Aula 18
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citações e referências
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AULA
bibliográficas
Helena Feres Hawad
Metas da aula
Ordenando o diálogo: citações e referências
bibliográficas
objetivos
INTRODUÇÃO Uma característica marcante do texto acadêmico é que ele “dialoga” cons-
tantemente com outros textos. Isto é: costumam existir, no texto acadêmico,
referências a outros textos, de autores variados. Às vezes, as obras citadas
servem para reforçar o que se diz no texto que faz as citações; outras vezes,
elas são questionadas, criticadas. Em todo caso, esse diálogo intertextual é
parte importante do desenvolvimento do conteúdo dos textos acadêmicos.
Se, ao escrever, citamos textos de outros autores, é indispensável informar
precisamente ao leitor que textos são esses. Em primeiro lugar, isso é uma
questão de respeito aos direitos autorais dos cientistas ou pensadores citados.
Em segundo lugar, é uma questão de respeito ao leitor, pois ele pode querer
saber mais detalhes sobre essas obras; pode, inclusive, desejar consultá-las
ou lê-las ele mesmo. Finalmente, a identificação exata das obras citadas é
um elemento constituinte da própria credibilidade acadêmica daquele que
faz a citação.
Para organizar as referências bibliográficas em um texto acadêmico, é preciso
seguir as normas vigentes. Vamos estudá-las nesta aula.
A necessidade da padronização
Você deve ter observado que, no final do livro, existe uma seção
chamada “Referências bibliográficas” e que o modo de fazer citações
nas aulas, bem como o modo de organizar a lista de referências no fim,
seguem um formato padronizado. Fazendo a Atividade 1, você poderá
observar alguns desses detalhes, para começar nosso estudo.
ATIVIDADE
Atende ao objetivo 1
Não são poucas as críticas que a escola brasileira tem recebido no sentido
de apontar as falhas na consecução de seu objetivo fundamental: habilitar
os cidadãos ao domínio da língua padrão. Exemplos dessas críticas podem
ser encontrados em Luft (1993), Pécora (1992), Geraldi (1995), entre outros.
[...]
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Referências bibliográficas
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GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. 3. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1995.
LEMLE, Miriam. Heterogeneidade dialetal: um apelo à pesquisa. Tempo
Brasileiro 53/54 – Linguística e ensino do vernáculo. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, abr./set. 1978. p. 60-94.
LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade. 2. ed. São Paulo: Ática, 1993.
PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
POSSENTI, Sírio; ILARI, Rodofo. Ensino de língua e gramática: alterar con-
teúdos ou alterar a imagem do professor? In: KIRST, Marta; CLEMENTE, Ivo
(orgs.). Linguística aplicada ao ensino de português. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1992. p. 7-15.
SIGNORINI, Inês. (Des)construindo bordas e fronteiras: letramento e iden-
tidade social. In: ______ (org.). Linguagem e identidade: elementos para
uma discussão no campo aplicado. Campinas: Mercado de Letras, 1998.
p. 139-171.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. 6.ed. São Paulo: Ática, 1999.
Fonte: Adaptado de HAWAD (2002).
RESPOSTA COMENTADA
As obras da lista que são citadas no fragmento transcrito nesta
atividade são as seguintes:
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. 3. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1995.
LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade. 2. ed. São Paulo: Ática, 1993.
PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. 4. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1992.
Ou seja: quando o texto se refere a Luft (1993), está citando o
livro de Celso Pedro Luft intitulado Língua e liberdade, cuja segunda
edição foi publicada em 1993; quando se refere a Pécora (1992),
remete ao livro de Alcir Pécora intitulado Problemas de redação, cuja
quarta edição foi publicada em 1992, e, quando se refere a Geraldi
(1995), refere-se ao livro Portos de passagem, de João Wanderley
Geraldi, cuja terceira edição foi publicada em 1995.
Como você vê, a obra é citada no artigo pelo último sobrenome
do autor e pelo ano de sua publicação. Se quiser saber o título e
outros detalhes, o leitor precisa consultar a lista de referências no
fim do artigo.
Observe com atenção: o que é citado é um texto específico (nesse
exemplo, um livro específico) daquele autor, e não “o autor”. Esse
detalhe é importante porque o mesmo autor pode dizer coisas
diferentes em diferentes publicações.
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No Brasil, a instituição responsável pelo estabelecimento das normas
usadas nas referências bibliográficas nos textos acadêmicos é a ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas. O padrão apresentado nesta
aula é o atual da ABNT, que você precisará usar na maioria de seus tra-
balhos. No entanto, há periódicos acadêmicos brasileiros que optam por
usar outros padrões, como, por exemplo, o vigente nos Estados Unidos.
(Há um exemplo dele na seção 2 da Aula 17, na parte pré-textual da
resenha “Um presente para a psicologia da aprendizagem”, publicada
no periódico Psicologia Escolar e Educacional: “Lefrançois, G.R. (2008).
Teorias da Aprendizagem. São Paulo: Cengage”.) Assim, antes de enviar
um trabalho para um periódico ou para um evento acadêmico, é impor-
tante consultar as normas para publicação ou apresentação de trabalhos
divulgadas por ele.
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mente, ao ler um texto acadêmico, usaremos o mesmo conhecimento
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para identificar as obras citadas nele.
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Essa padronização é rica em pequenos detalhes, todos eles impor-
tantes. Não podemos deixar de observar nenhum ao fazer as citações e
ao elaborar nossa lista de referências, por isso vamos estudá-los atenta-
mente ao longo desta aula.
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seja porque essas ideias servem de base para as nossas, seja porque elas
fornecem um ponto de partida interessante para reflexões que queremos
desenvolver, seja porque desejamos questioná-las.
É necessário, em qualquer caso, que nosso trabalho não se res-
trinja a apresentar fragmentos do que outros escreveram, mas contenha
uma contribuição nossa, ainda que seja apenas para articular entre si e
comentar as ideias dos diferentes autores que citamos.
Veja a seguir um exemplo de citação inserida em um texto acadêmico:
O ensino hoje deixou de ser uma missão, no sentido mais amplo, nobre
e generoso do termo, para ser, como diz Morin, uma função e uma espe-
cialização – aquilo que trata da parte, sem conseguir apreender o todo.
Logo, mais um sintoma da forma redutora como tratamos o conhecimento
nesse início de terceiro milênio:
Devemos então nos preparar para essa missão. Essa tarefa passa por
transformar nossos saberes, revisionar práticas pedagógicas redutoras
do conhecimento, construir novas formas de cognição que permitam
enfrentarmos as incertezas e as interrogações deste início de século e
milênio (CARMO, 2008).
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(separação do parágrafo, recuo, espaçamento simples e tamanho reduzido
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da fonte) são suficientes para o leitor saber que se trata de uma citação;
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então, não usamos aspas nesse caso.
O trecho citado, porém, pode ser curto – isto é, ter até três linhas,
no máximo. Nesse caso, ele não aparece em um parágrafo separado, mas
sim é incorporado ao próprio parágrafo do texto em que a citação se
insere, e vem separado por aspas. Veja outro exemplo, do mesmo artigo
de Benzatti (2008):
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A apresentação dessas informações bibliográficas segue um padrão
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específico e detalhado. Na Atividade 2, a seguir, vamos examinar e pra-
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ticar as normas em vigor para a elaboração desse tipo de lista.
ATIVIDADE
Atende ao Objetivo 2
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Caso escrevamos a lista à mão, não é possível usar itálico ou negrito; então
sublinhamos o título, mantendo os espaços entre as palavras, assim:
II. Reexamine a lista e reconheça o critério usado para ordenar dentro dela
as diferentes obras.
RESPOSTA COMENTADA
No item I, alínea a, cabem nas lacunas os sobrenomes dos autores
da lista: LUFT, PÉCORA E TARALLO. Certifique-se de haver escrito
todos eles em caixa alta, ou seja, letras maiúsculas.
Na alínea b, completamos as lacunas com os demais nomes de
cada autor, e o resultado é o seguinte:
LUFT, Celso Pedro.
PÉCORA, Alcir.
TARALLO, Fernando.
Confira com cuidado se acertou a pontuação: ponto após “Celso
Pedro”, vírgula após “PÉCORA”, vírgula após “TARALLO” e ponto
após “Fernando”.
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Na alínea c, você pode ter usado qualquer um dos
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seguintes exemplos (tendo o cuidado de sublinhar o
título, se tiver escrito a resposta à mão, e de respeitar
as normas de emprego das maiúsculas e minúsculas
e dos sinais de pontuação):
LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade.
PÉCORA, Alcir. Problemas de redação.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolin-
guística.
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Esse caso tem similaridade com o caso examinado anteriormente,
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isto é, o de um artigo ou capítulo inserido em um livro. Observe que não
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há, no entanto, referência a organizadores do volume. Além disso, como
os periódicos, muitas vezes, têm mais de um número por ano, aparecem
o número da edição – após o título – e a referência ao período perti-
nente, antes do ano (em nosso exemplo, o volume citado corresponde
aos números 53 e 54, dos meses de abril a setembro do ano de 1978).
Vamos praticar um pouco essas normas na Atividade 3?
ATIVIDADE
Atende ao objetivo 2
II. Responda:
O volume em que se encontra o texto citado nessa referência é um livro
ou um periódico?
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RESPOSTA COMENTADA
Os elementos pedidos no item I da Atividade são os seguintes:
a) O título e o subtítulo do texto citado: (Des)construindo bordas e
fronteiras: letramento e identidade social.
b) O título e o subtítulo do volume em que esse texto se encontra:
Linguagem e identidade: elementos para uma discussão no campo
aplicado.
c) O(A) autor(a) do texto citado: Inês Signorini.
d) O(A) organizador(a) do volume em que o texto se encontra:
Inês Signorini.
e) A editora que publicou o volume: Mercado de Letras.
f) A cidade onde se localiza a editora: Campinas.
g) O ano da publicação do volume: 1998.
h) O intervalo de páginas onde o texto citado se encontra: páginas
139 a 171.
Como observamos anteriormente, no exemplo da indicação das obras
de Edgar Morin, o traço usado na referência indica que Inês Signorini
é a organizadora do volume em que o artigo citado se encontra, além
de ser a autora do artigo. Essa é uma convenção usada também
quando incluímos, na lista, mais de um trabalho do mesmo autor. A
partir da segunda menção, usamos o traço, seguido de ponto, e isso
significa que nos referimos ao último autor mencionado.
Observe ainda, nas alíneas a e b, que os subtítulos aparecem após
os títulos, antecedidos por dois-pontos, com iniciais minúsculas e
sem itálico/negrito.
Com relação ao item II, sabemos que se trata de um livro e não de
um periódico por haver a indicação do nome da organizadora do
volume. Outras pistas também podem contribuir para essa conclu-
são, como o fato de não haver referência a um número de volume.
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Conclusão
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Os gêneros textuais produzidos na atividade acadêmica obedecem a convenções considera-
velmente fixas. Entre elas, destacam-se as normas para citações e listas de referências bibliográfi-
cas. Essas convenções, à primeira vista, podem representar alguma dificuldade para os iniciantes.
Logo, porém, fica claro que, de modo geral, elas são funcionais dentro desses gêneros, isto é,
contribuem para que os textos produzidos em conformidade com elas cumpram a contento suas
finalidades – em última análise, possibilitar e facilitar a circulação do conhecimento.
ATIVIDADE FINAL
Atende ao objetivo 3
Livro 1
Título: Autoridade dos pais e educação da liberdade
Autor: Haim Grunspun
Ano: 1983
Editora: Almed
Cidade: São Paulo
Livro 2
Título: Cinco estudos de educação moral
Organizador: Lino de Macedo
Ano: 1996
Editora: Casa do Psicólogo
Cidade: São Paulo
Livro 3
Título: Educação e infância
Subtítulo: Múltiplos olhares, outras leituras
Organizadoras: Carla Vasquez, Maria Sirlene Schlickmann e Rosânia Campos
Ano: 2009
Editora: UNIJUÍ
Cidade: Ijuí
Livro 4
Título: Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação
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Livro 5
Título: A dialética da inclusão em educação
Subtítulo: Uma possibilidade em um cenário de contradições
Autora: Bianca Fátima Cordeiro dos Santos Fogli
Ano: 2012
Editora: DP et Alli
Cidade: Petrópolis
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Resposta comentada
Observando todos os detalhes estudados nesta aula, a lista fica assim:
BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São
Paulo: Duas Cidades, 2009.
FOGLI, Bianca Fátima Cordeiro dos Santos. A dialética da inclusão em educação:
uma possibilidade em um cenário de contradições. Petrópolis: DP et Alli, 2012.
GRUNSPUN, Haim. Autoridade dos pais e educação da liberdade. São Paulo:
Almed, 1983.
MACEDO, Lino de (org.). Cinco estudos de educação moral. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 1996.
VASQUEZ, Carla; SCHLICKMANN, Maria Sirlene; CAMPOS, Rosânia. (orgs.). Educação
e infância: múltiplos olhares, outras leituras. Ijuí: UNIJUÍ, 2009.
Verifique cuidadosamente se o emprego dos sinais de pontuação está correto em
sua resposta. Tenha atenção, ainda, à grafia exata dos nomes dos autores. Se você
escreveu a resposta à mão, não se esqueça de sublinhar os títulos dos livros, que
aparecem em itálico nesta resposta comentada, tendo o cuidado de interromper
o traço nos espaços entre as palavras. Os subtítulos não são sublinhados (como
também não receberam destaque nesta resposta comentada). Finalmente, observe
que a resposta correta à atividade exige que você altere a ordem em que os livros
aparecem no enunciado, pois, na lista elaborada, é preciso empregar a ordem
alfabética dos sobrenomes dos autores e organizadores.
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R ES U M O
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