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Anemia Na Gestação

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Universidade de São Paulo

Faculdade de Saúde Pública


Curso de Nutrição

ANEMIA NA GESTAÇÃO

Cláudia de Azevedo Aguiar


2013
ANEMIA: Definição

A anemia é a condição na qual o número de células


vermelhas do sangue e a sua capacidade de
transporte de oxigênio são insuficientes para atender
às necessidades fisiológicas, que variam de acordo
com idade, sexo, altura, fumo e gravidez.

(WHO, 2013)
ANEMIA: Definições

Não grávidas
 Concentração de hemoglobina (Hb) < 12g/dl

Grávidas e Puérperas
 Cunningham et al (2012): Concentração de Hb < 10g/dl durante a
gravidez e puerpério

 CDC - Centers for Disease Control and Prevention (2013): Concentração


de Hb ≤ 11 g/dl no 1º e no 3º trimestre e ≤ 10,5 g/dl no 2º trimestre

 OMS (2001) e Ministério da Saúde (2012): Valores de Hb < 11 g/dl:


Ausência de anemia....................... ≥ 11 g/dl:
Anemia leve a moderada............... de 8 g/dl a 10 g/dl:
Anemia grave.................................. < 8 g/dl
ANEMIA: principais causas

Adquiridas
 Anemia por deficiência de ferro (Ferropriva)
 Anemia causada por perda sanguínea aguda
 Anemia por inflamação ou malignidade
 Anemia megaloblástica
 Anemia hemolítica adquirida
 Anemia aplásica ou hipoplásica

Hereditárias Mais comuns em


 Talassemias grávidas e
 Hemoglobinopatias de células falciformes puérperas
 Outras hemoglobinopatias
 Anemias hemolíticas hereditárias
ANEMIA na GRAVIDEZ: estatísticas

 A frequência de anemia durante a gravidez dependerá, principalmente,


dos níveis de ferro pré-existentes e da suplementação pré-natal.

 Em países desenvolvidos, a diminuição dos níveis de ferro no sangue


raramente é grave, principalmente em mulheres que mantêm uma dieta
adequada.

 Nos países em desenvolvimento, a quantidade de ferro e folato obtida na


alimentação pode não atender às demandas adicionais impostas às
reservas maternas de ferro pelo feto em crescimento, pela placenta e pelo
aumento da massa de hemácias materna.

 Estima-se que a anemia não fisiológica acomete 20% a 80% das gestações.
Destas, a anemia por deficiência de ferro é a mais comum.

 Estima-se, ainda, que aproximadamente 50% das grávidas em todo o


mundo são anêmicas, sendo que 52% encontram-se em países não
industrializados e 23% em países industrializados.
(WHO, 2001)
ANEMIA: Sinais e Sintomas
MATERNOS:
 Comprometimento do desempenho físico e mental;
 Pré-eclâmpsia e alterações cardiovasculares;
 Diminuição da função imunológica;
 Alterações da função da tireoide;
 Queda de cabelos e enfraquecimento das unhas;
 Menor tolerância às perdas sanguíneas do parto, resultando em
maior risco de anemia pós-parto e hemotransfusão.

FETAIS:
 Morte (abortamento e óbito intrauterino);
 Hipoxemia fetal;
 Prematuridade;
 Quadro séptico por ruptura prematura de membranas;
 Restrição de crescimento intrauterino, muitas vezes com alterações
irreversíveis do desenvolvimento neurológico da criança.
ANEMIA: efeitos sobre a gravidez

 Klebanoff et al (1991)
Estudaram 27.000 mulheres e encontraram um risco levemente aumentado de parto
pré-termo em gestantes com anemia no 2º trimestre.

 Kadyrov et al (1998)
Encontraram evidências de que a anemia materna influenciava a vascularização
placentária, alterando a angiogênese durante o início da gravidez.

 Ren et al (2007)
Descobriram que uma concentração de hemoglobina baixa no 1º trimestre aumenta o
risco de peso baixo ao nascer, parto pré-termo e bebês pequenos para a idade
gestacional (PIG).

 Kidanto et al (2009)
Concluíram que a incidência de parto pré-termo e peso baixo ao nascer aumenta
quanto maior é a gravidade da anemia.
ANEMIA
POR PERDA SANGUÍNEA AGUDA
ANEMIA causada por perda sanguínea aguda

 Hemorragias no início da gravidez: Causadas, geralmente, por abortos, gravidez


ectópica e mola hidatiforme.

 Hemorragia puerperal: Podem decorrer de sangramento no local de


implantação da placenta, da episiotomia, de lacerações vaginais, de lóquios e
incisão da cesariana:

Perda sanguínea no parto normal: 500 a 600 ml


Perda sanguínea na cesariana: 1.000 ml

Se a gestante/puérpera possui anemia moderada ou leve (Hb entre 8 e


10 g/dl), está hemodinamicamente estável, não apresenta quadro
séptico e é capaz de caminhar sem sintomas adversos, não há
necessidade de hemotransfusão.
ANEMIA
FERROPRIVA
ANEMIA FERROPRIVA:
Adaptações fisiológicas da gravidez

 Na gravidez normal, após 32 a 34 semanas de gestação, o volume


sanguíneo da mulher estará aumentado em 40 - 45%, em comparação
ao seu estado pré-gravídico.

 Esta expansão volumétrica varia entre as mulheres; em algumas o


aumento é discreto, em muitas outras o volume quase dobra.
ANEMIA FERROPRIVA:
Adaptações fisiológicas da gravidez

 A gravidez provoca mudanças hematológicas à mãe, em


função do aumento do volume sanguíneo (Hipervolemia
gravídica).

 Na Hipervolemia há um aumento de plasma e de eritrócitos


(ou glóbulos vermelhos ou hemácias), mas os hematócritos
(percentual de eritrócitos no volume total de sangue) serão
menores.
ANEMIA FERROPRIVA:
Hipervolemia
Anemia ferropriva: hipervolemia gravídica
Benefícios da hipervolemia:
 Responder às demandas metabólicas do útero aumentado;

 Prover nutrientes e elementos em abundância p/ dar suporte ao rápido


crescimento da placenta e do feto;

 Proteger a mãe e, consequentemente, o feto contra os efeitos deletérios das


posições supina e ereta sobre o retorno venoso;

 Salvaguardar a gestante contra efeitos adversos da perda sanguínea associada


ao parto.

Consequências da hipervolemia:
 Deficiência de ferro e folato;

 Diminuição na concentração de hemoglobina, ferro sérico, folato sérico e folato


nas hemácias.
Anemia Ferropriva:
Hipervolemia e Ferro na Gestação

 A mulher necessita de aproximadamente 1000 mg de ferro durante


a gestação normal;

 300 mg serão transferidos ativamente ao feto e à placenta;

 200 mg serão excretados pela gestante, principalmente através do


trato gastrointestinal (incluindo gestantes com deficiência de ferro);

 Outros 500 mg de ferro são necessários para suprir o aumento de


eritrócitos, decorrentes da hipervolemia (há um aumento de cerca de
450 ml de eritrócitos na gravidez; para cada 1 ml de eritrócitos é necessário
1,1 mg de ferro).
Anemia Ferropriva:
Hipervolemia e Ferro na Gestação

 Esta quantidade geralmente não é suprida pelas reservas


de ferro da maioria das mulheres (uma mulher saldável,
jovem e não grávida tem cerca de 300 mg de reserva de
ferro), fazendo-se necessário, então...
Anemia Ferropriva: Suplementação de Ferro

 Na falta de suplementação, a concentração de hemoglobina e


hematócrito caem claramente à medida que aumenta o
volume sanguíneo.

 A quantidade média de ferro ingerida diariamente com a dieta,


somada ao que é mobilizado das reservas, não se mostra
suficiente para corresponder às demandas impostas pela
gravidez.

Importante: a constituição de hemácias fetais não é prejudicada


porque a placenta transfere ferro mesmo quando a mãe apresenta
anemia ferropriva grave.
Anemia Ferropriva: Suplementação de Ferro

 Quando não se administra suplemento de ferro às gestantes não anêmicas, o ferro sérico e a
ferritina começam a declinar a partir da 2ª metade da gravidez!
Anemia Ferropriva:
Tratamento

 A correção da anemia e a restituição de suprimentos de ferro podem


ser realizadas com compostos de ferro simples: sulfato ferroso,
fumarato ou gliconato.

 Estes compostos fornecem cerca de 200 mg de ferro elementar,


diariamente.

 A via oral deve ser a administração de escolha. Nos raros casos em


que a mulher não pode ingerir o composto, deve-se recorrer à
terapia parenteral.

 Transfusões de hemácias ou sanguíneas raramente são indicadas, a


menos que coexista hipovolemia decorrente de relativa perda
sanguínea.
Esquema Ministério da Saúde (2012) para suplementação de ferro às gestantes

O hemograma com
dosagem de Hb e
Ht deverá ser
solicitado no 1º e
no 3º trimestre da
gestação!

Na presença de
anemia, após
prescrição do
sulfato ferroso, o
exame deverá ser
repetido em 30 a
60 dias.
Anemia Ferropriva e Nutrição

 É importante que a gestante seja orientada e incentivada a


consumir, diariamente, alimentos de origem animal ricos em
ferro, tais como carnes em geral e vísceras (fígado, coração,
moela). Deve consumir também os alimentos de origem
vegetal: feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, folhas verde-
escuras (brócolis, couve, espinafre e rúcula), grãos integrais,
nozes e castanhas, goiaba, carambola, mangaba, açaí, entre
outros.

 Prescrição de suplementação de ferro!


REFERÊNCIAS
 Cunningham FG et al. Williams Obstetrícia. 23ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora; 2012.

 Enkin M, Keirse MJNC, Neilson J, Crowther C, Duley L, Hodnett E, et al. Guia para atenção efetiva
na gravidez e no parto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

 Kandyrov M et al. Increased fetoplacental angiogenesis during first trimester in anemic woman.
Lancet 352:1747, 1998.

 Kidanto HL et al. Risks for preterm delivery and low birth weight are independently increased by
severity os maternal anaemia. S Afr Med J 99(2):98, 2009.

 Klebanoff MA et al. Anemia and spontaneous preterm birth. Am J Obstet Gynecol 164:59, 1991.

 MS - Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. Atenção ao Pré-natal de baixo risco.


Cadernos de Atenção Básica. Brasília (DF); 2001.

 Ren et al. Low first-trimester hemoglobin and low birth weight, preterm birth and small for
gestacional age newborns. Int J Gynecol Obstetr 98:124. 2007

 WHO - World Health Organization. Anaemia: Health topics [homepage na Internet]. 2013.
Disponível em: http://www.who.int/topics/anaemia/en/

 WHO - World Health Organization. Iron deficiency anaemia: assessment, prevention and
control. A guide for programme managers. Geneva: World Health Organization; 2001.

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