saúde, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE),
aprovado com o CAAE 15896619.2.0000.0107.
Para a amostra, foram considerados intolerantes à lactose qualquer pessoa que tivesse o
diagnóstico médico, laudo bioquímico ou que referisse ter sintomas gastrintestinais após o
consumo de leites e derivados, como dor abdominal, diarreia, flatulência, entre outros. Informou-
se aos participantes sobre o funcionamento da pesquisa, sendo que aqueles que estavam de acordo
consentiram expressamente via Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a
utilização dos dados obtidos, garantindo-lhes confidencialidade.
Para avaliar o consumo de cálcio, aplicou-se, por meio de entrevista, um Recordatório
Alimentar de 24 horas (R24h) em 3 dias da semana que, posteriormente foi repassado ao programa
Resultados e Discussões
Participaram desta pesquisa 15 acadêmicos com idade entre 18 e 38 anos. Destes, 86,7%
eram do sexo feminino e 13,3% do sexo masculino, sendo que 93,3% se autodeclararam brancos
e 6,7% amarelos. Do total de participantes, 66,7% possuíam exames laboratoriais que
comprovaram o diagnóstico de intolerância à lactose, enquanto 33,3% não possuíam os referidos
exames, mas apresentavam sintomas da IL, sendo estes alocados no grupo de IL autorreferida.
Em relação à média da ingestão de cálcio, todos os participantes apresentaram consumo
inadequado, como apresentado na Tabela 1.
Apenas quatro entrevistados atingiram 80% ou mais do consumo necessário de cálcio,
chegando muito próximo do indicado. Entretanto, deve-se considerar também que, em dias
isolados, pelo menos cinco pessoas, ou seja, 33,3% da amostra, conseguiram atingir a ingestão
adequada ou ainda, ingerir acima do necessário. Vale ressaltar que, avaliando o padrão alimentar
qualitativamente, notou-se que nesses dias houve também o consumo elevado de produtos
derivados de leite de vaca, em sua maioria contendo lactose.
Em contrapartida, aqueles que conseguiram atingir ou superar a necessidade de cálcio em
algum dos dias, em outros dias tiveram o consumo muito abaixo do ideal. Portanto, ressalta-se que
a necessidade de manter o consumo de cálcio contínuo e adequado7.
Montarroyos5, em estudo que buscou quantificar a ingestão de micronutrientes em
universitários, constatou que em uma dieta normal (sem restrições de lactose), os indivíduos
mantiveram o consumo de cálcio adequado, demostrando assim, que a IL se torna um fator
determinante no baixo consumo desse mineral.
Tabela 1 – Estimativa do consumo de cálcio dos participantes em relação ao valor diário recomendado pela
Recommended Dietary Allowances proposta na DRI (2006), representado em miligramas (mg) – CCS da UNIOESTE
campus Francisco Beltrão – 2019.
DRI de cálcio Estimativa do consumo de Cálcio (mg)
Idade Média do
Entrevistado Sexo para sexo e idade
(anos) %VD*
(mg) 1º dia 2º dia 3º dia Média individual
Percebeu-se pelo R24h, que apesar da intolerância, muitos entrevistados não deixaram de
consumir os produtos contendo lactose e, por vezes, relataram desconforto após o consumo. Sendo
assim, constata-se aqui a importância do profissional nutricionista, que pode auxiliar na realização
de substituições alimentares adequadas e no controle mais preciso da ingestão de cálcio.
Essa afirmação pode ser evidenciada quando se analisa o entrevistado 12 na Tabela 1, o
qual procurou por ajuda profissional durante os dias das coletas de dados. Nota-se que, na primeira
entrevista, a quantidade de cálcio consumida baixa e nos dias seguintes, houve aumento gradual
da ingestão desse mineral, chegando muito próximo do que é recomendado pela DRI 6.
Essa alteração no padrão alimentar ocorreu, segundo o indivíduo entrevistado, pela
interferência de um profissional nutricionista, que por meio de um plano alimentar, manteve o
aporte adequado de nutrientes. Ademais, atualmente, com os avanços da tecnologia de alimentos
é possível hidrolisar a lactose dos leites e derivados, além da possibilidade do consumo da enzima
lactase exógena previamente ao consumo de produtos contendo lactose8.
Sugere-se ainda que pessoas com IL busquem por outras fontes de cálcio, principalmente
em alimentos de origem vegetal 3,7. Além disso, é possível aumentar a ingestão de cálcio por meio
do consumo de alimentos fermentados, como iogurtes e, principalmente o kefir, sendo que este
último possui baixo teor de lactose, permitindo assim, que intolerantes à lactose consumam sem
apresentar desconfortos gastrointestinais9.
Apoio
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES
Referências
1
Branco MSC, Dias NR, Fernandes LGR, Berro E, Simioni PU. Classificação da intolerância à lactose: uma visão
geral sobre causas e tratamentos. Rev. Ciênc. Méd [Internet]. 2017;26(3):117-125. Doi:10.24220/2318-
0897v26n3a3812.
3
Buzinaro EF, Almeida RNA, Mazeto GMFS. Biodisponibilidade do Cálcio Dietético. Arq. Bras. Endocrinol. Metab
[Internet]. 2006;50(5). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
27302006000500005.
4
França NAG, Martini LA. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes: Cálcio. Brasil: International Life
Sciences Institute do Brasil; 2014.
6
Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes: The Essential Guide to Nutrient Requirements/ Jennifer J. Otten,
Jennifer Pitzi Hellwig, Linda D. Meyers,. Washington, DC: The National Academies Press. 2006. Disponível em:
https://www.nal.usda.gov/sites/default/files/fnic_uploads/DRIEssentialGuideNutReq.pdf.
7
Mahan LK, Escott-Stump S, Raymond JL. [transtale Claudia Coana et al.]. Krause, Alimentos, Nutrição e
Dietoterapia. 13° ed. Elsevier; 2012.
5
Montarroyos ECL. Estudo do consumo alimentar e estado nutricional de estudantes universitários da área da saúde
[dissertation]. Brasília: Universidade de Brasília; 2017.
2
Santos GJ, Rocha R, Santana GO. Lactose intolerance: what is a correct management?. Rev. Assoc Med Bras
[Internet]. 2019; 65(2):270-275. DOI: 10.1590/1806-9282.65.2.270
8
Maczucha, J. M.; Cestonaro, T.; Medeiros, C. O.; Cavagnari, M. A. V. Uso da enzima lactase sintética e consumo
de leite e derivados entre intolerantes à lactose [Internet]. Rev Bras Nutr Clin. 2015;30(1):9. Disponível em:
http://www.braspen.com.br/home/wp-content/uploads/2016/11/10-Uso-da-enzima-lactase.pdf
9
Terra, FM. Teor de lactose em leites fermentados por grãos de kefir [monografia]. Brasília: Universidade de Brasília;
2007.
Marina Ferronato Dalla Vecchia¹, Gabriele Montipó¹, Ester Sidral Ramos Padilha¹, Aline Sayuri Hayashi 1, Izabele
Ferreira de Araújo¹, Maria Luisa Kechichian Lucchini¹, Roberto Shigueyasu Yamada²
Introdução
A hepatite B é uma doença causada pelo vírus da hepatite B (VHB) e é caracterizada pela
inflamação do fígado, que pode evoluir para cirrose hepática e carcinoma hepatocelular, levando
ao colapso do órgão e à necessidade de transplante¹. No Brasil, as hepatites virais são consideradas
doenças de notificação obrigatória. O VHB tem tempo de incubação de 30 a 180 dias, possui alta
transmissibilidade², sendo 100 vezes mais infectante do que o vírus da imunodeficiência humana
(HIV)¹, e é transmitido tanto pelo sangue quanto pela via sexual - sendo considerado um vírus de
IST. Ademais, em áreas endêmicas, a transmissão vertical tem grande importância².
De 1999 a 2019, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN)
673.389 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 247.890 (36,8%) são referentes
aos casos de hepatite B. De 2007 a 2019, verificou-se que a taxa de detecção na região Sul foi
superior à taxa nacional. Em 2019, o Sul foi a região com maior taxa de detecção de hepatite B, o
Paraná foi o 4º estado com maior taxa, e Curitiba foi a 6ª capital com maior incidência³. Esse
quantitativo pode ser considerado alto, levando-se em conta que a doença pode ser prevenida por
vacina, cuja eficácia, segundo a OMS, é de 95% na prevenção da infecção4.
Tendo em vista esses aspectos, o presente estudo tem como objetivo analisar o perfil
epidemiológico dos casos confirmados de hepatites B notificados no SINAN de Francisco Beltrão,
Paraná, no período de 2010 a 2019, em comparação aos casos e às taxas de incidência estadual e
nacional.
Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo transversal. A coleta de dados foi feita a
partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e disponibilizados pelo
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no endereço eletrônico
(http://www.data-sus.gov.br), com acesso em 22 de junho de 2021. A população analisada incluiu
todos os casos e as taxas de incidência de Hepatite B, entre o período de 2010 a 2019, do Brasil,
do Paraná e do município de Francisco Beltrão. Por ser uma pesquisa baseada em dados de domínio
público, o projeto não precisou ser submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados e Discussão
No período de 2010 a 2019, foram notificados 154.029 casos confirmados de hepatite B
Tabela 1 – Casos de hepatite B e taxa de detecção (por 100.000 habitantes) por ano de notificação, 2010-2019, no
Brasil
Hepatite B Total 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Casos 154.029 13.711 16.683 16.286 16.720 16.743 16.149 14.829 14.251 14.686 13.971
Taxa de - 7,2 8,7 8,4 8,3 8,3 7,9 7,2 6,9 7,0 6,6
incidência
5MS/SVS/DCCI - Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (adaptado).
Tabela 2 – Casos de hepatite B e taxa de detecção (por 100.000 habitantes) por ano de notificação, 2010-2019, no
Paraná
Hepatite Total 2010 2011 2012 2013 20142015 2016 2017 2018 2019
B
Casos 19.217 1.563 2.250 2.027 2.045 2.1391.926 1.913 1.748 1.825 1.781
Taxa de - 15,0 21,4 19,2 18,6 19,317,3 17,0 15,4 16,1 15,7
incidência
5MS/SVS/DCCI - Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (adaptado).
Tabela 3 – Casos de hepatite B e taxa de detecção (por 100.000 habitantes) por ano de notificação, 2010-2019, em
Francisco Beltrão
Hepatite B Total 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Casos 436 44 77 83 41 25 30 23 12 53 48
Taxa de - 55,7 96,4 102,8 48,6 29,2 34,7 26,3 13,6 58,9 53,4
incidência
5MS/SVS/DCCI - Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (adaptado).
As taxas de detecção de hepatite B no Brasil têm mostrado uma queda a partir de 2015, atingindo
6,6 casos para cada 100 mil habitantes no país em 2019. Contudo, verificou-se que as taxas de
detecção no município estudado foram superiores à taxa nacional e estadual, com exceção de 2017
(Gráfico 1).
Gráfico 1 – Taxas de incidência de hepatite B (por 100.000 habitantes) segundo local e ano da notificação, 2010 -
2019.
Tabela 4 – Casos confirmados de hepatite B segundo fonte de infecção, no período de 2010-2018, em Francisco
Beltrão
Hepatite Sexual Transfusional Uso de Drogas Vertical Domiciliar Outros Ign/Branco Total
B Injetáveis
No período de 2010 a 2018, a taxa de detecção mais elevada ocorreu entre indivíduos de
40 a 59 anos (46,19%), e entre os de 20 a 39 anos (40,15%). As menores taxas de detecção de
hepatite B ocorreram entre os indivíduos menores de 14 anos (Tabela 5).
Tabela 5 – Casos confirmados de hepatite B por faixa etária, no período de 2010-2018, em Francisco
Beltrão
Hepatite <1 ano 10-14 15-19 20-39 40-59 60-64 65-69 70-79
Total
Em relação às altas taxas de detecção de hepatite B na região Sul, acredita-se que esses
números sejam resultados de uma maior eficiência no sistema de notificação de casos em
comparação a outras regiões do Brasil. Além disso, evidências mostram que o uso de pistolas
pressurizadas para vacinação nos anos de 1990 e o atraso da introdução da vacina de hepatite B na
região do oeste paranaense, onde se encontra o município de Francisco Beltrão, pelo Programa de
Nacional de Imunização de 1995, contribuíram para a manutenção da infecção pelo vírus na
região⁷. É importante, porém, considerar a possibilidade de casos subnotificados e/ou duplamente
notificados, o que pode afetar a veracidade dos números apresentados.
Considerações finais
Referências
Anastácio, J., Johann, A. A., Chiuchetta Colli, S. J. R., Silva, A. L., & Panagio, L. A. (2008). PREVALÊNCIA DO
VÍRUS DA HEPATITE B EM INDIVÍDUOS DA REGIÃO CENTRO-OCIDENTAL DO PARANÁ, BRASIL.
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da Saúde, 2015. p 68.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas
e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico Hepatites Virais. Número Especial
Indicadores e Dados Básicos das Hepatites nos Municípios Brasileiros [Internet]; 2021. Disponível em:
<http://indicadoreshepatites.aids.gov.br>. Acesso em 15 jun. 2021.
Introdução
Os transtornos alimentares podem ocorrer por vários fatores, como pré-disposição
genética, meio social, cultural, biológico, psicológico e por influência da mídia e sociedade (DE
MARCHI; BARATTO, 2018). Por sua vez, a ortorexia nervosa (ON) é tratada como uma
desordem alimentar nova e ainda não é reconhecida pelo Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders - IV (DSM IV) (PONTES; MONTAGNER; MONTAGNER, 2014).
De acordo com Silva e Fernandes (2020), estudantes e profissionais da área da saúde são
grupos predispostos ao desenvolvimento da ON, muitas vezes devido ao fato da autocobrança para
seguir de forma rígida hábitos saudáveis, para assim se tornarem exemplos de imagem para o seu
público. Estudantes que apresentam algum tipo de comportamento ortoréxico juntamente com
algum distúrbio de imagem corporal podem ter como resultado condutas comprometidas em seu
futuro profissional.
Portanto, neste estudo, o objetivo foi identificar a incidência de ON em futuros
profissionais da nutrição. Considerando a escassez de estudos e o fato de ser um comportamento
recentemente abordado, é importante a realização de estudos que englobem a ortorexia.
Metodologia
O presente estudo, quantitativo e transversal, teve aprovação no comitê de ética em
pesquisa sob o parecer CAAE n° 44730821.9.0000.0107. Participaram da pesquisa 61 acadêmicos
regularmente matriculados no curso de nutrição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
localizada no munícipio de Francisco Beltrão – PR, no ano de 2021, de ambos os sexos, com idade
igual ou superior à 18 anos.
Os alunos foram convidados para participar da pesquisa através de um questionário online,
elaborado no Formulário do Google, com acesso ao termo de consentimento livre e esclarecido
Resultados e Discussão
Dos 61 acadêmicos do curso de Nutrição do primeiro ao último ano, participantes da
pesquisa, 95,1% eram do sexo feminino e 4,9% do sexto masculino, com idade variando entre 18
e 50 anos, sendo a média de idade 23,04 anos.
Em relação ao estado nutricional de acordo com o índice de massa corporal (IMC), o IMC
médio foi de 22,18 kg/m². Observou-se ainda que 75,41% dos acadêmicos estavam em eutrofia;
13,11% em magreza grau I; 6,56% em sobrepeso e 4,92% em obesidade grau I.
Observou-se que 44,26% (n = 27) dos alunos apresentaram comportamento de risco para
ON. O comportamento de risco para o desenvolvimento de ON foi predominante em indivíduos
dos anos iniciais do curso (Tabela 1), especialmente entre as mulheres, uma vez que esse é o gênero
predominante dos indivíduos matriculados no curso, de 18 a 22 anos de idade e em eutrofia.
Sim 5 11 5 6
Não 6 4 8 16
Total 11 15 13 22
Discussão
Considerações finais
Com esse estudo foi possível perceber que o risco de comportamento ortoréxico esta
presente em um número expressivo de alunos matriculados no curso de nutrição da Unioeste. Isso
pode influenciar de diversas maneiras a vida desses acadêmicos e suas condutas profissionais.
Diante disso, é importante que mais estudos sejam realizados a fim de se obter um maior
conhecimento sobre esse comportamento alimentar, aprimorando assim o seu tratamento e conduta
profissional, e até mesmo as suas formas de diagnóstico.
Referências
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de Pediatria, 80:1.
Érica Alves Ferreira Gordillo¹, Laiz Mangini Cicchelero¹, Merielly Kunkel¹, Reinaldo Antonio Silva-Sobrinho2
1
Mestranda do Programa de Saúde Pública em Região de Fronteira da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Unioeste campus Foz do Iguaçu.
2
Docente do Programa de Saúde Pública em Região de Fronteira da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Unioeste campus Foz do Iguaçu.
*erica.gordillo1981@gmail.com
Palavras chaves: COVID-19; Imunização; Hospitalização
Introdução
O SARS-CoV-2, é o agente causador da atual pandemia COVID-19 (sigla do
inglês, coronavirus disease – 2019), cuja velocidade de disseminação foi muito mais rápida que
em outras viroses, alarmando o mundo com a alta mortalidade1.
A doença pode evoluir com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), entre outras
complicações, e tem causado um aumento importante de hospitalizações em vários países. A
mortalidade ocorre principalmente por pneumonia e falência múltipla dos órgãos, especialmente
em idosos e pessoas com doenças crônicas2. Ainda que a mortalidade por COVID-19 venha sendo
subnotificada, o Brasil é um dos países com maior número de casos e mortes, sendo que até 26 de
junho de 2021, apresentava 18.322.760 casos confirmados e 511.142 óbitos2,3.
Ao longo de um ano de pandemia, os gestores brasileiros mobilizaram ações estratégicas
para o enfrentamento da doença, buscando reduzir a magnitude dos efeitos trágicos do vírus SARS-
CoV-2, sem um tratamento eficaz e com poucas terapias que modifiquem o curso da doença, a
esperança global do controle vem através da imunização4.
A vacinação não só fornece uma proteção individual, mas também para a comunidade,
reduzindo a propagação da doença na população através de um fenômeno conhecido como
“imunidade de rebanho”5.
Em junho do ano corrente, o Brasil já havia aplicado aproximadamente 69 milhões de
vacinas referentes a primeira dose. No estado do Paraná, os números apontam para um total de 5
milhões aplicadas, sendo 4 milhões para a primeira dose e 1 milhão para a segunda dose3.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico descritivo com dados secundários obtidos junto a
vigilância epidemiológica do município de Guaíra, Paraná, relativo ao período de março a maio
do ano de 2021. Realizou-se a análise dos casos com diagnóstico positivo para COVID-19 que
necessitaram de internamento e evoluíram para os desfechos de óbito ou cura comparando com a
situação vacinal do paciente para a doença, calculando as taxas médias para o período.
Resultados e Discussão
Foram registrados 588 casos positivos para COVID-19 no mês de março, 67 (11,4%)
pacientes foram internados e destes, 40,3% evoluíram para óbito prevalecendo o sexo feminino e
a faixa etária de 60 a 79 anos para ambos. Ao analisar a situação vacinal destes, 92,6% ainda não
haviam sido imunizados contra a doença devido ao cumprimento do Plano Nacional de Imunização
(PNI), e 7,4% tomaram apenas 1 dose do imunizante. Em 18 de janeiro de 2021 foi realizado a
primeira dose da vacina no município, e seguindo o PNI, no mês de março já iniciou a fase
prioritária 11 (90 anos ou mais) finalizando o mês com o início do grupo 15 (65 a 69 anos de
idade)6. Entre os internados que receberam alta por cura 59,7% não contemplavam a idade da
vacinação, sendo esses da faixa etária de 40 a 59 anos, sexo masculino.
Abril, com mais de 82.000 mortes pela doença tornou-se até então, o mais letal da
pandemia no Brasil, sendo atribuído a este cenário fatores como a flexibilização de medidas de
isolamento social, novas variantes mais contagiosas, falta de coordenação nacional, com
mensagens mais claras, para o combate ao vírus e a demora para aquisição de quantidade suficiente
de vacinas9. A vacinação precoce e em larga escala, possibilitaria fornecer um melhor controle da
COVID-19 ou minimizar a situação de colapso no sistema de saúde10.
Considerações finais
A pandemia do COVID-19 tornou-se um grande desafio para a saúde pública global. As
pesquisas vão de encontro com um potencial de prevenção de quadros clínicos graves, portanto,
acelerar a cobertura da imunização contra a doença é fundamental para nortear os próximos passos
para o enfrentamento a pandemia.
Referências
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Erratum in: Lancet. 2021 Jan 9;397(10269):98.
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https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33758776/doi: 10.1016/j.jemep.2021.100654.
Fernanda Possera¹, Amanda Sayuri Amaya Yotumoto¹, Kaio Luís Puntel¹, Lucas Bado¹, Poliana Taís Silveira¹, Renata
Ester Guse¹, Vivian Arissa Takahashi¹, Rosebel Trindade Cunha Prates², Léia Carolina Lucio 3.
1
Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
2
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
3
Docente do CCS e do PPGCAS da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco
Beltrão, Paraná, Brasil.
possera_fer@hotmail.com
Palavras chaves: Papilomavírus humano; imunização; idade.
Introdução
O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus envelopado que pertence à família
Papillomaviridae, sendo dividido em diversos subtipos, dos quais 12 estão associados a neoplasias
malignas (HPV-16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59), e outros de baixo risco (HPV-6 e
11). Além disso, eles infectam a pele e a mucosa oral e genital, o que possibilita o desenvolvimento
de carcinomas, cervicais, anogenitais, de cabeça e pescoço, de mama e de esôfago, sendo causado
majoritariamente pelos tipos 16 e 18.1,3
A infecção do HPV ocorre por meio da transmissão sexual, por contato e pela via materno-
fetal, e também sofre a influência de alguns fatores de risco como imunodeficiências, tabagismo,
herança genética, hábitos sexuais, entre outros. Como forma de prevenção do HPV e ao
desenvolvimento de carcinomas, é oferecida a vacinação gratuita pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, e também em pessoas com HIV de
9 a 26 anos.2, 3
No Brasil, a partir de 2014, o SUS começou a disponibilizar a vacina quadrivalente por
meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Contudo, apesar de ser gratuita e ter sua
segurança apontada por diversos estudos, a vacinação contra o HPV enfrenta alguns desafios para
alcançar a cobertura vacinal proposta pelo Ministério da Saúde, que é vacinar pelo menos 80% da
população-alvo. Entre eles, o desconhecimento da sua importância pelos pais de adolescentes e a
não aceitação da vacina por estes acreditarem que ela pode estimular a promiscuidade, resulta em
menor adesão à vacinação.3, 4
Metodologia
Os dados analisados são do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações
(SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), gerados por meio da ferramenta de pesquisa de informações
de saúde TABNET (DATASUS), na seção de Assistência à Saúde, no dia 15 de maio de 2021.
Através do tópico de Imunizações, pelo indicador de Doses Aplicadas, foi levantado o número de
doses da vacina do HPV quadrivalente aplicadas por faixa etária segundo região do Brasil em dois
anos, 2013 e 2020, abrangendo tanto o sexo masculino quanto o feminino para análise descritiva.
Foi conduzido Teste “t” de Student para análise comparativa das doses nos anos de 2013 e 2020,
com p<0,05, no Software SPSS 24.0.
Resultados e Discussão
A partir da análise dos dados, foi possível comparar a cobertura nacional da vacina do HPV,
nos anos de 2013 e 2020, na faixa etária de 9 a 18 anos (Tabela 1).
Tabela 1 – Caracterização da vacinação por HPV em crianças e adolescentes no Brasil, em idade de 9 a 18 anos,
nos anos de 2013 e 2020: um comparativo.
Idade Ano Média Desvio padrão Valor de “t” Valor de p
De acordo com a Tabela 1, observou-se que no ano de 2013, a faixa etária de 12 anos foi a
que apresentou a maior cobertura vacinal (3781.400±7353.549) e a de 10 anos apresentou a menor
adesão (103.800±106.875). Em relação ao ano de 2020, a maior aderência foi para a idade de 11
anos (256719.600±177670.143), em contrapartida, os jovens de 18 anos foram os menos
imunizados (532.000±396.395). Além disso, constatou-se que as idades de 15 e 18 anos não
mostraram diferença estatística significativa ao comparar a cobertura vacinal dos anos de 2013 e
2020.
A introdução da vacina quadrivalente contra o HPV no Programa Nacional de Imunização
(PNI), em 2014, ampliou o alcance da vacinação. No entanto, foi proposta uma meta de no mínimo
80% da cobertura vacinal da população-alvo.5 Com esse objetivo, a fim de estimular a vacinação
de crianças e adolescentes, os Ministérios da Saúde e da Educação desenvolveram ações em prol
da prevenção e promoção da saúde nas salas de aula por meio do Programa Saúde na Escola.6
A vacina passou a ser introduzida de modo gradual no calendário vacinal, sendo que, no
ano de 2014, a população-alvo foi a de meninas dos 11 aos 13 anos de idade. A partir de 2015, a
vacina passou a ser ofertada também para meninas de 9 a 13 anos, e, em setembro de 2016, as de
14 anos passaram a ser contempladas. Em suma, após essa última ampliação, a população-alvo
feminina segue dentro da faixa etária dos 9 aos 14 anos até o presente momento PNI. Quanto ao
sexo masculino, a vacina começou a ser ofertada para a faixa etária dos 12 aos 13 anos em janeiro
de 2017, e, em junho do mesmo ano, foi expandida para meninos dos 11 aos 14 anos. O Brasil é o
primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo a ofertar a vacina do HPV para meninos em
programas nacionais de imunizações.6
Conforme as informações obtidas pela base de dados DATASUS, observou-se que a região
Sudeste demonstrou um maior registro de doses aplicadas, nos indivíduos de 9 a 18 anos, tanto em
2013 quanto em 2020 (Tabela 2). O aumento da adesão da população brasileira à vacina do HPV
Tabela 2– Total de doses aplicadas na faixa etária de 9 a 18 anos, segundo regiões do Brasil, nos anos de 2013
e 2020
Região Ano Doses aplicadas
2020 386505
2020 1194255
2020 353001
2020 1750840
2020 643977
Considerações finais
A inserção da vacina quadrivalente no Programa Nacional de Imunizações (PNI) contribuiu
para que a vacinação contra o vírus HPV tivesse maior alcance, tanto para o sexo feminino quanto
para o sexo masculino, e comparando-se os anos de 2013 e 2020, é perceptível o aumento no
número de doses aplicadas.
Referências
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Introdução
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) caracteriza-se por isquemia resultante da falta
de aporte sanguíneo para o miocárdio, seja pela ruptura de uma placa de ateroma, seja por um
trombo, o que obstrui completamente uma artéria coronária e pode necrosar o músculo
cardíaco.
O IAM é um relevante problema de saúde no Brasil e, embora tenha ocorrido avanços
no tratamento e na prevenção dessa condição, ainda apresenta difícil diagnóstico e tratamento
prolongado, o que gera prejuízo para a saúde dos pacientes e enormes custos aos sistemas de
saúde.
Para reduzir a possibilidade de complicações e agravamento da doença, o paciente com
IAM precisa de rápida intervenção e de assistência à saúde após a alta hospitalar. A necrose
cardíaca pode ser diagnosticada através do eletrocardiograma (ECG) e de aumento dos níveis
séricos de marcadores biológicos sensíveis e específicos[1]. Logo, o exame clínico juntamente
com exames complementares, é crucial no diagnóstico assertivo do paciente com dor torácica,
além de ser útil por possibilitar ligeira obtenção de resultado com reduzido custo.
Dessa maneira, tendo em vista a relevância do rápido atendimento no IAM, estudos
que aprimorem o entendimento da epidemiologia dessa condição podem auxiliar para um
menor tempo de diagnóstico e de tratamento e, assim, diminuir a morbimortalidade por IAM.
Metodologia
Trata-se de um estudo longitudinal, quantitativo e de caráter descritivo, no qual foi
descrito o perfil epidemiológico de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) - CID 10: I21 - nas
cidades da 8ª Regional de Saúde do Paraná conforme números totais, faixa etária e sexo, entre
2011 e 2021. Para a realização da análise, o estudo partiu da coleta de dados do Sistema de
Informações Hospitalares / Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(SIH/DATASUS)[2]. Para o processamento e a análise de dados utilizou-se Microsoft Excel,
versão 2016.
A população do presente estudo foi constituída por casos de IAM, diagnosticados no
período de maio de 2011 a abril de 2021, na 8ª Regional de Saúde do Paraná (macrorregião de
saúde de Francisco Beltrão), a qual abrange 27 municípios do estado. Os sexos foram divididos
em: masculino e feminino. Os grupos etários foram classificados em: menores de 10 anos, 10-
14 anos, 15-19 anos, 20-24 anos, 25-29 anos, 30-34 anos, 35-39 anos, 40-44 anos, 45-49 anos,
50-54 anos, 55-59 anos, 60-
64 anos, 65-69 anos, 70-74 anos, 75-79 anos e maiores de 80 anos.
Resultados e Discussão
O presente estudo identificou que a cidade de Dois Vizinhos teve o maior número de
casos de IAM ocorridos no período de maio de 2011 a abril de 2021 dentre as cidades
abrangidas pela 8ª Regional de Saúde do Paraná, conforme demonstrado na Tabela 1. Sendo
233 casos de um total de 487 pacientes, o que representa 47,84% do total de atendimentos para
essa patologia. Ainda, nota-se que, em 13 dos 27 municípios dessa Regional de Saúde, não
houve atendimento de casos de IAM.
Capanema 8 6 14 18 9 6 5 5 3 1 1 76
Marmeleiro 0 0 0 1 0 0 0 1 2 0 0 4
Nova Esperança do 0 0 0 1 1 0 0 0 1 1 0 4
Sudoeste
Nova Prata do 2 0 1 4 9 3 1 0 0 0 0 20
Iguaçu
Planalto 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Pranchita 2 6 16 7 1 1 0 0 1 0 0 34
Realeza 0 0 1 2 2 2 0 0 0 0 0 7
Santa Izabel do 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Oeste
Santo Antônio do 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Sudoeste
Faixa 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
etária
/faixa
etária
Menores 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
de 10 anos
10-14 anos 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
15-19 anos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
20-24 anos 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2
25-29 anos 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2
30-34 anos 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 2
35-39 anos 2 1 1 1 0 0 0 1 1 1 1 9
40-44 anos 5 4 0 4 0 1 4 1 1 0 0 20
45-49 anos 3 4 11 3 7 1 2 0 3 1 1 36
50-54 anos 5 8 9 11 6 4 4 0 4 2 1 54
55-59 anos 8 5 11 6 7 4 5 4 3 5 1 59
Sexo 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
/sexo
Masculino 35 44 43 41 25 18 21 10 19 22 2 280
Feminino 23 34 43 30 22 11 18 7 5 12 2 207
TOTAL 58 78 86 71 47 29 39 17 24 34 4 487
* Fonte: plataforma DATASUS (adaptado).
Considerações finais
O presente estudo identificou um alto número de casos de IAM, no período de maio
de 2011 a abril de 2021, na 8ª Regional de Saúde do Paraná. O sexo mais acometido foi o
masculino e o maior número de casos concentrou-se em indivíduos com idades entre 60 e 64
anos. Os resultados encontrados auxiliam na caracterização dos pacientes e da população de
risco em relação aos fatores que desencadeiam o IAM, todavia, uma análise detalhada dos
fatores de risco específicos mencionados nesse estudo seria necessária para futuros
planejamentos de ações nos diferentes níveis de atenção à saúde.
Assim, conhecer o perfil epidemiológico é primordial para que seja possível elaborar
medidas de atenção primária, a fim de prevenir e diagnosticar precocemente os casos de IAM.
Isso promove impacto positivo na qualidade de vida, tanto dos indivíduos do grupo de risco,
quanto dos demais; além de resultar em possível redução nos gastos públicos com tratamentos
dessa patologia.
Referências
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Introdução
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são causadas por vírus, bactérias ou
outros microrganismos, sendo transmitidas, em sua maioria, através de contato sexual vaginal,
anal e oral (BRASIL et al., 2010). Dados do boletim epidemiológico do HIV/Aids apontam que a
população adulta jovem constituiu um grupo populacional vulnerável à aquisição de ISTs
(BRASIL, 2018). Tal faixa etária coincide com a idade na qual a maioria dos indivíduos ingressa
no ensino superior, o que torna as universidades especialmente importantes no combate e
conscientização quanto às ISTs.
Controlar a disseminação de ISTs é um problema de saúde pública, não apenas por sua
incidência e prevalência, mas também pelas suas consequências (BRASIL, 2018). Tendo em vista
que o ambiente universitário é composto predominantemente pelo grupo de risco, entende-se que
exista potencial expressivo para mudanças relacionadas com as ISTs, promovendo espaço de
disseminação de inúmeras práticas ligadas ao autocuidado, incluindo o combate a desinformação
e acesso à serviços especializados visando a saúde sexual. Assim, pesquisas que visem identificar
possíveis fatores biológicos, falta de informação e conceitos equivocados que podem facilitar a
transmissão de infecções sexuais em grupos específicos são fundamentais. O objetivo do presente
estudo foi obter dados sobre o comportamento sexual entre jovens adultos graduandos de uma
universidade pública do interior do Paraná para fornecer dados para estratégias de saúde neste
grupo.
Metodologia
Este estudo possui delineamento quantitativo e transversal e integra uma investigação de
mestrado. A pesquisa foi realizada no campus universitário de uma instituição pública, localizada
no interior do Estado do Paraná. Obteve-se parecer favorável por parte do Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (nº 4.379.963). Participaram 135
universitários regularmente matriculados nos cursos de graduação (critério de inclusão), com
exceção daqueles com dificuldades visuais que impossibilitassem a leitura do questionário
utilizado. A amostragem foi obtida por conveniência.
Os dados foram coletados no ano de 2020, através de um formulário do Google Forms
que continha questões sobre dados sociais como idade, sexo, raça, estado civil e se possui filhos.
Com relação as questões de comportamentos sexuais e de saúde continham questões sobre idade
da primeira relação sexual, frequência das relações sexuais na semana, frequência de exame
preventivo, e por fim questões sobre sua opinião com relação à sua saúde e se acha que alguma
Resultados
Quanto à caracterização da amostra, obteve-se a participação de 101 mulheres (74.81%).
A idade média foi de 24.21 anos (DP = 6.66), variando de 18 até 50 anos. Brancos (82.22%),
pardos (16.39%) e negros (1.48%) compuseram o estudo. A maioria da amostra era solteira
(77.77%), seguida pelo estado civil de união estável ou morando junto (11.85%) e casados
(10.37%). Vinte e um (15.55%) tinham filhos. Já no tocante aos comportamentos sexuais e de
autocuidado em saúde, notou-se que a idade média reportada para a primeira relação sexual foi de
16.96 anos (DP = 2.10), variando entre 12 até 24 anos. Seis (4.44%) participantes não informaram
a idade da primeira relação sexual. A distribuição da frequência dos comportamentos sexuais dos
participantes encontra-se na Tabela 1.
Boa 77 57.03
Anualmente 53 39.26
Laqueadura 5 3.70
Sim 23 17.03
Análises inferenciais foram realizadas considerando idade (até 24 anos/25 anos ou mais),
idade da primeira relação sexual (até 17 anos/18 anos ou mais), sexo (masculino/feminino), raça
(branca/outras), filhos (sim/não) e estado civil (solteiro/casado ou com companheiro) em relação
à avaliação da própria saúde (não muito boa/boa ou muito boa), frequência de indivíduos que
praticam relações sexuais (ativo/não ativo), realização do exame Papanicolau (realiza/não realiza),
autorrelato de infecção por HPV (sim/não) e uso de preservativo durante as relações sexuais
(sim/não). Não foram encontradas diferenças entre os grupos no tocante à avaliação da própria
saúde. No tocante à atividade sexual, houve diferença estatisticamente significativa em relação ao
estado civil, com maior frequência de inativos sexualmente encontrada em solteiros (p < 0.05),
naqueles sem filhos (p < 0.05) e no tocante ao exame de Papanicolau, realizado mais por indivíduos
sexualmente ativos (p < 0.05). A realização do Papanicolau também foi mais frequente dentre os
que acreditam terem sido infectados pelo HPV (p < 0.05) e menos comum em indivíduos casados
ou em união estável (p < 0.05) e dentre aqueles com 25 anos ou mais (p < 0.05). Não usar
preservativo foi mais frequente entre sujeitos com mais de 25 anos (p < 0.05), do sexo feminino
(p < 0.05), casados ou em união estável (p < 0.05) e com filhos (p < 0.05).
Discussão
Quando a temática de exposição às situações de risco para as ISTs é abordada, diversos
aspectos que podem exercer um fator de risco ou de proteção são encontrados. Dentre os fatores
de risco que tornam os indivíduos mais vulneráveis à infecção encontram-se a multiplicidade de
Considerações finais
Um dos objetivos do Ministério da Saúde no Brasil é a caracterização e a identificação
das diferentes vulnerabilidades dos indivíduos frente as ISTs, de forma que se interrompa a cadeia
de transmissão. O conhecimento mais apurado dos comportamentos dos grupos de maior risco
também permite que sejam delineadas ações de prevenção de complicações e impedimento de
reinfecção. É sob a ótica da caracterização de grupos vulneráveis à aquisição das ISTs que foi
desenvolvido o presente estudo. Os dados apresentados nesse estudo sinalizam a importância de
sensibilizar os jovens universitários ao autocuidado e que o ambiente acadêmico pode contribuir
com a correta disseminação de inúmeras práticas ligadas à saúde sexual, incluindo o combate a
desinformação e acesso à serviços especializados.
Apoio
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
Referências
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Matheus Ricardo Garbim¹, Henrique Rodrigues Menezes Oliveira1, Geise Ellen Broto Oliveira2, Stefania Tagliari de
Oliveira1, Murilo Galvani Machado1, Carolina Panis1
1
Laboratório de Biologia de Tumores, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
2
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil.
*seu-email@suauniversidade.com
Palavras chaves: Leucemia Linfocítica Aguda do tipo B; Estresse Oxidativo; Doença Residual Mínima.
Introdução
A ocorrência de eventos pró-inflamatórios, como o estresse oxidativo, é conhecido como
o evento pivô nos processos fisiológicos da hematopoiese, principalmente na diferenciação células
das células-tronco. A participação do estresse oxidativo tem sido documentada em alguns pontos
chaves das neoplasias hematológicas, incluindo a leucemia. As células cancerígenas normalmente
estão sob um maior estresse oxidativo em comparação as células normais, o que requer adaptação
para sobreviver nesse ambiente pro-oxidativo. Uma vez que o estresse oxidativo é necessário para
o funcionamento normal da medula óssea na hematopoiese, este ambiente pode exibir equilíbrio
redox alterado em pacientes com câncer e hematopoiese prejudicada em certos casos.
A leucemia linfocitica aguda de células B (LLA-B) é a neoplasia maligna mais comum
entre crianças em todo o mundo. Apesar de seu prognóstico relativamente bom, uma pequena
porcentagem de pacientes apresenta desfechos clínicos ruins, e as razões subjacentes se refletem,
em parte, nos aspectos clínicos da doença. No entanto, certos fatores celulares e moleculares
podem contribuir para a progressão da doença tanto no microambiente tumoral quanto no nível
sistêmico. Portanto, é fundamental compreender os mecanismos moleculares subjacentes à
resposta às fases iniciais do tratamento.
Metodologia
O presente trabalho é um estudo observacional longitudinal e foi aprovado pelo Comitê de
Ética Institucional (24498213.0.0000.5231). Recrutou-se pacientes pediátricos diagnosticados
com LLA-B, com idade entre 0-18 anos, atendidos em um hospital de referência do Paraná, de
janeiro de 2015 a janeiro de 2016, após assinatura do termo de consentimento. Como nosso
Resultados
A Tabela 1 mostra o estado oxidativo de PB e BM em D0 e D28. Para PB, nenhum dos
parâmetros avaliados (NOx, SH, TRAP e LOOH) variou significativamente. Para BM, um
aumento significativo nos níveis de LOOH foi detectado no final do tratamento.
Table 1 - Estado oxidative no plasma de Sangue Periférico (PB) e de Medula óssea (BM) de pacientes com LLA-B
no D0 e no D28 durante a fase de indução do tratamento.
PB NOx (µM) SH (µM) TRAP (µM) LOOH (R.L.U)
(2.50 – 16.16) (148.81 – 436.29) (690.24 – 1,390.30) (690 x 103 – 3,98 x 103)
(5.19 - 24.73) (205.32 - 403.68) (574.56 – 1,234.0) (799 x 103 – 4,67 x 103)
BM
Legenda: Os resultados são apresentados como mediana (min-max). LLA-B = Leucemia Linfocítica Aguda do tipo B; D = dia de
tratamento; NOx (produtos do óxido nitrico); SH (grupos sulfidrila); TRAP (capacidade antioxidante total); LOOH
(hidroperóxidos); R.L.U = unidades relativas de luz. Os simbolas indicam p<0.05: • para D0 vs D28.
Figura 1 - Níveis de fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e de interferon gama (IFN-γ) no sangue periférico (PB) e medulla óssea
(BM) ao diagnóstico (D0) e no final da fase de indução do quimioterápia (D28). * indica significância estatística (p< 0.05).
1 10 07
*
8 10 06
L O O H (R L U )
6 10 06
4 10 06
2 10 06
0
M R D +P B M R D -P B M R D +B M M R D -B M
Figura 2 - Analise comparative dos marcadores do estresse oxidative no plasma do sangue periférico (PB) e da medula óssea (BM)
em relação ao estado da doença residual minima no D28. MRD= minimal residual disease, PB= peripheral blood, BM= bone
marrow, RLU= relative light unities; NOx (nitric oxide products); SH (sulfhydryl groups); TRAP (total radical-trapping antioxidant
parameter). * indicates p<0.05.
Discussão
Os LOOH estavam aumentados no PB em D28 em relação ao diagnóstico. As alterações
periféricas podem refletir catabolismo sistêmico e / ou estresse. Sabe-se que os LOOH são
Considerações finais
Referências
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migration in myeloid cells transformed by oncogenic tyrosine kinases. Leukemia. 2011; 25: 281 – 289.
Ramon Müller Rodrigues¹, Helen Tatiane de Oliveira1, Silvana Damin2, Izabel Aparecida Soares3, Franciele Aní Caovilla
Follador4, Gisele Arruda4*
1
Discente Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2Bióloga, Doutora em Biologia Comparada, 3Docente
Universidade Federal da Fronteira Sul, 4Docente Universidade Estadual do Oeste do Paraná
*giselearrudabioq@gmail.com
Palavras chaves: Agrotóxicos; bioensaios; saúde.
Introdução
Os agrotóxicos são produtos utilizados no setor agrícola e destinados a alterar a composição
da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos1. Os
efeitos dos agrotóxicos na saúde humana são extremamente variados, podendo causar malformações
congênitas2, problemas auditivo3, suicídio4 e aumentar o risco de desenvolvimento de cânceres5.
Um conhecido agrotóxico é o FUSILADE 250 EW®, de princípio ativo Fluazifope-P-
Butílico. É um herbicida sistêmico, que ao concentrar-se em regiões de crescimento das plantas,
acarreta sua morte”6, sendo utilizado em várias culturas brasileiras6 e classificado como herbicida de
classe 27.
Para determinar a ação destas substâncias no meio ambiente e sob organismos com os quais
tem contato, são utilizados organismos testes (bioindicadores), que possuem a capacidade de
responder a presença de diferentes compostos químicos. Um exemplo é o fungo filamentoso
Aspergillus nidulans, do filo ascomicota8, consagrado modelo biológico, utilizado há décadas9 para
verificar os efeitos de substâncias, servindo como uma triagem rápida para agentes genotóxicos10.
Logo, a análise do herbicida FUSILADE 250 EW® sobre o desenvolvimento e crescimento
de colônia de A. nidulans pode mostrar os efeitos desse composto sobre mecanismos relacionados ao
desenvolvimento e estabelecimento de colônias, além da sobrevivência e possíveis mutações
associados à exposição do herbicida. Assim, objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos do
herbicida FUSILADE 250 EW® na sobrevivência e desenvolvimento de colônias de A. nidulans.
Metodologia
Linhagem e meio de cultura
Foi utilizada a linhagem haploide biA1methG1 de Aspergillus nidulans, gentilmente
fornecida pela Professora Dra. Carmem Lucia M. S. C. Rocha da Universidade Estadual de Maringá.
Foram utilizados: meio completo líquido e meio completo sólido, preparados segundo Pontecorvo9.
Preparo da suspensão de herbicida
O agrotóxico FUSILADE 250 EW® foi adquirido em comércio local. Para uso nos ensaios
preparou-se uma solução a 0,01% de concentração, dissolvida em água destilada. Após o preparo, a
solução foi filtrada em filtro milipore 0,22 m e armazenada em frasco âmbar para a realização dos
experimentos.
Análise de sobrevivência de A. nidulans
Conídios foram coletados de colônias com cinco dias de crescimento em meio completo
sólido, a 37°C. Essa solução de conídios foi filtrada em lã de vidro. Em seguida, foi preparada uma
suspensão final de 500x104 conídios/mL, por meio da contagem em câmara de Neubauer e com
auxílio de microscópio óptico. Os conídios coletados foram divididos em dois tratamentos: 1 -
controle e 2 - FUSILADE 250 EW® (0,01%), anteriormente preparado. Essas suspensões foram
incubadas por 2 horas. Após esse período, uma alíquota de 100μL, para cada um dos tratamentos, foi
adicionada em placas de petri, em blocos delineadamente casualizados, contendo meio completo
sólido.
As placas foram incubadas em estufa a 37°C por 3 dias. Posteriormente, foi realizada a
contagem das colônias e feito a estimativa de sobrevivência pela contagem macroscópica das colônias
que cresceram, observado a forma da colônia, bordas e superfície e coloração do reverso da placa.
Esse experimento foi feito em triplicata em 4 ensaios independentes.
Análise estatística
Os resultados foram submetidos à comparação de médias, utilizando como referência o erro
padrão da média (EPM). Foram comparadas as médias de sobrevivência do tratamento FUSILADE
250 EW® versus o controle através de ANOVA seguido por Tukey como pós-hoc. Todas as análises
foram feitas utilizando o software GraphPad Prism 8 Demo, com significância definida como p< 0,05.
Resultados e Discussão
Os resultados mostram que o agrotóxico FUSILADE 250 EW® altera a morfologia geral
da colônia de A. nidulans. As principais diferenças entre o tratamento Fusilade 250® 0,01% e o
tratamento controle foram alterações na coloração e no formato das colônias (Quadro 1, Figura 1).
Quadro 1 – Descrição da morfologia/aspecto geral da colônia de A. nidulans nos diferentes tratamentos, após 72 horas
de incubação.
Grupo Descrição
Controle As colônias apresentaram-se na cor verde com bordas brancas e com formato regular, distribuídas
por toda a placa. A análise do fundo da placa apresentava cor marrom amarelado com bordas mais
claras e centro mais escuro. Centro de colônia era circular.
Agrotóxico As colônias apresentaram-se com cor mais escura que a do controle, com aspecto irregular e de
FUSILAD difícil contagem. A análise do fundo da placa apresentava cor acastanhada mais escura que o
E 250® controle, com bordas mais claras, mas mais escuras que a do controle. O centro de colônia, sob visão
(0,01%) do fundo da placa, apresentava variações de marrom, com aspectos avermelhados, alaranjados, com
aspecto áspero. Além disso, os centros das colônias eram irregulares e se misturavam entre si.
a b
c d
Figura 1 – Imagem representativa do desenvolvimento das colônias de A. nidulans tratadas ou não com o agrotóxico
FUSILADE 250® 0,01%. a – Vista superior do controle; b – Vista do fundo do controle; c – Vista superior do tratamento
Fusilade 250® 0,01%; b – Vista do fundo do tratamento Fusilade 250® 0,01%.
A análise de sobrevivência das colônias mostrou que em média crescem 11,63 10,58
colônias no controle, enquanto no tratamento FUSILADE 250 EW® crescem 6,7 2,88 colônias. No
entanto, quando aplicado análise estatística não houve diferenças. Esses dados serão repetidos e outras
concentrações testadas, pois a análise macroscópica de desenvolvimento da colônia deixa claro
diversas alterações causadas pela presença do agrotóxico.
Pesquisas mostram a toxicidade desse agrotóxico. Ensaios de exposições de ovos de
galinha ao agrotóxico mostraram vários danos em suas membranas corioalantóide, causando lise de
vasos sanguíneos e subsequente hemorragia11.
As anormalidades na sobrevivência, desenvolvimento e crescimento das colônias poderiam
ser explicados por alterações de vários mecanismos, como a atividade das enzimas quinases, produção
de segundos mensageiros, liberação de Ca2+, produção de fatores de transcrição e outros mecanismos,
Considerações finais
A análise dos efeitos do agrotóxico FUSILADE 250® em A. nidulans e da literatura
sugerem que o agrotóxico pode alterar processos vitais de desenvolvimento do organismo, que
envolvem processos celulares complexos e importantes que são partilhados por diversas espécies.
Neste sentido, este trabalho trás a discussão dos efeitos danosos de agrotóxicos sobre organismos
vivos, assim, é de extrema importância futuros estudos que procurem estabelecer os níveis, se é que
existem, de segurança para o uso desses químicos, principalmente na saúde humana.
Referências
Brasil. Lei n. 7082, de 11 de julho de 1989. Lei dos agrotóxicos. Brasília: Diário Oficial da União; 1989.
Oliveira N, Moi G, Atanaka-Santos M, Silva A, Pignati W. Malformações congênitas em municípios de grande utilização
de agrotóxicos em Mato Grosso, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. 2014;19(10):4123-4130.
Santos V, Ruiz E, Riquinho D, Mesquita M. Saúde e ambiente nas políticas públicas em municípios que cultivam tabaco
no sul do Brasil. Revista Gaúcha de Enfermagem. 2015;36(spe):215-223.
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2019;43(122):906-924.
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Magano D, Krolow I, Grützmacher A, Panozzo E, Armas F, Zimmer M. (2013). Efeitos secundários de herbicidas
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Geiser D, Arnold M, Timberlake W. Sexual origins of British Aspergillus nidulans isolates. Proceedings of the National
Academy of Sciences. 1994;91(6):2349-2352.
Pontecorvo G, Roper J, Chemmons L, Macdonald K, Bufton A. The Genetics of Aspergillus nidulans. Advances in
Genetics. 1953;:141-238.
Arruda G. Influência de fatores nutricionais e agentes genotóxicos no processo de germinação de conídios de Aspergillus
nidulans [dissertation]. Maringá: Universidade Estadual de Maringá; 2020.
Budai P, Várnagy L, Fejes S, Somlyay I, Linczmayer K, Pongrácz A. Irritative effects of some pesticides and a technical
component on tissue structure of the chorioallantoic membrane. Communications in Agricultural and Applied Biological
Sciences. 2004; 69(4):807-9.
Rebeca Santana Cooper¹, Guilherme Alfonso Vieira Adami¹, Helen Tatiane de Oliveira¹, Paulo Auwarter¹, Poliana
Taís Silveira¹, Rafaela Brandão¹, Romana Suely Della Torre Marzarotto¹, Taina Danielly Coelho¹, Redimir Goya²
1
Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná,
Brasil.
2
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná,
Brasil.
*rebecascooper@gmail.com
Palavras chaves: Acidente Vascular Cerebral, Perfil de Saúde, Medicina.
Introdução
Metodologia
Resultados
Esse estudo teve como objetivo identificar a distribuição dos casos de AVC, durante
os anos de 2011 e 2021, referentes às cidades da 8ª Regional de Saúde do Paraná. Das 27
cidades que compõem a 8ª Regional de Saúde do Paraná, 11 não apresentaram casos de AVC.
Dentre as 16 cidades estudadas que tiveram pelo menos um caso de AVC, Barracão é a que
apresenta a menor quantidade de casos, totalizando 3 durante o período estudado, enquanto
que Francisco Beltrão é a cidade com a maior concentração, apresentando 1863 casos, seguida
pela cidade de Dois Vizinhos, com 1032 casos no período. De acordo com o número de casos
relatados em 2021, todas as cidades apresentaram diminuição com relação ao número de casos
do último ano ou permanecerem com a quantidade de casos igual. No entanto, deve-se
considerar que, no ano de 2021, os casos foram contabilizados apenas até abril, o que pode
justificar o menor número constatado. Ademais, ao final do período relatado, foram
Tabela 1 – Distribuição dos casos de AVC ocorridos no período (mai/2011-abr/2021) nas cidades da 8ª Regional
de Saúde do Paraná
Cidade 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total/
cidade
Ampére 2 8 0 0 0 0 48 39 67 46 8 218
Barracão 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Capanema 26 51 46 53 64 31 18 14 16 18 3 340
Dois Vizinhos 84 106 89 104 100 109 103 106 93 107 31 1032
Francisco Beltrão 169 219 193 164 187 178 150 169 201 165 68 1863
Marmeleiro 14 17 16 11 19 20 22 17 8 0 0 144
Nova Esperança do 5 3 0 5 5 2 1 0 4 1 1 27
Sudoeste
Nova Prata do Iguaçu 6 11 7 6 2 8 5 0 0 0 0 45
Planalto 7 13 8 11 15 10 18 6 4 3 0 95
Pranchita 21 26 47 33 11 24 4 1 14 14 3 198
Realeza 7 24 20 10 20 19 0 0 0 0 0 100
Salto do Lontra 4 9 10 10 5 3 0 3 3 0 0 47
TOTAL 384 557 482 466 488 457 406 413 469 404 119 4645
* Fonte: plataforma DATASUS (adaptado).
Tabela 2 – Distribuição dos casos de AVC ocorridos no período (mai/2011-abr/2021) nas cidades da 8ª Regional
de Saúde do Paraná conforme faixa etária
Faixa 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
etária
/faixa
etária
10-14 anos 1 1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 6
15-19 anos 1 4 1 2 2 0 1 3 1 1 0 16
20-24 anos 2 1 3 1 1 1 0 2 0 2 0 13
25-29 anos 6 1 2 1 2 1 1 3 2 1 1 21
30-34 anos 5 8 7 1 5 7 4 3 3 1 0 44
35-39 anos 4 7 8 7 7 8 3 3 8 5 2 62
80 anos
TOTAL 384 557 482 466 488 457 406 413 469 404 119 4645
Tabela 3 – Distribuição dos casos de AVC ocorridos no período (mai/2011-abr/2021) nas cidades da 8ª Regional
de Saúde do Paraná conforme sexo
Sexo 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
/sexo
Masculino 192 261 242 257 230 229 185 201 224 184 59 2264
Feminino 192 296 240 209 258 228 221 212 245 220 60 2381
TOTAL 384 557 482 466 488 457 406 413 469 404 119 4645
Considerações finais
Referências
Cancela, DMG. O ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL - CLASSIFICAÇÃO, PRINCIPAIS
CONSEQUÊNCIAS E REABILITAÇÃO. Porto: ULP. 2008: 494-498.
Cesário CMM, Pensasso P, Oliveira. Impacto da disfunção motora na qualidade de vida em pacientes com
Acidente Vascular Encefálico. Rev. Neurociências. 2006 14(1):6-9.
Rao MP, Halvorsen S, Wojdyla D. Blood Pressure Control and Risk of Stroke or Systemic Embolism in Patients
With Atrial Fibrillation: Results From the Apixaban for Reduction in Stroke and Other Thromboembolic Events
in Atrial Fibrillation (ARISTOTLE) Trial. Journal of the American Heart Association [Internet]. 23 dez 2015
[citado 20 jun 2021];4(12). Disponível em: https://doi.org/10.1161/jaha.115.002015
Ketlin Piotto¹, Amanda Luisa Bassi¹, André Gustavo de Oliveira Teles¹, Breno Lucchin Vieira¹, Gabriela Strapassola¹,
Isabela Mitsu Suo Komori¹, Juliana de Souza Pelanda¹, Rosebel Trindade Cunha Prates 2, Léia Carolina Lucio3
1
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Centro de Ciências da Saúde, campus Francisco Beltrão/PR.
2
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
Introdução
Metodologia
Resultados e Discussão
Você já ouvir falar sobre HPV? Não 23 (27,4%) 20 (23,8%) 43 (51,2%) 0,044
A infecção pelo HPV é uma IST? Não/Não Sei 34 (40,5%) 46 (54,8%) 80 (95,2%) 0,767
O beijo é uma forma de transmissão do HPV? Não/Não Sei 32 (38,1%) 38 (45,2%) 70 (83,3%) 0,376
O contato direto com fluidos corporais pode transmitir o HPV? Não/Não Sei 33 (39,3%) 46 (54,8%) 79 (94%) 0,647
Água contaminada pode transmitir o HPV? Não/Não Sei 22 (26,5%) 31 (37,3%) 53 (63,9%) 0,872
Existe a transmissão de HPV de mãe para filho (vertical)? Não/Não Sei 20 (23,8%) 21 (25%) 41 (48,8%) 0,284
A infecção pelo HPV é comum? Não e não Sei 24 (28,6%) 28 (33,3%) 52 (61,9%) 0,436
A infecção do HPV pode causar câncer cervical/colo do útero? Não/Não Sei 36 (42,9%) 45 (53,6%) 81 (96,4%) 0,256
“Quem pode se infectar pelo HPV? Mulheres 6 (7,2%) 5 (6%) 11 (13,3%) 0,640
Mesmo vacinada (o) será necessário utilizar preservativo Não/Não Sei 30 (35,7%) 37 (44%) 67 (79,8% 0,588
durante a relação sexual?
Sim 6 (7,1%) 11 (13,1%) 17 (20,2%)
A infecção pelo HPV é na maioria das vezes: Sintomático 23 (28%) 32 (39%) 55 (67,1%) 0,495
A infecção pelo HPV causa verrugas genitais? Não/Não Sei 21 (25%) 19 (22,6%) 40 (47,6%) 0,089
A infecção pelo HPV tem cura? Não/Não Sei 34 (40,5%) 34 (40,5%) 68 0,010
Qual o principal meio para se prevenir contra o vírus do HPV? Papanicolau 5 (6,2%) 5 (6,2%) 10 (12,3%) 0,778
( ), ( ),
Vacinação 18 (22,2%) 24 (29,6%) 42 (51,9%)
()
Camisinha 10 (12,3%) 15 (18,5%) 25 (30,9%)
O uso do preservativo impede totalmente o contágio pelo Não/Não Sei 21 (25,3%) 34 (41%) 55 (66,3%) 0,303
HPV?
Sim 14 (16,9%) 14 (16,9%) 28 (33,7%)
Quem pode utilizar a vacina anti HPV? Mulheres ( ), Homens Mulheres 6 ( 7,2%) 6 (7,2%) 12 (14,5%) 0,853
( ), Ambos ( )”,
Ambos 30 (36,1%) 41 (49,4%) 71 (85,5%)
Para que faixa etária a vacina anti HPV é recomendada? ( ), ( ), 10 a 20 anos 27 (33,8%) 27 (33,8%) 54 (67,5%) 0,008
( )”
21 a 30 anos 6 (7,5%) 13 (16,3%) 19 (23,8%)
As mulheres vacinadas precisam realizar o exame Papanicolau Não/Não Sei 35 (42,2%) 46 (55,4%) 81 (97,6%) 1,000
anualmente?
Sim 1 (1,2%) 1 (1,2%) 2 (2,4%)
Você já tomou a vacina do HPV? Não/Não Sei 34 (40,5%) 37 (44%) 71 (84,5%) 0,035
Caso tenha respondido sim acima. Qual dose? 1ª dose 11 (22%) 10 (20%) 21 (42%) 0,774
Na Tabela 1, pode-se verificar através dos testes estatísticos que os meninos ouviram falar
mais sobre o HPV (33%) do que as meninas (15,5%). Não houve diferenças significativas entre
meninos e meninas quanto ao conhecimento a respeito do HPV ser uma IST. Além desse dado,
tornou-se notório que os meninos possuem maior conhecimentos sobre o HPV quando
questionados sobre a continuidade do uso do preservativo após a vacinação; sobre o possível
quadro clínico assintomático do HPV; sobre as verrugas genitais e quais sexos podem se infectar
pelo HPV.
Observa-se, com estes resultados, características muito distintas de gênero. Tal
característica peculiar entre os gêneros, pode ser explicada pela iniciação sexual mais precoce entre
os garotos em comparação às garotas.³ Segundo dados do Ministério da Saúde, em 1997, a média
de idade da primeira relação sexual entre meninos era de 16 anos e, entre as meninas, de 19 anos.
Em 2001, essa média baixou para 14 e 15 anos, respectivamente.4 Em contrapartida, ainda pôde-
se observar, nos resultados deste estudo, há escassez de conhecimento acerca das ISTs. Embora os
meninos tenham acertado mais do que as meninas, há uma grande porcentagem da amostra com
respostas errôneas ou “não sei”. Frente a esta realidade, pode-se afirmar o quanto é necessário
investimentos na educação e na saúde, salientando que o adolescente não deve ficar fora da escola.
Isso se corrobora pela maior parte dos jovens crerem que não correm o risco de estar
infectado por ISTs. O estudo HBSC/OMS – Health Behavior in School-aged Children: O
Considerações Finais
Diante dos resultados expostos, pode-se concluir que o conhecimento dos estudantes do
sexto ano indagados no presente estudo sobre o HPV é escasso, ainda que esse vírus seja muito
prevalente na população. Tais resultados são importantes para fomentar a discussão do
desconhecimento de parcela da população sobre o HPV. Dessa forma, é importante frisar a
necessidade de estratégias de vacinação específicas à região e de ações educativas referentes a essa
IST.
Referências
1
Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer [Internet]. Cancer do Colo do Útero. [acesso 14 jun. 2021].
Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero
2
Vieira SC, Lustosa AML, Barbosa CNB, Teixeira JMR, Brito LXE, Soares LFM, et al. Oncologia Básica. Teresina:
Fundação Quixote; 2012.
3
Paiva V, Peres C, Blessa C. Jovens e adolescentes em tempos de aids: reflexões sobre uma década de trabalho de
prevenção. Psicol. USP 2002; 13
4
Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e normas reguladoras de pesquisa envolvendo
seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde; 1997.
5
Ramiro L, Reis M, Matos MG, et al. Educação Sexual, conhecimentos, crenças, atitudes e comportamentos nos
adolescentes. Portugal. Revista Portuguesa de Saúde Pública. Elsevier Doyma. 2011.
6
Hercowitz A.Gravidez na adolescência. Pediatria Moderna 2002; 38(3):392-395.
Helen Tatiane de Oliveira¹, Ramon Müller Rodrigues¹, Izabel Aparecida Soares2, Silvana Damin3, Gisele Arruda4,
Franciele Aní Caovila Follador4*
1
Discente Universidade Estadual do Oeste do Paraná 1, 2Docente Universidade Federal da Fronteira Sul, 3Bióloga,
Doutora em Biologia Comparada, 4Docente Universidade Estadual do Oeste do Paraná
*francaovilla@hotmail.com
Palavras chaves: agrotóxicos, ambiente, saúde.
Introdução
Agrotóxicos são agentes físicos, químicos ou biológicos usados com o objetivo de alterar
a flora e a fauna, a fim de preservá-los da ação de seres vivos considerados nocivos¹. Assim, não
restritos a agricultura, são utilizados para eliminar pragas e doenças. Neste cenário, o Brasil coloca-
se desde de 2008 como o maior consumidor mundial de agrotóxico².
Dentre os agrotóxicos, o PREMIO® (Clorantraniliprole) é um inseticida com amplo uso
no controle de pragas em cultivos de hortaliças, frutas e grãos. Todavia, é um produto de Classe
II, considerado muito perigoso ao meio ambiente, por ser também altamente persistente onde
aplicado³.
Neste sentido, cada vez mais tem-se incentivado estudos com essas substâncias, a fim de
determinar sua capacidade de causar dano as espécies que têm contato, direta ou indiretamente.
Para tal fim, são utilizados bioindicadores/organismos-teste, a exemplo do fungo Aspergillus
nidulans, um fungo filamentoso, utilizado em uma variedade de estudos genético, possui baixas
necessidades nutricionais e forma colônias compactas⁴, que necessitam de um meio de cultura
preparado cuidadosamente para a correta observação dos resultados⁵,⁶.
Considerando que para maior parte dos agrotóxicos, os mecanismos de ação e toxicidade
para organismos não alvo, ainda não foram totalmente esclarecidos, este estudo, objetivou avaliar
o agrotóxico PREMIO® sobre a sobrevivência e desenvolvimento de colônias de A. nidulans,
buscando esclarecer quais alterações morfológicas oriundas desta exposição.
Metodologia
Linhagem e meios de cultura
Foi utilizada a linhagem haploide biA1methG1 de Aspergillus nidulans, gentilmente
fornecida pela Professora Dra. Carmem Lucia M. S. C. Rocha da Universidade Estadual de
Maringá. Foram utilizados: meio completo líquido e meio completo sólido, preparados segundo
Pontecorvo⁴.
Preparo da suspensão de herbicida
O agrotóxico PREMIO® foi adquirido em comércio local. Foi preparado uma solução de
concentração 0,01%, dissolvido em água destilada. Após o preparo, a solução foi filtrada em filtro
milipore 0,22um e armazenada em frasco âmbar para a realização dos experimentos.
Análise de sobrevivência e aspecto geral da colônia
Conídios foram coletados de colônias com cinco dias de crescimento em meio completo
sólido, a 37°C. Essa solução de conídios foi filtrada em lã de vidro. Em seguida, foi preparada uma
suspensão final de 500x104 conídios/mL, por meio da contagem em câmara de Neubauer. Os
conídios coletados foram divididos em dois tratamentos: 1 - controle e 2 - PREMIO® (0,01%).
Essas suspensões foram incubadas por 2 horas. Após esse período, uma alíquota de 100μL, para
cada um dos tratamentos, foi adicionada em placas de petri, em blocos delineadamente
casualizados, contendo meio completo sólido. As placas foram incubadas em estufa a 37°C por 3
dias. Posteriormente, foi realizada a contagem das colônias e feito a estimativa de sobrevivência
pela contagem macroscópica das colônias que cresceram, observado a forma da colônia, bordas e
superfície e coloração do reverso da placa. Esse experimento foi feito em triplicata em 4 ensaios
independentes.
Análise estatística
Os resultados foram submetidos à comparação de médias, utilizando como referência o
erro padrão da média (EPM). Foram comparadas as médias de sobrevivência e crescimento do
tratamento versus o controle através de ANOVA seguido por Tukey como pós-hoc. Todas as
análises foram feitas utilizando o software GraphPad Prism 8 Demo, com significância definida
como p< 0,05.
Resultados e Discussão
A análise de aspecto geral da colônia mostrou diferenças entre o controle e o tratamento
(PREMIO® 0,01%). Uma das principais diferenças foi com relação ao aspecto da textura das
colônias, sendo que as tratadas com o agrotóxico apresentavam-se deformadas, enrugadas,
pequenas e algumas apresentavam espaços sem crescimento no centro das colônias (Figura
01/Quadro 01).
Figura 1 – Imagem representativa do desenvolvimento das colônias de A. nidulans nos diferentes tratamentos. a –
Controle; b – Agrotóxico PREMIO® 0,01%.
Quadro 1 – Análise dos aspectos gerais da colônia de A. nidulans frente a exposição ao agrotóxico PREMIO® e
controle após 72 horas.
Tratamento Descrição
Controle As placas apresentaram-se na cor verde com bordas brancas e possuíam uma média de 14,5 colônias.
As colônias também se apresentavam com formato regular e distribuídas por toda a placa.
Agrotóxico As colônias apresentaram-se na cor verde escura com bordas brancas e as placas possuíam uma média
PREMIO® de 2,4 colônias. Anomalias como ondulações e porções sem crescimento da colônia estavam
presentes. Em algumas placas não ocorreu o crescimento de colônias.
(0,01%)
Considerações finais
Os resultados mostram que o agrotóxico PREMIO® alterou a morfologia da colônia e
induziu a morte em A. nidulans. Desta forma alterou processos celulares importantes que
culminam com a redução do desenvolvimento e sobrevivência do fungo.
É importante destacar que esse organismo é eucarioto e possui diversos processos celulares
semelhantes a outros organismos eucariotos. Neste sentido, pesquisas como essa mostram
alterações celulares importantes oriundas da exposição a um agrotóxico que é comumente utilizado
pela comunidade agronômica e desta forma, indiretamente, mostra um risco para a saúde humana.
Futuras pesquisas deverão testar novas concentrações e outros organismos para verificar quais
mecanismos são alterados por esse tipo de agrotóxico.
Referências
Brasil. Lei n. 7082, de 11 de julho de 1989. Lei dos agrotóxicos. Diário Oficial da União. De julho de 1989. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7802.htm.
PREMIO® [bula]. Campinas: FMC Química do Brasil Ltda; 2021. Disponível em:
https://www.fmcagricola.com.br/Content/Fotos/Bula%20-%20Premio.pdf.
Pontecorvo G, Roper JA, Chemmons LM, Macdonals KD, Bufton AWJ. The Genetics of Aspergillus nidulans. In:
Pontecorvo G. 5. ed. New York: Academic Press Inc; 1964. p. 141-238.
Arruda G, Soares IA, Da Rocha CLMSC. Effect of nutritional factors on the Aspergillus nidulans germination
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Vicari CC, Dorneles AL, Santos CF dos, Blochtein B, Marsaro Júnior AL. Efeito do inseticida clorantraniliprole no
desenvolvimento larval e na determinação de rainha da abelha sem ferrão Plebeia droryana. In: Mostra de pós-
graduação da Embrapa Trigo; 2017 dez 21; Passo Fundo, Brasil. Passo Fundo: Embrapa Trigo; 2017. p.34. Disponível
em: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1083158.
Sousa CAE de, Augusto LP, Mendonça AJT, Costa EM da. Toxidade de clorantraniliprole e ciantraniliprole, nas doses
recomendadas para cucurbitáceas, sobre Apis mellifera L. Caderno Verde [Internet]. 4º de novembro de 2018 [citado
21º de junho de 2021];8(1):12. Disponível em:
https://editoraverde.org/gvaa.com.br/revista/index.php/CVADS/article/view/6053.
Murilo Galvani Machado¹, Henrique Rodrigues Menezes Oliveira1, Matheus Ricardo Garbim¹, Stefania Tagliari de
Oliveira¹, Geise Ellen Broto Oliveira², Carolina Panis¹.
1
Laboratório de Biologia de Tumores, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
² Programa de Pós graduação em Ciências da Saúde de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil.
*henrique.rmo@hotmail.com
Palavras-chave: Leucemia Linfocítica Aguda; Perfil Epidemiológico; Taxa de mortalidade.
Introdução
As neoplasias fazem parte das principais causas de morte de crianças em todo mundo,
correspondendo à segunda maior no Brasil, sendo considerado, portanto, um problema de Saúde
Pública (INCA, 2016). Nesse grupo, destacam-se as leucemias pediátricas, cânceres do sistema
hematopoiético caracterizados pela transformação maligna de células progenitoras linfóides e,
menos comumente, da linhagem mielóide. Ademais, é o tipo mais comum de câncer infantil na
faixa etária de 0-14 anos, tornando-se, portanto, a principal causa de mortalidade relacionada ao
câncer em pediatria (INCA, 2016; Steliaroya, et al., 2017).
A apresentação inicial da leucemia linfóide aguda engloba um grande espectro
sintomatológico, em decorrência da insuficiência na medula óssea e infiltração e proliferação de
blastos leucêmicos. Boa parte das manifestações são caracterizadas por sinais e sintomas não
específicos (Rose-Inman & Kuehl et al. 2017), sendo os mais frequentes: anemia, trombocitopenia
e infecções recorrentes. Vale ressaltar que os pacientes anêmicos, em sua maioria, queixam-se de
fadiga, dispneia, dor de cabeça ou dor no peito, além de contusões ou sangramentos fáceis (em até
60% dos casos), principalmente nariz e gengivas, como resultado de trombocitopenia (Rodgers et
al., 2019).
Devido à melhoria no tratamento, as mudanças no prognóstico dos pacientes foram
significativas, com taxas de sobrevida superiores a 80% (Rose-Inman & Kuehl, et al., 2017).
Contudo, a porcentagem de recorrência da manifestação neoplásica permaneceu em 20%
(Children’s Oncology Group, 2021), o que corrobora para a importância do estudo da leucemia
linfocítica pediátrica. Com isso, o objetivo deste trabalho é traçar e analisar o perfil clínico-
patológico dos pacientes acometidos por tal neoplasia, de modo a otimizar as ferramentas de
tratamento e alcançar taxas de cura mais elevadas.
Metodologia
O vigente estudo selecionou os pacientes através dos seguintes critérios de inclusão:
Autorização dos pais para que seus filhos adentrem a pesquisa, pacientes com idade entre 0 a 18
anos; Ambos os sexos; Diagnóstico confirmado de Leucemia Linfocítica Aguda de linhagem B
por Mielograma; Imunofenotipagem atendidos no Instituto de Câncer de Londrina entre 2014-
2015. Os critérios de exclusão são: Leucemia Linfocítica Aguda de linhagem T e/ou diagnósticos
não confirmados por imunofenotipagem.
Os dados clínico-patológicos foram obtidos a partir de prontuários médicos dos pacientes,
bem como as alterações dos exames laboratoriais durante a fase de indução do tratamento
quimioterápico. Os dados analisados foram: Gênero, etnia, idade ao diagnostico, Índice de Massa
Corporal (IMC), leucometria, hemoglobina, plaquetas, doença residual mínima (DRM), blastos,
esquema de tratamento quimioterápico e desfecho óbito.
Resultados
Para fim das análises de resposta ao tratamento, utilizou-se o esquema quimioterápico
GBTLI 2009, adotado pelo hospital, de forma a agrupar os dados nos respectivos dias de
atendimento ao paciente, assim como as mudanças ocorridas (Figura 1); Em D0 (Perfil antes do
início à quimioterapia) e D28 (Último dia do tratamento de indução quimioterápica) (Tabela 1).
Tabela 1 - Dados Clinicopatologicos dos pacientes com LLA-B. DRM = Doença Residual Mínima.
Pacientes com LLA-B
Número total de pacientes até o momento n = 17
Gênero
Mulher n = 8 (47,05%)
Homem n = 9 (52,94%)
Etnia
Caucasianos n = 15 (88,23%)
Afrodescendentes n = 2 (11,76%)
Idade ao diagnóstico, anos (mínimo-máximo) 6,8 (1,7 - 15)
2
Índice de Massa Corporal, kg/m (mínimo-máximo) 16,74 (13,13 – 25)
Obesos n = 3 (17,6%)
Normais n = 10 (58,82%)
Abaixo n = 4 (23,52%)
Leucometria, Sangue periférico, mm3
D0 20918,11 (600 - 74300)
D28 1707,69 (100 - 9700)
Leucometria ao diagnóstico, mm3 22.523,53 (600 - 74300)
Hemoglobina, g/dL
D0 7,65 (2,9 - 11,2)
D28 8,95 (6,2 – 11)
Plaquetas, mm3
D0 75600 (4000 – 269000)
D28 114833,33 (7000 – 248000)
DRM, porcentagem
D0 56 (28 – 90)
D28 6,5 (0 – 11)
Blastos na MO, porcentagem
D0 17,52 (0 – 80)
D28 0 (0 – 0)
Óbitos n=9
Homens n=5
Mulheres n=4
Grupos de Risco D0
Alto Risco n=8
Baixo Risco n=9
Grupos de Risco D28
Alto Risco n = 14
Baixo Risco n=3
Discussão
Os dados epidemiológicos da população estudada estão de acordo com a literatura, quanto
ao gênero, idade de diagnóstico e etnia, cujas especificidades são, respectivamente, sem diferença
quanto ao sexo, mais recorrente no sexo masculino, com pico de incidência variável entre 2-7 anos
de idade, e predominância em caucasianos (INCA, 2016). A idade ao diagnóstico na região
estudada, ainda, pode refletir um atraso na identificação precoce dos indivíduos portadores da
LLA-B, quando a doença ainda está em fase inicial, sem infiltração múltipla de outros órgãos.
Quanto às alterações laboratoriais, no que tange à literatura, a anemia normocítica e
normocrômica, com contagem baixa de reticulócitos, ocorre em 80% dos pacientes
aproximadamente. A leucometria encontra-se elevada na grande maioria dos casos, porém pode
haver neutropenia. Já em relação à contagem de plaquetas, valores inferiores a 100.000/mm³ são
comuns. Em cerca de 5% dos casos, a contagem de leucócitos pode ser menor que 2.000/mm³,
com ausência de linfoblastos detectáveis no sangue periférico (Smith & Hann, 2006).
Nesse sentido, a hemoglobina média ao diagnóstico (D0) do estudo foi de 7,65g/dL, sendo
classificada como uma anemia severa, enquanto a contagem de plaquetas média foi de
75.600/mm³. Porém, ao final do tratamento de indução, nota-se uma melhora nos índices, com
uma média de 8,95g/dL e 114.000/mm³, respectivamente. Esse aumento dos parâmetros pode
refletir uma melhor recuperação da Medula Óssea (MO), frente à intensa quimioterapia aplicada e
consequente eliminação dos blastos leucêmicos. Entretanto, ao final da indução (D28), mesmo
com a contagem de blastos na MO zerada, ainda houve DRM positiva e evolução da maioria dos
pacientes para alto risco, com mortalidade de 52% da população estudada ao final do tratamento.
Considerações finais
Apesar do advento de técnicas auxiliares modernas para a avaliação diagnóstica de LLA-
B, da evolução no tratamento e da melhora na sobrevida global e em taxas de cura, com índices
atingindo até 90% em determinadas regiões, a taxa de mortalidade na região estudada permanece
preocupante. Com disso, a alta incidência de óbitos pode ser proveniente de características
genéticas mais agressivas que expressam a leucemia ou devido ao diagnóstico tardio dos pacientes.
Nesse sentido, estudos mais ampliados, com uma população maior, objetivando investigar o
estresse oxidativo e os mecanismos moleculares de resposta ao tratamento quimioterápico, são
necessários para alcançar resultados mais precisos e promissores.
Referências
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Incidência, mortalidade e morbidade hospitalar
por câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil: informações dos registros de câncer e do
sistema de mortalidade. Rio de Janeiro. http://www.inca.gov.br/wcm/incidencia/2017/. Acesso em 11 de
junho de 2021.
Rodgers, C., Hooke, M. C., Ward, J., & Linder, L. A. (2016). Symptom clusters in children and
adolescents with cancer. Seminars in Oncology Nursing, 32(4), 394- 404.
Rose-Inman, H., & Kuehl, D. (2017). Acute Leukemia. Hematology/Oncology Clinics of North America,
31(6), 1011–1028.
Thalia de Paula Morais¹, Ana Paula Vieira², Ariane Fernandes Camargo³, Franciele Aní Caovilla Follador⁴, Guilherme
Affonso Vieira Adami⁵, Claudine Dullius⁶ Christine Grabaski Nascimento⁷, Vanessa Fontana Furtado⁸, Luis Robertto
Dalbosco Mattei⁹, Lirane Elize Defante Ferreto¹º
¹Acadêmica, curso de Nutrição - CCS Francisco Beltrão. ²Docente – CCS Francisco Beltrão. ³Acadêmica, curso de
Serviço Social – CCSA Francisco Beltrão, ⁴Docente – CCS Francisco Beltrão. ⁵Acadêmico, curso de Medicina CCS -
Francisco Beltrão. ⁶Acadêmica, curso de Nutrição - CCS Francisco Beltrão. ⁷Docente - CCSA Francisco Beltrão.
⁸Docente, CCSA – Francisco Beltrão. ⁹Acadêmico, curso de medicina – CCS Francisco Beltrão. ¹º Docente – CCS
Francisco Beltrão.
*thalia.morais@unioeste.br
Palavras chaves: Educação alimentar, Covid-19, Idosos.
Introdução
Desde a emergência, na China, em dezembro de 2019, do novo Coronavírus (SARS-CoV-
2), que é responsável pela pandemia de Covid-19, a humanidade tem enfrentado uma grave crise
sanitária global. Novos e numerosos casos surgiram rapidamente em países asiáticos, seguindo
para a Europa e demais continentes, o que levou a Organização Mundial de Saúde decretar uma
Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, em 30 de janeiro de 2020¹.
A pandemia acarretou o isolamento social para conter a contaminação em massa das
pessoas. Deste modo, vários setores foram afetados, dentre eles a educação, sendo que as escolas
e universidades de ensino público e privado suspenderam suas atividades presenciais
temporariamente. Assim, foi necessário reformular as aulas que até então eram presenciais para o
formato online. Uma nova dinâmica, em que professores e alunos precisaram de adaptação.
A Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI) é um programa de extensão, feito por
professores, pesquisadores, colaboradores, alunos e agentes universitários da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, campus de Francisco Beltrão, através do programa Ciências do
Envelhecimento Humano. A UNATI oferece o curso para a população idosa da cidade de
Francisco Beltrão e cidades da circunvizinhas. O objetivo da atividade é contribuir através do
conhecimento para que essa população se mantenha ativa e com sua independência funcional, o
que consequentemente trará benefícios diretos e indiretos para vida desses indivíduos, seja
socialmente, culturalmente, além da saúde física e mental.
Frente à pandemia, os idosos foram considerados grupo de risco, uma vez que 90% dos
óbitos foram de pessoas idosas e 84% apresentavam pelo menos uma doença crônica não
transmissível, como: cardiopatias, diabetes, pneumopatias, doenças renais ou neurológicas, entre
outras, com chance de maior probabilidade de desenvolver síndrome respiratória grave,
consequentemente, com risco de óbito². Isso mostra que, um dos grupos que mais teve que aderir
ao isolamento social, afastamento de suas famílias e diminuir idas ao mercado, farmácias,
atividades culturais e sociais, foram os idosos, bem como, um dos mais prejudicados em questões
de interação social.
O isolamento social, afastamento da família e o medo da pandemia, fez com que essas
pessoas sentissem maior nível de estresse, estando assim, susceptíveis à uma ingestão alimentar
excessiva e compulsiva³. Porém, por outro lado, existem os indivíduos socioeconomicamente
prejudicados que podem ter piorado sua situação financeira em época de pandemia, estando
propensos à insegurança alimentar e nutricional. Frente à tantos desafios, trabalhar o tema
alimentos e alimentação é indispensável. Uma alimentação saudável é necessária em todas as
etapas da vida, contudo, isso atinge maior relevância no envelhecimento já que a alimentação pode
auxiliar diminuir os impactos das alterações sobre a saúde e melhorar a qualidade de vida,
especialmente, em indivíduos que possuem doenças crônicas não-transmissíveis⁴.
Tendo em vista as preocupações com o cenário atual da pandemia da Covid-19,
demandando adequações no processo de educação, traz relevância conhecer as alternativas
Metodologia
O método de estudo consiste em um relato de experiência sobre as aulas de educação
alimentar ministradas de forma remota para os alunos da Universidade Aberta à Terceira Idade
(UNATI) do campus Francisco Beltrão, Paraná. Este modelo foi implementado em decorrência da
pandemia da Covid-19, pois o distanciamento social foi uma das medidas tomadas para diminuir
a proliferação do vírus. Levando em consideração que os idosos foram um dos grupos mais
afetados, a melhor alternativa foi a implementação das aulas online, para que as recomendações
feitas pelo Ministério da Saúde de isolamento social fossem respeitadas.
O período de experiência iniciou em abril de 2021 e está em andamento. As aulas foram
adaptadas aos dias e horários que os alunos da UNATI pudessem participar, sendo reformuladas a
didática e abordagem do conteúdo, para abranger o maior público possível. O formato das aulas,
que presencialmente eram expositivas, dialogadas e práticas foram mantidas, havendo apenas
comprometimento da parte prática. As plataformas utilizadas são o Google Meet e Youtube. As
discussões sobre os assuntos de cada aula foram feitas em reuniões síncronas pelo Google Meet e
um dia antes da aula uma prévia do assunto é gravado e disponibilizado no canal do YouTube da
UNATI, para que os idosos optem por assistir as aulas de forma síncrona ou assíncrona.
A preparação dos materiais e aulas de educação alimentar são adaptadas de modo que
pudessem prender a atenção dos alunos. Para que isso aconteça foram utilizados temas que são de
interesse no cotidiano desse grupo populacional. A linguagem utilizada foi compreensível, sem o
uso de termos técnicos da área, para que se torne acessível. O material base utilizado para a
preparação das aulas é o Guia Alimentar para a População Brasileira, que apresenta um conjunto
de informações e recomendações sobre alimentação que objetivam promover a saúde da população
brasileira como um todo5.
Resultados e Discussão
Os alunos da UNATI, são participativos e almejam conhecimento, desta forma a adaptação
de aula presencial para remotas foi de grande importância para que eles não parassem de estudar.
Além de que, o assunto sobre questões alimentares que já eram de extrema importância, tornam-
se mais ainda, pela longa permanecia dos idosos em casa, havendo modificação dos hábitos
alimentares.
Durante as aulas ministradas foi possível compartilhar o conteúdo de como fazer melhores
Considerações finais
A inclusão, é um processo no qual uma pessoa ou grupo passa a participar de usos e
costumes de outro grupo e ter os mesmos direitos e deveres daqueles. Diante disso, políticas,
projetos e ações devem ser implementados para que os idosos continuem inseridos na sociedade,
em plena consciência de si e sua importância, consequentemente gerando aumento da sua
autoestima, saúde física e mental.
O novo feliz em tempos de pandemia, distanciamento social e ensino remoto, é quando o
aluno liga a câmera e participa da aula, pois então, nada mais justo do que possibilitar o
conhecimento para que o maior número de pessoas aprenda a lidar com a tecnologia. O tema da
educação alimentar permitiu não só compartilhar o assunto da nutrição em tempos de pandemia,
mas abriu a oportunidade para o debate de outras questões que envolvem o isolamento social,
veiculação de notícias e o papel de cada indivíduo na sociedade frente à pandemia.
Referências
1.World Health Organization (WHO). WHO Director-General's statement on IHR Emergency Committee on Novel
Coronavirus (2019-nCoV) Geneva: WHO; 2020. [cited 2020 Apr 16]. Available from: https://www.who.int/news-
room/detail/23-01-2020-statement-on-the-meeting-of-the-international-health-regulations-(2005)-emergency-
committee-regarding-the-outbreak-of-novel-coronavirus-(2019-ncov).
2.Applegate W. B., Ouslander J. G. COVID-19 Presents High Risk to Older Persons. Journal of the American
Geriatrics Society. 2020; 68(4), 681.
3.Rodrigues-Perez C., Montes E., Verardo V., et al. Changes in Dietary Behaviours during the COVID-19 Outbreak
Confinement in the Spanish COVIDiet Study. Journal Nutrients 2020; 12, 1-19.
4.Boz C., Mendes KG., Santos JS. Descrição do índice de massa corporal e do padrão do consumo alimentar das
integrantes de uma universidade da terceira idade no interior do Rio Grande do Sul. RBCEH. 2010; 7(2), 229-4.
5.Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia Alimentar para a População Brasileira Brasília: MS; 2014.
6.Batista M., WARSCHAUER, Mark. Tecnologia e Inclusão Social: a Exclusão Digital em Debate. Rev. do Progr.
De Pós-graduação em Sociologia. 2006; 14 (1), 197-20
Maria Luisa Kechichian Lucchini¹, Marina Ferronato Dalla Vecchia1, Geisiane Aparecida Przendziuk1, Pietriny
Emanueli Piana1, Carla Luize Canalle1, Patrícia Engelmann1, Rebeca Santana Cooper1, Ester Sidral Ramos Padrilha1,
Rosebel Trindade Cunha Prates², Léia Carolina Lucio3.
1
Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
2
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
3
Docente do CCS e do PPGCAS da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco
Beltrão, Paraná, Brasil
maria.lucchini@unioeste.br
Palavras chaves: Cobertura Vacinal, Papilomavírus Humano
Introdução
O Papilomavírus humano caracteriza-se como um problema de saúde pública, pois a
infecção provocada por alguns subtipos é a principal responsável pelo câncer de colo de útero e
causadora de condilomas anogenitais, além de cânceres na região anal e oral.1 No Brasil, a vacina
disponibilizada pelo PNI foi estabelecida em 2014, e está disponível para meninas de 9 a 14 anos
e para meninos de 11 a 14 anos¹. A vacina quadrivalente previne infecções causadas pelos tipos 6,
11, 16 e 18, os quais causam cerca de 90% das verrugas genitais2. Assim, as manifestações clínicas
decorrentes do HPV destacam-se como doenças evitáveis, principalmente por meio da vacinação
quadrivalente em duas doses3. É importante salientar que o Brasil foi o primeiro país da América
Latina a incluir os meninos no calendário vacinal a partir de 2017, considerando que a população
masculina tem significativa responsabilidade na transmissão do HPV para mulheres, além de
auxiliar na prevenção de cânceres de boca e orofaringe4. Entretanto, de acordo com o Ministério
da Saúde, em 2018, o índice de vacinação das meninas no estado do Paraná era de 45,7%; já o
índice dos meninos era de 44,4%, números bem abaixo do ideal, que seria a imunização de 80%
dessa faixa etária2,4. O objetivo do estudo teve como foco adolescentes de 14 a 16 anos, residentes
no estado do Paraná, que receberam as duas doses da vacina quadrivalente contra HPV até o ano
de 2020, a fim de verificar se a cobertura vacinal atingiu os 80% da população-alvo como indica
o Ministério da Saúde.
Metodologia
etária5. Assim, foram consideradas 3 coortes: de meninas e meninos que tinham 14, 15 e 16 anos
em 2020, onde o numerador é a soma acumulada das doses vacinais aplicadas a cada coorte desde
o primeiro ano em que se tornaram população-alvo para a vacina; e o denominador, o número de
adolescentes de 14 a 16 anos que residiam no estado do Paraná e faziam parte da população-alvo
para a vacina. Após isso, multiplicou-se por 100 para obter a porcentagem de vacinados.
Ano 09 10 11 12 13 14 15 16 11 12 13 14 15 16
2013 C3
2014 C2 C3
2015 C1 C2 C3 C3
2016 C1 C2 C3 C2 C3
2017 C1 C2 C3 C1 C2 C3
2018 C1 C2 C3 C1 C2 C3
2019 C1 C2 C3 C1 C2 C3
2020 C1 C2 C3 C1 C2 C3
Resultados
A cobertura vacinal das populações feminina e masculina, com 14, 15 e 16 anos em 2020,
estão organizadas nas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1 – Cobertura vacinal das meninas, primeira e segunda dose, no estado do Paraná, ano de 2020
Cobertura da HPV quadrivalente em meninas Coorte I (14 anos) Corte II (15 anos) Corte III (16 anos)
A cobertura vacinal acima de 100%, nas coortes I e II, indica uma duplicata nos registros
das doses vacinais. O erro de registro é verificado também na coorte III, já que o número de
meninas vacinadas pela segunda dose supera as vacinadas pela primeira dose. Verifica-se uma
cobertura menor que 80% na segunda dose da coorte I (74,41%), indicando uma vacinação abaixo
do nível adequado. Houve uma redução no número de meninas vacinadas pela segunda dose, nas
coortes I e II.
Tabela 2 – Cobertura vacinal dos meninos, primeira e segunda dose, no estado do Paraná, ano de 2020
Cobertura da HPV quadrivalente em meninos Coorte I (14 anos) Corte II (15 anos) Corte III (16 anos)
Além disso, cobertura vacinal dos meninos, para a segunda dose de todas as coortes está
abaixo do adequado. A coorte III apresenta os piores níveis de vacinação, com número de
vacinados reduzidos tanto da primeira (69,6%), quanto da segunda dose (56,1%). Houve, ainda,
redução no número de meninos vacinados pela segunda dose, nas três coortes.
Discussão
Uma preocupação existente a partir dos dados encontrados, como na coorte I e II das
meninas e na coorte II dos meninos na primeira dose, é a duplicação de resultados. Essa situação
explica os números que demonstram porcentagens maiores que 100, além de indicar a
possibilidade de que dados sobre outras coortes e doses possam também ser imprecisos, não sendo
confiáveis na representação da realidade brasileira.
No entanto, utilizando como base os resultados apresentados, pode-se perceber uma maior
vacinação nas meninas em relação aos meninos, principalmente nas coortes I e II. Tal dado pode
indicar a maior abrangência e eficácia das campanhas em relação à vacinação das meninas. Um
possível motivo para isso seria o destaque que é dado à relação entre o HPV e ao câncer de colo
de útero. Outro possível motivo seria a inclusão mais recente dos meninos no programa de
imunização contra o HPV, em 2016, visto que as meninas começaram a ser vacinadas em 20146.
A diferenças da cobertura vacinal entre os gêneros pode também indicar a deficiência educacional
da população masculina quanto à importância da prevenção adequada, uma vez que as mulheres
tendem a buscar mais informações sobre saúde preventiva, sexual e reprodutiva7.
Com relação à faixa etária pode-se perceber que, para as meninas, as taxas de segunda dose
são maiores na coorte III e menores na coorte I. Tal dado pode refletir a preocupação dos pais
dessas meninas de que a vacinação seja um incentivo ao início da vida sexual precoce e de que a
proteção estimula a atividade sexual desprotegida por parte delas. A não adesão à vacina relaciona-
se à fé, crenças e valores referentes ao comportamento sexual, além das inseguranças quanto às
reações adversas da imunização. Devido a isso, a vacinação se iniciaria apenas em faixas etárias
maiores8.
Ademais, excetuando a coorte III das meninas, na qual existe erro provavelmente por
duplicação de resultados, é perceptível a grande diminuição das aplicações da segunda dose em
relação à primeira. Possíveis explicações para esse fato são o esquecimento por parte dos
indivíduos a serem vacinados; uma crescente falta de confiança em relação à segurança da vacina;
a preocupação quanto a seus efeitos adversos; a falta de informações e/ou a circulação de
informações errôneas sobre a vacina; a crença de que apenas uma dose já é o suficiente para a
imunização; o longo período de tempo até o desenvolvimento da doença e a falta de campanhas
para que os adolescentes procurem pela segunda dose9.
Em geral, a cobertura vacinal no estado do Paraná não está dentro das expectativas do
Ministério da Saúde, principalmente devido às deficiências na aplicação da segunda dose da
vacinação contra o HPV.
Considerações finais
Sendo assim, percebe-se a necessidade de intervenções educativas focando não apenas na
vacinação em si, mas também na adesão às duas doses para uma prevenção mais eficiente.
Também é necessário pensar em estratégias que melhorem o acesso da população jovem a
informações verdadeiras e significativas sobre a imunização, a eficácia e segurança da vacina e as
consequências da infecção pelo HPV, como nas escolas e na internet. Essas propostas devem ser
pensadas para atingir também o público masculino, com o intuito de aumentar a cobertura vacinal
dessa população, meta que seria benéfica para a população como um todo, auxiliando na quebra
da cadeia de transmissão desse vírus.
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Condiloma acuminado (Papilomavírus Humano – HPV). Departamento de Doenças de
Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. 2011. Disponível em http://www.aids.gov.br/pt-
br/publicogeral/o-que-sao-ist/condiloma-acuminado-papilomavirus-humano-hpv.
Linhares AC, Villa LV. Vaccines against rotavirus and human papillomavirus (HPV). J Pediatr 2006;82(3):25-34.
Osis MJG, Duarte GA, Sousa MH. Conhecimento e atitude de usuários do SUS sobre o HPV e as vacinas disponíveis
no Brasil. Revista de Saúde Pública. 2014; v. 48, n. 1 [Acessado 1 Julho 2021] , pp. 123-133
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis – DEVIT. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações –CGPNI. PNI-Programa
Nacional de Imunizações. Boletim Informativo. Vacinação contra HPV. 2016. Disponível em:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/julho/28/Boletiminformativo.pdf
Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação Geral do Programa Nacional de
Imunizações. Norma Informativa N 311, de 2016/CGPNI/DEVIT/SVS/MS – Mudanças no calendário nacional de
vacinação para o ano de 2017. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Pinheiro RS, Viacava F, Travassos C, Brito AS. Gênero, morbidade, acesso e utilização de serviços de saúde no Brasil.
Ciênc saúde coletiva. 2002 [citado 16 Ago 2015];7(4):687-707. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v7n4/14599.pdf
Almeida FL, Beiral JS, Riberito KR, Shimoda E, Souza CHM. A vacina contra o vírus HPV para meninas: um
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Krawczyk A, Knäuper B, Gilca V, Dubé E, Perez S, Joyal-Desmarais K, et al. Parents decision-making about the
human papillomavirus vaccine for their daughters: I. Quantitative results. Human Vaccines & Immunotherapeutics
[Internet]. 2015; 11(2):322-Disponível em: http://doi.org/10.1080/21645515.2014.1004030
Maria Eduarda Fontana Vasselai1,2, Fernanda Mara Alves1,2, Isadora Nunes Ferreira1,2, Daniel Rech1,2,3, Carolina
Panis1,2
1
Liga Acadêmica de Oncologia Clínica e Cirúrgica e de Hematologia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
2
Laboratório de Biologia de Tumores, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão, Paraná,
Brasil.
3
CEONC Hospital do Câncer, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
*maria.vasselai@unioeste.br
Palavras chaves: câncer de mama; prevenção; diagnóstico precoce.
Introdução
O câncer de mama é uma proliferação de células epiteliais malignas que revestem os ductos
ou lóbulos da mama (HAYES e LIPPMAN, 2020). A neoplasia ocorre devido a uma expansão
clonal com alta instabilidade genética, predispondo ao aparecimento de inúmeras mutações que
acarretam na perda ou ganho de função nos genes envolvidos no desenvolvimento tumoral. Logo,
a malignização promove uma predisposição genética e reorganização do ambiente tumoral,
propiciando, ainda, um avanço das células adjacentes, bem como inibição da resposta imune local
(DANTAS et al., 2009).
A neoplasia mamária caracteriza-se por seu aspecto multifatorial, visto sua grande
apresentação clínica e morfológica, bem como associação com fatores ambientais e genéticos. Os
principais fatores de risco compreendem a predisposição genética, incompetência imunológica,
exposição à carcinógenos e meio hormonal e ambiental adversos. Aproximadamente 1% dos casos
acometem os homens e apresentam-se com pequenas dimensões, além de causarem alterações na
pele e no mamilo precocemente (MENKE et al., 2011).
De forma mais específica, os fatores de risco primário compreendem o sexo feminino,
idade acima de 40 anos, antecedentes pessoais de câncer de mama, nuliparidade, história familiar
de câncer de mama e primeiro parto após a 4º década de vida. Já os fatores secundários abrangem
menarca precoce (< 11 anos), menopausa tardia (> 55 anos), aumento de peso na pós-menopausa
e terapia de reposição hormonal por mais de 2 anos. Ainda, é importante destacar que alguns
hábitos de vida também se relacionam com o desenvolvimento da neoplasia, como uma dieta
contendo alto teor de gorduras e/ou etilismo crônico (MENKE et al., 2011).
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2019), para cada ano do triênio
2020-2022 no Brasil, estimam-se que 66.280 casos novos de câncer de mama. Esse valor
corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar
os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama feminino ocupa a primeira posição mais
frequente em todas as Regiões brasileiras, com um risco estimado de 71,16 por 100 mil na
Região Sul.
A região Sudoeste do Paraná é essencialmente agrícola, e tem como parte de sua
macrorregião o Município de Francisco Beltrão, que atende muitos casos de cânceres com
histórico familial oriundos dos 27 municípios que compõem a 8a Regional de Saúde. Por não
existir um relatório ou mapeamento oficiais, não se sabe se existe uma associação entre a
exposição ocupacional aos agrotóxicos e a alta incidência de casos de câncer de mama familial
nesta região em particular. Os tumores de mama mais agressivos têm sido fenotipados como
triplos negativos, evoluindo como uma doença de péssimo prognóstico em mulheres jovens
portadoras de história familial. Este fato está associado à herança de mutações em genes que
controlam o reparo do DNA como p53, BRCAI e BRCA2.
Neste projeto de Mapeamento, investiga-se a associação entre a incidência de câncer de
mama, história familial da doença e a exposição contínua aos agrotóxicos, oferecendo à
população desta região o acesso ao mapeamento dos genes de alto risco para desenvolvimento
de câncer de mama familial, tanto nos indivíduos afetados como nos seus familiares. Além
disso, tem como objetivo promover ações de conscientização para a prevenção e diagnóstico
precoce do câncer de mama, possibilitando identificar tumores em um estágio mais apropriado
para terapia local conservadora.
Metodologia
1. Aprofundamento do conhecimento sobre a epidemiologia do Câncer de Mama no
Brasil e em especial na região Sudoeste do Paraná.
2. Estudo sobre a fisiopatologia, clínica e tratamento dos vários tipos de cânceres de
mama.
3. Pesquisa e treinamento sobre as técnicas didático pedagógicas para divulgação
destes conhecimentos para mulheres.
Resultados e Discussão
No primeiro ano de execução do projeto foram realizadas atividades informativas em locais
públicos, eventos e comércios privados do município de Francisco Beltrão. Em todas as ações da
campanha foram agendados encaminhamentos para a realização de mamografias, distribuídos
panfletos impressos contendo informações acerca do câncer de mama, além da exposição de um
protótipo de mama com o objetivo de ensinar a prática do autoexame. Além disso, foram
organizados eventos abertos a toda comunidade abordando temas como alimentação saudável e
cuidado espiritual na oncologia, e, eventos científicos sobre o câncer voltados a profissionais e
acadêmicos da área da saúde.
Em virtude da pandemia, no segundo ano de projeto as atividades ocorreram de maneira
online. Foi elaborado um folder ilustrativo com informações sobre fatores de risco, sinais e
sintomas e exame diagnóstico do câncer de mama e vídeos elucidativos sobre o tema feitos por
profissionais da saúde. Todos os materiais foram amplamente divulgados nas redes sociais a fim
de atingir o maior público-alvo.
As ações realizadas cumpriram com o proposto de exercer contribuição no processo de
promoção de saúde e prevenção do câncer de mama, foram agendadas mais de 50 mamografias no
primeiro ano de projeto e as mulheres presentes nas ações ou que receberam os materiais se
tornaram veículos de informações, o que confirma a relevância da extensão universitária.
Considerações finais
A extensão universitária permitiu a atuação em promoção e educação em saúde,
despertando e alertando sobre o câncer de mama, seus fatores de risco, formas de rastreamento e
prevenção. As medidas educativas para população são de suma importância para minimizar os
índices da doença através da detecção precoce.
Apoio
À Fundação Araucária pelo apoio financeiro, à Liga Acadêmica de Oncologia Clínica e
Cirúrgica e de Hematologia, ao Laboratório de Biologia de Tumores, ao CEONC Hospital do
Câncer e ao Grupo Beltronense de Prevenção do Câncer Mão Amiga pelo auxílio e incentivo para
o desenvolvimento do projeto.
Referências
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Breno Lucchin Vieira¹, Kaio Luís Puntel¹, Silvana Damin2, Izabel Aparecida Soares3, Franciele Aní Caovilla
Follador4, Gisele Arruda4
1
Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2Bióloga, Doutora em Biologia Comparada, 3Docente da
Universidade Federal da Fronteira Sul, 4Docente Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
*giselearrudabioq@gmail.com
Palavras chaves: Agroquímicos; Bioensaios; Saúde.
Introdução
O herbicida FUSILADE 250 EW®, cujo princípio ativo é o Fluazifope-P-Butílico, é um
agroquímico com classificação toxicológica’ nível III, medianamente tóxico, que atinge rins,
fígado, testículos, ovários e útero de animais em testes de toxicidade crônica. Esse agrotóxico é
altamente bioacumulável em peixes e tóxico a organismos aquáticos, sendo classe III na
classificação de perigo ao meio ambiente1.
Neste sentido, pesquisas com agroquímicos como o FUSILADE 250 EW® tornam-se cada
vez mais relevantes para as comunidades e o meio ambiente, a fim de determinar sua capacidade
de causar danos às espécies que têm contato, direta ou indiretamente. Dessa forma, bioindicadores
invertebrados, como a Artemia salina Leach, espécie filtradora útil no rastreio de toxicidade de
substâncias, e Aspergillus nidullans, fungo filamentoso com morfogênese definida e haploidia,
vêm sendo utilizados em ensaios que buscam estabelecer os efeitos de agroquímicos em
mecanismos celulares importantes, uma vez que ambos têm cultura fácil, curto ciclo de vida,
anatomia simples e tamanho pequeno, contribuindo para melhores relações de custo-benefício2, 3.
Considerando que muitos dos mecanismos de ação, por qual os agrotóxicos são tóxicos
para muitas espécies, ainda não foram totalmente esclarecidos, esse trabalho tem como objetivo
avaliar a toxicidade do herbicida FUSILADE 250 EW® frente a A. salina e a capacidade de alterar
processos celulares importantes durante a germinação dos conídios de A. nidulans.
Metodologia
Teste de toxicidade com Artemia salina
O ensaio de toxicidade com A. salina foi realizado conforme a metodologia de Meyer et
al. (1982)4, com adaptações. Após a eclosão dos cistos, organismos foram incubados em dois
tratamentos: controle (solução salina 35%) e FUSILADE 250 EW® (0,01%). Após 24 horas foi
contabilizado a mortalidade do organismo, determinando a toxicidade. Esse ensaio foi realizado
em quintuplicata em três ensaios independentes, com 10 Artemias por tubo.
Ensaios com Aspergillus nidulans
Linhagem e meio de cultura
Foi utilizada a linhagem haploide biA1methG1 de Aspergillus nidulans, gentilmente
fornecida pela Professor Dra. Carmen Lucia M. S. C. Rocha da Universidade Estadual de Maringá,
Paraná. Os meios de cultura utilizados foram: Meio Completo líquido e Meio Completo sólido5.
Ensaio da germinação, mortalidade e malformação de conídios
Conídios foram coletados de colônias com cinco dias de crescimento em meio completo
sólido, a 37ºC e transferidos para 0,01% (v/v) de Tween 80. Após filtração em lã de vidro e
contagem dos conídios (+/-500X104), em câmara de neubauer, a avaliação se deu pela inoculação
desses conídios em dois tratamentos: controle e FUSILADE 250 EW® (0,01%). Os tratamentos
foram incubados em câmara úmida a 37ºC, e cada 2 horas, até o total de 8 horas, foram
contabilizados 200 conídios determinado a fase do desenvolvimento (dormente, embebido, botão
e germinado) e com 8 horas o índice de mortalidade e malformação. Esse experimento foi feito
em triplicata em três ensaios independentes 6.
Análise estatística
Todos os resultados foram submetidos a comparação de médias, utilizando como referência
o erro padrão da média (EPM). Para toxicidade foi aplicado ANOVA (One-way), seguido de
Tukey. Para germinação ANOVA (Two-way), seguido de Bonferroni. Para mortalidade e
malformações ANOVA (One-way), seguido de Tukey. Foi utilizado o programa GraphPad Prims
8.0.2, com significância definida como p< 0,05.
Resultados e Discussão
O agrotóxico FUSILADE 250 EW® mostrou toxicidade de 73% (p< 0,001) para A. salina,
quando comparado ao controle (0% de toxicidade). A. salina atua como organismo teste, assim, é
possível predizer a toxicidade de substâncias químicas para outras espécies, sendo que esse
organismo apresenta elevada tolerância para diversas substâncias3. Já foi demonstrado que esse
organismo é sensível aos agrotóxicos Glifosato7 e Diasin8 quando exposto por 24 horas, tempo
este, igual ao utilizado neste trabalho.
Esse efeito tóxico do herbicida também foi observado nos ensaios utilizando A. nidulans.
Na avaliação da oitava hora após os tratamentos, percebeu-se que o grupo controle apresentou
mais germinados do que o grupo tratado com FUSILADE 250 EW® (Figura 1). Isso sugere que o
herbicida utilizado apresenta efeitos sobre o crescimento polarizado do tubo germinativo dos
conídios2, de forma a atrasar o seguimento de sua germinação ou gerar malformados. Não
ocorreram diferenças significativas nas primeiras 6 horas da germinação.
FIGURA 1 – Fases da germinação de conídios de A. nidulans após 8 horas no tratamento controle e Fusilade 250
EW® (0,01%). * Indicam diferença estatística
Tabela 1 – Mortalidade e malformação de conídios de A. nidulans no tratamento controle e FUSILADE 250 EW®
(0,01%)
Mortalidade (%) Malformação (%)
Letras diferentes indicam diferença estatística quando comparado controle versus Fusilade 250 EW® na mortalidade e na
malformação.
Considerações finais
O agrotóxico FUSILADE 250 EW® apresentou toxicidade em ambas as espécies testadas,
Syngenta® (2019). FUSILADE 250 EW®. [acesso 6 Abril 2020] Disponível em:
https://www.syngenta.com.br/sites/g/files/zhg256/f/fusilade_250_ew_2.pdf?token=1567002267
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Ribeiro LR, Salvadori DMF, Marques EK. Mutagênese Ambiental. Ed da ULBRA, Canoas, RS; 2003.
Introdução
A terapia nutricional e a triagem nutricional são de extrema importância em unidades
hospitalares. A desnutrição é descrita por Gomes et al (2019) como uma deficiência de nutrientes
essenciais causados pela privação alimentar ou em decorrência de uma doença de base, podendo ser
primária ou secundária. Waitzberg (1999) afirma que a desnutrição é uma doença que é identificada
por testes antropométricos, topográficos, bioquímicos e fisiológicos. Ela é detectada em cerca de 19
a 80% dos pacientes internados (WAITZBERG, 1999). Nesse viés, a desnutrição hospitalar pode
interferir diretamente no tratamento de pessoas acometidas com outras enfermidades. Aliado a isso,
a triagem nutricional objetiva identificar indivíduos com potencial risco de desnutrição, a fim de
determinar a necessidade de uma avaliação nutricional detalhada e após é determinada a terapia
nutricional. A identificação de casos de risco deve ser feita durante a admissão do paciente no
hospital, além disso Silva et al (2017) afirmam que esse procedimento precisa ser sistematizado para
torná-lo eficiente, a fim de reduzir a frequência de desnutrição bem como suas consequências.
Quando os pacientes são diagnosticados logo em sua admissão, são evitados uma série de danos,
como por exemplo: o tempo de internação, a morbimortalidade e os gastos hospitalares. Com base
nessas considerações, objetiva-se com esse estudo, verificar a frequência de pacientes em risco ou em
desnutrição através da avaliação nutricional realizada em um hospital público de Francisco Beltrão –
PR por meio de dados secundários.
Metodologia
A pesquisa foi realizada utilizando-se o Instrumento de Triagem Nutritional Risk Screening
2002 (NRS 2002). Os dados foram obtidos de fontes secundárias, coletados pelo setor de nutrição do
Hospital. O estudo é descritivo, transversal de natureza quantitativa, com coleta de dados secundários
(FONTELLES et al., 2009). Os dados coletados foram tabelados, e analisados de acordo com o
Instrumento de Triagem Nutricional NRS 2002.
Resultados
Este instrumento se divide em duas etapas: Etapa 1 (triagem inicial) e Etapa 2 (triagem final).
De acordo com o Instrumento de Triagem, quando alguma resposta for “sim”, deve-se passar para a
2ª etapa. Repetir a cada 7 dias caso não obtenha nenhuma resposta positiva. A segunda etapa do
instrumento foi aplicada quando houve respostas sim na primeira etapa. Após a aplicação do
questionário do NRS, o sistema de escore classifica os pacientes como em baixo, moderado ou
elevado risco de desnutrição sendo preconizada pelo NRS a realização de uma avaliação nutricional
mais detalhada naqueles que forem identificados como risco (ARAÚJO ET AL, 2010). Os resultados
serão expressos a partir de frequência relativa e absoluta.
Os dados analisados são respectivos ao período de agosto de 2020 a janeiro de 2021. Foram
analisados dados de uma amostra de 542 pacientes. De acordo com os dados da Figura 1, percebe-se
que a maioria dos pacientes pesquisados (n = 127) tem idades de 18 a 30 anos, seguido das idades de
57 a 69 anos (n = 112), 31 a 43 anos (n = 107), 44 a 56 anos (n = 90) , 70 a 82 anos (n= 77) e 83 a 95
anos (n = 29). Pode-se verificar que dos 542 pacientes, 442 pacientes responderam “sim” para a
Triagem Inicial (Etapa 1), ou seja, 50 pacientes apresentaram o IMC < 20,5 Kg/m²; 152 pacientes
perderam peso nos 3 últimos meses; 237 tiveram sua ingestão dietética reduzida na última semana e
3 pacientes eram gravemente doentes e os demais 100 pacientes, responderam “não” para as questões
da Etapa 1 (Tabela 1). Na segunda parte da triagem (tabela 2), em relação a desnutrição, 76 (14%)
indivíduos apresentaram-se eutróficos, 205 (38%) com desnutrição leve, 247 (45%) com desnutrição
moderada e 16 (3%) com desnutrição grave. Ou seja, 468 (86 %) indivíduos apresentaram desnutrição
de leve à grave.
3) O paciente teve sua ingestão dietética reduzida na última semana? 237 pessoas
ESCORE DO
QUANTIDADE
ESTADO
DE PESSOAS
NUTRICIONAL
Eutrófico 76
Desnutrido Leve 205
Desnutrido Moderado 247
Desnutrido Grave 16
Discussão
Vale ressaltar que a NRS 2002 é um instrumento validado, capaz de identificar pacientes que
provavelmente se beneficiarão do suporte nutricional. Segundo a portaria a nº 343 de 7 de março de
2005, a triagem e avaliação nutricional são obrigatórios em unidades hospitalares, no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Os indicadores de qualidade servem como um modo de avaliação
para a triagem nutricional, melhorando a assistência nutricional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).
Para diagnóstico do estado nutricional foi utilizado o IMC, classificado de acordo com os pontos de
corte da Organização Mundial da Saúde (WHO,1998) e conforme Lipschitz (1994) para classificação
do IMC para idosos. O IMC é muito importante pois é o índice usado para medir a obesidade e o seu
grau, sendo adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Em um estudo realizado em Recife – Brasil por Lima et al (2014), o risco nutricional foi
verificado em um elevado percentual de pacientes (75%), enquanto nesse estudo realizado em
Francisco Beltrão/PR, constatou-se que 81% dos pesquisados apresentam risco nutricional. Na
pesquisa de Lima et al a amostra foi composta principalmente de indivíduos acima de 60 anos (60,42
%), em nosso estudo (em andamento), a maioria da população possui entre 18 e 56 anos (60 %),
ademais no estudo de Lima et al, o instrumento NRS-2002 foi aplicado em pessoas com cânceres,
isquemias e doenças do aparelho digestivo, enquanto no nosso estudo a população foi composta de
pessoas com diversas enfermidades e acometidas de acidentes. Um estudo realizado pelo Inquérito
Brasileiro de Avaliação Nutricional – Ibranutri, realizado em pacientes internados em hospitais da
rede pública, detectou prevalência de desnutrição em 48,1% dos 4 mil pacientes submetidos à
avaliação nutricional (RASLAN et al, 2008). No estudo realizado em Francisco Beltrão/PR,
observou-se uma prevalência de 86% de desnutrição nos pacientes admitidos no hospital, pelo
instrumento NRS 2002.
Considerações finais
Através desse estudo piloto, que objetiva implantar o indicador de qualidade de triagem
nutricional no hospital de atendimento público, observou-se uma frequência de 81% de indivíduos
em risco nutricional e 86% em desnutrição de leve a grave, para tanto verifica-se a importância de se
atender a esse indicador de qualidade da terapia nutricional, visando contribuir em melhorias nos
índices de desnutrição, reduzindo o tempo de internação dos pacientes e além disso, redução dos
custos hospitalares com os pacientes hospitalizados em âmbito do SUS.
Agradecimentos
Agradecemos ao Hospital Regional do Sudoeste do Paraná Walter Alberto Pecoits
(HRSWAP) pelo apoio.
Referências
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Koogan. World Health Organization (1998). Obesity: preventing and managing the global epidemic. Genebra: World
Health Organization.
Introdução
A região Sul do Brasil detém o segundo maior risco estimado de câncer de mama.1 A
patogenia desta neoplasia não está completamente desvendada, contudo, três grandes parâmetros
demonstram íntima associação com a ocorrência desse distúrbio celular: alterações genéticas,
alterações hormonais e a própria influência ambiental. A partir dessas causas, alguns fatores de risco
são apontados pela literatura, como idade maior do que 50 anos, menarca precoce e/ou menopausa
tardia, histórico familiar e variações geográficas.2 É neste último que esta pesquisa se enquadra,
tratando da exposição de mulheres diagnosticadas com câncer de mama a agrotóxicos.
O uso de defensivos agrícolas é visto em larga escala no território brasileiro, reflexo de uma
economia com base na exportação de produtos primários. Somente ao Paraná, em 2015, foram
destinados 135 milhões de litros de agrotóxicos, atingindo a marca de segundo maior consumidor,
atrás apenas do estado do Mato Grosso.3 Na microrregião de Francisco Beltrão, segundo o IBGE
(2019)4, 305.697 hectares correspondem a terras de plantio e/ou colheita, nos quais predomina uma
estrutura fundiária com base na agricultura familiar, fruto de terras férteis em relevo acidentado.5
Os tumores malignos da mama são classificados de acordo com a histopatologia da lesão, que
leva em consideração o local da glândula mamária acometido e o grau de invasão tecidual.2 Essa
classificação pode ser submetida a critérios moleculares, que caracterizam os aspectos de expressão
gênica do conglomerado celular neoplásico e, com isso, são definidos os subtipos moleculares do
câncer de mama, importantes na escolha do tratamento e na determinação preditiva e prognóstica.6 A
Metodologia
Esta é uma pesquisa exploratória e descritiva, do tipo coorte, cuja base de dados é formada
por informações coletadas em prontuários médicos e por entrevistas diretas, no leito ou por ligação
telefônica, com pacientes atendidas no Hospital do Câncer de Francisco Beltrão (CEONC-FB). Todas
aceitaram participar do estudo nomeado “Mapeamento do Câncer de Mama Familial no Sudoeste do
Paraná e Estudo da Associação de Risco com a Exposição Ocupacional a Agrotóxicos.”, desenvolvido
no Laboratório de Biologia de Tumores (LBT) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, ao qual
esta pesquisa está vinculada, e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os
dados coletados incluem: histopatologia, subtipo molecular, tamanho do tumor, grau, metastatização,
idade ao diagnóstico, status menopausal e a ocorrência de exposição a agroquímicos. O
armazenamento e organização deste conteúdo é feito em formato de planilha Excel, desde 2015 até
atualmente, com inclusões mensais de novas pacientes que passam por procedimento cirúrgico na
instituição hospitalar anteriormente referida.
Resultados e Discussão
Até o presente mês de junho de 2021, compunham esse estudo 664 pacientes, das quais 313
declaram-se expostas a defensivos agrícolas, direta ou indiretamente, em algum período da vida, seja
pela própria aplicação do produto, pela lavagem de roupas contaminadas de familiares que
desempenham atividade nas lavouras ou pela inalação do agroquímico percebida pelo odor. Os
subtipos moleculares luminal B e triplo negativo representaram 14,7% e 10,5% dos casos,
respectivamente, enquanto as lesões benignas totalizaram 261 ocorrências, em mulheres expostas.
Das entrevistadas que declararam não ter tido contato com pesticidas (258), 12% apresentaram o
subtipo luminal B e 6,2%, o triplo negativo. Ainda, no contingente em que houve exposição, 68
mulheres apresentaram metastatização do tumor, 161 tinham mais do que 50 anos, 179 eram
menopausadas e 10 evoluíram a óbito.
Segundo estudo epidemiológico brasileiro, que investigou a distribuição regional dos subtipos
moleculares de câncer de mama, o luminal B têm maior prevalência (37,0%) no país, diferindo da
região Sul, onde o luminal A assume essa posição, com frequência de 30,8%7, o que se confirma,
neste trabalho, para os casos de neoplasias malignas (luminal A: 32,8%) para a área que abrange a 8ª
Regional de Saúde de Francisco Beltrão. No entanto, vale ressaltar, o fato de que os subtipos luminal
B e triplo negativo, de piores prognósticos, representam juntos cerca de um quarto (25,2%) do total
de pacientes expostas a agrotóxicos, nesta pesquisa, enquanto no grupo não exposto, os mesmos
subtipos não chegam a somar 20% dos casos (18,2%). O primeiro costuma ter diagnóstico em estágios
mais avançados e maior chance de mutações no gene supressor de tumor p53 e, o último limita a
escolha de tratamentos devido à ausência dos receptores celulares supracitados, além de acometer
mulheres mais jovens, características que os qualificam como de maior agressividade.8
Uma possível correlação entre a exposição a agrotóxicos e o perfil de agressividade do câncer
de mama reside na similaridade entre as moléculas de organoclorados, como o dicloro-difenil-
tricloroetano (DDT), utilizado como pesticida nas lavouras, e o estrogênio, de forma que o
agroquímico passa a atuar como um falso hormônio ao se ligar aos receptores de estrogênio, ativando-
os como em uma superprodução hormonal.9 Sob outra perspectiva, os carcinógenos ligam-se ao
núcleo negativamente carregado do DNA causando alterações estruturais e na expressão de genes
essenciais à manutenção do material genético. Em estudo descritivo exploratório, sugere-se a não
descartabilidade desse processo, com achados que revelam a ocorrência de câncer de mama em 4 de
um total de 18 mulheres, expostas diretamente a defensivos agrícolas.10
Considerações finais
Investigar e identificar um fator de risco para a patogenia de um distúrbio orgânico como o
câncer, possibilita além de um diagnóstico mais preciso, uma abordagem mais direcionada ao
potencial agressivo da doença. Em comorbidades neoplásicas, em que o tempo de evolução pode ser
determinante no prognóstico, estar atento a esses fatos é um recurso médico valioso no cuidado com
o paciente. Finalmente, tendo em vista o desenvolvimento deste projeto de pesquisa até o momento,
pode-se apontar uma possível correlação entre a exposição a agrotóxicos e perfis clinicopatológicos
mais graves em pacientes com câncer de mama
Apoio
Agradeço aos meus orientadores, Dra. Carolina Panis e Me. Daniel Rech, ao Laboratório de
Biologia de Tumores (LBT), ao Hospital de Câncer de Francisco Beltrão (CEONC-FB) e a minha
família.
Referências
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Mayara Pryscila Borsa¹, Ana Paula Vieira², Fernando Mazetto Brizola³, Lirane Elize Defante Ferreto², Claudicéia Risso
Pascotto², Léia Carolina Lucio²
1
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná, 2Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicas à Saúde da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná, ³Professor do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
*mayara.borsa@hotmail.com
Palavras chaves: insegurança alimentar, crise sanitária, políticas públicas.
Introdução
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro de 2020 Emergência em
Saúde Pública de Importância Internacional em decorrência ao novo coronavírus (SARS-COV-
2), caracterizada posteriormente como pandemia da Covid-19. No Paraná, os primeiros casos foram
confirmados em 12 de março do mesmo ano, desde então, as ações do governo para o enfrentamento
da pandemia foram implantadas para tentar reduzir a transmissão, número de casos e óbitos
pela doença (1).
Os desafios para o enfrentamento da pandemia são ainda maiores no Brasil, onde ainda
persiste a desigualdade social, com pessoas vivendo em condições precárias de habitação e
saneamento, limitações de acesso a água potável, além de violações dos direitos humanos, sendo uma
delas o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e a concretização da segurança alimentar
e nutricional que sempre existiu e que foram agravadas durante a pandemia (2).
Diante deste desafio, o papel do Estado visa mitigar os efeitos da pandemia, com medidas de
curto, médio e longo prazo, não apenas para o controle da Covid-19, mas também das suas
consequências. Este estudo tem por objetivo analisar as ações e mudanças institucionais das políticas
e programas que visam garantir a Segurança Alimentar e Nutricional no Estado do Paraná, e
as consequências da pandemia que repercutiram na segurança alimentar e nutricional da população
paranaense.
Metodologia
Resultados e Discussão
Os estudos foram selecionados através da busca na base eletrônica Biblioteca Virtual e Saúde
(BVS) de trabalhos científicos a partir dos descritores segurança alimentar, pandemia e Covid-19, no
período de março de 2020 a março de 2021, além de sites institucionais do Governo do Estado do
Paraná. A busca apresentou 54 documentos que foram salvos para posterior leitura e análise, destes
37 foram descartados pois não eram relativos ao objetivo da pesquisa e 17 deles foram estudados
detalhadamente. A partir destes foi elaborado quadro que indica as principais ações e mudanças
adotadas nas políticas e programas para garantir a SAN no Paraná.
Quadro 1 – Sistematização das principais ações e mudanças institucionais nas políticas e programas para garantir a
Segurança Alimentar e Nutricional no Paraná
Ações e mudanças
institucionais das
Valor
políticas e Público Beneficiário Efetividade e/ou limitação da ação
investimento
programas para
garantia da SAN
A pandemia causada pelo coronavírus traz consigo o desvelamento das desigualdades sociais
historicamente existentes no Brasil e que são ignoradas pelo poder público (4). A
pandemia compromete diretamente os sistemas alimentares afetando os mais pobres, que gastam
parcela significativa de seus rendimentos com comida, o que pode ser agravada com o aumento do
desemprego decorrentes da pandemia e o fornecimento e aquisição dos alimentos (5).
Fica evidente que as medidas governamentais não são suficientes para evitar a insegurança
alimentar e nutricional decorrente a pandemia (5). As ações do Governo focam principalmente em
medidas emergenciais no acesso à renda e aos alimentos. Entretanto, a garantia do DHAA e a
concretização da SAN exigem uma articulação intersetorial, com ações coordenadas não apenas
emergenciais, mas que busquem diminuir os efeitos da crise com medidas a médio e longo prazo que
possam garantir o direito constitucional à alimentação (2).
No estudo de Godoy et al (1), eles observaram que as estratégias para nortear o autocuidado
das populações vulneráveis no Estado do Paraná foram baseadas nas ações de articulação e parcerias
entre diversos autores e que o governo demanda de um olhar humanizado para a oferta do cuidado,
bem como o respeito às especificidades dos grupos. Saliento que o Governo do Estado do Paraná
tomou algumas medidas para o enfrentamento da pandemia no que diz respeito a SAN, porém é
questionável se os grupos mais vulneráveis tiveram este atendimento. Até o momento poucos estudos
foram publicados para assegurar se a população paranaense teve efetivamente seus direitos
assegurados, especialmente no que se refere a SAN (1).
Considerações finais
O Brasil inteiro enfrenta uma das maiores crises sanitárias com a pandemia da Covid-19. O
Estado do Paraná apesar de implantar medidas emergenciais para o enfrentamento da mesma, no que
diz respeito à SAN dos paranaenses, se mostra insuficiente. As ações apresentadas neste
estudo, são medidas emergenciais que focam principalmente no acesso à renda e aos
alimentos. Porém, é preciso a garantia do DHAA e a concretização da segurança alimentar, além da
articulação intersetorial com ações coordenadas de médio e longo prazo e não apenas emergenciais
que buscam diminuir os efeitos da crise. É preciso garantir o direito constitucional à alimentação.
Por fim, é preciso articular, formular e colocar em prática políticas públicas eficazes que
tenham como base a economia e a proteção social, com garantia do DHAA para todos os cidadãos.
Referências
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para a garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável no enfrentamento à pandemia de Covid-19 no
Brasil. Ciênc Amp Saúde Coletiva. dezembro de 2020;25(12):4945–56.
Introdução
A saúde do trabalhador é um direito universal reconhecido pela Constituição Federal de 1988,
onde o estado é atuante na regulação da saúde e segurança de todos os cidadãos brasileiros, tornando-
se um campo interdisciplinar e multiprofissional, enquadrada em uma saúde coletiva, capaz de buscar
a promoção, prevenção e vigilância das pessoas1.
A Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social além de dar outras providências, em seu Artigo 19, descreve como acidente de trabalho aquele
que ocorre a serviço do empregador ou empresa2. O Instituto Nacional de Seguro Social, apoiado por
esta Lei, também, entende como acidente do trabalho, acontecimentos geradores de benefício por
incapacidade de natureza acidentária, mesmo com ou sem geração do documento CAT -
Comunicação de Acidente do Trabalho, registrada no INSS3. Este contém os dados do segurado e é
preenchido quando o trabalhador contribui com a Previdência Social.
O ambiente de trabalho faz parte de grandes problemas de saúde, é importante lembrar que
saúde e segurança são estabelecidas tanto de forma física, quanto mental e são direitos redigidos em
diversos documentos universais4.
O objetivo deste trabalho foi quantificar e descrever os acidentes de trabalho registrados pelo
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) de Francisco Beltrão, Paraná, através dos dados
disponibilizados pela Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) entre os anos de 2011 a 2019.
Metodologia
Estudo do tipo transversal, quantitativo descritivo de levantamento de dados, ocorrido nos
anos de 2020 e 2021, com coleta de dados realizada junto ao Instituto Nacional de Seguro Nacional
(INSS) de Francisco Beltrão, Paraná, através do acesso ao CAT (Comunicação de Acidente de
Trabalho). O INSS de Francisco Beltrão, é responsável pelos municípios de Enéas Marques,
Francisco Beltrão, Marmeleiro, Renascença, Salgado Filho, Flor da Serra do Sul, Nova Esperança do
Sudoeste e Manfrinópolis, os quais foram englobados no processo de pesquisa.
Os dados disponibilizados pelo INSS de Francisco Beltrão, das Comunicações de Acidente
de Trabalho (CAT), foram adicionadas no sistema CATWEB pelo próprio Instituto e disponibilizadas
para a pesquisa. São referentes aos anos de 2011 a 2019.
Estes dados foram separados por variáveis de acordo com as informações disponibilizadas na
CAT, onde foram quantificados, sexo, estado civil (solteiro, casado, divorciado, viúvo e não
classificado), área de ocorrência do acidente (área urbana e rural).
Além destas, foram também analisadas algumas variáveis com as características do acidente.
A primeira delas foi parte do corpo atingida, dividida em categorias: membro superior, membro
inferior, tórax e abdômen, cabeça e pescoço. A segunda, agente causador, dividido em categorias:
automóveis e utilitários, máquinas e ferramentas, construção civil, contaminações e outros (escada,
barril, rua, tanque, vegetal, armário, caixa, vidro, madeira, tapete, caldeira, animal vivo, embalagem,
fogo, reostato, rampa, arco elétrico, sucata e não classificado). E a última foi a natureza da lesão,
contendo categorias fratura, lesões musculares /contusão/distensão, corte, amputação e outros
(queimaduras, perda ou diminuição do sentido, hérnia, choque elétrico, inflamação e doença).
Os dados foram tabulados e calculados em planilhas do Microsoft Excel. E o estudo foi
aprovado no comitê de ética sob o número 33811320.20000.0107.
Resultados e Discussão
No total foram registrados 443 acidentes em CAT entre os anos 2011 a 2019. O maior número
de acidentes ocorreu no ano de 2011 atingindo 101 acidentes, o que equivale a 22,8% dos registros,
seguido pelos anos de 2012 com 88 (19,8%) e 2014 com 85 (19,2%) acidentes. Estes dados podem
indicar subnotificação entre os anos de 2011 a 2019 neste estudo, já que outro estudo, obteve um total
de 487 acidentes no município de Curitibanos, Santa Catarina, apenas entre os anos de 2011 a 20156.
A maioria dos acidentados é do sexo masculino (80%), corroborando com estes achados,
Considerações finais
Ao quantificar e descrever os acidentes de trabalho registrados nas Comunicações de Acidente
de Trabalho dos anos de 2011 a 2019, do INSS do município de Francisco Beltrão, Paraná, observou-
se como um agravante as subnotificações, as quais, impedem identificar com exatidão os acidentes,
indicando assim, a necessidade de mais estudos nesta área.
Mesmo com esses agravantes, pode-se concluir que 443 acidentes de trabalho ocorreram entre
os anos de 2011 a 2019, os quais foram registrados no INSS de Francisco Beltrão. Ocorrem com
maior frequência no sexo masculino, atingindo mais os membros superiores, gerando principalmente
fraturas, por meio de automóveis e utilitários ou máquinas e ferramentas.
Estudos como este proporcionam o conhecimento do perfil dos acidentados, o que pode levar
a promoção de saúde, por meio de divulgações de como ocorrem esses acidentes e até mesmo,
políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador.
Referências
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0892
Kaio Luís Puntel¹, Breno Lucchin Vieira¹, Silvana Damin2, Izabel Aparecida Soareas3, Franciele Aní Caovilla Follador4,
Gisele Arruda4
1
Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2Bióloga, Doutora em Biologia Comparada, 3Docente
Universidade Federal da Fronteira Sul, 4Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Francisco
Beltrão, Paraná, Brasil.
*giselearrudabioq@gmail.com
Palavras chaves: Agroquímicos, Meio ambiente, Saúde.
Introdução
O advento da Revolução Verde no Brasil, a partir da década de 1960, promoveu a utilização
de novas tecnologias no campo, como o uso de máquinas, sementes modificadas e de agroquímicos,
os quais levaram ao aumento da produção e desenvolvimento agrícola1. No entanto, nesse cenário
multifatorial, muitos agricultores não compreendem o risco a que estão expostos e acabam não
utilizando equipamentos de proteção individual (EPIs), além de apresentarem maus hábitos de higiene
e segurança ocupacional após aplicação de agrotóxicos, o que propicia a sua contaminação e da sua
família. Há relatos de pessoas que foram contaminadas direta ou indiretamente por agroquímicos
apresentaram danos na função cardiorrespiratória e na saúde mental2.
O Gramocil® é um herbicida formulado pela mistura de dois agrotóxicos, Paraquat e Diuron,
não seletivo e de amplo espectro de ação, age por contato. O Paraquat não é volátil, explosivo ou
inflamável em solução aquosa e sofre degradação fotoquímica. É ainda solúvel em água, tem baixo
custo e não conta com efeitos poluentes cumulativos no solo, mas é muito tóxico, tanto para animais
quanto para seres humanos3. Já o Diuron, tem amplo espectro de ação, baixa solubilidade em água e
não é ionizável, o que facilita sua presença na forma molecular no solo, podendo ser adsorvido aos
complexos argilominerais e a matéria orgânica do solo, levando a uma elevada persistência que
contribui para a contaminação do meio ambiente4.
Já o ZAPP QI 620® é um herbicida sistêmico, composto por glifosato potássico. Classificado
como seletivo condicional (para soja e milho geneticamente modificados resistentes ao glifosato) é
um produto perigoso ao meio ambiente5. Sua aplicação em larga escala, facilita a presença de resíduos
do composto nos recursos naturais e alimentos, contribuindo para a contaminação de animais, em
humanos, essa substância já foi detectada na urina e no leite materno6.
Tendo isso em vista, observa-se a importância de pesquisas voltadas ao entendimento dos
efeitos de herbicidas sobre o meio ambiente e comunidades, já que os resultados desses estudos
podem qualificar e quantificar o impacto direto ou indireto dessas substâncias químicas no
ecossistema. Assim, a Artemia salina Leach, espécie filtradora, é um instrumento útil nesse tipo de
estudo, sendo eficaz no rastreio de toxicidade das substâncias a que é exposta7.
Neste sentido, o trabalho teve como objetivo avaliar a toxicidade dos herbicidas
GRAMOCIL® E ZAPP QI 620® sobre a Artemia salina Leach, uma vez que a literatura acerca dos
efeitos agudos desses agroquímicos ainda é escassa.
Metodologia
Teste de toxicidade com Artemia salina
O ensaio de toxicidade com A. salina foi realizado conforme a metodologia de Meyer et al.
(1982)8, com adaptações. Após a eclosão dos cistos, dez organismos foram incubados em três
tratamentos: controle (solução salina 35%), Gramocil® (0,01%) e ZAPP QI 620® (0,01%). Após 24
horas foi verificado o grau de toxicidade aguda. Esse ensaio foi realizado em quintuplicata em três
ensaios independentes.
Análise estatística
Todos os resultados foram submetidos a comparação de médias, utilizando como referência o
erro padrão da média (EPM). Para toxicidade foi aplicado ANOVA (One-way), seguido de Tukey.
Foi utilizado o programa GraphPad Prims 8.0.2, com significância definida como p< 0,05.
Resultados e Discussão
A Artemia salina Leach é utilizada como organismo teste principalmente para experimentos
que envolvem a toxicidade dos meios aquáticos, uma vez que contribui para predizer a toxicidade de
certa substância. Esse microcrustáceo é usado devido ao seu curto ciclo de vida, fácil anatomia e
tamanho pequeno, o que possibilita uma numerosa análise a cada ensaio e fácil armazenamento dos
cistos7.
O agrotóxico Gramocil® apresentou uma toxicidade média de 74,7% (p< 0,001) para A.
salina. Já para o agroquímico ZAPP QI 620® foi observado uma toxicidade média de 42,2% (p<
0,001). Ambos comparados ao controle, onde não ocorreu toxicidade.
Estudos anteriores apontaram toxicidade do agrotóxico Diuron quando testado em A. salina,
uma vez que apresentou LC50 de 23,27 mg/L quando exposto por 24 horas, 12,19 mg/dL em 48 horas
e 6 mg/dL em 72 horas. Ademais, foi ainda apontado um aumento nas alterações anatomofisiológicas
conforme o aumento da concentração de Diuron, levando a alterações no padrão de nado9.
Outros estudos usaram dois herbicidas classificados como causadores de toxicidade aquática
aguda, o Glifosato AKB 480 e o Roundup Original, usaram a Artemia salina para avaliar a toxicidade
e encontrou-se que o Roundup é mais tóxico para a A. salina que o glifosato AKB, com LC50-48h
de 14,19 mg/L para 37,53 mg/L10.
Os resultados desse trabalho indicam que os agrotóxicos Gramocil® e ZAPP QI 620® são
tóxicos para A. salina, mostrando que esses agroquímicos podem ser um problema para as espécies
em que entram em contato, incluindo o homem.
Considerações finais
Os agrotóxicos Gramocil® e do ZAPP QI 620® tiveram alta toxicidade para A. salina. Esses
resultados indicam a importância de estudos que estabeleçam os efeitos de agrotóxicos nos mais
diversos níveis tróficos, a fim de determinar a capacidade dessas substâncias causarem dano, direto
ou indireto, inclusive ao organismo humano.
Referências
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Introdução
Metodologia
Resultados
Figura 2: Histograma de casos de acordo com idade e gênero de SARS-CoV-2, processados pelo Laboratório
Temporário COVID-19/UFFS- Realeza-PR/Brasil, 2021, no período junho de 2020 a maio de 2021 (Nº de casos
“detectados em individuos do sexo masculino em azul = 594; N° de casos “detectados” em individuos do sexo
feminino em vermelho = 1349). Fonte: Elaborada pelos autores.
Discussão
Considerações finais
Agradecimentos
Referências
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https://downloads.editoracientifica.org/articles/201102353.pdf.
1
Jefferson Kramin Martins, 2 Romilda de Souza Lima
1 2
Discente do curso de Nutrição da UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão, Docente do curso de Nutrição da
UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão.
romislima2@gmail.com
Palavras chaves: Coronavírus; Isolamento Social; Segurança Alimentar.
Introdução
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou a contaminação
pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) à categoria de Pandemia. Devido à alta capacidade de
proliferação do vírus, por ser uma doença nova e ainda não possuir medicamentos eficazes no
combate inicial desse problema, foram adotadas diversas medidas de prevenção da propagação da
Covid entre a população mundial. Tais medidas fizeram com que diversas famílias, não só no Brasil,
mas no mundo, se adaptassem a um estilo de vida envolvendo afastamento social e físico. Trouxe
para o cotidiano de muitas pessoas um período, que ainda perdura, em que boa parte dos trabalhos
passaram a ocorrer no interior das casas. Crianças e jovens deixaram de ir à escola física, e os
profissionais adotaram o home office.
Em meio a tal contexto, houve também alteração nas práticas alimentares. Muitas pessoas,
que por causa do trabalho, almoçavam em restaurantes a quilo, abandonaram tal hábito pelo menos
por um período, e as refeições passaram a ocorrer quase que integralmente nos espaços domésticos.
Como os supermercados foram considerados serviços essenciais, era de se esperar que a maior parte
dos alimentos fossem adquiridos nestes locais. Em função disso pode ter ocorrido o aumento do
consumo de alimentos com alto teor de açúcares e gorduras, muitas vezes considerados alimentos
mais acessíveis e como uma alternativa mais rápida de preparo e consumo, conhecidos como
ultraprocessados. Além disso, há também a possibilidade de diminuição no consumo de alimentos in
natura e minimamente processados, levando consequentemente a um aumento calórico da ingestão
diária recomendada que, associado ao estilo de vida submetido às pessoas nesse período de pandemia,
pode gerar, desencadear e agravar, futuramente, fatores de risco associados a doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT).
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma parte dos resultados de pesquisa de iniciação
científica realizada sobre as possíveis mudanças nas práticas alimentares ocorridas durante o período
de isolamento social devido à pandemia gerada pelo Covid-19.
Metodologia
Act. Eli. Sal. (2022) – ISSN online 2675-1208
Acta Elit Salutis- AES – (2022) V.6 (Sup)
ISSN online 2675-1208 – Anais
IV CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE
24 a 27 de agosto de 2021
Esta pesquisa tem aprovação do comitê de ética em pesquisa com seres humanos sob o parecer
n. 3.047.807 CAAE 57031616.0.0000.0107. Foi realizado um questionário contendo 20 (vinte)
questões, sendo duas abertas e o restante de múltipla escolha, utilizando a ferramenta Google Forms
e o link de acesso foi compartilhado entre diversas pessoas, sem delimitação geográfica ou qualquer
outra restrição. As perguntas foram desenvolvidas com base nas atividades do dia-a-dia,
principalmente aquelas que envolvem escolha e preparação de alimentos e relacionando essas ações
aos períodos anterior e durante o isolamento social. Configura-se como um trabalho de cunho
quantitativo e qualitativo, pois a partir das respostas foi possível desenvolver uma série de análises
que abrangem pontos fundamentais relacionados com a alimentação dos indivíduos respondentes.
Resultados
Participaram pessoas de várias localidades do Brasil, a grande maioria do Paraná (70%). A
faixa etária predominante variou de 18 a 61 anos. Dentre os 478 respondentes, 78,5% se declararam
do sexo feminino, o restante do sexo masculino e nenhum marcou a opção outro. Em relação à
escolaridade, a maior parte das pessoas possuem superior completo (39,8%) e superior incompleto
(25,1%) e a renda da maior parte dos respondentes (58%) ficou entre 1 e 6 salários mínimos. O
supermercado tem sido o local central de aquisição de alimentos para 81,1% das pessoas
entrevistadas.
Neste resumo expandido não há como trazer toda a abrangência da pesquisa. Assim sendo,
optamos por priorizar apenas algumas questões. Para apontar o quanto os efeitos da pandemia vêm
afetando e trazendo mudanças para a rotina alimentar dos brasileiros, serão apresentadas as duas
perguntas que mostram essa questão de maneira simples. Na primeira pergunta: “como era sua
alimentação antes do início da quarentena?”, 53,1% dos indivíduos realizavam as principais
refeições do dia (café, almoço e jantar) em casa e, 34,8%, realizavam o almoço fora de casa. Na
segunda pergunta: “E agora, durante a quarentena, como você está realizando suas refeições?”,
87,7% das pessoas estão realizando as principais refeições em casa; isso representa um aumento de
34,6%, e 7,1% ainda almoçam fora de casa, representando uma redução de 27,7%. Esses, e mais
dados, podem ser vistos e comparados nos gráficos 1 e 2. Tais números podem estar relacionados
com fatores importantes, por exemplo, pessoas que começaram a trabalhar em casa (home office) ou
que perderam o emprego neste período. Isso pode ser notado tanto pelo aumento do número de
indivíduos que começaram a realizar todas as refeições em casa como pela redução do número dos
que almoçavam fora de casa.
Gráfico 2: E agora, durante a quarentena, como você está realizando suas refeições?
Outras informações relevantes mostram que uma maioria, 86,1%, respondeu estar
conseguindo realizar as três principais refeições do dia; 6,4% almoçam e jantam. Alguns declararam
que por passar muito tempo em casa passaram a acordar mais tarde e por isso não têm tomado café
da manhã; 2,7% tomam café e janta, ou seja, pulam o almoço; 2,3% tomam café da manhã e almoçam;
1,7% realizam o café da manhã e apenas um lanche à tarde e outro à noite; e 0,8% declararam não
conseguir realizar as três principais refeições.
Sobre a comparação entre a quantidade de refeições ingeridas antes e durante a pandemia
nota-se que houve uma redução de 4,3% do número de pessoas que realizavam três refeições no dia,
seguido de um aumento de 5,5% de indivíduos que realizam quatro refeições no dia. Em relação aos
gastos, 47,1% notaram um aumento na despesa com alimentos e esse aumento foi perceptível em
várias regiões do país. As despesas diminuíram para 17,8% das pessoas entrevistadas.
Discussão
Evidentemente que não se deve direcionar, exclusivamente, os problemas relacionados à
dificuldade em conseguir se alimentar no cotidiano e o estilo de vida aos efeitos da pandemia da
Covid-19 e as consequentes medidas de restrição. Embora nesta pesquisa não tenha surgido uma
porcentagem elevada de entrevistados apontando dificuldades graves para obtenção de alimentos,
outros estudos já realizados durante a pandemia apontam o aumento elevado da fome e da escassez
de alimentos para muitas famílias.
Por outro lado, nossa pesquisa apontou um aumento no consumo de ultraprocessados, além
de doces e alimentos ricos em sal. Vários fatores estimulam o aumento desses alimentos, entre eles,
a ansiedade e o sedentarismo, o que também foi observado em pesquisa feita por Abbas, AM, Kamel,
MM. (2020). Portanto, não se trata de hábitos saudáveis. Por outro lado, a maior parte dos
respondentes disse estar consumindo arroz, feijão, ovo, saladas, carnes, massas num sistema que
intercala esses alimentos no almoço. Apenas 2,9% dos entrevistados disseram não estar consumindo
hortaliças e frutas durante a pandemia.
O Ministério da Saúde lançou em 2020, um Guia contendo recomendações sobre alimentação
durante a pandemia. Tal documento é importante e traz orientações que ajudam na compreensão para
a manutenção de um bom estado nutricional dos indivíduos.
Considerações finais
A análise dos dados da pesquisa ainda está em andamento, mas já é possível compreender que
o isolamento está trazendo alterações importantes nos hábitos e nos cotidianos das práticas
alimentares das pessoas. Não se questiona a importância fundamental do isolamento social para o
controle da pandemia pela Covid-19, mas é importante para o campo da Sociologia da Alimentação
e da Nutrição investigar os processos que ocorrem durante essa fase. Por exemplo, afetando famílias
e comércios devido dificuldades encontradas nos meios de distribuição dos alimentos, dificuldade em
estabelecer horários regulares para realizar as refeições devido ao fato de passar maior tempo em
casa, aumento do sedentarismo e até mesmo falta de condições ou vontade de preparar um alimento
diferenciado durante esses dias.
Agradecimentos
Aos participantes da pesquisa, à professora Romilda pela oportunidade e confiança e, ainda, à
Fundação Araucária pelo apoio com bolsa de iniciação científica (IC).
Referências
Abbas AM and Kamel MM. Dietary habits in adults during quarantine in the context of COVID-19 pandemic. Obes Med.
2020
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Secretaria de Atenção Primária à Saúde.
Recomendações de alimentação e Covid-19. Brasília. 2020
Fernanda Mara Alves1,2,3, Hellen dos Santos Jaques1,2,3, Janaína Carla da Silva1,2, Daniel Rech1,2,3,4, Carolina Panis1,2,3
1
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil
2
Laboratório de Biologia de Tumores, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil
3
Liga Acadêmica de Oncologia Clínica e Cirúrgica e de Oncologia e de Hematologia, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil
4
Hospital do Câncer de Francisco Beltrão, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil
*fernandamaraalves@gmail.com
Palavras chaves: Câncer de mama; Recidiva; Quimioresistência;
Introdução
No Brasil, estimam-se 61,61 casos novos de câncer de mama a cada 100 mil mulheres no
triênio 2020-20221. No Paraná, estima-se uma incidência de 59,26 casos por 100 mil mulheres1. Na
Região Sudoeste do Paraná, tem-se uma taxa de incidência superior a 70 casos por 100 mil mulheres2.
Essas mulheres, em grande maioria, são atendidas no Hospital do Câncer de Francisco Beltrão
(Ceonc), referência oncológica na área de abrangência da 8ª Regional de Saúde do Estado do Paraná.
Logo, torna-se fundamental traçar o perfil clinicopatológico e laboratorial de como essas mulheres
estão respondendo ao tratamento que lhes é ofertado, para assim avaliar a taxa de sobrevida e auxiliar
em um melhor desfecho clínico3.
O tratamento de pacientes diagnosticadas com neoplasia de mama, pode envolver uma
conduta cirúrgica, a qual é direcionada na abordagem de tumor primário, axila e na ausência de
doença metastática à distância4. Esse tratamento se subdivide em cirurgias conservadoras, radicais e
de esvaziamento axilar, dependendo de fatores prognósticos como o estadiamento, por exemplo5.
Além desse, existe o tratamento radioterápico, com finalidade de controle locorregional, e, o
tratamento quimioterápico que possui uma abrangência sistêmica, visando controlar e tratar o
surgimento de metástases à distância5. Desse modo, a quimioterapia pode ser administrada a fim de
reduzir o tamanho tumoral antes de realizar algum procedimento cirúrgico, chamado de quimioterapia
neoadjuvante6, diminuir a probabilidade de recidiva após um procedimento cirúrgico, chamado de
quimioterapia adjuvante7 ou tentar tratar metástases a distância, conhecida como quimioterapia
paliativa5. Esses tratamentos como um todo buscam proporcionar uma maior taxa de sobrevida as
pacientes5.
Objetiva-se analisar os padrões de resposta pós tratamento quimioterápico e cirúrgico em
mulheres com câncer de mama atendidas no Hospital de Câncer de Francisco Beltrão e a correlação
com a taxa de recidiva, bem como, analisar fatores relacionados com a taxa de recidiva de mulheres
com câncer de mama, atendidas no Hospital do Câncer de Francisco Beltrão.
Metodologia
Esta proposta encontra-se aprovada no Comitê de Ética Institucional sob o número CAAE
35524814.4.0000.0107, parecer número 810.501. Foi realizada, no Ceonc, a coleta de dados de
prontuários, bem como a análise de prontuários de pacientes com diagnóstico de câncer de mama que
foram recoletadas, ou seja, aquelas que tiveram amostras de sangue periférico coletadas no mínimo
duas vezes, em duas ocasiões distintas, no período de julho de 2015 a junho de 2021. Essas, por sua
vez, previamente preencheram o termo de consentimento livre e esclarecido para participar do projeto
de “Mapeamento do câncer de mama familial no Sudoeste do Paraná e estudo da associação de risco
com a exposição ocupacional à agrotóxicos”.
Com essa seleção prévia, foram buscados dados de tratamentos quimioterápicos, por meio da
Autorização de Procedimento Ambulatorial (APAC), os quais aliados aos laudos de exames de
imagem como ultrassonografia de mama e mamografia, possibilitaram a categorização segundo
padrão de resposta em: resposta patológica completa (quando após tratamento, obteve-se ausência de
tumor residual ou de metástase), resposta patológica parcial (quando após o tratamento, reduziu-se
parcialmente o tamanho do tumor, mas não completamente, ou, na mama, encontrou-se ausência de
tumor residual, mas presença de metástase em alguma outra região), em resposta (quando as pacientes
ainda estão em tratamento e não possuem exames suficientes para categorizar) ou sem resposta
(também chamada de quimioresistente, quando o tamanho tumoral se manteve ou aumentou). Ainda,
foi coletado todo o histórico da paciente presente no prontuário médico. Para medida dos níveis de
estresse oxidativo, foram quantificados os níveis de peroxidação lipídica no plasma dessas pacientes,
por meio da técnica de quimioluminescência de alta sensibilidade. Os resultados obtidos foram
expressos em unidades relativas de luz, a partir da integral da área sob a curva ou obtenção do pico
máximo de emissão de cada amostra. Para análise estatística, foram realizados testes de normalidade
e a seguir aplicados testes pareados ou não de acordo com a comparação desejada e com base nas
variâncias dos grupos (teste de Wilcoxon ou Mann-Whitney). Foi considerado p<0.05 como
significante.
Resultados
Foram selecionadas 90 pacientes, no Ceonc, das quais 71 possuíam dados suficientes de
categorização de resposta para enquadrarem-se no estudo como resposta patológica completa,
resposta patológica parcial, sem resposta ou ainda realizando o tratamento. A exclusão de 29
pacientes, deve-se ao fato de terem dados inconclusivos de seguimento o que inviabilizou a
categorização.
Com a média de idade das pacientes de 55 anos, notou-se, que o IMC médio da coorte total é
de 28,1, o que classifica o grupo com predominante sobrepeso. Quanto aos exames de imagem,
verificou-se uma predominância ao diagnóstico de classificação Bi-rads 4 com 63% das pacientes,
25% tiveram a confirmação de diagnóstico com Bi-rads 5, por meio dos exames de imagem e 7%
com Bi-rads 3.
Os dados clinicopatológicos encontram-se na Tabela 1 e estão divididos em subgrupos
conforme a resposta clínica da paciente ao tratamento proposto. É notório salientar que dentre as
pacientes recoletas, mais de 12% recidivaram, ou seja, entre o fim do primeiro tratamento proposto
com um período máximo de 5 anos, o tumor delas retornou. Nestas pacientes recidivas, observou-see
um tempo médio de 40 meses entre o diagnóstico inicial e a recidiva.
Tabela 1 – Dados clinicopatológicos das pacientes recoletadas com câncer de mama
Com base na Figura 1, dentre as pacientes que recidivaram, foi identificado que, por mais que
em um primeiro momento elas não tenham respondido ao tratamento, no momento em que elas
recidivaram e foram operadas novamente, os níveis de oxidantes encontravam-se significativamente
menores. Após a recidiva e aos tratamentos propostos posteriormente a cirurgia, 75% responderam
completamente, até o momento, com ausência de tumor residual. Outro dado significativo, foi que as
pacientes sem resposta, também tiveram seus níveis de oxidantes diminuídos, se comparados a
primeira coleta e após tratamento quimioterápico. E, por fim, outro dado significativo, foi que a
comparação entre pacientes sem resposta e respondedores, demonstrou que as pacientes que
apresentaram resposta total, após o tratamento proposto, apresentaram também menores níveis de
oxidantes.
Discussão
A importância desse estudo se dá devido ao fato de ampliar o entendimento dos fatores que
podem estar contribuindo para essas pacientes recidivarem ou não responderem ao tratamento
proposto, visto que a taxa de incidência de câncer de mama da Região Sudoeste do Paraná é superior
a 70 casos por 100 mil mulheres2, sendo dessa forma acima da média nacional (61,61 casos novos de
câncer de mama a cada 100 mil mulheres) e da média estadual (59,26 casos por 100 mil mulheres)1.
Os tratamentos envolvidos com as pacientes que foram recoletadas, englobaram conduta
cirúrgica4, tratamento radioterápico, e, tratamento quimioterápico5, além de hormonioterapias e de
terapia alvo8. Apesar desses tratamentos visarem uma maior taxa de sobrevida as pacientes1 algumas,
acabaram recidivando, durante os 5 anos de supervisão oncológica4. Desse modo, por meio da
quantificação dos níveis de peroxidação lipídica no plasma dessas pacientes, através dos
hidroperóxidos, os quais relacionam-se com a sinalização do estresse oxidativo, afetando diretamente
as vias envolvidas em processos biológicos capazes de afetar a propagação de células do câncer, como
é o caso das metástases9,10, verificou-se a redução dos níveis de hidroperóxidos, entre uma cirurgia e
outra, com tratamento quimioterápico e radioterápico neste intervalo, na comparação dos grupos
recidiva, sem resposta e sem resposta versus respondedores. Isso, por sua vez, sinaliza que após os
tratamentos propostos, as células dessas pacientes estavam tendo menor estresse oxidativo, o que
corrobora para o sucesso terapêutico9,10.
Considerações finais
A correlação do perfil clinicopatológico e laboratorial dessas pacientes, na tentativa de
verificar a maneira como essas mulheres estão respondendo ao tratamento que lhes é ofertado, é
fundamental, para assim compreender a taxa de recidiva e sobrevida, e interpretar suas possíveis
causas moleculares, a fim de auxiliar em um melhor desfecho clínico terapêutico.
Agradecimentos
Ao Hospital do Câncer de Francisco Beltrão pela colaboração, a todas as pacientes que
Referências
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2. Rech, D. Perfil do câncer de mama em mulheres do Sudoeste do Paraná: identificação de possíveis fatores de risco
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10. Yi M, Li J, Chen S, Cai J, Ban Y, Peng Q, et al. Emerging role of lipid metabolismo alterations in Cancer stem cells.
Journal of Experimental & Clinical Cancer Research. 2018;15: 118.
Cristian Ferreira Corona¹, Gabriela Suthovski ² Vitoria Karolini Betim Fieldkircher Caus 3, Diana Paula Perin4, Dalila
Moter Benvegnú5
1
Acadêmico do curso de Nutrição da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Realeza-PR.
2
Mestre. Farmacêutica - Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Realeza-PR.
3
Bióloga - Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Realeza-PR.
4
Bióloga - Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Realeza-PR.
5
Professora Doutora, Farmacêutica - Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Realeza e-mail:
dalila.benvegnu@uffs.edu.br.
Palavras chaves: Lactação; Citronelal; Bovinocultura.
Resumo
A mastite bovina é uma inflamação da glândula mamária que acomete o gado leiteiro
impactando negativamente na produção, bem-estar animal e segurança alimentar humana, tendo
como um dos principais agentes responsáveis cepas de Staphylococcus aureus. Pelo fato desta doença
ser de origem bacteriana, seu tratamento implica na utilização de antibióticos, porém o uso incorreto
de tais medicamentos acarreta seleção de cepas resistentes, necessitando cada vez mais desenvolver
alternativas para esta problemática. Assim, surge o presente trabalho com o objetivo de testar o Óleo
Essencial de Citronela (OEC) em 27 cepas de S. aureus isoladas de casos de mastite bovina e
desenvolver uma formulação terapêutica para animais acometidos por essa doença. Para tal,
inicialmente as cepas tiveram sua resistência a antimicrobianos testadas via método de disco difusão,
cujo resultado demonstrou que 89% das cepas apresentaram-se resistentes a penicilina G, 74% à
ampicilina e eritromicina e 44% para oxacilina. Para avaliar a atividade antimicrobiana do OEC foi
verificada a Concentração Inibitória Mínima (CIM) por microdiluição seriada e Concentração
Bactericida Mínima (CBM) pela ausência de crescimento sobre ágar Mueller-Hinton, obtendo-se
como valor médio 2.139,8 ± 12,13 μg/mL e 4.330,1 ± 428,28 μg/mL, respectivamente. O
desenvolvimento da formulação baseou-se no uso Triglicerídeos do Ácido Cáprico e Caprílico como
veículo, porém nos testes preliminares o OEC teve atividade antimicrobiana apenas em concentrações
superiores a 50%. Mesmo confirmando que o OEC apresenta atividade antimicrobiana, o veículo
escolhido para a formulação aparentemente prejudicou a liberação do ativo e, consequentemente, sua
ação. Sendo assim, torna-se necessário explorar novos veículos para tal formulação, garantindo a
liberação do OEC, para que assim seja possível utilizar esse óleo como agente terapêutico contra
cepas de S. aureus resistentes a diversos antimicrobianos, colaborando no tratamento da mastite
bovina.
Introdução
A mastite bovina é uma inflamação que acomete o epitélio das glândulas mamárias de
bovinos. De origem ambiental e contagiosa, esta doença manifesta-se de forma clínica e subclínica
caracterizando-se pelo baixo rendimento na produção de leite, sendo esse um ponto crítico para a
indústria leiteira (1). Dentre os agentes etiológicos destacam-se as cepas de Staphylococcus aureus,
principalmente por serem comumente resistentes a antimicrobianos convencionais, cuja resistência
tem se tornado fruto do uso inapropriado desses fármacos (2).
Deste modo, surge a necessidade de desenvolver tratamentos alternativos e eficazes, sendo a
fitoterapia, através do uso de óleos essenciais de plantas aromáticas como o Cymbopogon winterianus
(Citronela) uma perspectiva para essa problemática (3). O Óleo Essencial de Citronela (OEC)
apresenta-se como um composto de atividade antimicrobiana já conhecida e candidato a
complementar ou até substituir terapias. Diante disso, surge o presente trabalho com o objetivo de
testar o OEC frente a cepas resistentes de S. aureus provenientes de casos de mastite bovina e a partir
disso desenvolver uma formulação terapêutica para tratamento de animais acometidos por essa
doença.
Metodologia
A pesquisa foi realizada nos laboratórios de Microbiologia e Química da Universidade Federal
da Fronteira Sul – Campus Realeza-PR. Para o desenvolvimento deste estudo foram utilizadas 27
cepas de Staphylococcus aureus, isoladas de casos de mastite bovina persistente, doadas pelo
Laboratório de Zoonoses Bacterianas da Universidade de São Paulo (LZB/ USP19 SP) com o uso
registrado no SISGEN (protocolo no 20 AF210ED). O OEC foi adquirido comercialmente na Laszlo
Aromaterapia (Belo Horizonte – MG, Brasil).
Iniciou-se com a verificação da sensibilidade das cepas frente a antimicrobianos por Disco-
Difusão, realizado conforme normativa M2-A8 do Clinical and Laboratory Standards Institute (4).
A avaliação da atividade antimicrobiana do OEC foi realizada por meio da determinação da
Concentração Inibitória Mínima (CIM), utilizando-se o método de diluição seriada em microplaca de
96 poços e Concentração Bactericida Mínima (CBM), semeando o conteúdo da CIM em placas com
Ágar Mueller-Hinton (5). Posteriormente foi produzida uma formulação usando como veículo o
Miglyol 812® (Triglicerídeos de Ácido Cáprico e Caprílico - TACC) e o Tween 80® para ajuste da
diluição no meio. As formulações foram testadas frente duas das cepas anteriormente descritas por
meio de teste de poço-difusão em ágar (6)
Assim, foram produzidas duas formulações de OEC contendo como veículo oleoso o TACC,
formulação nº 1 contendo 2,5% (v/v) de OEC com 97,5% (v/v) de TACC e a nº 2 contendo 10% (v/v)
de OEC com 90% (v/v) de TACC. O segundo teste foi realizado com outras cinco formulações (nº 3,
4, 5 e 6). Destas, as formulações 3, 4 e 5 apresentavam o OEC diluído em 75%, 50% e 25% no TACC,
respectivamente e também foi incluído no teste o OEC livre (100%). A solução 6 continha OEC a
10% mais Tween 80 a 1% (v/v) e 89% (v/v) de TACC. Para ambos os testes foi usado como parâmetro
um produto comercial indicado para o tratamento de mastite bovina contendo 2,5% de gentamicina
como princípio ativo.
Resultados
No teste de antibiograma, demonstrado na Figura 1, foi possível verificar que 89% das cepas
foram resistentes a penicilina G, seguida de 74% à ampicilina e 44% para oxacilina. Para os demais
antibióticos comerciais 74% das cepas apresentaram resistência à eritromicina, 25% à tetraciclina e
gentamicina e 7,4% ao enrofloxacino. Os únicos antibióticos para os quais todas as cepas
demonstraram sensibilidade foi a clindamicina e a novobiocina.
Gráfico 3: Perfil de sensibilidade a antimicrobianos de cepas clínicas de S. aureus isoladas de casos de mastite bovina
(n=27).
Discussão
O teste de antibiograma confirmou a resistência das cepas de S. aureus frente aos antibióticos
convencionais testados. Com base nos mecanismos de ação é possível sugerir que tais cepas
bacterianas desenvolveram resistência envolvendo mudanças na parede celular, síntese proteica e
proteção da transcrição gênica (7).
Os valores de CIM (2.139,8 μg/mL) e CBM (4.330,1 μg/mL) foram superiores aos
encontrados por Sharma et al. (2020) (8). Para esse autor o valor médio da CIM para uma cepa de S.
aureus foi 1.300 μg/mL, além de que a sua CBM para a mesma cepa foi de 1.500 μg/mL. Também é
relatado valores CIM de 8.070 μg/mL para o OEC (9). Esta divergência com os dados do presente
trabalho pode ser explicada pela variação na composição do OEC usado nos estudos assim como as
cepas testadas, além das condições experimentais. No que se refere a formulação, a inibição do
crescimento bacteriano, apresentado pelo halo de inibição foi observada na concentração > 25%
sendo que o maior valor de CBM apresentada nos testes anteriores foi de 2,5%. Este resultado pode
ser consequência de uma liberação não satisfatória do OEC no meio, demonstrando que o TACC não
foi um veículo capaz de garantir uma liberação adequada para o OEC, mesmo tendo sido escolhido
em virtude de ser um adjunto amplamente usado como veículo oleoso em formulações terapêuticas.
Considerações finais
O OEC apresentou resultados positivos no que diz respeito a sua capacidade bacteriostática e
bactericida frente as 27 cepas de S. aureus previamente conhecidas por serem resistentes a
antibióticos. Contudo, não foi possível explorar tal propriedade do OEC na formulação testada,
possivelmente pelo fato do veículo não ter sido adequado as exigências do OEC, que no fim acabou
não exercendo sua atividade antimicrobiana. Portanto, sugere-se o desenvolvimento de novos ensaios
envolvendo formulações terapêuticas para a mastite bovina que considerem as questões aqui
apresentadas.
Referências
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Romana Suely Della Torre Marzarotto¹, Keila Maroli¹, Victor de Souza Costa¹, Silvana Damin2, Izabel Aparecida Soares3,
Franciele Aní Caovilla Follador4, Gisele Arruda4
1
Discente do curso de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2Bióloga, Doutora em Biologia
Comparada, 3Docente da Universidade Federal da Fronteira Sul, 4Docente Universidade Estadual do Oeste do
Paraná.*giselearrudabioq@gmail.com
Palavras chaves: Ambiente; Glifosato; Saúde.
Introdução
O uso de herbicidas para o combate ao crescimento de ervas daninhas é uma prática comum
na agricultura convencional. O herbicida glifosato não-seletivo e sistêmico é o principal
representante desta categoria, sendo comercializado na forma de glifosato-sesquisódio
(Roundup®)1.
Os agrotóxicos podem causar efeitos adversos como alterações comportamentais,
reprodutivas e magnificação biológica, sendo o papel da ecotoxicologia compreender as rotas
destes contaminantes e os efeitos biológicos que os agroquímicos causam nos indivíduos,
comunidades e ecossistemas, visando minimizar esse risco2.
Um dos bem conhecidos bioindicadores da toxicidade de agentes químicos presentes no
meio é a Artemia salina L.3. Outro bioindicador muito utilizado é Aspergillus nidulans, fungo
reconhecido pelo seu sofisticado mecanismo de expressão gênica para coordenação na germinação
e desenvolvimento, sendo instrumento de observação do efeito dos agroquímicos sobre essa
sequência de eventos4.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho é avaliar o efeito do agroquímico Roundup®
sobre a germinação, a sobrevivência e o desenvolvimento das colônias de A. nidulans e avaliar a
toxicidade sobre A. salina.
Metodologia
Preparo da solução de Roundup®
O agrotóxico foi preparado na concentração de 0,01% em água destilada. Após o preparo, a
solução foi filtrada em filtro milipore 0,22um e armazenada em frasco âmbar para a realização dos
experimentos.
Ensaio de toxicidade utilizando A. salina
Após a eclosão dos cistos de A. salina, o microcrustáceo foi incubado em dois diferentes
tratamentos: 1 - controle (solução salina 35%); 2 - solução de Roundup® (0,01%). Após 24 horas foi
Resultados e Discussão
Apesar da referida baixa toxicidade do agroquímico Roundup®, por não ter efeitos
significativos no sistema nervoso como outros organofosforados, há evidências de suas
consequências deletérias, sobretudo, em algumas espécies de plantas, após o uso prolongado1.
Neste estudo, esse agrotóxico apresentou toxicidade de 74,4% (p< 0,0001) para A. salina,
quando comparado ao controle (0%). Considerando, que A. salina é um bioindicador natural do grau
poluidor de determinada substância3 e este agrotóxico utilizado na forma de grânulos dispersíveis em
água6, ao atingir organismos não alvo, indesejados danos podem ocorrer.
Esse efeito danoso do agrotóxico também foi observado sobre A. nidulans já em 4 horas. O
Roundup® levou a um aumento de conídios dormentes com 4 horas (p<000,5) que persistiu até 8
horas (p<0,0001), levando a mortalidade de quase 60% dos conídios (p<0,0006). Devido a isso, o
número de conídios germinados no tratamento, com 6 e 8 horas, foi significativamente menor que no
controle. Isso mostra que o agrotóxico, além de atrasar as fases do desenvolvimento dos conídios,
causa apoptose.
Figura 1 – Fases da germinação de conídios de A. nidulans após 8 horas no tratamento controle e Roundup® (0,01%).
*Indicam diferença estatística.
Figura 2- Imagem representativa do desenvolvimento da colônia de A. nidulans nos diferentes tratamentos. Onde: a –
Controle; b – Agrotóxico ROUNDUP® 0,01%.
Considerações finais
O agrotóxico Roundup® mostrou efeitos danosos nos dois organismos testados por esse
trabalho. O agroquímico causa mortalidade/apoptose, além de alterar a morfologia das colônias de
A. nidulans. Resultados que em conjunto reforçam os efeitos deste composto sobre mecanismos
celulares importantes que são responsáveis pela manutenção/sobrevivência desses organismos,
indicando dano direto a nível celular, de material genético e na fisiologia das espécies. Neste
sentido, este trabalho traz a discussão dos efeitos danosos de agrotóxicos sobre organismos vivos,
assim, é de extrema importância futuros estudos que procurem estabelecer os níveis, se é que
existem, de segurança para o uso desses químicos, principalmente na saúde humana.
Referências
1. Amarante Junior OP, Rodrigues dos Santos TC, Brito NM, Ribeiro ML. Glifosato: propriedades, toxicidade, usos e
legislação. Química Nova. (2002); 25 (4):589-593.
2. Ragassi B, Américo-Pinheiro JHP, Junior OPS. Ecotoxicidade de agrotóxicos para algas de água doce. Revista
Científica ANAP Brasil. Dec 2017;10.
3. Souza ARC, Souza PSC, Quiñones FRE, Módenes AN. Uso da Artemia Salina como Bioindicador na Avaliação
Ecotoxicológica do Fármaco Cloridrato de Ciprofloxacina em Solução Sintética Tratada por Processo de
Eletrocoagulação. VI Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Nov 2015.
4. D’enfert C. Fungi spore germination: insights from the molecular genetics of A. nidulans and N. crassa. Fungal Genet.
Biol. (1997); 21: 163-172.
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Advances in Genetics [Internet]. Elsevier. (1953); 5:141-238
6. Agência de Defesa Agropecuária do Paraná. (2020). GLIFOSATO NORTOX 480 SL. (2020). [Acesso em 21 junho
2021]. Disponível em: https://www.adapar.pr.gov.br/sites/adapar/arquivos_restritos/files/documento/2020-
10/glifosatonortox480sl.pdf:
7. Durante LDS. Toxicidade do herbicida Roundup WG durante o desenvolvimento embrionário e larval do peixe-zebra
Danio rerio (tese) (2020). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução
A Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) é definida como a infecção adquirida
após o paciente ser submetido a um procedimento de assistência à saúde ou a uma internação, que
possa ser relacionada a estes eventos, e que atenda a uma das seguintes situações:
Se o período de incubação do microrganismo causador da infecção for desconhecido e não houver evidência
clínica ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se como IRAS toda
manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir do terceiro dia de internação (D3), sendo o D1 o
dia da internação; Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo causador da infecção e
não houver evidência clínica ou dado laboratorial de infecção no momento do procedimento de assistência à
saúde, convenciona-se como IRAS toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir da
realização do procedimento, estando o paciente internado ou não (BRASIL, 2021).
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, de abordagem quantitativa. A população
do estudo foi composta pelos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI)
que desenvolveram infecção relacionada à assistência à saúde, nos anos de 2011 a 2019, no
Hospital Regional do Sudoeste do Paraná, sediado em Francisco Beltrão. Os dados foram
coletados pela verificação de documentos referentes aos indicadores de infecção hospitalar, das
culturas realizadas entre 2011 e 2019 constantes no banco de dados da Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) do hospital. Para estudar a associação entre a infecção hospitalar e os
tipos de procedimentos foram calculadas as razões de prevalência. O projeto está aprovado no
comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Unioeste com número CAAE
53131716.9.0000.0107. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva.
Resultados e Discussão
A partir dos dados disponibilizados, calculou-se a prevalência de infecção hospitalar na
UTI Adulto no período de 2011 a 2019. O estudo mostrou que no período analisado 418 pacientes
desenvolveram infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), representando uma taxa
global de 11,2%. É importante ressaltar que como um mesmo paciente pode desenvolver mais de
uma infecção hospitalar durante o seu internamento, foram notificadas um total de 680 infecções
hospitalares. Em relação às taxas globais de IRAS na UTI adulta, a pesquisa demonstrou a
prevalência do sexo masculino (65,1%) e de indivíduos entre 60 a 69 anos (19,6%). Com relação
a topografia das infecções, as mais prevalentes foram as pneumonias associadas à ventilação
mecânica (38,4%), seguida das infecções do trato urinário (32,3%). As infecções primárias de
corrente sanguínea e as infecções de sítio cirúrgico apresentaram uma média de 21,7% e 3,5%,
respectivamente.
O período analisado demonstrou o predomínio de infecções hospitalares de etiologia
bacteriana, que representaram em média 75,2% dos casos. A maioria dos microrganismos isolados
era bactérias Gram-negativas, com uma média de 57,3%, seguido dos fungos com 17,1% e das
bactérias Gram-positivas com 16,9% (Tabela 1).
Tabela 1. Etiologia das IRAS na Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital Regional do Sudoeste do Paraná,
nos anos de 2011 a 2019.
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Etiologia
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Gram-negativo 45 41,3 43 33,6 42 65,6 46 68,7 42 59,0 35 60,3 42 58,3 17 77,0 24 52,3
Gram-positivo 24 22,1 24 18,8 13 20,3 2 3,0 8 11,3 6 10,3 16 22,2 3 13,6 14 30,3
Fungos 12 10,9 19 14,8 9 14,1 19 28,3 15 21,2 14 24,1 10 13,9 2 9,0 8 17,4
TotalE 109 100 128 100 64 100 67 100 71 100 58 100 72 100 22 100 46 100
Fonte: Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Regional do Sudoeste Paranaense.
Tabela 2. Fungos isolados das IRAS na Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital Regional do Sudoeste do
Paraná, nos anos de 2011 a 2019.
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Fungos Nº % N % N % N % N % N % N % N % N %
º º º º º º º º
Considerações finais
Ao fim desse estudo verificou-se a prevalência de infecções relacionadas à assistência à
saúde, no período de 2011 a 2019, em pacientes do sexo masculino e indivíduos entre 60 e 69
anos. O sítio topográfico predominante foram as pneumonias associadas à ventilação mecânica.
As bactérias Gram-negativas foram os microrganismos mais prevalentes. Já em relação às
infecções fúngicas, Candida albicans foi a espécie de maior prevalência. Devendo-se atentar
também as espécies não-albicans que apresentam crescente resistência a terapêutica tradicional e
estão se tornando cada vez mais prevalentes no meio hospitalar.
Agradecimentos
Referências
1. Brasil (2021) Ministério da Saúde. Programa Nacional de Prevenção de Controle de Infecções Relacionadas à
Assistência à Saúde (PNPCIRAS) 2021 a 2025
2. Gusmao ME, Dourado I and Fiaccone RL (2004) Am. J. Infect. Control 32: 209-214.
4. Ruiz LS and Pereira VBR (2016) Boletim do Instituto Adolfo Lutz 26: 2-4.
5. Ostrosky-Zeichner L et al. (2007) Eur. J. Clin. Microbiol. Infect. Dis. 26: 271-276.
8. Canassa AL and Cruz DT (2019) Rev. Bras. Pesqui. Saúde 21: 110-117.
Ana Lucia Dourado¹, Cassiana do Amaral Guedes² Maria Nazaré de Mattos Murilho³
1
Residente em Serviço social do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família do Município de
Cascavel-PR, 2 Residente em Serviço social do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família do
Município de Cascavel-PR, ³ Preceptora de Serviço social do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde
da Família do Município de Cascavel-PR e Assistente Social da Unidade de Saúde da Família Lago Azul do município
de Cascavel-PR.
*nazamurilho@hotmail.com
Palavras chaves: Atendimento Domiciliar, Multiprofissional, Atenção Básica em Saúde.
Introdução
Primeiramente foi realizada a construção de um projeto de intervenção e o desenvolvimento do
referencial teórico. Posteriormente utilizou-se de visitas domiciliares como estratégia de intervenção
para a demanda identificada, com atuação interdisciplinar do serviço social, odontologia e agente
comunitário de saúde para o atendimento domiciliar aos pacientes acamados e domiciliados do
território da USF Lago Azul. O presente trabalho tem por objetivo descrever as atividades
desenvolvidas no projeto de intervenção de atendimento multiprofissional e longitudinal dos
pacientes acamados e domiciliados do território da Unidade de Saúde da Família Lago Azul no
município de Cascavel-PR.
Metodologia
A Atenção Primária em Saúde (APS) tem destaque pelas ações estratégicas que visam a
melhoria dos indicadores de saúde2. As equipes de saúde da família tem como finalidade implementar
os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (1990) e da Política Nacional de Atenção
Básica (2017). Neste sentido, a Unidade Saúde da Família (USF) Lago Azul buscou qualificar as
ações para o atendimento domiciliar.
No que se refere às medidas de restrições impostas pelos decretos municipais e estaduais por conta
da pandemia da COVID-19, a baixa procura dos familiares e/ou cuidadores dos pacientes acamados
e domiciliados chamou a atenção da equipe de saúde diante do contexto de crescentes violações dos
direitos e vulnerabilidade deste público.
Para maior aproximação com os pacientes acamados e domiciliados do território da USF Lago Azul
e em consonância com as legislações citadas anteriormente, reconheceu-se a importância das visitas
domiciliares como uma estratégia de atendimento. Diante disso, compreendem-se que as visitas
domiciliares no âmbito da atenção básica apresentam-se como uma das ações voltadas a promoção à
2
[...]Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados
atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto, devem
refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde (BRASIL, 2008, p.13).
saúde, prevenção e tratamento de doenças que são realizadas no domicílio buscando a continuidade
de cuidados (BRASIL, 2020).
O atendimento no domicílio proporciona uma abordagem ampliada, questões familiares e
sociais podem ser observadas e intervenções podem ser planejadas a partir do contexto analisado.
Além disso, o domicílio possibilita a identificação de riscos e potencialidades das famílias diante da
realidade e facilita as orientações e permite uma abordagem integral à saúde (BRASIL, 2020).
Os profissionais da atenção básica tem um importante papel nas estratégias de prevenção,
diagnóstico, monitoramento das doenças e vulnerabilidades enfrentadas pela população do território
adscrito3 da unidade de saúde (BRASIL, 2017).
Cabe dizer que como profissional inserido na equipe da Unidade Saúde da Família, o
Assistente Social contribui com o tratamento, mas também com a prevenção, promoção e reabilitação
diante às enfermidades apresentadas no contexto de trabalho (CFESS, 2010), atuando a partir do
reconhecimento e da intervenção sobre os determinantes/condicionantes sociais que interferem
negativamente ao processo saúde–doença. O Assistente Social, portanto, identifica e analisa os fatores
que prejudicam na manutenção ou restabelecimento da saúde. Esses fatores podem ser de ordem
econômica, política, social ou cultural (FREITAS, 2019, p.38).
Zucco e Senna (2017) relacionam o fazer profissional aos princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS), destacando o alinhar do serviço social ao princípio da universalidade, na medida em
que este profissional vivencia e intervém diariamente nas dificuldades de acesso aos serviços de
saúde, desenvolvendo suas ações nas mediações entre usuários, políticas/ programas de saúde e
unidades de saúde (FREITAS, 2019, p.38).
Assim, o trabalho do serviço social na USF/ESF, ao colaborar para a ampliação da
emancipação humana e da cidadania promove a integralidade da atenção à saúde. Reconhece limites
sociais, econômicos, políticos e culturais, como já mencionados, realizando e articulando de ações
com vistas à vivência de melhores quadros sociais e sanitários, a partir da adoção do conceito
ampliado de saúde (FREITAS, 2019, p.38-39).
Resultados e Discussão
Diante do exposto, tendo o referencial teórico como fundamento da ação, a metodologia
utilizada estava diretamente relacionada com o contexto atual da pandemia da COVID-19. Neste
período os ACS não estão realizando as visitas domiciliares frequentemente conforme previsto na
3
No que se refere às atribuições comuns dos profissionais de atenção básica estabelecidas pela Política Nacional de
Atenção Básica, faz-se necessário “realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito
da Unidade Básica de Saúde, e quando necessário, no domicílio e demais espaços comunitários [...], com atenção especial
às populações que apresentem necessidades específicas [...] (BRASIL, 2017, s.p.).
Act. Eli. Sal. (2022) – ISSN online 2675-1208
Acta Elit Salutis- AES – (2022) V.6 (Sup)
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PNAB, somente nos casos prioritários. Com isso, foi realizado o levantamento dos pacientes
acamados e domiciliados com os profissionais médicos, assistentes sociais e enfermeiros que já fazem
algum tipo de acompanhamento com este público. Totalizando 11 pacientes acamados e domiciliados
no território de abrangência da USF Lago Azul Cascavel-PR.
A atividade aconteceu de maneira presencial através de visitas domiciliares, contando em um
primeiro momento com uma abordagem/escuta inicial com a família e o paciente. Foram distribuídos
kits de higiene bucal e materiais informativos sobre os direitos da pessoa idosa e um exemplar do
Estatuto do Idoso. Posteriormente, a dentista avaliou e orientou sobre técnicas de higiene bucal dos
pacientes acamados e domiciliados aos seus familiares/cuidadores.
Até o presente momento, foram realizadas as visitas domiciliares para os 11 pacientes
acamados e domiciliados que receberam as orientações sobre os direitos dos idosos as informações
sobre higiene bucal.
Considerações finais
Através da execução do projeto de intervenção, foi possível perceber a importância do
trabalho interdisciplinar previsto na Política Nacional de Atenção Básica (2017) com vistas para um
atendimento integral ao usuário, superando o atendimento centrado somente nos procedimentos
profissionais. A modalidade de atendimento por meio das visitas domiciliares possibilitou a atuação
interdisciplinar, enriquecendo o campo comum de competência e ampliando a capacidade de cuidado
da equipe. Diante disso, faz-se necessário o fortalecimento das equipes de Saúde da Família para que
mais ações sejam desenvolvidas com essa finalidade, de um atendimento mais próximo aos pacientes.
A atuação da equipe multiprofissional no ambiente domiciliar possibilitou analisar tanto
questões relacionadas ao cotidiano familiar quanto a higienização bucal dos pacientes acamados e
domiciliados, elementos importantes para a promoção da saúde e prevenção de agravos.
Referências
1. Freitas, Crecilda Ribeiro Tavares de. O serviço social frente à prevenção das infecções sexualmente
transmissíveis: uma análise a partir do Centro de Saúde de Guarus, em Campos dos Goytacazes/RJ. 2019.
2. Zucco, Luciana Patrícia; Senna, Mônica de Castro Maia. Sistema Único de Saúde e Serviço social: um diálogo
possível. Serviço social na Saúde Coletiva: reflexões e práticas. Rio de Janeiro: Garamond, 2017.
3. Brasil. Lei n. 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria no Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, o
Programa Nacional de Controle das Deficiências de Vitamina A e dá outras providências. Diário Oficial da
União. 15 set 2006.
6. Brasil. Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
1990. 19 set 1990.
7. Brasil. Indicadores Básicos para a Saúde no Brasil: Conceitos e Aplicações. Brasília, 2008.
Introdução
A dor crônica leva à diminuição da qualidade de vida por meio do sofrimento, tratamentos
sem sucesso, dependência de medicamentos, limitação das atividades laborais e de lazer e redução
da capacidade funcional. As dores crônicas de coluna constituem uma das queixas comumente
relatadas pela população adulta. Tais dores englobam as cervicalgias, as dores torácicas, as ciáticas
e as dores lombares, que podem ser decorrentes de diferentes doenças osteomusculares, de
transtornos dos discos intervertebrais, de espondiloses ou de radiculopatia1. A Síndrome de
Bertolotti (SB) é considerada uma possível causa de dor lombar2.
A Síndrome de Bertolotti é definida pela presença de uma megapófise transversa que se
articula com o sacro ou com o ílio3. A megapófise transversa consiste no aumento do processo
transverso das vértebras da coluna e tem como consequência uma alteração da transição
lombossacral e, portanto, uma mudança na biomecânica do esqueleto axial4. Dentre as possíveis
causas para a dor lombar em pacientes portadores de Síndrome de Bertolotti, pode-se citar
alterações artríticas no local da pseudoarticulação, herniação ou degeneração discal, degeneração
facetária, estenose de canal ou estenose foraminal5.
O presente trabalho tem o objetivo de relatar um caso de Síndrome de Bertolotti em
paciente, enfatizando as características clínicas e o tratamento utilizado.
Metodologia
As informações para esse relato foram obtidas por meio de revisão do prontuário, entrevista
com a paciente e revisão da literatura. A paciente assinou o termo de consentimento livre
esclarecido (TCLE) e o trabalho foi submetido à apreciação do comitê de ética.
Resultados e Discussão
Paciente do sexo feminino, 30 anos, procurou o pronto atendimento na cidade de Francisco
Beltrão/PR, em outubro de 2020, por queixa de dor lombar de forte intensidade com irradiação
para membro inferior esquerdo (MIE), associada a parestesia de MIE, sem histórico de trauma ou
esforço físico. Não tolerava mobilização. Sem alívio do quadro com uso de analgésicos. Paciente
realizava tratamento para compressão medular de longa data. Ao exame físico, a paciente
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apresentou força grau 4 em MMII, segundo os critérios do Medical Research Council (MRC)6(4)
devido à dor, reflexo patelar pouco aumentado em MIE, encurtamento de isquiotibiais. Testes de
Lasegue e Kernig positivos.
Tomografia computadorizada (TC) realizada em agosto de 2020 mostrava abaulamento
difuso do disco intervertebral de L4-L5, retificando a face ventral do saco dural e reduzindo a
amplitude dos forames de conjugação, sem contato radicular.
Inicialmente indicou-se o uso de analgésico intravenoso (IV), repouso domiciliar,
fisioterapia, calor local e uso de anti-inflamatório não esteroidal (AINE), corticoide e analgesia no
domicílio. Após 4 dias desse episódio, a paciente buscou o serviço novamente e precisou ser
internada pois relatava não haver alívio da dor com o uso de analgesia domiciliar, além de
apresentar inapetência. Solicitou-se uma ressonância de coluna lombossacra que revelou presença
de vértebra transicional foraminal apresentando megapófise transversa à esquerda articulada ao
sacro. Além de pequeno complexo disco-osteofitário foraminal esquerdo em L5-vértebra de
transição (VT), determinando discreta redução da amplitude do forame de conjugação
correspondente e deformidade ventrolateral do saco tecal.
O tratamento adotado foi a realização de bloqueio facetário para-espinhoso e bloqueio
periduralcom corticoide a nível de L5-VT e articulação sacroilíaca direita. Realizou-se infiltração
de lidocaína com epinefrina 40 mg no local e infiltração de corticoide triancinolona e bupivacaína
0,25% com epinefrina 40 mg. Paciente recebeu alta com orientações e foi liberada para retorno às
atividades laborais com restrições após 14 dias da realização da intervenção cirúrgica.
Referências
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T. I. Factors associated with chronic back pain in adults in Brazil. Rev Saude Publica, v. 51, n. suppl 1, p.
9s, Jun 1 2017. ISSN 0034-8910 (Print)0034-8910.
4. MORENO GARCÍA, M. S.; DEL RÍO-MARTÍNEZ, P. S.; BALTANÁS RUBIO, P.; CÍA BLASCO, P.
Síndrome de Bertolotti: a propósito de un caso. Revista Colombiana de Reumatología, v. 23, n. 3, p. 200-
203, 2016/07/01/ 2016. ISSN 0121-8123. Disponível em: <
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0121812315001267 >.
5. PAIK, N. C.; LIM, C. S.; JANG, H. S. Numeric and morphological verification of lumbosacral segments in
8280 consecutive patients. Spine (Phila Pa 1976), v. 38, n. 10, p. E573-8, May 1 2013. ISSN 0362-2436.
6. HERMANS, G.; CLERCKX, B.; VANHULLBUSCH, T.; SEGERS, J.; VANPEE, G.; ROBBEETS, C.; et
al. Interobserver agreement of Medical Research Council sumscore and handgrip strength in the
intensive care unit. Muscle Nerve. 2012;45(1):18-25
Introdução
As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são uma condição local ou
sistêmica resultante de uma reação adversa à presença de um agente infeccioso ou sua toxina,
sem que exista evidência de que a infecção estava presente ou incubada no momento da
admissão do paciente no ambiente hospitalar ou ambulatorial (OMS, 2002). Globalmente, cerca
de 10% dos pacientes que passam por internação apresentam IRAS. No contexto brasileiro, por
sua vez, a taxa de infecção é um pouco mais alta do que a média mundial, correspondendo em
média à 15,5% (DOURADO et al., 2017). Além disso, é comprovado que a probabilidade de
contrair uma IRAS aumenta de acordo com a gravidade de uma enfermidade, com o tempo de
hospitalização e de acordo com a natureza dos procedimentos de monitoramento e diagnóstico
(BATHKE et al., 2013).
No que se refere as topografias das IRAS as mais prevalentes são as do trato respiratório,
do trato urinário, da corrente sanguínea e do sítio cirúrgico. Entre os diversos fatores de risco
para IRAS são apontados como os principais: procedimentos incorretos, erros na prática da
antissepsia e esterilização, excesso de fluxo pessoas no hospital, uso inadequado de
antimicrobianos, ser o paciente portador de doenças crônicas e/ou idade avançada, falha no
processo de higienização das mãos (BATISTA et al., 2017).
Diante disto, este estudo tem como objetivo determinar a incidência de IRAS e sua
distribuição por topografia e por microrganismo e suas sensibilidades antimicrobianas no
período de 2011 a 2019, no Hospital Regional do Sudoeste do Paraná.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, de abordagem quantitativa, realizado
no Hospital Regional do Sudoeste do Paraná, localizado em Francisco Beltrão. A população do
estudo foi constituída por pacientes que foram internados na UTI adulto no período de 01 de
janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2019. A amostragem constituiu-se de pacientes que
desenvolveram infecção hospitalar no mesmo período. Os dados foram coletados por meio da
Resultados e Discussão
De acordo com os dados fornecidos pela CCIH do Hospital Regional do Sudoeste do
Paraná é possível construir um panorama geral das características referentes a infecções
nosocomiais na UTI adulto deste hospital, de 2011 até 2019. Assim sendo, tem-se que nesse
período 418 pacientes apresentaram IRAS e, tendo em vista que muitas vezes um mesmo
paciente desenvolve mais de uma infecção, foram registradas 680 infecções nosocomiais.
A prevalência média de infecções hospitalares entre os anos de 2011 e 2019 foi de
12,4% dos pacientes internados. Em 2019, último ano, a prevalência foi de 10,1%, o que
demonstra que as taxas de infecção têm decaído, evidenciando uma evolução nas práticas de
prevenção e controle das IH, ainda mais em comparação com a média brasileira, de 15%.
No que concerne ao gênero, houve predomínio do sexo masculino em todos os anos,
com homens sendo, em média, 65% dos pacientes que desenvolveram IRAS, o que pode ser
justificado por diversos fatores socioculturais que interferem negativamente na saúde dos
homens, que frequentemente negligenciam problemas de saúde e tem certa aversão aos
cuidados médicos, chegando à UTI´s mais vulneráveis ao desenvolvimento de infecções,
quando comparados a mulheres de mesma idade. No que se refere a faixa etária dos pacientes,
dentre os nove (9) anos analisados, tem-se que em oito (8) a faixa etária dos 60 aos 80 anos é a
mais acometida por infecções nosocomiais, sendo em cinco (5) desses anos a faixa dos 60 aos
70 anos a mais prevalente. Esses dados encontram respaldo na literatura, que aponta que a idade
avançada é um fator de risco para desenvolvimento de infecções nosocomiais (Rós et al., 2017).
Considerando a topografia das infecções, o estudo dos casos da UTI nesse período
demonstrou uma maior prevalência de alguns tipos de topografias (Tabela 1).
Tabela 1: Topografia das Infecções Hospitalares na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional do
Sudoeste entre 2011 e 2019
Anos
Topografia das 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Infecções (%)
PAV 52% 38,6% 40,6% 38,5% 36,6% 46,5% 22,2% 36,4% 33,9%
ITU 21% 20,2% 24% 35,1% 39,5% 31,1% 44,4% 45,5% 28,6%
IPCS 10% 22% 22,9% 23,1% 18,3% 20,7% 29,2% 13,6% 35,7%
Assim sendo, tem-se que topografia mais prevalente foi a ITU, responsável, em média,
por 32,3% das IRAS. Em seguida tem-se a PAV, com média de 28,4%; as IPCS, com 21,7% e
as ISC, com 2,5%. Essas topografias também foram identificadas como as mais prevalentes por
Brito e Naue (2021).
As bactérias foram os organismos que mais promoveram infecções em todos os anos
analisados; sendo responsáveis por 75,2% das IRAS, seguido pelos fungos. Pseudomonas
aeruginosa e Leveduras foram os únicos microrganismos presentes em todos os anos.
Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase
negativos também tiveram alta prevalência entre as bactérias, assim como Candida sp. teve alta
prevalência entre os fungos. Esses resultados são semelhantes aos estudos de Candido et al.
(2012), que observou que Pseudomonas sp. e Staphylococcus sp. estão entre os principais
gêneros identificados em UTI. Ademais, foram identificados 58 tipos de microrganismos
causadores de infecções nosocomiais nessa UTI, dentre os quais 53 eram bactérias e 5 eram
fungos. Analisando os tipos de bactérias de forma mais detalhada, 11 eram Gram-positivos e
42 Gram-negativos.
No que diz respeito aos antimicrobianos, alguns fármacos foram bem mais prevalentes.
Em quatro dos nove anos analisados a combinação de Piperacilina + Tazobactam foi a mais
empregada, em dois o Cefepime foi o mais comum e em outros dois, o Meropenem. Ademais,
observando o padrão de uso de antibióticos, tem-se que os mais utilizados, além dos
supracitados, foram: Vancomicina, Amicacina, Fluconazol.
Considerações finais
Os resultados obtidos neste estudo podem ser levados em consideração para
compreender e melhorar diversos fatores relacionados a ocorrência de infecções nosocomiais
Agradecimentos
Ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC/Fundação Araucária/PRPPG, à
Unioeste – Campus de Francisco Beltrão e ao Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar
(NUCIH) do Hospital Regional do Sudoeste em Francisco Beltrão.
Referências
1. Batista J. et al. (2017). Conhecimento da equipe de enfermagem perante os principais tipos de infecções
hospitalares. Rev. enferm. UFPE online. 11: 4946-4952.
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4. Cândido R. et al. (2012) Avaliação das infecções hospitalares em pacientes críticos em um Centro de
Terapia Intensiva. Rev da Universidade Vale do Rio Verde. 10: 148-163.
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2nd. ed. Genebra.
7. Rós A. et al. (2017). Terapia intravenosa em idosos hospitalizados: avaliação de cuidados. Rev. Cogitare
Enfermagem, 22: 1-7.
Introdução
O hiperparatireoidismo primário é ocasionado por uma secreção excessiva de paratormônio (PTH)
por uma ou mais glândulas paratireoides. É uma das causas mais comuns de hipercalcemia e uma importante
condição a ser investigada em qualquer paciente que tenha uma elevação dos níveis de cálcio. ¹
O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de fratura patológica de fêmur devido ao
hiperparatireoidismo primário, bem como a etiologia da doença.
Metodologia
O relato de caso foi realizado através da coleta de dados do prontuário do paciente, atendido no
Hospital Regional do Sudoeste Walter Alberto Pecoits (HRSWAP), devido à fratura patológica de fêmur
por hiperparatireoidismo, após autorização da Direção Técnica do HRSWAP, associado ao embasamento
teórico em artigos contidos na literatura científica.
Resultados e Discussão
Paciente masculino, 26 anos, procedente de Francisco Beltrão. Admitido no HRSWAP devido à
fratura de fêmur proximal direito, por queda da própria altura. Referiu dor generalizada, principalmente em
membros inferiores e região mandibular há mais de um ano, com piora progressiva nos últimos 3-4 meses.
Relatou perda ponderal de aproximadamente 10kg em 3 meses. Tabagista (+- 5 anos/maço), negou
fraturas prévias e referiu história de nefrolitíase. Negou uso de medicamentos contínuos.
Na admissão, foram realizadas tomografias computadorizadas (TC) de bacia e coluna lombar e foram
evidenciadas múltiplas lesões líticas envolvendo os ossos da bacia, sacro e o segmento proximal de ambos
os fêmures, com fratura patológica no segmento proximal do fêmur direito. Além disso, lesão lítica
comprometendo o pedículo esquerdo de L2, com extensão para a lâmina e processo transverso deste lado.
Evidenciou-se também aumento das dimensões do rim esquerdo, nefrolitíase bilateral, dilatação
pielocalicinal acentuada à esquerda às custas de cálculo na pelve renal esquerda (12 x 12 x 26 mm).
Para investigação complementar, foram solicitados outros exames de imagem, como TC de crânio e
tórax e cintilografia óssea. A TC de crânio demonstrou múltiplas lesões líticas e outras mistas, com áreas de
esclerose de permeio, insuflativas, comprometendo a calota craniana, parede anterior do seio frontal direito,
paredes do seio frontal esquerdo, palato duro com extensão para as paredes do seio maxilar esquerdo e
côndilo mandibular esquerdo. Na TC de tórax, foram visualizadas múltiplas lesões líticas insuflativas
comprometendo a porção superior do corpo do esterno, a porção visualizada das cabeças umerais, o 1º arco
costal esquerdo, múltiplos arcos costais direitos e no corpo de ambas as escápulas.
A cintilografia óssea evidenciou múltiplas áreas de aumento da atividade osteoblástica esparsas pela
calota craniana, maxilares, mandíbula, esterno, região proximal dos úmeros, arcos costais bilaterais, bacia,
fêmures e tíbias. Lesão osteolítica no fêmur direito. A ultrassonografia da região cervical mostrou aumento
da paratireoide inferior direita.
Bastões 0% 0% 6% 1%
VHS 31 35 68
K 4,3 4,5
Na 132 131
Glicose 101,9
Fósforo 2,9
PTH 606
Vit D 21,9
GGT 242
TGO 45,7
TGP 22,4
Bilirrubina T: 0,41
Tendo em vista a anamese, exames laboratoriais (principalmente aumento dos níveis séricos de PTH
e cálcio total e iônico), além dos exames de imagem, como cintilografia óssea e ultrassonografia
evidenciando aumento da paratireoide inferior direita, foi solicitada uma cintilografia de paratideóide, a qual
mostrou sinais de adenoma de paratireoide na projeção da paratireoide inferior direita.
A principal hipótese diagnóstica era de hiperparatireoidismo primário por adenoma de paratireoide.
O paciente recebeu colecalciferol (50000UI) por via oral e ácido zoledrônico 5mg/ mL, foi submetido à
fixação cirúrgica da fratura de fêmur e posteriormente à paratireoidectomia. O exame anatomopatológico
da paratireoide confirmou a hipótese de adenoma de paratireoide.
Considerações finais
O adenoma de paratireoide constitui a principal causa de hiperparatireoidismo primário nesta
condição, acontece elevação de PTH devido a perda de sensibilidade ao cálcio sérico pelas células da
paratireoide. ²
O relato de caso apresentado visa evidenciar as manifestações clínicas, laboratoriais e os achados
nos exames de imagem, bem como excluir possíveis diagnósticos diferenciais (como tumor ósseo, osteoma
osteoide, por exemplo) e assim facilitar a investigação, diagnóstico e manejo clínico de possíveis causas de
fraturas patológicas.
Referências
1. Bilezikian JP, Brandi ML, Rubin M, Silverberg SJ. Primary hyperparathyroidism: new concepts in clinical, densitometric and
biochemical features. J Intern Med. 2005;257:6-17.
Roberta Bonin Godinho dos Santos¹, Stephany Bonin Godinho dos Santos², Dalila Moter Bevegnu3, Ieda Volksweis Langer1
1
União de Ensino do Sudoeste do Paraná, Campus Francisco Beltrão, Paraná, Brasil;
2
Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Realeza, Realeza, Paraná, Brasil;
3
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Francisco Beltrão, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil
*E-mail: Dalila.benvegnu@uffs.edu.br
Palavras chaves: Agrotóxicos; Cognição; Memória.
Introdução
Desde 2008 o Brasil passou a ser o país que mais consome agrotóxico do mundo. O alto
consumo de agrotóxicos no país está intimamente relacionado com os interesses econômicos do
agronegócio (SILVA, 2019). Apesar da importância para a agricultura, referente ao controle de pragas
e aumento da produtividade, a utilização incorreta ou irresponsável de agrotóxicos pode causar
impactos negativos à saúde humana (CASSAL et al., 2014).
A exposição ambiental ou ocupacional a pesticidas é um preditor para desordens
neuropsicocomportamentais (RAMÍREZ-SANTANA et al., 2020). Nesse sentido, as funções
cognitivas podem ser afetadas por tal exposição. Deste modo, estudar o modo de utilização de
agroquímicos, bem como o uso de equipamento de proteção individual - EPIs e dados acerca das
propriedades no Sudoeste do Paraná é de muita relevância, visto que a região sul do país aparece em
segunda colocada em meio às regiões que mais consomem agrotóxicos, e o estado do Paraná ocupa o
primeiro lugar dessa região (BOMBARDI, 2017).
Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi analisar o estado cognitivo de agricultores
de Enéas Marques, relacionando com variáveis ocupacionais relativas à aplicação de ‘
Metodologia
A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo descritivo do tipo transversal. A população
de estudo envolveu agricultores do município de Enéas Marques-PR de idade igual ou superior a 18
anos, expostos direta ou indiretamente a agrotóxicos. Mediante aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul (CEP-UFFS), pelo número 97031118.7.0000.5564
realizou-se visitas domiciliares aleatorizadas nas propriedades rurais, sem aviso prévio, para coleta
de dados e após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) iniciaram-
se as entrevistas norteadas por um questionário contendo dados sociodemográficos e ocupacionais
sobre a aplicação de agrotóxicos, além dos questionários específicos para falhas na memória -
Prospective and Retrospective Memory Questionnaire (PRMQ) e exame geral do estado mental - Mini
Exame do Estado Mental (MEEM).
Para a tabulação de dados e análise estatística utilizou-se o programa PSPP versão 1.3.Além da
estatística descritiva, após teste de normalidade foi aplicado o teste de correlação de Pearson. Um valor
Resultados
A média da idade dos agricultores foi 45,48±15,33 anos, sendo 17,61±12,80 anos envolvendo
a exposição ocupacional à agrotóxicos. Em relação à propriedade verificou-se uma média de
27,07±23,08 alqueires, cuja principal cultura cultivada foi milho, seguido por soja e trigo. As demais
características sociodemográficas e ocupacionais encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1 – Caracterização geral da amostra de agricultores de Enéas Marques-PR e dados acerca da exposição
à agrotóxicos (n=88).
Variável Valor Valor
absoluto percentual
Gênero
Feminino 8 9,1%
Masculino
80 90,9%
Escolaridade
Analfabeto 1 2 2,3%
a 5 anos
34 38,6%
6 a 11 anos
Mais de 11 anos 18 20,5%
34 38,6%
Aplicação de agrotóxicos
Uso de EPIs
Sim 22 25,0%
Não
Alguns 30 34,1%
36 40,9%
Sim 12 13,6%
Não
76 86,4%
Sim 72 81,8%
Não
16 18,2%
Sim 42 47,7%
Não
46 52,3%
86 97,7%
Tabela 2 – Correlação entre variáveis sociodemográficas e ocupacionais com o estado cognitivo de agricultores de Enéas
Marques-PR (n=88).
Variáveis QMPR MEEM
QMPR - Prospective and Retrospective Memory Questionnaire - aumenta conforme déficit cognitivo;
MEEM - Mini-exame do Estado Mental - diminuiu conforme déficit cognitivo.
Discussão
No presente estudo verificou-se maior déficit cognitivo entre agricultores que estavam
há mais tempo ocupacionalmente expostos a agrotóxicosmesmo a maior parte dos participantes
possuindo ensino médio completo, apresentando um considerável grau de instrução. Estes dados
são condizentes com os achados por Pawestri et al. (2021) em seu estudo, demonstrando agravos
no desempenho neurocomportamental, já natural do processo de envelhecimento, em
agricultores com mais de dez anos de profissão em relação a agricultores que trabalharam por
período inferior.
Em relação ao tamanho da propriedade foi analisado que quanto maior sua extensão
melhor o estado cognitivo dos agricultores. A exemplo disto, Huang et al. (2020), discute que
agricultores de grande escala tem maior capacidade para acessar informações técnicas e possuir
auxílio como tratores e EPIs, desempenhando suas atividades de forma mais protegida.
Uma vez que metade dos participantes já apresentou algum tipo de mal-estar após a
aplicação de tais substâncias, quase todos eles (97,7%) acreditam que os agrotóxicos fazem mal
a saúde e, portanto, um percentual acima de 80% apresenta o hábito de tomar banho após realizar
a pulverização dos agrotóxicos nas lavouras. Dados semelhantes foram encontrados por Delgado
et al. (2004), relatando que 77% tomavam banho logo após a aplicação e/ou preparo de
pesticidas, além de que 62% já experimentaram algum sintoma relacionado à intoxicação
mediante exposição ocupacional à agrotóxicos.
Curiosamente, apesar dos agricultores estarem cientes dos possíveis malefícios dos
agroquímicos, somente um quarto (25%) fazem uso de todos os EPI necessários. Em outros
estudos os dados são ainda mais assustadores, tendo em vista que nenhum indivíduo utilizava
todos os EPI necessários e 86% utilizavam apenas alguns EPI (KAPELEKA et al., 2019) ou até
mesmo 92% relatava não utilizar nenhum tipo de proteção (DELGADO et al., 2004).
Considerações finais
O presente estudo contribui com novas evidências que reforçam os efeitos adversos dos
agrotóxicos, sobre a função cognitiva, retratando a realidade local dos agricultores do Sudoeste
Paranaense. Sendo assim, torna-se de suma importância a conscientização acerca da necessidade do
uso de EPIs a fim de minimizar os riscos envolvidos na aplicação de agrotóxicos.
Referências
1. BLANC-LAPIERRE, A. et al. Effets chroniques des pesticides sur le système nerveux central: état des
connaissances épidémiologiques [Chronic central nervous system effects of pesticides: state- of-the-art]. Rev
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2. BOMBARDI, L. M. Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia. Atlas
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3. CASSAL, V. B. et al. Agrotóxicos: uma revisão de suas consequências para a saúde pública. Revista Eletrônica
em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. (1) pag 437-445. Abr 2018
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5. HUANG, Y. et al. The power of habit: does production experience lead to pesticide overuse?. Environmental
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7. PAWESTRI, I. N. et al. Neurobehavioral performance of Indonesian farmers and its association with pesticide
exposure: A cross-sectional study. Clinical Epidemiology and Global Health. v.11, Julho a setembro de 2021.
https://doi.org/10.1016/j.cegh.2021.100754
Introdução
Um dos “efeitos adversos” mais relevantes das medidas de isolamento social tomadas para
combater a propagação da COVID‐19 é agravamento da inatividade física. Evidencias da literatura
sugerem que essa situação tem o potencial de deteriorar ainda mais a saúde em indivíduos mais
velhos, contribuindo para a sarcopenia, fragilidade e anormalidades cardiometabólicas o que
(1,2)
possivelmente levará a um aumento da morbimortalidade O surgimento recente de uma nova
modalidade HIIT, o “Treinamento Funcional de Alta Intensidade”(TFAI) que compreende um “mix”
de movimentos funcionais de alta intensidade através do uso de técnicas básicas de levantamento
(3)
olímpico, treinamento de potência, exercícios com o peso corporal e treinamento aeróbico . Esse
tipo de técnica permite que indivíduos destreinados possam treinar em intensidade maior do que seria
possível em um exercício contínuo (4).
O objetivo deste estudo foi o de comparar os efeitos do Treinamento Funcional de Alta
Intensidade (TFAI) realizado de maneira remota via Web/internet (TFAI-WEB), versus o mesmo
treinamento realizado presencialmente (TFAI-PRES) sobre variáveis relativas a aptidão física tais
como: as frequências cardíacas de repouso e máxima de exercício, bem como o VO2max. em
mulheres sedentárias com mais de 50 anos durante o período da pandemia COVID-19.
Metodologia
O presente estudo é uma intervenção não randomizada não controlado onde foram recrutadas
34 mulheres sedentárias com mais de 50 anos que foram alocadas em dois grupos: presencial
denominado TFAI-PRES (n= 16) e remoto denominado TFAI-WEB (n= 18) por conveniência e de
acordo com restrições de deslocamento para realização de atividades presenciais. Durante o período
da pandemia da COVID19 as integrantes dos dois grupos realizaram o mesmo programa de
treinamento (HIFE) proposto pela Universidade de Umeå (Suécia, 2014)(5) com duração de 12
semanas (31/07 a 20/11/2020), com frequência semanal de 3x/semana, com a realização 4-6 séries de
4 minutos de TFAI alternados com 2 minutos de recuperação passiva entre as series e com a
intensidade sendo aferida pela Escala de Percepção Subjetiva de Esforço de Borg adaptada (PSE-
CR10)(6) entre as séries de exercício e ao final de cada sessão de treino. As integrantes do grupo TFAI
– WEB realizaram seu treinamento com supervisão de um treinador em tempo real através de uma
plataforma digital de vídeo conferências (Google meet) enquanto as integrantes do grupo TFAI-PRES
realizaram seu treinamento com acompanhamento presencial do mesmo treinador nos mesmos dias,
porém em horário distinto do grupo TFAI-WEB. Aferições da frequência cardíaca máxima (FCmax),
FC de repouso (FCrep) e capacidade cardiorrespiratória máxima (VO2max.) dos dois grupos foram
realizadas nos períodos pré (T1) e pós treinamento (T2) através do teste de caminhada de 01 milha
proposto por KLINE, 1987(7).
Resultados e Discussão
Tabela 5. Apresentação dos índices de aderência e assiduidade aos treinos
INTENSIDADE
ADERÊNCIA ASSIDUIDADE MÉDIA
GRUPOS T1 T2 % % PSE
treinamento (T2).
GRUPOS
Variáveis TFAI- WEB (n =18) TFAI -PRES (n = 16)
Continua
s T1 T2 T1 T2
p TE p TE
(M.±DP) (M.±DP) (M.±DP) (M.±DP)
Tabela 2 – ALT + Alteração positiva; % MELHORA- Percentual de melhoria em relação ao N do grupo; % (N) –
precentual em relação ao N total do grupo; ALT - Alteração negativa; % PIORA - Percentual de piora em relação ao N
do grupo;
Considerações finais
Apesar das limitações deste estudo (vieses de seleção e do pesquisador) percebeu – se uma
melhoria similar e substancial das variáveis pesquisadas em ambos os grupos, além dos relatos
informais das participantes sobre a melhoria da percepção de sobre autocuidados, autoestima e maior
disposição para realização de tarefas cotidianas. Espera se ainda que as informações apresentadas
neste estudo possam servir de subsídio para implementação de novas possibilidades de prescrição de
exercícios físicos, especialmente, para indivíduos em situação de vulnerabilidade física e metabólica
durante períodos forçados ou não de isolamento social.
Referências
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for Actions. J Am Geriatr Soc. 2020;68(6):1126–8.
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mile track walk, gender, age, and body weight. Vol. 19, Medicine and Science in Sports and Exercise. 1987. p. 253–9.
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continuous moderate exercise after coronary artery bypass surgery: A randomized study of cardiovascular effects and
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Introdução
A nível global, povos indígenas são considerados vulneráveis a infecções respiratórias agudas,
tendo como histórico as epidemias de sarampo, varíola e influenza1. Mesmo sem epidemias, as
infecções respiratórias têm destaque de morbidade e mortalidade na população indígena em geral. A
partir de março de 2020, o Brasil se deparou com o vírus Sars-Cov-19.
No Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, de 13 de março de 2020 (SE 11/2020) a 15 de
maio de 2021 (SE 19/2021), foram registrados 48.264 casos confirmados de COVID-19; além de 710.
Dos confirmados, 672 evoluíram para óbito em decorrência da infecção. Em 19 de janeiro de 2021,
as áreas indígenas começaram a receber as primeiras doses de vacina contra o coronavírus2.
O presente estudo tem por objetivo verificar os Anos Potenciais de Vida Perdidos por covid-
19 nas populações indígenas assistidas pelo SASISUS. Na maioria dos estudos, a importância de uma
causa de óbito é tradicionalmente relacionada à quantidade de óbitos, independentemente da idade.
No entanto, as taxas brutas de mortalidade apresentam somente o quantitativo - e não o qualitativo de
cada perda para a sociedade3. O indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos é capaz de medir a
mortalidade prematura, de modo a incluir tanto a quantidade de óbitos, quanto a transcendência (ou
seja, o valor social da morte)4.
Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo, observacional, descritivo, tendo como base dados
secundários referentes às mortes por COVID-19 nas populações indígenas do Brasil. Estes dados
compreendem o período temporal de 13 de março de 2020 a 15 de maio de 2021. Os dados estão
localizados no site do ministério da saúde, secretaria especial de saúde indígena (SESAI),
especificamente no painel intitulado, Informe epidemiológico, “Doença por Coronavírus (COVID-
19) em populações indígenas”2.
Para o cálculo dos APVP foi utilizada a técnica de Romander e McWhinnie, a qual estabelece
o limite para o cálculo considerando a vida média da população, que no caso deste estudo a idade
adotada foi de 70 anos5.
Para a obtenção do número de APVP foi feita a distribuição dos óbitos por agrupamentos de
idade entre 1 e menos de 70 anos. Multiplicou-se o número de óbitos em cada intervalo de idade pelo
número de anos restantes para atingir a idade limite escolhida. A média de APVP por óbito foi
apresentada como resultado da divisão do total de APVP pelo número de óbitos por COVID-19
considerados. Com a utilização de dados secundários para a busca dos resultados desse estudo,
disponibilizados em bases de dados públicos, não houve necessidade de submissão ao Comitê de
Ética em Pesquisa, assim como a obtenção de consentimento pelos participantes. Para a obtenção do
número de APVP, foi feita a distribuição dos óbitos por agrupamentos de idade entre 1 e menos de
70 anos. Multiplicou-se o número de óbitos em cada intervalo de idade pelo número de anos restantes
para atingir a idade limite escolhida. A média de APVP por óbito foi apresentada como resultado da
divisão do total de APVP pelo número de óbitos por COVID-19 considerados.
Resultados
Da semana epidemiológica 10 a 52, do ano de 2020, foram registrados 509 óbitos. Já no ano
de 2021, até o dia 22 de maio foram registrados mais 128 óbitos. Desse modo, ao total, 637 óbitos
foram registrados durante todo o período estudado. Quanto ao limite superior para os anos potenciais
de vida no intervalo, foi considerada a idade limite de 70 anos. Ao todo, foram 6671 anos de vida
perdidos, tendo 21 anos perdidos por média de cada morte considerada nos cálculos.
10 a 19 15 55 8 440
20 a 29 25 45 14 630
30 a 39 35 35 30 1050
40 a 49 45 25 36 900
50 a 59 55 15 81 1215
60 a 69 65 5 112 560
70 a 79 75 - 122 -
80 ou mais - 206 -
a
dos autores
A maioria das mortes ocorreu entre idosos com idade igual ou acima de 80 anos, com 206
mortes. Já o grupo etário com idades entre 10 e 19 anos apresentou o menor número de mortes, com
8 vidas perdidas.
Discussão
As tentativas de apagamento das identidades étnicas indígenas são inúmeras na história
brasileira - a começar pela forma como ela é contada. Ademais, os povos indígenas são
reconhecidamente mais vulneráveis às infecções respiratórias, que se configuram como a principal
causa de mortalidade infantil entre eles6. Parte da história indígena, inclusive, conta com extermínios
de aldeias inteiras causados por contatos forçados que fizeram a população se contaminar com esse
tipo de doença. Paralelamente ao cataclismo biológico - termo de Henry Dobyns - , a pandemia do
Coronavírus trouxe danos irreparáveis não só aos povos indígenas, como também à cultura brasileira
como um todo, pois, além de ter cessado abruptamente anos de história daqueles que são guardiões
da memória de seus povos, impediu que novos anos fossem vividos por aqueles que, infelizmente,
vieram a óbito7.
O cálculo dos Anos Potenciais de Vida Perdidos por COVID-19 nas populações indígenas vai
para além de um uso tradicional de ordenação das principais causas de mortalidade. A importância
social e cultural das produções atravancadas devido a morte em massa desses povos e os 6671 anos
deixados de viver, devido a pandemia do Sars-Cov-2, é incalculável. O mundo todo se viu em uma
situação deprimente, e, no Brasil, especificamente, muitos óbitos poderiam ter sido evitados, não
fosse o desamparo governamental. A busca por retirar o protagonismo indígena de sua própria história
é incessante: falta de estrutura, falta de suporte, subnotificações e precariedade de prevenção. O
descaso, que se estende por anos após o fim da colonização, vai muito além da violação dos preceitos
constitucionais da Lei de Acesso à Informação ou do Art. 196, que garante o direito à saúde a todos,
uma vez que, as perdas culturais, sociais e até mesmo biológicas são inimagináveis7,8,9.
Considerações finais
A população indígena brasileira já enfrentou epidemias as quais dizimaram aldeias inteiras.
Atualmente, o vírus Sars-CoV-2 tem se mostrado um grande perigo a esses povos devido a maior
vulnerabilidade a infecções respiratórias e por serem dependentes de um subsistema médico que ainda
apresenta problemas. Desse modo, o estudo sobre o impacto da COVID-19 na população indígena é
importantíssimo, visto que os 6671 anos de vida perdidos gerarão impactos a curto, médio e longo
prazo na cultura e na sociedade indígena. Assim, são necessários mais estudos relacionando o
contexto pandêmico atual e os povos indígenas brasileiros, de modo que seja possível um melhor
atendimento à saúde dessa população e, consequentemente, seja diminuída a quantidade de anos
potenciais de vida perdidos por esse grupo.
Referências
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6. Marinho GL, Borges GM, Paz EPA, Santos, RV. Mortalidade infantil de indígenas e não indígenas nas microrregiões
do Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem. 2019; 72(1): 57-63.
7. Gonçalves LDS, Braz JPG. A população originária brasileira e o direito a saúde em tempos de pandemia. Encontro
Toledo de Iniciação Científica. 2020; 16(16).
8. Brasil. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regulamenta o direito constitucional de acesso dos cidadãos às
informações públicas. Diário Oficial da União. 18 nov 2011.
9. Brasil. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 1988.
Dandara Alves Cardoso¹, Izabel Aparecida Soares2, Alexandre Carvalho de Moura2, Jucieli Weber2, Camila Dalmolin2, Dalila
Moter Benvegnú2, Gisele Arruda2, Silvana Damin2, Vanessa Silva Retuci2, Bianca Cestaroli3, Daniel Biazussi3, Jucemara
Madel de Medeiros3, Felipe Beijamini2*.
1
Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária-UFFS, 2 docentes e pesquisadores - UFFS e 3 estagiários Pibex-UFFS.
* felipe.beijamini@uffs.edu.br
Palavras chaves: COVID-19, saúde do idoso, vacinação
Introdução
A COVID-19 é um grave problema de saúde pública global causada pelo vírus SARS-CoV-
2, o qual provoca infecção aguda persistindo de 2 a 4 semanas após a contaminação1.
Investigações sobre o acometimento dessa doença evidenciaram que a população idosa é o
grupo com maior risco de complicações e morte pela COVID-192, agravando-se em indivíduos que
apresentam doenças pulmonares crônicas, hipertensão, diabetes, doenças vasculares e/ou esteja em
estado imunocomprometido3. No Brasil em 2020, a faixa etária acima de 60 anos representou 53%
dos óbitos por COVID-19, sendo a maioria dos indivíduos portadores de doenças crônicas e doenças
imunossupressoras2. Nos estudos relacionados ao cenário na região Sul, observou-se resultados
semelhantes3.
Tal cenário, desde 11 de janeiro de 2020, vem mobilizando a comunidade científica mundial
para o desenvolvimento de uma vacina4. Atualmente, estas apresentam uma ampla gama de
tecnologias, decorrentes dos diferentes estágios de desenvolvimento, como: RNA mensageiro,
baseado em DNA, nanopartículas, partículas sintéticas e modificadas como vírus5.
No controle da pandemia tem-se destacado a importância da vacinação e no momento estão
disponíveis 15 vacinas no pipeline global5, sendo quatro delas aplicadas no Brasil (Pfizer, Coronavac,
Jassen, AstraZeneca). Neste contexto, o objetivo desta pesquisa foi comparar a quantidade de
amostras testadas e com resultado detectado no L-COVID-19/RZ/UFFS, considerando a população
de indivíduos na faixa etária acima de 60 anos antes e após o início da vacinação, residentes do
município de Realeza, Paraná.
Metodologia
Resultados e Discussão
Fonte: Secretaria de Saúde do município de Realeza/Pr. Portal Transparência da prefeitura de Realeza. Elaborado pelo
autor
Durante a análise dos dados nos meses de junho de 2020 até 10 de julho de 2021, 1.497
pacientes tiveram resultado de detectado para SARS-CoV-2. Destes, 619 foram detectadas até o início
da vacinação, sendo 112 (18,09%) idosos. No mesmo período foram registrados 29 óbitos, 19
(65,51%) de pessoas acima de 60 anos, dado que reafirma a maior taxa de óbito entre o público desse
estudo2,3,6.
Para melhor entendimento dos resultados, as idades foram agrupadas levando em
consideração a data de vacinação do menor número do grupo. Da semana epidemiológica 7 em diante,
a qual corresponde à semana seguinte ao início da vacinação para pessoas acima de 90 anos, pode-se
observar redução no número de amostras para diagnóstico nessa faixa etária, porém os números de
detectados aumentou. Para idosos de 80 a 89 anos considerou-se a semana epidemiológica 11 como
divisora e, ao contrário da faixa etária acima de 90 anos, este grupo obteve redução tanto nos casos
quanto no número de amostras. As idades entre 70 e 79 e de 60 a 69 anos observaram o mesmo padrão
da faixa etária de 80-89 anos, considerando como divisora a semana epidemiológica 12 e 18,
respectivamente (Figura 1). Entretanto, nenhum óbito foi registrado para a faixa etária em estudo.
De fato, o que se pode evidenciar é que as vacinas aprovadas são capazes de desencadear a
resposta imune nos participantes2 e o estudo reafirma este fato pela observação da diminuição do
número de amostras, casos detectados e óbitos após o início da vacinação.
Figura 1: Distribuição de casos detectados e não detectados obtidos por teste RT-qPCR, pré e pós vacinação.
Fonte: Secretaria de Saúde do município de Realeza/Pr.Portal Transparência - prefeitura de Realeza. Elaborado pelo autor.
Considerações finais
A vacinação para faixa etária acima de 60 anos mostrou-se eficiente para redução da
mortalidade e contaminação, essas observações são importantes para fomentar a vacinação das
demais faixas etárias e controlar a pandemia do novo coronavírus. Há incógnitas sobre os idosos
acima de 90 anos terem aumentado o número de casos detectados, sendo um alerta apesar de não
termos mais óbitos em pacientes nessa faixa etária.
Agradecimentos
Os autores agradecem aos envolvidos direta e/ou indiretamente às entidades parceiras - Rotary
Club de Realeza, Secretaria de Saúde e Prefeitura Municipal de Realeza.
Referências
1. Hammerschmidt KSA, Santana RF. HEALTH OF THE OLDER ADULTS IN TIMES OF THE COVID-19
PANDEMI. 25: e72849, [S.L.]: Cogitare Enfermagem, 2020.
2. Silva APSC, Maia LTS, Souza WV. Síndrome Respiratória Aguda Grave em Pernambuco: comparativo dos padrões
antes e durante a pandemia de covid-19. v. 25, n. 2, p. 4141-4150. [S.L.]: Ciência & Saúde Coletiva, 2020.
3. Klokner SGM, Luz RA, Araújo PHM, et al. Perfil epidemiológico e preditores de fatores de risco para a COVID-19 na
região sul do Brasil. 10(3):e17710313197. Res Soc Dev [Internet]. 2021.
4. Le TT, Cramer JP, Chen R, Mayhew S. The COVID-19 vaccine development landscape. v. 19, n. 5, p. 305-306 [S.L.]:
Nature Reviews Drug Discovery; 2020.
5. Pang J, Wang MX, Ang IYH, et al. Potential rapid diagnostics, vaccine and therapeutics for 2019 novel
coronavirus (2019-nCoV): a systematic review. v. 9, n. 3, p. 623. [S.L.]: Journal of clinical medicine, 2020.
6. Souza LG, Randow R, Siviero PCL. Reflexões em tempos de COVID-19: diferenciais por sexo e idade.31 Suppl 1:75-
83. Comunicação em Ciência da Saúde, 2020.
Introdução
A leptospirose é uma doença infecciosa do tipo zoonose, transmitida ao homem pela água
contaminada com leptospiras patogênicas, sendo que a principal fonte de transmissão é a água
contaminada pela urina de roedores infectados, principalmente por ocasião das enchentes. A doença
é causada por bactérias do tipo espiroquetas, do gênero Leptospira, presente na urina de um amplo
espectro de animais, domésticos e selvagens, com destaque para ratos, bois, porcos, cavalos, cabras,
ovelhas e cães, que podem adoecer e, eventualmente, transmitir a leptospirose ao homem.
O homem, hospedeiro terminal e acidental da doença, infecta-se ao entrar em contato com a
urina do animal infectado de modo direto ou indireto, pelo contato com água, lama ou solo
contaminados. A penetração do microrganismo ocorre através da pele com lesões, pele íntegra quando
imersa em água por muito tempo ou mucosas. A transmissão inter-humana é muito rara, sendo de
pouca relevância epidemiológica.
Metodologia
Este trabalho se enquadra em estudo transversal de levantamento de dados epidemiológicos,
os quais foram obtidos no portal do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN),
disponibilizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde vinculada ao Ministério da Saúde. Os dados
referem-se ao período de 2007 a 2017, distribuídos mensalmente, e de 2007 a 2019, em números
absolutos.
Os dados retirados foram organizados em quadros e gráficos, elaborados em planilha no
Microsoft Excel 2010, por meio da comparação entre ocorrências absolutas mensais, média de 2007
a 2017, limite mínimo (md – 1,96 dp) e limite máximo (md + 1,96 dp) esperado para cada mês, dos
anos de 2007 a 2017.
Resultados
Quadro 1 – Casos de leptospirose no estado do Paraná distribuídos por mês e ano
Período de 2007 a 2017
Mês/Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 TOTAL
Março 86 25 41 34 77 31 58 36 71 64 21 544
Abril 32 14 22 41 49 15 15 19 55 45 18 325
Maio 24 10 7 27 14 14 14 14 25 16 18 183
Junho 9 5 7 14 15 15 17 23 33 15 21 174
Julho 2 6 6 7 25 12 22 11 27 12 9 139
Agosto 9 11 6 7 19 14 13 6 10 7 4 106
Setembro 16 3 7 4 17 10 14 13 17 9 10 120
Outubro 31 17 17 16 21 16 21 18 28 18 17 220
Novembro 29 10 16 11 16 16 17 19 37 14 19 204
Dezembro 21 21 13 46 20 33 18 17 67 12 12 280
TOTAL 372 198 204 335 463 233 318 247 510 418 251
Figura 2
– Total Casos confirmados de leptospirose no Paraná
de casos
mensais
de
600
450
150
0
2007 2009 2011 2013 2015 2017
leptospirose no estado do Paraná no período de 2007 a 2017
700
525
175
0
Janeiro Abril Julho Outubro
Fonte: Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde – Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
Discussão
Os casos de leptospirose no Brasil, dentre 2007 a 2017, evidenciam uma doença endêmica em
períodos chuvosos, especialmente nos primeiros meses dos anos, isto é, janeiro, fevereiro e março.
Sabe-se que a doença ocorre principalmente nas regiões metropolitanas e capitais, nas quais as
condições de saneamento básico são precárias propiciando a ocorrência de enchentes e infestação de
roedores infectados. Foram registrados 3549 casos de leptospirose confirmados no Paraná durante o
período estudado. Vale ressaltar que os anos de 2015 e 2016 foram os que apresentaram maior número
de casos, demonstrando que a doença não está apresentando sinais de redução desde o início da
realização da notificação compulsória.
Uma possível explicação para os picos observados nos meses quentes no Estado está
relacionado ao fato de que a região possui estações bem definidas. Dessa forma, períodos com clima
quente, marcados pela ocorrência de chuvas, propiciaram o aparecimento de mais casos, pois essa
condição favorece a permanência do agente no ambiente, evitando sua dessecação. Por outro lado, os
meses mais frios apresentam um número de casos bem reduzido, especialmente nos meses de junho
a setembro.
A leptospirose é uma doença com alta incidência no Paraná e ampla distribuição pelo estado.
A prevalência de casos nos municípios de Curitiba , Colombo, Almirante Tamandaré, dentre outras,
demonstram um sinal de alerta para o fortalecimento da integração entre as áreas de assistência,
diagnóstico laboratorial, vigilância epidemiológica e controle.
Ademais, com base nos dados do Sinan, a região do Paraná registrou 16 óbitos por leptospirose
em 2018, ficando atrás apenas do estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Considerações finais
A leptospirose é um importante problema de saúde pública no Brasil e em outros países
tropicais em desenvolvimento, devido à alta incidência nas populações que vivem em aglomerações
urbanas sem a adequada infraestrutura sanitária e com altas infestações de roedores. Além disso, às
estações chuvosas e às inundações, propiciam a disseminação das leptospiras no ambiente,
predispõem o contato do homem com águas contaminadas e facilitam a ocorrência de surtos. Nesse
viés, evidencia-se o alerta para locais com maiores números de casos, uma vez que a leptospirose
apresenta um quadro inicial inespecífico, comum a maioria das síndromes hemorrágicas febris,
embora necessite de diagnostico e tratamento precoce. Com isso, casos de dengue hemorrágica, febre
amarela, febre maculosa e hantavirose por vezes são confundidos com a leptospirose.
A relativa constância nos números de casos demonstra que é necessário adotar medidas de
controle mais eficazes, buscando mapear e monitorar áreas de risco de infecção, isto é, áreas com
alagamentos anteriores e saneamento básico deficientes; capacitar profissionais de saúde, incluindo
agentes comunitários de saúde; manter vigilância para o controle de roedores; executar ações de
educação em saúde para a população sob risco de infecção, além de instituir grupos intersetoriais para
realização de ações de controle e prevenção da doença.
Referências
1. Eduvirgem, Rv; Soares, Cr; Ferreira, Memc. Análise da leptospirose no estado do Paraná no período de 2010 a
2015. XIV Fórum Ambiental da Alta Paulista.
2. Ko, Ai; Spichler, As; Ribas, E; Filho, BDM; Ribeiro, Gs. Leptospirose: diagnóstico e manejo clínico. Ministério
da Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Distrito Federal, 2014.
3. Doenças e agravos: Lesptospirose. 2018. Sistema de informação de agravos de notificação. [acesso 8 jun. 2019]
Disponível em: http://portalsinan.saude.gov.br/leptospirose
Bianca Cestaroli¹, Izabel Aparecida Soares2, Alexandre Carvalho de Moura2, Jucieli Weber2, Camila Dalmolin2, Dalila
Moter Benvegnú2, Gisele Arruda2, Silvana Damin2, Vanessa Silva Retuci2, Jucemara Madel de Medeiros3, Daniel
Biazussi3, Dandara Alves Cardoso3 , Felipe Beijamini2*
1
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal da Fronteira Sul 1, 2 docentes e pesquisadores -
UFFS e 3 estagiários Pibex-UFFS. * felipe.beijamini@uffs.edu.br.
Palavras chaves: SARS-CoV-2; casos pediátricos; sintomas em crianças.
Introdução
Metodologia
coleta nasofaríngea. Os tubos falcons contendo os swabs com material coletado foram
mantidos refrigerados e encaminhados para o L-COVID-19/RZA/UFFS, devidamente
habilitado pelo LACEN-PR.
No laboratório foi executado extração de ácidos nucleicos, e a partir deste purificado,
as alíquotas foram submetidas ao protocolo de amplificação por RT-qPCR, para detecção do
SARS-CoV-2. Os resultados foram lançados no sistema GAL (Gerenciador de Ambiente
Laboratorial), e a equipe da Secretaria de Saúde informou aos pacientes e deu sequência ao
protocolo de orientação e monitoramento aos indivíduos detectados. Todos os procedimentos
laboratoriais foram realizados em um ambiente de Biossegurança Nível 2 (NB2).
Resultados
Figura 1: Distribuição do número de amostras e casos na faixa etária de 0 a 9 anos para SARS-CoV-2, processadas
pelo Laboratório Temporário COVID-19/UFFS- Realeza-PR/Brasil, 2021, no período junho de 2020 a maio de 2021
(Nº de amostras = 187; N° de casos = 28). Fonte: Elaborada pelos autore s
Figura 2: Distribuição do número de amostras e casos na faixa etária de 10 a 19 anos para SARS-CoV-2,
processadas pelo Laboratório Temporário SARS-CoV-2/UFFS- Realeza-PR/Brasil, 2021, no período junho de
2020 a maio de 2021 (Nº de amostras = 398; N° de casos = 110). Fonte: Elaborada pelos autores
Discussão
de números pode ser devido a descoberta de novas variantes, bem como, a ocorrência de datas
festivas que contribuíram para aglomeração de pessoas e maiores possibilidades de contágio, ou
seja, o aumento no contágio possivelmente se derivou de esferas domiciliares3.
Considerações finais
Com base no que foi apresentado, a análise dos dados do Município de Realeza
evidencia um aumento nos casos de SARS-CoV-2 entre a faixa etária de 0-19 anos, isso no
ano de 2021 (até o mês de maio) em relação ao ano de 2020. Uma comparação com os dados
do Estado do Paraná, mostra que isso não ocorreu apenas no município do estudo, e que a
possível causa foi principalmente a transmissão doméstica.
Agradecimentos
Referências
1. SAFADI, M, A, P. As características intrigantes da COVID-19 em crianças e seu impacto na pandemia.
Jornal de Pediatria. v. 96, n. 3, p. 265-268, 2020.
3. Rossoni ESS, Oliveira JC, Dantas LIM, Filho CAL, Markus JR, Chiacchio AD. COVID-19 NA
INFÂNCIA: uma revisão. Revista Psicologia e Saúde em Debate [Internet]. 2021 [cited 2021 Jun
2];7(1):28-46. DOI 10.22289/2446-922X.V7N1A3. Available from:
http://www.psicodebate.dpgpsifpm.com.br/index.php/periodico/article/view/699/465
Introdução
As diretrizes curriculares atuais do curso de graduação em Medicina, pressupõem um
graduado com formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos
diferentes níveis de atenção à saúde.1 Desta forma, o espaço prisional é um cenário ímpar para
possibilitar aos futuros profissionais da saúde o desenvolvimento de responsabilidade social e uma
visão mais ampla dos determinantes sociais e desafios de saúde enfrentados nesse local.
A assistência à saúde às pessoas privadas de liberdade (PPL) não é plena como idealizado pela
Lei 8080/1990, devido às dificuldades próprias de um ambiente de confinamento. Assim, em 2014,
instituiu-se a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das PPL no Sistema Prisional (PNAISP),
que tem como objetivo ampliar as ações de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), tornando cada
unidade básica de saúde prisional como ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde.2 Porquanto,
cabe ressaltar que a PPL tem direito a saúde resguardado, e assim, a natureza de sua transgressão não
traduz em restrição ao atendimento.3
No Brasil, o perfil da PPL contempla majoritariamente jovens negros (75%), de baixo nível
escolar (67%) e em regime provisório (41%), ocupando ambientes superlotados, pouco arejados e
iluminados.4 Em consequência da precariedade descrita, a PPL tem risco aumentado para infecções
relacionadas ao confinamento como vírus da imunodeficiência humana (HIV), Mycobacterium
tuberculosis, vírus B da hepatite (HBV), vírus C da hepatite (HCV), infecções sexualmente
transmissíveis (IST) em geral e, a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).5
Sendo assim, o trabalho tem como objetivo descrever a experiência vivenciada por estudantes
de medicina junto a PPL em estabelecimentos prisionais na cidade de Francisco Beltrão, Paraná, além
de expor como a inserção do estudante de medicina à essa realidade permite uma formação mais
humanizada e desenvolvimento de responsabilidade social, compreendendo a dinâmica social e
psicológica relacionada a saúde individual.
Metodologia
Esta pesquisa consiste em um relato de experiência que descreve aspectos vivenciados por
acadêmicos do quinto ano do curso de graduação em Medicina da Universidade Estadual do Oeste
Resultados e Discussão
O internato de Atenção Primária à Saúde na unidade prisional é constituído em dois cenários
da atenção primária em saúde, com características diferentes. Os internos do 5º ano realizam parte do
seu internato do ciclo de atenção básica em UBS tradicional e parte em UBS dentro do sistema
prisional. Em todo o cenário de estágio sempre as atividades de formação de alunos da graduação
podem gerar uma tensão e estresse entre os profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde
(SUS), já que eles precisam conseguir conciliar a supervisão dos alunos e atender a demanda e as
metas propostas pelo SUS. Dentro do sistema prisional a demanda é o quantitativo de PPL
encarcerados e que permanecerão por longo período na unidade, permitindo uma organização da
agenda e ações a serem desenvolvidas. Por outro lado, o ambiente prisional torna um desafio a
realização de exames, organização de esquemas terapêuticos e internações desses indivíduos. A
recepção da parceria, pelo médico e equipe de saúde a proposta da inserção do estágio do internato
médico de atenção básica na unidade prisional, foi bem recebida, e conjuntamente supervisores e
equipe de saúde organizaram um planejamento das atividades que seriam desenvolvidas no período
deste ciclo do internato médico.
No período foram realizadas 80 consultas médicas, 20 exames SARS-Cov-2, imunização de
1.400 PPL contra gripe e SARS-Cov-2, 16 exames/testes para rastreamento de doenças infecciosas
(HIV/Hepatites/LUES) e encaminhamento para internação médica. Foram reavaliadas 20 prescrições
médicas e analisadas em torno de 30 prescrições para identificar interações graves. Também foram
realizadas atividades como a observação estruturada, consulta à ficha de atendimento clínico,
participação nas atividades clínicas/gerenciais e prescrição medicamentosa, de exames laboratoriais,
análise de interação medicamentosa, catalogação de medicamentos, elaboração de fluxogramas para
atendimento das patologias mais frequentes, estratificação psicossocial. Após cada atendimento com
o médico era realizada uma discussão dos casos e analisada a conduta, bem como com os demais
Act. Eli. Sal. (2022) – ISSN online 2675-1208
Acta Elit Salutis- AES – (2022) V.6 (Sup)
ISSN online 2675-1208 – Anais
IV CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE
24 a 27 de agosto de 2021
Considerações finais
A inserção dos alunos nessa nova realidade oportunizou o desenvolvimento de atividades
preventivas, compreensão do processo saúde-doença e adquirir um olhar holístico, dentro de um
cenário diferenciado, proporcionando o exercício da relação médico-paciente e da longitudinalidade
da atenção, além de compreender a abordagem das doenças prevalentes, tanto agudas como crônicas.
O diferencial encontra-se no cenário de vulnerabilidade social, principalmente em tempos de SARS-
CoV-2, pois permitiu o exercício de um olhar mais humanista e empático, ao conhecer o contexto
social, econômico e psicológico dos PPL. A práxis fornecendo subsídios para o aperfeiçoamento do
estágio, mostrou as mudanças positivas que essa vivência produziu na formação médica do aluno,
principalmente nos aspectos da valorização biopsicossocial no paciente e do trabalho em equipe de
forma longitudinal, contínua e resolutiva.
Act. Eli. Sal. (2022) – ISSN online 2675-1208
Acta Elit Salutis- AES – (2022) V.6 (Sup)
ISSN online 2675-1208 – Anais
IV CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE
24 a 27 de agosto de 2021
Além disso, permitiu uma reflexão acerca dos problemas existentes na saúde prisional e, não
somente detectá-los, mas analisá-los de maneira crítica, buscando soluções. Mais do que manejar os
problemas de saúde que eventualmente aparecem entre as PPL, proporcionou a compreensão de
outras dimensões do processo saúde-doença, como a influência do contexto em que se encontram e o
grande impacto delas, traduzindo em uma formação mais ampla e no cumprimento das novas
diretrizes curriculares.
Referências
1. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE nº 3, de 20 de junho de 2014.
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e dá outras providências. [acesso em 07
jul. 2021] Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15874-
rces003-14&Itemid=30192
2. Brasil. Portaria Interministerial Nº 1. Diário Oficial da União [Internet]. 2014 [acesso em 04 jul. 2021] Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2014/pri0001_02_01_2014.html
3. Assis RD, A realidade atual do sistema penitenciário brasileiro. Revista CEJ 2007; 39: 74-78
4. Soares Filho MM, Bueno PMMG. Demografia, vulnerabilidades e direito à saúde da população prisional brasileira.
Ciência & Saúde Coletiva 2016;21(7):1999-2010.
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Einstein. 2020; 18: eAO4978. [Acesso em 04 jul. 2021] Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1679-45082020000100253&lng=pt.
6. Cunha ATR, Silva JI, Oliveira GS. (2020). População em Situação de Rua: o Papel da Educação Médica ante a Redução
de Iniquidades. Rev. bras. educ. med. 2020;44:supl.1, e136. [Acesso em 04 jul. 2021] Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0100-55022020000500403&lng=pt&nrm=i so
7. Kuhn C. Reflexões sobre o processo de prisão e as consequências nas condições socioeconômicas para famílias de
presos da Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão – PR. [Tese]. Toledo. Universidade Estadual do Oeste do Paraná;
2016.
Introdução
Conforme a Resolução nº 287/19981, os assistentes sociais fazem parte do quadro de
profissionais de saúde, Considerando que o objeto de trabalho do Serviço Social é a “questão social”
e suas múltiplas expressões. Assim, expõe-se que no âmbito da saúde pública, a partir de lutas sociais,
foi possível que a saúde fosse vista para além de questões biológicas, constatando-se a necessidade
de se observar a totalidade do sujeito, relacionando fatores sociais e econômicos; com isso, é notório
que os indivíduos, pacientes ou não, mostrem-se em condições inadequadas de vida quando se
equacionam tais fatores2.
Desse modo, esse trabalho pretende apresentar o Serviço Social no HRS-WAP (Hospital
Regional do Sudoeste Walter Alberto Pecóits), diretamente no setor NQSP (Núcleo da Qualidade e
Segurança no Paciente), a partir do qual se desdobra a contribuição do profissional assistente social
também no ambulatório. Não é comum um assistente social encontrar-se na coordenação de NQSPs,
por isso observa-se a importância deste relato.
Assim, identifica-se a partir de agora o HRS-WAP, estando localizado no bairro Água Branca,
na rodovia Contorno Leste, atendendo 42 municípios3. O HRS-WAP vem sendo idealizado pelas
autoridades públicas muito antes da sua construção, pois “a obra do HRS teve seu início no dia 23 de
janeiro de 2006, no município de Francisco Beltrão/PR, por se tratar de uma região pólo, [...] em
ponto estratégico, onde possui entroncamento de vias que facilita o acesso dos usuários”3.
O HRS-WAP foi inaugurado em setembro de 2009, e já no mesmo mês iniciaram-se os
atendimentos e internações. O perfil de atendimento está estruturado com base nos principais
indicadores de saúde da região Sudoeste do Paraná, que estão apontados nos relatórios que orientaram
o projeto do Hospital Regional, sendo eles o Atendimento Integral ao Trauma, o fornecimento de
leitos de Unidade de Terapia Intensiva Adulta e Neonatal e o Atendimento Integral as Gestantes de
Alto Risco4.
O Serviço Social no HRS-WAP é um dos Serviços de assistência à saúde. Portanto,
Além disso, também é necessário entender que a saúde vai além da dicotomia médico-
paciente, pois se apresenta como um direito universal, sendo coletivo, e assim se visualiza a
importância da consciência do paciente sobre esses aspectos com os quais esses setores de qualidade
e segurança do paciente atua.
Metodologia
Esse trabalho se apresenta a partir de um relato de experiência de Estágio Supervisionado I,
através do qual reportam-se aspectos da práxis do cotidiano do profissional Assistente Social no
Hospital Regional do Sudoeste Walter Alberto Pecóits (HRS-WAP), no período em que o estágio em
Serviço Social foi realizado precisamente no Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP),
no ano de 2019. A metodologia utilizada foi observação, documentos públicos, diário de campo e
pesquisa exploratória sobre educação em saúde; o estágio foi realizado sob supervisão da Assistente
social Monica Pereira, coordenadora do NQSP, totalizando 204 horas de estágio.
Resultados e Discussão
Foi possível visualizar que o assistente social é imprescindível no âmbito da saúde,
especialmente no HRS-WAP. O objetivo do estágio em Serviço Social no HRS-WAP foi entender
como se dá a relação entre Serviço Social e saúde, aprender também como funciona o NQSP e, por
fim, compreender como que se caracteriza a rede de proteção e como se dá sua integração. As
atividades presenciais no local somente puderam ser iniciadas após a realização do curso de lavagem
de mãos.
No NQSP, entendeu-se como se dá a relação direta com a práxis profissional do assistente
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24 a 27 de agosto de 2021
social, principalmente pelos seus aspectos concretos, como: a execução e o acompanhamento, bem
como a participação em comissões regionais e institucionais; elaboração, avaliação e monitoramento
de protocolos; levantamento de indicadores relacionados à qualidade do atendimento e segurança do
paciente, pesquisa de satisfação do paciente, entre outros. É importante salientar que o HRS-WAP
trabalha com equipes multidisciplinares, e apenas desse modo é possível ver a demanda que se
apresenta ao assistente social, de forma que se consiga abordar a totalidade.
Dessa forma,
Destaca-se que a promoção da saúde é necessária em ambientes hospitalares, e as
ações desenvolvidas em concordância com a segurança do paciente podem conduzir o
indivíduo e sua família na busca e no alcance de uma qualidade de vida. Também podem
direcionar os profissionais envolvidos no processo de cuidar para a consolidação de práticas
seguras. Além disso, podem criar um ambiente propício para se alcançar uma assistência à
saúde ampliada por meio de gestão de qualidade dos processos com melhorias contínuas com
o foco na segurança e no protagonismo do paciente 7.
Para tanto, se identifica que a qualidade dos serviços e a segurança do paciente são
imprescindíveis tanto no processo saúde-doença do paciente quanto nos processos de trabalho dos
profissionais envolvidos.
Considerações finais
O profissional Assistente Social é imprescindível na área da saúde como se observou, contudo
frequentemente os outros profissionais da saúde que atuam em ambiente hospitalar não possuem
adequado conhecimento sobre as competências profissionais e as atribuições privativas do assistente
social, e desse modo atribuem funções que não correspondem a esta categoria profissional. Por fim
através do estágio foi possível compreender que o protagonismo que eles têm nos trabalhos em equipe
como isso está diretamente ligado ao tratamento de pacientes e ações dos outros profissionais.
Entende-se também que contar com um assistente social no contexto hospitalar é de grande valia já
que é considerado um profissional de saúde e compõe a equipe multidisciplinar de maneira
qualificada.
Referências
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Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/12205/pdf_10.
Introdução
As Doenças Cardiometabólicas” (DCM) referem-se a um agrupamento de anormalidades
metabólicas que aumentam o risco de doenças cardiovasculares (DCV)(1). As DCV estão entre as
mais prevalentes e representam uma das principais causas de morte na população mundial. Elas têm
como causa um estilo de vida pouco saudável, os principais fatores de risco são inatividade física,
tabagismo e dieta não saudável(2). O risco de DCV é maior em indivíduos com marcadores
cardiometabólicos alterados, entre estes a obesidade geral e visceral e seus indicadores, os quais
podem ser minimizados e melhorados com atividade física regular e/ou redução do comportamento
sedentário (3).
O Treinamento Intermitente de Alta Intensidade (HIIT – sigla em inglês) que é usualmente
definido como uma atividade física com períodos de exercício com intensidade ≧80% da FCmáx ou
PSE≧6 (4,5) alternados com períodos de recuperação parcial mostrou -se uma estratégia eficiente em
relação ao tempo despendido e os benefícios à saúde cardiometabólica (7,8,9).
O objetivo deste estudo foi o de comparar os efeitos do Treinamento Funcional de Alta
Intensidade (TFAI) realizado via Web/internet (TFAI-WEB), versus o mesmo treinamento realizado
presencialmente (TFAI-PRES) sobre variáveis antropométricas e relativas a composição corporal,
tais como: Peso Corporal (PC), Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferências de Cintura (CC),
Abdominal (CA), e de Quadril (CQ), Relação Cintura/Quadril (RCQ), Percentual de Gordura
Corporal (% GORD.) Massa Muscular Esquelética (MME) e Taxa Metabólica Basal (TMB) em
mulheres sedentárias com mais de 50 anos durante o período da pandemia COVID-19.
Metodologia
Este foi um estudo realizado por intervenção não-randomizada onde foram recrutadas 34
mulheres sedentárias com mais de 50 anos que foram alocadas em dois grupos de treinamento:
presencial (TFAI-PRES, n= 16) e remoto (TFAI-WEB, n= 18) por conveniência e de acordo com
restrições de deslocamento para realização de atividades presenciais. Durante o período da pandemia
da COVID19 as integrantes dos dois grupos realizaram o mesmo programa de treinamento (HIFE)
proposto pela Universidade de Umeå (Suécia, 2014)(7) com duração de 12 semanas (31/07 a
20/11/2020), com frequência semanal de 3x/semana, com a realização 4-6 séries de 4 minutos de
TFAI alternados com 2 minutos de recuperação passiva entre as series e com a intensidade sendo
aferida pela Escala de Percepção Subjetiva de Esforço de Borg adaptada (PSE-CR10)(4) entre as
séries de exercício e ao final de cada sessão de treino. As integrantes do grupo TFAI – WEB
realizaram seu treinamento com supervisão de um treinador em tempo real através de uma plataforma
digital de vídeo conferências, enquanto as integrantes do grupo TFAI-PRES realizaram seu
treinamento com acompanhamento presencial do mesmo treinador nos mesmos dias, porém em
horário distinto do grupo TFAI-WEB. Aferições da PC, CC, CA, CQ, RCQ, %GORD., MME E
TMB dos dois grupos foram realizadas nos períodos pré (T1) e pós treinamento (T2).
O nível de significância estatística aplicado foi de p<0,05. A normalidade dos dados foi testada
através do teste de Shapiro-Wilk, sendo utilizadas técnicas não paramétricas quando houve a violação
de normalidade. Para o tamanho de efeito das análises bivariadas, utilizou- se o V de Cramer e o d de
Cohen. Assim sendo, foram consideradas as seguintes classificações: V de Cramer (fraca: >0.05;
moderada: >0.10; forte: >0.15; muito forte: >0.25) e d= 0.20 (pequeno), d=0.50 (médio) e d=0,80
(forte) (8).
Resultados e Discussão
Os grupos TFAI-WEB e TFAI-PRES apresentaram altos índices tanto de aderência (94,45%
e 87,5 %) quanto de assiduidade (94,93% e 94,25%) ao treinamento.
Tabela 1. Dados da linha de base e variações nos parâmetros antropométricos e indicadores de risco
cardiovascular entre os grupos de TFAI
TFAI- WEB TFAI -PRES TE
ALTERAÇÃ ALTERAÇÃ
VARIAVEI O O Entre
(n =18) (n = 16) P
S os
(M. ±DP) (T2 – T1) (M. ±DP) (T2 – T1)
grupos
Peso (kg) 68,23 ± 8,79 -0,72 ± 1,36 73,38 ± 10,36 -1,58 ± 2,22 NS 0,189
IMC (kg/m2) 27,88 ± 3,85 -0,28 ± 0,53 28,59 ± 3,27 -2,48 ± 7,24 0,227 0,255
CC (cm) 83,18 ± 7,54 -1,09 ± 1,92 85,96 ± 9,22 -2,14 ± 3,69 0,338 0,373
CQ (cm) 101,72 ± 6,49 -1,25 ± 2,11 102,98 ± 6,91 -1,70 ± 1,68 0,551 0,230
CA (cm) 93,31± 8,56 -1,82 ± 2,05 96,15 ± 10,52 -3,03 ± 3,08 0,221 0,479
RCQ 0,82 ± 0,06 0,00 ± 0,2 0,83 ± 0,06 -0,01 ± 0,04 0,260 0,260
% GORD. 38,53 ± 6,28 -1,95 ± 2,18 39,63 ± 5,50 -2,54 ± 1,56 0,399 0,309
MME (Kg) 22,77 ± 2,15 0,41 ± 0,70 24,18 ± 3,33 0,37 ± 0,60 0,886 0,052
Considerações finais
Apesar das limitações deste estudo (vieses de seleção e do pesquisador) observou-se uma
melhoria similar e substancial das variáveis antropométricas e indicadores de risco cardiovascular em
ambos os grupos. Espera se ainda que as informações apresentadas neste estudo possam servir de
subsídio para implementação de novas possibilidades de prescrição de exercícios físicos,
especialmente, para indivíduos em situação de vulnerabilidade física e metabólica durante períodos
forçados ou não de isolamento social.
Referências
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Introdução
O câncer de mama é a neoplasia que mais acomete a população feminina, depois do câncer de
pele não melanoma1. A incidência é maior em mulheres na faixa dos 50 anos de idade sendo raro
aparecer antes dos 30 anos2. No Brasil, mais da metade dos tumores malignos da mama são
diagnosticados em estágios avançados2. Aproximadamente 5-10% dos cânceres de mama são do tipo
familial e 90-95% são do tipo esporádico3. A causa mais importante de desenvolvimento do câncer
familial - hereditário - é mutação em genes de suscetibilidade ao câncer de mama, que são, por
exemplo, BRCA1, BRCA2, TP53, CHEK2, PTEN, ATM e PPM1D. Os mais comuns de estarem
associados ao aparecimento do câncer de mama são os BRCA4. Estes genes codificam importantes
proteínas de reparo de DNA, ou seja, a proteína, que leva o mesmo nome do gene, atua no reparo de
lesões no DNA e sua deficiência causa o acúmulo de mutações no DNA. O acúmulo de lesões não
reparadas no DNA, por sua vez, propicia o surgimento de tumores5. O BRCA1 está localizado no
braço longo do cromossomo 17 e o BRCA2, no braço longo do cromossomo 135. Mutações nesses
genes estão relacionadas ao maior risco de desenvolver câncer de mama, tanto aos homens quanto às
mulheres, além de câncer de ovário e próstata5.
Este estudo tem como objetivo descrever o perfil de indivíduos de uma mesma família
portadora de mutação patológica no gene BRCA1 e o perfil clinicopatológico do câncer nos indivíduos
acometidos pela doença.
Metodologia
Esta pesquisa encontra-se aprovada pelo Comitê De Ética Em Pesquisa Com Seres Humanos
da Unioeste sob o número CAAE 35524814.4.0000.0107. Para rastreamento da mutação,
inicialmente foram selecionadas todas as pacientes com diagnóstico de câncer de mama atendidas em
um hospital público referência em atendimento oncológico na 8a Regional de Saúde do Paraná, no
período de janeiro de 2015 a dezembro de 2016 (n = 180). Todas as pacientes rastreadas no período
foram convidadas para a participação voluntária no estudo e assinaram um termo de consentimento
livre e esclarecido. Durante o procedimento operatório diagnóstico de biópsia foi realizada a coleta
de uma alíquota de material para análise (10 mL de sangue periférico e fragmento de tecido tumoral
de aproximadamente 100 mg). Nestas amostras foi realizado procedimento de extração de DNA
leucocitário por salting out e do tecido tumoral por kit de extração (Qiagen). O DNA extraído foi
enviado ao Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, para sequenciamento gênico pelo
método de SANGER em busca de mutações em BRCA1. As pacientes positivas para a mutação
tiveram seus familiares convidados a participar do estudo. Todos os indivíduos com amostras
positivas para a mutação estudada foram encaminhados para aconselhamento genético.
Resultados e Discussão
O rastreamento das pacientes no período estudado levou à identificação de 2 amostras
positivas para a mutação patogênica BRCA1 p.Cys61Gly, sendo as pacientes irmãs e portadoras de
câncer de mama (pacientes A e B). Paciente A, 51 anos, diagnosticada com câncer de mama do tipo
adenocarcinoma mamário ductal invasivo, com carcinoma ductal in situ associado, subtipo Luminal
B. Foi tratada com cirurgia conservadora (quadrantectomia à direita), quimioterapia e radioterapia.
Quanto aos antecedentes patológicos, aos 45 anos foi submetida à ooferectomia bilateral devido à
presença de cistos e aos 35 anos foi submetida à histerectomia. No histórico familiar, a mãe foi
diagnosticada com câncer de colo de útero aos 55 anos, uma prima (materna e paterna – tio paterno
casado com tia materna) teve câncer de mama e útero. O sequenciamento dos familiares sem câncer
resultou na identificação de 4 irmãos e 1 irmã positivos. Dentre as 3 irmãs do sexo feminino, apenas
uma apresentou a mutação patogênica, sendo que esta desenvolveu câncer de mama, classificado
como triplo-negativo ou basal-like. Outra irmã da Paciente A apresentou câncer de mama subtipo
luminal A, porém foi negativa para a mutação em BRCA1.
descendentes têm o risco de 50% cada um de serem ou não portadores da variante, por isso deverão
ser aconselhados e pesquisados7. Os homens portadores devem ter uma preocupação maior com a
próstata e os exames preventivos devem ser iniciados aos 40 anos. Sugere-se a realização de toque
retal e PSA anualmente10. Todos devem procurar manter ótimo estilo de vida, evitando o tabagismo,
o excesso de álcool, o sedentarismo e a obesidade.
Figura 1 - Pedigree da família com a mutação BRCA1 p.Cys61Gly. Os círculos indicam as mulheres e os quadrados indicam os
homens. Os cortes indicam a morte. A probanda é indicada por uma seta preta. O quadrado preto acima indica câncer de mama, e o
quadrado preto abaixo indica câncer de útero. A bola preta indica indivíduos positivos para a mutação. As idades atuais ou idade na
morte e idade no diagnóstico de cancro estão listadas abaixo de cada indivíduo.
Considerações finais
O fato de duas irmãs da Paciente A também terem diagnóstico de câncer de mama no mesmo
intervalo de tempo foi de extrema importância para que a suspeição da ocorrência de câncer familial.
Esse procedimento possibilitou a detecção de mutações em outros membros da família, fundamental
para realização de aconselhamento genético, rastreamento e prevenção de possíveis casos de câncer
no futuro.
Referências
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4
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penetrance and current status with BRCA. Journal of Cellular Physiology [Internet]. 2018 Dez. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/jcp.27464 doi: 10.1002/jcp.27464
Jucemara Madel de Medeiros¹, Izabel Aparecida Soares2, Alexandre Carvalho de Moura2, Jucieli Weber2, Camila Dalmolin2,
Dalila Moter Benvegnú2, Gisele Arruda2, Silvana Damin2, Vanessa Silva Retuci2, Bianca Cestaroli3, Daniel Biazussi3, Dandara
Alves Cardoso3, Felipe Beijamini2*.
1
Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária-UFFS, 2 docentes e pesquisadores - UFFS e 3 estagiários Pibex-UFFS.
* felipe.beijamini@uffs.edu.br.
Palavras chaves: COVID-19; mutação; variante.
Introdução
O SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19, está inserido em um grupo de vírus envelopados
que possuem RNA linear de fita simples, sentido positivo1. Este vírus, que se alastrou por todos os países,
levou os países a enfrentar uma pandemia desde o ano de 2020.
Visando entender a propagação e possíveis mutações do material viral, pesquisadores de muitos
países estão empenhados nas análises genéticas do SARS-CoV-2, com avaliações ao longo do tempo e
dados demonstrando que o vírus vem sofrendo várias mutações2.
Nos diferentes países, alguns eventos mutacionais estão associados aos relatados de casos de re-
positividade em indivíduos com SARS-CoV-2 pós-alta, causando grande preocupação em saúde pública,
porém requer mais esclarecimentos sobre sua relevância clínica na reinfecção de SARS-CoV-22,3.
De forma a contribuir nas investigações epidemiológicas, foi implantado um laboratório temporário
para diagnóstico da SARS-CoV-2 (L-COVID-19/RZA/UFFS) na Universidade Federal da Fronteira Sul,
no município de Realeza/PR, em parcerias com entidades da comunidade externa, Prefeitura Municipal de
Realeza, Rotary Club de Realeza, e Associação Regional de Saúde do Sudoeste, possibilita realização de
testes RT-qPCR para detecção de SARS-CoV-2 e investigação de dados.
Neste cenário, o objetivo desta pesquisa foi verificar o número de casos de possível reinfecção para
SARS-CoV-2 no município de Realeza/PR e correlacionar com os dados obtidos nacionalmente.
Metodologia
Para as análises através de testes de RT-qPCR no L-COVID-19/RZA/UFFS, amostras foram
coletadas na Unidade Sentinela de Atendimento às Síndromes Gripais, seguindo o protocolo Municipal.
Para as coletas, indivíduos com sintomas de síndrome gripal no intervalo entre o 3º e 7º dias desde o início
dos sintomas e/ou que tiveram contato próximo aos casos detectados para SARS-CoV-2 passaram por uma
triagem e foram submetidos à coleta nasofaríngea. Os tubos falcons contendo os swabs com material
coletado foram mantidos refrigerados e encaminhados para o L-COVID-19/RZA/UFFS, devidamente
habilitado pelo LACEN-PR.
No laboratório, foi executado extração de ácidos nucleicos, e a partir deste purificado, as alíquotas
foram submetidas ao protocolo de amplificação por RT-qPCR, para detecção do SARS-CoV-2. Os
resultados foram lançados no sistema GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial), e a equipe da
Act. Eli. Sal. (2022) – ISSN online 2675-1208
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Secretaria de Saúde informou aos indivíduos detectados, dando sequência ao protocolo de orientação e
monitoramento. Todos os procedimentos laboratoriais foram realizados em um ambiente de Biossegurança
Nível 2 (NB2).
A população do estudo foram os munícipes de Realeza notificados para a SARS-CoV-2 e
identificados como re-detectados no período de junho de 2020 a 31 de maio de 2021. O estudo foi apreciado
e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o parecer 4.462.732.
Resultados e Discussão
No período de junho de 2020 a 31 de maio de 2021 foram processadas 4.226 amostras no L-COVID-
19/RZA/UFFS, e destas, 1.322 foram confirmadas para SARS-CoV-2. Durante a análise epidemiológica
destes meses, foram identificados quatro indivíduos submetidos à re-coletas que obtiveram novamente a
emissão de laudos detectados para SARS-CoV-2.
O primeiro caso, homem de 53 anos, com laudo positivo em 13 de agosto e 31 de dezembro de 2020.
O segundo caso, mulher de 25 anos, teve resultado detectado em 23 de setembro de 2020 e novamente em
25 de fevereiro de 2021. O terceiro caso, mulher de 30 anos, com laudo positivo em 11 de dezembro de
2020 e em 31 de março de 2021. E o quarto caso, mulher de 80 anos, com resultado positivo em 13 de
janeiro de 2021 e segundo em 01 de março de 2021. A diferença dos dias do primeiro para o segundo laudo
positivo dos indivíduos integrantes da pesquisa foi de 141, 155, 111 e 48 dias, respectivamente.
Para um mesmo indivíduo, o diagnóstico detectado consecutivo em dois testes de RT-qPCR para
SARS-CoV-2 pode estar fundamentado em diversos cenários. Dentre estes, há relatos que indicam casos
de re-detecção com intervalo superior a 90 dias e que podem ocorrer devido a liberação viral intermitente,
sendo uma única cepa viral causadora de ambos episódios de re-teste, com um intervalo de viremia
indetectável4. Existem incertezas sobre a resposta imune adaptativa ao SARS-CoV-2, que podem estar
associadas ao momento, a composição e a intensidade de resposta5.
A coleta de swab nasofaríngeo para encaminhamento ao laboratório e detecção de SARS-CoV-2
nesta população estudada só ocorre quando os indivíduos são sintomáticos. Os casos relatados de re-
positividade em nosso laboratório assemelham-se aos casos relatados nos Estados Unidos, no qual atribuem
a reinfecção à presença de sintomas6.
Além disso, novas variantes podem causar a infecção provavelmente devido a resposta humoral de
curta duração, e na primeira infecção, uma imunidade neutralizante limitada ou ausente. A proporção
evidenciada de casos re-detectados sintomáticos com SARS-CoV-2 após recuperação é de 0,3% (4/1322).
Na Figura 01 temos a distribuição do número de diagnósticos e amostras positivas nos meses que ocorreram
a re-positividade nos respectivos meses de estudo.
Considerações finais
Neste estudo, a identificação dos casos de re-positividade não permite afirmar que são
reinfecções, necessitando para tal a realização de avaliação genômica das amostras e confirmação da
mutação viral, bem como, a partir desta avaliação, há a possibilidade de descartar a presença de
fragmentos virais que podem permanecer mais tempo no organismo dos detectados.
Agradecimentos
Os autores agradecem aos envolvidos direta e/ou indiretamente às entidades parceiras - Rotary
Club de Realeza, Secretaria de Saúde e Prefeitura Municipal de Realeza.
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at https://doi.org/10.1101/2020.12.23.20248598 (2020).
Matheus Iago Oliveira Coletto1; Suzana Botão Ayres Pereira2; Mariane Okamoto Ferreira3; Marina Ferronato Dalla
Vecchia4; Hellen dos Santos Jaques5; Carolina Panis6.
1
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Francisco Beltrão, 2Universidade Estadual do Oeste do Paraná
– Campus de Francisco Beltrão, 3Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Francisco Beltrão,
4
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Francisco Beltrão, 5Universidade Estadual do Oeste do Paraná
– Campus de Francisco Beltrão, 6Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Francisco Beltrão.
*iagoc10@hotmail.com
Palavras-chave: câncer, cabeça e pescoço, qualidade de vida.
Introdução
Câncer de cabeça e pescoço (CCP) envolve um grupo de neoplasias que pode acometer lábios,
cavidade oral, faringe (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe), laringe, seios paranasais, cavidade
nasal e glândulas salivares1. A maioria dos cânceres de cabeça e pescoço são do tipo carcinoma de
células escamosas2,3. O estudo epidemiológico "Global Burden of Cancer" indica que câncer de lábio
e cavidade oral é o 15º tipo de câncer mais comum no mundo. Câncer de laringe ocupa a 20ª posição,
enquanto cânceres que se desenvolvem na laringe assumem o 24º lugar4. Além disso, é mais frequente
o diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço em pessoas do sexo masculino do que em pessoas do
sexo feminino5.
Os fatores de risco para o desenvolvimento desses tipos de câncer são, principalmente,
exposição ao tabaco e produtos derivados, uso de álcool e, com menor incidência, infecção pelo
papilomavírus humano (HPV)3,6. Consumir tabaco ou derivados aumenta o risco de desenvolvimento
de câncer de cabeça e pescoço em 5 a 25 vezes, sendo que o uso concomitante de álcool promove
efeito sinérgico no processo de carcinogênese2. A infecção por HPV, com destaque para os subtipos
16, 18 e 31, é causa cada vez mais frequente de câncer em orofaringe, sendo a causa de 70% dos
novos casos em norte-americanos e europeus5,7.
Os sintomas variam de acordo com a região anatômica afetada, e frequentemente incluem dor
de garganta, disfagia, odinofagia e rouquidão, e podem estar associados ao aparecimento de lesões
visíveis no exame físico das mucosas das vias aerodigestivas superiores, além do aparecimento de
linfonodos palpáveis na região cervical7.
O tratamento pode ser cirúrgico, com exérese (seguido ou não de radioterapia, com ou sem
quimioterapia adjuvante), ou não cirúrgico, que objetiva a preservação do órgão afetado ou visando
o tratamento paliativo, quando há impossibilidade de retirada do tumor. Em alguns casos, como nos
de doença localmente avançada, em doença metastática ou reincidente, usa-se a terapia alvo-
molecular (TAM), associada ou não à radioterapia6. O tratamento das neoplasias de cabeça e pescoço,
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Acta Elit Salutis- AES – (2022) V.6 (Sup)
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24 a 27 de agosto de 2021
assim como a própria evolução da doença, pode resultar em complicações agudas e tardias. Dentre
elas destaca-se a mucosite – resultado de tratamento radioterápico – disfagia, comprometimento do
paladar, rouquidão e dermatite. Além disso, pode-se encontrar como efeitos tardios cárie dentária,
fibrose subcutânea, trismo, disfunção da glândula tireoide, estenose faríngea e/ou esofágica e também
xerostomia2.
Os diversos tipos de tratamento e a evolução da doença têm grande potencial para causar
problemas físicos, emocionais e sociais ao paciente, levando ao comprometimento considerável de
sua qualidade de vida. Qualidade de vida relacionada à saúde refere-se à percepção do paciente sobre
a sua saúde, envolvendo sua própria moral, expectativas, preocupações e relações socioculturais. A
avaliação da qualidade de vida é considerada fundamental para estimar os resultados terapêuticos e
são muito escassos os materiais existentes para tal feito8. Diante disso, a Organização Europeia para
Pesquisa e Tratamento do Câncer criou um novo questionário (EORTC QLQ-H&N43), específico
para pacientes em tratamento devido a câncer de cabeça e pescoço9.
Este trabalho objetiva identificar e caracterizar os pacientes que se enquadrem nas categorias
de câncer de cabeça e pescoço: tumores de faringe, de cavidade oral e de laringe, admitidos no
Hospital do Câncer (CEONC) de Francisco Beltrão, e avaliar sua qualidade de vida influenciada pelo
tratamento.
Metodologia
Realizar caracterização clínico-patológica de cada paciente através de análise de prontuários
e avaliar sua qualidade de vida durante e após realização do tratamento utilizando questionários do
grupo EORTC.
Resultados e discussão
Os resultados parciais foram registrados na Tabela 1. Nessa tabela constam todos os pacientes
admitidos no Hospital do Câncer de Francisco Beltrão (CEONC) que se encaixam no estudo.
Tabela 1 – Características clínicas e sociodemográficas
Variável Nº de pacientes %
Sexo
Masculino 34 69,4%
Feminino 15 30,6%
Ocupação
Empregado 34 69,4%
Desempregado 0 0%
Aposentado 15 30,6%
Nível educacional
Não alfabetizado 3 6,1%
Alfabetizado não escolarizado 5 10,2%
Fundamental incomplete 25 51,0%
Fundamental complete 8 16,3%
Foram analisados os perfis de 49 pacientes, sendo que desses, 71,4% apresentaram neoplasia
de cavidade oral e 84% já foram ou ainda são fumantes. Em relação ao sexo, nota-se um predomínio
do sexo masculino (69%), correspondendo aos achados da literatura e quanto a idade, 75,5% têm
mais de 60 anos. A etapa de avaliação da qualidade de vida dos pacientes está em andamento e tem
prazo para término em agosto de 2021.
O tabagismo foi encontrado na maioria dos pacientes, condizendo com a literatura3. Além
disso, os efeitos adversos pós-tratamento para os afetados na cavidade oral são os que precisam de
maior atenção, uma vez que a cavidade oral é a topografia de maior incidência. A fase de avaliação
da qualidade de vida com os questionários do grupo EORTC está em andamento, com prazo para
término em meados de agosto de 2021.
Considerações finais
Devido à falta de dados em prontuários, não conseguimos informações sobre infecção prévia
do paciente por HPV, carga tabágica e uso frequente de bebidas quentes, como o chimarrão, comuns
na região. Assim, vale ressaltar a necessidade de pesquisas futuras sobre essas características para
que possamos pormenorizar ainda mais o estudo.
Referências
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9. European Organization for Research and Treatment of Cancer. EORTC QLQ-H&N43. Bruxelas: EORTC: 2014.
[Acesso em 30 de junho de 2021]. Disponível em https://www.eortc.org/app/uploads/sites/2/2018/08/Specimen-HN43-
English.pdf.
Juliana Michalski1, Juliana Ligeski Iung Barbosa1, Lucas Lauriano Leme Trupel1, Anna Luíza Pinto1, Midiã Vanessa dos
Santos Spekalski1, Lara Simone Messias Floriano1, Danielle Bordin1*
1
Universidade Estadual de Ponta Grossa
*Email:dbordin@uepg.br
Palavras chave: Idoso, acidentes por quedas, hospitalização.
Introdução
Considerando que os idosos são a parcela populacional que mais cresce nos últimos tempos,
previsões futuras indicam que o grupo de idosos deve aumentar notavelmente. Crescimento explicado
pelo melhor controle atual reduzindo a natalidade, maior expectativa de vida e queda na taxa de
mortalidade (1). Contudo, o envelhecimento pode estar acompanhado de vários eventos adversos,
ocasionando em uma maior demanda das redes de atenção à saúde e um alto custo para manter uma
adequada qualidade de vida (2).
Dentre eles, destaca-se os acidentes por quedas, que estão entre os mais prevalentes, e
possuem um relevante impacto nas taxas de mortalidade de idosos. A queda pode ser definida como
um deslocamento involuntário do corpo para um nível inferior ao inicial. Associam-se às quedas
fatores como idade avançada, polifarmácia contínua, déficits cognitivos e funcionais, deambulação
prejudicada necessitando de auxílio, equilíbrio instável, redução de respostas à estímulos, doenças
crônicas não transmissíveis e redução da massa muscular (3,4).
O objetivo do trabalho é avaliar a prevalência e os fatores demográficos e clínicos funcionais
associados à queda em idosos hospitalizados, a fim de auxiliar a equipe de saúde a criar medidas para
prevenção de agravos, visando a manutenção da qualidade de vida do idoso.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo realizado entre 2020 e 2021 com idosos
internados no Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HURCG), em Ponta Grossa –
Paraná.
O critério para inclusão no estudo foi possuir 60 anos ou mais e estar internado no setor de
clínicas do HURCG e ser atendido pela equipe multiprofissional de atenção gerontológica durante o
período da coleta de dados. Foram excluídos os idosos internados na UTI e o próprio idoso ou
acompanhante que não respondeu a variável dependente do estudo. A amostra total foi composta por
361 idosos.
Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário sociodemográfico e o instrumento
reconhecido como Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional-20 (IVCF-20). O IVCF-20 é
composto por 20 questões divididas em 7 segmentos de interesse: idade, autopercepção de saúde,
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Resultados e discussão
Verificou-se que a maioria da amostra foi composta por idosos do sexo masculino (53,2%),
com idade entre 60 a 74 anos (71,2%) e casados (50,0%). A prevalência de quedas em idosos foi de
30,5%. Mostrou-se associada a quedas o sexo (p=0,016), idade (p=0,016) e estado civil (p=0,014)
(Tabela 01).
A ocorrência de quedas e os fatores associados encontrados neste estudo, foram semelhantes
aos resultados obtidos em outras pesquisas presentes na literatura (3,6,7). Observou-se que o sexo
feminino é um fator de risco para as quedas, podendo ser explicado pela fragilidade e susceptibilidade
das mulheres, redução de massa óssea por alterações hormonais, alterações fisiológicas como a
redução de massa magra com consequente força muscular e também maior envolvimento em
atividades domésticas (3,6,8).
A idade avançada interfere de forma significativa, visto que idosos longevos podem apresentar
um maior comprometimento fisiológico, diminuindo a capacidade funcional e conduzindo à maior
ocorrência de quedas (9).
Em relação ao estado civil, verificou-se que idosos viúvos apresentaram maior frequência de
quedas, em detrimento ao idosos casados ou em união estável. Deste modo, pode-se sugerir que o
possuir uma arranjo familiar adequado, pode ser considerado um fator relevante para a não ocorrência
de quedas, uma vez que um companheiro pode ser como um incentivo para um autocuidado maior.
Tabela 1 – Características sociodemográficas de idosos internados, segundo quedas no último ano. Ponta Grossa,
PR, 2020-2021 (n=361).
Quedas
Variáveis Total n(%) p valor
Não n(%) Sim n(%)
Casado / União
118 (54,9) 35 (38,5) 153 (50,0)
Estável
Em relação a Atividade básica de vida diária (ABVD) e condição funcional, observou-se que
a maioria dos idosos não tomava banho sozinho e foi classificado como idoso frágil. Idosos com
dificuldade para realização de ABVD possuíram associação significativa com maior prevalência de
quedas (p=0,002), sinalizando que as condições de saúde influenciam tanto na capacidade de tomar
banho sozinhos como na tendência às quedas. Condição semelhante ocorreu com a condição
funcional, idosos frágeis apresentaram significativamente maior prevalência de quedas em detrimento
aos robustos (p<0,001).
A fragilidade em idosos longevos possui uma intensidade variável, dependente de diversos
fatores além da condição geral de vida e socioeconômica. O declínio fisiológico leva à redução de
massa óssea e muscular causando alteração na força muscular – principalmente de membros
inferiores, realização prejudicada de ABVD, postura instável e menor equilíbrio, causando uma
susceptibilidade maior para quedas (9).
Considerações finais
A prevalência de quedas foi elevada no idosos internados e esteve associada a diversos fatores
demográficos e funcionais, sendo o sexo feminino, idade avançada, viúvos, idosos com limitação para
realização de ABVD sozinho e fragilidade.
Referências
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Karina Baldo¹, Karen Cristine Silva de Oliveira², Ana Paula Vieira³, Guilherme Welter Wendt4, Lirane Elize Defante
Ferreira de Almeida5, Danilo Ribeiro Pinheiro da Silva6, Dalila Moter Benvegnú7.
1
Mestranda da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Francisco Beltrão - PR, ²Graduanda da
Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus de Realeza - PR, ³Docente do curso de Nutrição da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Francisco Beltrão - PR, 4Docente da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná, Campus de Francisco Beltrão - PR, 5Docente do curso de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná, Campus de Francisco Beltrão - PR, 6Docente do curso de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe,
7
Docente da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus de Realeza - PR
*dalila.benvegnu@uffs.edu.br
Palavras chaves: Alimentação, Coronavírus, Saúde mental.
Introdução
A COVID-19 é uma infecção respiratória provocada pelo Coronavírus (CoV) da Síndrome
Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2)¹. Durante epidemias, pandemia no caso da COVID-19,
de doenças infecciosas, há uma tendência de os danos à saúde mental serem negligenciados, quando
em comparação ao risco biológico e medidas de tratamento. Contudo, através de cuidados, esses
impactos psicológicos podem ser minimizados e evitados².
Vários sintomas e doenças psicossomáticas podem estar relacionadas ao isolamento social,
como é o caso da ansiedade, que pode se manifestar comumente durante as pandemias³. Um estudo
populacional sobre a pandemia do CoV e suas implicações na saúde mental revelou sintomas
moderados a severos de ansiedade (28,8%), depressão (16,5%) e estresse (8,1%)¹.
Fatores psicológicos, como depressão, ansiedade e sentimentos inespecíficos de tensão,
apresentam influência no comportamento alimentar (CTA), sendo identificados como ativadores da
compulsão alimentar (CA)4. Estudos em seres humanos sobre transtorno da compulsão alimentar
periódica (TCAP) corroboram uma forte ligação entre a
CA e a exposição ao estresse. Ainda, evidências mostram a importância de déficits emocionais e
fatores estressantes para o desenvolvimento da CA, explicando assim, sua associação com a
ansiedade5.
Diante do exposto, observa-se uma grande produção científica envolvendo a pandemia da
COVID-19 e vários aspectos da saúde mental. Todavia, são escassos os estudos que abordam a
pandemia, saúde mental e CTA. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é identificar a associação
entre o CTA com os níveis de ansiedade, depressão e estresse em docentes universitários.
Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo-exploratório, de corte transversal,
envolvendo uma amostra de docentes universitários. Participaram inicialmente da pesquisa os
docentes, de ambos os sexos, da UFFS e da UNIOESTE. A amostra inicial foi constituída por um
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total de 261 (duzentos e sessenta e um) docentes, sendo 89 (oitenta e nove) docentes da UFFS e 172
(cento e setenta e dois) da UNIOESTE.
Foram incluídos no estudo todos os docentes que aceitaram participar da pesquisa, mediante
a assinatura do TCLE. Foram excluídos do estudo os docentes que não responderam uma
porcentagem mínima de 80% dos questionários.
A coleta de dados aconteceu no período de 20 de outubro de 2020 a 20 de janeiro de 2021. Os
docentes foram convidados a participarem da pesquisa por meio de contato pelo endereço eletrônico
e juntamente foram encaminhados o TCLE e o link de acesso aos questionários. O instrumento de
coleta de dados foi construído na plataforma Formulários Google®, por meio do qual foram aplicados
alguns questionários: 1) questionário de dados sociodemográficos, econômico, condições de trabalho
e de saúde; 2) questionário internacional de atividade física; 3) questionário de comportamento
alimentar; 4) escala de depressão, ansiedade e estresse (DASS-21) e 5) questionário de personalidade.
Todos os dados foram analisados estatisticamente no software Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) ® versão 25.0.
Resultados
Foram incluídos no estudo 193 docentes, que aceitaram participar da pesquisa e, desses, 13
foram excluídos. As características gerais da amostra e as associações entre as variáveis de ajuste e
os desfechos são apresentadas na Tabela 1. A maior parte dos participantes foi do sexo feminino, com
idades entre 40 e 55 anos, casados e com renda familiar entre R$8.001 a R$16.000. Aproximadamente
40% reportaram problemas psicológicos anteriores à pandemia, 59% eram fisicamente ativos e 45%
tiveram problemas de sono nos últimos meses.
A maior prevalência de depressão foi observada entre os participantes com menor perfil de
conscienciosidade e maior de neuroticismo, e que tiveram redução alimentar. Para a ansiedade, maior
prevalência foi observada entre maior perfil de neuroticismo, com problemas de sono, tiveram
redução alimentar ou aumento alimentar e compulsão alimentar. Já para o estresse a prevalência se
deu para os participantes com problemas de sono, aumento alimentar e compulsão alimentar.
Tabela 1. Caracterização geral da amostra e associação das variáveis de ajuste com os indicadores de saúde mental em
professores universitários.
Depressão Ansiedade Estresse
Variável n % n % n %
Acompanhamento profissional
Extroversão
Socialização
Conscienciosidade
Neuroticismo
Abertura
Atividade física
Problemas de sono
Compulsão alimentar
Discussão
Ao longo da pandemia da COVID-19, estudos acerca do impacto do isolamento social à saúde
mental têm sido realizados. Estes têm demonstrado que houve súbito aumento nos níveis de estresse,
ansiedade e depressão na população mundial. Além disso, vale ressaltar que determinados
profissionais estão mais vulneráveis ao desenvolvimento desses agravos devido às suas atividades
ocupacionais, como é o caso dos profissionais educadores6,1,7.
Os resultados obtidos neste estudo demonstram que houve aumento na prevalência de estresse,
ansiedade e depressão, entre professores do ensino superior, após o início da pandemia da Covid-19.
Dados semelhantes foram encontrados em pesquisas realizadas na Espanha e na China, com
profissionais educadores de distintos graus de atuação, reafirmando a susceptibilidade desta
população a esses agravos8,7.
Ademais, foi possível observar também que alguns indivíduos que apresentaram estresse e
ansiedade também apresentaram aumento no consumo de alimentos e outros ainda episódios de
compulsão alimentar, indicando uma possível associação entre as variáveis. Esses achados estão de
acordo com dados existentes na literatura que apontam uma forte associação entre os fatores
psicológicos e o comportamento alimentar4,5.
Considerações finais
Dado o exposto fica evidenciado a interligação entre a ocupação profissional, os fatores
psicológicos e os transtornos alimentares, como a compulsão alimentar. Durante a pandemia houve
surgimento ou agravo de transtornos psíquicos, entre eles depressão, ansiedade e estresse,
influenciando diretamente no consumo alimentar. Contudo, há necessidade de mais estudos com essa
população abordando os mesmos aspectos, além de estruturar políticas públicas para tratamento da
população durante e após a pandemia.
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Gabriele Montipó¹, Lucas Bado¹, Gisele Arruda2, Lirane Elize Defante Ferreto2, Roberto Shigueyasu Yamada2, Franciele
Aní Caovilla Follador2
1
Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
2
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
*gabi.montipo@gmail.com
Palavras chaves: Prisões, SARS-CoV-2, Pandemia.
Introdução
Em dezembro de 2019, um novo tipo de coronavírus foi identificado na China, o qual causou
a atual pandemia de SARS-CoV-2, responsável pela morte de milhares de pessoas por todos os
países1. Segundo o Painel Coronavírus, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, o Brasil contava
com mais de 509 mil mortes por Covid-19 até junho de 20212.
Inicialmente, o vírus foi referido como um “vírus democrático”, que atingiria a toda população
igualmente, contudo, no Brasil se observam dados de que a população negra e periférica tem maiores
índices de letalidade do que o restante da população3. Dentre as populações vulneráveis, também se
destaca a população carcerária, cujas taxas de incidência e de mortalidade por Covid-19 são,
respectivamente, até 38 vezes e 9 vezes superiores à da população em geral4. Isso pois, de modo geral,
essa população vive sob condições sanitárias precárias, com difícil acesso a serviços de saúde e em
instituições superlotadas, haja vista que no Brasil, em 2019, havia 1.422 presídios, dos quais 79%
apresentavam superlotação e metade não possuía consultório médico1.
Ademais, publicações relacionadas ao cenário carcerário em tempos de Covid-19 no Brasil
ainda são escassas, indicando a importância de maiores pesquisas sobre o assunto, de modo a entender
melhor a realidade prisional para que se possa modificá-la a fim de melhorá-la. Tendo em vista esses
aspectos, o presente estudo tem como objetivo realizar um levantamento do número de casos
confirmados de infecção por SARS-CoV-2 na população privada de liberdade no estado do Paraná,
entre os meses de julho de 2020 a maio de 2021, e compará-los com a população paranaense.
Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, de natureza quantitativa, baseado em dados
provenientes dos Informes Epidemiológicos da Secretaria de Saúde do Paraná, disponibilizados no
endereço eletrônico: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Coronavirus-COVID-195. A coleta de
dados foi realizada em junho de 2021, compreendendo os casos confirmados notificados durante o
período de julho de 2020 a maio de 2021. A população do estudo compreendeu presos e presas, sem
distinção de sexo, idade e etnia, sob qualquer regime de sentença prisional. As variáveis analisadas
foram número de casos confirmados, descartados e suspeitos, além do número total de casos
notificados. Os casos notificados como “não informados” foram desconsiderados da análise e do total.
Para análise dos casos confirmados na população total paranaense, também foram utilizados os dados
dos Informes Epidemiológicos disponibilizados pela Secretaria de Saúde. Os dados referentes a
população total paranaense foram obtidos pelo endereço eletrônico do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística6.
Foi dispensada aprovação pelo Comitê de Ética, pois o estudo trata de dados de domínio
público, disponibilizados em sítios oficiais do governo brasileiro.
Resultados e Discussão
Até o dia 31 de maio de 2021, haviam sido notificados 2.751 casos confirmados de SARS-
CoV-2 em toda a população presidiária do Paraná. Segundo dados do DEPEN (Departamento
Penitenciário Nacional)7, que se referem a junho de 2021, a população carcerária paranaense consiste
em 50.824 indivíduos.
A tabela 1 compila a quantidade de novos casos confirmados de COVID-19 nas penitenciárias
paranaenses entre os meses de julho de 2020 a maio de 2021, conforme os Informes Epidemiológicos
da Secretaria de Saúde do Paraná. De acordo com os dados da tabela, nota-se que o mês com o maior
número de novos casos confirmados foi janeiro de 2021, seguido por outubro de 2020.
Tabela 1 – Distribuição de casos confirmados de COVID-19 nas penitenciárias paranaenses entre o período de julho de
2020 e maio de 2021, conforme os Informes Epidemiológicos da Secretaria de Saúde do Paraná.
Figura 1 - Comparação entre a prevalência dos casos de Covid-19 na população paranaense livre e privada de liberdade.
De acordo com Lofgren et al (2020)8, o pico da epidemia dentro de uma penitenciária ocorre,
segundo estimativas, 63 dias antes do pico de infecções na comunidade. A partir do gráfico 1, nota-
se que entre os meses de outubro e novembro de 2020, houve um grande aumento do número de casos
confirmados no Paraná, que precedeu o aumento do número de infecções na população paranaense a
partir do mês de dezembro de 2020.
Tais dados refletem as políticas de contenção da COVID-19 na PPL, adotadas em
grande parte desde março de 2020, como a suspensão das visitações aos apenados e libertação de
presos9. Também nota-se a importância de orientar os encarcerados quanto a forma de prevenção da
doença, que consistem principalmente no uso de máscaras, higiene de mãos e distanciamento, que
deve ser praticado na medida do possível.9
Considerações finais
A partir dos dados observados, é possível concluir que a prevalência de casos de COVID-19
na população privada de liberdade (PPL) foi, inicialmente, maior do que na população total
paranaense, e a partir do mês de fevereiro de 2021, o número de casos confirmados na população total
paranaense foi proporcionalmente maior do que na PPL. Também nota-se a importância das medidas
de contenção e prevenção da disseminação de COVID-19 nos sistemas prisionais, de modo a evitar
o contágio.
Referências
1 - Freitas VCA de, Oliveira TMF de, Menezes PR de, Soares PRAL, Ribeiro SG, Pinheiro AKB. Análise epidemiológica
dos casos de COVID-19 no contexto prisional brasileiro. 23 de setembro de 2020;9(10):e1939108362.
2. Coronavírus Brasil: Painel COVID-19, 2021. Disponível em: https://covid.saude.gov.br. Acesso em: junho de 2021.
Act. Eli. Sal. (2022) – ISSN online 2675-1208
Acta Elit Salutis- AES – (2022) V.6 (Sup)
ISSN online 2675-1208 – Anais
IV CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE
24 a 27 de agosto de 2021
3 - Zizek, S. El coronavirus es un golpe al capitalismo a lo Kill Bill... In P. Amadeo (Org), Sopa de Wuhan: pensamiento
contemporaneo en tiempos de pandemias (pp. 21-28). Buenos Aires: Aspo Editorial. 2020.
4 - Costa JS da, Silva JCF da, Brandão ESC, Bicalho PPG. Covid-19 no sistema prisional brasileiro: da indiferença como
política à política de morte. Psicologia & Sociologia. 2020;32:e020013.
9. Carvalho SG de, Santos ABS dos, Santos IM. A pandemia no cárcere: intervenções no superisolamento. Ciência &
Saúde Coletiva. [Online]. 2020;25(9): 3493-3502
Mariane Okamoto Ferreira1,2,3 Julia Fernandes Gois Orrutéa1,3 Isabela Mitsu Suo Komori1,3 Matheus Iago Oliveira
Coletto1,3 Carolina Panis1,2, 3
1
Curso de Graduação em Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Francisco Beltrão –
PR, Brasil.
2
Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
UNIOESTE, Francisco Beltrão-PR, Brasil.
3
Laboratório de Biologia de Tumores, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão, Brasil.
*mariane.ferreira1@unioeste.br
Palavras chaves: Tabagismo, Neoplasias de Cabeça e Pescoço, Neoplasias Pulmonares
Introdução
O tabagismo é o principal fator carcinogênico, modificável, para o câncer primário de pulmão
(CID 10 - C34)1 conhecido desde os anos 1950; causa de risco para outros tipos de câncer como, de
cabeça e pescoço (CID 10 -C76.0)1, sistema urinário e pâncreas; além de causar mortes por doenças
vasculares e respiratórias2.
Juntos, o câncer de pulmão, cabeça e pescoço representam uma taxa de mortalidade de
21,77%, ajustadas por idade pela população mundial de mortalidade, por 100.000 homens e mulheres,
em Francisco Beltrão - Paraná, no ano de 2019. Sendo o câncer de brônquios e pulmão a causa de
mortalidade por neoplasia primária mais frequente na mesma população no período de 2002 a 20193.
O objetivo foi reunir dados sobre as taxas de incidência de mortalidade por câncer de pulmão,
cabeça e pescoço em Francisco Beltrão-Paraná; as principais leis antitabagistas e a prevalência de
tabagismo no Brasil; e assim estimar as possíveis implicações das leis de controle ao tabaco sob a
perspectiva de prevenção ao câncer.
Metodologia
As ações e medidas políticas públicas antitabagistas e a prevalência de tabagismo na
população foram pesquisadas em documentos e bancos de literatura. O estudo epidemiológico foi
observacional, retrospectivo e descritivo a partir de dados disponibilizados pelo Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde através do aplicativo online Atlas de
Mortalidade por Câncer. Levantamos as taxas de mortalidade por câncer de lábio, língua, cavidade
oral, orofaringe, hipofaringe, traqueia, brônquios e pulmões; ajustada por idade pela população
Brasileira de 2010 a cada 100.000 homens e mulheres, em Francisco Beltrão, entre 2000 e 2019. Os
dados foram tabulados e foi feita uma análise das médias e desvios-padrões das taxas de mortalidade.
Resultados e Discussão
Considerações finais
Os dados coletados apresentaram uma leve tendência de aumento de mortalidade por câncer
de pulmão, cabeça e pescoço a despeito das intensas ações da Política Nacional de Controle do Tabaco
e da evidente queda da prevalência de tabagistas. Esses resultados podem ser considerados
satisfatórios, considerando outras variáveis e etiologias carcinogênicas conhecidas como
envelhecimento da população, longo período de tabagismo e diagnósticos tardios de câncer, período
avaliado, novas modalidades de consumo de tabaco como narguilé e dispositivos eletrônicos para
fumar.
Apoio
Os autores agradecem ao Laboratório de Biologia de Tumores (LBT) da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, campus de Francisco Beltrão, pelo apoio na elaboração do
manuscrito. Agradecemos também aos revisores do IV CONCAPS. A mestranda MOF recebeu bolsa
da Unioeste. O acadêmico MIOC recebeu Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) CNPq.
Referências
1. World Health Organization: International Statistical Classification of Diseases and Health-related Problems -
10th Revision. 2nd ed. Geneva: World Health Organization. 1995.
2. Centers For Disease Control And Prevention. Health Effects of Cigarette Smoking. [Acesso 29 de jul de 2011].
Disponível em https://www.cdc.gov/tobacco/data_statistics/fact_sheets/health_effects/effects_cig_smoking/.
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especial de tabagismo – PETab: Relatório Brasil / Organização Pan-Americana da Saúde. Rio de Janeiro: INCA, 2011.
[acesso 29 de jul de 2011]. Disponível em
https://www.inca.gov.br/MortalidadeWeb/pages/Modelo03/consultar.xhtml#panelResultado
4. Romero, C.; Costa e Silva, L. 23 anos de Controle do Tabaco no Brasil: a atualidade de Programa Nacional de
Combate ao Fumo de 1988. Revista Brasileira de Cancerologia, 2011; 57(3): 305-314.
5. Levy D., Almeida L., Szklo A. The Brazil SimSmoke Policy Simulation Model: The Effect of Strong Tobacco
Control Policies on Smoking Prevalence and Smoking-Attributable Deaths in a Middle Income Nation. PLoS Med 9(11):
e1001336. doi:10.1371/journal.pmed.1001336
6. Brazil: Brazilian institute of geography and statistics: sustainable development indicators. 2013. [Acesso 29 de
jul de 2011]. Disponível http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/
Marina Rayciki Sotomayor1, Valquíria Kulig Vieira2, Marcela Gonçalves Trevisan2, Lirane Elize Defante Ferreto3,
Franciele Ani Caovilla Follador3, Ana Paula Vieira3, Léia Carolina Lucio3
1
Discente do curso de Nutrição pela Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus Francisco Beltrão, 2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde da UNIOESTE – Campus Francisco Beltrão,
4
Docente do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências Aplicadas à Saúde da UNIOESTE – Campus
Francisco Beltrão.
*marina.rsotomayor@gmail.com
Palavras-Chave: Papilomavírus humano, HIV, Reação em Cadeia da Polimerase.
Introdução
O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus capaz de infectar o epitélio cutâneo e mucoso,
com potencial de desencadear vários tipos de neoplasias epiteliais e atuar na carcinogênese de
tumores de cabeça, pescoço e orofaringe(1). O patógeno é de fácil disseminação, uma vez que o HPV
é um vírus transmitido sexualmente(2). Portanto, comportamentos sexuais de risco podem contribuir
para o aumento no número de casos positivos de HPV e do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV),
exemplos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)(3). Lesões orais estão entre os primeiros
sinais em pacientes soropositivos para HIV, podendo sugerir um possível diagnóstico ou ainda
servirem como marcadores da eficiência da terapia antirretroviral que está sendo utilizada. As
manifestações orais fortemente associadas com HIV/AIDS são: candidose, leucoplasia pilosa,
sarcoma de Kaposi e doenças periodontais(4). Assim, objetivou-se verificar a prevalência do HPV na
mucosa oral de pacientes HIV positivos e, em paralelo identificar a relação entre os hábitos sociais e
comportamentais com o sexo dos participantes.
Metodologia
Este estudo faz parte de um projeto maior, realizado num Serviço de Atendimento
Especializado – Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE-CTA), aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos com CAAE nº 22273419.4.0000.0107. As amostras de mucosa oral
foram coletadas com escova Endobrush e acondicionadas em tubos com 2 ml de Tampão TE. Para o
isolamento do genoma viral, uma alíquota de 200µL foi retirada de cada amostra original e
processadas utilizando Kit de extração de DNA genômico. Para controle de qualidade do processo de
extração do DNA foi amplificado via Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) um segmento de 268pb
do gene β-globina humano, com os primers GH20 e PCO4. Em seguida, para determinar a presença
do genoma do HPV uma nova amplificação via PCR foi feita com o par de primers MY09 – MY11,
buscando encontrar um segmento de 450pb do gene L1 viral. Ambos os protocolos seguiram as
etapas: 10 min a 94ºC, seguida por 37 ciclos de 1 min a 94ºC; 1 min a 55ºC e 1 min a 72ºC; finalizando
com extensão por 10 min a 72ºC(5). Os amplicons foram fracionados via eletroforese em gel de
agarose 2%, visualizado sob luz ultra-violeta (UV) e fotodocumentado. Ainda, os sujeitos
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Resultados e Discussão
Dos 40 pacientes que participaram do estudo, a maioria, em ambos os sexos se declara de raça
branca (56,4%), possui ensino fundamental incompleto (42,1%) e são solteiros (48,8%) (Tabela 1).
Resultados similares foram encontrados em outro estudo com pacientes HIV(6). Quanto ao sexo,
identificou-se que 18 participantes são homens e 21 são mulheres, dados não condizentes com a
realidade brasileira, que demonstrou uma prevalência de 26 homens para cada 10 mulheres infectadas
no ano de 2018(7). Estudo evidenciou que os homens tem maior predisposição à doenças em relação
às mulheres, em detrimento da exposição a fatores de riscos comportamentais e culturais(8). O número
de parceiros sexuais tem sido associado em diversas pesquisas à maior frequência de comportamento
sexual de risco, sendo também um indicador de aumento da possibilidade de contato com um portador
do agente infeccioso(9). Além disso, o número de parceiros sexuais é um indicador de risco para
IST(10). Corroborando com esses dados, constatou-se que os homens tiveram em média 32 parceiros
sexuais até o momento da entrevista (Tabela 2), o que favorece uma maior possibilidade de
transmissão viral, tendo em vista que mais de 40% destes indivíduos se encontram sexualmente
ativos. Sobre a opção sexual, observou-se maior frequência de heterossexuais (75,0%). Dados oficiais
revelam que embora os homens heterossexuais não sejam percebidos como um grupo de risco para a
infecção pelo HIV, representam 49% dos casos(11). No que tange a prevalência de presença de HPV
oral nos indivíduos desse estudo, não foi encontrado o genoma do HPV na mucosa oral dos pacientes.
As lesões pelo HPV não são um sinal particular de infecção por HIV, contudo a sua presença deve
ser investigada, tendo em vista que há uma correlação clara entre o aparecimento de lesões bucais e
a imunossupressão(12). Como limitação destaca-se o tamanho da amostra representada. Assim,
salienta-se a importância da inclusão de novos participantes visando a obtenção de dados mais
representativos para a região.
Tabela 1 – Análise descritiva e diferença de algumas variáveis entre o sexo para pessoas com HIV.
Variáveis Sexo “t” GL Valor de p
Masculino Feminino
Número de parceiros sexuais na vida 32,00 (±33,493) 5,95 (±3,531) 3,462 36 0,004
Número de parceiros sexuais novos no último 2,26 (±2,978) 0,65 (±0,587) 2,376 37 0,032
ano
Tabela 2 – Análise descritiva e diferença de algumas variáveis categóricas entre o sexo para pessoas com HIV.
Variáveis Categorias Sexo Total Valor de p
Considerações finais
Nessa população, foram observadas mudanças nos comportamentos sexuais, incorporando
padrões de elevado risco para o HPV como a iniciação sexual precoce, grande número de parceiros
sexuais ao longo da vida, prática de sexo oral e atividades sexuais sem proteção. Sabe-se que
imunodeficiência causada pelo HIV, facilita a entrada e proliferação da infecção pelo HPV,
entretanto, até o momento não foi encontrado DNA viral entre os pesquisados. Nesse sentido,
salienta-se que a pesquisa está ainda em andamento. Além disso, uma investigação quanto ao motivo
da não detecção viral nas amostras da mucosa oral dos pacientes está sendo investigada. Também,
sugere-se que a técnica Nested-PCR poderá melhorar a especificidade e a eficiência da reação,
contribuindo assim, para o aumento da precisão diagnóstica do HPV.
Referências
1. Petito G, Carneiro MADS, Santos SHDR, Silva AMTC, Alencar RDC, Gontijo AP, Saddi VA (2017). Human
papillomavirus in oral cavity and oropharynx carcinomas in the central region of Brazil. Brazilian journal of
Otorhinolaryngology 83, 38-44
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3. Pereira TG, Araújo LF, Negreiros F, Barros Neto RNS (2016). Análise do comportamento sexual de risco à infecção
pelo HIV em adultos da população em geral. Psico 47, 249-258.
4. Aškinytė D, Matulionytė R, Rimkevičius A (2015). Oral manifestations of HIV disease: A review. Stomatologija 17,
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5. Trugilo KP. et al. Polymorphisms in the TGFB1 signal peptide influence human papillomavirus infection and
development of cervical lesions. Med Microbiol Immunol. [Internet]. 2019 Feb [cited 2021 Jul 26];208(1):49-58.
Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30167873/. DOI: 10.1007/s00430-018-0557-y
6. Moura JP, de Faria MR. Characterization and epidemiological profile of people living with HIV/ AIDS. Rev enferm
UFPE on line [Internet]. 2017 Dec [cited 2021 Jul 26];11 Suppl 12:5214-20. Available from:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/22815. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963-
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7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2019. Brasília
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https://doi.org/10.5935/1414-8145.20140086
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Pietriny Emanueli Piana¹, Maria Luísa Lucchini¹, Patricia Engelmann¹, Poliana Taís Silveira¹,
Marciele Francio Zanini² 1 Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE,
Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil. 2 Docente da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
*pietrinypiana@gmail.com
Palavras chaves: Cobertura Vacinal; Vacina Pentavalente; Vacinação
Introdução
A vacinação é a maneira mais eficaz e eficiente para a eliminação e para o controle de doenças
transmissíveis. É um fator importante na redução de doenças, de internações e da mortalidade infantil
(FONSECA e BUENAFUENTE, 2021).
A Pentavalente é uma vacina conjugada, presente no calendário de vacinação infantil. Protege
contra as doenças: difteria, tétano, coqueluche e hepatite B; e contra o vírus Haemophilus influenzae
b (DTP + Hb + Hib). O esquema de vacinação é feito em três doses: aos dois, aos quatro e aos 6
meses de vida (VIEIRA et al., 2021).
No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), responsável pela coordenação da
vacinação, estabelece indicadores para análise do programa: cobertura vacinal (CV), taxa de
abandono e taxa de homogeneidade (FONSECA e BUENAFUENTE, 2021).
A CV é formada pela população-alvo que recebeu o esquema completo da vacina. A
recomendação, do Ministério da Saúde (MS) (2015), para a vacina Pentavalente (DTP + Hb + Hib) é
que a CV seja superior a 95%. De acordo com o MS (2015), a CV é um instrumento importante para
a gestão de saúde pelas esferas governamentais, já que sinaliza o aumento ou redução da
imunoprevenção de doenças imunopreviníveis.
Assim, o estudo tem como objetivo verificar a CV da primeira, segunda e terceira dose da
vacina Pentavalente (DTP + Hb + Hib), de crianças de 1 a 3 anos de idade em 2020, que foram
vacinadas durante o primeiro ano de vida, no município de Francisco Beltrão e no estado do Paraná.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, baseando-se em dados
retirados da plataforma Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações/
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SPNI/DATASUS) sobre o perfil
epidemiológico da vacinação com a vacina Pentavalente (DTP + Hb + Hib). Para o processamento e
análise de dados utilizou-se Microsoft Excel, versão 2016.
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O objeto do estudo teve como foco crianças de 1 a 3 anos, residentes no estado do Paraná e
no município de Francisco Beltrão, que receberam as três doses da vacina Pentavalente (DTP + Hb +
Hib) durante o primeiro ano de vida. Para encontrar a população alvo, foram utilizados dados do
SINASC (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos), fazendo uma projeção de idade das crianças
nascidas vivas no estado do Paraná e no município de Francisco Beltrão, entre junho de 2016 a maio
de 2019.
Para o cálculo da cobertura vacinal, utilizou-se o método de cobertura acumulada por coorte
etária. Foram consideradas 3 coortes: coorte I (crianças entre 12 e 23 meses em 2020), coorte II
(crianças entre 24 e 35 meses em 2020), coorte III (crianças entre 36 e 47 meses em 2020). O
numerador é a soma acumulada das doses vacinais aplicadas durante o primeiro ano de vida das
crianças de cada coorte. O dominador é o número de crianças nascidas vivas no estado do Paraná e
no município de Francisco Beltrão e que faziam parte da população alvo para a vacina. O resultado
da divisão foi multiplicado por 100 para obter a porcentagem.
Resultados
Nas tabelas 1 e 2 observam-se as coberturas vacinais da primeira, da segunda e da terceira
dose da vacina Pentavalente (DTP + Hb + Hib) no ano de 2020, para crianças vacinadas no primeiro
ano de vida, de acordo com as coortes, no estado do Paraná e no município de Francisco Beltrão,
respectivamente. Coorte I (crianças de 1 a <2 anos), coorte II (crianças de 2 a <3 anos) e coorte III
(crianças de 3 a <4 anos).
Na Tabela-1, a CV está dentro do adequado para as três doses da coorte III (CV>95%). As
coortes I e II estão com a CV abaixo do limiar adequado (CV <95%), com ênfase aos baixos valores
da CV para a coorte I. Em todas as coortes (I, II e III) é possível verificar uma redução da cobertura
vacinal da primeira para a terceira dose. Na Tabela-1, a CV acima de 100%, na primeira dose, nas
crianças da coorte 3, e na Tabela-2, a CV maior que 100% na primeira e segunda dose, da coorte III,
mostram uma inconsistência no registro das doses vacinais.
Tabela 1 – CV da vacina Pentavalente (DTP + Hb + Hib), em 2020, por doses aplicadas no primeiro ano de vida de
crianças, segundo coorte, no estado do Paraná
CV DA COORTE I COORTE II COORTE III
PENTAVALENT
E
A Tabela-2 apresenta uma CV adequada nas coortes II e III (>95%). A coorte I apresenta uma
CV abaixo do adequado (<95%), além disso, há um provável erro de duplicação de registros vacinais,
nas coortes I e II, ao constatar que a CV da terceira dose é superior à CV para a primeira dose.
Tabela 2 – CV da vacina Pentavalente (DTP + Hb + Hib), em 2020, por doses aplicadas no primeiro ano de vida de
crianças, segundo coorte, no município de Francisco Beltrão - PR
CV DACOORTE I COORTE II COORTE III
PENTAVALENT
Discussão
As coberturas vacinais das coortes I e II no estado do Paraná estão abaixo do adequado. No
município de Francisco Beltrão, a coorte I apresenta uma CV vacinal muito reduzida, a terceira dose
está 44,3% abaixo do esperado (CV <95%). Dos resultados encontrados, o último descrito é o que
gera maiores preocupações, considerando que representa uma intensa defasagem da vacinação da
Pentavalente (DTP + Hb + Hib).
A redução na cobertura vacinal da população é preocupante, uma vez que, para a imunização
ser eficiente, todo o esquema vacinal deve ser completado, ou seja, todas as doses devem ser
ministradas, a fim de garantir uma cobertura vacinal homogênea (VIEIRA et al., 2021).
A hesitação vacinal ocorre quando os indivíduos atrasam ou recusam-se a receber a própria
vacinação, como também a dos seus filhos, e é um dos empecilhos que prejudicam a cobertura vacinal
no país. O aumento do movimento antivacina e a divulgação de fake news colaboram para o
crescimento dessa hesitação e, consequentemente, à redução da cobertura vacinal (VIEIRA et al.,
2021).
As notícias falsas, são acompanhadas de um excesso de informações, sem fontes conhecidas,
e levam ao aumento da desinformação, atingindo, principalmente, aquele indivíduo que não possui
um conhecimento necessário para discernir a respeito do que é falso e do que é verdadeiro
(SANCHES e CAVALCANTI, 2018). E, as fake news sobre os efeitos das vacinas, podem causar
uma diminuição na cobertura vacinal, aumentando as possibilidades de nova disseminação das
doenças imunopreveníveis.
Outra preocupação, encontrada nesta pesquisa, são as porcentagens superiores a 100% na CV,
como na 1ª dose da coorte III no estado do Paraná, e nas duas primeiras doses da coorte III do
município de Francisco Beltrão. Tal incompatibilidade evidencia uma inconsistência dos dados das
plataformas, e indicam a possibilidade de erros também nas outras coortes. As porcentagens
superiores a 100% inclusive são uma das limitações desta pesquisa, considerando que houve uma
incongruência dos resultados.
Outra limitação desta pesquisa, refere-se ao denominador utilizado no estudo, já que o
número de crianças que deveriam ser vacinadas foi considerado o mesmo número de crianças
nascidas vivas na idade correspondente para a população alvo de cada coorte, assim não se considerou
óbitos e mudanças de endereço.
Considerações finais
Estudos sobre os fatores específicos responsáveis pela redução da cobertura vacinal da vacina
Pentavalente (DTP + Hb + Hib), tanto no estado do Paraná, quanto no município de Francisco Beltrão,
são necessários para a construção de estratégias de acordo com as necessidades e problemas locais.
Todavia, uma análise detalhada dos fatores descritos nesse estudo seria necessária para o adequado
planejamento de ações nos diferentes níveis de atenção à saúde.
A partir disso, campanhas de vacinação podem ser planejadas e desenvolvidas para aumentar
a cobertura vacinal, tanto no estado do Paraná, como no município de Francisco Beltrão. Além de ser
uma forma de combate às fake news, uma campanha também tem o papel de ressaltar a importância
da vacinação não só para o indivíduo, mas para a sociedade como um todo.
Sendo assim, espera-se gerar um aumento de adesão à prevenção de doenças
imunopreveníveis; que pode resultar em diminuição da ocorrência de doenças imunopreveníveis e,
inclusive, em redução dos gastos públicos com tratamentos dessas patologias.
Referências
1. Fonseca KRda, Buenafuente SMF (2021) Epidemiol. Serv. Saúde. 30(2). DOI: 10.1590/S1679-
49742021000200010.
2. Vieira ML, Soares SR, Santos LBdos, Moreira FdosS, Linch GFdaC, Paz AA (2021) Rev. Enferm. UFSM. 11:16.
DOI: 10.5902/2179769243442.
Lucas Bado¹, Kaio Luís Puntel¹, Maria Luisa Kechichian Lucchini¹, Gisele Arruda²
1
Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2Bióloga, Doutora em Biologia Comparada, Docente da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
*giselearrudabioq@gmail.com
Palavras chaves: Animais venenosos, Saúde Pública, Epidemiologia
Introdução
Acidentes por animais peçonhentos consistem em uma causa relevante de morbidade e
letalidade no mundo todo, afetando a sociedade e a economia, e é considerado um problema de saúde
pública principalmente nas Américas, África e Oceania.1 No Brasil, devido à diversidade de hábitats,
há uma grande quantidade de animais classificados como peçonhentos, como serpentes, aranhas,
escorpiões, abelhas e lagartas. Estes constituem os principais tipos de animais envolvidos nessas
injúrias.2, 3
Em 2009, os acidentes por animais peçonhentos foram incluídos pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas.4 Desde agosto de 2010, esse agravo
foi incluído na Lista de Notificação Compulsória do Brasil, por meio de portaria ministerial, devido
ao elevado número de notificações desse tipo de acidente. Assim, com base nessas informações,
torna-se possível e necessário realizar políticas públicas de prevenção e de distribuição de soros
antivenenos para os estados, melhorando a estrutura de atendimento às vítimas dessa injúria.2
Apesar de serem conhecidos como problemas típicos de área rural, os acidentes com animais
peçonhentos também estão presentes em áreas urbanas e de maior densidade populacional, tendo uma
relação direta com o desmatamento e alterações climáticas. Assim, os animais ocupam áreas peri ou
até mesmo intra-domiciliares.5
Nesse sentido, esse trabalho tem por objetivo analisar os casos de acidentes por animais
peçonhentos notificados no Brasil entre os anos de 2010 a 2019, comparando os dados obtidos com
a literatura existente sobre a temática.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, em que foram utilizados os dados do banco do Sistema
Brasileiro de Informação de Agravos de Notificação (SINAM) para a coleta das informações sobre
acidentes por animais peçonhentos.6 A coleta foi realizada no mês de novembro de 2020.
Foram tabeladas as notificações de acordo com o sexo e tipo de acidente, entre os anos de
2010 e 2019. Para a análise, foram excluídos os casos descritos no sistema como Ignorados/Brancos.
Os acidentes são classificados de acordo com o animal, sendo: Serpente, Aranha, Escorpião, Lagarta,
Abelha e Outros. Foi dispensada a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa, por se
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Resultados e Discussão
Com base na tabela 1, é possível observar o elevado número de casos reportados relacionados aos
homens (1.001.539 notificações) quando comparado às mulheres (793.716 notificações). Conforme
relatado pela literatura, esse achado pode estar relacionado com atividades em grande parte
desenvolvidas por homens, como agricultura, pecuária, pesca e construção civil.7
Tabela 1 – Notificações por Sexo segundo Tipo de Acidente no Brasil entre os anos de 2010-2019.
Masculino Feminino Total
Fonte: Elaborado pelos autores com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (2020).
Em estudo realizado no estado do Rio Grande do Norte, foi constatado que, no período de
janeiro de 2007 a dezembro de 2011, 65,4% dos casos registrados foram causados por escorpiões,
13,5% por abelhas e 3,8% causados por aranhas.8 No presente estudo, observando o cenário nacional,
nota-se um padrão diferente na distribuição dos acidentes por tipo de animal, já que entre os anos de
2010 e 2019, no Brasil, os acidentes por escorpiões corresponderam a 53,7% dos registros, os
relacionados a aranhas, 16,59% e os causados por abelhas, 7,67% (Tabela 1). Essa diferença está
relacionada à amplitude territorial brasileira, pois apresenta variações de biomas, temperaturas e
impactos humanos diferentes, fato que ressalta a importância de estudos regionalizados, uma vez que
auxiliam na gestão de saúde pública e corroboram para um melhor atendimento.8
Considerações finais
É importante conhecer os diferentes aspectos envolvendo acidentes por animais peçonhentos,
tendo em vista que determinados animais costumam afetar mais parcelas específicas da população.
Os homens tendem a ser mais afetados de forma geral por esse tipo de injúria, embora acidentes
causados por escorpiões envolvendo mulheres sejam o tipo mais comum no período observado pelo
estudo. Estudos como esse podem ajudar em campanhas de prevenção, como também a entender o
que está relacionado a esse tipo de acidente, para poder evitá-lo o máximo possível.
Referências
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meeting [Internet]. Geneva: World health Organ; 2007. 38p. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43858/9789241563482_eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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(SINAN) [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2014. Disponível em: http://portalsinan.saude.gov.br/acidente-por-
animais-peconhentos
10. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Acidentes de trabalho por animais peçonhentos entre
trabalhadores do campo, florestas e águas, Brasil 2007 a 2017. [Online] Boletim Epidemiológico. Brasília: Ministério de
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde; 50 (11), 2019. Disponível em:
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/marco/29/2018-059.pdf
11. Silveira JL, Machado C. Epidemiologia dos acidentes por animais peçonhentos nos municípios do sul de Minas
Gerais. J. Health NPEPS. 2017; 2(Supl.1): 88-101. Disponível em:
https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/viewFile/1774/1655
12. Machado C. Um panorama dos acidentes por animais peçonhentos no brasil. Journal Health NPEPS.
2016;1(1):1–3.
13. Ministério da Saúde, DATASUS. Departamento de Informática do SUS. Brasília: Ministério da Saúde.
Disponível em:http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/animaispr.def
14. Silva JH da, Giansante S, Silva RCR da, Silva GB da, Silva LB, Pinheiro LCB. Perfil epidemiológico dos
acidentes com animais peçonhentos em Tangará da Serra – MT, Brasil (2007-2016). J. Health NPEPS. 2017;2(Supl.1):
5-15. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/1797
15. Barbosa IR. Aspectos clínicos e epidemiológicos dos acidentes provocados por animais peçonhentos no estado
do Rio Grande do Norte. Rev. Ciênc. Plur. [Online]. 2015;1(3):2-13. Disponível em:
https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/8578
16. Espindola EA, Cassini FL, Kalvelage H, Delatorre SF, Fuchs S, Vidi V, Miguel W. (Org). Curso
profissionalizante de apicultura. Florianópolis: EPAGRI, 2002. 136 p. [EPAGRI. Boletim Didático, 45]
17. Schirmer LR. Abelhas ecológicas. São Paulo: Nobel, 218p. 1985.
Stefania Tagliari de Oliveira¹, Letícia Navarro Gordan Ferreira Martins², Renata Binato Gomes 3, Eliana Saul Furquim
Werneck Abdelhay3, Matheus Ricardo Garbim1, Carolina Panis1,2,3
1
Laboratório de Biologia de Tumores, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil, 2
Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil. 3
Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro, Brasil.
*stetagliari@hotmail.com
Palavras chaves: Mieloma múltiplo, estudo genômico, estresse oxidativo
Introdução
O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica maligna amplamente estudada, pois
ainda se trata de uma doença incurável. A heterogeneidade do MM reflete não só nas curvas de
sobrevida que variam de poucos meses a mais de 10 anos, mas também no entendimento da sua
patogênese. É caracterizado pela proliferação clonal maligna das células plasmocitárias no
microambiente da medula óssea (MO), o MM conta com a presença de proteína monoclonal no
sangue ou na urina e que tem associação com disfunção orgânica.1
O MM representa 1% de todos os cânceres e aproximadamente 10% das neoplasias
hematológicas. É um pouco mais comum em homens que mulheres, duas vezes mais frequente na
população afro-americana e a idade mediana ao diagnóstico de aproximadamente 65 anos. Na
população brasileira, em estudo de Hungria e colaboradores, observou-se uma prevalência
discretamente maior em homens (50,3%) do que nas mulheres (49,7%), acometimento mais comum
nos caucasianos e idade mediana ao diagnóstico de 60,5 anos.1
Nas últimas décadas, vários estudos têm sido realizados para elucidação da biologia do MM,
uniformização dos critérios diagnósticos e entendimento da resposta ao tratamento, além da
identificação de biomarcadores e fatores prognósticos buscando melhora e qualidade de resposta às
estratégias terapêuticas atuais.2
O tratamento do MM para os pacientes elegíveis para transplante consiste em quimioterapia
indutória, seguida de mobilização, coleta de células-tronco por aférese (se doença estável ou
responsiva), quimioterapia de alta dose com o transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas
(TACTH) e, finalmente, consolidação ou manutenção pós-transplante, de acordo com resposta
terapêutica obtida.2
O microambiente medular tem sido um dos focos de interesse na compreensão da patogênese
do mieloma múltiplo: evolução clonal maligna, progressão e sobrevida da doença, assim como a falha
ao tratamento. O nicho da medula óssea é um modulador primário, com propriedade de permitir
infiltração, crescimento, proliferação, adesão e migração celular, mediadas por fatores inflamatórios
e vias de sinalização endócrinas. Por isso, a complexa interação existente no microambiente medular
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tem grande importância no crescimento de células malignas, citotoxicidade das células saudáveis,
bem como a resistência às drogas empregadas no tratamento do mieloma.2
As células mielomatosas são caracterizadas por complexidade genômica, sugerindo-se a perda
de função de genes envolvidos na fidelidade da replicação do DNA e sua reparação. A identificação
de eventos oncogênicos que levam ao desenvolvimento de clones malignos no mieloma múltiplo, têm
sido muita estudada com base em análises cariotípicas e imunofenotípicas.3
Diante dessa complexidade genômica, podemos citar o transcriptoma, que refere-se ao
conjunto de estudo genômico complexo e completo de transcritos a partir do DNA (RNAs
mensageiros, RNAs ribossômicos, RNAs transportadores e os microRNAs) de um dado organismo,
órgão, tecido ou linhagem celular. Por isso, ele é o reflexo direto da expressão dos genes do paciente.3
Para alcançar tal complexidade, propomos aqui a tecnologia GeneChip Array, pois apenas
compreender os complexos mecanismos envolvidos nos processos biológicos não é mais suficiente
para alcançar resultados promissores, e por isso é necessário um conhecimento mais completo de
redes reguladoras complexas.4
O GeneChip Array fornece uma perspectiva de biologia de sistemas tanto para o perfil
de expressão genômica (transcriptoma), quanto para a análise de DNA. Essa tecnologia nos
proporciona a visualização do genoma em nível global e também focar em um subconjunto específico
de genes. 4
O conjunto de dados obtidos pelo GeneChip Array garante informações completas, precisas,
resultados confiáveis e reproduzíveis. Por isso, contamos também com uma plataforma de
inteligência artificial própria desse experimento, com analise bioinformática de alta tecnologia, que
possuem controles rígidos desses processos. Essa plataforma tem domínio público, e a comunidade
de pesquisadores tem a oportunidade de contribuir com nossos dados através dos artigos publicados
em todo o mundo, pois essa bioinformática faz pareamento dessas informações. 4
Infelizmente, alguns genes e variantes genéticas de susceptibilidade de alvos terapêuticos
ainda não foram identificados, e por isso é tão importante continuar e aprofundar o conhecimento da
tumorgênese do MM. O transcriptoma e a análise genômica tem sido a melhor estratégia na
identificação de genes de risco e características complexas, pois através dele facilita a priorização de
genes em região de risco e também a validação funcional do gene mutado.
Outro ponto que deve ser citado, é a ação do estresse oxidativo e o dano ao DNA de pacientes
com MM. Isso está associado principalmente ao regime de quimioterapia usado nos pacientes que
serão submetidos ao TACTH. Esse evento foi associado a produção de espécies reativas de oxigênio
(EROS) e depleção do sistema antioxidante do organismo, que irá influenciar no ciclo celular das
células tronco e de progenitores hematopoiéticos, o que explicaria vários danos genéticos.3
Uma das formas para avaliar essa atividade enzimática do sistema antioxidante e estresse
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oxidativo é através dos níveis de hidroperoxidos lipídicos, pois toda vez que houver um desequilíbrio
entre produção de hidroperoxidos e sistema antioxidante, estará instalado um estresse oxidativo.5
Os Hidroperóxidos são um grupo de substâncias derivadas de ácidos graxos envolvidos em
reações químicas desencadeadas por radicais livres. Eles são metabólitos não radicais resultantes do
processo de peroxidação lipídica propagativa, que participam de processos redox frequentemente
associados a danos celulares.5
Esses hidroperóxidos estão implicados na sinalização do estresse oxidativo, afetando
diretamente as vias pivotais envolvidas no câncer como a sobrevivência celular, a atividade das
proteínas quinases e a simulação da transdução de sinal natural, todas descritas como processos
biológicos capazes de afetar a disseminação de células cancerígenas.5
Cabe aqui ressaltar, que diante dos estudos encontrados na literatura, ainda não há nenhum
estudo promissor nesta área, principalmente envolvendo a técnica de GeneChip Array acima
explicada e com resultados de novos marcadores de sobrevivência nessa doença. A continuidade da
linha de pesquisa torna-se importante e primordial para agregar mais informações, associando com
os poucos estudos existentes, caracterizando o pioneirismo desse trabalho e a grande tecnologia do
experimento envolvido nesse projeto.
O objetivo desse estudo foi validar o perfil genômico de células-tronco de pacientes
portadores de mieloma múltiplo através da identificação de possíveis marcadores de sobrevivência,
utilizando como ferramenta o método GeneChip Array associado a analises de inteligência artificial
através de estudo de bioinformática.
Metodologia
Esta proposta foi submetida ao comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Unioeste
e encontra-se aprovada na Plataforma Brasil, registro CAAE 50070515.0.0000.0107. Todas as
pacientes participantes deste estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
Os critérios de inclusão contemplaram pacientes com diagnóstico de mieloma múltiplo
elegíveis para transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas periféricas, mobilizados com
fator estimulador de colônia de granulócitos (G-CSF) exclusivamente e submetidos à leucoaférese de
grande volume (processamento de seis volemias), atendidos na Unidade de Transplante de Medula
Óssea (TMO) do Hospital Universitário de Londrina/ Universidade Estadual de Londrina (HU/UEL).
A coleta das amostras dos participantes foi autorizada pela assinatura dos Termos de
Consentimentos Livre e Esclarecido para Coleta, e para o Transplante de Células-Tronco de Sangue
Periférico, documentação exigida pelo Sistema Nacional de Transplante e conduzida de acordo com
a Declaração de Helsinki (2008).
As células-tronco hematopoiéticas obtidas na leucoaférese foram congeladas com
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Resultados e Discussão
Um total de 28 pacientes foram incluídos no estudo genômico das células tronco
(transcriptoma), e 11 pacientes foram incluídos para o estudo de validação, com analise do balanço
redox.
A tabela 1 mostra o perfil clinico patológico dos pacientes com envolvidos nesta pesquisa.
ESTUDO DO TRANSCRIPTOMA
ESTUDO DE VALIDAÇÃO
Imunoglobulina presente
Estadiamento
Plasmocitoma
Sobre o estudo do transcriptoma, a figura 1 apresenta uma via de sinalização que ativa a
secreção da proteína monoclonal do MM. Aqui identificadas, podemos destacar as proteínas super
expressas encontradas em nosso modelo, sendo IgJ e IgG de cadeia leve, e também a SSR-delta.
Um dos critérios mais importantes no diagnóstico do MM é a presença do pico de
imunoglobulinas através da eletroforese de proteína sérica e urinária, sendo as mais comuns IgG
kappa e lambda.7 Isso foi encontrado em nosso estudo nesta primeira via identificada, nos mostrando
a superexpressão dos genes que codificam proteínas secretadas no MM, sendo IgJ e IgG de cadeia
leve. Essa via praticamente valida o nosso modelo, por identificar de forma exata as imunoglobulinas
encontradas no MM.
Diante da apresentação das vias sinalizadoras acima, ainda em resultado parcial, daremos
sequência ao balanço redox das células tronco, englobando perfil oxidativo através do nível de
peroxidação lipídica (QL de alta sensibilidade) e perfil antioxidante através da capacidade
antioxidante total (TRAP).
No perfil redox das células tronco associado ao desfecho “vivos” e “óbitos” não houve
diferença significativa da dosagem dos perfis antioxidante e oxidante, tão quanto em seu índice de
estresse, observado na figura 3. Média de lipoperóxidos (2094539,429 e 2173588,75 URL,
respectivamente), de TRAP (1,409 e 1,281 nM trolox) e índice de estresse (1672569,885 e
2016150,010), sem óbito e vivo respectivamente.
Algumas alterações fenotípicas acontecem durante a progressão do MM, e a desregulação do
balanço redox é um resultado dessa mudança, que tem efeito crucial principalmente na disseminação,
resistência a drogas e pior prognostico.9 Entretanto, não encontramos diferenças significativas no
perfil redox a nível global.
Figura 3. Distribuição geral do nível de peroxidação lipídica, perfil antioxidante e índice de
estresse oxidativo das células tronco de pacientes com mieloma múltiplo divididos em óbito e vivos.
Considerações finais
Os achados permitem concluir que mesmo com diversas vias de sinalização alteradas, assim
como as variações no perfil de estresse oxidativo das células tronco em relação à presença de
plasmocitoma e alterações de citocinas, o estresse oxidativo pode estar implicado neste modelo em
situações bem específicas. Após essa conclusão, o foco dos próximos trabalhos serão através de
modelos específicos.
Apoio
Instituto Nacional do Câncer (INCA)
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Campus Francisco Beltrão - PR
Referências
1. Hungria VTM, Maiolino A, Martinez G, Colleoni GWB, Coelho EODM, Rocha L, et al. International Myeloma
Working Group Latin America: Confirmation of the utility of the International Staging System and identification of a
unique pattern of disease in Brazilian patients with multiple myeloma. Haematológica. 2008:93:791-2.
2. Kumar S, Paiva B, Anderson KC, Durie B, Landgren O, Moreau P, et al. International Myeloma Working Group
consensus criteria for response and minimal residual assessment in multiple myeloma. Lancet Oncol.2016;17: e328-46
3. Mahindra A, Hideshima T, Anderson KC. Multiple myeloma: biology of the disease. Blood Reviews. 2010;24
Suppl.1: S5-S11.
4. Dalma-Weiszhausz DD, Warrington J, Tanimoto EY, Myiada CG. The Affymetrix GeneChip® Platform: An
overview. In: Kimmel A, Oliver B, editors. Methods in enzymology. San Diego (USA): Elsevier; 2006. p. 03-28.
5. Girotti AW. Lipid hydroperoxide generation, turnover, and effector action in biological systems. J Lipid Res.
1998; 39(8):1529-42.
6. Panis C, Victorino VJ, Herrera AC, Freitas LF, De Rossi T, Campos FC, et al. Differential oxidative status and
immune characterization of the early and advanced stages of human breast cancer. Breast Cancer Res Treat. 2012;133
(3), 881-888.
7. Funari MFA, Guerra JCC, Ferreira E, Pasternak J, Borovik CL, Kanayama RT, et al. Mieloma multiplo: 50 casos
diagnosticados por citometria de fluxo. Rev. bras. hematol. hemoter. 2005;27(1):31-36.
8. Millar NS, Gotti CC. Diversity of vertebrate nicotinic acetylcholine receptors. Neuropharmacology.
2009;56(1):237-46.
9. Hajek R, Okubote SA, Svachova H: Myeloma stem cell concepts, heterogeneity and plasticity of multiple
myeloma. British Journal of Haematology.;163, 551–56
Maria Laura Triches¹, Maria Eduarda Oliveira Ferraz1, Ana Caroline Camargo Rotondo de Oliveira1, Bruna da Silva
Bartolomeu1, Samyra Soligo Rovani²
1
Discente do curso de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2Docente do curso de Medicina da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
*triches.marialaura@gmail.com
Palavras-chave: mieloma múltiplo, dor óssea, lesões líticas.
Introdução
O Mieloma múltiplo (MM) corresponde a uma neoplasia maligna hematológica que resulta
na proliferação clonal de plasmócitos na medula óssea e secreção de seus produtos celulares, as
proteínas monoclonais, no sangue e/ou urina1. No Estados Unidos, o MM representa apenas 1% dos
diagnósticos de câncer e aproximadamente 10% das neoplasias hematológicas2. A incidência da
doença é ligeiramente superior no sexo masculino e a idade média dos pacientes ao diagnóstico é de
cerca de 66 anos3. No Brasil, há escassez de informações epidemiológicas sobre o tema.
Os fatores de risco envolvidos no desenvolvimento do MM ainda não são claros, mas há
aumento de duas vezes na chance de doença em pacientes com história familiar positiva em parente
de primeiro grau4. O diagnóstico do MM é baseado na associação de fatores clínicos, marcadores
bioquímicos, achados histopatológicos e radiológicos5. A maioria dos pacientes mostram-se
sintomáticos, sendo a dor óssea a manifestação mais frequente e em geral localizada em crânio,
costelas, vértebras, pelve e ossos longos. Exames de imagem identificam lesões ósseas líticas em até
80% dos pacientes5.
Sintomas inespecíficos como fadiga, anorexia e perda de peso também são relatados.
Hipercalcemia, anemia, alteração da função imunológica com predisposição a infecções e diminuição
da função renal também contribuem com a piora do quadro6. Cerca de 1% dos pacientes já apresentam
doença extramedular ao diagnóstico7.
A eletroforese de proteínas séricas com a quantificação de imunoglobulinas pode demostrar
pico monoclonal e o aspirado de medula óssea associado a biópsia e testes moleculares permanecem
essenciais para confirmação da doença, prognóstico e planejamento terapêutico5-6.
Por fim, o presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de mieloma múltiplo, suas
manifestações clínicas e a abordagem diagnóstica desta doença de modo a auxiliar profissionais de
saúde na identificação de casos semelhantes.
Metodologia
O relato de caso foi construído através da coleta de informações a partir de anamnese, exame
clínico, exames laboratoriais e de imagem de um paciente com quadro de algia óssea sugestivo de
Mieloma Múltiplo. O embasamento teórico foi obtido a partir da revisão da literatura científica
existente.
Relato de Caso
Paciente masculino, 64 anos, iniciou com quadro de algia óssea em costelas, coluna lombar e
pelve há 8 meses associado a queda do estado geral, astenia e perda de peso. Em uso constante de
anti-inflamatórios não esteroidais, evoluiu com insuficiência renal aguda (IRA) e chega para
atendimento em unidade hospitalar em urgência dialítica.
Após hemodiálise e transfusão de duas unidades de concentrados de hemácias evolui com
melhora sintomática. Ao exame inicial: em regular estado geral, sinais vitais estáveis, ausculta
torácica com murmúrios vesiculares presentes e ausência de ruídos adventícios, ausculta cardíaca
normofonética, rítmica e sem sopros; membros inferiores com pulsos presentes, boa perfusão e
ausência de edema; demais sistemas sem particularidades. Decide-se pelo internamento e, após
estabilização, seguimento da investigação diagnóstica.
A Tabela 1 demonstra os exames laboratoriais solicitados e a evolução dos resultados ao longo
dos dias de hospitalização. A terapia de substituição renal e a administração dos concentrados de
hemácia foi realizada após a coleta dos primeiros exames laboratoriais. No dia seguinte, evoluiu com
aumento da hemoglobina e diminuição da dosagem sérica de ureia e creatinina.
Nak - - 1,05 - -
Ca iônicol - 8698,07 - - -
BNPm NR - - - -
HbSAg NR - - - -
Anti-HCV NR - - - -
Anti-HIV
a
1ª hora em mm; b g/dL; c %; d Anisocitose; e mm3; g Bilirrubina mg/m; h mg/dL; i U/L; j Segundos; k mEq/L; l mmol/L; m
pg/mL
Considerações finais
O mieloma múltiplo é uma neoplasia maligna que deve ser suspeitada frente a pacientes com
algia óssea importante associada a sintomas sistêmicos. Apesar da evolução terapêutica demostrada
nas últimas décadas, o diagnóstico imediato é essencial e pode contribuir positivamente sobre o
prognóstico e, portanto, deve ser destacado.
Referências
1. Milani LZ, Fernandes MS. Abordagem inicial ao paciente com suspeita de mieloma múltiplo. Acta méd. 2018 39(2):
29-36, 2018.
2. Rajkumar SV, Dimopoulos MA, Palumbo A, Blade J, Merlini G, Mateos M-V, et al. International Myeloma Working
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48.
3. Kyle RA, Gertz MA, Witzig TE, Lust JA, Lacy MQ, Dispenzieri A et al. Review of 1,027 patients with newly diagnosed
multiple myeloma. Mayo Clinic Proc. 2003 Jan;78(1):21-33.
4. Kumar SK, Rajkumar V, Kyle RA, van Duin M, Sonneveld P, Mateos MV, et al. Multiple myeloma. Nat Rev Dis Prim.
Nature Publishing Group; 2017 Jul 20;3:17046.
5. Rajkumar SV, Kumar S. Multiple Myeloma: Diagnosis and Treatment. Mayo Clin Proc. 2016 Jan;91(1):101-19.
6. Rajkumar SV. Multiple myeloma: 2018 update on diagnosis, risk‐stratification, and management. Am J Hematol. 2018
Aug 16;93(8):981-1114.
7. Short KD, Rajkumar SV, Larson D, Buadi F, Hayman S, Dispenzieri A et al. Incidence of extramedullary disease in
patients with multiple myeloma in the era of novel therapy, and the activity of pomalidomide on extramedullary myeloma.
Leukemia. 2011 Jun;25(6):906-8.
8. Caers J, Garderet L, Kortüm KM, O'Dwyer ME, van de Donk NWCJ, Binder M et al. European Myeloma Network
recommendations on tools for the diagnosis and monitoring of multiple myeloma: what to use and when. Haematologica.
2018 Nov;103(11):1772-1784.
Maiara Grasiela Rossi¹, Stephany Bonin Godinho dos Santos¹, Cristian Ferreira Corona 2, Karen Cristine Silva de
Oliveira2, Calinca Skonieski2, Karina Raquel Fagundes2, Larissa da Silva2, Carolina Panis¹, Dalila Moter Benvegnú2
1
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Francisco Beltrão, Francisco Beltrão, Paraná, Brasil
2
Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Realeza, Realeza, Paraná, Brasil;
*E-mail: Dalila.benvegnu@uffs.edu.br
Palavras chaves: Sono; Pesticidas; Saúde
Introdução
O sono é uma ferramenta crucial para reparação física e emocional, de atividades exercidas
no dia-a-dia¹. Por este motivo, adultos entre 18 e 60 anos são encorajados a ter uma rotina de sono de
aproximadamente sete horas por noite, a fim de que consigam promover reparos em danos causados
à saúde, pelo cansaço e estresse diário².
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 45% da população mundial e 40% da
população brasileira sofrem com queixas de sono insuficiente e que por conta destes distúrbios do
sono, carregam com si uma saúde prejudicada em longo e/ou curto prazo³.
Dentre os indivíduos acometidos pela insônia ou que relatam má qualidade de sono, destacam-
se os trabalhadores rurais. Estudos realizados acerca da qualidade de vida de agricultores demonstram
sua suscetibilidade ao desenvolvimento de estresse psicológico e ansiedade devido a um conjunto de
situações às quais são submetidos em suas atividades ocupacionais. Além disso, evidências apontam
que a exposição à agrotóxicos acarreta prejuízos à saúde, agravando os sintomas de estresse e
ansiedade, que desencadeiam distúrbios do sono4,5.
Uma explicação plausível apontada por Jiangping Li (2019)6, de que a exposição prolongada
aos agrotóxicos provoca influências negativas à saúde, é a depressão de funções neurológicas
ocasionadas pela inibição de atividades de enzimas colinesterásicas, que por sua vez implicam na
percepção de dores físicas, doenças respiratórias e distúrbios do sistema nervoso central, como fadiga,
dificuldades para dormir, má qualidade do sono, episódios de ansiedade e depressão. Além disso, os
distúrbios do sono podem desregular o ciclo circadiano do indivíduo, ocasionar obesidade,
desregulação endócrina, entre outros agravos à saúde5.
Este trabalho tem como objetivo verificar associações entre o tempo e a qualidade do sono do
trabalhador rural e sua exposição ocupacional a agrotóxicos.
Metodologia
Mediante aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira
Sul (CEP-UFFS), pelo número 97031118.7.0000.5564, houve seleção dos agricultores de forma
aleatória e sem aviso prévio em seus respectivos domicílios, nos municípios de Ampére, Cruzeiro do
Iguaçu, Dois Vizinhos, Pranchita e Santa Izabel do Oeste, localizados no Sudoeste Paranaense. Após
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assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram realizadas entrevistas por
meio da aplicação de questionários semiestruturados; contendo perguntas relacionadas ao tempo e
qualidade do sono e as atividades ocupacionais exercidas no campo, envolvendo contato direto com
agrotóxicos. Posterior a isso, ocorreu o tratamento dos dados e análise estatística através do software
IBM SPSS Statistics 21, para isso foi usado o teste de Shapiro-Wilk para determinar a normalidade
dos dados os quais se mostraram não paramétricos, sendo assim submetidos a testes de correlação de
Spermann e Kruskal-Wallis.
Resultados
Participaram da pesquisa cerca de 106 agricultores, sendo eles 39 (36,79%) de Dois Vizinhos,
24 (22,64%) da cidade de Cruzeiro do Iguaçu, 17 (16,03%) de Ampére, 13 (12,27%) de Santa Izabel
do Oeste e 13 (12,27%) de Pranchita. Diante dos dados obtidos foi possível constatar que 66,03%
dos agricultores, entre homens e mulheres, consideram ter uma qualidade de sono ruim, 2,83%
participantes caracterizam o sono como regular, e apenas 19,81% acreditam ter uma noite de sono
agradável. A média de horas de sono foi de 7,6 ±1,74, para anos de exposição encontrou-se a média
de 24 ±13,26 anos e em média 3,62 ±2,51 atividades associadas a exposição a agrotóxicos.
Para analisar se havia associação entre a qualidade do sono e o nível de exposição foram feitos
testes entre número de horas dormidas, qualidade de sono, tempo de exposição e número de atividades
praticadas associadas a exposição a agrotóxicos. Diante dos resultados não foi verificada associação
significativa (p>0,05) entre o número de noras dormidas, tempo de exposição e número de atividades
desenvolvidas. No teste de Kruskal-Wallis, também não houve associação significativa entre a
qualidade do sono autorreferida e a exposição pelos mesmos parâmetros já citados.
Tabela 8- Dados descritivos da média das frequências dos anos de exposição e o número atividades associadas a
exposição de agrotóxicos associadas a qualidade do sono autoreferida de agricultores do Sudoeste do Parané (n=106)
Qualidade do sono
Discussão
Na seção acima pode-se observar o elevado número de trabalhadores rurais que acreditam não
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estar com o sono em dia ou não ter uma noite de sono saudável. De acordo com a literatura, estes
sintomas são denominados distúrbios do sono4. No presente estudo constatou-se a baixa qualidade de
sono assim como os resultados do trabalho de Lima et al (2010)7, no qual a partir dos resultados
obtidos por meio de entrevistas clínicas constataram que o grupo de estudo apresentou de forma
significativa agravos prejudiciais relacionados a saúde do sono, e os associou ao desenvolvimento de
sintomas relacionados a ansiedade e depressão.
Apesar da constatação acerca da má qualidade de sono entre os indivíduos da amostra e do
tempo de exposição a agrotóxicos relativamente alto, em média 24 ± 13,26 anos, não houve
associação estatisticamente significativa entre essas variáveis. Mesmo diante de evidências que
comprovam que a exposição prolongada a agrotóxicos acarreta alterações neurocomportamentais, os
resultados aqui encontrados podem estar sobre a influência de outros vieses, os quais não foram
considerados. Um fator que pode ser levado em consideração nesse caso é a diferença na percepção
do sono entre os indivíduos8.
Considerações finais
Este estudo traz uma iniciativa pioneira no sudoeste paranaense a fim de investigar
características do sono em agricultores residentes na região. Através de relatos obtidos, pode-se
classificar que estes trabalhadores rurais participantes do estudo apresentam má qualidade do sono.
Tendo em consideração a importância do sono adequado como forma de reparação energética física
e mental, surge a necessidade de se pesquisar mais a fundo as características do sono desta população.
Referências
1
Lee S, Lawson KM. Beyond single sleep measures: A composite measure of sleep health and its associations with
psychological and physical well-being in adulthood. Soc Sci Med [Internet]. 2021;274(January):113800. Available from:
https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2021.113800
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CM D, PC C, JK D, S K, M de Z, R R, et al. Wearable technologies for developing sleep and circadian biomarkers: a
summary of workshop discussions. Sleep [Internet]. 2020 Feb 1 [citado 30 Jul 2021];43(2). Available from:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31641776/
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Duffy JF, Abbott SM, Burgess HJ, Crowley SJ, Emens JS, Epstein LJ, et al. Workshop report. Circadian rhythm sleep-
wake disorders: Gaps and opportunities. Sleep. 2021;44(5):1–15.
4
Lima JMM. Distúrbios do sono, sintomas de de ansiedade e de depressão e qualidade de vida em trabalhadores rurais
em período de entressafra cafeeira [Dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina; 2009
[citado 31 jul 2021]. Doi: 10.11606/D.5.2010.tde-05042010-172106
5
Sousa MNA, Oliveira SC, Formiga MWM, Araújo NCS. Frequencia de Distúrbios do Sono em Trabalhadores Rurais:
Sleep Disorders Frequency in Rural Workers [Internet] 2021;31-40 [citado 31 jul 2021] Disponível em:
https://doi.org/10.47456/bjpe.v7i1.33491
6
Li J, Hao Y, Tian D, He S, Sun X, Yang H. Relationship between cumulative exposure to pesticides and sleep disorders
among greenhouse vegetable farmers. BMC Public Health. 2019;19(1):1–11.
Silvana Damin¹, Cristiano Marcondes Pereira1, Maiara Grasiela Rossi1, Giovana Tessaro1, Ires Stolfo1, Gisele Arruda2,
Franciele Aní Caovilla Follador2,3, Claudiceia Risso Pascotto2,3, Ana Paula Vieira2,3, Léia Carolina Lucio2,3, Adriane de
Castro Martinez4, Lirane Elize Defante Ferreto2,3
1
Bolsistas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Francisco Beltrão.
2
Docente do Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Francisco Beltrão,.
3
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Saúde, Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Campus Francisco Beltrão.
4
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel.
*lirane.ferreto@unioeste.br
Palavras chaves: Vigilância em saúde, perfil epidemiológico, SARS-CoV-2
Introdução
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) os primeiros relatos do novo coronavírus,
SARS-CoV-2, são de 31 de dezembro de 2019 na China1. Evidências demonstram que o vírus
causador da COVID-19, é disseminado predominantemente de pessoa a pessoa, podendo ser
transmitido por contato, gotículas, aerossóis, fômites, fecal-oral, pelo sangue, de mãe para filho e de
animal para humanos. Os infectados por SARS-CoV-2 desenvolvem principalmente doenças
respiratórias, variando entre sintomas leves a graves, podendo ir a óbito, além dos assintomáticos 2.
Diante do cenário em que há uma rápida transmissão da doença, elevando as taxas de internações
hospitalares e o número de óbitos, é necessário a atuação da Vigilância Epidemiológica
operacionalizando o rastreamento e monitoramento dos contatos de casos de COVID-19. Ao
identificar um caso confirmado, ações de rastreamento contribuem para diminuir a propagação da
doença e identificando precocemente novas infecções. Isolar casos novos, evita uma próxima geração
de infecções, rompendo com a cadeia de transmissão. Já o monitoramento é uma etapa necessária
para identificar sinais e sintomas compatíveis com a COVID-19 por um período de até 14 dias após
a data do último contato com o caso confirmado de COVID-19, permanecendo em quarentena durante
todo o período para evitar a propagação do vírus3. No Brasil, o primeiro caso foi registrado em 26 de
fevereiro de 20204. No Paraná o primeiro registro ocorreu em 27 de março de 2020, e em Francisco
Beltrão dia 17 de abril de 2020. Já sem tem cerca de 15.798 casos notificados, com 263 mortes pela
COVID-195. O reconhecimento da realidade local referente ao perfil dos habitantes que foram
infectados pela COVID-19 é um instrumento de auxílio no direcionamento das ações da vigilância
epidemiológica do município. Deste modo, o estudo objetivou relatar o perfil de uma amostra de
casos monitorados da 8ª a 21ª semana epidemiológica no município de Francisco Beltrão, PR.
Metodologia
Estudo descritivo transversal com dados secundários do projeto intitulado “Vigilância em
saúde da COVID-19 em Francisco Beltrão, Paraná, investigação de contatos como estratégias de
rastreamento laboratorial e prevenção da propagação da doença” que coletou dados de casos
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Resultados e Discussão
Foram apresentados resultados de 1.540 casos de SARS-CoV-2, sendo 1.060 (68,9%
IC95%:66,5-71,1) através do teste de antígeno (a partir da 15ª semana epidemiológica), 472 (30,7%
IC95%:28,3-33) pelo RT-qPCR e 08 (6% IC95%:0,2-0,9) não informado (Figura 1). Dos casos
reagentes avaliados a idade variou de menos de 0 até 90 anos, com média de 37,89±16,52 anos, sendo
774 do sexo feminino (50,2%), somente da área urbana do município, a maioria residentes na Zona
Norte (n=463/30,1%) e Zona Oeste (n=453/29,4%) e de profissionais do comércio, produtos e
serviços (n=573/37,2%) (Tabela 1).
Figura 1 – Distribuição dos casos segundo teste diagnóstico realizado na população de Francisco Beltrão, da 8 o a 21o
semana epidemiológica dos casos reagentes, 2021.
Tabela 1 – Perfil de uma amostra de casos monitorados da 8ª a 21ª semana epidemiológica no município de Francisco
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Beltrão, PR.
Variável Categorias Total N (%) IC95%
Sexo Masculino 766 (49,7) 47,2-52,2
(N=1540) Feminino 774 (50,2) 47,8-52,8
Faixa Etária ≥ 40 anos 926 (60,1) 57,7-62,6
(N=1539) <40 anos 613 (39,8) 37,4-42,3
Semana Epidemiológica 8o a 15o 391 (25,3) 23,2 – 27,6
(N=1540) 16o a 21o 1149 (74,6) 72,4-76,8
Localidade Zona Norte 463 (30,1) 27,8- 32,4
(N=1446) Zona Oeste 453 (29,4) 27,1-31,7
Centro 75 (4,8) 3,8-5,9
Zona Sul 168 (10,9) 9,4-12,5
Zona Leste 307 (19,9) 17,9-21,9
Grupo de profissões Educação 126 (8,2) 6,8-9,6
(N=1537) Saúde 45 (2,9) 2,1-3,8
Segurança 23 (1,5) 0,9-2,1
Construção civil 66 (4,3) 3,3-5,3
Comércio, produtos e serviços 573 (37,2) 34,8-39,6
Transporte e logística 51 (3,3) 2,4-4,2
Autônomo 33 (2,1) 1,4-2,9
Do Lar 96 (6,2) 5,0-7,4
Empregada doméstica 37 (2,4) 1,6-3,2
Aposentado 78 (5,1) 4,0-1,3
Agricultura e pecuária 13 (0,8) 0,4-1,3
Desempregado 11 (0,7) 0,3-1,1
Menor de idade 18 (1,2) 0,6-1,7
Não informado 367 (24,0) 21,7-26,
Sintomas * Escarro 19 (1,2) 0,7-1,8
(N=1540) Tosse 27 (1,8) 1,1-2,4
Febre 440 (28,6) 26,3-30,8
Adinamia 24 (1,6) 0,9-2,2
Náusea e vômito 15 (1,0) 0,5-1,5
Calafrios 579 (37,6) 35,2-40,0
Coriza 81 (5,3) 4,1-6,4
Diarreia 255 (16,6) 14,7-18,4
Dor de garganta 93 (6,0) 4,8-7,2
Mialgia/altragia 466 (30,3) 28,0-32,6
Cefaléia 513 (33,3) 31,0-35,7
Manchas vermelhas 86 (5,6) 4,4-67
Tiragem intercostal 142 (9,2) 7,8-10,7
Obstrução nasal 18 (1,2) 0,6-1,7
Irritabilidade/Confusão mental 79 (5,1) 4,0-6,6
Comorbidades Presença 166 (10,8) 9,2-12,3
(N=1540) Ausência 1374 (89,2) 87,7-90,8
*Dentre as 1540 notificações há indivíduos com sintomas múltiplos
para COVID-19, rápida testagem (por meio de exames de RT-qPCR), isolamento dos suspeitos e
rastreamento dos contatos, essenciais para evitar a sobrecarga dos sistemas de saúde e retardar a
disseminação da COVID-197,8. Contudo, apesar da complexidade, o reconhecimento do número de
pessoas infectadas, da disseminação da doença e dos aspectos clínicos da população envolvida (grau
de comprometimento da saúde dos infectados)7, como no presente estudo, são determinantes para o
adequado processo de gestão de uma pandemia, devendo ser incentivados.
Considerações finais
Esse estudo é o primeiro a mostrar o perfil de uma parcela dos positivados para a COVID-19
no município de Francisco Beltrão, Paraná. A prevalência foi para as zonas norte e oeste, sendo a
maioria trabalhadores do Comércio, produtos e serviços. Os principais sintomas foram calafrios,
cefaléia, mialgia e febre.
Apoio
Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná; Secretaria Municipal
de Saúde de Francisco Beltrão.
Referências
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Disponível em: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200121-sitrep-1-2019-
ncov.pdf?sfvrsn=20a99c1
2. Organização Pan-Americana de Saúde. “Modes of transmission of virus causing COVID-19: implications for infection
prevention and control (IPC) precaution recommendations: 2020. [15 jul. 2021] Disponível em:
https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52472/OPASWBRACOVID-
1920089_por.pdf?sequence=1&isAllowed=y#:~:text=A%20transmiss%C3%A3o%20do%20SARS%2DCoV%2D2%20
pode%20ocorrer%20atrav%C3%A9s%20do,%2C%20espirra%2C%20fala%20ou%20canta.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de
Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019. Vigilância de Síndromes Respiratórias
Agudas COVID-19. Brasília (DF); 2020.
4. Johns Hopkins University & Medicine. Map: 2021. Coronavírus Resource Center: COVID-19 [acesso 20 jul. 2021]
Disponível em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html.
5. Secretaria da Saúde do Governo do Estado do Paraná. Informe Epidemiológico: Corovavírus (COVID-19) – Publicado
29/07/2021. [acesso 29 jul. 2021] Disponível em:
https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2021-
07/informe_epidemiologico_29_07_2021.pdf
6.Udugama, B. et al. Diagnosing COVID-19: The Disease and Tools for Detection. ACS Nano. 2020; 14: 3822-3835.
7. Baggett, T. P. et al. Prevalence of SARS-CoV-2 Infection in Residents of a Large Homeless Shelter in Boston. JAMA.
2020; 323(21): 2191-2192.
Introdução
A Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) de 2006 estabelece
definições e diretrizes para a formulação de políticas públicas no Brasil que visem garantir o direito
à segurança alimentar. A LOSAN define a segurança alimentar e nutricional como um direito de todos
ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e quantidade suficientes, sem o
comprometimento do acesso às demais necessidades essenciais. As políticas públicas devem
considerar dimensões ambientais, culturais, econômicas, regionais e sociais1. A insegurança
alimentar é um fenômeno complexo e multifatorial, intimamente relacionado com a pobreza e
desigualdades sociais, cuja prevalência no território brasileiro apresenta ampla variação decorrente
das diferenças sociais e econômicas entre as diversas regiões do país2.
A crise sanitária decorrente da pandemia de Covid-19, associada a uma agenda econômica
governamental que enfraqueceu ações voltadas a garantia do acesso ao Direito Humano a
Alimentação Adequada favoreceu a ampliação de situações de insegurança alimentar3. A diminuição
ou perda da renda, o fechamento de escolas, a alta no preço de alimentos in natura ou minimamente
processados, em comparação aos ultraprocessados, são fatores que podem agravar a insegurança
alimentar e nutricional da população mais vulnerável3.
O objetivo do presente trabalho foi relacionar marcadores de consumo alimentar com insegurança
alimentar em indivíduos adultos durante a pandemia de Covid-19.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo realizado em um município do oeste
de Santa Catarina. Foram incluídos no estudo indivíduos adultos, cujas famílias possuíam crianças
em escolas de educação infantil municipal que concordaram em participar da pesquisa e assinaram o
Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Os dados foram coletados no mês de dezembro
de 2020, nos dias em que os responsáveis pelas crianças atendidas pelas escolas de educação infantil
do município foram até as unidades escolares para retirada da avaliação anual. Os dados foram obtidos
a partir da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), e de questionário adaptado do
proposto pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) para obtenção de
informações relacionados a frequência alimentar dos 7 dias anteriores a aplicação do questionário. O
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questionário incluiu itens considerados marcadores do consumo alimentar (feijão; laticínios; carnes;
verduras frescas; frutas frescas; cereais; embutidos; bebidas açucaradas; macarrão instantâneo,
salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados; e, doces ou guloseimas). Para a análise dos dados foi
utilizado o software SPSS versão 26. Aplicou-se o teste de Correlação de Spearman, considerando
como significativo valor de p<0,05, para verificar se havia correlação entre os marcadores de
consumo alimentar e o estado de segurança alimentar dos participantes do estudo. Este estudo foi
aprovado pelo comitê de ética institucional (CAAE 39357020.0.0000.0107).
Resultados e Discussão
Participaram do estudo 122 indivíduos adultos, 105 mulheres e 17 homens. Entre os
indivíduos pesquisados 64,75% (79) estavam em segurança alimentar, 29,51% (36) em insegurança
alimentar leve, 4,10% (5) em insegurança alimentar moderada, e, 1,64% (2) estiveram em situação
de insegurança alimentar grave em pelo menos um momento dos 3 meses anteriores a aplicação do
questionário. Tem-se observado redução nos níveis de insegurança alimentar no Brasil nos últimos
anos, seguindo uma tendência alinhada a redução da pobreza, embora na Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF) de 2017-2018 tenha apresentado nova elevação na prevalência de insegurança
alimentar, em comparação a 20134.
O estado de Santa Catarina é o estado que apresentou a menor prevalência de insegurança
alimentar (15,39%), de qualquer grau, na POF (2017-2018), na comparação com os demais estados
brasileiros4. No presente estudo foi observado um percentual mais de 2 vezes (35,25%) maior, de
algum grau de insegurança alimentar na população estudada, do que o observado no estado de Santa
Catarina. Ainda assim, foi um percentual menor do que o encontrado em estudo realizado com mães
de crianças atendidas por escolas de educação infantil em Campo Grande (MS), em 2015, em que
52,4% das famílias apresentavam algum grau de insegurança alimentar5. Outro estudo conduzido com
famílias com crianças menores de 5 anos, em sete municípios do interior do estado da Paraíba, em
2018, identificou algum grau de insegurança alimentar em 56,7% das famílias6. Essas diferenças
apontam para as desigualdades entre as diversas regiões do país.
A tabela 1 apresenta o coeficiente de correlação de Spearman entre a insegurança alimentar
familiar e o consumo alimentar, baseado nos questionários aplicados com os participantes.
Tabela 9 - Correlação entre insegurança alimentar e marcadores de consumo alimentar em indivíduos adultos de um
município do oeste de Santa Catarina em dezembro de 2020.
Marcador de consumo
Coeficiente de correlação IC 95% Valor de p
alimentar
Inferior Superior
Considerações finais
Este estudo encontrou uma prevalência de insegurança alimentar e nutricional superior ao
apontado pela Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017-2018 para o estado de Santa Catarina.
Também aponta correlação significativa entre o consumo de alguns alimentos considerados
marcadores de consumo alimentar e insegurança alimentar em indivíduos adultos, cujas famílias
possuem ao menos 1 criança. Apesar de não terem sido explorados outros aspectos relacionados a
insegurança alimentar e o consumo alimentar, os dados do presente estudo permitem um vislumbre
da situação vivida pelas famílias da localidade. Logo, os resultados possibilitam aos gestores públicos
uma reflexão para a adoção de estratégias públicas que possam minimizar o impacto da falta, ou da
baixa qualidade alimentar.
Referências
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Nutricional (Sisan) com vistas a assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Brasília,
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Beatriz Rezende de Brito Carvalho¹, Alan Julhano Schuh Marschall2, Amanda Sayuri Amaya Yotumoto¹, Bernardo
Francisco Amaral-Speranza¹, Breno Lucchin Vieira¹, Eduardo Henrique Porfirio Michalak¹, Eloisa Maria Neres¹,
Francisco Weis¹, Gabriel Francisco Amaral-Speranza¹, Maria Laura Triches¹, Maurício Luís Tonin¹, Patrícia Engelmann¹,
Patrick Lennon Antonelli Lanzarini¹, Paulo Matheus Fernandes¹, Poliana Taís Silveira¹, Renato Adiel Hammes Corrêa¹,
Ricardo Alves Francisco Andrioni¹, Thays Unizycki Hilario¹, Luís Fernando Dip 3.
1
Discente do curso de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco
Beltrão, Paraná, Brasil.
2
Médico residente em Cirurgia Geral pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de
Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
3
Médico cirurgião geral, urologista e docente no curso de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná -
UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
*brcbrito@gmail.com
Palavras chaves: Hidronefrose; Pielonefrite; Urologia.
Introdução
A pielonefrite aguda caracteriza-se por uma infecção do parênquima renal e do sistema
coletor, sendo predominante em mulheres sexualmente ativas e indivíduos imunodeprimidos. A
apresentação clínica típica é de um paciente febril com dor lombar, podendo ainda ter sintomas
urinários, tais como disúria e polaciúria1,2.
O atraso diagnóstico dessa enfermidade predispõe a evolução para sepse e complicações da
pielonefrite aguda. Os indivíduos mais predispostos a complicações incluem doentes diabéticos,
gestantes, pacientes em uso de cateter vesical e imunodeprimidos3.
As formas complicadas de pielonefrite aguda incluem hidronefrose, pionefrose, formação de
abscessos renais e pielonefrite enfisematosa. A hidronefrose consiste na dilatação da pelve e dos
cálices renais secundária a uma dilatação fisiológica ou um processo obstrutivo. Quando associada a
um processo infeccioso denomina-se pionefrose, a qual evolui com destruição do parênquima renal e
consequentemente perda da função renal. Esse processo leva ao comprometimento sistêmico do
paciente, que então se apresenta clinicamente com queda do estado geral e rápida evolução para sepse,
refletindo o que reflete em alta mortalidade4.
Considerando a pielonefrite aguda uma infecção comum, podendo levar a possíveis danos
irreversíveis e sendo potencialmente fatal, esse estudo tem como objetivo relatar o caso de um
paciente que desenvolveu hidronefrose e pielonefrite abscessada, tendo apresentado evolução
favorável após procedimento cirúrgico e antibioticoterapia.
Discussão
O caso clínico apresentado nesse relato mostrou-se complexo, com desdobramentos e
complicações muitas vezes persistentes às intervenções, desde a internação decorrente do quadro
infeccioso grave por pielonefrite abscessada e hidronefrose. Inicialmente, a paciente foi submetida a
uma nefrectomia esquerda, juntamente a uma esplenectomia, frenorrafia e toracostomia com
drenagem pleural, além de debridamento extenso retroperitonial.
A Pielonefrite Aguda (PA) é uma infecção relativamente comum, que ocorre principalmente
em mulheres. Se o diagnóstico dessa doença não for feito rapidamente, ou mesmo não for realizado,
a PA pode evoluir para sepse e abscesso renal5, como podemos identificar nesse caso. Outro fator
contribuinte para o desenvolvimento de abscesso renal, assim como para a pionefrose existente no
caso, é a presença de diabetes3.
Já a hidronefrose é caracterizada pela presença de dilatação dos cálices e da pelve renal e, de
acordo com a bibliografia, geralmente é secundária a obstruções do fluxo urinário, raramente
ocorrendo de maneira isolada6. No presente caso clínico, mostrou-se como uma condição associada
à inflamação e infecção do parênquima renal e estruturas adjacentes, como evidenciado no exame
anatomopatológico.
Após 3 semanas da realização da nefrectomia, procedimento cirúrgico utilizado como um
Act. Eli. Sal. (2022) – ISSN online 2675-1208
Acta Elit Salutis- AES – (2022) V.6 (Sup)
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tratamento invasivo para a pielonefrite7, e demais intervenções, a paciente retornou com queixas
álgicas em abdome, irradiando para ombro esquerdo. Nesse momento, uma questão importante foi
confirmada a partir da imaginologia: um volumoso abscesso na loja posterior do abdome. No
tratamento dessa complicação foi utilizado antibioticoterapia e houve necessidade de drenagem aberta
do abcesso encontrado e de debridamento de necrose na cauda do pâncreas, que também se mostrou
acometido.
A necrose em pâncreas pode ser de dois tipos: necrose de parênquima pancreático, que
geralmente envolve os tecidos peripancreáticos, ou necrose restrita aos tecidos peripancreáticos. Os
tecidos peripancreáticos acometidos usualmente são gordura, quadro chamado de esteatonecrose.
Ambos os tipos de necrose podem ou não estar atrelados a complicações infecciosas locais. A
bibliografia indica que apesar da necrose gordurosa peripancreática ser mais prevalente que a necrose
do parênquima pancreático, a primeira acarreta menor risco à vida do que a segunda8.
Com a falha em conter o avanço do quadro com um plano conservador, o debridamento da
região necrótica na cauda de pâncreas foi a escolha no presente caso clínico, juntamente à drenagem
aberta do abcesso retroperitonial. Tal intervenção condiz com o apresentado pela literatura, que
sugere inicialmente uma abordagem menos invasiva, com uso de antibióticos e drenagem percutânea
do abcesso, para, somente em caso de falha, valer-se de uma intervenção mais invasiva, com
drenagem aberta e debridamento do tecido necrótico9.
Na escolha do antibiótico a ser utilizado, deve-se recorrer a um de largo espectro contra o
agente microbiano mais provável, considerando o perfil de sensibilidade nos locais em que a infecção
foi adquirida10. Para essa paciente, o tratamento foi iniciado com Piperacilina e Tazobactam mas, pelo
comprometimento do pâncreas, foi realizada uma troca e ampliação para Meropenem.
Considerações finais
O sucesso na resolução do caso evidencia a importância de uma investigação precisa de sinais
e sintomas e uma intervenção rápida e eficaz. A pielonefrite e a hidronefrose são condições frequentes
em casos urológicos, que podem ter complicações severas, levando à sepse e morte se não
devidamente tratadas. O presente caso, portanto, além de discutir complicações, aponta as
intervenções cirúrgicas e clínicas e o controle do quadro através de exames laboratoriais e de imagem
como uma combinação decisiva para resolução do caso.
Agradecimentos
Ao Dr. Luís Fernando Dip, por fornecer o caso clínico apresentado nesse relato.
Referências
Act. Eli. Sal. (2022) – ISSN online 2675-1208
Acta Elit Salutis- AES – (2022) V.6 (Sup)
ISSN online 2675-1208 – Anais
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Gabriel Francisco Amaral-Speranza¹, Amanda Sayuri Amaya Yotumoto¹, Beatriz Rezende de Brito Carvalho¹, Bernardo
Francisco Amaral-Speranza¹, Breno Lucchin Vieira¹, Eduardo Henrique Porfirio Michalak¹, Eloisa Maria Neres¹,
Francisco Weis¹, Maria Laura Triches¹, Maurício Luís Tonin¹, Patrícia Engelmann¹, Patrick Lennon Antonelli Lanzarini¹,
Paulo Matheus Fernandes¹, Poliana Taís Silveira¹, Renato Adiel Hammes Corrêa¹, Ricardo Alves Francisco Andrioni¹,
Thays Unizycki Hilario¹, Luís Fernando Dip².
¹ Discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
² Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil.
*amaralsperanzagabriel@gmail.com
Palavras chaves: Câncer de próstata; Recidivante; Tardio.
Introdução
O carcinoma de próstata é uma neoplasia que afeta a glândula localizada abaixo da
bexiga e que envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis. Os
carcinomas da próstata variam de lesões indolentes que nunca causarão danos ao paciente a
tumores agressivos que se espalham para outros órgãos e podem ser fatais1. No Brasil, o câncer
de próstata (CaP) é o segundo mais comum entre os homens e, considerando valores absolutos,
também é o segundo mais comum entre ambos os sexos.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam para 65.840 novos casos de
CaP a cada ano, entre 2020 e 20222. O tratamento com intenção curativa inclui a prostatectomia
radical (PR) ou radioterapia (RT). O objetivo da PR é erradicar a doença, preservando a
continência e, se possível, a potência sexual3.
A terapia local para o CaP (PR ou RT), associada aos avanços tecnológicos, é curativa
e eficaz em muitos pacientes. Apesar disso, a recorrência bioquímica, ou seja, o aumento do
antígeno prostático específico (PSA), ainda ocorre em 27–53% dos pacientes após a terapia
local definitiva4. Dentro de 10 anos, 20–40% dos pacientes pós-PR e 30–50% dos pacientes
pós-RT terão recorrência bioquímica; assim, o paciente é entendido como tendo CaP
recorrente3.
O objetivo do presente trabalho é relatar o caso de um paciente com provável câncer de
próstata recidivante, bem como as características clínicas e o manejo que envolvem essa
recidiva bioquímica.
Relato de caso
M.S.M., paciente de 78 anos, sexo masculino, foi atendido, em maio de 2013, com
sintomas do trato urinário inferior, moderados a severos, e disfunção erétil. O paciente possuía
histórico de PSA elevado e já havia realizado dois procedimentos de ressecção transuretral de
próstata, ambas com anatomopatológico negativo para adenocarcinoma de próstata. Entretanto,
mesmo com esses acontecimentos prévios, não estava dando seguimento com urologista. Era
feito o uso contínuo de Duomo duas vezas à noite, com boa resposta clínica ao tratamento. No
atendimento apresentava PSAt de 8,2 e relação PSA livre/PSA total de 15%. Ultrassom de
próstata indicou uma próstata de 73g, heterogênea com algumas áreas hipoecoicas. O exame de
toque retal indicou uma próstata indolor e ausência de nódulos. Solicitou-se uma biópsia de
próstata com 18 fragmentos e imuno-histoquímica, a qual evidenciou adenocarcinoma de
próstata (Gleason 3+3, 1 fragmento). Com o diagnóstico, foi explicado ao paciente os possíveis
procedimentos e, por escolha dele, foi optado pela prostatectomia radical. Com avaliação da
cardiologia foi liberado para operar, estabelecendo que o procedimento era com risco grau II e
ASA II. Realizou-se o procedimento planejado e foi obtida boa evolução clínica. O
anatomopatológico da peça com estadiamento T0, com todas as margens livres e ausência de
tumor na peça. Quando o paciente retirou a sonda necessitou-se de uma reinternação, pois
apresentou orquiepididimite. O tratamento dessa consistiu em quatro dias de Rocefin
endovenoso e alta logo após, com uso de ciprofloxacino. Retornou após trinta dias da alta com
resolução completa do quadro, apenas referiu perdas urinárias eventuais.
O paciente deu seguimento após a prostatectomia com exames laboratoriais semestrais
nos primeiros cinco anos, sem apresentar nenhuma alteração e PSA indetectável. Depois desse
período, passou a ser anual o acompanhamento, sem intercorrências. Entretanto, sete anos após
a prostatectomia radical, em setembro de 2020 começou a serem observados níveis crescentes
de PSA nos exames. Com isso, realizou-se o controle mais frequente desse antígeno para
controle monitoração do caso. Em um intervalo de sete dias foram obtidas duas amostras de
PSAt, as quais retornaram valores de 0,27 e 0,57. A partir desses resultados, solicitou-se uma
ressonância nuclear magnética da próstata. A qual demostrou área focal de realce precoce pelo
meio de contraste cranial a anastomose vesicoureteral, ausência de linfonodomegalias pélvicas,
linfonodo em região inguinal esquerda com medidas 1,4x1,0cm, inespecífico. A possibilidade
de recidiva tumoral estava sendo cogitada. Foi solicitada uma tomografia por emissão de
pósitrons (PET-CT PSMA) de corpo inteiro. Com isso, quase oito anos após a ressecção
tumoral, levanta-se a possibilidade de uma recidiva tumoral tardia devido aos resultados obtidos
com os exames. Para prosseguimento do caso a conduta adequada a ser tomada está sendo
discutida em conjunto com a oncologia e a radioterapeuta.
Discussão
O risco relativo para a recidiva bioquímica após a prostatectomia radical depende de
fatores pré-operatórios e fatores patológicos. Análises multivariadas apontam como principais
fatores prognósticos o valor do PSA pré-operatório, estádio T patológico e o score de Gleason.5
Considerações finais
Diante do exposto, conclui-se que o manejo dos pacientes com recidivas de câncer de
próstata é um desafio para oncologistas, urologistas e radioterapeutas. Trata-se de um grupo de
pacientes com evolução clínica variada, cujo conhecimento dos fatores prognósticos é de
fundamental importância, pois isso permite poupar exames onerosos e muitas vezes
desnecessários, e individualizar o tratamento de forma adequada.
Agradecimentos
Agradecimentos ao médico Dr. Luís Fernando Dip por fornecer o caso clínico
apresentado nesse relato.
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localizado. Revista de Saúde Pública. 2010;44(2):344-352
Introdução
A utilização da fitoterapia, que é o tratamento pelas plantas, vem de épocas remotas. Desde
os primórdios os humanos buscam na natureza a solução para seus males, para a cura de feridas,
doenças ou enfermidades, repassando os saberes a cada geração e mantendo ativa essa prática, por
exemplo, quando as pessoas mais velhas recomendam tomar determinado chá porque desse modo irá
nos curar. As plantas medicinais há muito tempo têm se inserido como uma possibilidade de prática
popular relacionando a experiência das pessoas juntamente com a saúde das mesmas, resultando
assim num processo histórico1.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão responsável pela
regulamentação de plantas medicinais e seus derivados, apresentando uma série de resoluções para
a legitimação e garantia da eficácia, dentre elas a Resolução n° 26/14 que define “planta medicinal
como espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos”2. Ou seja, plantas que
possuem características que ajudam no tratamento de doenças ou que melhoram as condições de
saúde das pessoas.
No decorrer dos anos, a indústria farmacêutica apresentou um grande crescimento,
aumentando significativamente a quantidade de medicamentos disponíveis, facilitando o acesso aos
medicamentos industrializados. Por outro lado, a falta de recursos para a aquisição de produtos
industrializados, tem direcionado a população a utilização de recursos de fácil acesso e de menor
custo. Assim, as plantas com propriedades curativas, ainda continuam sendo utilizadas3.
Em 2006 foi aprovada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do
Sistema Único de Saúde (SUS), que implementou, dentre outras práticas, o uso de plantas medicinais
e da fitoterapia no SUS4. Assim, “[...] Na medida em que a saúde tem sido reconhecida como o
completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença, o propósito almejado
é que as pessoas possam viver com qualidade”5.
Deste modo, traz relevância disseminar informações sobre a utilidade terapêutica destas
plantas, seus benefícios e riscos. Nesse sentindo este estudo tem como finalidade discorrer sobre a
experiência de dar aulas online sobre plantas medicinais para os idosos da Universidade Aberta à
Terceira Idade, tendo a colaboração do projeto resgatando Saberes, cultivo e uso de plantas
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medicinais.
A Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI) é um programa de extensão da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus Francisco Beltrão, que oferece o
curso Ciências do Envelhecimento Humano para os idosos da região, onde aulas de diversas temáticas
são ministradas por participantes do programa entre outros colaboradores, tendo o objetivo de
contribuir para que essa parcela da população continue ativa e estudando.
O projeto Resgatando Saberes é um projeto de extensão da Unioeste de Francisco Beltrão que
tem por objetivo resgatar, valorizar e salvaguardar o patrimônio cultural dos saberes tradicionais
referentes ao cultivo e utilização das plantas medicinais no bairro Padre Ulrico, evidenciando que a
Universidade Pública pode contribuir com a discussão sobre a importância das plantas medicinais,
logo, para a prevenção de doenças e a garantia da qualidade de vida à população, garantindo uma
formação acadêmica fundada na indissociabilidade entre conteúdos curriculares e realidade social,
também funciona em parceria com o projeto a horta comunitária AMARBEM que produz de
hortaliças a plantas medicinais, integrando assim o projeto Coletivo de Mulheres do Campo e da
Cidade e deste modo as pessoas vinculadas a esses projetos se somam para promover ações em
comum.
Metodologia
O método consiste em um relato de experiência de aulas ministradas de forma online sobre
plantas medicinais para 30 (trinta) idosos da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI), campus
Francisco Beltrão, Paraná, bem como a relação destas com a saúde e o conhecimento popular,
informando a respeito dos benefícios, das propriedades das plantas medicinais e capacitá-los
sobre formas de preparo, indicações, cuidados e os riscos que as plantas medicinais podem oferecer,
quando utilizados de forma indevida. A plataforma utilizada para a ministração das aulas foi o Google
Meet e o período de experiência foi de 04 a 25 de maio de 2021, com encontros semanais de 1 (uma)
hora. As aulas foram ministradas em conjunto com o projeto Resgatando Saberes, cultivo e uso das
plantas medicinais. Dessa forma, redigimos o referido texto sobre os conhecimentos adquiridos no
projeto empiricamente e através de leituras exploratórias de estudos científicos direcionados ao tema.
Resultados e Discussão
Inicialmente, as dinamizadoras explanaram sobre a atividade que seria feita, informando que
está se constituiria na discussão e exposição do tema: plantas medicinais e fitoterapia. No segundo
momento, os alunos foram indagados quanto ao seu conhecimento sobre plantas medicinais, se as
utilizam e de quais as formas, com isso, foi possível constatar que as preparações caseiras de chás
naturais são o modo mais utilizado das plantas medicinais pelos alunos.
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Os idosos participantes, apontaram alguns fatores, que contribuem para a utilização de plantas
medicinais por eles, que são: o baixo custo, fácil obtenção, difícil acesso aos medicamentos nos
serviços de saúde, tradição, crença de que não faz mal e preferência pelo natural. Porém, mesmo com
as vantagens e o fato de ser natural, o uso popular das plantas medicinais, nem sempre é feito de
forma correta “[...] sempre é importante lembrar que estas plantas podem eventualmente causar
reações adversas quando utilizadas de forma incorreta, podendo até mesmo causar prejuízos ao
organismo”6. Podendo agravar a situação da enfermidade, o que reforça a necessidade de informações
seguras sobre as plantas.
Dessa forma, é necessário que o usuário tenha conhecimento prévio de sua finalidade, riscos
e benefício, conheça exatamente se aquilo que está sendo utilizado é realmente a planta que se deseja,
se a sua produção está sendo realizada de maneira adequada, ressaltando os cuidados que devem ser
tomados para evitar efeitos indesejados no organismo e procurar atendimento médico diante de
qualquer suspeita de reação adversa.
No decorrer dos encontros, foi realizada a exposição sobre algumas plantas, citadas e
utilizadas pelos alunos, entre elas: O capim santo (Cymbopogon citratus), erva cidreira (Melissa
officinalis), cebolinha (Allium fistulosum) e babosa (Aloe vera), assim como a explicação de suas
propriedades, benefícios, modos de preparo e algumas receitas culinárias utilizando-as. Além de
alertas e cuidados.
Durante as aulas foi possível observar que os idosos fazem uso das plantas medicinais como
um recurso terapêutico e principalmente como prática de automedicação, o emprego das plantas
geralmente está fundamentado no conhecimento popular o que o transforma em um meio de
transmissão de informações práticas e teóricas sobre a fitoterapia.
Considerações finais
Este trabalho permitiu o desenvolvimento das atividades extensionistas e o resgate do
conhecimento popular sobre plantas medicinais entre idosos participantes da UNATI. Nas aulas
realizadas houve uma intensa troca de informações a respeito da ação das plantas medicinais, além
da demonstração de suas diferentes formas de preparo, atentando sempre aos cuidados ao lidar com
os produtos naturais, conscientizando quanto ao uso adequado, tendo em vista que, se utilizadas e
preparadas de forma errônea, pode ser prejudicial à saúde.
Deste modo, é perceptível que é de suma importância difundir conhecimentos com relação ao
uso das plantas medicinais, principalmente porque ressignifica o que se entende pelo processo de
melhora, pois, a partir das plantas é possível visualizar a superação da medicina tradicional com a
dicotomia médico/medicamento. Assim abrange-se novas possibilidades de cura com plantas que a
população tem acesso.
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6. Zonet PDC, et al. Crianças e plantas medicinais: o conhecimento por meio de atividades lúdicas. Expressa Extensão.
2019; 24:63- 76. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/expressaextensao/article/view/14355
Introdução
O futsal é um esporte caracterizado por exercícios intermitentes de intensidade variável
que envolve atividade aeróbia e anaeróbica¹. Um parâmetro muito importante para a determinação
do nível de aptidão física do atleta, é a sua composição corporal². Dessa forma, uma alimentação
equilibrada contendo todos os nutrientes essenciais ao organismo, contribui para que o atleta
mantenha um bom estado nutricional, preservando sua composição corporal, favorecendo o
armazenamento de energia na forma de glicogênio muscular, aumentando a construção da massa
magra, além do auxílio no processo de recuperação de lesões e traumas decorrentes do exercício
físico³. O objetivo geral foi avaliar o estado nutricional de 14 atletas de futsal de uma equipe de
Francisco Beltrão - Paraná.
Metodologia
Trata-se de um estudo de caso de objetivo exploratório, que foi realizado com atletas
profissionais de uma equipe de futsal do município de Francisco Beltrão-PR. Foram analisados os
prontuários de 14 atletas, participantes do gênero masculino, com idade entre 15 e 37 anos. Os
dados foram coletados a partir do prontuário dos atletas do arquivo da Clínica de Nutrição Ketlyn
Olenka, e a pesquisa foi submetida ao Comitê em Ética Plataforma Brasil. Para caracterização do
perfil antropométrico e avaliação da composição corporal dos atletas, foi utilizado os dados de
peso, estatura, índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura corporal (PGC), massa
muscular esquelética (MME) e massa de gordura (MG). Esses dados foram coletados a partir da
utilização de um equipamento de bioimpedância que avalia, a composição corporal, nesse caso a
InBory770.
Resultados e Discussão
Participaram desta pesquisa 14 atletas de um time profissional de futsal da cidade de
Francisco Beltrão -PR, todos do sexo masculino, sendo a idade média dos atletas de 23 anos, com
variação de 15 a 37 anos de idade. Os dados da avaliação antropométrica dispostos na tabela 1.
demonstram que a média do IMC indica que a equipe analisada apresenta estado de eutrofia, onde
64,2% (n=9), são classificados como eutróficos e 35,7% (n=5), sobrepeso.
No futsal, valores de massa gorda reduzidos podem favorecer o rendimento, visto que a
movimentação durante os jogos é intensa, com alta exigência energética. Desse modo, a massa
corporal excedente, resultará num maior dispêndio energético, dificultando no processo de
recuperação pós-esforço4.
Em um estudo semelhante avaliando 20 atletas de duas equipes profissionais de futsal
verificou variações importantes na composição corporal dos mesmos. A avaliação do índice de
massa corporal (IMC) demonstrou que o valor mínimo (18,77 kg/m²) aproximou-se ao limiar
inferior da eutrofia, já o máximo (28,36kg/m²) correspondeu ao diagnóstico nutricional de pré-
obesidade. Da mesma forma, o percentual de gordura corporal apresentou valores mínimos e
máximos próximos ao limite considerando baixo (4,2%) e do considerado alto (15,12%) de acordo
com a recomendação para atletas. A avaliação do estado nutricional por meio do IMC e da % de
gordura corporal demonstrou que a maioria dos atletas apresenta valores ideais, contudo, 35% dos
atletas classificaram-se em sobrepeso. No entanto, observou-se que a maioria dos indivíduos
apresenta um percentual de gordura corporal favorável à prática de atividade física. Além disso,
destaca-se que 30% dos atletas avaliados apresentaram baixo percentual de gordura5.
A determinação do estado nutricional através do IMC não é o mais adequado, pois é
baseado na relação entre peso e estatura, porém não é uma medida precisa do teor de gordura do
corpo, portanto deve ser associado a um indicador de composição corporal.
Considerações finais
A avaliação antropométrica é um parâmetro de extrema importância, ainda mais quando se
trata de atletas e performance em treinos e competições. Desse modo, um acompanhamento e
aconselhamento nutricional contínuo para esse público pode trazer muitos benefícios, sendo uma
ferramenta de grande impacto para a equipe e uma forma de promoção de saúde.
Referências
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interior de Minas Gerais. Revista Brasileira de Futebol (The Brazilian Journal of Soccer Science), v. 2, n. 1, p. 13-20,
2013.
2- PRADO, Wagner Luiz do; BOTERO, João Paulo; GUERRA, Ricardo Luiz Fernandes; RODRIGUES, Celis
Lopes; CUVELLO, Laura Cristina; DÂMASO, Ana R.. Perfil antropométrico e ingestão de macronutrientes em atletas
profissionais brasileiros de futebol, de acordo com suas posições. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, [S.L.],
v. 12, n. 2, p. 61-65, abr. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1517-86922006000200001.
3- NASCIMENTO, Ozanildo Vilaça do. Perfil do estado nutricional do atleta adulto. Fitness & Performance
Journal. Rio de Janeiro, p. 241-246. ago. 2007. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/751/75117214006.pdf.
Acesso em: 20 abr. 2021.
4- Soares, P.E.P.; Composição Corporal em Atletas de Futsal. Mestrado em Treino Desportivo para Crianças e
Jovens. Coimbra, 2011.
5- BONATTO, Gabriel Francisco Cerutti et al. Perfil antropométrico, consumo de macronutrientes e
micronutrientes antioxidantes de atletas profissionais de futsal do oeste e sudoeste do Paraná. Revista Brasileira de
Ciência e Movimento, v. 26, n. 1, p. 65-74, 2018.
6- Candia, F. N. P. Avaliação nutricional esportiva. in: DUARTE, A. C. Avaliação nutricional: aspectos clínicos
e laboratoriais. São Paulo. Atheneu. p. 213-237. 2007.