Aula 14 - As Plantas Invasoras São Vilãs
Aula 14 - As Plantas Invasoras São Vilãs
Aula 14 - As Plantas Invasoras São Vilãs
AULA
As plantas invasoras
são vilãs?
Meta da aula
Conscientizar os alunos de que, embora as
plantas invasoras sejam um problema sério
tanto para a vegetação nativa quanto para a
agricultura, elas nem sempre são prejudiciais ao
homem.
objetivos
PLANTAS DANINHAS
8 CEDERJ
PREJUÍZOS CAUSADOS PELAS PLANTAS DANINHAS
14
AULA
As plantas daninhas reduzem a produção das lavouras e aumentam
seus custos. A diminuição da produção se dá pela competição por espaço,
água, luz, nutrientes, gás carbônico e oxigênio ou, ainda, por efeitos
químicos, através da alelopatia (veja a Aula 7, se você precisar relembrar
esse conceito). O aumento dos custos deve-se a fatores como:
a) necessidade de empregar métodos de controle para as plantas
daninhas;
b) aumento do custo da colheita (por exemplo, podem entupir
as colheitadeiras);
c) diminuição da qualidade dos produtos (por exemplo, sementes
destinadas ao plantio misturadas com sementes de plantas daninhas
valem menos);
d) problemas relacionados ao manejo da água (a presença de
plantas daninhas pode prejudicar a irrigação e a drenagem).
CEDERJ 9
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
!
De forma geral, pode se caracterizar uma pastagem degradada pela presença de plantas
invasoras (plantas indicadoras). Isso ocorre, porque o aparecimento de invasoras em
pastagens deve-se, habitualmente, às medidas inadequadas de manejo das plantas
forrageiras, que podem acarretar no empobrecimento do solo. Como exemplo de plantas
indicadoras, podemos citar o sapé (Imperata brasiliensis) (Figura 14.2), que indica acidez
do solo, e a samambaia (Pteridium aquilinum) (Figura 14.3), que indica altos teores de
alumínio tóxico.
Em alguns casos, as plantas daninhas não são invasoras nas pastagens, como no caso da
região do Pantanal de Mato-Grosso, onde pastagens naturais apresentam plantas tóxicas,
que dividem o espaço com as gramíneas.
10 CEDERJ
14
AULA
Figura 14.2: Sapé (Imperata brasiliensis).
CEDERJ 11
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Na verdade, não existe regra. Por um lado, as invasoras são mais
difíceis de controlar, pois os ataques de pragas e doenças são
causados, geralmente, por uma ou poucas espécies, enquanto a
infestação de plantas daninhas é ocasionada por muitas espécies
que surgem em diferentes épocas do ano, dificultando, assim, o
controle. Por outro lado, algumas pragas, como a vassoura-de-
bruxa, no cacaueiro, e o vírus da mancha anelar, em mamoeiros,
são problemas fitossanitários identificados há várias décadas, mas
ainda sem solução satisfatória.
12 CEDERJ
onde todo o solo pode ser removido e/ou peneirado. No caso de plantio
14
PERÍODO CRÍTICO
extensivo de culturas, os custos seriam exorbitantes; DE COMPETIÇÃO
AULA
c) controle: é o método mais comum para combater plantas Período no qual a
presença de plantas
daninhas na agricultura. Trata da interrupção temporária do seu daninhas reduz
crescimento durante o ciclo da cultura de interesse, especialmente no expressivamente
o rendimento das
PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO. Veremos, a seguir, os tipos de controle plantas cultivadas.
usualmente empregados.
controle à enxada: é uma das técnicas mais utilizadas no
controle de plantas daninhas, principalmente em regiões pobres, onde
a mão-de-obra é abundante e, portanto, tem baixo custo. A limpeza
superficial deverá ser iniciada logo que as plantas daninhas começarem
a germinar, pois nesse estágio (plântulas) elas são mais suscetíveis
ao controle;
capina mecânica: também chamada de cultivo mecânico;
utiliza cultivadores tracionados por animal ou trator. Essa técnica
apresenta a desvantagem de causar injúrias ao sistema radicular das
plantas cultivadas e não elimina as plantas daninhas na fileira de plantio.
O cultivo mecânico é incompatível também com o sistema de plantio
direto (como é o caso do plantio da soja no Brasil, no qual não é removida
a camada de serrapilheira que sobrou na superfície do solo na colheita
anterior), ficando restrito aos plantios no sistema convencional de aração
e gradagem do solo. Em relação à capina manual, tem a grande vantagem
de maior rendimento operacional, principalmente, em áreas extensas;
controle químico: é realizado por meio do uso de herbicidas, que
matam ou retardam o crescimento de plantas daninhas em benefício das
cultivadas. Possui grande eficiência no controle de plantas daninhas;
controle biológico: consiste em usar agentes, como insetos,
fungos e bactérias, para moderar a ação de uma planta daninha. Para
um organismo ser chamado de agente, deve ser submetido a rigorosos
testes de especificidade. Além disso, tem de demonstrar perenidade no
novo ambiente após sua liberação. O controle biológico pode ser aplicado
como alternativa ao uso de produtos tóxicos, que causam danos aos
seres vivos, ao solo e à água.
CEDERJ 13
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
EFEITO RESIDUAL
!
Os herbicidas utilizados no método de controle químico das plantas daninhas devem ser
De acordo com a registrados no Ministério da Agricultura. Em alguns casos, as Secretarias Estaduais de
estrutura química Agricultura podem baixar portarias proibindo o uso de determinados produtos. Para a
e as condições
utilização do controle químico, deve ser feita uma ampla avaliação. É necessário conhecer
edafoclimáticas,
a seletividade do herbicida para a cultura, a sua eficácia no controle das principais espécies
os herbicidas podem
ser totalmente daninhas presentes na área cultivada e o EFEITO RESIDUAL no solo, para evitar problemas
degradados ou podem de fitotoxidade nas culturas utilizadas em sucessão ou em rotação. O uso de herbicidas
deixar resíduos no apresenta maior custo inicial que outros métodos de controle e é indicado para lavouras
solo. Esses resíduos médias e grandes com alto nível tecnológico, onde a expectativa é de alta produtividade.
podem prejudicar O seu uso está vinculado aos cuidados normais recomendados nos rótulos pelos fabricantes
o crescimento e o e à assistência de um técnico responsável. Embora seja o método de controle que mais
desenvolvimento das vem crescendo ultimamente, o controle químico, se utilizado indiscriminadamente, pode
culturas em sucessão.
causar problemas de contaminação ambiental e seleção de plantas daninhas resistentes
Como exemplo,
a herbicidas. Cuidados adicionais devem ser tomados com o descarte de embalagens,
podemos citar o caso
do herbicida atrazine, armazenamento, manuseio e aplicação dos herbicidas.
que, se for usado
como herbicida na
cultura do sorgo,
pode causar injúrias
na cultura de soja
em sucessão.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Podem ser adotados procedimentos como:
- uso de sementes de qualidade e de boa procedência, livres de
mistura com sementes de plantas daninhas;
- limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas antes de
movimentá-los de um campo para outro;
- interrupção do ciclo reprodutivo das invasoras presentes em cercas,
pátios, estradas, terraços, canais de irrigação ou em qualquer outro
lugar da propriedade.
Você pode ter citado outros procedimentos além desses. Se tiver
alguma dúvida, não deixe de saná-la com a tutoria a distância.
14 CEDERJ
CONHECENDO PARA CONTROLAR
14
AULA
Para que possamos controlar eficientemente as plantas daninhas, é
necessário que elas sejam bem estudadas em seus aspectos morfológicos e
fisiológicos, e que as técnicas de controle também sejam bem conhecidas.
Foi denominada contaminação biológica a introdução involuntária ou
proposital de plantas e/ou animais exóticos. Estes, não encontrando
resistência ambiental de inimigos naturais, invadem novos ecossistemas,
onde se tornam também indesejáveis ou daninhos, causadores de
prejuízos ao ambiente e à economia.
CEDERJ 15
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
16 CEDERJ
14
AULA
Figura 14.6: Serralha (Emilia sonchifolia).
CEDERJ 17
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
!
Acontece, com freqüência, de o tamanho e a forma da semente da invasora coincidirem
com os das sementes das plantas cultivadas. São, assim, disseminadas junto com a
cultura. De fato, uma das duas formas mais significativas de disseminação de plantas
daninhas é a que ocorre por meio de sementes de culturas misturadas com sementes de
plantas daninhas. A outra é a disseminação através da água, por canais de irrigação e
drenagem.
!
Quando se lida com plantas daninhas, é importante adotar a rotação de culturas ou
a integração de métodos de controle para driblar a sua capacidade de adaptação ao
manejo.
18 CEDERJ
Para a escolha da melhor estratégia de manejo de plantas daninhas,
14
são fundamentais estudos científicos que forneçam dados sobre os
AULA
diferentes aspectos das plantas em cultivo e das potenciais invasoras.
A biologia e a ecologia constituem a base para a escolha do sistema
de manejo. Por exemplo: as espécies invasoras de picão (Bidens pilosa,
Galinsoga parviflora – Figura 14.10) são sensíveis à ação alelopática
(negativa) do centeio. Assim, o uso do centeio como cultura em rotação
com a soja numa área infestada com estas duas espécies poderá ajudar
no manejo.
CEDERJ 19
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
20 CEDERJ
d) Falha no diálogo entre pesquisadores e o agricultor, por
14
ineficiência de órgãos criados para facilitar a troca de experiências.
AULA
ATIVIDADE
3. Sabendo que:
plantas anuais são aquelas que possuem um ciclo vegetativo (germinam,
desenvolvem, florescem, produzem sementes e morrem) dentro de, no
máximo, um ano e reproduzem-se por sementes (exemplo: caruru
– Amaranthus viridis);
as bianuais são plantas que no primeiro ano apresentam apenas
crescimento vegetativo para no segundo ano produzirem flores, frutos e
sementes, e, após a disseminação das sementes, morrem; algumas podem
se comportar também como anuais, dependendo da região (exemplo:
rubim – Leonurus sibiricus);
as perenes se mantêm vivas durante muito tempo, reproduzindo-se
todos os anos, além de, geralmente, multiplicarem-se vegetativamente por
rizomas, estolões etc. (exemplo: tiririca – Cyperus sp).
COMENTÁRIO
Independente da estratégia que você escolheu, precisa ter levado
em conta os seguintes fatos relacionados:
a) o caruru é uma planta anual, assim, todo o trabalho de controle
deve estar voltado à não-produção de sementes;
b) o rubim é uma planta bianual, assim, deve ser combatido no 1º ano,
antes que floresça;
c) a tiririca é uma planta perene que se multiplica vegetativamente
com muita eficiência. Elas são melhor controladas por meio de
herbicidas sistêmicos, pois os sistemas mecânicos de controle
fazem com que se multipliquem ainda mais, pois se fragmentam e
espalham pedaços que rebrotam.
CEDERJ 21
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
22 CEDERJ
Como já dissemos, são plantas que suportam estresses como
14
escassez de água e extremos de temperatura. Espécies que medram
AULA
em diferentes latitudes e longitudes, em diversos tipos de solos. Têm a
capacidade de crescer e se reproduzir onde outras plantas dificilmente
sobreviveriam. O estudo destas características pode nos fornecer
conhecimento precioso a respeito da conquista e sobrevivência em novos
ambientes. Constituem um banco de genes de resistência com enorme
utilidade potencial.
Ao lado do que já foi dito, muitas são utilizadas em diversos
aspectos do nosso dia-a-dia. Aqui, daremos apenas alguns exemplos.
Você certamente conhece outros.
Alimentação
CEDERJ 23
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
Plantas apícolas
24 CEDERJ
Forrageiras
14
AULA
Como forrageiras, temos o capim-colonião (Panicum maximum)
e o capim-gordura (Melinis minutiflora), dentre outras.
Medicinais
!
Plantas medicinais x Plantas invasoras
Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro estudaram as plantas
invasoras de uso medicinal e alimentar em áreas de produção de olerícolas (hortaliças)
no município de Teresópolis, RJ. Os autores encontraram um total de 43 plantas invasoras
com indicação da utilização na região, distribuídas por 33 gêneros de 17 famílias, das
quais 90% são plantas de uso medicinal e 16% utilizadas na alimentação.
ADUBAÇÃO VERDE
CEDERJ 25
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
!
Agricultura sustentável
O emprego de técnicas de agricultura sustentável nos mostra que invasoras podem ser
utilizadas para controlar pragas em plantações. A utilização deste tipo de controle, além
de melhor que o uso de pesticidas, pode ser mais barata!
Você quer um exemplo? As plantações de milho na África são intensamentes atacadas
por Busseola fusca, um lepidóptero cujas larvas se alimentam das plantas de milho. Os
fazendeiros africanos estão conseguindo controlar o lepidóptero plantando capim-
elefante (Pennisetum purpureum) ao lado do milho.
O capim-elefante é uma daninha muito agressiva e de difícil controle, embora também
possua excelentes qualidades forrageiras. Foi introduzida em nosso país para esse fim.
Atualmente, é encontrada infestando lavouras anuais e perenes. Essa “daninha”, quando
plantada com o milho, protege a cultivada contra o lepidóptero, pois o inseto prefere
o capim-elefante, mas ele produz uma substância que mata as larvas. Além disso, o
capim-elefante protege o milho de ventos fortes e previne a erosão do solo em torno
de suas raízes.
Se você se interessou pelo assunto, busque mais informações sobre as pesquisas
desenvolvidas por Dr. Khan, um cientista indiano e diretor de pesquisa do Centro
Internacional para a Fisiologia e Ecologia.
26 CEDERJ
Ornamentais
14
AULA
Diversas plantas invasoras são belíssimas e utilizadas em
ornamentação. Dentre elas temos o lírio-do-brejo (Hedychium
coronarium – Figura 14.14), a pata-de-vaca (Bauhinua forficata – Figura
14.15) e a campainha (Ipomoea cairica - Figura 14.16).
CEDERJ 27
O Incrível Poder dos Seres Clorofilados | As plantas invasoras são vilãs?
!
Plantas companheiras são aquelas que interagem sinergicamente em um sistema de
cultivo de várias culturas numa mesma área (consórcio de culturas), que tem como
objetivo alcançar uma produção eficiente. Anteriormente, nesta aula, você viu vários
exemplos de plantas daninhas que podem ser cultivadas como companheiras por diferentes
motivos.
CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
28 CEDERJ
14
____________________________________________________________________________
AULA
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Esperamos que você tenha pesquisado e descrito um dos inúmeros
casos de falta de planejamento adequado para introdução de espécie
exótica. Dentre eles, podemos citar:
- o capim-colonião (Panicum maximum), de origem africana, que foi
introduzido como espécie forrageira; compete fortemente com a flora
nativa e forma uma biomassa altamente inflamável;
- algaroba (Proposis juliflora), de origem peruana, foi introduzida como
forrageira e pela sua madeira; dificulta a germinação de plantas nativas,
pois forma uma densa camada de serrapilheira à sua volta;
- aguapé (Eichornia crassipes) espécie sul-americana; recobre superfície
de corpos de água, impedindo sua oxigenação e prejudicando as
espécies aquáticas.
Não se esqueça de que, embora esses problemas tenham surgido, não
significa que não devamos introduzir espécies exóticas, apenas isso não
deve ser feito sem pesquisa e cuidados de planejamento.
RESUMO
CEDERJ 29