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Resumo Penal Parte Geral

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...

… ​Ana Luiza de Andrade


PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

● Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos


O Direito Penal deve tutelar bens jurídicos mais relevantes para a vida em sociedade, sem levar em
consideração valores exclusivamente morais ou ideológicos.

● Princípio da intervenção mínima


Só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não forem suficientes. Em outras palavras, é a
última opção, para ser usado quando estritamente necessário.

● Princípio da ofensividade
Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.

● Princípio da responsabilidade pessoal do agente


Responde pela conduta o agente que a praticou, sendo sua responsabilidade pessoal, não sendo transferível a
terceiros. Daqui podemos citar o ​princípio da intranscendência, que é basicamente isso: a responsabilidade
penal não passa para terceiros.

● Princípio da culpabilidade
É preciso que exista dolo ou culpa na conduta do agente para que este seja penalmente responsabilizado. Só
haverá responsabilidade penal se o agente for imputável, que possui consciência da ilicitude.

● Princípio da adequação social


Condutas historicamente aceitas e consideradas adequadas pela sociedade em tese não merecem intervenção
penal punitiva, não sendo abrangidas pelos tipos penais.

● Princípio da insignificância ou bagatela


Somente lesões mais relevantes devem sofrer intervenção penal, levando em conta bens jurídicos mais
importantes. Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade, se houve periculosidade social da ação, se
há reprovabilidade relevante no comportamento.A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifica a
imposição de uma pena, devendo-se excluir a tipicidade em caso de danos de pouca importância.

● Princípio da humanidade da pena


Decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, impede-se, em tese, de que a pena seja usada
como meio de violência, com tratamento desumano ou cruel.

● Princípio da fragmentariedade
A função maior de proteção dos bens jurídicos atribuída à lei penal não é absoluta. O que faz com que só
devem eles ser defendidos penalmente frente a certas formas de agressão, consideradas socialmente
intoleráveis. Isto quer dizer que apenas as ações ou omissões mais graves endereçadas contra bens valiosos
podem ser objeto de criminalização.

● Princípio da lesividade
Se, de um lado, a intervenção mínima somente permite a interferência do Direito Penal quando estivermos
diante de ataques a bens jurídicos importantes, o princípio da lesividade nos esclarecerá, limitando ainda mais
o poder do legislador, quais são as condutas que deverão ser incriminadas pela lei penal. O mencionado
princípio proíbe a incriminação de: a) uma atitude interna (pensamentos); b) não exceda o âmbito do próprio
autor (condutas não lesivas a bens de terceiros); c) simples estados existenciais (aquilo que se é, não o que se
fez); d) condutas desviadas (reprovadas moralmente pela sociedade) que não afetem qualquer bem jurídico.

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade

1. CLASSIFICAÇÕES DO CRIME

Quanto à qualidade do sujeito ativo:


● Comum/geral:​ praticado por qualquer pessoa, sem condição especial
● Próprio/especial: exige uma situação fática ou jurídica do sujeito ativo, mas admite coautoria e
partícipe (ex.: peculato)
● Mão-própria/atuação pessoal: só pode ser praticado pela pessoa expressamente indicada. Não
admite coautoria, apenas participação (ex.: falso testemunho)

Quanto à estrutura do tipo penal:


● Simples:​ se amolda em um único tipo penal (ex. furto)
● Complexos/compostos​: união de 2 ou mais tipos penais (roubo = furto + lesão/ameaça)

Quanto à relação entre conduta e resultado naturalístico:


● Materiais: Modificação perceptível pelos sentidos. O tipo penal aloja uma conduta e um resultado
necessário. Ex.: homicídio (necessita morte)
● Formais: O resultado é desnecessário para a consumação do crime. Ex.: extorsão mediante sequestro,
ameaça
● De mera conduta/simples atividade​: o tipo se limita a descrever uma conduta sem resultado algum.
Ex.: ato obsceno

Quanto ao momento que se consuma:


● Instantâneo:​ não se prolonga no tempo, a consumação é em um momento determinado. Ex.: furto
○ Instantâneo de efeitos permanente: ​os efeitos do delito subsistem após a consumação,
independentemente da vontade (homicídio)
● Permanente:​ a consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente. Ex.: sequestro
○ Necessariamente permanente​: a consumação exige a prolongação da ação contrária ao
direito (sequestro)
○ Eventualmente permanente: ​são instantâneas, mas a lesão se prolonga por vontade do
agente (ex.: furto de energia elétrica)
● A prazo: ​a consumação precisa atingir determinado período estabelecido no código (ex.: sequestro
com mais de 15 dias - art. 148, §1, III)

Quanto ao número de vítimas:


● Subjetividade passiva única: ​uma única vítima (estupro)
● Subjetividade passiva dupla: ​duas ou mais vítimas em uma única ação (violação de correspondência
- remetente e destinatário)

Quanto ao modo de execução:


● Forma livre: ​qualquer meio (ex.: ameaça)
● Forma vinculada:​ somente pelos meios indicados (ex.: contágio venéreo -art. 130)

Quanto ao grau de intensidade do resultado:


● Dano:​ ocorre a lesão do bem (resultado material)
● Perigo: ​exposição de perigo a um bem
○ abstrato: ​basta a prática de conduta, presunção “juris et de juris” (ex.:tráfico de drogas)
○ concreto: ​necessita de comprovação de exposição ao perigo (ex.: perigo para a vida ou saúde
de outrem)

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○ individual: ​atinge uma pessoa ou um nº certo de pessoas (ex.: abandono de incapaz)
○ comum/coletivo: ​Atinge nº indeterminado de pessoas(ex.: perigo de contágio venéreo)
○ atual: ​perigo já está ocorrendo
○ iminente: ​prestes a ocorrer
○ futuro ou mediato: ​perigo é projetado para o futuro (ex.: porte ilegal de arma)

Quanto ao número de atos que integram à conduta:


● unissubsistente: ​único ato. Não admite tentativa (ex.: injúria)
● plurissubsistente: ​dois ou mais atos. (ex.: homicídio)

Quanto à forma como é praticado:


● Comissivos: ​de conduta positiva
● Omissivos: ​de conduta negativa, inação
○ próprio:​ omissão prevista no tipo penal (ex.: omissão de socorro)
○ imprópio/comissivo por omissão: ​Há um dever jurídico e o tipo penal contém uma conduta
positiva (ex.: mãe que não alimenta o filho)
● Mista: ​conduta inicial positiva e final negativa (ex.: apropriação de coisa indevida e omissão em
devolvê-la - art.165, p.u., II)

Quanto ao nº de bens jurídicos:


● mono-ofensivos: ​ofendem um único bem (furto)
● pluriofensivos: ​ofendem 2 ou mais bens (latrocínio)

Quanto à existência autônoma:


● principais: ​independem de crimes anteriores (estupro)
● Acessório: depende da prática de outro crime anterior (receptação - art. 180) OBS.: A EXTINÇÃO
DE PUNIBILIDADE DO PRINCIPAL NÃO SE ESTENDE AO ACESSÓRIO.

Quanto ao local da prática do crime:


● à distância: ​conduta e resultado em países distintos (teoria da ubiquidade)
● plurilocais: ​conduta e resultado em comarcas distintas (teoria do resultado - CPP)
● em trânsito: ​ somente uma parte da conduta ocorre em outro país, sem lesionar ou expor a perigo.

Quanto ao elemento subjetivo:


● doloso:​ quis ou assumiu o risco de produzir o resultado
● culposo verifica imprudência, negligência ou imperícia. Necessita previsão legal, elegeu meios
reprováveis.
● preterdoloso​: dolo no resultado antecedente e culpa no resultado subsequente (art.129, §3)

Quanto à realização:
● consumado:​ reúne todos os elementos da definição legal
● tentado: ​iniciou a execução, mas não se consumou por circunstâncias alheia à sua vontade

2. ANTERIORIDADE DA LEI

em regra, é proibida a retroatividade da lei, em virtude do Princípio da Legalidade e da Reserva Legal.


A lei somente retroage para beneficiar o réu. No exemplo abaixo, um indivíduo praticou crime de furto e de
tráfico de drogas em 1985. No caso, já havia previsão de crime de furto desde 1950 e, portanto, ele irá

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responder, mas o crime de drogas só foi tipificado no ano de 200 e, então, não pode retroagir para prejudicar o
réu.

3. LEI PENAL NO TEMPO

A revogação é a retirada da vigência de uma lei por meio de outra lei. Em regra, apenas uma lei pode
revogar outra. Contudo, no Direito Penal há exceções: as leis temporárias e as excepcionais são
autorrevogáveis. A revogação se subdivide em ​ab-rogação (revogação absoluta, total) e ​derrogação
(revogação parcial), podendo ser expressa (a lei indica em seu corpo os dispositivos legais revogados;
exemplo: o art. 75 da Lei de Drogas postula expressamente a revogação da Lei n. 6.368/75 e 11.409/2002),
tácita (a lei nova se revela incompatível com a anterior, apesar de não haver indicação expressa de revogação)
ou global (quando a lei nova disciplina inteiramente a matéria regulada pela lei anterior, a qual passa a ser
ultrapassada e desnecessária).
Em regra, aplica-se a lei penal vigente no momento em que o fato criminoso foi praticado (Tempus
Regit Actum). Excepcionalmente, admite-se a extra-atividade da lei penal, ou seja, a lei pode se movimentar
no tempo. A extra-atividade é gênero do qual são espécies a ​ultratividade e a retroatividade​.
● Ultratividade- aplica-se a lei revogada aos fatos praticados ao tempo de sua vigência, desde que seja
ela mais benéfica ao réu do que a lei revogadora.
● Retroatividade- aplica-se a lei revogadora aos fatos praticados antes de sua vigência, desde que ela
seja mais benéfica do que a lei revogada

Há 5 possibilidades que podem acontecer:


A. a lei posterior deixa de considerar infração penal um uma conduta que antes era típica (abolitio
criminis): ​a abolitio criminis extingue a punibilidade e retroage para todos os casos, pois não respeita
a coisa julgada. Ademais, ela apaga todos os efeitos penais primários e secundários, porém, os efeitos
civis (extrapenais) da sentença penal permanecem intactos, podendo a condenação ser executada no
cível.
B. a lei posterior cria infração penal até então inexistente (novatio legis incriminadora): ​A nova lei
(neocriminalização) somente pode atingir situações consumadas após a entrada em vigor. Não poderá
retroagir – Eficácia para o futuro.
C. a lei posterior se mostra mais rígida em comparação com a lei anterior (lex gravior): a lei mais
grave somente terá aplicação a fatos posteriores à sua entrada em vigor, jamais retroagirá. Ela pode
ser mais grave por um aumento de pena, criação de qualificadora, agravante, imposição de regime
prisional mais rígido, aumento do prazo prescricional, etc.
D. a lei posterior se mostra mais benéfica em comparação com a lei anterior (lex mitior): o fato
criminoso é praticado antes da nova lei, mas essa é mais benéfica ao réu. Será aplicada a lei mais
benéfica, até mesmo após o trânsito em julgado.
E. a lei posterior contém alguns preceitos mais rígidos e outros mais brandos em comparação com a
lei anterior (combinação de leis penais/lex tertia): nesse caso, há divergência entre duas correntes.
A primeira afirma que não é admissível a combinação de leis, pois, ao proceder assim, o juiz ofende
o princípio da separação dos Poderes , penetrando em campo do legislador ​(teoria da ponderação
unitária ou global)​. A segunda corrente admite o procedimento judicial gerador da lex tertia, pois se

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o juiz pode aplicar o todo de uma lei ou de outra para favorecer o sujeito, pode escolher parte de uma
ou de outra para o mesmo fim. O STF tomou sua posição a acolher a teoria da ponderação unitária ou
global , de modo a repelir a combinação de leis penais, em homenagem aos princípios da reserva
legal e da separação dos Poderes do Estado, sob o argumento de ser vedada ao Poder Judiciário a
criação de uma terceira pena ( HC 97.221/S P – Min. Gilmar Mende s – 2ª. Turma – j. 19.10.2010 –
informativos 605, 594, 570)

Vale ressaltar que no caso dos crimes permanentes, se durante o crime, surge uma lei pior, aplica-se a
lei pior. O mesmo se dá para o crime continuado. ​Súmula 711 -STF​= A lei penal mais grave aplica-se ao
crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Conforme decisão do Supremo Tribunal Federal, não se aplica a lei nova, durante a vacatio legis,
mesmo se mais benéfica, posto que esta ainda não está em vigor. Ressalve se que as leis genuinamente
processuais têm aplicação imediata.No caso da lei penal nova mais favorável, se o processo criminal estiver
em primeira instância, aplica-se imediatamente a lei nova, mesmo que o juiz tenha sentenciado. Se o processo
já estiver no tribunal, deve-se, nesta sede aplicar a lei nova mais benéfica. Ocorrido o trânsito em julgado,
quem aplica a lei nova mais favorável será o juiz das execuções penais, nos termos da ​Súmula 611 do STF=
transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais
benigna.

4. SUCESSÃO DE LEIS TEMPORÁRIAS OU EXCEPCIONAIS

Lei temporária: ​traz expressamente o dia de início e o de término


Lei excepcional: ​elaborada para situações excepcionais e só dura enquanto durar a excepcionalidade
Elas são classificadas como leis intermitentes e possuem a características de se autorrevogarem.
Possuem ultratividade, pois se aplicam ao fato praticado durante a sua vigência, embora decorrido o período de
sua duração (temporária) ou cessadas as circunstâncias que a determinaram (excepcional).

5. TEMPO DO CRIME

Considera o crime no momento da ação ou omissão ainda que outro seja o momento do resultado,
adotando o código penal a teoria da atividade.

REGRAS ESPECÍFICAS:
*Em regra, aplica-se a lei do momento da atividade, salvo os casos anteriores de lei mais benéfica;
*Imputabilidade se verifica no momento da atividade;
*O termo inicial da prescrição é a consumação do crime;
*Crimes permanentes e continuados estão se consumando a todo momento, então, cessam no último momento.

6​. ​TERRITORIALIDADE

Em regra, a lei brasileira se aplica nos crimes cometidos no Brasil, mas essa é uma regra tempera pela
existência dos tratados, convenções e regras de direito internacional. Para fins penais, o CP define como
extensão do território nacional as embarcações e a aeronaves brasileiras, em determinadas condições e

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situações. E, por outro lado, manda aplicar a lei penal brasileira às embarcações e aeronaves estrangeiras
privadas, em certas situações. Assim, aplica-se a lei penal brasileira nas:
● Embarcações ou aeronaves brasileiras (território por extensão):
○ Natureza pública: em qualquer lugar;
○ Natureza privada: em alto mar ou espaço aéreo;
● Embarcações ou aeronaves estrangeiras:
○ Natureza pública: não se aplica a lei brasileira em nenhum caso
○ Natureza privada: pouso ou voo no Brasil; porto ou mar territorial brasileiro

6.1. Lugar do Crime

A teoria adotada pelo Código Penal para o lugar do crime é a teoria da ubiquidade, que considera
tanto o local da atividade quanto o lugar do resultado. Vale ressaltar os ​crimes à distância que são crimes que
começam em um país e terminam em outro
REGRAS ESPECÍFICAS:
*Crimes conexos não tem unidade e, por isso, cada um julga no seu país
*Não podemos confundir a competência (matéria de direito processual) com a aplicação da lei (matéria de
direito penal). Enquanto o CP adota a teoria da ubiquidade para o lugar do crime, o CPP adota a teoria do
resultado para definição de competência.
MÉTODO MNEMÔNICO (​LUTA = L​ugar; ​U​biquidade; ​T​empo; ​A​tividade)

6.2 Extraterritorialidade

Há dois grupos de crimes que mesmo cometidos no exterior, ficam sujeitos à lei brasileira:

6.3 Pena cumprida no estrangeiro

Nos casos de extraterritorialidade incondicionado, se o agente é condenado no exterior e também no


Brasil, é necessário evitar o “bis in idem”. Vale ressaltar que a nossa Constituição Federal não veda
expressamente, mas o Estatuto de Roma em que o Brasil é signatário o faz.

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Assim, nos casos de ​penas idênticas, devem ser compensadas (por exemplo: foi condenado a 5 anos no
exterior e cumpriu e é condenado no Brasil a 7 anos, deve cumprir somente 2 anos). Para as ​penas diversas,
devem ser atenuadas (exemplo: pagou multa de $2.000 no exterior e é condenado a 2 meses no Brasil, o juiz
deve atenuar a pena para um mês [SEI LÁ, TÔ CHUTANDO. ISSO É TOTALMENTE DISCRICIONÁRIO
DO JUIZ, NINGUÉM PODE MENSURAR O VALOR DA LIBERDADE DE OUTREM] ).

6.4 Eficácia da sentença estrangeira

A sentença estrangeira pode ser homologada no Brasil pelo STJ, tendo força de Título Executivo
Judicial. A sentença pode ser homologada dada tais circunstâncias:
● produzir as mesmas consequências ​+
● trânsito em julgado no país de origem (Súmula 420 STF)

As hipóteses de homologação são:


● para gerar efeitos civis + pedido da parte interessada;
● para sujeitar a medida de segurança + tratado de extradição ou requisição do MJ

7. CONTAGEM DE PRAZOS

Diferentemente do prazo processual, o prazo penal computa-se o dia do começo e qualquer que seja a
fração de dia, computa-se como um dia inteiro. Há essa diferença para que possa beneficiar o réu, assim, se a
norma for mista, prevalece o lado penal. O prazo penal é improrrogável (mesmo que termine em um dia não
útil), mas isso não impede a suspensão ou interrupção.

Não se computam as frações de dia (hora) ou frações de real (centavos)

8. TEORIA DO CRIME

Tobias Barreto afirma que o centro da gravidade do direito penal é a pena, uma norma tem natureza
penal se estiver relacionada com a pena. Não se pode separar o conceito de direito penal do conceito de
violência, a violência nesse caso seria legitimada. A dogmática penal fornece critérios para limitar essa
violência, se dividindo em: teoria do crime, teoria da pena e teoria da lei penal. Cesare Bonesana quem propôs
o princípio da Legalidade e, após isso, surgiram os conceitos de antijuridicidade, culpabilidade e tipicidade,
nessa ordem, para definir o crime.

8.1 Conceito de crime

O conceito de crime surge com a Escola Positiva a partir de dados colhidos da realidade, sem ênfase
na norma. Os principais expoentes da Escola Positiva foram Lombroso, Garofalo e Ferri.

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Lombroso não estudou o crime em si, mas, sim, o criminoso. Sua teoria afirmava que haviam
características comuns entre os homens delinquentes, essas características eram hereditariedade, mandíbula
volumosa, falta de barba, olhos e cabelos escuros, epilepsia, vaidade, tatuagem, entre outras. Assim, para
Lombroso, o crime era um fenômeno biológico, pois o “verdadeiro” delinquente era nato e deveria ser
separado antes mesmo de cometer o delito.
Para Garofalo, crime é o atentado aos sentimentos altruístas de piedade e probidade, estes seriam
elementos da moralidade. O conceito de Garofalo não foi sustentado como explicaremos o art. 242 do CP que
configura como crime quem registra como seu o filho de outrem, pois o tipo penal pode ser fruto de um
sentimento altruísta ou de piedade.
Para Ferri, crime é a ação movida por sentimentos egoísticos e antissociais que viola a moralidade
média. Assim como o conceito de Garofalo, o conceito de Ferri também é insustentável. Primeiramente temos
dificuldade em definir qual seria a “moralidade média” e, além disso, não conseguiria explicar por que
incriminam a eutanásia ou o homicídio privilegiado.
O conceito atual de crime surgiu, então, a partir de estudos da dogmática penal e não mais de dados
colhidos da realidade. Foi definido o conceito de crime no seu aspecto formal e no seu aspecto material

8.1.1 Conceito Material

Toda norma tutela um valor (ex.: furto - patrimônio; estupro - liberdade sexual). Esse valor é tutelado
é o bem jurídico, assim, materialmente o crime é uma violação ou perigo a um bem jurídico. Birnbaum foi
quem criou o conceito de bem (ainda não era “bem jurídico”, mas apenas “bem”), dessa forma, bens eram
aqueles valores relevantes para o direito. Para o teórico, a missão do direito Penal não era tutelar direitos e
interesses porque esses não podem ser lesionados, mas sim os bens que são suscetíveis de serem subtraídos.
Binding foi o responsável por vincular o conceito de bem de Birnbaum ao Estado. Pela norma, o
legislador escolhe quais são os direitos tutelados pelo. Não seria mais um “bem garantido pelo direito através
do Estado”, mas um bem do próprio Estado, um bem jurídico.

8.1.2 Conceito Formal

Formalmente, o crime possui um conceito tripartido, estruturados em uma continuação, dessa forma o
crime é um fato típico, antijurídico e culpavel. Esse conceito é regido pelo Princípio da Legalidade “nullum
crimen nulla poena sine lege praevia, stricta, scripta, certa”. O primeiro elemento caracterizador do crime é a
Tipicidade, entendida como a adequação entre a conduta e a uma norma. É necessária que a conduta seja
típica, ou seja, se adeque a um modelo descrito em lei.
O segundo elemento é a Antijuridicidade ou Ilicitude sendo um juízo de valor negativo que qualifica a conduta
como contrária ao Direito. Em regra toda ação típica será antijurídica, só não será de houver alguma causa de
exclusão de ilicitude.
O terceiro e último elemento é a Culpabilidade sendo o juízo de reprovação a pessoa que podendo se
comportar conforme o Direito, optou livremente por se comportar contrário. Diferentemente dos outros dois
elementos, a culpabilidade não se refere a conduta, mas ao autor da conduta.

9. CONDUTA HUMANA

A conduta é a pedra angular da teoria do crime, mas nem sempre foi assim. Houve um período que o
Direito Penal já prescindiu do conceito de conduta e punia até coisas e animais. Hoje, a conduta é a base
comum de todo crime. A conduta humana é tanto a ação quanto a omissão, senda ação uma conduta positiva e
omissão a conduta negativa.

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Foram os penalistas hegelianos que introduziram ação na teoria do delito, com base na teoria da
imputação. Ação é entendida como o conceito através do qual se exterioriza a vontade moral, o dolo, ou seja, a
vontade manifestada no mundo exterior. Existem algumas teorias para explicar a conduta humana no crime.

9.1.1 Teoria Causalista

Conhecida como teoria causa e efeito, foi construída apó so Princípio da Legalidade e coincide com o
desenvolvimento científico do Direito Penal que procurava explicá-lo através de leis gerais e universais. ​Ação
é o movimento corpóreo voluntário que causa modificação no mundo exterior. ​Os principais defensores da
teoria foram Franz von Listz, Beling, Radbruch, para eles a intenção do agente não deve ser analisada na ação,
mas na culpabilidade, esvaziando a ação de seu sentido.

9.1.2 Teoria Finalista

O principal expoente foi Hans Welzel. Para esta corrente, ​ação é uma atividade dirigida
finalisticamente pelo homem, isto é, toda ação dirigida a um fim​. A finalidade se baseia na capacidade da
vontade de prever as consequências de sua intervenção. Além de não ser mais um mera vontade e, sim, uma
vontade dirigida a um fim, na teoria finalista da ação o dolo é integrante da conduta. Nos crimes culposos, a
reprovação se dá aos meios que o agente elegeu para alcançar sua finalidade. ​TEORIA ADOTADA PELO
CP

9.1.3 Teoria Social da Ação

Essa é a teoria com menos adeptos, seu principal expoente foi Eberhard Schmidt. Schmidit adaptou o
conceito de Listz sem tanto positivismo naturalista, assim, para ele ação ​são os comportamentos estimulados
pela vontade que atinjam a esfera do próximo (sentido social).

9.1.4 Teoria Funcionalista

Essa teoria interpreta a ação de acordo com os fins da pena e do Direito Penal. É extremamente
normativa, não considerando a ação como um conceito pré-jurídico, dando a conduta um conceito secundário,
sem funcionar como elo dos elementos do crime. Para seu principal defensor, Claus Roxin, ​ação é o conjunto

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de dados fáticos e normativos que são expressões da personalidade do homem, isto é, integram a arte
anímico-espiritual​.

9.2 Omissão

As normas penais incriminam tanto a ação quanto a omissão (non facere). Normas podem ser:
proibitivas ou imperativas/preceptivas. As ​normas proibitivas são as que proíbem uma conduta e as ​normas
imperativas são as que impõem um dever de agir. Portanto, a omissão é uma violação a uma norma
imperativa que impõe um dever de agir. Ela não tem existência por si mesmo, ela existe se for associada a um
dever jurídico.
A omissão causa o mesmo resultado da mesma forma que a ação, vez que representa uma
subjetividade. Não é um simples não-fazer é um não-fazer-algo, não fazer o que era devido. Esse tipo de
omissão é chamado omissão própria (Art.269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória)

9.2.1 Omissão imprópria

São crimes realizados tanto por omissões quanto por comissão. É quando se viola uma norma
proibitiva por omissão, eles são falsos delitos omissivos. Esse tipo pede, geralmente, uma posição de
garantidor. São crimes praticado por quem ​devia (obrigado por lei)​ e ​podia (possibilidade física)​ agir.
➔ Dever de cuidado: para quem tem o dever de proteção e vigilância. Ex.: alimentos entre ascendentes e
descendentes;
➔ Assumiu responsabilidades:​ ex.: salva-vidas; babá; contratual;
➔ Criação do risco: ex.: alguém atropela em local ermo não pode fugir; alguém dá causa a um incêndio
deve ajudar as pessoas a saírem do local;

……………​OMISSÃO PRÓPRIA​……………….... ……………​OMISSÃO IMPRÓPRIA​……………....

Tipo penal descreve a omissão Tipo penal descreve uma ação

Não admite tentativa Admite tentativa

Sempre dolosa Pode ser dolosa ou culposa

9.3 Ausência de conduta

Não há conduta se não houve vontade como por exemplo por coação física irresistível, movimentos
reflexos e estados de inconsciência.

10. NEXO DE CAUSALIDADE

A relação de causalidade têm por finalidade atribuir o resultado a alguém, ou seja, determinar o autor
do resultado. Isso garante a intransmissibilidade penal. Na maioria dos crimes não há problemas para definir o
nexo causal, o problema se dá nos crimes culposos e dolosos quando surgem as concausas. Para Brandão, o
nexo causal é o liame ideal que possibilita a imputação de um resultado a alguém. Vale salientar que
considerar alguém causador de um resultado é diferente de responsabilizá-lo, além de que o nexo somente vale
para os crimes materiais, já que formais e de mera conduta não exigem resultado. A causalidade já foi, há

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muito tempo atrás, estendida a familiares ou determinadas por juízos de Deus (ordálias). Atualmente, existem
3 teorias:

10.1.1 Teoria da equivalência das condições ou das antecedentes causais

Teoria criada por Julius Glaser e adotada pelo Código Penal Brasileiro. Para esta teoria, o resultado é
produto de múltiplas causas e condições, todas igualmente necessárias e equivalentes, não se distinguindo
“conditio sine qua non”. Existem críticas de que esta teoria pode levar a regressos “ad infinitum”, por isso,
limita-se com o elemento subjetivo do tipo (dolo/culpa). Assim, somente se inquirirá a causa no âmbito da
ação dolosa ou culposa.
Para saber o que é condição do resultado, usa-se o ​processo hipotético de eliminação de Thyrén​,
eliminando-se as condições para concluir qual também exclui o resultado.

10.1.2 Teoria da causalidade adequada

Criada por Johanes von Kris, para esta teoria somente seria causal a conduta que possuísse uma
tendência geral à provocação do resultado. Diferencia causa de condição. è causa se for previsível a sua
idoneidade para a produção do referido resultado.

10.1.3 Imputação objetiva

Criada por Claus Roxin.é uma teoria que se baseia nas leis normativas e na valoração. Ela exige que a
conduta crie um risco proibido para o direito e que o resultado esteja no âmbito do risco normal e previsível.
Não há nexo das causas relativamente independentes.

10.2 Concausas

É a confluência de mais de uma causa para o resultado. elas são divisíveis em: ​absolutamente e
relativamente independentes.
● absolutamente: excluem o nexo que não pode ser imputado ao agente, pois inaugura um novo curso
causal
● relativamente​: o resultado ainda depende da conduta, mas, ainda assim, causas relativamente
independentes que por si só produzem o resultado, o agente responde pelos fatos anteriores (se
rompem com a linha de desdobramento natural - LDN)
Elas ainda podem ser: ​preexistente: ​anteriores à conduta do agente; ​concomitante: ​ao mesmo tempo da
conduta; ​supervenientes:​ posteriores à conduta

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​10.3 Causalidade nos crimes culposos

Entre os crimes culposos e dolosos não há diferença no resultado, mas apenas no tipo subjetivo. A
culpa exige resultado, ela não é pertinente aos crimes formais ou de mera conduta, assim, a relação de
causalidade é derivada de um dever objetivo de cuidado, pois demandam que uma pessoa que tenha causado
um resultado não querido e que esta modificação pudesse ser evitável.

11. TIPICIDADE

A tipicidade é o primeiro elemento na teoria do crime e foi inserido no DP por Beling (da teoria
causalista da ação). Ela é definida como ​uma relação de adequação entre a conduta e a lei penal​, ou seja
por meio dela se verifica se o modelo de comportamento abstrato expresso na norma foi realizado
concretamente no mundo dos fatos. O tipo é o conjunto de elementos que descrevem um delito determinado,
ele é uma imagem conceitual, um modelo de conduta incriminadora.
Esse elemento, no entanto, não é uma pura descrição objetiva porque nele consta também a intenção.
Defendia Max Ernest Mayer que a tipicidade seria um indício da antijuridicidade (como fumaça e fogo), ou
seja, em regra, toda conduta típica seria antijurídica.
● ratio cognoscendi​: indiciariedade
● ratio essendi: ​absoluta dependência ( tipicidade e antijuridicidade juntos)

❖ Sujeito ativo = ​É a pessoa que realiza a ação criminosa, que tem sua conduta moldada em um tipo penal. A
PJ pode ser (crimes contra a natureza, a economia popular e ordem econômica financeira).
❖ Sujeito passivo = É o titular do bem jurídico agredido. Em alguns casos o sujeito passivo não é nem pessoa
física, nem jurídica, mas um ente despersonalizado (ex.: art 208 - coletividade - crime vago). O sujeito
ativo do crime não pode ser ao mesmo tempo sujeito passivo, por isso não se pune suicídio, autolesão

12. DOLO

Dolo é querer o resultado ou assumir o risco de produzi-lo. Não há consenso sobre onde estaria o dolo,
fala-se até de dupla localização: como forma de comportamento, o dolo pertence ao tipo; como forma de
motivação, pertence à culpabilidade. Há dois elemento no dolo: ​consciência e vontade
O tipo descreve a ação → a ação contém o dolo → o tipo penal descreve o dolo contido na ação.
● teoria da vontade: ​a essência do dolo está na vontade livre e consciente de realizar o ato.
● teoria da representação: ​a vontade não esgota todas as formas de dolo, assim, o dolo seria a previsão
do resultado)
● teoria do consentimento: ​além da representação, o sujeito deve prestar um consentimento

O Código Penal Brasileiro adota a teoria da vontade para o dolo direto e a teoria do consentimento
para o dolo eventual.
● Dolo Direto=​ querer o resultado, pode ser
○ 1º grau:​ a real finalidade do agente
○ 2º grau:​ consequências concomitantes à finalidade ou aceitação das consequências necessárias
● Dolo indireto= ​pode ser alternativo ou eventual
○ dolo alternativo: ​o agente prevê pluralidade de resultados e dirige sua conduta na busca de
realizar qualquer um deles indistintamente.
○ dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resultados, dirige sua conduta na busca de um
deles, porém assume o risco de produzir os demais. A intenção do agente se dirige a um
resultado, aceitando, porém, outro também previsto e consequência possível da sua conduta.

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Outros tipos de dolo:
*Dolo geral: o agente achando que obteve o resultado, pratica uma segunda ação com outra finalidade e só
então ocorre o resultado (caso Nardone)
*Dolo subsequente: aprovação retroativa de um resultado já produzido. Ex.: pessoa comete homicídio
culposo de um inimigo e depois acha bom ter matado ele (não constitui dolo***)
*Preterdolo: ​dolo no resultado antecedente, culpa no resultado subsequente

13. CULPA

Em regra, só se pune crime doloso, para que exista punição por culpa é necessária que ela venha
expressa. podemos notar, então, que a culpa é uma forma excepcional de punição, ela incide nos bens que o
DP elegeu como dignos de uma proteção mais intensa. A culpa supõe que os meios que o agente escolheu são
vinculados à produção do resultado penalmente relevante (imprudência, negligência ou imperícia), por isso,
que exige que o agente não queira e não assuma o risco.
Para Zaffaroni, o problema não está na finalidade, mas na forma que quis obter essa finalidade. ​Culpa
é o crime em que há falta de previsão, quando o direito exigia do agente essa previsão ou o que havendo
previsão, o agente confia que não se configurará.
● culpa inconsciente:​ o agente não prevê o resultado quando era capaz de prevê-lo
● culpa consciente: ​o agente prevê, mas acredita que não se realizará

Quanto às formas de cometimento do crime culposo, temos:


● Negligência: conduta negativa, o sujeito deve e pode agir e não o faz. Falta de precaução,
displicência no agir. O agente deixar de fazer algo que sabidamente deveria ter feito, dando causa
ao resultado danoso. Um exemplo é o caso de uma babá que, vendo a criança brincar próximo a
uma panela quente, não a afasta, vindo a criança a sofrer um acidente.
● Imprudência: conduta comissiva, agir sem a cautela necessária. Prática de conduta arriscada e
perigosa, ou seja a imprudência pressupõe uma ação que foi feita de forma precipitada e sem
cautela. O agente toma sua atitude sem a cautela e zelo necessário que se esperava. Significa que
sabe fazer a ação da forma correta, mas não toma o devido cuidado para que isso aconteça. O
exemplo disso é o motorista devidamente habilitado que ultrapassa um sinal vermelho e, como
consequência disso, provoca um acidente de trânsito.
● Imperícia: ​falta de capacidade técnica no âmbito da profissão, ofício ou arte. Assim, a imperícia
consiste em o agente não saber praticar o ato. Ser imperito para uma determinada tarefa é
realizá-la sem ter o conhecimento técnico, teórico ou prático necessário para isso. Um exemplo é
o médico clínico geral que pratica cirurgia plástica sem ter o conhecimento necessário, fazendo
com que o paciente fique com algum tipo de deformação.

REGRAS ESPECÍFICAS:
*Não há compensação de culpas
*pode haver concorrência culposa
*não há culpa presumida
*em regra, não há tentativa, salvo culpa imprópria
*culpa imprópria: são as discriminante putativas, por um erro evitável, dá causa dolosamente a um resultado,
mas responde como culpa

14. ANTIJURIDICIDADE

A ​antijuridicidade é o segundo elemento do crime, definido como ​um juízo de valor negativo que
atribui ao fato do homem a qualidade de ser contrário ao direito. ​Esse juízo depende, primeiramente, da

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tipicidade. Toda conduta típica é antinormativa porque viola a norma e entra em contradição com o comando
ideal dessa, mas com a verificação da tipicidade não conhecemos ainda a contrariedade com o ordenamento
jurídico, que é a antijuridicidade.
Importante, ainda, ressaltar que não há tipos antijurídicos, mas as realizações do tipo. A
antijuridicidade pode ser dividida em alguns aspectos que, segundo Brandão, não são dicotomias, mas
complemento. Eles se dividem em:
● antijuridicidade formal​: contradição do fato com o interesse protegido pela norma,
antissocialidade da ação
● antijuridicidade material:​ que causa lesão ou expõe ao perigo
● antijuridicidade objetiva: alheia a qualquer valoração típica ou moral, tendo como única e
exclusiva referência o ordenamento jurídico
● antijuridicidade subjetiva: manifestação da vontade contrária à ação regulada pelo direito e
parte da conduta interna.

14.1 Exclusão de Antijuridicidade

Há casos em que o direito penal autoriza a realizar uma conduta típica e essa autorização se
fundamenta no bem jurídico. São casos em que a pessoa age por permissão do Estado, realizando um dever.
Ou são situações de fato reconhecido pelo direito ou a atuação do direito no mundo dos fatos. As causas são:
legítima defesa; estado de necessidade; estrito cumprimento de um dever legal; e exercício regular de um
direito​. Há ainda o ​consentimento do ofendido​ que é uma causa supralegal.

14.1.1 Estado de necessidade

O caso da Tábua de Carneades, de Cícero, ilustra bem o Estado de necessidade. Ela surge sempre que
houver necessidade de lesionar um bem para evitar o mal, respeitando a proporcionalidade. De acordo com
essa proporcionalidade de bens, há duas teorias:
● teoria diferenciadora: se os bens tiverem os mesmos valores, exclui-se a culpabilidade
(estado de necessidade exculpante); se o bem preservado foi de maior valor, exclui a
ilicitude(estado de necessidade justificante)
● teoria unitária: independente do bens tiverem o mesmo valor ou não, será sempre exclusão
de ilicitude

Quanto à proporcionalidade, vale ainda ressaltar que o bem preservado, para que se caracterize o
Estado de necessidade deve ser de maior valor ou pelo menos de igual valor com o bem sacrificado. Não se
configura Estado de Necessidade e, portanto, não se exclui a ilicitude se alguém sacrifica, por exemplo, uma
vida para proteger um patrimônio. Nesses casos, do bem preservado for de menor valor, a pena pode ser
diminuída de ⅓ a ⅔ .
Estado de necessidade pode ser defensivo ou agressivo. No ​defensivo​, o agente, ao agir em estado de
necessidade, sacrifica o bem jurídico do próprio causador do perigo; no ​agressivo​, o agente, ao agir em estado
de necessidade, se vê obrigado a sacrificar o bem jurídico de terceiro alheio à criação da situação de perigo.
Apesar do ilícito penal, configura ilícito civil, passível de indenização e posterior ação regressiva (em estado
inverso aos acontecimentos). Nas palavras de Luiz Flávio Gomes:“ quem lesa o provocador do perigo não tem
que pagar nada. Quem lesa terceiro inocente tem que indenizar”.
Os elementos do Estado de necessidade se dividem em elementos de perigo ou elementos da conduta
lesiva:

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14.1.2 Legítima defesa

Ela é um contra-ataque, uma reação, não se trata mais de um perigo, mas de uma agressão legítima.
Eventuais lesões Corporais ou até mesmo a morte do agressor, não se caracteriza como crime, tendo em vista
que a legítima defesa é excludente de ilicitude, ou seja, extingue-se o caráter ilícito da conduta do agente. Para
que exista legítima defesa, a agressão deve ser, necessariamente, proveniente de ato humano, caso contrário,
restará caracterizado outra excludente de ilicitude (estado de necessidade).
No tocante a classificação da legítima defesa, essa se divide:
● legítima defesa putativa​, ocorre quando há um equívoco do autor sobre a realidade dos fatos, a
pessoa imagina estar diante de uma injusta agressão, atual ou iminente, e reage em legítima defesa,
no entanto, as circunstâncias, tratam-se de uma falsa percepção do agente com o que realmente está
acontecendo. (Ela não exclui a antijuridicidade, mas a culpabilidade). Exemplo: O policial que em
meio a troca de tiros confunde a pessoa que carrega consigo uma furadeira, com o meliante que
dispara contra a guarnição.
● legítima defesa real​, por sua vez, é a legítima defesa por excelência, ou seja, a percepção das
circunstâncias pelo agente, corresponde de fato a realidade. Neste caso não há nenhum equívoco.
● legítima defesa sucessiva​, acontece quando o agressor realiza uma atitude ilícita perante a vítima, e
esta reage praticando atos que ultrapassam os limites da legítima defesa, ação esta que acaba
provocando prejuízo ao primeiro agressor e, com isso, acaba realizando um ato para moderar os
efeitos daquela ação. Exemplo: A assalta B, esta atitude acaba sendo legítima, porém ilegal, mas a
partir do momento que B utiliza de sua legítima defesa, mas com atitudes excessivas, acaba se
modificando em uma ofensiva injusta para com A. Este a partir do momento que se viu em
desvantagem com aquela agressão, acaba realizando uma outra atitude para se defender das
agressões de B, e efetua outra ação, prejudicando o sujeito A.
● legítima defesa recíproca​, esse tipo é falado, mas não existe. Se fala quando ocorre a agressão entre
ambas as partes, e como não tem como saber quem iniciou a agressão, o juiz aplica que ocorreu a
legítima defesa. Assim quando ocorre entre A e B começam uma briga, mas não se sabe quem

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iniciou essa briga, o juiz, irá reconhecer a absolvição por falta de provas, e não a própria legítima
defesa recíproca em si. Veja, a legítima defesa requer uma agressão injusta, se duas pessoas estão em
legítima defesa, não há agressão injusta. Esse tipo é tão impossível que no exemplo acima as duas
foram indiciadas.
● agressão de inimputáveis, é possível, mas é preciso tomar cuidado, a que inimputável e que
agressão estamos nos referindo, as agressões de uma criança de 3 anos, por exemplo não pode ser
defendida com outra agressão alegando legítima defesa.
● legítima defesa Putativa versus legítima defesa real​, ocorre quando uma pessoa imagina que está
sendo agredida por outra, e daí a agredida tem que tomar medidas para que ela se defenda das
agressões que estão sendo cometidas contra si.

A legítima defesa ocorre quando há o uso moderado de força entre ambas as partes, e assim a pena pelo
crime de legítima defesa é muito menor do que um crime de homicídio, até por que na legítima defesa a vida
da pessoa estava em risco, e assim teve que utilizar de um meio vital para defender a sua vida. Caracteriza-se o
excesso, quando se extrapola o necessário para defesa do bem jurídico em ameaça, a vida ou a integridade
física do agente. É importante lembrar que, o intuído da legítima defesa é cessar uma injusta agressão e não,
necessariamente, matar ou lesionar gravemente o agressor. Isso pode até ocorrer, porém deve-se observar
proporcionalidade no caso concreto. Há dois tipos de excesso:
● intensivo:​ intensificado imoderadamente (meio)
● extensivo: ​prolonga por mais tempo que a agressão

14.1.3 Estrito cumprimento do dever legal

É um conceito doutrinário e jurisprudencial, essa causa baseia-se em norma de caráter geral, cujo
preceito determina alguém o dever de realizar uma conduta típica dentro dos limites dessa dita a norma.
Exemplos: carcereiro que encerra o preso ou carrasco que executa o apenado. ​Será considerada antijurídica se
não estiver prevista na norma, ou seja, efetuada de modo desumano ou degradante.

14.1.4 Exercício regular de um direito

São lesões autorizados pelo direito. A diferença com o instituto anterior é que no outro existe a
obrigação de prestar a conduta e neste existe a faculdade de exercê-la. Exemplos: lesões por esporte ou ofensa
física para cirurgia.

14.1.5 Consentimento do ofendido

O consentimento do ofendido significa o ato livre e consciente da vítima capaz em anuir ou concordar
com a lesão ou perigo de lesão a bem jurídico. Ele pode apresentar-se como:

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● causa de exclusão da tipicidade: se o tipo penal exige o dissenso da vítima enquanto um dos
requisitos objetivos formais necessários à completude da figura incriminadora, é claro que o válido
consentimento do ofendido exclui a tipicidade. Exemplo: crimes de violação de domicílio — artigo
150 do Código Penal (se alguém permite ou tolera que terceiro ingresse em sua casa, ausente estará a
tipicidade da conduta) e estupro — artigo 213 do Código Penal (se a mulher consente na relação
sexual, inexiste tipicidade);
● causa supralegal de exclusão da ilicitude​: o consentimento do ofendido, fora essas hipóteses em que
o dissenso da vítima constitui requisito da figura típica, pode excluir a ilicitude, se praticado em
situação justificante. Exemplo: aquele que realiza tatuagens no corpo de terceiros pratica conduta
típica de lesões corporais (art. 129 do CP), muito embora lícita, se verificado o consentimento do
ofendido; aquele que inutiliza coisa de terceiro, ainda que a pedido deste, pratica conduta típica de
dano (art. 163 do CP), muito embora lícita, se presente o consentimento da vítima.

15. CULPABILIDADE

Culpabilidade é o juízo de reprovação sobre autor da conduta antijurídica e típica que podendo se
comportar conforme o direito, optou por se comportar contrário.
● teoria psicológica da culpabilidade: seria um fato da conduta interna do agente de cunho puramente
físico. Ela renuncia todo elemento normativo sendo a pura previsibilidade aliada à vontade de
realização do fato;
● teoria psicológica normativa: não é mais um puro vínculo entre o sujeito e o fato, mas um juízo de
reprovação sobre o agente. Não se nega a realidade psicológica, mas ela é normatizada pelo Direito,
assim, vontade e exigibilidade são ligadas ao elemento normativo consciência da antijuridicidade;
● teoria normativa pura da culpabilidade: ​foi despida de todo elemento psicológico tornando-se
puramente normativa. Essa teoria vem da finalista da ação (ADOTADA PELO BR)
● teoria funcionalista: ​baseado na função da pena, é um dos elementos de que depende a aplicação da
pena, mas, verificada a contabilidade, é necessário verificar outros elementos (TEORIA MUITO
CONFUSA ASSIM COMO TUDO QUE OS FUNCIONALISTAS FAZEM);

15.1 Potencial consciência de ilicitude

Esse elemento possibilita a valoração do que é ou não contrário ao direito, ele é a percepção da ação
como desvalioso. Segundo Brandão, não é o conhecimento da norma ou da punibilidade, mas de que a conduta
é juridicamente proibida. Aspecto formal: conhecimento da norma; aspecto material conhecimento da anti
socialidade da ação

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● teoria estrita do dolo:​ a consciência da ilicitude é elemento do dolo, qualquer erro exclui o dolo.
● teoria limitada do dolo:​ nem todos os casos o dolo exige consciência da ilicitude
● teoria estrita da culpabilidade: é elemento de culpabilidade já que o dolo se esgota com o querer
objetivo do tipo (vontade e previsibilidade)
● teoria limitada da culpabilidade: a diferença com anterior é que enquanto na primeira qualquer erro
sempre exclui a culpabilidade, neste, dependendo do caso, o erro quanto à discriminantes é equiparado
ao erro de tipo e exclui o dolo (ADOTADO PELO BR)

15.2 Imputabilidade

É o conjunto de qualidades que possibilitam a censura pessoal, ou seja, é a capacidade de


culpabilidade. Existem três sistemas:
- biológico, sempre que figurar certos estados de patologia mental ou desenvolvimento mental
incompleto;
- psicológico,​ sempre que não puder compreender a licitude de sua ação
- biopsicológico, em decorrência do fator biológico ou a gente não consegue compreender o caráter
ilícito.

*MENORIDADE OU DESENVOLVIMENTO INCOMPLETO: critério biológico, há uma presunção “juris et


de jure” para o menor que não admite prova em contrário. O menor não comete crime, comete ato infracional e
responde com medida socioeducativas. Exemplos: menores de 18 anos e dos indígenas inadaptados a
sociedade, os quais têm capacidade de chegar a sua plena potencialidade, com o acúmulo de experiência.
*DOENÇA MENTAL OU DESENVOLVIMENTO RETARDADO: critério biopsicológico, necessário
comprovar. Nesses casos é aplicado medida de segurança. Exemplos: psicose, esquizofrenia, paranóia, os
oligofrênicos. A dependência patológica, como drogas configura doença mental quando retirar a capacidade de
entender ou querer.

Os semi-imputáveis ou fronteiriços são os que têm imputabilidade diminuída por perturbação mental,
eles não são inteiramente capaz capazes de entender. A prova da inimputabilidade do acusado é fornecida pelo
exame pericial, através do médico legal, exame chamado: incidente de insanidade mental, onde suspende-se o
processo até o resultado final. Com prazo de 10 dias para provar a existência da causa excludente da
culpabilidade

15.2.1 Emoção e paixão

Emoção é o estado de explosão afetiva (ira, demo, alegria, surpresa, vergonha) e paixão é o estado
prolongado da emoção (amor, ciúme, ódio, fanatismo, vingança). No código de 1890, a emoção e paixão
afastavam a culpabilidade. Atualmente, não excluem a punibilidade, mas pode servir como causa de
diminuição da pena (exceção do estado patológico que exclui) (art 65, III, c ou art. 121 §1 e 129 §4)

15.2.2 Embriaguez

Embriaguez é a intoxicação aguda e transitórias provocada por álcool ou outra substância de efeitos
análogos (drogas). Ela pode ser:
● voluntária:​ agente se embriaga com vontade livre e consciente
● preordenada: ​se embriaga voluntariamente para cometer um crime (agravante de pena)
● culposa: ​decorrência de imprudência de beber exageradamente ou negligência de não conhecer os
efeitos reais do álcool.

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● caso fortuito ou força maior: ​formas acidentais, por exemplo, agente é forçado a se embriagar (força
maior) ou ignora a natureza tóxica (caso fortuito - exemplo do remédio misturado com álcool ou tonel
de pinga).
○ esses casos ​pode excluir a imputabilidade se tiver como consequência a não compreensão da
ilicitude ou impossibilidade de comportar-se de acordo com o direito ou​ reduzir de ⅓ a ⅔​ .
● patológica: assemelha-se a uma psicose, tratada como um transtorno mental e sempre exclui a
imputabilidade.

Quanto às fases da embriaguez, temos:


- incompleta(excitação): afrouxamento dos seios normais, têm consciência, mas se torna excitado e
desinibido
- completa (depressão): desvanece de qualquer censura ou freio moral, falta de coordenação não tendo
mais consciência
- comatosa (letárgica): cai em sono profundo

15.3 Exigibilidade de conduta diversa

A culpabilidade requer a ideia de exigibilidade de outra conduta, pois é necessário que existe outra
opção de conduta para imputar de um juízo de censura de contabilidade. Há dois casos em que há
inexigibilidade de conduta diversa, elencado no CP: obediência hierárquica e coação moral irresistível.
Admite-se outras causas supralegais como, por exemplo, estado de necessidade exculpante e obediência
hierárquica hierarquia no âmbito privado.

15.3.1 Obediência hierárquica

No ​direito público, dever de obediência é uma imposição do próprio Estado. Se há um dever de


obediência não há liberdade de opção e não se pode censurar o agente. Somente responderá o autor da ordem,
o autor mediato.

15.3.2 Coação moral irresistível

A coação pode ser moral ou material. Só responde o autor da coação.


● material (vis absoluta): ​exclusão da tipicidade, pois exclui a vontade
● moral (vis compulsiva):​ elimina a liberdade de opção e, portanto, exclui a culpabilidade

Se a coação moral for resistível, a culpabilidade não é excluída, mas a lei prevê a atenuação da pena (art 65,
III, c)

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16. ERRO

A filosofia costuma diferenciar erro e ignorância, conceituado ignorância como uma ausência de
conhecimento sobre algum objeto e erro como a falsa representação da realidade. Mas para o direito, eles são
equiparados. O erro pode estar ligado a ​tipicidade, se erro de tipo ou a antijuridicidade, se erro de proibição.
As primeiras classificações, se dividiam em erro de fato e erro de direito. sendo de fato, aquele que
impede sujeito de lograr a representação real do acontecimento; e de direito, a ignorância da lei ou a sua má
compreensão. Após o finalismo, as modalidades deixaram de ser de fato e de direito para ser debruçar nos
elementos do tipo penal e na consciência de antijuridicidade.

16.1 Erro de tipo

Erro de tipo incide sobre os elementos descritos nos tipos, sejam eles fáticos ou normativos. Ocorre
quando alguém não conhece uma circunstância do tipo legal e falta conhecimento de que pratica infração. Ele
exclui a tipicidade, mas para isso deve ser invencível, escusável, justificável e essencial.
● essencial= recai sobre elementares e circunstanciais conversar sobre circunstâncias do tipo que exclui
o caráter criminoso da ação. Exemplo: A quer matar o cachorro de B, mas acaba matando o filho de B
que estava dentro da casinha do cachorro, falta a consciência de que mata “alguém” e por isso não
responde por homicídio doloso.
● acidental= recai sobre elemento não essencial ou movimento da execução. Esse tipo não elide a
adequação típica entre a representação mental do agente da realidade e o objeto. Sabe que comete um
delito, mas erra e nesse caso não exclui o dolo. O erro acidental pode ser:
○ error in objecto (sobre o objeto):​ recai no objeto que se destina
○ erro in persona (sobre a pessoa - art 20§3)​: atinge pessoa diversa da pretendida, mas responde
como se tivesse matado quem queria
○ aberratio ictus (erro na execução - art.73)​: erra a mira e responde como se tivesse acertado a
pessoa pretendida. Se também acertar quem queria, aplica-se o concurso formal de crime
○ aberratio criminis (resultado diverso do pretendido - art.74)​:o crime é de coisa para pessoa e
responde por culpa se houver previsão. Se também ocorrer resultado querido, aplica-se
concurso formal
○ aberratio causae (sobre o curso causal)​: o erro está na causa do resultado, é o mesmo que dolo
geral (exemplo do caso Nardoni)

*Para ocorrer erro de tipo na Descriminantes Putativas, é preciso que o agente erre nas hipóteses do art. 20§ 1
CP, no que se refere a uma situação fática, levando-o a crer que está amparado por uma excludente de ilicitude
(art. 23CP).
**Na teoria extremada não importa se o erro do agente incidiu sobre uma situação de fato ou sobre os limites
de uma justificação. Já a teoria Limitada da Culpabilidade, adotada pelo Código Penal Brasileiro, reza que, se
o erro do agente recair sobre uma situação fática, estaremos diante de um erro de tipo denominado erro de tipo
permissivo e, caso o erro do agente não recaia sobre situação de fato e seja sobre os limites ou existência de
justificação, trata-se de erro de proibição previsto no art. 21 CP.

16.2 Erro de proibição

É a falta de consciência de antijuridicidade, ou seja, o erro quanto ao caráter proibido do tipo. Quando
houver erro de proibição haverá exclusão da culpabilidade ou ela será diminuída. As espécies são:
● direto: ​atua sem saber que a conduta é ilícita por não compreender ou fazer o mal. Exemplo: o agente
abre uma rádio, sem pedir autorização ao ministério de telecomunicações por não saber que precisava
fazê-lo;

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● indireto: ​erra quanto a excludente ou abrangência (limite) de uma excludente do crime. Trata-se de
um erro jurídico. Exemplo: O marido que viola a correspondência de sua esposa porque acha que a lei
o autoriza pelo fato de estar casado.
● mandamental: falta de consciência de ilicitude da norma imperativa, abrangendo omissão própria ou
imprópria. Exemplo: Um casal vê uma criança perdida no Shopping e não ajuda achando que o feito é
obrigação do segurança.
Para excluir a culpabilidade o erro de proibição deve ser invencível e escusável. Nos casos concretos, sabe ao
órgão julgador decidisse se o agente tinha ou não consciência da antijuridicidade e se poderia adquiri-la.

17. CRIME CONSUMADO E TENTADO

Determinadas condutas são tão nocivas que é necessário uma maior proteção e, por isso, pune-se a
tentativa. O crime como todo fato humano nasce, vive e morre, essas fases são chamadas de inter criminis, que
se divide em:
● cogitação/cogitatio: fase intelectual, é o querer
● conatus remotus/atos preparatórios: ainda não chega a realizar um verbo descrito no tipo
● conatus próximos/atos de execução: atos que realizam o núcleo verbal típico
● consumação/consumatio: reunião de todos os elementos da definição legal
○ crimes materiais e culposos: conduta + resultados
○ crimes omissivos próprios: omissão
○ crimes de mera conduta: conduta
○ crimes formais: conduta + resultado (ou não)
○ Crimes qualificados pelo resultado: resultado gravoso
○ Crimes permanentes: enquanto durar a permanência
○ Crimes continuados: no último crime
● exaurimento: são poucos doutrinadores que consideram essa fase. Ela ocorre após a consumação
quando ainda há outros prejuízos (crimes formais).

A tentativa é uma norma de extensão que amplia a figura do tipo penal e abrange outras situações. A
tentativa é uma causa de diminuição de pena que varia de 1/3 a ⅔. Via de regra, não se não se pune atos
preparatórios, salvo se forem tipos penais autônomos (ex.: petrechos para falsificação de moedas - art. 291)
Os alimentos da tentativa são: atos de execução e não consumação por circunstâncias alheias à
vontade do agente. É necessário, então, diferenciar os atos preparatórios dos atos de execução, para isso é
bastante utilizada a fórmula de tentativa de Frank que ​reconhece como início da execução todos os atos que
têm necessária correspondência à ação típica, de modo que, se não houvesse a interrupção da ação, o tipo seria
concretizado.
Há outra forma bastante conhecida de Frank para diferenciar a tentativa da desistência natural: ​na
tentativa, quero prosseguir, mas não posso; na desistência, posso prosseguir, mas não quero. ​As formas de
tentativa são:
● tentativa perfeita​: também chamada de crime falho, o agente realiza todos os atos mas não sobrevém
a consumação;
● tentativa imperfeita:​ o agente não pratica todos os atos de execução
● tentativa branca: também chamada de incruenta, não produz nenhuma lesão

Existem três teorias que explicam a punibilidade da tentativa:


● teoria objetiva: é punível por que a perigo um bem jurídico o que acarreta dano público (ADOTADA
PELO BR)
● teoria subjetiva: a tentativa deve ser punida como crime consumado porque em ambos o requisito
subjetivo está completo

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● teoria da impressão​: é punível pela atuação contrária ao direito

*Há um exemplo da tentativa como crime autônomo. É o art. 352: Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa

Crimes que não admitem tentativa:


➢ Crimes habituais: precisa de sequência (ex.: prostituição, curandorismo)
➢ Preterdoloso
➢ Crime culposo, exceção da culpa imprópria
➢ Unissubsistente
➢ Omissivos próprio
➢ Preveem tentativa com a mesma pena do consumado

18. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ, ARREPENDIMENTO


POSTERIOR E CRIME IMPOSSÍVEL

Na ​desistência voluntária, ​também chamada de tentativa abandonada, o sujeito não prossegue os atos
de execução até o fim por obra de sua vontade. Ela não precisa ser espontânea, apenas voluntária (isso quer
dizer que alguém pode induzir a pessoa de desistir). No ​arrependimento eficaz, ​o agente pratica todos os atos,
todavia, inicia um novo processo causal e evita que o resultado se produza. Nesse caso, deve ser eficaz. se o
agente tenta impedir o resultado e mesmo assim ele ocorre, não haverá o benefício (mas ainda pode ser
beneficiado na fixação da pena). Tanto a desistência voluntária como o arrependimento eficaz são causas de
atipicidade do fato e, por isso, o agente só responde pelos atos que já tiver praticado.
Arrependimento posterior é quando o agente se arrepende do crime ​sem violência ou grave ameaça.
Nesses casos há diminuição de pena de ⅓ a ⅔ . Assim, como na desistência voluntária, o ato não precisa ser
espontâneo. Coisa apreendida não é ato voluntário e, portanto, não vale do benefício. O instituto se estende da
redução aos coautores.
Súmula 554 do STF: cheque sem fundo, de houver arrependimento posterior não configura causa de
diminuição, mas sim a exclusão da tipicidade.
Crime impossível, ​também chamado de tentativa inidônea, é uma causa de exclusão de tipicidade.
São aqueles que possuem: ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade do objeto.
● ineficácia do meio: o meio é incapaz de agredir o bem. Exemplo: ministrar água que acha que é
veneno
● Impropriedade do objeto​: não há bem jurídico para tutelar. Exemplo: atirar em quem já está morto

Há duas teorias sobre a punibilidade do crime impossível


● teoria subjetiva, que deve ser punido (mesmo se for relativa a ineficácia ou impropriedade) porque
revela a capacidade de agredir os bens jurídicos
● teoria objetiva,​ que não deve ser punido pois não apresenta perigo real para o bem jurídico
○ pura: não responde mesmo se for relativamente ineficaz ou impróprio
○ temperada: Se for absolutamente, exclui a tipicidade; se for relativamente, é tentativa.
Súmula 145: flagrante preparado é crime impossível

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade

19. CONCURSO DE PESSOAS

É a pluralidade de sujeitos ativos no delito. Há o ​concurso necessário (crimes plurissubjetivo), quando


a pluralidade faz parte do próprio tipo penal, exemplo art. 288 - associação criminosa; ou ​concurso eventual,
quando a pluralidade não faz parte do tipo, podendo ser cometido por apenas um agente.
É no concurso eventual que surge a necessidade de uma norma reguladora, visto que o tipo não prevê
em si mesmo. Existem 3 teorias:
● pluralista:​ existem tantos crimes quanto autores, cada coautor responde por um delito diferente
● dualista:​ os autores respondem conjuntamente por um crime e partícipes respondem por outro
● monista: há unidade de crimes já que convergem em uma operação única. Vale salientar que unidade
de crimes é diferente de unidade de pena, a pena varia da culpabilidade de cada um.

Para Regis Prado, o Brasil adotou a teoria monista temperada, pois prevê que todos os agente
respondam pelo mesmo crime, mas há exceções em que cada agente irá responder por um delito diferente,
exemplo do aborto em que há uma pena para a mãe, uma pena para o médico. ​Pode haver concurso de crime
concurso de pessoas em crimes culposos.

19.1 Autoria

As pessoas de concurso se dividem em autores e partícipes. Há diversas teorias que explicam a


diferença:
- subjetiva: a diferença está no animus. O autor quero fato como próprio, “animus auctoris”; o partícipe
quer o fato como alheio, “animus socii” (DIFICULDADE DE PROVA)
- extensiva:​ todos que concorre para o crime São autores (INSUSTENTÁVEL)
- restritiva​: autor é o que realiza o verbo descrito no texto no tipo; partícipe que realiza outra conduta
que não descrita no tipo (ADOTADA PELO BR)
- finalista: o autor é o que tiver o domínio final do fato que o torna senhor desse (NÃO EXPLICA OS
DELITOS CULPOSOS E OMISSIVOS)

Dos tipos de autoria, temos:


● coautoria executiva direta​: os agentes realizam todos os atos executivos
● coautoria executiva parcial​: a divisão das tarefas executivas do delito
● autoria mediata: o autor se serve de outra pessoa para cometer o delito, por exemplo: coação material
irresistível ou servir do inculpável
● autoria intelectual: ​é o que elabora a fase intelectual do crime
● desconhecida:​ quando não se conhece a autoria

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade
● colateral: dois agentes têm a intenção de obter o mesmo resultado, porém um desconhece a vontade
do outro, sendo que o objetivo poderá ser atingido pela ação de somente um deles ou pela ação de
ambos (se não souber quem foi o autor, ambos respondem por tentativa)
● sucessiva: o crime já está em andamento, o autor que entra no crime responde pelos atos anteriores
que tiver conhecimento

19.2 Participação

Na participação há uma diminuição de ⅙ a ⅓ da pena. Em si mesma, a conduta do partícipe é atípica,


mas o tipo penal amplia para que seja punido enquanto conduta acessória.
● teoria da acessoriedade extremada: é suficiente a conduta típica do autor para punir
● teoria da acessoriedade limitada: a conduta do autor deve ser típica e antijurídica (ADOTADA PELO
BRASIL)
● teoria da acessoriedade restrita: a conduta do autor deve ser típico antijurídico e culpável (NINGUÉM
PODE SE SERVIR DA INCULPABILIDADE DE OUTREM)

Existem dois tipos de participação:


- moral: atua no psiquismo do agente. Pode ser induzir (subministrar uma ideia) ou instigar (acalorar
ideia já existente)
- material:​ fornecimento dos meios ou modos

19.3 Cooperação dolosamente distinta

Se uma das pessoas inaugura um novo curso causal sem a vontade dos outros integrantes, os outros
não serão responsabilidade se não seguir a linha de desdobramento natural. Aumenta a pena até metade se
estiver na LDN e era previsível.
Exemplo1: A e B combinarem de furtar uma casa que aparentemente encontra-se vazia, B entra na
casa, enquanto A espera no carro para a fuga. Ao invadir a casa B encontra a dona da casa e decide por conta
própria estuprá-la. Após, o meliante B encontra A e ambos fogem com um televisor. A não poderá responder
pelo crime de estupro praticado por B pelo fato de não partilhar a intenção de estupro, mas apenas a intenção
de furto.
Exemplo2: A e B combinarem de roubar uma casa de uma senhora, B entra na casa, enquanto A
espera no carro para a fuga. Ao invadir a casa B encontra a dona da casa que tenta fugir e é acertada com um
tiro por B e acaba morrendo. Após, o meliante B encontra A e ambos fogem com um televisor. A não
responderá pelo latrocínio, já que não planejava matar a senhora, responderá pelo roubo, mas terá a pena
aumentada até a metade por ser uma ação previsível.

19.4 Circunstâncias incomunicáveis

Não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares. Circunstâncias são
dados periféricos que somente aumentam ou diminui a pena, não interfere na existência.
● natureza objetiva:​ se relacionam com o modo, instrumento do crime, objetivo e etc
● natureza subjetiva:​ relativa a pessoa, motivos, qualidade de pessoal, entre outros

20. CONCEITO E TEORIAS DA PENA

Punibilidade é a capacidade de punir, essa capacidade é do Estado que utiliza a pena para proteger os
cidadãos e as eventuais lesões aos bens jurídicos. Através da sanção, nasce para o Estado o jus puniendi
(direito concreto de punir). A punibilidade, porém, não pode ser confundida com a penalidade, enquanto a

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade
primeira é apenas a capacidade, a possibilidade de que alguém venha a ser punido se cometer alguma infração,
a penalidade já é a pena imposta. A pena pode ser definida como a sanção imposta pelo Estado, através de
processo, ao autor de um delito, como retribuição de seu ato ilícito e para evitar novos delitos (Soler). Várias
foram as teorias criadas para explicar a função e finalidade da pena.

20.1 Características da pena

A pena é ​inevitável/inderrogável exceto por perdão judicial, tem ​caráter personalíssimo pois só
atinge ao autor do crime. Além disso a pena deve estar prevista em lei e ser anterior, respeitando assim os
princípios da legalidade, da anterioridade e da reserva legal​, a pena deve ser ​proporcional à gravidade do
delito e as circunstâncias judiciais do agente para conseguir atingir o fim de prevenção e retribuição. É,
também, analisando as circunstâncias judiciais que a pena é ​individualizada​. E, por último, é essencial
respeitar o ​caráter humanitário das penas, pois isso que é impedido, por exemplo, penas de prisão perpétua e
penas de morte, além de outras penas degradantes que violem da dignidade da vida humana.

21. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

As penas privativas de liberdade são aquelas, como o próprio nome já diz, que restringem a liberdade.
Ela é dividida em duas modalidades: Detenção e reclusão.
A detenção é a pena imposta para os crimes menos graves, ela inicia sempre no regime aberto ou
semiaberto, o detento só poderá ir para o regime fechado se regredir. A medida de segurança da detenção é
sempre o tratamento ambulatorial. A reclusão é para os crimes mais graves, ela pode iniciar em qualquer dos
regimes e a medida de segurança pode decorrer em internação. Além disso, ela pode ter outros efeitos como a
perda do exercício do poder familiar.
O ​regime fechado é aquele cumprido em penitenciárias por ser de segurança máxima ou média, o
exame criminológico é obrigatório, o preso fica obrigado ao trabalho comum. Consta na norma que o preso
deveria ficar em isolamento noturno, mas na prática isso não acontece. É possível que consiga trabalho externo
depois de 1/6 de cumprimento da pena.

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade
O ​regime semiaberto é cumprido em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar, o exame
criminológico é facultativo. É possível conseguir trabalho externo (precisa constar já na sentença) desde o
começo, além de 2º grau e curso superior.
O ​regime aberto é cumprido em casas de albergado ou estabelecimento adequado. Esse regime
baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade. O detento passa o dia fora do estabelecimento e só se
recolhe à noite e nos dias de folga. Ele é obrigado a exercer um trabalho ou frequentar um curso. A prisão
domiciliar é uma das espécies e somente é admitido para: maiores de 70 anos; acometidos por doenças graves;
condenado com filho menor ou deficiente; e condenada gestante.
Vale destacar, também, o ​regime disciplinar diferenciado em que o preso fica em cela individual
com direito a visita de 2 pessoas, no máximo 2 horas e 2 horas de banho de sol.Esse regime pode durar no
máximo 360 dias(podendo repetir, mas sem ultrapassar 1/6 da pena)
Na setença, deve vir fixada o regime inicial de cumprimnto e o juiz de execução não pode modificá-lo.
Para os crimes hediondos o regime inicial será sempre fechado, para os comuns, deve-se analisar o §2 do art.
33, a reincidência e as circunstâncias judiciais do art. 59. (Súmula 440 do STJ-Fixada a pena-base no mínimo
legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito) Assim:

A progressão nos regimes acontecem após cumprido 1/6 da pena se crime comum; 2/5 se comete
crime hediondo ou equiparado a hediondo; e 3/5 se é reincidente em crime hediondo. Se o crime foi feito
contra a administração pública é necessário que o dano tenha sido reparado. Quanto a ​regressão​, ela acontece
por incompatibilidade do novo regime, por falta grave ou nova condenação que quando somada torna inviável
o atual regime, ou ainda, se podendo não paga a multa. A regressão pode acontecer por saltos e o detento acaba
por terminar de cumprir a pena no regime em que regrediu, ou seja, perde a regressão.
A remição é concedida ao preso por estudo e trabalho, 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho e 1 dia
também de pena a cada 12 horas de frequência escolar (divididos em no mínimo 3 dias). ​Detração é o
“desconto” dado na pena pelo tempo de prisão provisória, prisão administrativa e de internação.

22. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS

As PRDs são penas substitutivas, portanto necessitam da fixação do quantum das privativas de
liberdade. Elas são autônomas e não podem ser cumuladas com as PPLs. Os requisitos para que seja possível a
troca é que
1) o crime não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça, independente se culposo ou
doloso;
2) se doloso, condenado até 4 anos e se culposo, qualquer tempo;
3) não seja reincidente em crime doloso
4) a medida seja considerada adequada para atingir os fins da pena (ressocialização, prevenção e
retribuição)

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade
Caso a pena restritiva de direito seja descumprida ou sobrevindo condenação a pena privativa de
liberdade por outro crime converte a pena restritiva de direitos em privativa de liberdade. A detração no caso
das PRDs é uma regra específica para a prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas. Os tipos de
pena restritivas de direito são:

a)Prestação pecuniária: Refere-se ao valor em favor da vítima, seus dependentes ou entidades públicas ou
particularidades com destinação social. ​Prado afirma que é uma reparação civil travestida de sanção criminal​.
O valor da prestação é fixado entre 1-360 salários mínimos e pode ser também de outra natureza além de
dinheiro como cestas básicas, por exemplo.

b) Perda de Bens e Valores: Ela se destina, ressalvada a legislação, para o fundo penitenciário nacional. O
valor será ou o prejuízo causado ou o proveito obtido (o que for maior entre esses dois). Tem efeitos apenas
sobre o patrimônio lícito do agente.

c) Prestação de Serviço à Comunidade ou a Entidades Públicas: É a realização de tarefas gratuitas em


hospitais, entidades assistenciais ou programas comunitários. Tais tarefas serão desempenhadas conforme a
aptidão do condenado. Essa pena alternativa deverá ser cumprida durante oito horas semanais(1h por dia), aos
sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal do trabalho. Ela
será cumprida em mesmo prazo que a PPL se maior que 6 meses e menor ou igual a 1 ano ou em menor tempo
se passa de 1 ano, mas não pode ser menor que a metade do quantum da PPL.

d) Interdição Temporária de Direitos: Constitui uma incapacidade temporária para o exercício de


determinada atividade, podendo ser:

1 - proibição do exercício do cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo (não se
confunde com a perda, só perde se a condenação for maior que 4 anos);

2 - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de


licença ou autorização do poder público

3 -​ suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo (crimes culposos)

4 - proibição de frequentar lugares (impede que volte para onde cometeu o delito ou onde se encontre
a vítima e seus familiares)

5 -​ proibição de inscrever-se para concursos, avaliação ou exames públicos.

e) Limitação de Fim de Semana: Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por cinco
horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado, podendo ser ministrados aos
condenados, durante essa permanência cursos e palestras, ou atribuídas a eles atividades educativas. É comum
acontecer esse tipo de pena para estrangeiros ou juízados do torcedor.
As vantagens dessas pena é a permanência do condenado junto à sua família, ocorrendo o seu
afastamento apenas nos dias dedicados ao repouso semanal, a possibilidade de reflexão sobre o ato cometido, a
permanência do condenado em seu trabalho, não trazendo assim dificuldades materiais para a sua família, o
não contato com condenados mais perigosos, o abrandamento da rejeição social.

23. MULTA

O patrimônio é um bem jurídico que pode ser atingido pela pena. São as chamadas penas patrimoniais,
as penas pecuniárias são as impostas em dinheiro. Assim, a multa é uma pena patrimonial de caráter
pecuniário. ​A multa não pode nem indiretamente incidir sobre a liberdade, mesmo que a pessoa não

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pague a multa, ela não pode ser convertida em pena privativa de liberdade. Na pior das hipóteses, o
sujeito terá o nome inscrito na dívida ativa da Fazendo Pública.
Outro aspecto importante em relação a pena de multa é que ela é pessoal, não se transmite. A multa
penal não pode ser confundida com a multa administrativa, visto que esta última se sujeita a compensar os
danos presumidos na infração. O código penal brasileiro adotou o sistema de dias-multa para fixar o valor da
multa. Esse sistema não determina a pena de multa como uma soma em dinheiro, mas por um número de
unidades artificiais segundo a gravidade da infração e a situação econômica do agente. Esse é um sistema
bifásico.
Na ​1º fase o juiz estabelece o número de dias-multas de acordo com a gravidade do delito e a
culpabilidade (art.59 – doutrinadores aconselham não contar com comportamento da vítima e consequência do
crime, mas Eleonora conta com a consequência do crime). De acordo com o CP, o mínimo é de 10 dias-multas
e o máximo de 360 dias-multas. Na ​2º fase o juiz estabelece o valor da dívida, levando em consideração a
capacidade econômica do agente, que deve ser no mínimo de 1/30 do salário e no máximo de 5 vezes o salário
mínimo (pode ser de até 3x5x salário mínimo para leis contra o sistema financeiro nacional, etc).
Se o condenado tiver dificuldades para pagar é possível o pagamento parcelado (se aplicada no
SURSI, isoladamente ou cumulada com PRD) e a dilatação do prazo. A prescrição da multa, se aplicada
isoladamente, ocorre em 2 anos e, se aplicada juntamente com PPL, prescreve no mesmo prazo que esta.

24. CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

A punibilidade é uma consequência do crime, há São causas que extinguem a possibilidade jurídica de
impor ou executar uma sanção penal. Há causas elencadas no art. 107 e em outros do artigos do CP, pois o
artigo não é taxativo.
•​Morte do agente – princípio da pessoalidade da pena, ela não pode ser passada para outra pessoa. Só
é transmissível a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens porque as consequências
civis não se extinguem. A presunção de morte legal não é admissível na esfera penal.

•​Abolitio criminis – é a descriminalização de uma conduta, um fato que antes era tipificado no código
penal deixa de ser. Se a nova lei interpreta que tal conduta não é mais um crime, ela retroage para aqueles
agentes que estão em processo ou até mesmo os já condenados, inclusive limpa os antecedentes. Mas, assim
como acontece na morte do agente, os efeitos civis permanecem.

•​Anistia, graça e indulto – A ​anistia é o esquecimento do ilícito jurídico praticado por militar,
eleitoral e político, ela pode ser ​concedida a qualquer tempo pelo Congresso Nacional (em forma de lei)
destinada a uma coletividade, ou seja, para um ​grupo determinado.​ A anistia ​resulta impune os autores,​
conhecidos ou não quando a lei foi sancionada, pois dirige-se ​aos fatos.​ Por fim, a anistia​ inadmite revogação​.

O ​indulto é um tipo, também de perdão espontâneo concedida pelo presidente da República após o
trânsito em julgado​, ele se dirige a um coletivo que tenha praticado um crime comum, ele ​exclui apenas a
punibilidade​, não o crime e, por isso, os efeitos penais não se extinguem​. A graça​, também chamada de
indulto individual, não é dada para um grupo, mas sim para uma única pessoa, é ​eminentemente subjetiva​,
também concedida pelo presidente da República após o trânsito em julgado e seus efeitos penais não se
extingue​, assim como no indulto. A graça porém ela é ​solicitada.​

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade

•​Renúncia do direito da queixa ​– Abdicação do ofendido ou de seu representante legal. Ela só é


possível antes do início da ação penal privada. Renúncia expressa é a declaração assinada pelo ofendido,
renúncia tácita resulta de ato incompatível com a vontade de iniciar a ação penal (ex.: casar-se com o infrator).
No concurso de pessoas, a renúncia contra um autor se estende a todos.

•​Perdão do ofendido ​– só em lugar na ação penal privada, na pública mesmo que o ofendido desista,
o MP pode assumi-la. Só é possível depois de iniciada a ação penal e até o trânsito em julgado. Perdão
processual é concedida nos autos da ação penal privada, perdão extraprocessual é concedida fora dos autos da
ação penal privada, podendo ser expressa ou tácita.

•​Perdão Judicial- ​pode ser definido como o instituto jurídico pelo qual o juiz, reconhecendo a
existência de todos os elementos para condenar o acusado, não o faz, declarando-o não passível de pena,
atendendo a que, agindo por essa forma, evita um mal injusto, por desnecessário, e o acusado não tornará a
delinquir. Ele é concedido pelo juiz e não depende de aceitação, primeiro o juiz condena o réu, depois ele lhe
concede o perdão. Perdão judicial não gera reincidência (ex.: art. 121 §5 o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária)

•​Retratação do agente​- só é concedido em alguns casos como: calúnia, difamação, falso testemunho,
falsa perícia. Não é aceito em injúria.

•​Decadência- ​perda do direito de exercer a ação ou do direito de representar, prazo de 6 meses.

•​Perempção- ​perda do direito de continuar a ação em razão da inércia

•​Preclusão- ​perda do direito de agir nos autos em face da perda de oportunidade (processual)

•​Prescrição- ​perda do direito de punir do Estado, perda do jus puniendi.

25. PRESCRIÇÃO

Antes do trânsito em julgado utiliza-se a tabela do art. 109 para a prescrição punitiva in abstrato​,
sendo 20 anos se o máximo da pena é superior a 12 anos; 16 anos se o máximo da pena é superior a 8 e não
excede 12; 12 anos se o máximo da pena é superior a 4 e não excede 8; 8 anos se o máximo da pena é maior
que 2 e não excede 4 anos; 4 anos se o máximo da pena é igual 1 e não excede a 2; ou 3 anos se o máximo da
pena é inferior a 1 ano.
No artigo 117 é possível encontrar ​as causas de interrupção da prescrição​, sendo elas: recebimento
da denúncia; pronuncia; decisão confirmatória da pronúncia; sentença ou acórdão; início ou continuação do
cumprimento da pena; e reincidência.

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Após o trânsito em julgado da acusação, começa a contar a prescrição punitiva in concreto​,
utilizando então o valor da pena definitiva. Esse tipo de prescrição se divide em duas: a ​pretensão retroativa
que vai da sentença penal condenatória até o recebimento da denúncia e a ​pretensão superveniente que vai da
sentença penal condenatória até o trânsito em julgado da acusação.
A prescrição se reduz pela metade se o criminoso era na época do fato menor de 21, ou no momento
da sentença maior de 70. A reincidência aumenta em 1/3 o prazo da pretensão executória.

26.SURSIS

A Suspensão Condicional da Pena é o ato do juiz que estabelece condições que se cumprida pelo
preso, fica suspensa a execução da pena. Ela pode ser:
● simples​: para condenado até 2 anos de prisão e que precisam cumprir as condições no período de
tempo de 2 a 4 anos. No 1º ano é prestado o serviço à comunidade ou limitação de fim de semana.
● especial: é concedida também para condenados de até 2 anos que tenham reparado o dano cometido e
todas as circunstâncias do art. 59 mostram-se favoráveis. Nesse caso, fica proibida de frequentar certos
lugares, proibido de sair da comarca sem autorização judicial e o comparecimento mensal para prestar
relatório.
● etária: ​é concedida para maiores de 70 anos, condenados até 4 anos
● humanitário: ​é concedido para condenados com doenças graves de até 4 anos de pena.

No caso do SURSI etário e humanitário o tempo do período de prova é entre 4 e 6 anos. Os ​requisitos gerais
para obter o SURSI são:
1)PPL de até 2 anos (salvo etário e humanitário que é de até 4 anos)
2)Inaplicabilidade de PRD
3)Não reincidente em crime doloso (2 crimes dolosos)
4)Prognose de não voltar a delinquir (circunstâncias favoráveis –art.59)

Admite-se, em tese, a ocorrência de dois sursis simultâneos, em caráter provisório, enquanto o acusado
da prática de novo crime aguarda a decisão judicial, já que a soma das sanções aplicadas superior ao limite
temporal previsto na lei (dois anos) acarreta a revogação do benefício. De semelhante, é passível de
configuração o sursis sucessivo, nas seguintes hipóteses: a) prática de dois crimes culposos, de um delito
culposo e outro doloso, ou, ainda, de um crime doloso e outro culposo pelo condenado; b) decurso do prazo de
cinco anos estipulado pelo artigo 64, 1, do CP. Cabe salientar, por oportuno, que a condenação anterior a pena
de multa não impede a concessão do benefício
O termo inicial do período de prova é a audiência admonitória em que é explicado o que é o SURSI e
as condições que serão impostas ao condenado, válido ressaltar que o art. 77 e 78 não são taxativos e, por isso,
pode o juiz colocar as condições que achar cabível.
A revogação do SURSI torna-se obrigatória quando condenado por crime doloso no período de
prova; quando o solvente frustra o pagamento de multa ou reparação de dano sem motivo justificado; e
descumprimento das condições do art. 78 §1 (prestação de serviço à comunidade ou limitação de fim de
semana). ​A revogação é facultativa ​quando descumprida as condições legais do art. 78 §2 ou as condições
judiciais do art. 79; ou condenação por crime culposo ou contravenção. Se o juiz escolher não revogar, ele
pode prorrogar até o máximo o período de prova.
Para que ocorra a prorrogação do período de prova é indispensável que haja a instauração de uma ação
penal, não sendo suficiente a mera prática de nova infração penal pelo condenado. A prorrogação da suspensão
condicional da pena - automática e obrigatória - perdurará até o julgamento definitivo do processo judicial, ou
seja, protrai-se no tempo por prazo ilimitado, podendo muitas vezes exceder o limite máximo previsto de
quatro - sursis simples e especial - ou seis anos - sursis etário ou por razões de saúde. Nesse caso, porém, não
subsistem as condições (legais e judiciais) impostas.

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Caso seja revogado o sursi, não se computa o tempo de prova, ou seja, o apenado perde o tempo
em que esteve de sursis. Expirado o período de prova sem que tenha havido a revogação da suspensão
condicional da pena, considera-se extinta a sanção privativa de liberdade aplicada (art. 82, CP). A extinção
opera-se de pleno direito, independentemente de expressa declaração judicial.

27. LIVRAMENTO CONDICIONAL

O livramento condicional consiste na liberação do condenado após o cumprimento de parte da sanção


penal aplicada em estabelecimento penal, desde que cumpridamente observados os pressupostos que regem a
sua concessão e sob certas condições previamente estipuladas. O livramento condicional configura a derradeira
etapa de cumprimento da sanção privativa de liberdade imposta. Preenchidos os pressupostos necessários para
sua outorga e satisfeitas as condições impostas, a concessão do livramento condicional.
Os ​requisitos​ para obtenção do LC são:

1) Quantidade da pena = mais de 1/3 se primário; mais de 1/2 se reincidente em crime doloso; mais de 2/3 se
praticou crime hediondo;

2) Não pode ser reincidente em crime hediondo;

3)Bom comportamento e aptidão para trabalho;

4)Pena igual ou superior a 2 anos (havendo mais de um crime, soma-se as penas)

5)Pode ter cometido crime com violência ou grave ameaça, mas as circunstâncias deve mostrar que ele não
voltará a delinquir

Para receber o Livramento Condicional há uma cerimônia do livramento​, parecida com a audiência
admonitória, em que serão lidos às condições impostas ao condenado e receberá a ​carta de livramento que
constará com os dados de identificação, inteiro teor da sentença e as condições impostas.
Essas condições impostas podem ser legais, facultativas ou judiciais. As ​legais​ são:
a)​ obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
b)​ comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c)​ não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.

As condições ​facultativas​ podem ser as seguintes:


a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de
proteção;
b)​ recolher-se à habitação em hora fixada;
c)​ não freqüentar determinados lugares.

As condições judiciais são de critério subjetivo do juiz.

Ocorre ​revogação absoluta do LC quando: 1) crime cometido com trânsito em julgado ​durante o
cumprimento do período de prova; 2) crime cometido com trânsito em julgado ​antes do cumprimento do
período de prova (há somatória). Ocorre ​revogação facultativa​: 1) se é condenado com trânsito em julgado a
uma pena de multa ou PRD; 2) não cumpre as obrigações impostas na sentença
No caso de condenação durante o período de prova, só computa-se o tempo de prova se o crime foi
cometido antes do período de prova, se foi durante, não se computa. ​Súmula 441: a falta grave não
interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional.

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28. DOSIMETRIA DA PENA

O sistema brasileiro para aplicação de penas é um sistema trifásico, também chamado de método
Nelson Hungria. Na ​1º fase é determinada a pena-base, utilizando a pena in abstrato (diminui-se o máximo
pelo mínimo e divide por 8) prevista pelo legislador e as circunstâncias judiciais do art. 59 que são:

•​Culpabilidade: trata-se do grau de reprovabilidade e censura da conduta do réu. Na culpabilidade avalia a


frieza e crueldade na execução do crime. Não se deve confundir esta culpabilidade com a pertencente ao
substrato do crime (fato típico, ilícito e culpável). É, também, uma circunstância residual;

•Antecedentes do réu​: refere-se à vida pregressa do agente, anterior ao crime. Inquérito policial arquivado, ou
em andamento, ação penal em andamento, processo penal com absolvição, processo penal em andamento com
decreto condenatório, passagem por atos infracionais, não geram maus antecedentes. O que gera maus
antecedentes são as condenações criminais transitadas em julgado incapazes de gerarem reincidência. Caso
ocorra um delito dentro do período de 05 anos da data do cumprimento da pena ou extinção desta, haverá
reincidência, passados os 05 anos haverá maus antecedentes. Os antecedentes devem ser comprovados por
certidão cartorária judicial que tenha registrado a condenação transitada em julgado. ​Súmula 241 STJ - A
reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial. Súmula 444 STJ - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso
para agravar a pena-base.

•​Conduta Social: refere-se ao comportamento do réu em seu meio familiar, social, profissional. É a relação e
convivência perante a sociedade.

•Personalidade do agente: É o caráter do delinquente, o retrato psíquico deste. Está mais afeto à psicologia
do que às Ciências Jurídicas. Na análise da personalidade do agente o juiz caso agrave a pena com base nesta
deve fundamentar de forma concreta, sob pena de restaurar o direito penal do autor.

•Motivos do crime: É o porquê, o motivo pelo qual, a razão do agente ter praticado o delito. Em tese, todo
crime possui um motivo. ​Motivo torpe são aqueles repugnantes, imorais, ex.: para satisfação lasciva, etc (“que
feio!”),​ motivo fútil​ são aqueles banais, insignificantes (“que besteira!”)

•Circunstâncias do crime: O modo de execução refere-se ao modus operandi, forma de execução do crime.
Os meios empregados relacionam-se ao instrumento utilizado na execução do crime. As circunstâncias de
tempo e lugar referem-se ao local do cometimento do crime (p. ex.: ermo) e às condições temporais, como o
crime cometido no silêncio da noite. Salientamos que não se deve valorar o que se configure simultaneamente
como circunstância legal, causa de diminuição ou aumento de pena, ou qualificadora, sob pena de ocorrer bis
in idem.

•​Consequências do crime​: são as consequências do crime, efeitos deste para a vítima, familiares e a
sociedade.

•Comportamento da vítima: ​refere-se à atitude da vítima, ele é sempre neutro.

Na ​2ºfase é calculada a pena intermediária levando em consideração os atenuantes (art. 65 e 66) ou


agravantes (art. 61 e 62). Nessa fase, a pena é aumentada ou diminuída em menos de 1/6 somente uma vez e,
além disso, deve respeitar o máximo legal prevista na pena in abstrato. Dentre a extensa lista, daremos atenção
apenas para a reincidência.
De acordo com o conceito dado pelo art. 64, verifica-se ​reincidência quando o agente pratica novo
crime após trânsito em julgado de alguma condenação, no país ou no estrangeiro. A reincidência pode ser ​real​,

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quando uma nova infração é cometida após ter terminado de cumprir a pena imposta total ou parcialmente
pelo crime anterior, ou ​ficta quando é condenado após o trânsito em julgado de uma sentença condenatória por
crime anterior, mas ainda não começou a cumprir.
A reincidência pode ainda ser ​genérica​, quando os crimes cometidos são de espécies diferentes, ou
específica​, quando são da mesma espécie. Os efeitos da reincidência são:
1)Agrava a pena;
2)No concurso de agravantes é circunstância preponderante;
3)Impede a concessão do sursis, se doloso;
4)Aumenta o prazo para livramento condicional;
5)Impede algumas causas de diminuição da pena;

A eficácia temporal da reincidência é de 5 anos e começa a contar após o cumprimento da pena, data
da extinção por outra causa ou do início do cumprimento do SURSIS ou livramento condicional da pena. Os
crimes políticos e crimes militares próprios não ensejam reincidência.
Na ​3ºfase da dosimetria é calculada pena definitiva com base nos majorante e minorantes (causas de
aumento e diminuição da pena) que estão espalhadas por todo o Código Penal. As majorantes e minorantes só
serão calculadas uma vez se houver mais de uma na parte especial (uma só diminuição ou um só aumento),
prevalecendo a que mais aumente ou diminua. Exemplificando:

Hipótese 1:​ 2 causas de aumento na parte geral do código = aumenta as duas

Hipótese 2:​ 2 causas de diminuição na parte geral do código = diminui as duas

Hipótese 3: ​1 causa de aumento na parte geral e 1 de aumento na parte especial do código = aumenta as duas

Hipótese 4: 1 causa de diminuição na parte geral e 1 de diminuição na parte especial do código = diminui as
duas

Hipótese 5: ​1 causa de aumento na parte geral e 1 de diminuição na parte especial = aumenta e diminui

Hipótese 6:​ 1 causa de diminuição na parte geral e 1 de aumento na parte especial = diminui e aumenta

Hipótese 7:​ 2 causas de diminuição na especial do código = escolhe a que mais diminui

Hipótese 8:​ 2 causas de aumento na parte especial do código = escolhe a que mais aumenta

Obs.:nessa fase a pena pode ultrapassar os mínimos e máximos legais

29. CONCURSO DE CRIME

Os concurso de crimes são situações em que o agente pratica mais de um crime, são situações de conflito
aparente de normas, pois parece que mais de uma norma seria aplicada. No entanto, o que acontece é que uma
norma fica absorvida pela outra e só se tem um crime, a absolvição de uma norma por outra pode se dar pela
pela subsidiariedade, pela alternatividade ou pela consunção. Importante ressaltar que a multa não admite
nenhum dos concursos de crime (art.72).

29.1 Concurso material

O concurso material ou real (art.69) se caracteriza por ter mais de uma conduta e mais de um
resultado, ou seja, pluralidade de condutas e pluralidade de resultados, não importando se estão no mesmo

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade
contexto fático (ex.: um indivíduo entra em uma casa e mata a mulher de seu desafeto, depois se dirige até o
trabalho e mata tbm o marido). O concurso pode ser:
● Homogêneo​= quando o agente pratica dois ou mais crimes idênticos, ex.: 2 condutas e dois
homicídios.
● Heterogêneo​= quando os crimes são diferentes. Ex.: estupro e furto.
A consequência do concurso material de crime é o somatório de penas (cúmulo material). O momento
da soma da pena pode ser na aplicação, se no mesmo processo, ou pelo juízo da execução penal se corriam em
processos distintos (art. 66 da LEP) . Se um dos crimes for aplicada a pena privativa de liberdade não
suspensa, não será possível substituição de restritiva de direito para as demais infrações.

29.2 Concurso formal

O concurso formal ou ideal (art.70) distingue do material pois há somente uma ação e mais de um
resultado. Ele pode ser:
● Próprio (perfeito)​= significa que com uma única ação pratica mais de um crime mas ela não desejava
os resultados. Nesse caso, há a exasperação, aplica-se a pena do crime mais grave e sobre ela se faz
um aumento de 1/6 até a metade.
● Impróprio (imperfeito) = uma única ação pratica mais de um crime, mas a pessoa já tinha desígnios
autônomos. Se faz a regra da cumulação, ou seja, as penas são somadas, não significa, porém que é um
concurso material, pois o que marca o concurso material são as duas ou mais condutas, para dois ou
mais crimes.
Os desígnios autônomos são sinônimos de dolo direto e eventual, STF afirma que onde houver dolo,
há desígnios autônomos. Assim como no concurso material, o concurso formal também podem ser
homogêneos ou heterogêneos e no concurso formal a quantidade de pena não pode exceder o que seria no
concurso material (concurso material benéfico)

30. CRIME CONTINUADO

No crime continuado (art.71) há pluralidade de conduta, mas nesse caso são crimes da mesma espécie.
Crimes da mesma espécie são crimes que ofendem o mesmo bem jurídico. Além disso, é necessário que tenha
a maneira de execução, mesma condição de tempo (30 dias), lugar e outras semelhanças. Nesses casos, os
crimes são tidos como continuação do primeiro. O legislador cria uma ficção jurídica e reconhece todos os
delitos como a continuação. No crime continuado utiliza a mesma técnica do crime formal própria, ou seja, a
exasperação em que utiliza a pena do mais grave aumentada de 1/6 a 2/3. O prazo prescricional no crime
continuado é utiliza a pena sem a exasperação (súmula 497 do que não permitia continuidade nos crime contra
a vida, a súmula foi revogada e adicionado um parágrafo no art. 71, é admitido utilizar nos crimes mesmo com
violência ou grave ameaça, mas, nesses casos, a exasperação pode ser feita até o triplo da pena.
Como podemos ver, nosso código adota o cúmulo material e a exasperação. Mas é possível encontrar
em outros ordenamentos a absorção em que o crime mais grave absorve o menos grave (súmula 17 STJ –
crime fim absorve o crime meio (ex.:crime de falsificação e de estelionato) e cúmulo jurídico que é uma
espécie de metamorfose, onde dois delitos formam uma nova pena. Ex.: o roubo é a união de furto + grave
ameaça ou violência.

31. ERRO NA EXECUÇÃO

O erro na execução (art.73) também é chamado de aberratio ictus. É preciso diferenciar o erro sobre a
pessoa (in persone - 20§3) e o erro na execução. O erro sobre a pessoa vai envolver uma falsa representação da
realidade, ou seja, é um engano. Por outro lado, o erro na execução envolve um “acidente”. Mas em ambos os
casos, responde como se houvesse matado a pessoa que pretendia.

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Resumo Penal - Parte Geral ​………………………………………………...… ​Ana Luiza de Andrade

32. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO

O resultado diverso do pretendido ou aberratio criminis (art.74) só será respondido se houver previsão
culposa. Esse instituto é residual, aplicado fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido. Se ocorrer também a conduta pretendida,
aplica-se o concurso formal. (ele é sempre de coisa para pessoa)
Fica mais claro através do exemplo: um indivíduo com raiva de seu vizinho deseja jogar uma pedra na
janela para causar um dano. Ao jogar a pedra, ao invés de pegar na janela, acaba pegando na parede e
causando um barulho que assusta uma mulher grávida que passava na hora pelo local, devido ao susto a
mulher , que já estava em gravidez de risco, acaba perdendo o bebê por aborto espontâneo. Nesse caso, como
não existe forma culposa para o aborto, o indivíduo será isento de pena. Se, porém, com a mesma situação, a
pessoa conseguisse atingir a janela, quebrar a mesma e ainda atingisse o seu vizinho que estava dentro da casa
próximo a janela, iria ser aplicado o concurso formal de crimes.

33. LIMITE DAS PENAS

O tempo de cumprimento máximo é de 30 anos, mas é importante ressaltar que o limite se dá no


cumprimento e não no cálculo da pena, assim para aqueles que a pena exceder trinta anos, apesar de não
cumprir toda a pena, qualquer cálculo para benefício será feita sobre o total da pena e não sobre o limite
máximo da pena. Válido também ressaltar que sobrevindo condenação por fato posterior, haverá nova
unificação sendo desprezado o período de tempo já cumprido.

34. MEDIDA DE SEGURANÇA

A medida de segurança (art. 96 a 99) uma consequência jurídica pela prática de um injusto penal que
se caracteriza por uma medida típica e antijurídica, nesses casos não há a culpabilidade. Quando é aplicada
uma medida de segurança há duas espécies que podem ser aplicadas: a internação e o tratamento ambulatorial.
A internação se dá quando um inimputável por doença mental ou desenvolvimento retardado praticou um
injusto penal que seria apenado com reclusão e o tratamento ambulatorial para as penas que seriam de
detenção ​(obs.: não é um regra absoluta, existem julgados em que dado o grau de desenvolvimento ou da
doença mental vai para o tratamento ambulatorial mesmo com pena de reclusão)
Durante muito tempo, estudou-se que as medidas de seguranças não tinham caráter de pena, tinha
caráter “tratativo”, “curativo”, dessa forma, a medida de segurança não tinha prazo, ela persiste até a cura.(​no
código ainda diz que é por período indeterminado)​. No entanto, o STF já vinha decidindo (nunca sumulou a
matéria) que o limite da medida de segurança era de 30 anos, assim como da pena. O STJ também sumulou
(SM 527 – STJ) a matéria e decidiu que o tempo máximo é o máximo em abstrato da pena. Nos casos em que
o apenado for considerado muito perigoso, o STJ entendeu que se encerra a medida de segurança e aplica-se
uma medida sancionatória (MP pode ser pedido uma internação compulsória, ou outro). Se a punibilidade foi
extinta, também será a medida de segurança, como a prescrição da pena, por exemplo. Se o tratamento
ambulatório (o mais brando) se mostrar ineficaz o juiz pode a qualquer momento transferir para a internação.

35. AÇÃO PENAL

Ação Penal (art. 100 a 106) consiste no direito de provocar o Estado na sua função jurisdicional para a
aplicação do direito penal objetivo em um caso concreto. Ou seja, é o meio pelo qual se provoca a tutela
jurisdicional, ele é um instrumento. A ação penal surge com a ocorrência da infração penal, ao mesmo tempo
que surge o jus puniendi. É também o direito do Estado, único titular do "jus puniendi", de satisfazer a sua

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pretensão punitiva. As características da ação penal são: autonomia; abstração; subjetivismo; natureza pública
e; instrumentalidade.
Na ação penal há uma autonomia porque ninguém precisa declarar que se há o direito; é abstrata
porque independe do resultado final do processo, pois quem faz uma ação penal faz um pedido que pode ser
aceito ou não. Ela é subjetiva porque temos um titular de direito, dada pela própria legislação (vítima,
representante ou ministério público). Se no tipo penal não falar nada sobre a ação penal quer dizer que o titular
é o ministério público (ação penal pública e incondicionada). A atividade provocada é sempre de natureza
pública (poder judiciário e monopólio do Estado), não se confunde com quem deu início à ação penal. Por
último, a ação penal é um instrumento para o meio de se alcançar a efetividade do direito.
As condições da ação são: possibilidade jurídica do pedido; interesse de agir; legitimidade de agir e;
justa causa . A ​possibilidade jurídica do pedido está ligado a necessidade de que o motivo da propositura da
ação constitua fato típico (previsto no ordenamento jurídico como crime). Ou seja, o pedido deve ter amparo
na legislação. Quanto ao ​interesse de agir​, este se refere a necessidade, adequação e utilidade da ação. Quanto
a ​legitimidade​, a ação penal só poderá ser iniciada se proposta pela parte que tenha o direito de punir. Além
disso, somente deve figurar no pólo passivo o provável autor da infração penal (suspeito). Sendo assim, na
ação privada o ofendido possui legitimação extraordinária, posto que possui apenas o direito de acusar o
suspeito, e não de puni-lo. A novidade da ação penal em relação a ação civil é o 4º elemento, a justa causa.
Justa causa é o mínimo lastro probatório sobre a materialidade e a autoria do delito. A ausência de justa causa
cabe habeas corpus.
A ação penal será pública quando o titular do direito de ação for o próprio Estado que visa à tutela dos
interesses sociais e a manutenção da ordem pública. Neste caso, cabe ao Ministério Público promover a ação
independentemente da vontade de outrem (ação penal exclusivamente pública). De acordo com o art. 100, do
Código Penal: "A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido".
Porém, há hipóteses em que o Ministério Público depende da manifestação da vontade do ofendido ou de seu
representante legal para exercer a sua atividade jurisdicional, então, a ação penal será pública condicionada,
conforme disposição do art. 100, §1º do CP: "A ação pública é promovida pelo Ministério Público,
dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça".
Há ainda a ação penal privada que será promovida apenas pelo ofendido ou por seu representante
legal, de acordo com a oportunidade e conveniência que entender cabíveis, já que a infração atinge imediata e
profundamente o interesse da vítima, que pode optar em preservar a sua intimidade e não propor a ação. A
ação penal privada propriamente dita, é a regra geral, acontece por exemplo crimes contra a honra, o prazo que
o querelante tem para oferecer a queixa crime são 6 meses contados a partir do conhecimento da autoria,
trata-se de um prazo penal, conta o dia do começo, devendo excluir o dia do final. Se a vítima morrer o direito
de queixa passa para o cônjuge, ascendente, descente e irmão (art 100, S 4º, CP). A ação privada
personalíssima somente a vítima pode oferecer a queixa, se a vítima morrer ocorre a extinção da punibilidade
(art 107, I, cp.) A subsidiária da pública, se o promotor perder o prazo para oferecer a queixa crime, a vitima
pode oferecer a denúncia subsidiária, o prazo para oferecer a denúncia no prazo legal, se o promotor perder o
prazo, a vítima pode oferecer em seu lugar no prazo de 6 meses a contar da inércia do promotor. (art 29, CPP)
o promotor continua como parte do processo para auxiliar o andamento do processo, pode aditar a queixa,
adiá-la, requerer provas, interpor recurso, em caso de inércia do querelante o promotor volta a ser a parte
principal do processo.
Entretanto, na ação penal pública incondicionada a infração atinge imediatamente a ordem social,
cabendo exclusivamente ao Ministério Público promover a ação, ao passo que, quando a ação penal for
condicionada dependerá o órgão jurisdicional da manifestação da vontade do ofendido que foi atingido
imediatamente pela infração para a propositura da ação. A denúncia é a peça acusatória inaugural da ação
penal pública (condicionada e incondicionada) (CPP, art. 24); a queixa, peça acusatória inicial da ação penal
privada.
Existem alguns princípios que regem a ​ação penal pública​, entre eles:

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● Obrigatoriedade​, a propositura da ação penal, uma vez preenchidos os requisitos legais, é obrigatória.
Não pode, portanto, o Ministério Público recusar-se a dar início à ação. Nos casos em que requerer o
arquivamento do inquérito policial, por exemplo, deverá justificar sua opção, que poderá ser negada
pelo juiz (art. 28 do CPP).
● Indisponibilidade​, uma vez iniciada a ação penal, não pode o Ministério Público dela desistir (art. 42 do
CPP). Exceção: tal princípio não é cabível nos casos de crime de menor potencial ofensivo, em que o
Ministério Público pode propor a suspensão condicional da pena (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
● Oficialidade​, a persecução deve ser realizada e fiscalizada pelos órgãos oficiais, que são públicos, tendo
em vista que a pretensão punitiva só pode ser satisfeita mediante o devido processo legal. Sendo assim,
compete apenas ao órgão do Ministério Público o exercício da ação penal. Porém, a investigação, por
exemplo, fica a cargo da autoridade policial. Além disso, a ação privada subsidiária da pública é
exceção a tal princípio.
● Indivisibilidade​, a ação penal deve abranger todos aqueles que cometeram a ação penal, sem exceção.
Assim, não pode o Ministério Público escolher contra qual suspeito vai intentar a ação, posto que todos
suspeitos deverão figurar no pólo passivo conjuntamente. O mesmo acontece na ação penal privada, de
acordo com o art. 48 do CPP: "A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade".
● Intranscendência​, a ação penal será promovida somente contra a pessoa a quem se imputa a prática da
infração, não podendo englobar o responsável por eventual indenização, por exemplo, como acontece
em ordenamentos jurídicos de outros países. Suficiência da ação penal, mesmo que haja ação pendente
na esfera cível, sobre o reconhecimento da existência da infração penal, pode o juiz criminal dar
prosseguimento a ação, já que esta é suficiente para resolver questão prejudicial não ligada ao estado de
pessoas (art. 93 do CPP)

Para ação penal privada, os princípios são:


● Oportunidade: significa que o querelante(queixoso/reivindicador) oferece a queixa crime se lhe for
conveniente, enquanto a pública o promotor é obrigado a processar.
● Disponibilidade: o querelante pode desistir da ação penal, na pública o princípio é da indisponibilidade
o promotor não pode desistir da ação, o ofendido pode desistir, perdão do ofendido e haver a
perempção.
● Indivisibilidade:​ havendo dois ou mais querelados a vítima deve oferecer a queixa crime contra todos.
● Intranscedência: vale-se para ação pública, somente pode processar criminalmente o autor da infração
penal, quem praticou o crime.

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