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50 Comentário Sobre Colossenses

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Comentário Carta de Paulo aos Colossenses – Parte I

A Ocasião. No século primeiro, Colossos, um antigo, mas decadente centro comercial


a aproximadamente cem milhas à leste de Éfeso, estava localizada na rota das
caravanas que passavam pelo Vale Licus, perto das cidades de Laodicéia e Hierápolis
(cons. Cl. 4:13). Embora uma evangelização anterior não possa ser excluída, os
colossenses devem ter ouvido a mensagem cristã pela primeira vez durante o
ministério de Paulo em Éfeso (cerca de 53-56 D.C.; conforme Atos 19:10). Paulo
possivelmente passou por Colossos a caminho de Éfeso, mas não conhecia
pessoalmente os cristãos de lá (como relatado em Cl. 2:1). Seu cooperador Epafras,
que servia nessa igreja, visitou o apóstolo e falou-lhe do progresso dos crentes e da
doutrina errada que os subvertia. Os judeus residiam nesta província da Frígia já por
dois séculos. Evidentemente sendo pouco ortodoxos, receberam este comentário no
Talmude: "O vinho e os banhos da Frígia separaram as dez tribos dos seus irmãos". A
acomodação às práticas gentias deixou sua marca nos judeus que abraçaram o
cristianismo. Na província limítrofe da Galácia, a fé nascente foi ameaçada pelo
legalismo, uma heresia dos judeus. Para resolver o primeiro caso Paulo escreveu
anteriormente aos gálatas; para enfrentar o igualmente grave perigo em Colossos ele
escreveu a presente carta.
A Heresia em Colossos. Na igreja do segundo século, apareceu um movimento de
heresias conhecido como Gnosticismo. Alguns dos seus princípios básicos já eram
conhecidos no século primeiro, não apenas na igreja cristã, mas também no Judaísmo
da Diáspora. Esse Gnosticismo foi mais uma atitude religiosa e filosófica, mais uma
tendência que um sistema, que podia se adaptar aos grupos judeu, cristão ou pagão,
conforme a ocasião.
Não obstante, certas ideias parecem constituir a característica geral da mente
gnóstica: dualismo metafísico (ou seja, a ideia de que as coisas materiais e espirituais
são duas realidades separadas), seres mediadores, redenção mediante o
conhecimento ou gnosis. Todas as religiões, defendiam os gnósticos, que são
manifestações de uma verdade oculta, buscam dar ao homem o conhecimento da
verdade. Este conhecimento ou gnosis não é a compreensão intelectual, mas a
iluminação que deriva da experiência mística. Estando o homem preso neste mundo
da matéria má, só pode se aproximar de Deus através de seres angélicos mediadores.
Com a ajuda desses poderes e através de interpretações alegóricas e místicas das
Escrituras Sagradas, a iluminação espiritual pode ser alcançada e a redenção do
mundo do pecado e da matéria podem ser garantidas.
Naturalmente e talvez inevitavelmente alguns na igreja primitiva buscaram enriquecer
ou acomodar sua fé com as ideias religiosas correntes; convertidos com uma
percepção imperfeita do Cristianismo poderiam inconscientemente unir suas crenças
anteriores com conceitos cristãos. Essa poderia muito bem ter sido a origem da
influência gnóstica que apareceu em algumas das igrejas paulinas. Em Corinto, por
exemplo, o desejo da sabedoria especulativa e o desprezo do como (que se refletia na
negação da ressurreição, no ascetismo e na licença sexual), representam uma atitude
gnóstica.
A heresia colossense combinou elementos judeus e gregos. Observâncias dietéticas e
a guarda do sábado, o rito da circuncisão, e provavelmente a função mediatória dos
anjos são reminiscências da prática e crença judias; a ênfase dada à "sabedoria" e ao
"conhecimento", a reunião dos poderes cósmicos, e a desvalorização da filosofia
grega. Alguns convertidos judeus provavelmente trouxeram esta mistura e a
desenvolveram mais depois que se tornaram cristãos.
Com uma estratégia já usada, Paulo usa a terminologia dos enganadores para atacar
seus ensinamentos e, no processo, desenvolve a doutrina de um "Cristo cósmico". Em
Cristo, o único mediador, habita toda a sabedoria e conhecimento; na Sua morte e
ressurreição todos os poderes do cosmos são derrotados e por Ele subjugados
(conforme vemos em Colossenses 2:3, 9, 10, 15). Qualquer ensinamento que se desvia
da centralidade de Cristo sob a pretensão de levar os homens à maturidade e
perfeição é uma perversão que ameaça a própria essência da fé. Assim o apóstolo
identifica e denúncia a raiz do erro em Colossos.
Origem e Data. Colossenses, tal como Efésios, Filipenses e Filemom, foi escrita na
prisão e foi entregue por Tíquico e Onésimo junto com a epístola a Filemom e
(possivelmente) Efésios. A tradição fixa a sua origem em Roma durante a prisão
relatada em Atos 28 (cerca de 61-63 d.C.).
Autoria. A autoria paulina continua sendo negada em alguns grupos, mas a opinião da
maioria vai em outra direção. Uns poucos estudiosos, influenciados pelo fato de que
um quarto de Colossenses se encontra em Efésios, têm considerado a primeira como
uma versão ampliada da genuína correspondência paulina. A relação entre as duas
cartas, entretanto, explica-se adequada e facilmente pela operação da mente do
próprio apóstolo ao escrever sobre temas similares.
Comentário Carta de Paulo aos Colossenses – Parte II
Temas e Desenvolvimento das Ideias. A estrutura da carta segue o padrão familiar de
Paulo, na qual uma seção doutrinária (ou seja, no que se deve crer) é seguida de uma
exortação (uma orientação de como agir). Opondo-se à falsa doutrina, Paulo enfatiza a
natureza exaltada do senhorio de Jesus Cristo e sua significação para aqueles que Lhe
foram unidos. Como Senhor da criação, Jesus incorpora a plenitude da divindade;
como cabeça da Igreja e reconciliador do Seu povo, Ele é o eficiente mediador que, na
Sua pessoa, relaciona redentivamente o homem a Deus. Isso foi exposto por Paulo em
Cl. 1:15-22; 2:9. Para estabelecer a suficiência exclusiva de Jesus como Senhor e
Redentor (em oposição à substituição dos gnósticos de disciplinas redentoras e uma
reunião de poderes cósmicos, ou plenitude, de poderes mediadores), Paulo destaca
ambos os aspectos do caráter de Cristo. Importante nesse sentido é o conceito do
"Como de Cristo", com o qual os colossenses sem dúvida estavam familiarizados (1:18,
24; 2:17; 3:15). Esse relacionamento único e misterioso, que exclui todos os outros,
torna reprovada qualquer crença ou prática que descentraliza Jesus como Redentor e
Aperfeiçoador do Seu povo. O "Corpo de Cristo" é um motivo profundamente
enraizado na estrutura da teologia do Novo Testamento. Alguns têm buscado sua
origem na filosofia de Paulo, mas provavelmente suas raízes jazem nos ensinamentos
do próprio Senhor. Membros de uma comunidade considerados como partes de um
corpo era uma metáfora conhecida pelo mundo grego. O uso que Paulo faz da figura,
entretanto, vai além da simples metáfora e deve ser compreendida na estrutura do
conceito hebreu antigo e realista da solidariedade comunitária.
Em I Coríntios 12: 12-21 o "corpo" (de Cristo) foi descrito incluindo a "cabeça". Por
isso um cristão pode ser descrito como sendo um olho, ou um ouvido, ou uma mão.
Em Colossenses e Efésios, onde Cristo foi descrito como a "cabeça" do corpo, a
imagem, a princípio, parece estar substancialmente alterada. Nesse caso, a imagem é
uma acomodação ao desejo do apóstolo de enfatizar nessas cartas o relacionamento
íntimo de Cristo com o Seu povo, e não simplesmente um desenvolvimento
prolongado de seu conceito primitivo. No complexo das imagens que Paulo usa, cada
uma deve ser entendida dentro de sua própria estrutura e "uma simples e global
análise conceitual será tão útil para a interpretação das cartas do apóstolo quanto um
trator para a cultivação de um jardim de paisagem em miniatura".
É provável, entretanto, que a Cabeça divina não seja de modo nenhum uma imagem
variante do "Corpo", mas antes uma imagem complementar. O conceito de Cristo
como a cabeça da Igreja é semelhante a de I Coríntios 11:3: "Cristo é a cabeça de todo
o varão". A imagem retórica da "cabeça", no que se refere a Cristo e a Igreja, deve ser
entendida em termos de analogia marido-esposa. Ela expressa a união de Cristo com a
Igreja, pois o marido e a esposa são "uma só carne". Mas, o que é mais importante,
apresenta a superioridade de Cristo, Sua autoridade sobre a igreja, e a redenção do
Seu corpo, a Igreja (como em Cl. 2:10). A definição de Igreja como extensão da
Encarnação não reflete suficientemente este aspecto da figura de retórica paulina.
Nas cartas de Paulo, o relacionamento do cristão com a nova dispensação é
considerado um acontecimento passado e uma esperança futura. No passado, os
cristãos foram crucificados com Cristo, ressuscitados para uma nova vida,
transportados para o Seu reino, glorificados, e feitos assentar com Ele nos céus. Paulo,
entretanto, ao se aproximar o fim de sua vida, expressou seu anseio "para o conhecer
e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos; conformando-me
com ele na sua morte; para de algum modo alcançar a ressurreição dentre os mortos"
(Fp. 3:10-14).
O significado dessas duas diferentes perspectivas cronológicas, e sua conexão, é de
importância central para nossa compreensão do mundo dos pensamentos de Paulo.
Voltando atrás, podemos sugerir que o conceito do "Corpo de Cristo" fornece uma
pista para o significado deles. Quando Paulo fala de cristãos que morreram e
ressuscitaram para a nova vida, ele fala de uma realidade comunitária experimentada
por Jesus Cristo individualmente no ano 30 d.C., mas transmitida ao cristão
comunitariamente pelo Espírito Santo que habita nele. Tendo sido incorporado ao
corpo de Cristo e estando destinado a ser conformado individualmente à imagem de
Cristo, o cristão deve agora efetivar em sua vida individual a vida "em Cristo" na qual
foi introduzido. Embora sabendo que o eu em sua mortalidade será "revestido de
imortalidade" só por ocasião da volta do Senhor (I Co. 15:51-54), o eu em suas
expressões ética e psicológica começa a efetivar as realidades da nova geração na
presente vida. O caráter e a mente de Cristo e, na ressurreição, na Sua vida imortal,
devem ser compreendidos no Seu Corpo. Dentro desta estrutura a "exortação" de
Paulo está intimamente relacionada com seus ensinamentos teológicos.

Que a leitura da Carta de Paulo aos Colossenses revele-nos a Verdade de Jesus Cristo
como Senhor e cabeça da igreja, nos livrando de toda doutrina ou conhecimento falso
a respeito da nossa fé cristã. Que assim seja!!

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