Fernanda deOliveiraPeres Revisado
Fernanda deOliveiraPeres Revisado
Fernanda deOliveiraPeres Revisado
Exemplar revisado
São Carlos
2014
Fernanda de Oliveira Peres
São Carlos
2014
Aos meus queridos pais Antonio e Lucia, ao meu irmão Felipe,
e ao meu namorado Fernando.
Agradecimentos
À Deus por me amparar nos momentos difíceis, me dar força para superar as
dificuldades e mostrar os caminho nas horas incertas.
A meus pais Antonio e Lucia e ao meu irmão Felipe pelo apoio, confiança, paciência e
incentivo em todos os momentos da minha vida.
Ao meu namorado Fernando Marreto pelo seu carinho e amizade, paciência e
incondicional apoio que sempre demonstrou, pelas conversas e palavras de coragem nos
momentos difíceis, ouvinte das minhas duvidas, desânimos e sucessos.
A minha orientadora Prof. Dra. Carla Cristina Schmitt Cavalheiro, obrigado por ter
aceitado ser minha orientadora, obrigado pelo acompanhamento contínuo, pela
experiência, amizade, sabedoria, paciência, atenção e dedicação ao longo do mestrado.
Ao Prof. Dr. Eder Tadeu Gomes Cavalheiro pela amizade, carinho, incentivo,
colaboração e pelos momentos de risadas.
Ao Prof. Dr. Gilberto Chierice pela disponibilidade do laboratório, pela amizade e pelos
ensinamentos.
A todos os colegas do LATEQS, GQATP e o Grupo de Fotoquímica pela ajuda,
conversas e companheirismo.
Aos professores do IQSC/USP por todos os conhecimentos transmitidos
As técnicas do LATEQS Priscila e Ana Paula, muito obrigada por tudo que vocês
fizeram por mim.
A técnica Alessandra, obrigado pela ajuda, pelos ensinamentos e pela amizade.
A todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a execução deste trabalho.
Muito Obrigada!
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água
no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”
Madre Teresa de Calcuta
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito.
Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que eu era antes”.
Marthin Luther King
Resumo
Due to its interesting properties chitosan has attracted interest regarding several
applications including drug carrier in pharmaceutical industry, mainly for actives
consumed in high doses for long periods, as Ibuprofen. The combined use of materials
such as polymers and the clay is an interesting option, combining the properties of both
materials while minimizing the side effects of the drug. A chitosan-ibuprofen ionic
complex had been prepared from the acid-base reaction between both of them. In a
second step a montmorilonite/chitosan nanocomposite containing ibuprofen was also
prepared. The complex and the nacomposite containing ibuprofen had been
13
characterized by several techniques including elemental analysis, C e 1H, nuclear
magnetic resonance (NMR), thermogravimetry (TG), differential scanning calorimetry
(DSC), X-ray diffraction (XRD) and Fourrier transform infrared spectroscopy (FTIR).
The chitosan degree of deacetylation (DD) was determined by potentiometry as 80.0%.
These results were confirmed by 13C e 1H NMR. The dissociation of the pharmaceutical
from the complex and nanocomposite was investigated by high performance liquid
chromatography (HPLC) and electronic spectroscopy in the UV-vis (UV-vis). The
dissociation of the pharmaceutical from the complex in aqueous media was evaluated in
pH 2 and 7, corresponding to the stomach and intestines respectively. Results revealed
that such dissociation is dependent of the pH of the medium as well as that release of
Ibuprofen from the matrices is dependent on the pH and the presence of the clay slows
the dissociation of the drug from the matrix.
Figura 3: Representação de uma folha (a) tetraédrica e (b) octaédrica vista lateralmente
e (c) estrutura de um argilomineral 2:1...........................................................................18
Figura 11: Curvas TG. DTG e DTA do Ibuprofeno em atmosfera de ar, m≈6 mg, com
vazão de 100 ml min -1, em cadinho de α-alumina, razão de aquecimento de 10ºC min-
1
........................................................................................................................................48
Figura 13: DSC do Ibuprofeno com ciclos de aquecimento (1º e 3º) e de resfriamento
(2ºC) com razão de aquecimento de 10ºC e vazão de 50 mL min-1................................51
Figura 14: DSC do Ibuprofeno com ciclos de aquecimento (A) e de resfriamento (R)
com razão de aquecimento de 2,5; 5 e10ºC min-1 e vazão de 50 mL min-1.....................52
Figura 15: DSC do Ibuprofeno, Mistura física e do Complexo Iônico com razão de
aquecimento de 10ºC min-1 e vazão de 50 mL min-1, m≈ 3,5 mg...................................53
13
Figura 16: Espectros de RMN C do ibuprofeno, quitosana e complexo iônico e as
estruturas com os carbonos enumerados.........................................................................54
5-FU 5-fluoracil
AFM Microscopia de Força Atômica
CI Complexo Iônico
CTS Quitosana
CTS/MMT/IBU Quitosana/montmorillonita/ibuprofeno
DLS Espalhamento Dinâmico de Luz
DRX Difração de Raios X
DSC Calorimetria Exploratória Diferencial
DTA Análise Térmica Diferencial
DTG Termogravimetria Derivada
FTIR Espectroscopia no Infravermelho por transformada de Fourier
GA Grau de acetilação
GD Grau de desacetilação
IBU Ibuprofeno
ICTAC Conselho da Confederação Internacional de Análise Térmica e
Calorimetria
MMT montmorilonita
MMT/IBU Montmorillonita/Ibuprofeno
RMN Ressonância Magnética Nuclear
TG Termogravimetria
UV-Vis Espectroscopia na região do Ultravioleta Vísivel
Sumário
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................14
1.1 Quitosana.................................................................................................................14
1.2 Argila Montmorilonita............................................................................................17
1.3 Ibuprofeno................................................................................................................20
1.4 Matrizes de quitosana com fármacos.....................................................................23
1.5 Uso combinado de polímeros e fármacos para a liberação controlada de
fármacos.........................................................................................................................24
2 OBJETIVO..................................................................................................................29
3 PARTE EXPERIMENTAL.......................................................................................30
3.1 Materiais e Métodos................................................................................................30
3.1.1 Reagentes e soluções.............................................................................................30
3.2 Metodologia experimental......................................................................................30
3.2.1 Purificação da quitosana......................................................................................30
3.2.2 Obtenção do Complexo Iônico Quitosana-Ibuprofeno (CTS/IBU)..................31
3.2.3 Obtenção do híbrido montmorillonita/ibuprofeno (MMT/IBU)......................31
3.2.4 Obtenção da matriz quitosana/montmorillonita/ibuprofeno
(CTS/MMT/IBU)...........................................................................................................31
3.3 Caracterização.........................................................................................................32
3.3.1 Determinação do Grau de Desacetilação Titulação Potenciométrica..............32
3.4 Técnicas....................................................................................................................33
3.4.1 Análise elementar.................................................................................................33
3.4.2 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho com transformada de
Fourrier..........................................................................................................................34
3.4.3 Análise Térmica....................................................................................................34
3.4.3.1 Medidas termogravimétricas (TG)..................................................................35
3.4.3.2 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)................................................35
3.3.5 Ressonância Magnética Nuclear1H e 13C............................................................36
3.3.6 Dissociação do complexo iônico CTS/IBU..........................................................37
3.3.7 Difração de raio X (DRX)....................................................................................38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................39
4.1 Determinação do Grau de Desacetilação (GD) da Quitosana por Titulação
Potenciométrica.............................................................................................................39
4.2 Determinação do Grau de Acetilação e Grau de Desacetilação (GD) da
Quitosana por RMN de 1H............................................................................................40
4.3 Obtenção do Complexo iônico CTS/IBU...............................................................41
4.4 Análise Elementar....................................................................................................44
4.5 Espectroscopia na região do Infravermelho (FTIR)............................................45
4.6 Análise Térmica.......................................................................................................46
4.6.1 Curvas TG/DTG e DTA da quitosana, ibuprofeno e do complexo iônico.......46
4.6.2 Calorimetria Exploratória Diferencial...............................................................50
4.7 RMN 13C...................................................................................................................53
4.8 Estudos da Dissociação do complexo iônico CTS/IBU utilizando a
Espectroscopia na região do UV-Vis............................................................................55
4.9 Estudos da Dissociação do Ibuprofeno utilizando Cromatografia Líquida de
alta eficiência (CLAE)...................................................................................................58
4.10 Caracterização do nanocompósito montmorilonita-quitosana contendo
ibuprofeno......................................................................................................................62
4.10.1 Difração de Raios – X.........................................................................................62
4.10.2 Espectroscopia de absorção de infravermelho com transformada de
Fourrier..........................................................................................................................65
4.10.3 Termogravimetria..............................................................................................67
4.10.4 Estudos da dissociação do compósito de MMT/CTS/IBU..............................69
5 CONCLUSÃO............................................................................................................71
6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................72
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Quitosana
A quitosana, cuja estrutura molecular é apresentada na Figura 1, é obtida a partir
da reação de desacetilação da quitina em soluções alcalinas concentradas
(GONÇALVES JR et al, 2010; MAJETI; KUMAR, 2000; SANTOS et al, 2003), sendo
solúvel em ácidos diluídos como o ácido acético, ácido fórmico e ácido lático, entre
outros (MAJETI; KUMAR, 2000; SANTOS, 2003). Entretanto, a solubilidade depende
de fatores como o grau de desacetilação, devido à quantidade de grupos amino
protonados, pois, quanto maior a quantidade destes grupos, maior repulsão de cargas na
cadeia polimérica, aumentando o poder de solvatação em água, além da concentração do
biopolímero, viscosidade, massa molar e da força iônica (SANTOS et al, 2003;
SANTOS, 2004).
OH
O OH
HO O
O
NH2 O
HO NH
Gd Ga
H3C O
elevado grau de desacetilação é difícil de ser obtida, pois, conforme este grau aumenta a
possibilidade de degradação do polímero também é aumentada (SILVA, SANTOS,
FERREIRA, 2006).
As características físico-químicas como solubilidade, viscosidade, grau de
acetilação, entre outros, podem ser determinadas por vários métodos, como a
espectroscopia de absorção na região do infravermelho, espectroscopia na região do
ultravioleta visível, espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) de 1H e
13
C, titulação potenciométrica, análise elementar, entre outras (HORN, 2008; SANTOS
et al, 2003). Devido à grande polidispersividade, os fabricantes referem-se
principalmente à viscosidade em vez de massa molecular, pois essa é deduzida a partir
da viscosimetria ou da cromatografia de exclusão de tamanho (CROISIER; JEROME,
2013).
A quitosana pode ser aplicada em diversas áreas como no tratamento de água
agindo como um floculante e coagulante, na remoção de metais pesados (BRANT,
2008); em fotografias devido a sua resistência à abrasão, às suas características ópticas e
à capacidade de formação de filmes (MAJETI; KUMAR, 2000). Também nos
cosméticos, uma vez que este biopolímero se torna viscoso ao ser neutralizado com
ácido, podendo ser usado como loções e até em esmaltes (MAJETI; KUMAR, 2000;
BRANT, 2008); no desenvolvimento de substratos para a substituição de pele
(MAJETI; KUMAR, 2000; BRANT, 2008); na oftalmologia, devido às características
como claridade óptica, estabilidade mecânica, correção óptica, permeabilidade ao gás
oxigênio e compatibilidade imunológica (MAJETI; KUMAR, 2000); na agricultura,
como agente antifúngico no controle de doenças de plantas (BRANT, 2008); na
veterinária, como aditivo para alimentos de animais (BRANT, 2008); na indústria de
papel e têxtil, para acabamentos (BRANT, 2008); na liberação controlada de fármacos,
em que a quitosana desperta grande interesse (MAJETI; KUMAR, 2000; BRANT,
2008); na indústria alimentícia, como aditivo alimentar e agente antimicrobiano entre
outros (SHAHIDI; ARACHCHI; JEON, 1999).
Em 2011, Tavaria e colaboradores destacaram as atividades biológicas da quitosana,
entre elas, a atividade anti-fúngica e antimicrobiana, cicatrizações de feridas,
antioxidante, anti-inflamatório, anti- carginogênico e anti-coagulante (TAVARIA et al,
2011).
Os biopolímeros quitosana e quitina tem chamado atenção devido à sua
potencialidade como bioativo natural, apresentando biocompatibilidade,
17
Os arranjos dos átomos nas folhas tetraédricas e octaédricas ajustam-se entre si,
formando camadas ou lamelas de espessura nanométrica e dão origem a uma série de
argilominerais. (Figura 3c).
Figura 3: Representação de uma folha (a) tetraédrica e (b) octaédrica vista lateralmente
e (c) estrutura de um argilomineral 2:1.
(c)
de solução, sendo estes caracterizados por análise elementar, FTIR, DRX, TG,
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e microscopia de transmissão. Os estudos
mostraram que o método de preparo em solução para intercalar o carvedilol em MMT
foi o mais satisfatório (LAKSHMI et al, 2010).
A intercalação de ibuprofeno (IBU) em MMT foi investigada como um
transportador na liberação controlada de fármacos. Os compostos de intercalação foram
caracterizados por diferentes técnicas entre elas: XRD e FTIR. O espaçamento basal de
montmorilonita aumentou indicando que houve intercalação do IBU. Os experimentos
de liberação in vitro revelaram que o IBU foi liberado na MMT de forma constante e
dependente do pH (ZHENG et al, 2005).
1.3 Ibuprofeno
2 OBJETIVO
3 PARTE EXPERIMENTAL
Grau de
Reagentes Procedência
Pureza
Quitosana Aldrich -
Ibuprofeno Purifarma comercial
Acido acético Mallinckrodt PA
Hidróxido de sódio Spectrum PA
Na2HPO4.7H2O Spectrum PA
KH2PO4 J. T. Baker PA
Montmorillonita Clay Minerals -
SWy-1 Society
3.3 Caracterização
𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 ∙𝑚𝑁𝑎𝑂𝐻
𝐺𝐷 = � � ∙ 100 (1)
�𝑚𝑄 −�𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 ∙𝑚𝑁𝑎𝑂𝐻∙161,22��
(𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 ∙𝑚𝑁𝑎𝑂𝐻 )+
203,22
3.4 Técnicas
RMN 13C
Equipamento: Bruker Avance III-400, operando num campo magnético de 9.4T (399.94
MHz para o núcleo de hidrogênio), equipado com uma sonda para análise de amostras
em estado sólido com giro em torno do ângulo mágico (MAS-4mm).
Preparo da amostra: as amostras (em pó) foram empacotadas em um rotor de 4mm de
zircônia. O rotor foi girado em torno do ângulo mágico a uma rotação de 5KHz.
A análise foi feita em temperatura ambiente (23ºC)
Experimento realizado: a sequencia de pulsos utilizada foi a de polarização cruzada
com supressão de bandas laterais (CPTOSS), com observação do núcleo de carbono-13
(frequência de 100.575MHz). Em ambas as amostras (CTS e CTS/IBU) esta sequência
de pulsos foi aplicada com os seguintes parâmetros: tempo de reciclo de 3s, tempo de
contato de 2ms, tempo de aquisição de 34ms, janela espectral de 295,9ppm. Para a
amostra de CTS foram feitas 2048 varreduras e para a amostra CTS/IBU foram
acumuladas 5120 varreduras.
RMN 1H
Equipamento: Bruker Avance III-400, operando num campo magnético de 9.4T
(400.132 MHz para o núcleo de hidrogênio), equipado com uma sonda para análise de
amostras em solução, equipado com uma sonda de detecção indireta para tubos de 5mm
autossintonizável e com gradiente máximo em z de 53,5 G/cm.
Preparo da amostra:uma massa de 10mg do material foi dissolvido em uma mistura de
595uL de água deuterada e 5uL de HCl (600uL no total). A temperatura foi controlada
em 70ªC.
Experimento realizado: foi utilizada uma sequência com pré-saturação do sinal do
solvente com um tempo de reciclo de 1s, tempo de aquisição de 4.1s e janela espectral
de 20ppm. Foram acumuladas 64 varreduras.
38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
14 2,5
21 mL
12
5 mL 2,0
10
1,5
8
Derivada
1,0
pH
0,5
4
0,0
2
0 -0,5
-5 0 5 10 15 20 25 30
1
2
6 5 4 3 2
ppm
-
HIBU IBU +H+ (pKa =4,5; POTTHAST et al, 2005) (4)
-
HIBU + CTS HCTS+ + IBU- → HCTS+IBU (6)
OH
OH
O
O
+
NH3
O .xH O
2
OH - O
O NH
OH
O H 3C O
GD 1-GD
Elemento / %, exp(calc)a
Amostra
N C H
Por meio da análise elementar foi confirmada a massa molar para o complexo
iônico (MMCI) calculada utilizando-se a Equação 8. Para esse cálculo, considerou-se o
grau de desacetilação da quitosana como sendo 100% de substituição dos grupos amino
livres. O teor de água na quitosana foi determinado por termogravimetria, sendo da
ordem de 12,48% (sessão 4.6). Uma proposta da estrutura do complexo iônico (CI) é
apresentada na Figura 8.
deve ser menor no complexo iônico em relação ao composto de partida, pois ele está
presente apenas na quitosana.
CTS/IBU
20%
MF/CTS/IBU
1508
2954
2924
1718 IBU
1594 1383
1671
3480 CTS
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
número de onda (cm-1)
Na Figura 9, observaram-se as bandas características da quitosana tais como, a
banda de estiramento axial de OH centrada em 3480 cm-1. Essa banda é sobreposta à
banda de estiramento N-H (3360 cm-1). A deformação axial C=O da amida é observada
em 1671 cm-1; a deformação angular de N-H encontra-se em 1594 cm-1; a deformação
angular simétrica em 1383 cm-1 é atribuída ao CH3; a deformação axial de -CN de
amida e a deformação axial de -CN de grupos amino são encontradas em 1429 cm-1 e
47
Figura 10: Curvas TG, DTG e DTA da quitosana em atmosfera de ar, com vazão de
100 mL min -1, massa de amostra em torno de 6 mg, em cadinho de α-alumina e razão
de aquecimento de 10ºC min-1.
1,2
100 0,5
1,0
0,4
80
DTG ( % ºC-1)
0,3
60 0,6
Massa (%)
0,2
40 0,4
0,1
0,2
20
0,0
0,0
0 -0,1
-0,2
0 200 400 600 800 1000
Temperatura (°C)
Figura 11: Curvas TG. DTG e DTA do Ibuprofeno em atmosfera de ar, m≈6 mg, com
vazão de 100 ml min -1, em cadinho de α-alumina, razão de aquecimento de 10ºC min-1.
3,0 6
100
4
2,5
80
DTG (% ºC-1)
2,0 0
60
Massa (%)
-2
1,5
40 -4
1,0
-6
20
0,5 -8
0 -10
0,0
-12
0 200 400 600 800 1000
Temperatura (ºC)
100 Ibuprofeno
Complexo iônico Quitosana
Mistura Física 3
Complexo Iônico
80 Ibuprofeno Mistura Física
Quitosana 2
40
0
20
-1
0
-2
0 200 400 600 800 1000
0 200 400 600 800 1000
Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)
(21-249ºC) (249-1000ºC)
Figura 13: DSC do Ibuprofeno com ciclos de aquecimento (1º e 3º) e de resfriamento
(2ºC) com razão de aquecimento de 10ºC e vazão de 50 mL min-1.
3ºCiclo
0,5
0,5
1ºCiclo
Figura 14: DSC do Ibuprofeno com ciclos de aquecimento (A) e de resfriamento (R)
com razão de aquecimento de 2,5; 5 e10ºC min-1 e vazão de 50 mL min-1.
-1
2 A (10ºC min )
-1
R (10ºC min )
4
-1
A (5ºC min )
8
Fluxo de Calor (W °C-1)
-1
R (5ºC min )
4
-1
A (2,5ºC min )
8
-1
R (2,ºC min )
5
-1
A (10ºC min )
12
Figura 15: DSC do Ibuprofeno, Mistura física e do Complexo Iônico com razão de
aquecimento de 10ºC min-1 e vazão de 50 mL min-1, m≈ 3,5 mg.
CI
1W°C
MF
1W/°C
IBU
2 W/°C
-20 0 20 40 60 80 100
Temperatura (°C)
A ressonância magnética nuclear RMN 13C foi utilizada para quantificar o grau
de substituição dos grupos amino (-NH2) da quitosana que foram substituídos pelo
ibuprofeno.
O grau de substituição foi calculado de acordo com o valor obtido pela área do
C3 do sal, que é referente ao pico do ibuprofeno (Fig.16) (obtido através da base de
55
CI
C1(Q)
C7(Q)
C3(I)
CTS
C3, C5
C1 C6,C2
C4
C7 C8
IBU
C12, C13
C3
C1
C5-C9
13
Através dos espectros de RMN C, foi calculado o grau de acetilação da quitosana
(GA), utilizando a relação do Carbono 7, com o carbono 1 da quitosana (Eq.10). Obteve-se
17,37% de acetilação e 82,63% de desacetilação. Comparando os resultados obtidos por
56
titulação (GD=80,03%), por RMN 1H (GD=80,56) e por RMN 13C (GD=82,63), observa-se que
os valores estão em concordância.
A= ε.l.c (11)
Na qual, A= Absorbância
0,5 3,0
IBU pH 2 IBU em pH 7
2,5
0,4
2,0
0,3
1,5
Abs
Abs
0,2
1,0
0,1
0,5
0,0 0,0
200 300 400 500 600 700 800 200 300 400 500 600 700 80
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)
57
0,14
0,12
0,10
0,08
Abs
0,06
0,04
0,02
0,00
0,4
Abs
0,2
0,0
Sendo:
𝑚𝐶𝑇𝑆 = 𝑀𝑀𝐶𝑇𝑆 × %𝐶𝑇𝑆𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 (13)
𝑚𝐶𝑇𝑆/𝐼𝐵𝑈 = 𝑀𝑀𝐶𝐼 × 𝐺𝑆 (14)
100
80 pH 7
pH 2
60
40
20
0 2 4 6 8 10
Tempo (horas)
60000
50000
40000
Area
30000
20000
10000
6000000
5000000
4000000
Area
3000000
2000000
1000000
100
60
0,3
40
0,2
20
0,1
0,0 0
OH
OH
O
O
+
NH3
O .xH O 2
OH - O
O NH
OH
O H 3C O
GD 1-GD
-O
OH
O OH
O
O
+ +
NH3
O .xH O2
OH O
NH
OH
H 3C O
pKa = 4,5 GD 1-GD
-H + pKa = 6,3
+H + - H+
+ H+
HO
OH
O OH
O
O
(sólido) (sólido)
O
OH NH2 O
NH
OH
H 3C O
GD 1-GD
63
400 MMT/CTS/IBU_MF
1000 MMT_CTS_IBU
CTS
Intensidade
1000
1000 MMT/IBU_MF
1200 MMT/IBU
8000 IBU
800 MMT
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
2θ
65
Amostras 2θ d (Å)
IBU 6,0
Deste modo, através dos resultados obtidos foi possível observar que o tanto o
ibuprofeno quanto a quitosana intercalam na MMT quando preparados por intercalação
em solução.
MMT/CTS/IBU_MF
40
1722 MMT/CTS/IBU
40
CTS
Transmitância (%)
30 MMT/IBU_MF
50
MMT/IBU
1722
40
IBU
1722
60 1722 MMT
20
1051
4.10.3 Termogravimetria
100 0,5
100
90 0,0 80 0,4
CTS 0,3
80 60
0,2
70 -0,2 40
0,1
60 MMT/IBU_MF 20 0,0
50 0 -0,1
40 -0,4
0,4
100 0,3
Massa (%)
0,1
80 60 0,0
70 -0,16 -0,1
60 40 -0,2
50 MMT/IBU -0,24 20 -0,3
Massa (%)
40 -0,4
0,1
100
102 0,0 0,0
100 90 -0,1
98 -0,1 MMT_CTS_IBU -0,2
96 80
-0,3
94
92 -0,2 70 -0,4
90 MMT 60 -0,5
88 -0,3 -0,6
86 0 200 400 600 800 1000
Temperatura (ºC)
0,1
100
80 0,0
60 IBU
40 -0,1
20
0 -0,2
Ainda na Figura 27, são apresentadas as curvas DTA dos compostos isolados, do
compósito MMT/CTS/IBU da mistura física MMT/CTS/IBU, hibrido MMT/IBU e
mistura física de MMT/IBU. Observa-se os eventos relacionados aos eventos térmicos
observados nas curvas TG. Na curva DTA do ibuprofeno, observou-se um pico
endotérmico em 78°C referente à fusão do fármaco. Este pico também é observado na
mistura física e na MMT/IBU e na mistura física do compósito CTS/MMT/IBU.
Também são observados picos endotérmicos referentes à desidratação da amostra e
picos exotérmicos referentes à decomposição da matéria orgânica.
70
0,05
pH 7
pH 2
0,04
Concentração (mmol L-1)
0,03
0,02
0,01
0,00
Tempo (min)
acompanhado nos pH 1,2 e 7,4. Os autores afirmam que a carga negativa da argila
aumenta com o aumento do pH, enquanto o farmaco (pKa = 8) permanece carregada
positivamente, mesmo em pH 7,4. Isto indica que o fármaco se liga mais fortemente à
argila, por isso é liberado lentamente depois de 12 horas a pH 7,4. A presença de
biopolímeros nos compósitos influencia a interação entre o fármaco e a argila, por sua
vez, acelera a liberação do fármaco a partir do fármaco-biopolimero/argila compósitos.
Assim, a liberação do fármaco era comparativamente mais rápida do que os compósitos
de argila pura em ambos pH. Assim, aumentando o teor de biopolímero nos compósitos
de biopolímero/argila podem aumentar a velocidade de liberação. A liberação de
fármacos podem ser controladas por meio do controle da quantidade de biopolímero no
compósito (KEVADIYA et al, 2012).
72
5 CONCLUSÃO
O complexo iônico foi obtido através de uma reação entre o grupo –NH2 da
quitosana e o grupo -COOH do ibuprofeno em meio aquoso.
A dissociação do ibuprofeno do complexo iônico é favorecida em pH 7 quando
comparado a pH 2. Este fato pode ser adequado, pois em pH 2 (pH estomacal) o
fármaco não será totalmente dissociado, enquanto que em pH 7 (pH intestinal),
praticamente todo fármaco estará dissociado.
No estudo da dissociação do ibuprofeno do nanocompósito MMT/CTS foi
observado retenção do ibuprofeno na matriz. Este resultado pode estar relacionado com
a intercalação do IBU na argila dificultando a dissociação.
O trabalho pode ajudar na compreensão dos mecanismos de liberação
controlada, visto que a dissociação do ibuprofeno é influenciado pelo pH e através do
biopolímero quitosana ou do compósito quitosana/argila.
73
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