Manual Do Bulking
Manual Do Bulking
Manual Do Bulking
DO BULKING
Por Pedro Zachhuber
SUMÁRIO
O que é o bulking? 6
A sinalização da hipertrofia
e a importância da nutrição 17
Carboidrato no bulking 24
Proteína no bulking 29
Gordura no bulking 33
Integrando os conceitos:
Dividindo as refeições e macronutrientes 39
Escolhendo os alimentos 43
A importância da ingestão
de água durante o bulking 49
SEGREDOS DO BULKING 57
1º SEGREDO:
Comer de forma certa na bacia 57
2º SEGREDO:
A sensibilidade à insulina 59
Suplementos no bulking:
Aquilo que funciona! 65
BÔNUS:
Treine pesado, coma pesado 67
BÔNUS:
O checklist para saber se está evoluindo no bulking 69
Referências 71
01 SEM NUTRIÇÃO,
SEM BULKING
O coração de qualquer mudança na composição corporal sempre começa
e sempre começará com a nutrição. Isto porque nós somos seres feitos de
energia, principalmente por átomos de carbono, hidrogênio, hidrogênio,
desde a nossa organização mais simples (átomos) até a mais complexa
(o organismo como um todo).
5
02
O QUE É O
BULKING?
Como relatei anteriormente, bulking é a fase em que o ganho de massa
muscular é potencializado. Entretanto, há muitas confusões ainda sobre
o que de fato é o bulking em termos pejorativos, e primeiro preciso des-
mistificá-los para então te apresentar o que DE FATO é o bulking.
7
hormônio que permite alguns processos serem mais favorecidos em de-
trimento de outros. Não existe dicotomia na bioquímica e fisiologia, tudo
tem uma razão.
Se não houvesse insulina nossas células não receberiam glicose, seu prin-
cipal combustível. Sendo assim, sem insulina não existiria vida.
Mas aqui temos um ponto muito importante a ser discutido: a insulina não
é um hormônio que apresenta benefícios de forma dose-dependente.
Exposições prolongadas a este hormônio causado pelo excedente calórico
8
agressivo e com os alimentos incorretos (sim, você precisa comer “limpo”)
causam o favorecimento da hipertrofia do tecido adiposo.
E por que ele seria potencializado? Porque nós não reduzimos a nutrição
à ingestão de calorias. Antes disso ingerimos alimentos que se comportam
de maneira diferente no nosso metabolismo. E para explicar melhor isso,
vamos para o próximo capítulo.
9
03
NÃO EXISTE BULKING
SUJO, E NÃO EXISTE
BULKING COM BF ALTO
Os LPS são reconhecidos por TLR4 (toll-like receptor 4), que são basica-
mente vigias circulando pela corrente sanguínea, a fim de detectar algum
invasor e avisar as células da primeira linha de defesa que algo está inva-
dindo o organismo e precisa ser eliminado.
Portanto, isso se torna uma bola de neve cada vez maior, prejudicando
a microbiota, levando à um maior extravasamento de LPS que prejudicam
também a sensibilidade à insulina pela maior secreção de citocinas infla-
matórias, que podem impedir a sinalização da insulina através da compe-
tição pelos receptores tirosina-cinase.
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Porém, esse é o primeiro elo da cadeia de eventos que pode ocorrer
durante um bulking sujo. A verdadeira preocupação é o ganho de gordura
corporal exagerado.
12
Quando a POMC e o CART são estimulados, você tem a sensação de
saciedade e diminuição do apetite. Já quando o NPY e o AGRP são esti-
mulados, você tem a sensação de fome e aumento do apetite.
13
Figura 3 - Regulação da ingestão energética
através de diferentes órgãos.
Logo, mais insulina passa a ser secretada. Nesse contexto, o excesso desse
hormônio passa a produzir malefícios — maior direcionamento metabólico
para a formação de gordura, já que a insulina atua em dois fatores de trans-
crição, o ChREB e o SREBP1c, que irão transcrever (gerar) mais Acetil-CoA
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carboxilase e Ácido Graxo sintase, duas importantes enzimas do processo
da lipogênese de novo, sistema que transforma carboidrato e proteína em
gordura.
Outros motivos devem ser citados também: quando você inicia o bulking
com BF alto, sua margem para ganho é mínima, logo, você passa a fazer
ciclos de bulking/cutting curtos e nunca atingindo o potencial máximo
daquela fase. Se formos estereotipar, é como aquela pessoa que treina,
treina, treina e nunca evolui, o aspecto continua sempre o mesmo.
15
Você irá sofrer bastante no cutting também, tendo que passar por uma
fase de restrição calórica não somente bem longa, mas com uma alta
restrição. Fazendo isto, os mecanismos endógenos frente a preservação
da vida (aumento da fome e apetite) se elevam bastante. Bastante cárdio
será necessário também, ocupando tempo e esforço.
Esses mecanismos são ainda mais potentes, visto que temos um sistema
de “registro de normalidade de peso” no núcleo arqueado do encéfalo,
dependente daqueles neurônios que citei acima, a POMC e o CART.
Parece que quando você mantém um determinado peso corporal por uma
quantia de tempo (não sabemos o quanto ainda), aquele peso é tomado
como o padrão. Logo, ao tentar baixar aquele número, os estímulos para
o aumento da ingestão energética serão ainda mais proeminentes.
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04
A SINALIZAÇÃO DA
HIPERTROFIA E A
IMPORTÂNCIA DA
NUTRIÇÃO
Neste capítulo irei resumir como a sinalização para a hipertrofia muscu-
lar e integrar esse conceito com o objetivo de entender a importância da
nutrição para que este processo ocorra de forma eficaz, afinal, se fosse
detalhar de forma minuciosa como ocorre a hipertrofia muscular, seria
necessário o desenvolvimento de um e-book somente disto.
Uma sinalização é, como o nome sugere, um sinal para que um evento ocor-
ra. Comparando à uma analogia, é como o sinal verde no trânsito. Para que
esse sinal seja funcional e justificado, é necessário que haja carros nesta
via, caso contrário, o sinal é inútil.
Agora vamos partir para como ocorre esta sinalização. Bem, logo de início
é necessário quebrar um mito: hipertrofia muscular não ocorre devido ao
dano muscular, gerando então a necessidade de reparar esse tecido. Isto
é apenas uma consequência da contração muscular sob alta tensão.
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maneira visual, é como se quiséssemos escorregar num toboágua. Nós
somos o potencial de ação, a água são os íons e a estrutura do toboá-
gua, as células nervosas. Para que possamos chegar até nosso destino,
é necessário que a água torne a estrutura escorregadia.
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Figura 5 - Eventos para a contração muscular.
E o que isso tem a ver com a sinalização hipertrófica, você deve estar se
perguntando. Bem, no meio de tudo isso há uma proteína chamada inte-
grina. Ela conecta a matriz extracelular, ou seja, o espaço fora da célula
muscular, com a actina, a fim de detectar potenciais de ação e outras subs-
tâncias, e causar adaptações fisiológicas, já que a homeostase celular foi
perturbada.
20
via do achatamento nuclear/YAP, fosforilação direta da P70S6K, MAPK,
via da complexo esclerose tuberosa 2 (TSC2), inibição da via da miosta-
tina (SMAD1 e 2), aumento do fator de crescimento dos hepatócitos, au-
mento do GH por reflexo químico (devido ao aumento de H+ proveniente
do processo de contração muscular), aumento do IGF-1 (principalmente
a subparte MGF ou IGF-1Ec), aumento do cálcio no sarcoplasma, enfim,
são inúmeras vias, algumas sendo bem conhecidas e outras ainda sendo
descobertas.
Para fins didáticos, agruparei essas vias com base no seu destino: a ati-
vação da mTOR, o alvo de rapamicina dos mamíferos. A ativação dessa via
será subjacente à formação do complexo hipertrófico, que envolverá mais
algumas proteínas: a fosforilação da P70S6K, a desfosforilação da 4EBP-1
(proteína ligante do fator de iniciação eucariótico 4E), a ativação da eIF2E
(ela atua como um interruptor para os processos de iniciação da síntese
proteica) e a ativação da eIF4G.
21
Outro evento muito importante que acontece é a ativação das células sa-
télites, que são as células tronco do músculo. Elas têm a capacidade de re-
generar as fibras musculares injuriadas, manter o pool destas e gerar novos
mionúcleos. Algumas células satélites são a Myf4, MRF-5 e a miogenina.
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E onde a nutrição entra na sinalização hipertrófica? Basicamente em tudo.
23
05 CARBOIDRATO
NO BULKING
O carboidrato proveniente da dieta é altamente conhecido no meio da
nutrição esportiva, sendo o macronutriente mais importante no que tange
o aumento da performance. Isso também vale para a musculação, ainda
que a proteína seja o macronutriente chave para a hipertrofia muscular,
é o carboidrato, através das suas formas de armazenamento no corpo, que
promove o maior potencial de sinalização hipertrófica.
25
O glicogênio hepático também atua no treinamento, mas dificilmente ele
será utilizado na musculação, visto que a depleção de glicogênio mus-
cular teria que ser grande o suficiente para que o corpo identificasse uma
necessidade de mobilizar glicogênio hepático para o músculo. Isso pode
ocorrer com quem está passando por um período de choque de volume
ou treina com um volume muito alto.
26
Figura 8 - Substrato energético de acordo com
a intensidade do exercício.
Ter essa fonte energética prontamente disponível tem uma outra expli-
cação também: a quebra do glicogênio muscular é dependente do influxo
do cálcio. No capítulo anterior, citei o fundamental papel do cálcio no
sarcoplasma para desempenhar a contração. Ele também é um sinalizador
da quebra do glicogênio para que ele seja utilizado como energia.
Para que o glicogênio seja utilizado, ele precisa ser convertido até
a glicose-6-fosfato, e para isso, ele precisa sofrer ação da enzima glicogê-
nio fosforilase, a enzima de desramificação e a de fosfoglicomutase. A mais
importante é a glicogênio fosforilase, que inicia essa cadeira de reações.
27
Vejam que genial: a contração muscular é dependente de ATP e de cálcio.
Sendo que, o cálcio permite a contração muscular ao mesmo passo que
disponibiliza ATP através do glicogênio. É uma maquinaria celular perfei-
tamente funcional e eficiente.
28
06
PROTEÍNA
NO BULKING
A proteína é o macronutriente chave para crescer. Como foi discutido
no capítulo “sinalização hipertrófica e a importância da nutrição”, o pro-
cesso de síntese proteica culmina, através de diversas vias, na emissão de
um RNA mensageiro pelo núcleo da célula muscular, para que ele seja
traduzido pelo ribossomo e a proteína seja fabricada.
30
O grupamento nitrogênio é removido do aminoácido, se liga ao glutamato/
glutamina/aspartato/alanina (dependerá de qual tecido esse aminoácido
está sendo retirado e em que momento metabólico. Por exemplo, no exer-
cício, o piruvato se liga ao nitrogênio formando alanina que seguirá para
o fígado e será fornecido para o glutamato) segue para o ciclo da ureia,
que formará inicialmente carbamoil-fosfato e ao fim, ureia. Outros im-
portantes compostos formados são a arginina, citrulina e ornitina durante
esse processo.
Podemos perceber, a partir disto também, que não adianta comer proteína
em excesso, o que não for utilizado para a síntese proteica, seguirá outras
rotas metabólicas, e a maioria não é utilizado.
31
Figura 9 - As vias da hipertrofia culminam na requisição
de aminoácidos para sintetizar proteína muscular.
32
07
GORDURA
NO BULKING
A gordura não influencia diretamente na performance no treinamento para
a hipertrofia muscular, mas ela prepara o terreno celular, garante maior
adesão à dieta e fornece substrato para a produção hormonal, principal-
mente os esteroidais.
34
O estrogênio também desempenha seu papel, promovendo maior
absorção de cálcio no trato digestivo, mantendo a saúde óssea através da
regulação da atividade de desmineralização e calcificação óssea, bem como
influenciar na distribuição de gordura no corpo. Ter o estradiol, principal
hormônio estrogênico, baixo demais pode levar à fragilidade óssea pela
maior desmineralização e favorecer o acúmulo de gordura na porção cen-
tral (abdominal) do corpo. Essa gordura, principalmente visceral, é capaz
de aumentar o estado inflamatório através da maior produção de citocinas
inflamatórias, prejudicando a hipertrofia.
Mas não basta ser qualquer gordura. Há duas principais formas deste
macronutriente: as saturadas e as insaturadas.
35
to metabólico melhor. Desde que numa dieta ajustada, sua ingestão me-
lhora a sensibilidade à insulina, elas geram menos quilomícrons quando
comparado à gordura saturada. Os alimentos que a contém são muito
saudáveis, possuindo fitoquímicos que auxiliam a hipertrofia e o desempe-
nho no treinamento, como a óleoletanolamida, importante reguladora da
saciedade; o betahidroxibutirato e a oleuropeína, que promovem produ-
ção de UCP3 nas mitocôndrias, aumentando a taxa metabólica basal (mas
não se engane pela via mecanicista, o impacto, embora exista, é baixo).
36
08
COMO CALCULAR AS
CALORIAS E O SUPERÁVIT
CALÓRICO IDEAL
Este tópico poderia ser extremamente extenso, mas como já foi abordado
em detalhes o que deve ser pensado, no que tange à nutrição em termos
fisiológicos e bioquímicos, para a hipertrofia muscular, deixarei ele de fácil
consumo.
Mas fique calmo(a), vou apresentar uma ótima forma de simplificar tudo
isto e aplicar de maneira muito fácil.
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09
INTEGRANDO OS
CONCEITOS:
Dividindo as refeições
e macronutrientes
Algumas dúvidas bem comuns neste tópico são: pode comer carboidrato
com gordura?; pode comer diferentes tipos de alimentos fonte de carboi-
drato? E proteína?. Sim, você pode fazer a mistura que quiser, pois ela não
haverá impacto negativo na hipertrofia muscular.
40
Esse efeito fisiológico diminuirá a sensibilidade à insulina, favorecendo
o ganho de gordura, já que outras enzimas, comoa acetil-CoA carboxila-
se e ácido graxo sintase, ainda estão em plena atividade e haverá maior
emissão de insulina para lidar com um determinado aporte de carboidrato,
que se ingerido durante o dia, seria menor.
E por que esses efeitos devem ser levados em conta para quem está em
bulking, se o público estudado são obesos e diabéticos?
41
Em relação à divisão de macronutrientes, como foi possível perceber nos
capítulos anteriores, isto é algo mais complexo. Mas para facilitar a sua
vida, aqui está uma lógica que é funcional e efetiva:
A primeira parte para calcular sua dieta deve ser a proteína. A partir das
calorias totais que devem ser ingeridas, subtraia a quantia calórica que
a proteína deve ocupar. Por exemplo: você pesa 80kg, necessita de 3000
calorias para a primeira fase do bulking, e adotou 2g/kg de proteína. Como
a proteína gera 4kcal/g, ela ocupará 640 kcal, sobrando 2360 kcal para
trabalhar.
42
10 ESCOLHENDO
OS ALIMENTOS
Aqui mora um dos pontos mais importantes do bulking: escolher os alimen-
tos corretos.
44
ALIMENTOS RICOS EM GORDURA
LEGUMES/VERDURAS/VEGETAIS*
45
11
PRÉ E PÓS TREINO,
AS REFEIÇÕES MAIS
IMPORTANTES?
Creio que a este ponto do ebook, se você leu todos os outros capítulos, já
tem uma certa ideia de se as refeições mais importantes do seu dia serão
as refeições pré e pós treino, pensando em hipertrofia muscular.
A verdade é que não. Todas as refeições têm impacto igual na sua perfor-
mance e no ganho de massa muscular e as razões por trás disso são bem
simples.
Embora muitos acreditam que a energia fornecida para o treino seja atra-
vés daquilo ingerido imediatamente antes da sessão, ou em 2-3h antece-
dentes, não é bem assim que funciona. Ainda que possamos disponibilizar
energia rapidamente para o treino ingerindo somente carboidrato em
60-90min antes do treino, como por exemplo, leite condensado, doce de
leite, entre outros alimentos ricos em carboidrato de rápida digestão, isso
não é algo significativo, pois eles não terão tempo de formar glicogênio,
a principal forma de combustível energético para o treinamento.
Todas as refeições que antecedem a sessão de treino, são o pré treino. Isto
porque o glicogênio muscular leva de 4 a 6h para ser sintetizado a partir
do momento de ingestão de alimentos com carboidrato. Então somente
aquilo ingerido neste intervalo será proveitoso? Não.
O músculo estoca glicogênio e o utiliza para si mesmo, somente quando
exercitado. Diferentemente do glicogênio hepático, devido à ausência da
enzima glicose-6-fosfatase, ele não contribui para a manutenção da gli-
cemia durante períodos de jejum. Sendo que, mesmo quando você estiver
treinando, somente o músculo ativo sofrerá queda de glicogênio muscular,
todos os outros tendem a preservar ou ter mínimas alterações negativas
no seu conteúdo.
Quanto à refeição pós treino, ela tem um maior impacto no que tange
a hipertrofia muscular. Porém, quando se refere a esse período, não
é 30-45min como se acreditava no passado. Os eventos de transcrição
e elevação da síntese proteica são iniciados em cerca de 4h após o início
da sessão de treino, e podem permanecer elevados até 48h em indivíduos
iniciantes na musculação, e em indivíduos avançados, o pico de aprovei-
tamento proteico parece ser em cerca de 6h, e permanece elevado até
18-24h, pois são pessoas mais eficientes na síntese proteica. Lembrando
que a SPM não é somente para a construção muscular, é também para
a reparação.
47
E para definir a verdadeira importância desta refeição, é necessário
estabelecer dois quadros: quem treina em jejum e quem treina em estado
alimentado.
48
12
A IMPORTÂNCIA DA
INGESTÃO DE ÁGUA
DURANTE O BULKING
Fator muito negligenciado pela maioria das pessoas, sejam aquelas que
buscam saúde de forma geral, ou até que buscam performance na acade-
mia ou em exercícios de endurance, é a ingestão de água. E o preço por se
esquecer dessa ingestão é caro.
50
Uma boa ingestão reside na casa dos 25-50ml/kg. Quanto maior for seu
nível de atividade e exercício físico, vivendo em locais com temperatura
alta, mais próximo sua ingestão deve estar do limite superior.
Beba água.
51
13
REFEIÇÕES LIVRES,
COMO FAZER E
QUANDO FAZER
As refeições livres devem ser feitas com extrema cautela durante o bulking.
A hipertrofia muscular não tem dose-dependência do superávit calórico,
ela depende de um bom tempo de exposição à este, mas não da intensida-
de, porém, a hipertrofia do tecido adiposo tem dose-dependência, e seu
ganho exagerado prejudica a hipertrofia.
A refeição livre também não é totalmente livre, ela tem uma meta calórica
máxima que não deve ser ultrapassada. Calorias são calorias, e se você
exagerar, irá engordar.
Outro ponto: refeição livre é somente UMA refeição, e não um dia inteiro.
Por exemplo: sua ingestão diária deve ser de 4200 kcal, na semana isto
seriam 29400 kcal. Separe 2000 kcal para ser ingerido de forma livre, de
acordo com os dias que tiver vontade.
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14
ESTRATÉGIAS
NUTRICIONAIS
Ciclo do carbo, Jejum intermitente
e carb back loading
55
Outro ponto é que, durante o bulking, é normal que o apetite seja dimi-
nuído, isso ocorre através de mecanismos fisiológicos que barram o ganho
de peso — maior produção de hormônios anorexígenos, como a insulina,
leptina, CCK, PYY, GIP, GLP-1, oxintomodulina, amilina, nesfatina-1. Uma
das formas de driblar isto é justamente espaçando as refeições e diminuin-
do o volume alimentar. No jejum intermitente essa habilidade se torna
restrita pela janela de alimentação curta.
56
SEGREDOS DO BULKING
15
1º SEGREDO:
Comer de forma certa na bacia
Um bom bulking deve ser feito comendo na bacia. É isso que vai te trazer
resultado.
Mas não é enchendo a bacia de Nescau ball, leite e achando que ganhará
kilos e kilos de massa muscular. Não vai. Você só ganhará gordura.
E por que comer eles? Porque são ricos em fibras, proporcionando um bom
perfil glicêmico, lipídico e funcionamento intestinal; porque fornecem pro
bióticos, melhorando a sua microbiota e permitindo uma melhor absorção
e digestão dos alimentos; porque garantem todos os micronutrientes que
você necessita, sem precisar de multivitamínicos; porque melhoram sua
imunidade através do fortalecimento das zonulinas.
Não existe bulking sem organismo saudável. Não adianta comer 1kg de
arroz no dia se seu intestino não comporta esse volume, se sua imunidade
está ruim, se sua ingestão de micronutrientes (que são cofatores para a
produção energética) está deficitária.
58
SEGREDOS DO BULKING
16
2º SEGREDO:
A sensibilidade a insulina
Além disso, ela favorece algumas enzimas e vias que levam ao estoque de
gordura no organismo, principalmente através dos fatores de transcrição
SREBP1c e ChREB. Esses fatores de transcrição irão aumentar a atividade
de enzimas envolvidas na síntese de gordura, a citrato liase, a acetil-CoA
carboxilase e a ácido graxo sintase.
Para que a boa sensibilidade à insulina seja mantida, há alguns pontos que
devem ser obedecidos:
Não existe bulking com percentual de gordura corporal alto. Todos os me-
canismos para isto foram explicados no capítulo “não existe bulking sujo”.
Para que essa fase produza ganhos de hipertrofia, deve haver espaço pa-
ra o ganho de gordura, e quanto mais gordura você tem, mediante a um
superávit calórico, mais gordura ganhará.
60
Isso se torna extremamente importante no bulking pois sua capacidade de
oxidar mais substrato e melhorar a performance através da maior síntese
de ATP, sensibilidade à insulina (pois a célula se torna mais apta à oxidar
substrato) e capacidade respiratória— aumentando o limiar de esforço.
61
SEGREDOS DO BULKING
17
3º SEGREDO:
Como driblar o excesso de
saciedade e a falta de apetite
63
18
QUANTO TEMPO
DEVE DURAR
O BULKING?
Não existe bulking curto. Esta fase é destinada para o máximo de hipertrofia
muscular, e como foi mencionado diversas vezes ao longo deste ebook,
a hipertrofia leva muito tempo para ocorrer, e para que ela seja potencia-
lizada, a exposição ao superávit calórico deve ser longa.
Por isso que é extremamente importante que você aplique todos os con-
ceitos trazidos aqui: mantenha a boa sensibilidade à insulina; mantenha a
saciedade e apetite controlados; fracione suas refeições ao longo do dia
de maneira a otimizar a síntese proteica; faça etapas de ressensibilização.
Trabalhe duro.
19
SUPLEMENTOS
NO BULKING:
Aquilo que funciona!
E por último, o whey. Whey protein nada mais é que a proteína concen-
trada, isolada ou hidrolisada do soro de leite. Ela não tem nenhuma pro-
priedade exclusiva, serve como qualquer outra fonte de proteína para a
hipertrofia muscular. Use somente se necessitar, seja por conta da rotina
ou porque gosta.
66
20
BÔNUS:
Treine pesado, coma pesado
Não adianta ter a melhor dieta do mundo se não existe demanda para isto.
68
21
BÔNUS:
O checklist para saber se
está evoluindo no bulking
E por último, fotografe seu físico a cada 1 mês e compare as fotos ao longo
do tempo. A evolução estará evidente.
70
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