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Casos Práticos IED

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Casos Práticos Interpretação

CASO I
A Sofia e Beatriz celebraram um contrato de arrendamento, tendo reduzido o negócio jurídico a
escrito.
A locatária entende, agora, que o negócio é nulo por falta de forma, uma vez que, segundo o Art.
362.º do Código Civil, documento é “qualquer objeto elaborada pelo homem com o fim de reproduzir
ou representar uma pessoa, coisa ou facto”.
Quid iuris?

-Objeto Interpretativo: palavra ‘’homem’’


-Interpretação Declarativa Lata (palavra homem deve ser entendida no seu sentido lato e não no
seu sentido restrito ou médio)

CASO II

O Governo pretende estabelecer a obrigatoriedade no uso de máscaras FFP2 a todas as pessoas.


De forma que a norma entre em vigor o mais rapidamente possível, coloca-se a questão da
admissibilidade, ao abrigo do Art. 18.º n.º 2 da Constituição, da aprovação por Resolução de
Conselho de Ministros.

Quid iuris?

- Objeto Interpretativo: palavra ‘’lei’’


-Interpretação Declarativa Restrita

CASO III

Em 2021 surge uma moda viral, onde os jovens adotam ratos como animais de estimação e partilham
fotos dos mesmos nas redes sociais.

O Governo preocupado que os ditos ratos sejam abandonados na via pública, quando terminar a moda
viral, aprova uma lei que estabelece: “Quem tiver, no seu domicílio, mais do que dois ratos é
condenado a uma coima de 150 euros.”

Berto, informático, crê, agora, que tem de se desfazer dos seus 40 ratos de computador.

Quid iuris?

- Objeto Interpretativo: palavra ‘’rato’’


-Interpretação Declarativa Média

CASO IV
António é colecionar de obras surrealistas e vende à sua nora, Berta, um quadro de Salvador Dali.

Camila, filha de Antónia, evoca que o negócio é anulável, por violação do Art. 877.º do Código Civil.
Berta defende que o ordenamento jurídico, em momento algum, proíbe esta alienação.

Quid iuris?
- Objeto Interpretativo: palavra ‘’nora’’ em relação com o Art. 877.º (nora como filha)
-Interpretação Reconstitutiva Extensiva

CASO V
Suponha que determinada norma, relativa ao ensino superior, estipula que: “As grávidas e mães têm o
direito a realizar exames em época especial.”

A Carla intenta a realização de um exame em período especial, argumentando que é mãe de 7 filhos,
mas o Professor recusa, evocando que a norma não se aplica para quem tem filhos maiores.
Quid iuris?

-Objeto Interpretativo: palavra ‘’mãe’’


-Analogia dos dois termos da lei (‘’grávida’’ e ‘’mãe’’): mãe deve ser entendido por analogia
para mães de filhos menores incapazes de cuidar de si mesmo de forma autónoma e
independente
-Princípio da igualdade
-Interpretação Reconstitutiva Restritiva

CASO VI
Com o mediatismo da suspensão de algumas vacinas contra o Covid-19, fica instalada, num grupo
expressivo da população, uma desconfiança generalizada nas vacinas.

Para aumentar a taxa de vacinação, a AR discute a publicação de uma lei a determinar a


obrigatoriedade da vacinação.
Simultaneamente, o Governo, para esclarecer as dúvidas das autoridades de saúde, aprova uma lei
que estabelece a facultatividade das vacinas.

A lei, que torna a vacinação obrigatória, e o Decreto-lei, que estabelece a facultatividade, entram em
vigor no mesmo dia.
Quid Iuris?

-O problema surge da existência simultânea de duas regras conflituantes que são


hierarquicamente equiparadas (Art. 122.º/2, 1ª parte CRP).
-Esta é uma contradição insanável pelo que terá de ser feita uma interpretação ab-rogante lógica.
Não é possível retirar das regras um sentido uma vez que não há um conflito hierárquico, não
podendo uma regra derrogar a outra. Não havendo nenhum critério de prevalência entre uma e
outra regra, teremos de considerar ambas as disposições como inválidas. O resultado da
interpretação revela-nos uma lacuna oculta - não é possível extrair um sentido destas leis e pela
interpretação não é possível sanar essa contradição.
-Neste caso, a interpretação ab-rogante é a única hipótese possível.

CASO VII
Em 2021, a comunidade internacional reconhece um novo Estado, que defende política intensamente
discriminatórias contra as mulheres. Entre essas medidas, encontra-se o dever absoluto de obediência
aos cônjuges, a proibição de sair de casa sem autorização de familiar do sexo masculino e a proibição
de ingressar no ensino superior.
Beatriz, sensível a causas sociais, decide queimar a bandeira deste país junto à sua embaixada em
Portugal.
Uma semana depois, Beatriz é acusada pelo Ministério Público de praticar o crime de Ultraje de
Símbolos Estrangeiros, previsto e punido no Art. 323.º do Código Penal.

Em julgamento, evoca que a sua condenação seria imoral e extremamente injusta, devendo a norma
em questão ser expurgada do ordenamento jurídico.
-O bem jurídico protegido (símbolo estrangeiro) não se sobrepõe aos direitos tutelados pela
CRP de Liberdade de Expressão (Art. 37.º) e Liberdade de Manifestação (Art. 45.º), pelo que se
podia argumentar no sentido de possível inconstitucionalidade da aplicação desta norma do CP
a este caso.
-Em qualquer caso, não é admissível a Interpretação Corretiva.

CASO VIII
Maria, apreciadora de pedras preciosas, compra a Bento um diamante, de 50 quilates, pelo valor de 1
milhão de euros.
Maria rapidamente se arrepende do negócio e questiona António, estudante de Introdução ao Estudo
de Direito, se pode exigir a devolução do preço pago.
António, alega ter encontrado uma solução. O Contrato é nulo, porque foi celebrado verbalmente.
Argumenta que o Art. 875.º do CC deve aplicar-se a objetos móveis de grande valor, como pedras
preciosas e obras de arte. Convence Maria que as razões justificativas subjacentes à referida regra, a
solenidade (publicidade), a reflexão e a prova, também se colocam neste caso.

Concorda com António?


Quid iuris?

-Não, António faz uma Extensão Teleológica do Artigo


-António realizou uma interpretação enunciativa (argumento à contrário censo).
-O Art. 875.º, é uma norma excecional. Logo, António está errado pois por via do argumento
acima referido este negócio não estaria sujeito a documento particular autenticado

CASO IX
Na sequência da ocorrência de desacatos graves entre os adeptos num jogo de andebol do
campeonato nacional, que se agrediram com paus e pedras, é publicado um decreto-lei que determina
o seguinte:
"É absolutamente proibida a entrada em locais onde se realizem eventos desportivos com quaisquer
objetos contundentes".

Pergunta-se:

4. Joaquim é abordado pelos agentes da autoridade durante a realização de um jogo de voleibol num
pavilhão desportivo por ter consigo um taco de beisebol; alega, no entanto, que não entrou com
aquele objeto, que lhe foi confiado por outra pessoa já lá dentro, pelo que não está a violar a lei.
Quid iuris?

-Objeto Interpretativo: Entrada


-Argumento a fortiori: se a lei permite o menos também permite o mais, ou seja, a lei ao proibir
a entrada, está tacitamente a permitir tudo o que decorra da ‘’entrada’’ num evento desportivo
com um objeto contundente, incluindo a ‘’permanência’’.
-Interpretação Enunciativa

CASO 1 (SANDRA LOPES LUÍS)


Arlindo, adepto fervoroso do Benfica e sócio n.º 999, assiste sempre aos jogos de futebol do clube
com o grande amigo Nélson. Em dia de derby na Luz, com a emoção do jogo, sentiu-se mal e foi-lhe
diagnosticada uma doença grave, tendo os médicos previsto que apenas teria 3 meses de vida. Ao
saber desta pavorosa notícia, Arlindo decidiu fazer um testamento público, em Janeiro de 2009, do
qual constava uma disposição a favor de Nelson com o seguinte teor:

‘’Lego ao meu amigo Nelson a minha camisola autografa pelo Eusébio, no caso de o Benfica ser
-

CASO 2 (SANDRA LOPES LUÍS)

Quid iuris?

CASO 3 (SANDRA LOPES LUÍS)

Quid iuris?

CASOS DE EXAME – Coincidências Turma B 2019


Albana, jovem agricultora, proprietária de um campo de trigo que foi parcialmente destruído na
sequência de fogo posto, cujo autor não se conseguiu identificar, pretende saber se poderá reclamar
uma compensação junto da Junta de Freguesia respetiva.
Quid iuris?

1. Identificação do objeto da interpretação: “desastres naturais”;


2. Interpretação do mesmo à luz dos elementos da interpretação: literal, sistemático, histórico e
teleológico;
a. Identificação da especial intenção do legislador ao pretender precaver os prejuízos
originados em virtude de “oscilações meteorológicas” com a sua concomitante intenção
de “incentivar a que mais indivíduos se dedicassem a esta atividade, diminuindo os
riscos que lhes estão associados”;
b. Tomada em conta das normas da UE no sentido de atenuar quaisquer eventos
adversos na agricultura, independentemente da sua fonte;
c. Ponderação da solução adotada em matéria de pescas – lugar paralelo uma vez que
estamos também perante medidas protecionistas no setor primário – que apenas faz
referência a “motivos naturais”;
3. Perceção de que os contributos interpretativos apresentam orientações antagónicas;
4. Valorização da concreta ponderação dos vários elementos interpretativos fornecidos e tomada
de posição justificada por uma interpretação extensiva do preceito ou aplicação analógica ou, ao
invés, de uma interpretação declarativa

Berílio, proprietário de um rebanho com cerca de 50 cabeças de gado e seu único meio de sustento,
pretende saber se pode reclamar uma compensação junto da Junta de Freguesia respetiva, tendo em
conta que mais de metade das suas ovelhas faleceram depois de vários relâmpagos que as atingiram
na sequência de uma tempestade avassaladora.
Quid iuris?

1. Identificação do objeto da interpretação: “plantações” ou “agricultura”, genericamente;


2. Interpretação do mesmo à luz dos elementos da interpretação: literal, sistemático, histórico e
teleológico;
3. Conclusão de que “pecuária” não cabe no sentido literalmente possível de agricultura;
4. Tomada em consideração da pecuária como sendo uma atividade inserida no setor primário
tal como a agricultura e a pesca, o que justifica a identidade entre as atividades;
5. Identificação da uma lacuna atendendo aos dados fornecidos no enunciado, estando
verificado o requisito de “desastre natural” previsto no n.º 1 do artigo 3.º do DecretoLei n.º
3/2019;

Carminda, que se dedica à agricultura desde sempre, ficou com as suas colheitas completamente
destruídas depois de chuvas torrenciais devassarem todo o seu terreno. Quando se dirigiu à Junta de
Freguesia respetiva para reclamar uma compensação, foi informada de que não tinha direito à mesma,
uma vez que recebia € 250 mensais decorrentes de um contrato de usufruto que tinha celebrado com
Dora, montante esse que “servia perfeitamente para o seu sustento”.
Quid iuris?

1. Identificação do objeto da interpretação: “outro meio de sustento”;


2. Interpretação do mesmo à luz dos elementos da interpretação: literal, sistemático, histórico e
teleológico;
3. Especial ênfase para o elemento histórico e teleológico;
4. Identificação do que deverá ser considerado “outro meio de sustento”, uma vez que estamos
perante um conceito relativamente indeterminado.
5. Tentativa de densificação do conceito por referência, por exemplo, à necessidade de “outro
meio de sustento” ter um valor que permita efetivamente a subsistência de um indivíduo (ex.
ordenado mínimo...);
6. Valorização da concreta ponderação dos vários elementos interpretativos fornecidos e tomada
de posição justificada pela interpretação restritiva de “outro meio de sustento”, identificado
nomeadamente que não bastaria que a pessoa em causa auferisse quaisquer outros rendimentos
para se considerar excluída do âmbito de aplicação do n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º
3/2019.

Casos Práticos Integração de Lacunas


CASO I
Na sequência da ocorrência de desacatos graves entre os adeptos num jogo de andebol do
campeonato nacional, que se agrediram com paus e pedras, é publicado um decreto-lei que determina
o seguinte:
"É absolutamente proibida a entrada em locais onde se realizem eventos desportivos com quaisquer
objetos contundentes".
Pergunta-se:
Pode deixar-se entrar Cláudia, que transporta consigo uma pequena e leve pistola, para a qual tem
licença de uso e porte de arma?

Quid iuris?

-Objeto Interpretativo: Objetos Contundentes. É este um conceito indeterminado, com palavras


vagas e imprecisas com vista a abranger uma multitude de situações concretas.
-Elemento Literal: objetos contundentes como qualquer objeto duro e pesado passível de causar
ferimentos. Sendo uma leve e pequena pistola, e não sendo por definição um objeto
contundente, mas sim uma arma de fogo, pode causar ferimentos na sua fruição normal.
-Elemento Histórico: decreto é feito na sequência de desacatos graves num campeonato
nacional.
-Elemento Teleológico: em conjugação com o elemento anterior, o fim da norma é evitar que
situações semelhantes se tornem a repetir, ou na eventualidade, de se repetirem, evitar
ferimentos.
Interpretação:
-Considera-se, portanto que deve ser feita uma Interpretação Enunciativa (‘’se se proíbe o
menos, proíbe-se o mais’’).
Integração:
-Art. 9.º/2  há que proceder à integração de lacunas por não haver na lei o mínimo de
correspondência com esta situação em específico (objetos contundentes não abrangem armas de
fogo).
-Art 10.º/1  aplicação analógica; lacuna deve ser integrado na lógica do caso análogo.

CASO II
Ana trabalha para uma empresa que se dedica a investimento relacionado com criptomoedas.
Em 2020, recebeu um bónus por bons resultados, em “bitcoins”.
A Autoridade Tributária pretende, em 2021, tributar as “bitcoins” recebidas por Ana.
Neste sentido, a AT evoca que como as quantias pagas com moeda com curso legal no estrangeiro
são tributadas, também devem ser as criptomoedas.

Quid iuris?
Interpretação
-Objeto Interpretativo: moeda com curso legal no estrangeiro
-Resta averiguar se as criptomoedas, particularmente a bitcoin, se incluem no preceito do objeto
interpretativo. A criptomoeda é uma moeda aceite e regulamentada em vários países
(nomeadamente nos EUA, Austrália), mas a sua cotação e fungibilidade são problemas. Para
todos os efeitos, a criptomoeda não é uma moeda legal em nenhum país, não cabendo na
previsão do preceito levantado pela AT.
Integração
-A Lei Geral Tributária estabelece, no Art. 11.º/4, que as lacunas resultantes de normas
tributárias abrangidas na reserva de lei da AR não são suscetíveis de integração analógica.
Também pelo disposto no Art. 103.º/2 da CRP, os impostos devem ser criados pela lei, não
sendo por isso passiveis de integração analógica.
-Assim, e atendendo aos princípios de segurança jurídica supramencionados, conclui-se que a
tributação das bitcoins recebidas por Ana é ilegal, e possivelmente inconstitucional
(insusceptibilidade de interpretação analógica).

CASO III
Albino faz da prática de furtos modo de vida.
Numa manhã de abril, Albino subtrai uma mala a Berta, terrorista, que estava prestes a instalar um
engenho explosivo num edifício em Lisboa.
Albino é detido em flagrante delito por Carlos, agente da autoridade.
Em Tribunal, Albino alega que evitou a morte de muitas pessoas, ainda que, no momento da prática
dos factos, desconhece que a mala subtraída tinha explosivos prestes a serem instalados.
Assim, considera que não pode ser condenado pela prática de furto consumado, mas apenas por furto
na forma tentada, por aplicação conjugada do Art. 32.º do Código Penal e, por analogia, do Art. 38.º
n.º 4 do mesmo diploma.

Quid iuris?

-Não se trata de uma matéria de proibição de analogia, não estamos perante regras penais
positivas (‘’não há crime sem lei’’). Só existiria se fosse aplicada a analogia a uma norma que
fosse desfavorável ao arguido, assim, nada impede a aplicação analógica (é possível a
interpretação analógica se isso for mais favorável no caso concreto).
-32.º CP  verificam-se todos os pressupostos objetivos da Legítima Defesa. Não se pode
aplicar este preceito diretamente pois albino não sabia que estava a atuar em Legitima Defesa, e
nesse sentido pretende aplicar o 38.º/4.
-38.º/4 CP  desvalor da ação, mas não do resultado.
-Poderia aplicar-se analogicamente ao Albino, por ser mais favorável.

CASO IV
Patrícia, residente fiscal no Porto, vem estudar Direito para Lisboa, onde arrenda casa.
Quando regressa da faculdade, Patrícia estaciona frequentemente o carro junto ao apartamento que
arrendou.
Certo dia, a EMEL sujeita Patrícia ao pagamento de uma coima de 200 euros por estacionar o
carro “numa zona onde o estacionamento é proibido, exceto para residentes fiscais”.

Quid iuris?
-Norma excecional é a parte do ‘’exceto para residentes fiscais’’.
-Art. 11.º  interpretação reconstitutiva extensiva
-Normas Excecionais Formais vs. Materiais  Esta é uma norma de excecionalidade material
(ius singulare), por ser uma norma de direito que, contrariando o princípio geral de Direito, é
introduzida por razões de utilidade particular contra a razão geral.
-Sentido da norma é permitir o estacionamento para moradores… MENCIONAR AS 2 VIAS
ABAIXO (JAV vs. OA).
-JAV (taxatividade do preceito no sentido de proibição da analogia em TODAS as normas
excecionais) vs. OA (relevância dos trabalhos preparatórios para o Art. 11.º e possibilidade de
aplicação analógica nas normas excecionais materiais)

CASO V
António, pensionista, foi contratado pelo INAC, I.P. para funções públicas ao abrigo do Art. 11.º do
Decreto-Lei n.º 145/2007 que dispõe:

“Para o desempenho de funções que tornem indispensável a respetiva especialização profissional, o


INAC, I. P., pode contratar pilotos de aeronaves, controladores de tráfego aéreo ou outros técnicos
de aviação civil, de reconhecida competência, em situação de aposentação, de reforma ou de reserva
das Forças Armadas, até à idade de 70 anos.”

Sucede que o INAC não sabe que regime remuneratório aplicar a António, porquanto se estabelece no
Art. 78.º do Decreto-Lei n.º 498/72:

“N.º 1 – Os aposentados não podem exercer funções públicas remuneradas para quaisquer serviços
da administração central, regional e autárquica, empresas públicas, entidades públicas
empresariais, entidades que integram o sector empresarial regional e municipal e demais pessoas
coletivas públicas, exceto quando haja lei especial que o permita.
N.º 2 – Os aposentados autorizados a exercer funções públicas podem cumular parcialmente, nos
termos definidos pela lei especial, o recebimento da pensão com qualquer remuneração
correspondente àquelas funções.
N.º 3 – O disposto nos números anteriores tem natureza imperativa, prevalecendo sobre quaisquer
outras normas, gerais ou excecionais, em contrário.”

Se fosse juiz qual o regime remuneratório que considera aplicável, considerando que:
· O Decreto-Lei 145/2007 apenas estabelece o estatuto remuneratório de 3000 euros, sem identificar
o regime de cumulação parcial com a pensão auferida por trabalhador.
· O Acórdão do Tribunal Constitucional, processo n.º 132/04, considera que o Decreto-Lei 498/72 é
uma lei de valor reforçado.
· Que legislação anterior, atualmente revogada, estabelecia a possibilidade de cumular a pensão com
uma terça parte da remuneração que compete às funções de chefe de equipa de zona e de vigilante.

Quid iuris?

-11.º/3  Por não existirem casos análogos, teríamos de recorrer à norma que o intérprete
criaria
-Atendendo aos princípios formais e materiais
-Será legítimo considerar que o intérprete
CASO 1 (SANDRA LOPES LUÍS)
Natália, a mais recente vencedora do euromilhões, decidiu realizar um dos sonhos da sua vida, que
era adquirir um automóvel da marca porsche. Para tal dirigiu-se ao stand de automóveis, e escolheu o
descapotável vermelho porsche boxster S (já se estava a ver a passear na ponte Vasco da Gama ao
volante do seu vermelhinho!).

O vendedor do automóvel, António, insistiu na necessidade de escritura pública para a concretização


da venda, atendendo a que os automóveis são bens sujeitos a registo e também muitos deles são bem
mais caros que alguns bens imóveis. Natália, considera haver um excesso de forma se a celebração
deste contrato de compra e venda for feita através de escritura pública, atendendo ao disposto nos
artigos 875.º e 219.º do CC.

Quid iuris?

-António, ao defender a necessidade da escritura pública pretende a aplicação do art. 875 do CC


a este contrato. Todavia a previsão de tal artigo não está preenchida, dado que se refere a bens
imóveis, por isso a sua aplicação tem por base a analogia legis. António pressupõe a existência
de uma lacuna quanto à forma do contrato para a venda de bens móveis sujeitos a registo,
lacuna essa que vai integrar com a aplicação da norma que disciplina a forma dos bens imóveis
prevista no Art. 875 CC. Chega inclusive, a apresentar uma suposta ratio do preceito para o
justificar: a tutela de negócios que envolvem valores elevados e o facto de estes estarem sujeitos
a um registo, o que evidencia uma similitude entre os casos.
-O Art. 875 do CC (ratio: promover a segurança no tráfego jurídico e levar as partes a ponderar
devidamente se querem celebrar aquele negócio) é uma norma excecional, pois contém uma
disciplina oposta ao regime regra. Enquanto para o comum dos negócios jurídicos o legislador
prescreve a regra da liberdade de forma, como consta do Art. 219 do CC, para a compra e venda
de coisas imóveis exige-se uma forma especial. O Art. 219 consagra a liberdade de forma da
declaração negocial, salvo quando a lei exige forma especial. Devemos agora indagar (seguindo
a posição de Oliveira Ascensão quanto à aplicação do Art. 11 do CC) se este art. 875 é uma
norma formal ou materialmente excecional (substancialmente). Para determinar se o Art. 875 é
materialmente excecional temos de saber se contraria um princípio geral, o que acontece visto
por em causa o princípio da liberdade de forma consagrado no Art. 219 do CC. O Art. 875 do
CC é assim uma norma materialmente ou substancialmente excecional por isso não pode ser
aplicado analogicamente tal como decorre do Art. 11 CC. Esta proibição significa que todos os
casos que não sejam idênticos aos previstos pela regra excecional devem ser considerados
opostos e logo incluídos na regra geral. Impedindo o Art. 11 CC a aplicação analógica do Art.
875 CC, aplica-se a este contrato o princípio geral da liberdade de forma do Art. 219 CC, e
como tal, António não tem razão.
Posições da doutrina acerca da interpretação do Art. 11 do CC:
-Como sabemos o Art. 11 do CC admite a interpretação extensiva de normas excecionais, mas
proíbe a sua analogia. Discute-se na doutrina se a proibição da aplicação analógica de normas
excecionais é total, ou se, se, dirige apenas às normas excecionais, cujas normas gerais
correlativas contivessem princípios de ordem pública.
-OA/NSG entendem que no Art. 11 a regra excecional não se basta com a mera contradição de
uma outra regra – exceção formal (depende apenas da técnica legislativa usada), mas exige um
suporto mais sólido, isto é, uma contradição com os princípios gerais informadores de qualquer
sector do sistema jurídico – um ius singulare – (verdadeiras normas excecionais ou exceção
material/ substantiva). Defende, por isso, que apenas não podem ser aplicadas por analogia as
regras excecionais cujas correlativas regras gerais contenham princípios de ordem pública. OA
reconhece que é um processo falível e delicado, dependente de considerações valorativas, mas o
método de determinação substancial é o que mais conforme com as fontes dado que não
depende apenas da técnica legislativa usada.
-PL/AV: o projeto do CC chegou a admitir, como regra a aplicação analógica das normas
excecionais, só a não permitindo nos casos em que as normas gerais correlativas exprimissem
princípios essenciais de ordem pública. Tal suscitou dúvidas sobre o seu resultado pratica de
aplicação, pelo que foi rejeitado.
-Daniel Morais: afirma que Pamplona Corte Real rejeita a distinção entre normas formalmente
excecionais e substancialmente excecionais, entende que para existir uma norma excecional,
definida como uma norma que particulariza e contraria substancialmente uma norma geral, tem
de haver uma razão forte, que é precisamente o principio no qual esta se apoia – todas as normas
excecionais são sustentadas por princípios gerais, (Daniel Morais considera que isto também
não é correto ), tal como a norma geral, por isso o que a separa é o seu campo de aplicação mais
restrito (tónica da distinção assenta no seu campo de aplicação mais restrito e não no facto de
contrariarem certa categoria de princípios). Segundo Daniel Morais parte da doutrina defende
que posição OA gera dificuldades.

CASO 2 (SANDRA LOPES LUÍS)


Foi disponibilizada no sítio da Internet da imprensa Nacional – Casa da Moeda uma lei que
determinava, no respetivo Art. 4 a elevação da taxa do IVA para 40 % no que respeita à ‘’venda de
bebidas açucaradas.

Segundo uma circular assinada por um responsável da direção Geral dos Impostos, a nova taxa deve
aplicar-se à venda de “bolos, gelados, rebuçados, chocolates e produtos similares, uma vez que a
razão da lei também os abrange: penalizar o consumo de alimentos que prejudicam a saúde”.

Quid iuris?

-A lei em causa apenas incide, para efeitos de aumento da taxa do IVA, sobre a venda de
bebidas açucaradas. Claramente não compreende os restantes produtos referidos na circular da
DGCI, pelo que esta, estendendo a lei às situações não previstas, aplicou analogicamente a
norma em causa.
-Todavia a analogia não é permitida no direito fiscal. O Art. 11º/4 da LGT dispõe que “as
lacunas resultantes de normas tributarias abrangidas na reserva de lei da AR não são suscetíveis
de integração analógica”. O que decorre também do Art. 103.º/2 da CRP segundo o qual os
impostos devem ser criados por lei. Esta solução justifica-se com o valor da segurança jurídica
muito importante nesta matéria. Por isso entende-se que as lacunas são espaços que o legislador
não quis disciplinar. Deste modo a aplicação da taxa de 40% enferma de ilegalidade e até de
inconstitucionalidade.

CASO 3 (SANDRA LOPES LUÍS)


Alexandra e Julieta no dia 20 de Maio de 2005 celebraram um contrato mediante o qual se constitui a
favor da primeira o direito de fazer piqueniques semanais num prédio rústico de que a segunda era
proprietária. Tendo convencionado neste contrato que o direito de Alexandra teria natureza real.

Decorridos 5 anos, Julieta vendeu o prédio a Charles, que exige que Alexandra deixe de o usar. O que
esta contesta dizendo que: o seu direito sendo real, goza de eficácia absoluta, e por isso é oponível a
qualquer pessoa. Em todo o caso, invoca ainda que, mesmo que assim não fosse, dada a semelhança
com possíveis conteúdos de uma servidão predial, sempre gozaria da proteção conferida aos direitos
reais.

Quid iuris?
-Os direitos reais obedecem ao princípio do numerus clausus ou da tipicidade de acordo com o
Art. 1306.º/1 do CC, isto é só gozam de natureza real os direitos que a lei preveja como tal. O
direito de Alexandra usar o prédio para fazer piqueniques não se confunde com nenhum dos
direitos reais previsto na lei portuguesa, pelo que teria eficácia meramente obrigacional e não
seria oponível a terceiros. Quanto ao argumento da suposta semelhança com a servidão predial –
Art. 1543.º CC encargo imposto num prédio em proveito exclusivo de outro prédio pertencente
a dono diferente – não parece ser procedente, pois sendo os direitos reais os enumerados na lei
(enumerações são completas ou taxativas) o seu regime não se pode aplicar analogicamente a
outras situações, sob pena de se alargar o que o legislador quis restringir (as tipologias legais
são um limite à analogia). Assim Alexandra não tem razão.

CASO 4 (SANDRA LOPES LUÍS)


Tiago entrou sem autorização na garagem de Ricardo, apoderando-se do seu automóvel. Duas
semanas mais tarde, arrependido, devolveu o veículo ao proprietário, embora com algumas
amolgadelas. Ricardo, procedeu a queixa criminal pelos factos descritos e um ano mais tarde, em
sede de julgamento, Tiago foi condenado pela prática de furto. Porem o juiz atenuou especialmente a
pena nos termos do Art. 206.º/3 do Código Penal, que prevê tal possibilidade se ocorrer uma
restituição parcial da coisa furtada até ao início da audiência de julgamento em 1ª instância.

Na sentença, admitia-se que se verificara uma restituição da coisa inteira (embora com perda de
qualidades), e não uma restituição parcial como prescreve a lei, mas consideraram-se as situações
equivalentes. Ricardo pretende recorrer da decisão, com fundamento em que houve uma aplicação
analógica da lei penal, o que é proibido no nosso ordenamento jurídico.

Quid iuris?

-A integração de lacunas legais por analogia é proibida no domínio do direito penal, mas
somente quanto às normas penais positivas, isto é, as normas que definem os comportamentos
que são crimes e estabelecem as respetivas penas ou medidas de segurança: Art. 29.º/1, 3 e 4 da
CRP exigem a previsão legal da incriminação e da respetiva sanção.
-Também o Art. 1.º/3 do Código Penal “não é permitido o recurso à analogia para qualificar um
facto como crime, definir um estado de perigosidade ou determinar a pena ou medida de
segurança que lhes corresponde”. Com este regime visa-se prevenir os abusos de poder em
matéria sancionatória particularmente delicada por tocar em direitos e liberdades fundamentais
dos cidadãos.
-Esta proibição da aplicação analógica vale apenas para as normas incriminadoras, isto é,
desfavoráveis ao arguido. O mesmo não se passa quanto às normas penais negativas, isto é, as
que prevejam causas de exclusão da ilicitude, bem como todas as normas cujo conteúdo seja
favorável ao arguido. Nestes casos reconhece-se a possibilidade de analogia in bonam partem.
-Por estes motivos, Ricardo não tem razão. A norma aplicada analogicamente permite uma
atenuação especial da pena, ou seja, tem conteúdo favorável ao arguido. E, em tais casos a
analogia é permitida.
Casos Práticos Novos
CASO I
Em 2019, Carlos sofre um acidente de viação muito grave que o deixa paraplégico.
 
Ainda que tenha dificuldades acrescidas, Carlos continuou a praticar os seus hobbies, usando uma
cadeira de rodas a motor.
 
Entretanto, devido a várias queixas dos cidadãos relativas a trotinetes elétricas, a Assembleia da
República decidiu aprovar uma lei que determina:
 
“É proibida a entrada de qualquer veículo com motor em parques ou jardins.”
 
Com a aprovação desta lei, Carlos não sabe se pode utilizar a sua cadeira de rodas para a prática
de Birdwatching nos parques naturais do país.

Quid iuris?

-Objeto Interpretativo: qualquer veículo a motor


-Para o caso temos de apurar qual o significado subjetivo da letra da lei e não sendo elemento
literal suficiente será necessário recorrer aos elementos lógicos da interpretação.
-Quanto ao Elemento Histórico, há que atender às circunstâncias em que a lei surge (occasio
leges)  lei é feita num contexto de várias queixas quanto a trotinetes elétricas e não queixas
quanto a quaisquer outros veículos.
-Atendendo ao Elemento Sistemático e ao princípio constitucional de igualdade entre todos os
cidadãos, nomeadamente o Art. 71.º/1, o legislador nunca poderia legislar no sentido de
restringir a liberdade de pessoas portadoras de deficiência. À luz do Código da Estrada,
podemos também arguir que cadeiras de rodas não constituem ‘’veículos’’.
-Quanto à finalidade da lei (Elemento Teleológico), esta seria a de restringir o uso,
possivelmente abusivo, de trotinetes elétricas em espaços públicos de lazer.
-Assim, conclui-se pela Interpretação Reconstitutiva Restritiva, através da qual o intérprete
reduz o âmbito de aplicação da norma aquém da letra da lei.
OU
-Assim, conclui-se pela Redução Teleológica (não é admitida no nosso ordenamento em função
do Art. 9.º/2 – tem de haver o mínimo de correspondência entre a letra e o espírito da lei).

CASO II
Certo dia, Bento de saída do supermercado, decide deslocar-se a uma máquina de vending automática
que tinha perto da sua casa.
 
Bento compra um saco de gomas e começou imediatamente a comer junto à máquina de vending.
 
No entanto, Bento é interrompido por um agente de autoridade, que explica que não pode consumir
alimentos junto de estabelecimentos comerciais, evocado o disposto no Decreto de Regulamentação
da Declaração do Estado de Emergência:
 
“No âmbito da modalidade de venda mediante disponibilização de refeições ou produtos embalados à
porta do estabelecimento ou ao postigo (take-away) é proibida a venda de qualquer tipo de bebidas,
sendo igualmente proibido o consumo de refeições ou produtos à porta do estabelecimento ou nas
suas imediações.”
 
Bento recusa parar de comer, pelo que é autuado no valor de 200 euros.
-Objeto Interpretativo: estabelecimento comercial. Estabelecimento como complexo de
elementos heterogéneos corpóreos ou incorpóreos (contratos). É possível a realização de
contratos através de máquinas.
-Quanto ao Elemento Histórico, há que atender às circunstâncias em que a lei surge (occasio
leges)  lei é feita na vigência do Estado de Emergência.
-Atendendo ao Elemento Sistemático, concretamente à norma constitucional sobre a suspensão
do exercício de direitos (Art. 19.º/1), o Decreto em apreço insere-se num sistema que o permite.
-Quanto à finalidade da lei (Elemento Teleológico), esta seria a de restringir a permanência em
espaços públicos de modo a evitar ajuntamentos.
-Assim, conclui-se pela Interpretação Declarativa Média.
-Assim, conclui-se pela Interpretação Reconstitutiva Extensiva

CASO III
António é caçador, detendo a devida licença para uso e porte de arma para exercício normal da
atividade cinegética.
Em
  2023, ainda se fazem sentir os efeitos da pandemia Covid-19, principalmente os seus efeitos
económicos,
Numa manhãfixando-se de agosto,em 20% a de
cansado população desempregada
caçar javalis, embarca sobre
numaoviagem
total da população
para o Norteativa.
de Portugal
 para tentar capturar um lobo ibérico.
Para
  estimular a economia, foi aprovado pela Assembleia da República uma lei que estabelece o
seguinte:
António, após várias horas de procura, dispara contra um exemplar desta espécie, conseguindo abatê-
 lo. Como não encontra o corpo, abandona o local.
“Determina-se
Pergunta-se, agora, para se
os ocontratos
António de trabalho
praticou a tempo
o crime indeterminado [ou
previsto no Art. 3.º da seja, os contratos
Lei 90/88, de 13 dedeagosto:
trabalho
sem
  termo] o aumento do período experimental de 90 dias para 2 anos.”
 “A captura, detenção, transporte, comercialização e exposição de exemplares vivos ou mortos da
A aprovação
espécie da lei foi muito
de lobo-ibérico controversa:
são punidas com pena de prisão até 5 anos.”
 
Quid iuris?> Uns defendiam que a própria existência de período experimental é inconstitucional por
violar o artigo 53.º da CRP, que determina a inadmissibilidade do despedimento sem justa
causa.
 
> Outros argumentavam que período experimental não era inconstitucional, porquanto
pretendia-se salvaguarda a livre iniciativa económica do empregador, conforme disposto no
artigo 61.º da CRP. Assim, afirmavam caber ao legislador ordinário ponderar as duas normas
em causa.
 
> Por fim, uma minoria entendia que o período experimental não era inconstitucional,
apenas o seu alargamento nestes termos, por violação do princípio da proporcionalidade
ínsito no artigo 18 n.º 2 da CRP.
 
O Presidente da República recebe a lei para aprovação, todavia devido às dúvidas quanto à validade,
remete o diploma para o Tribunal Constitucional.

Quid iuris?
[Nota: Na resposta tenha em consideração o papel dos princípios na aplicação das normas e a função
do juiz na ponderação das mesmas]

CASO IV
-Cavaco Silva enviou diploma preventivamente para o TC; TC chumbou lei (executivo de
Sócrates); Fundamentos:
> Violação do 112.º/1/a) do CT no sentido em que nova lei comporta um aumento
significativo do período experimental para trabalhadores indiferenciados;
> Menção dos Arts. 53.º (reconhece aos trabalhadores o direito à «segurança no
emprego», dela resultando a garantia da «proibição dos despedimentos sem justa causa») e 18.º
(princípio da proporcionalidade, no contexto dos seus subprincípios da adequação, necessidade
e, complementarmente, da razoabilidade) da CRP.
> O aumento da duração do período experimental para os trabalhadores indiferenciados
(de 90 para 180 dias) suscita dúvidas quanto à sua idoneidade para atingir o fim atribuído ao
período experimental.
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-Princípios são as bases de construção das normas


-Cabe ao juiz ponderar os interesses da comunidade sempre de acordo com os princípios. Deve
ser tido em atenção principalmente o Princípio da Proporcionalidade.
-Quanto ao Elemento Histórico, há que atender às circunstâncias em que a lei surge (occasio
leges)  lei é feita num contexto de pandemia, de frágil situação económica, que em muitas das
vezes se traduz numa maior desproteção dos trabalhadores.
-Atendendo ao Elemento Sistemático poemos mencionar o Art. 335.º/2 do CC, no sentido de
ponderar qual o direito que deve prevalecer  se o direito de segurança no emprego decorrente
do 53.º, se o direito da livre iniciativa económica. Podemos também mencionar o 112.º/1/a) do
CT, onde o período máximo do período experimental são 240 dias, sendo o período para
contratos por tempo indeterminado 90 dias.
-Quanto ao Elemento Teleológico  aumento do período experimental não visa ou pelo menos
não comporta necessariamente o fim previsto para a lei (diminuição da taxa de desemprego).

CASO V
Pronuncie-se sobre a utilização de conceitos indeterminados no artigo 2.º n.º 1 do Decreto n.º
109/XIV da Assembleia da República:
 
Artigo 1.º
Objeto
 
A presente lei regula as condições especiais em que a antecipação da morte medicamente assistida
não é punível e altera o Código Penal.
 
Artigo 2.º
Antecipação da morte medicamente assistida não punível
 
1 – Para efeitos da presente lei, considera-se antecipação da morte medicamente assistida não punível
a que ocorre por decisão da própria pessoa, maior, cuja vontade seja atual e reiterada, séria, livre e
esclarecida, em situação de sofrimento intolerável, com lesão definitiva de gravidade extrema de
acordo com o consenso científico ou doença incurável e fatal, quando praticada ou ajudada por
profissionais de saúde.
 
2 – Para efeitos da presente lei, consideram-se legítimos apenas os pedidos de antecipação da morte
apresentados por cidadãos nacionais ou legalmente residentes em território nacional.
 
3 – O pedido subjacente à decisão prevista no n.º 1 obedece a procedimento clínico e legal, de acordo
com o disposto na presente lei.
 
4 – O pedido pode ser livremente revogado a qualquer momento, nos termos do artigo 11.º.”
-A utilização de conceitos indeterminados não é inconstitucional, contudo, existe um limite: o
princípio da determinabilidade da lei (kinda 203.º CRP). Este princípio impõe que o legislador
conceda uma forma de determinação destes conceitos.
-Sofrimento extremo  não é indeterminado; sofrimento surge noutras normas (Homicídio
Qualificado), sofrimento pode ser objetivado/determinação.
-Gravidade extrema  como distinguimos uma lesão grave de uma extrema? Não há um
critério que o permita fazer
-Consenso científico  como é avaliado este consenso? Lei não responde de que consenso se
trata (Nacional? Internacional?)
-Conclusão  Princípio da Determinabilidade da Lei; Princípio do Estado de Direito
Democrático; insusceptibilidade do legislador remeter os critérios para a determinação dos
conceitos indeterminados para outra entidade administrativa qualquer (o legislador teria sempre
de apresentar os critérios de decisão).

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