Compilado
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Infração Penal
Infração penal é toda conduta que atinge bens jurídicos protegidos pelo direito. A prática
de infração penal acarreta sanção penal.
O ordenamento jurídico brasileiro adota o sistema dualista ou binário ou dicotômico da
infração penal, dividindo-a em:
Obs.: A infração penal é um gênero que subdivide-se em duas espécies: crimes e contra-
venções penais.
5m
As contravenções penais são crimes menos graves e, consequentemente, possuem
sanções penais menores.
Lei de Introdução ao Código Penal – Art 1º Considera-se crime a infração penal que a
lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumula-
tivamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isolada-
mente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Obs.: As normas penais são divididas em duas partes: o preceito primário, que descreve
a conduta e o preceito secundário, que apresenta a sanção penal. Os crimes de
contravenção penal são diferenciados pelo preceito secundário. Se o preceito se-
cundário tiver pena de reclusão ou detenção, alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa, a conduta trata-se de um crime. Se não houver detenção ou reclusão,
trata-se de uma contravenção penal.
10m
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DIREITO PENAL
Infração Penal e Sujeitos do Crime
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Crime Contravenção
Preceito secundário: Penas de reclusão ou de Pena – de prisão simples ou de multa, cumulativa,
detenção (e/ou/sem multa) alternativa ou isoladamente
A ação penal pode ser pública incondicionada, Sempre de ação penal pública incondicionada (art.
pública condicionada, ou de iniciativa privada 17, Dec. Lei 3.688/41 - LCP)
Pune-se a tentativa (art. 14, II, CP) Não se pune a tentativa (art. 4º, LCP)
Há possibilidade de punição a crimes cometidos
Somente se pune a contravenção cometida no ter-
fora do território nacional – Extraterritorialidade
ritório nacional (art. 2º, LCP)
(art. 7º, CP)
Competência: Justiça Estadual, à exceção do foro
Competência: Justiça Estadual ou Justiça Federal
por prerrogativa de função
Obs.: A ação penal pública incondicionada é aquela que deve ser apurada independente-
mente da vontade da vítima. A ação penal condicionada é um crime no qual o Minis-
tério Público somente pode oferecer denúncia se houver manifestação de vontade
da vítima.
Nos crimes de ação penal de iniciativa privada, o Ministério Público não tem partici-
pação e é a vítima que deve oferecer queixa perante um Juiz.
15m
A contravenção penal é competência da Justiça Estadual, à exceção do foro por
prerrogativa de função. Por exemplo, um Deputado Federal que venha a praticar
contravenção penal relacionada ao cargo que exerce e durante o mandato, será pro-
cessado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal exclusivamente devido ao foro por
prerrogativa de função.
20m
Sujeitos do crime
Existem dois sujeitos do crime: o sujeito ativo e o sujeito passivo. O sujeito ativo é aquele
que pratica a infração penal e o sujeito passivo é aquele que sofre a conduta. A conduta não
será necessariamente praticada diretamente contra o sujeito passivo. Exemplo.: Um sujeito
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Infração Penal e Sujeitos do Crime
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deixa seu relógio na mesa e um indivíduo o subtrai. A conduta criminosa, nesse caso, caiu
sobre o relógio, não sobre o dono. O relógio é o objeto material do crime e o sujeito passivo
é o titular do bem jurídico protegido pela norma penal.
• Sujeito ativo: Indivíduo que pratica a infração penal. Pode ser qualquer pessoa física
capaz com idade igual ou superior a 18 anos.
• Autor: Indivíduo que pratica o crime de forma direta (pratica o verbo: matar, roubar etc).
• Partícipe e autor mediato: Indivíduo que pratica o crime de forma indireta (concorre/
contribui para o crime).
Sujeito ativo
• Crime comum: Não exige condição ou qualidade específica do sujeito ativo. Qualquer
pessoa pode praticar o crime. Exemplos.: furto, homicídio, lesão corporal.
• Crime próprio: Para ser sujeito ativo deste delito, é necessário uma qualidade ou condi-
ção especial ao agente. Quem não detém tal qualidade estará incapacitado de cometer
o referido crime. Exemplos.: infanticídio, peculato, corrupção passiva, prevaricação.
30m
• Crime de mão-própria: Além de exigir uma qualidade ou condição especial ao agente,
a prática do crime não pode ser delegada a outrem. É uma infração penal de conduta
infungível. Exemplo.: autoaborto, falso testemunho.
Obs.: Como não há regulamentação infraconstitucional, não há como punir pessoas jurídi-
cas por crimes financeiros e econômicos.
35m
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DIREITO PENAL
Infração Penal e Sujeitos do Crime
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CF, Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujei-
tarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, indepen-
dentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Lei n. 9.605/98 (Lei de Crimes ambientais)
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de
seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das
pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.
Ao imputar uma infração penal à pessoa jurídica, esta não deve ser obrigatoriamente
imputada a uma pessoa física.
O STJ e o STF não mais adotam a teoria da dupla imputação. (STJ, RMS 39.173-BA,
julgado em 06/08/2015, Info 566 e STF, RE 548181/PR, julgado em 06/08/2013, Info 714).
Logo, não se faz obrigatória a imputação do crime a uma pessoa física para que a pessoa
jurídica seja penalmente responsabilizada. Obviamente, porém, se for possível identificar a
pessoa física responsável, esta também deverá ser responsabilizada.
Sujeito passivo
É o titular do bem jurídico protegido pela lei penal, o qual é violado em razão da prática
da conduta criminosa pelo sujeito ativo.
Pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, ainda que incapaz ou destituído de persona-
lidade jurídica. Ademais, o nascituro também pode ser sujeito passivo (aborto).
40m
Pessoas mortas e animais não podem ser sujeitos passivos de infrações penais.
Crimes vagos
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DIREITO PENAL
Infração Penal e Sujeitos do Crime
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• Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral ou indireto: É o Estado, uma vez que
tem interesse na manutenção da paz pública e ordem social. Será sujeito passivo em
todos os crimes.
• Sujeito passivo eventual, imediato, material, particular, acidental ou direto: É o titular do
bem jurídico protegido pela lei penal e atingido pela conduta criminosa. Divide-se em:
– Comum: Se o tipo penal não exige uma qualidade específica do sujeito passivo.
45m
– Próprio: O tipo penal exige uma qualidade específica do sujeito passivo (ex.: infanti-
cídio (art. 123, CP).
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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DIREITO PENAL
Teoria do Crime
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TEORIA DO CRIME
Antijuridicidade (ili-
Fato típico Culpabilidade
citude)
• Conduta
• Imputabilidade
• Resultado
• Potencial consciência da ilicitude
• Relação de causalidade (nexo causal)
• Exigibilidade de conduta diversa
• Tipicidade
A ilicitude não tem elementos porque é presumida. Ela vai ter excludentes: legítima defesa,
estado de necessidade, estrito comprimento do dever legal e exercício regular do direito.
5m
O dolo e a culpa, que são elementos subjetivos do crime, se encontram dentro da conduta.
Houve uma evolução doutrinária do que era adotado no passado e do que é adotado hoje.
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Teoria do Crime
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TEORIAS DA CONDUTA
Ela surge numa época da ciência, estava ocorrendo a revolução científica e haviam avan-
ços tecnológicos, então as pessoas buscavam explicar tudo por meio da ciência, inclusive o
direito penal. A ciência é uma relação de causa e efeito.
A conduta é uma ação humana voluntária, que não leva em consideração a finalidade
dessa ação. A teoria natural vai analisar uma relação de causa e efeito.
10m
• Idealizada por Franz von Liszt, Ernst von Beling e Gustav Radbruch, no início do séc. XIX
• O crime deve ser explicado sob uma ótica científica, natural, sob uma relação de causa
e efeito. Afasta elementos psicológicos para explicar a conduta.
• A conduta será composta pela ação e pela vontade, ou seja, um movimento corporal
voluntário do agente. É uma análise objetiva, que não leva em consideração o dolo e
a culpa do agente.
• A teoria causalista não leva em consideração a finalidade da conduta, basta haver um
ato voluntário para que esteja caracterizada a conduta. Há uma separação entre a con-
duta (movimento corporal objetivo) e a intenção do agente (dolo ou culpa).
Como essa teoria não leva em consideração a finalidade da ação, o dolo e a culpa não
estão dentro da conduta. O dolo e a culpa são analisados dentro da culpabilidade. Ela ado-
tava obrigatoriamente o conceito tripartite de crime, porque não existe crime sem dolo e culpa.
Logo, como era necessário que houvesse obrigatoriamente dolo ou culpa e ele estava
dentro da culpabilidade, necessariamente a culpabilidade era um elemento do crime para
teoria clássica.
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Teoria do Crime
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CULPABILIDADE
Teoria psicológica
CRÍTICAS
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DIREITO PENAL
Teoria do Crime
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1) Não apresenta solução para a inexigibilidade de conduta diversa (coação moral irresis-
tível, obediência hierárquica). Há dolo, mas o agente não podia agir de outro modo.
2) Não explica a culpa inconsciente (não há previsibilidade do resultado pelo agente –
logo, não há vínculo psicológico entre o autor e o resultado)
20m
Essa teoria irá dizer que é um comportamento humano voluntário, porque um comporta-
mento engloba tanto a ação quanto a omissão.
Obs.: não são todas as bancas que irão tratar dessa teoria, ela não é muito cobrada. Mas
algumas bancas podem ser detalhistas e perguntar algo a respeito.
Se uma pessoa deu um tiro em outra sem a intenção, ela não seria responsabilizada
criminalmente por aquele fato. Porque de acordo com a teoria clássica e a neokantista, a
pessoa praticou uma conduta, que gerou nexo causal, tem tipicidade e que tem ilicitude.
Porém, quando chegava na culpabilidade era analisado se havia dolo ou culpa: como não
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Teoria do Crime
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houve dolo e nem culpa (não incorreu negligência, imprudência ou imperícia), essa pessoa
não seria penalizada.
25m
De acordo com essas teorias, a pessoa não seria responsabilizada por qualquer crime,
por haver ausência de culpabilidade.
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Teoria do Crime
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A potencial consciência da ilicitude antes estava dentro do dolo. Nas teorias anteriores
havia o dolo normativo, porque a consciência da ilicitude da norma era analisada dentro do
dolo. Quando o dolo sai da culpabilidade e vai para conduta ele abandona o elemento da
potencial consciência da ilicitude dentro da culpabilidade. Ele passa a ser um dolo que vai a
analisar a vontade do agente, mas não analisa mais a consciência da ilicitude. Por isso, ele
não pode ser mais chamado de dolo normativo e sim de dolo natural.
DOLO
TEORIA FINALISTA
• Não explica adequadamente os crimes culposos, uma vez que nestes crimes, a con-
duta não se dirige ao resultado naturalístico produzido, uma vez que este é involuntário.
35m
Com o objetivo de adequar a teoria finalista aos crimes culposos, Welzel cria uma nova
teoria, denominada cibernética. A conduta não é dirigida a um fim ilícito, mas simplesmente
a uma finalidade. O termo utilizado passa a ser o controle da vontade, presente tanto nos
crimes dolosos quanto culposos.
Essa finalidade não precisa ser necessariamente uma finalidade ilícita, ainda que seja
uma finalidade lícita.
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DIREITO PENAL
Teoria do Crime
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RESUMINDO
Obs.: Hoje no Brasil é adotada a teoria limitada da culpabilidade. A diferença entre a teoria
normativa pura e a limitada da culpabilidade tem uma pequena diferença em relação
ao tratamento dado às descriminantes putativas.
40m
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Online, de acordo com a aula prepa-
rada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
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Conduta e Dolo
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CONDUTA E DOLO
TEORIA DO CRIME
Conduta
• Somente o ser humano pode realizar uma conduta. Todavia, pode se valer de ani-
mais para o alcance do resultado. Observação: a pessoa jurídica pode praticar crimes,
sendo a única possibilidade os crimes ambientais, contra o meio-ambiente, valendo-se
de pessoas naturais para tanto.
• Não há crime sem conduta, uma vez que é um dos elementos do fato típico.
Coação física irresistível (vis absoluta) Coação moral irresistível (vis compulsiva)
Trata-se de ausência de vontade Trata-se de inexigibilidade de conduta diversa
Exclui a conduta e, portanto, o fato é atípico Exclui a culpabilidade
CRIME DOLOSO
A análise de dolo ou culpa é dentro da conduta. Se a pessoa não tiver agido nem com,
nem com culpa, não há conduta.
15m
Código Penal
Art. 18. Diz-se o crime:
Crime doloso
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
ANOTAÇÕES
Sobre o dolo:
1. Integra a conduta (teoria finalista), dentro do fato típico.
2. Possui dois elementos: vontade (elemento volitivo) e consciência da conduta e do
resultado (elemento intelectivo ou cognitivo).
Quando se quer praticar um crime é que se tem a vontade de praticar o crime e o com-
portamento gerará determinado resultado buscado.
2.1. Elemento volitivo – o agente quer a produção do resultado de forma direta (dolo
direto) ou admite a sua ocorrência (dolo eventual)
2.2. Elemento intelectivo ou cognitivo – efetivo conhecimento de que determinado com-
portamento (conduta) vai gerar determinado resultado (elementos integrantes do tipo penal
objetivo, que não são dolo e culpa)
Teoria do crime
Fato Típico
Conduta
• Dolo
1. Vontade (elemento volitivo)
2. Consciência (elemento cognitivo ou intelectual, intelectivo)
Resultado
Nexo causal
Tipicidade
Espécies de dolo
2.2. Dolo eventual: o agente assume o risco de produzir o resultado. O agente prevê a
possibilidade de ocorrência de diversos resultados, dirige sua conduta para um deles (menos
grave), mas assume o risco da produção do resultado mais grave. O agente responderá dolo-
samente pelo resultado alcançado.
25m
• É cabível a tentativa no dolo eventual.
• “Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de agir” (Reinhart Frank).
• O STJ vem entendendo como dolo eventual a direção alcoolizada na contramão.
• Possível em razão da Teoria do consentimento ou assentimento: Há dolo não somente
com a vontade produzir o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo
o risco de produzi-lo.
• Há uma diferença de classificação entre dolo direto e dolo eventual, mas o resultado
prático, a tipificação penal será a mesma.
• O dolo eventual é aplicável a todo e qualquer crime que, com ele, seja compatível.
30m
• Todavia, alguns tipos penais impõem o dolo direto. Ex.: art. 180, CP “coisa que sabe
ser produto de crime”; art. 339, CP “de que o sabe inocente”.
• Alguns doutrinadores criticam o dolo eventual porque só poderia ser identificado ao
analisar o psíquico do agente. Entretanto, esta posição não subsiste. A doutrina e a
jurisprudência se manifestam no sentido de que o dolo eventual não é extraído da
mente do autor, mas sim das circunstâncias do fato.
• Não se admite uma presunção de dolo, tão pouco uma presunção de culpa. Dolo e
culpa devem ser demonstrados de acordo com os elementos fáticos.
• O dolo eventual recebe o mesmo tratamento jurídico do dolo direto.
Teorias do dolo
São duas as grandes espécies de dolo: direto e eventual. Para cada um dos dolos é ado-
tada uma teoria.
1. Teoria da vontade: o agente prevê o resultado e tem a vontade de produzi-lo.
2. Teoria da representação (ou possibilidade): não é adotada no Direito Penal brasi-
leiro. Para configurar o dolo, basta haver a previsão do resultado. Deve ser preponderante
o elemento intelectivo e não o volitivo. Se o resultado era previsível, o agente responde
por ele, independentemente de sua vontade. Para o Brasil, trata-se de culpa consciente,
crime culposo.
ANOTAÇÕES
Resposta: Teoria da vontade (dolo direto) e teoria do consentimento (dolo eventual), con-
forme o artigo 18, I, do CP.
“Diz-se o crime doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”
A teoria da representação (ou possibilidade) descreve a culpa consciente que, no ordena-
mento jurídico brasileiro, é compreendida como uma hipótese de crime culposo.
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ANOTAÇÕES
DOLO E CULPA
ESPÉCIES DE DOLO
Dolo direto de 1º grau, subespécie do dolo direto. Há também dolo direto de 2º grau.
Trata-se de uma subclassificação do dolo direto.
5m
Representa o objetivo imediato do crime, com consciência e vontade. Trata-se do que o
agente quer alcançar, resultado imediato.
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DIREITO PENAL
Dolo e Culpa
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É uma espécie de dolo direto e não de dolo eventual. O resultado buscado imediatamente
pelo agente (dolo de primeiro grau) necessariamente atingirá outros bens jurídicos ou outras
vítimas. São os efeitos de ocorrência certa. O agente não busca esses efeitos, mas sabe que
eles vão ocorrer para que o intento inicial seja alcançado.
Também chamado de dolo de consequências necessárias, são consequências decor-
rentes da conduta do dolo direto de 1º grau. Resultados adjacentes, há certeza de que vão
acontecer.
Dolo de 2º grau vs dolo eventual
Não se trata de dolo eventual porque este é quando se pratica uma determinada conduta
com o risco da ocorrência, o resultado eventualmente pode ser produzido. No dolo direto de
2º grau há a certeza da ocorrência, são consequências necessárias.
O dolo direto de 3º grau existe, mas são poucos doutrinadores que adotam esse entendi-
mento. Há apenas um exemplo: quando o nascituro morre em virtude de um evento causado
para atingir um pessoa diferente da gestante, atinge a gestante e, por consequência, atinge
o feto. A maioria da doutrina define que o aborto seria uma consequência necessária, tratan-
do-se de dolo direto de 2º grau, não sendo necessário diferenciar.
CRIME CULPOSO
Crime culposo
I –culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente.
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DIREITO PENAL
Dolo e Culpa
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A imprudência é uma ação, uma ação perigosa, despreocupada. Trata-se de uma culpa
positiva, quando se pratica uma conduta sem o devido cuidado.
15m
A negligência refere-se a uma culpa negativa, um desleixo, uma inobservância de uma
regra, de um determinado cuidado, quando se deixa de fazer algo para tornar a conduta
mais segura.
A imperícia é uma falta de técnica para uma função, um cargo, uma arte. Conhecida
como culpa profissional. Trata-se de falta de habilidade, conhecimento, técnica.
O resultado é involuntário, se fosse voluntário, o crime seria doloso.
Com relação ao parágrafo único: o Direito Penal existe para punir os crimes dolosos,
exceto raríssimas exceções. Como em regra os crimes são dolosos, a lei não precisa deter-
minar que o crime é doloso. Quando houver a possibilidade de punição para um crime cul-
poso, a lei deve falar de maneira expressa.
Exemplo: crimes contra o patrimônio, há apenas uma situação de crime previsto como
culposo na origem, é o de receptação, art. 180, CP; crimes contra a administração pública,
peculato, art. 312, CP, e fuga de pessoa presa ou submetida a medidas de segurança, art.
351, CP.
20m
ATENÇÃO
Em regra, os crimes culposos são previstos em tipos penais abertos: “se o crime é culposo”.
Isso ocorre porque não é possível prever num rol fechado todas as formas que a culpa pode
se relevar no caso concreto.
Entretanto, excepcionalmente, o legislador pode definir um crime culposo num tipo penal
fechado, tal como ocorre na receptação culposa (art. 180, §3º, CP) ou na omissão de cau-
tela (art. 13, Lei 10.826/03).
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DIREITO PENAL
Dolo e Culpa
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TEORIA DO CRIME
Fato Típico
Conduta
•Dolo
•Culpa
Resultado
Nexo causal
Tipicidade
Definição
Conduta humana voluntária que gera um resultado ilícito não querido pelo agente, mas
que lhe era previsível (culpa consciente), ou deveria ser previsível (culpa inconsciente), e que
poderia ter sido evitado se o agente tivesse agido com cuidado.
ATENÇÃO
No crime culposo, a conduta do agente não é dirigida a uma finalidade ilícita.
No crime doloso busca-se o resultado com a conduta, não se alcançando o resultado, res-
ponde-se pela tentativa. Para o crime culposo, responde-se apenas se alcançar o resultado
ilícito, produzido involuntariamente, em virtude de imprudência, negligência ou imperícia.
Há exceções, no caso de culpa imprópria. Dentro do contexto das descriminantes putati-
vas há a culpa imprópria, que admite a tentativa.
Regra: CRIMES CULPOSOS NÃO ADMITEM TENTATIVA!
Elementos da culpa:
a. Comportamento humano voluntário: só há conduta se houver um comportamento
voluntário.
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DIREITO PENAL
Dolo e Culpa
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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CULPA E PRETERDOLO
Elementos da culpa:
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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• Uma rara exceção é o crime do artigo 38, Lei 11.343/06 – “prescrever (...) culposa-
mente, drogas, sem que delas necessite o paciente”. Crime culposo formal.
5m
e. Tipicidade
Só há crime culposo se houver expressa previsão legal. Ainda que o resultado advenha
de uma conduta culposa, não se pode imputar crime ao agente.
Art. 18, Parágrafo único - “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.”
f. Previsibilidade objetiva
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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Para o Direito Penal Brasileiro, é possível a punição tanto pela culpa consciente, quanto
pela culpa inconsciente.
ESPÉCIES DE CULPA
Na culpa consciente, o agente prevê o resultado porque ele era previsível, havia previsibi-
lidade objetiva (qualquer pessoa poderia prever) e previsibilidade do agente no caso concreto.
ANOTAÇÕES
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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Para a culpa inconsciente, o agente NÃO prevê o resultado, o qual era objetivamente
previsível (homem médio). Ou seja, no lugar do agente, qualquer pessoa teria previsto a pos-
sibilidade de ocorrência do resultado naturalístico.
Responderá pela modalidade culposa, assim como na culpa consciente.
25m
Assim como na culpa consciente, na culpa inconsciente tem de haver a previsibilidade
objetiva, caso contrário, não há punição pelo resultado involuntário, apenas pela conduta
realizada.
Culpa presumida (in re ipsa)
Assim como não tem dolo presumido, não há culpa presumida.
Abolida do direito penal brasileiro. Consistia numa forma de responsabilização objetiva,
pois presumia a culpa do agente. A culpa deve ser provada para que o agente seja punido.
Sim. Neste caso, apesar de não haver concurso de pessoas (ausência de vínculo subje-
tivo), ambos respondem pelo delito culposo. Ex.: dois veículos que furam o sinal vermelho e,
do acidente, atingem um pedestre que vem a morrer.
ATENÇÃO
a culpa exclusiva da vítima afasta a incidência da modalidade culposa, uma vez que a pes-
soa agia de maneira correta. A vítima é quem causou a si própria o resultado.
30m
ANOTAÇÕES
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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Art. 19 - “Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver
causado ao menos culposamente.”
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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Crime preterdoloso
Ocorre o crime preterdoloso quando o agente gera resultado distinto de seu intento. O
agente, por meio de um comportamento doloso, pratica uma conduta visando determinada
finalidade, mas alcança outra mais grave e involuntária.
Por esta razão, pode-se dizer que no crime preterdoloso há dolo na conduta e culpa no
resultado.
Ou, ainda, dolo no antecedente e culpa no consequente.
ATENÇÃO
1. Trata-se de uma figura híbrida – há, no mesmo contexto fático, o concurso de dolo e cul-
pa. Não se trata de um terceiro elemento subjetivo, há apenas dois elementos subjetivos,
culpa a dolo. O preterdolo é a fusão de dolo e culpa.
2. Não é cabível a tentativa nos crimes preterdolosos!!
O agente que pratica crime preterdoloso, após ter uma sentença condenatória tran-
sitada em julgado, deve ser tratado como reincidente em crime doloso ou culposo?
Apesar de haver uma pequena divergência, a ampla doutrina entende que deve ser tra-
tado como reincidente em crime doloso, uma vez que, apesar do resultado culposo, o agente
agiu com dolo na conduta.
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ANOTAÇÕES
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DIREITO PENAL
Iter Criminis
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ITER CRIMINIS
Obs.: O iter criminis é compreendido desde a cogitação até a consumação, sendo que o
exaurimento não integra o iter criminis.
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Iter Criminis
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Obs.: O direito penal não pode punir a cogitação, mesmo que o indivíduo tenha decidido
praticar o delito.
Obs.: Em regra, os atos preparatórios não são puníveis pelo direito penal, no entanto, ex-
cepcionalmente, é possível que o direito penal puna os atos preparatórios se eles
configurarem por si só um crime.
Ex.: Um indivíduo deseja matar uma pessoa e compra uma arma de fogo no mercado
negro coma intenção de matar a vítima.
No caminho para casa, o indivíduo portava a arma e foi abordado pela polícia.
Nesse caso, mesmo que o indivíduo relate aos policiais o motivo de possuir a arma, não
poderá ser punido pelo a tentativa de homicídio, no entanto, poderá ser punido pelo porte
ilegal de arma de fogo.
Obs.: Os crimes-obstáculos são crimes criados pelo Código Penal ou legislação penal que
irão punir os atos preparatórios.
10m
Ex.: Art. 288, CP – associação criminosa, ou seja, quando três ou mais pessoas se asso-
ciam com a finalidade de praticar crimes.
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Iter Criminis
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Ainda que essas pessoas não pratiquem delitos, o fato de se associarem para o cometer
crimes, irá configurar crime de associação criminosa.
O Código Penal criou um tipo penal para punir o crime do art. 291 do CP (petrechos para
a falsificação de moedas).
Obs.: Os atos executórios ocorrem quando o agente inicia a efetiva prática do delito, ou
seja, são atos inequívocos com a finalidade de praticar e consumar o crime almejado.
Ex.: Um indivíduo colocou uma escada no muro para assaltar uma residência, no entanto,
foi avistado por uma viatura de polícia que o prendeu e o encaminhou ao delegado de polícia
para lavrar o flagrante.
O STJ compreendeu que se o indivíduo somente colocar a escada no muro, estará rea-
lizando um ato preparatório, no entanto, se o indivíduo iniciar a escalada, estará realizando
um ato executório.
• Teoria subjetiva – não há transição dos atos preparatórios para os atos executórios.
Leva-se em consideração o plano interno do agente.
Obs.: A teoria subjetiva não diferencia atos preparatórios de atos executórios, levando em
consideração o plano interno do agente.
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Iter Criminis
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Teorias objetivas
• Teoria da hostilidade ao bem jurídico – atos executórios são aqueles que atacam o
bem jurídico, criando uma situação concreta de perigo.
Ex.: O início da escalada do indivíduo configura atos preparatórios, tendo em vista que o
bem jurídico patrimonial que seria subtraído dentro da casa ainda não foi atingido.
20m
Obs.: Na teoria objetivo-formal, é necessário que o agente pratique o verbo do tipo penal
para que se inicie os atos executórios.
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Iter Criminis
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O STJ dispõe que o indivíduo que portar uma arma de fogo e for capturado pela polícia ao
tentar invadir uma casa na intenção de roubar os moradores, não praticou atos executórios,
apenas atos preparatórios em relação ao roubo.
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preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
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DIREITO PENAL
Consumação e Tentativa
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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Obs.: Em prova costuma cair o inciso de forma copiada, a segunda definição é algo
mais prático.
Exaurimento
Exemplo: O indivíduo furta um objeto, sem desejá-lo, porque irá revender a um preço
baixo. O comprador, se ciente da situação, comete crime de receptação. O assaltante não
responde por novo delito (nesse caso, receptação). Ele é autor do furto, mas esse ato poste-
rior é em decorrência do ato anteriormente praticado.
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Consumação e Tentativa
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CP. Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate.
O crime anterioré formal, ele se consuma no momento em que a vítima tem sua liber-
dade privada, desde que haja a intenção de pedir um preço pela liberdade dela. Se esse
preço (ou outra vantagem indevida) for obtida, exaure-se o crime.
5m
CP. Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalida-
de do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao compor-
tamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e preven-
ção do crime.
TENTATIVA
A tentativa acontece quando o agente inicia a prática dos atos executórios, mas não
consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
10m
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Consumação e Tentativa
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Denominações
Pena – de tentativa
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
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DIREITO PENAL
Consumação e Tentativa
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Punição da Tentativa
CP. Art. 14. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena cor-
respondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Qual teoria foi adotada, em regra, pelo Código Penal Brasileiro no que concerne à puni-
ção da tentativa?
Teoria objetiva, realística ou dualista.
Existem duas teorias principais, a subjetiva e a objetiva. O Brasil não adota a subjetiva,
mas é preciso conhecê-la.
25m
• Subjetiva: quem quer praticar um crime deve ser punido, ainda que não alcance a
consumação.
• Teoria objetiva, realística ou dualista: não há justiça em punir de forma igual quem
consuma e quem tenta, por esse motivo, a pena para a tentativa é diminuída em rela-
ção à pena base.
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DIREITO PENAL
Consumação e Tentativa
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CP. Art. 14. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Punição da Tentativa
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Tentativa
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TENTATIVA
CP. Art. 14. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena cor-
respondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
ESPÉCIES DE TENTATIVA
5m
O agente inicia a execução, mas não consegue utilizar todos os meios que tinha à dispo-
sição e que havia planejado usar. O crime não se consuma por razões alheias à sua vontade.
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Tentativa
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O agente inicia a execução, utiliza todos os meios que tinha à disposição e que havia pla-
nejado usar. Todavia, o crime não se consuma por razões alheias à sua vontade.
Diferenciando:
Supondo que o indivíduo quer matar uma pessoa e possui 10 munições em sua pistola.
Ele efetua disparos contra a vítima. Suponha, então, que os 10 disparos foram efetuados e,
mesmo assim, o crime não se concretizou por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Nesse caso, a tentativa seria a perfeita (ou seus nomes sinônimos), porque utilizou-se
todos os meios à disposição do agente.
Assim, a tentativa imperfeita é quando o agente não usa todos os meios, por exemplo,
deu 6 tiros e foi parado pela polícia. Aqui, os atos executórios são interrompidos.
O objeto material do delito não chega a ser atingido pela conduta do agente. A vítima
não é atingida.
Tentativa Idônea
O resultado é possível de ser alcançado, mas não ocorre por razões alheias à vontade do
agente. Assim, é a tentativa “normal”.
Tentativa Inidônea
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DIREITO PENAL
Tentativa
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POSSIBILIDADE DE TENTATIVA
Apesar de vozes contrárias, a doutrina majoritária entende que é possível a tentativa nos:
1) Crimes de dolo eventual
15m
2) Crimes de ímpeto (condutas repentinas)
ATENÇÃO
Crimes formais admitem tentativa.
20m
C ontravenção
C ulposo
C ondicionado ou de resultado vinculado
H abitual
O missivo próprio
U nissubsistente
P reterdoloso
A tentado ou de empreendimento
Analisando
Sobre a Contravenção, ainda que seja possível imaginar no mundo real (fático) uma
tentativa impedida de puxão de cabelo, no mundo jurídico só se responde por contravenção
consumada. Cuidado!
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Tentativa
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• Crimes habituais são aqueles que precisam de recorrência. Assim, não dá pra tentar
fazer duas vezes, ou fez duas vezes (ou mais), ou não.
• Omissivo próprio é aquele que ocorre no momento em que o agente se omite, inde-
pendente do resultado, por isso, não dá pra pensar em tentativa.
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Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
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A tentativa se configura quando o crime não se consuma por vontades alheias às inten-
ções do agente, mas o seu dolo a todo momento era o de que o crime se consumasse.
No entanto, o indivíduo que se arrepende do resultado logo após a execução e que muda
o seu dolo, tem-se um caso diferente da tentativa.
Art. 15 do CP: O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que
o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
• a desistência voluntária; e
• o arrependimento eficaz.
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Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
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Não obstante, deve-se observar que mesmo quando a vítima não morre, mas é ferida, o
criminoso responde pela lesão corporal de natureza grave, ou seja, qualificado pelo perigo
de vida, exceto quando a lesão corporal for leve.
É importante saber que só é possível ser beneficiado pela desistência voluntária e o arre-
pendimento eficaz quando os atos executórios já tiverem sido efetuados durante o iter criminis.
No caso da prática de atos preparatórios com a desistência da prática de atos executó-
rios, não se pode punir sequer pela tentativa.
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Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
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Crime não se consuma por razões alheias à vontade Crime não se consuma por ato voluntário e eficaz do
do agente próprio agente
Diminuição de pena de 1/3 a 2/3 Responde pelos atos já praticados
15m
Na tentativa (art. 14 do CP), o agente tem o iter criminis interrompido por razões alheias a
sua vontade. Já na desistência voluntária e arrependimento eficaz o iter criminis é interrom-
pido pela própria vontade do agente.
Denominações:
Desistência Voluntária
A desistência voluntária é uma interrupção dos atos executórios no meio de sua prática
por meio da própria vontade. A interrupção ocorre durante a prática dos atos executórios.
É uma interrupção dos atos executórios pela manifestação de vontade do próprio agente,
o qual poderia ter prosseguido na execução do delito.
Desistência voluntária: “Posso prosseguir, mas não quero”
O arrependimento eficaz, por outro lado, ocorre quando todos os atos executórios já
foram praticados e o agente arrependido pratica uma nova conduta na tentativa de evitar a
consumação do crime.
20m
Existe uma compatibilidade entre os dois institutos (desistência voluntária e tentativa
imperfeita ou inacabada) por conta do momento em que ocorrem, mas não são consideradas
a mesma coisa e a consequência são diferentes.
Tentativa: “Quero prosseguir, mas não posso” (Fórmula de Frank).
Na cabeça do agente, o crime ainda pode ser efetuado, mas o mesmo desiste de consu-
mar o crime, embora possa consumá-lo, o que é exatamente o oposto da tentativa.
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DIREITO PENAL
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
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Exemplo: o indivíduo X está prestes a furtar objetos quando ouve a sirene de uma via-
tura e foge. Nesse caso, tem-se uma tentativa de furto que não se consumo, porque fatores
alheios à vontade do agente acabaram por frustrar a consumação do crime.
Arrependimento eficaz
Conduta voluntária do agente, que impede a produção do resultado, após ter praticado
todos os atos executórios.
25m
ATENÇÃO
A desistência voluntária e arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culpo-
sos (resultado involuntário).
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DIREITO PENAL
Arrependimento Posterior
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ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Art. 16 do CP: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois terços.
Note que só existe arrependimento posterior nos crimes que não envolvem violência ou
grave ameaça. O roubo de um celular e sua posterior restituição, por exemplo, vale como ate-
nuante para o infrator, mas não funciona como um benefício amplo como o arrependimento
posterior, porquanto a lei veda expressamente a possibilidade de concessão de tal benefício
em crimes com violência ou grave ameaça.
Além disso, faz-se necessária a restituição da coisa ou reparação do dano, ou seja, o
pagamento em valor proporcional ao bem danificado ou subtraído, por exemplo.
5m
Quanto à persecução penal, sabe-se que esta se inicia e só é finalizada com a sentença
condenatória transitada em julgado.
O ato que finaliza o inquérito policial e inicia a ação penal é o recebimento da denúncia
ou da queixa. Isso significa que o arrependimento pode ocorrer em qualquer momento da
persecução penal, antes do recebimento da denúncia.
Por conta disso, não cabe arrependimento posterior durante a ação penal. É importante
saber se o autor do delito reparou o dano ou restituiu a coisa à vítima e, neste caso, é possí-
vel considerar que haverá uma atenuante, mas não o arrependimento posterior.
Além disso, é importante analisar a existência de voluntariedade. Entregar um objeto rou-
bado às autoridades durante o cumprimento de mandato de busca e apreensão, por exem-
plo, não configura sinal de arrependimento.
A voluntariedade envolve a possibilidade de permanecer na posse da coisa e decidir
voluntariamente pela reparação do dano ou restituição da coisa.
ANOTAÇÕES
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DIREITO PENAL
Arrependimento Posterior
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Arrependimento Posterior
ATENÇÃO
A recusa da vítima em receber a reparação do dano ou restituição da coisa não é óbice
para o gozo do benefício por parte do agente que se arrependeu.
ANOTAÇÕES
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DIREITO PENAL
Arrependimento Posterior
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Arrependimento Posterior
Natureza Jurídica
Aplicabilidade
Celeridade e Voluntariedade
STJ: “Nos termos da jurisprudência desta Casa, a incidência do instituto do arrependimento pos-
terior pressupõe a integral reparação do dano antes do recebimento da denúncia, cuja fração de
diminuição de pena será fixada de acordo com o aspecto temporal entre a prática do ilícito e a
conduta voluntária do agente em restituir à vítima o seu prejuízo” (AgRg no REsp n. 1.262.608/BA,
DJe 21/10/2015; AgRg no HC 686.557/SP, DJe 18/03/2022).
ANOTAÇÕES
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DIREITO PENAL
Arrependimento Posterior
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Obs.: Ainda que o MP ou a vítima já tenham oferecido a queixa, se o juiz ainda não a tiver
recebido, é possível se beneficiar do arrependimento posterior.
Arrependimento Posterior
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DIREITO PENAL
Arrependimento Posterior
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Sim. O arrependimento posterior tem natureza objetiva. Ademais, a conduta por um dos
agentes inviabiliza que o outro tome a mesma atitude. (STJ. REsp 1187976/SP, julgado em
07/11/2013)
É importante notar que o arrependimento posterior é uma circunstância objetiva, ou seja,
que se relaciona ao fato, e não ao indivíduo e todos os integrantes do fato se beneficiam. O
mesmo vale para a desistência voluntária e para o arrependimento eficaz.
Peculato culposo
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DIREITO PENAL
Crime Impossível
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CRIME IMPOSSÍVEL
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DIREITO PENAL
Crime Impossível
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Não obstante, pode-se considerar o caso concreto e a tipificação de outro crime como o
vilipêndio à cadáver. No entanto, o exemplo em questão não redunda em qualquer penali-
dade, pois o dolo não era de vilipendiar o cadáver, e sim de cometer o homicídio.
Em suma, o mais importante é saber que:
Art. 17 do CP: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Denominações
• Crime oco;
• Quase crime (não confunda com o crime falho);
• Tentativa inidônea, inadequada, impossível.
Natureza Jurídica
Espécies
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DIREITO PENAL
Crime Impossível
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Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por exis-
tência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto.
Obs.: A tentativa de furtar uma pessoa que não possua objetos para serem furtados, por
exemplo, configura crime impossível, por conta da inexistência do objeto material
a ser furtado. O mesmo não se aplica ao crime de roubo, que resulta da fusão do
emprego da violência ou grave ameaça com a subtração e, consequentemente, a
tentativa de roubo persiste ainda que não haja objetos a serem subtraídos.
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Crime Impossível
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Teorias
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Ilicitude (Antijuridicidade)
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ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
Elementos do Crime
Ilicitude - Conceito
Exclusão de ilicitude
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Ilicitude (Antijuridicidade)
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Essas são as principais causas excludentes de ilicitude, não as únicas. Podem incidir
sobre qualquer infração penal.
Exclusão do crime
ATENÇÃO
O art. 142 não se aplica ao crime de calúnia.
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DIREITO PENAL
Ilicitude (Antijuridicidade)
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Por exemplo, a inserção de um piercing na orelha envolve lesão corporal, mas pode ser
feita por um profissional com o consentimento do ofendido.
O consentimento deve ser prévio ou concomitante à conduta. Só pode se dar em relação
a bens jurídicos disponíveis.
15m
1ª Corrente: Não.
Fundamento: Art. 310, §1º – Função do juiz. O judiciário deve analisar a ilicitude.
2ª Corrente: Sim.
Fundamentos: Encarceramento indevido do inocente.
20m
ATENÇÃO
O segundo entendimento tende a ser cobrado na prova.
Exclusão de ilicitude
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Ilicitude (Antijuridicidade)
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Excesso punível
Excesso
O que é o excesso?
O indivíduo age inicialmente amparado por uma excludente de ilicitude. Entretanto, extra-
pola os limites de forma que sua conduta passa a ser ilícita.
Excesso exculpante
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DIREITO PENAL
Ilicitude (Antijuridicidade)
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Parte da doutrina entende que o excesso exculpante pode funcionar como uma causa
supralegal de exclusão da culpabilidade, considerando o estado psicológico do praticante.
35m
Art. 45. Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa
ou perturbação de ânimo, em face da situação.
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DIREITO PENAL
Estado de Necessidade
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ESTADO DE NECESSIDADE
CP, art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito pró-
prio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Obs.: O perigo é qualquer situação que coloque um determinado bem jurídico em risco,
podendo ser um perigo causado por um comportamento humano ou animal, por um
mero acidente ou catástrofe da natureza.
5m
ATENÇÃO
Em caso que a vida de outra pessoa também está em perigo, o indivíduo que se salvar em
detrimento da outra somente será acobertado pelo estado de necessidade se o perigo não
tiver sido provocado por sua vontade e não houver outro modo de evitar esse resultado.
Em caso contrário, é possível responder dolosamente.
Não se pode sacrificar uma pessoa, por exemplo, como forma de salvar um bem patrimo-
nial diante de um perigo atual, uma vez que é razoável o sacrifício desse bem patrimonial.
10m
§ 1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
Obs.: É o caso de um bombeiro frente a um perigo atual de incêndio, por exemplo, sempre
considerando a situação sob uma ótica razoável.
§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.
REQUISITOS
a) Perigo Atual;
b) Situação de perigo não tenha sido causada voluntariamente pelo agente;
c) Ameaça a direito próprio ou alheio;
d) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo;
e) Inevitabilidade da conduta lesiva;
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DIREITO PENAL
Estado de Necessidade
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Obs.: O elemento subjetivo não está previsto em lei e se aplica a todas as excludentes de
ilicitude. Trata-se do conhecimento da situação justificante — no caso, do conheci-
mento de que está agindo acobertado pelo estado de necessidade, necessário mes-
mo com a presença de todos os outros requisitos.
FURTO FAMÉLICO
O furto famélico se trata do furto em razão da fome, logo estando relacionado a uma
necessidade vital da pessoa. Entende-se que o furto famélico, portanto, não é crime, e sim
uma excludente de ilicitude, uma vez que não é razoável que o indivíduo sacrifique a sua vida
em troca de não cometer o furto.
20m
No entanto, deve-se observar que necessidade vital não se confunde com dificuldades
econômicas ou miserabilidade. O furto famélico é caracterizado pela ausência de qualquer
outra opção.
O estado de necessidade pode ser próprio, quando o autor visa proteger bem jurídico
próprio, ou de terceiro, quando o autor visa proteger bem jurídico alheio. É possível, também,
a caracterização do estado de necessidade recíproco, quando duas pessoas agem em
estado de necessidade de real.
O estado de necessidade defensivo é aquele no qual, para proteger bem jurídico, o
agente atinge bem jurídico que pertence ao próprio causador do perigo. Nesse caso, não há
obrigação de reparação de danos.
Já o estado de necessidade agressivo é caracterizado quando, para proteger bem jurí-
dico, o agente atinge bem jurídico de terceiro inocente, isto é, de pessoa que não causou a
situação de perigo. Nesse caso, o agente deve reparar o dano ao terceiro inocente, sendo
cabível ação regressiva.
25m
ANOTAÇÕES
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DIREITO PENAL
Estado de Necessidade
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ATENÇÃO
No Brasil, é adotado somente o estado de necessidade justificante. No entanto, conforme
o § 2º do art. 24, em casos nos quais o bem sacrificado é de valor superior ao bem prote-
gido, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços, a partir de análise do caso concreto.
Dessa forma, entende-se que no Brasil é adotada a teoria unitária em relação ao estado de
necessidade, uma vez que não existe o estado de necessidade exculpante.
35m
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preparada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
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DIREITO PENAL
Legítima Defesa
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LEGÍTIMA DEFESA
CP, art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessá-
rios, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Obs.: O uso imoderado dos meios necessários caracterizará, em regra, um excesso ex-
tensivo. Por outro lado, se utilizados meios desnecessários, estar-se-á diante de um
excesso intensivo.
5m
Obs.: Diferentemente do estado de necessidade, a ação injusta da legítima defesa somen-
te pode ser praticada pelo ser humano.
REQUISITOS
Obs.: É possível que um animal, como um cachorro, seja utilizado como mero instrumento
para a ação injusta, podendo então caracterizar a legítima defesa.
10m
A legítima defesa própria é aquela em que o autor visa proteger bem jurídico próprio,
enquanto na legítima defesa de terceiro o autor visa proteger bem jurídico alheio.
A legítima defesa agressiva ou ativa se dá quando, para proteger bem jurídico agredido,
a reação configura um fato previsto em lei como infração penal.
Por outro lado, a legítima defesa defensiva ou passiva é aquela na qual, para proteger
bem jurídico agredido, a reação apenas impede a agressão, sem praticar um fato típico.
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DIREITO PENAL
Legítima Defesa
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Nota-se que não é possível a ocorrência de legítima defesa recíproca, uma vez que
somente existe a legítima defesa real em face de uma agressão injusta. No entanto, existe
um entendimento minoritário de que a legítima defesa recíproca se daria entre uma legítima
defesa real contra uma legítima defesa putativa, ou entre duas legítimas defesas putativas.
15m
Existe também o caso de legítima defesa sucessiva, na qual A pratica agressões injustas
contra B, o qual se defende legitimamente. Entretanto, B passa a agir com excesso, de forma
que A pode se defender legitimamente do excesso.
Dessa forma, existe a legítima defesa subjetiva ou excessiva, que acontece quando a
legítima defesa inicia real, mas depois passa a ser putativa e pratica excesso. Não responde
pelo excesso, por ter natureza acidental (acreditava ainda estar acobertado pela legítima
defesa), mas quem sofre o excesso pode se defender legitimamente.
20m
A legítima defesa da honra, por sua vez, caracteriza-se em situações relacionados à
honra pessoal (objetiva ou subjetiva). Nota-se que não existe legítima defesa da honra em
casos de infidelidade pessoal — inclusive, está proibida a alegação de legítima defesa da
honra perante o tribunal de júri diante da infidelidade conjugal.
ATENÇÃO
STF. Plenário. ADPF 779/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/3/2021 (Info 1009).
25m
1. A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios cons-
titucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), da proteção à vida e da
igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88); 2. deve ser conferida interpretação conforme à
Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo a excluir a legítima
defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa; e 3. a defesa, a acusação, a
autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de legí-
tima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual
ou processual penais, bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena
de nulidade do ato e do julgamento.
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Legítima Defesa
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Entende-se que não é possível legítima defesa contra alguém que esteja em estado de
necessidade, uma vez que, se alguém está agindo em estado de necessidade (ou qualquer
outra excludente de ilicitude), não está praticando uma agressão injusta.
Por outro lado, é cabível a legítima defesa real diante de uma legítima defesa putativa,
pois a legítima defesa putativa, apesar de não ser punida (art. 20, § 1º, CP), é uma agressão
injusta.
30m
Dessa forma, entende-se que também é cabível a legítima defesa recíproca putativa, pois
ambos estão na iminência da prática de uma agressão injusta um contra o outro.
É possível agir em legítima defesa contra um agente que pratica agressão sem culpabi-
lidade, uma vez que quem age acobertado por uma excludente de culpabilidade está prati-
cando uma agressão injusta contra a vítima.
POLICIAL
O policial que age em situação concreta pode estar acobertado pela excludente de ilici-
tude da legítima defesa própria ou de terceiro, e não pelo estrito cumprimento do dever legal.
Art. 25. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agres-
são a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
35m
Nota-se que esse agente de segurança pública somente estará acobertado pela legítima
defesa se observados os requisitos previstos no caput do art. 25.
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Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito
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Exclusão de ilicitude
O estrito cumprimento do dever legal, em 99% dos casos, será invocado pelos agen-
tes públicos, entretanto, outros também podem utilizar-se desse recurso como, por exem-
plo, médicos.
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Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito
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Não, pois a lei não impõe que o agente aja com imprudência, negligência ou imperícia. O
estrito cumprimento do dever legal é incompatível com o crime culposo.
Não, uma vez que o policial/bombeiro agia em razão do estado de necessidade de ter-
ceiro ou legítima defesa de terceiro.
5. Policial que troca tiros com um assaltante e vem a matá-lo está acobertado pelo
estrito cumprimento do dever legal?
5m
Não, pois a lei não impõe que o agente mate qualquer pessoa. Por outro lado, este poli-
cial estará acobertado pela legítima defesa, uma vez que estava se defendendo de uma
agressão injusta atual.
Exclusão de ilicitude
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Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito
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Exemplos comuns utilizados pela doutrina e que aparecem com frequência nas
provas:
• Prisão em flagrante por alguém do povo (art. 301, CPP – “Qualquer do povo poderá e
as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encon-
trado em flagrante delito.”).
– Flagrante obrigatório: autoridades policiais e seus agentes (cumprimento do
dever legal).
– Flagrante facultativo: qualquer do povo (exercício regular de direito).
• Constrangimento ilegal:
Art. 146 (...) § 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
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Um determinado idoso, por exemplo, após ser assaltado cinco vezes pelo mesmo assal-
tante, preparou uma armadilha em sua casa, no momento que a porta fosse aberta uma
corda puxaria o gatilho de sua espingarda direcionada à porta. Dessa forma, quando o ladrão
tentou o assalto pela sexta vez, a espingarda foi acionada ao empurrar a porta e, o disparo
resultou em seu óbito. O caso apresentado, em específico, não corresponde à uma ofen-
dícula, pois não teve o propósito de advertência, não era visível ou moderado, ou seja, foi
imputado a esse idoso o homicídio doloso.
20m
• Excludente de ilicitude.
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Culpabilidade
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CULPABILIDADE
RELEMBRANDO
Para a maioria, a culpabilidade é o terceiro elemento do crime; enquanto para a minoria,
trata-se de um mero pressuposto para aplicação da pena - como determina a teoria tripar-
tite. Essa teoria compreende que o crime é fato típico, ilícito e culpável.
Conceito
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DIREITO PENAL
Culpabilidade
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No Direito Penal, a coculpabilidade não gera atenuante legal, apesar de certa polêmica. A
doutrina, por outro lado, afirma que a coculpabilidade deveria ser considerada uma atenuante
genérica, nos termos do art. 66, do Código Penal:
Art. 66, CP
A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao
crime, embora não prevista expressamente em lei.
STJ
Quanto à tese de concorrência de culpa, vale registrar que esta Corte Superior não tem admitido
a aplicação da teoria da coculpabilidade do Estado como justificativa para a prática de delitos.
A propósito: HC 187.132/MG, Sexta Turma, DJe 18/02/2013. (AgRg no AREsp 1318170 / PR -
21/02/2019)
Vale ressaltar que, na primeira fase da dosimetria da pena, o juiz leva em consideração o
artigo 59 do Código Penal, que determina a feitura de uma análise geral sobre o indivíduo e
sobre o crime por ele praticado. Assim, apesar de ser considerada na dosimetria da pena, a
coculpabilidade não é considerada atenuante inominada.
Coculpabilidade às avessas
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DIREITO PENAL
Culpabilidade
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ATENÇÃO
É importante ficar atento ao uso do termo “dirimentes”, pois, em se tratando, por exemplo,
do referencial “não há crime”, significa, em grande maioria, de que se tratam de excluden-
tes de ilicitude.
CULPABILIDADE DIRIMENTES
• Doença mental ou desenvolvimento mental
retardado ou incompleto;
Imputabilidade
• Embriaguez acidental completa;
15m
• Menoridade penal.
Potencial consciência da ilicitude • Erro de proibição inevitável.
• Coação moral irresistível;
• Obediência hierárquica a ordem não manifesta-
Exigibilidade de conduta diversa
mente ilegal - hipóteses de inexibilidade de con-
duta diversa.
ATENÇÃO
A tabela acima é fundamental para estudos de provas, uma vez que, pela adoção da teoria
da culpabilidade limitada no Brasil, este tema é muito cobrado em concursos.
Portanto, se um dos 3 elementos não está presente, o indivíduo não tem culpabilidade.
Ainda, todos os dirimentes estão presentes, respectivamente, nos artigos 26, 21 e 22-28 do
CP e, para além deles, existem os excludentes supralegais - tais como a desobediência civil,
cláusula de consciência ou excesso exculpante.
20m
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Culpabilidade
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IMPUTABILIDADE
Menoridade Penal
Art. 27, CP
Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
belecidas na legislação especial.
Art. 228, Constituição Federal
São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legisla-
ção especial.
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DIREITO PENAL
Culpabilidade
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ATENÇÃO
A menoridade penal é uma excludente absoluta, sem exceção - ainda que seja emancipa-
do, tenha sua própria renda ou qualquer coisa do tipo. Ainda que, por exemplo, um rapaz
de 16 anos tenha plena consciência de seus atos, pela presunção absoluta, qualquer me-
nor de 18 anos é inimputável.
Se o menor de 18 anos pratica uma conduta que só possui resultados após sua maiori-
dade, ainda não há imputabilidade. Só é possível a imputação criminal a um agente menor
de idade que pratica crime permanente e completa 18 anos durante a permanência, mas
somente lhe serão imputados os atos praticados após completar 18 anos.
Ademais, supondo que um cidadão faça aniversário no dia 30/05, tendo nascido às 20:00.
Ainda que a conduta seja praticada no dia do seu aniversário às 17:00, ele já é imputável, não
importando a hora, apenas o dia.
30m
Sob outro ponto de vista, é possível se perguntar se o indígena é imputável - e, em regra,
é, (a menos que ele não tenha qualquer tipo de adaptação social). Sendo assim, o indígena
é imputável em 3 situações:
Art. 28, CP
Não excluem a imputabilidade penal:
I – a emoção ou a paixão;
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rada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
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DIREITO PENAL
Culpabilidade - Imputabilidade
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CULPABILIDADE - IMPUTABILIDADE
RELEMBRANDO
A menoridade penal é uma hipótese de inimputabilidade, ao passo que a emoção e a pai-
xão não constituem hipóteses de inimputabilidade, como previsto no artigo 28 do CP:
Art. 65, CP
São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
(...)
III – ter o agente:
(...)
c. cometido o crime (...) sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Art. 121, CP
§1º “sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima”
Art. 129, CP
§4º “sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima”
Art. 26, CP
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
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Culpabilidade - Imputabilidade
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Logo, sendo inteiramente incapaz, o indivíduo é inimputável. Assim, supondo que haja
um doente mental que pratica um fato definido como crime - empurra uma pessoa de um
penhasco, que acaba morrendo em virtude da queda -, ele é imputável ou não?
5m
A resposta correta é de que ele é, sim, imputável, pois o mero fato de ser doente mental
ou ter desenvolvimento mental incompleto/retardado não torna o sujeito inimputável. Ele só
se torna inimputável na unção de dois fatores: tendo doença mental ou desenvolvimento
mental retardado/incompleto e a inteira incapacidade de compreensão de seus atos - ado-
tando um viés biopsicológico. De forma esquematizada, essa lógica é:
Considerando que são 3 situações que tornam o agente inimputável - menoridade penal,
doença mental e embriaguez acidental completa - o critério utilizado para o julgamento desses
itens é o biopsicológico. Isso porque para menoridade utiliza-se o biológico; na embriaguez,
psicológico; e, por fim, na doença mental, biopsicológico, que engloba os demais.
10m
Ainda, se o agente, doente mental ou com desenvolvimento mental retardado ou incom-
pleto, pratica o delito em momento de lucidez será considerado imputável? Sim, será imputá-
vel, uma vez que, apesar de ser doente mental, ele era capaz de entender o caráter ilícito do
fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento ao tempo do fato.
Efeitos da inimputabilidade
Para os casos de inimputabilidade, existem outros meios de tratar do ato. São eles:
1. Aqueles em menoridade penal – aplicação das medidas socioeducativas do ECA;
2. Aqueles com doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado –
sujeitam-se à justiça comum. São processados, mas não lhes pode ser imposta pena - porém,
no momento de proferir a sentença e após a comprovação da doença mental, o juiz o declara
inimputável por sua condição de saúde, proferindo uma sentença de absolvição imprópria, que
é chamada desta forma porque o réu é absolvido, mas lhe é imposta uma medida de segurança
(art. 386, CPP). Existem duas medidas de segurança, de acordo com o artigo 97 do CP: se o
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agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto
como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial (tra-
tamento para que cesse sua periculosidade), sempre a depender do caso concreto.
15m
Art. 26, CP
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
ATENÇÃO
O destaque dado à expressão “não era inteiramente capaz”, no parágrafo único, se dá por-
que ela não é clara o suficiente. Caso, por exemplo, a legislação mencionasse esses casos
com “com relativa capacidade”, haveria uma transparência maior para com o tratamento
dos semi-imputáveis. É por essa ambiguidade que as bancas costumam cobrar bastante
o parágrafo único, sendo fundamental compreender que “não era inteiramente capaz” re-
fere-se àqueles indivíduos com relativa capacidade mental, ou seja, os semi-imputáveis.
25m
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Culpabilidade - Imputabilidade
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Obs.: apesar de a regra ser que os semi-imputáveis podem sofrer pena, é interessante, a
caráter de curiosidade, saber que eles também podem receber medidas de seguran-
ça ao invés da pena, não ambos.
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Culpabilidade - Imputabilidade II
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CULPABILIDADE – IMPUTABILIDADE II
Nas aulas anteriores foram tratadas as hipóteses de menoridade penal e doença mental
ou desenvolvimento mental retardado (ou incompleto). Assim, agora será trabalhada a hipó-
tese de embriaguez acidental completa.
Nesse contexto, deve-se deixar claro que não é qualquer hipótese de embriaguez que
torna o agente inimputável. Por exemplo: beber demais em uma festa e praticar um crime não
será caso de inimputabilidade.
Logo, será somente considerado inimputável se o agente incorrer em uma embriaguez
acidental e completa.
Obs.: o agente deve ser doente mental e, ao tempo do fato (da ação ou da omissão), ele
deve ser absolutamente incapaz de entender o caráter de ilicitude do fato ou de se
determinar de acordo com esse entendimento.
Embriaguez
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Obs.: Será usado o termo “embriaguez”, pois é o termo usado na lei. Contudo, tudo que
será falado nessa aula aplica-se às drogas. Assim, a intoxicação por drogas, se for
acidental e completa, torna o agente inimputável.
Obs.: trata-se do chamado “alcoólatra” ou “ébrio contumaz” (aquela pessoa com depen-
dência química do álcool ou de drogas).
Obs.: a embriaguez patológica (doentia) pode ser considerada uma hipótese de inimputa-
bilidade, não pela condição de embriaguez, mas pelo fato de ser considerada uma
forma de doença mental, sendo analisada sobre essa ótica.
Espécies de embriaguez
Quanto ao grau
Quanto à origem:
Obs.: Nessa parte da matéria, será estudado “o que deu causa a essa embriaguez ou in-
toxicação por drogas”. Assim, trata-se de um “pulo do gato”, pois nesse ponto será
compreendida a matéria.
5m
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DIREITO PENAL
Culpabilidade - Imputabilidade II
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• Caso fortuito ou força maior: É algo que ocorre como decorrência de um acidente;
ou quando uma pessoa ingere bebida alcoólica ou drogas sem qualquer manifestação
positiva de sua vontade.
Ex1.: alguém drogou uma pessoa colando droga na sua bebida, por exemplo, e essa
pratica um crime.
Ex2.: pessoas que possuem algum tipo de reação química no seu corpo que, ao ingerir
muitos doces, ocorre uma transformação química em álcool. Nesse sentido, acaba ficando
completamente embriagada e pratica um crime. Assim, será considerada inimputável.
Ex3.: Uma pessoa que estava andando na rua, tropeça e cai dentro de um barril de pinga,
com a cabeça para baixo e se afogando. Após, é salva por alguém, mas pelo fato de ter
ingerido muita bebida alcoólica (completamente embriagada), caso pratique um crime, será
considerada inimputável.
Ex4.: Uma pessoa mora ao lado de uma destilaria de álcool e, em um determinado dia, o
vento joga o vapor do álcool que sai desse local na janela dela, que passou o dia todo inalan-
do-o. Assim, caso ela pratique um crime na sequência, será considerada inimputável.
– Pode-se concluir que a embriaguez acidental é aquela que ocorre quando o agente
não teve qualquer vontade de fazer a ingestão de drogas ou álcool.
– Trata-se de uma ingestão acidental, logo, somente será inimputável se a embria-
guez for acidental e completa, necessariamente.
Obs.: a embriaguez preordenada foi colada em outro tópico (separadamente) por ter uma
consequência distinta da voluntária e da culposa.
a) Voluntária:
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DIREITO PENAL
Culpabilidade - Imputabilidade II
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b) Culposa:
Ex.: Hoje quero beber, mas não quero ficar embriagado (uma taça de vinho foi suficiente
para deixar embriagado, vez que não havia comido nada antes).
Obs.: A embriaguez é culposa (não queria ficar embriagado), mas a ingestão de álcool ou
drogas é voluntária.
– O agente responde normalmente pelo crime.
3. Preordenada ou dolosa:
Ex.: A pessoa quer ficar bêbada com a finalidade de praticar crimes.
ATENÇÃO
Embriaguez acidental:
– Completa: Somente será inimputável se a embriaguez acidental for completa.
Obs.: para que o agente seja considerado inimputável pela embriaguez acidental comple-
ta, é necessário que a pessoa esteja “inteiramente incapaz de entender”, e a embriaguez
deve ser acidental.
– Incompleta: Quando a embriaguez for acidental e incompleta, ou seja, ela aconteceu
sem que a pessoa quisesse, conforme os exemplos citados.
Obs.: Contudo, caso o agente não esteja completamente embriagado ou inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato, ou de determinar-se de acordo com esse en-
tendimento, estando com uma relativa capacidade (ex.: ficou bêbado, mas entende o que
está fazendo).
Nesse contexto, o agente responderá pelo crime, tendo em vista ser imputável. Porém,
como o agente incorreu em uma embriaguez de origem acidental, responderá pelo crime e
terá a sua pena diminuída de um 1 3 a 2 3 (de um a dois terços).
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DIREITO PENAL
Culpabilidade - Imputabilidade II
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Obs.: pode-se fazer uma ligação com a semi-imputabilidade pela doença mental, em que a
pessoa tem relativa capacidade de compreensão e, assim, diminui-se a pena de um
a dois terços.
Código Penal
Ex.: Um homem fica totalmente embriagado em uma festa e importuna sexualmente uma
mulher. Nesse caso, vai responder normalmente pelo crime, vez que se trata de embriaguez
voluntária, culposa ou preordenada (esta pode ser até pior, pois tem uma agravante penal).
15m
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Obs.: a expressão “isento de pena” significa: excluir a culpabilidade, ou seja, torna o agente
inimputável.
Obs.: é isento de pena, não tem culpabilidade e não é imputável o agente que é inteiramen-
te incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de
caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Obs.: A pena pode ser reduzida se a embriaguez for acidental e incompleta, sendo consi-
derada incompleta pelo fato de o agente não possuir, ao tempo da ação ou da omis-
são, a plena capacidade de entender.
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DIREITO PENAL
Culpabilidade - Imputabilidade II
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– No caso da imputabilidade por embriaguez, a lei dispõe sobre o “agente não era
plenamente capaz”, ou seja, ele é semi-imputável e responderá pelo crime, vez que
aconteceu uma embriaguez acidental – decorrente de caso fortuito ou força maior –,
mas não foi completa.
Embriaguez Efeito
Não acidental —
Não exclui a imputabilidade, seja completa ou incompleta.
voluntária ou culposa.
Acidental —
Exclui a imputabilidade, se completa.
caso
Gera diminuição de pena, se incompleta.
fortuito ou força maior.
Não exclui a imputabilidade, seja completa ou incompleta.
Ademais, o agente responde por circunstância agravante –
art. 61, II, “L”, CP:
Preordenada —
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena,
voluntária + finalidade
quando não constituem ou qualificam o crime:
de cometer crime.
(...)
II – ter o agente cometido o crime:
l) em estado de embriaguez preordenada.
Exemplo: Um crime foi praticado por uma pessoa em decorrência de uma embriaguez
culposa completa, ou seja, a pessoa estava completamente embriagada quando praticou o
crime (ela quis ingerir a substância).
Nesse contexto, o seu advogado alega que a imputabilidade se trata de capacidade psí-
quica de compreensão do fato ilícito. Assim, seu cliente, ao tempo do fato, não teria essa
capacidade de compreensão do caráter ilícito, vez que estava completamente embriagado.
Assim, pediu a absolvição em virtude de hipótese de inimputabilidade.
– Pode-se dizer que é um argumento válido, afinal a imputabilidade é essa capaci-
dade de compreensão do caráter ilícito do fato e ao tempo do fato, sendo que, neste
ponto, o agente estava completamente embriagado.
20m
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DIREITO PENAL
Culpabilidade - Imputabilidade II
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Nesse sentido, para responder a essa tese defensiva, entra em cena a Teoria da actio libera
in causa (livre na causa). Assim, essa ação praticada pelo agente é “livre na causa”, ou seja:
ATENÇÃO
Na teoria da actio libera in causa será analisada a capacidade de compreensão e quando
ela começará a dar causa (ingerir bebida alcoólica, por exemplo).
Assim, se vier uma questão na prova perguntando sobre a teoria da actio libera in causa,
deve-se dizer que é uma teoria aplicável à embriaguez voluntária, culposa ou preorde-
nada. No sentido de que a ação é livre na causa, logo, o agente será responsabilizado
pelos delitos praticados, ainda que esteja completamente embriagado, em virtude de ele
ter dado causa à sua própria embriaguez.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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DIREITO PENAL
Culpabilidade - Exigibilidade de Conduta Diversa
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CULPABILIDADE DIRIMENTES
• Doença mental ou desenvolvimento mental
retardado ou incompleto;
Imputabilidade
• Embriaguez acidental completa;
• Menoridade penal.
Potencial consciência da ilicitude • Erro de proibição inevitável.
• Coação moral irresistível;
Exigibilidade de conduta diversa • Obediência hierárquica a ordem não manifes-
tamente ilegal
Art. 22, CP
Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
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Culpabilidade - Exigibilidade de Conduta Diversa
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Além da coação moral irresistível, existe a coação física irresistível, como supramencio-
nado. Ambas têm suas características dispostas abaixo:
Coação física irresistível (vis absoluta) Coação moral irresistível (vis compulsiva)
Trata-se de ausência de vontade Trata-se de inexigibilidade de conduta diversa
Exclui a conduta e, portanto, o fato é atípico Exclui a culpabilidade
Um exemplo comum de coação moral irresistível é o de uma pessoa que chega com uma
arma de fogo na residência de um terceiro, a coloca na cabeça do filho desse terceiro e o ordena
a assaltar um banco. Após assaltar o banco - por não enxergar outra opção - o sujeito é preso,
pois foi ele quem praticou o ato ilícito. Contudo, esse assalto só ocorreu porque ele estava diante
de uma coação moral irresistível. É importante perceber que, por se tratar de um assalto, o indiví-
duo cometeu ato típico e ilícito, sendo ele imputável. Porém, como não lhe era exigida uma con-
duta diversa, a ação é acobertada de um excludente de culpabilidade, sendo absolvido.
10m
Além da coação irresistível, há o caso de obediência hierárquica, que possui dois requi-
sitos obrigatórios:
1. Ordem de superior hierárquico - sendo importante lembrar que não existe hierarquia
em empresas privadas, apenas ascendência. Hierarquia, portanto, engloba apenas os envol-
vidos na Administração Pública;
2. Ordem não manifestamente ilegal - caso ela seja manifestamente ilegal, o agente res-
ponde pelo crime justamente por ter conhecimento de sua ilegalidade;
3. Estrita obediência à ordem - caso o agente que obedece seu superior ultrapassa os
limites estabelecidos pelo na conduta ilegal por sua mera vontade, ele pode ser culpabilizado
por tudo o que vier a praticar.
15m
Lei n. 12.850/2013
Art. 13.
(...) Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infil-
trado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.
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Culpabilidade - Exigibilidade de Conduta Diversa
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Sendo assim, imagine um policial infiltrado em uma situação que ele precisa praticar um
grave crime, como um homicídio, para que não seja descoberto. Nessa situação, o agente só
pode ser punido caso lhe pudesse ser exigida uma conduta diversa da que teve, pois, caso
contrário, não poderá haver punição, retirando sua culpabilidade.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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DIREITO PENAL
Culpabilidade – Potencial Consciência da Ilicitude e Erro de Proibição
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Dirimentes
• Para que o agente seja culpável ele deve ter a consciência da ilicitude do fato ou, ao
menos, a possibilidade de conhecê-la (potencial).
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Culpabilidade – Potencial Consciência da Ilicitude e Erro de Proibição
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Obs.: A ausência de atual consciência da ilicitude não é o mesmo que a potencial consci-
ência da ilicitude, pois a possibilidade de ser mais cuidadoso e conhecer acerca da
ilicitude de um ato pode resultar em um erro de proibição evitável.
Basicamente, a pessoa que sabe que cometeu um crime (conhece o caráter ilícito do
fato), não precisa conhecer a letra da lei e o que ela dispõe sobre a conduta incorreta.
Por exemplo, o desconhecimento do dispositivo legal que tipifica e criminaliza o homicídio
não é uma escusa para a prática do assassinato.
Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,
isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
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Culpabilidade – Potencial Consciência da Ilicitude e Erro de Proibição
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Obs.: Os termos inevitável e evitável são as expressões utilizadas na lei e as mais prová-
veis de serem cobradas nos certames, mas os demais termos também são cobrados.
Obs 2.: O importante não é decorar, mas orientar-se pelo sentido das palavras. Lembre-se
de que inevitável tem um sentido próximo de invencível, por exemplo.
Obs 3.: O erro escusável é aquele que é evitável ou invencível, enquanto o erro inescusável
é aquele que é vencível, ou seja, que é evitável.
Lembre-se de realizar questões para notar que a banca precisa deixar claro se o erro era
inevitável ou evitável; ou ainda, trazer a consequência correta nas alternativas.
30m
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Culpabilidade – Potencial Consciência da Ilicitude e Erro de Proibição
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Exemplo: o indivíduo A não paga uma dívida ao indivíduo B, que invade a casa de A,
subtraindo um computador, perfazendo o valor devido. O indivíduo B acreditava, genuina-
mente, que tinha o direito de fazer o que fez. Contudo, o indivíduo deve, em teoria, responder
pelo exercício arbitrário das próprias razões, mas o caso concreto será analisado para saber
se houve erro de proibição por discriminante putativa (acreditar, erroneamente, que está aco-
bertada por uma excludente de ilicitude).
• Erro de proibição mandamental: agente pratica uma omissão, acreditando não pos-
suir, no caso concreto, o dever legal de agir (art. 13, § 2º, do CP)
Exemplo: os pais têm obrigação legal de cuidar de seus filhos menores de idade. Dessa
forma, o caso hipotético em que um pai deixa de alimentar o filho de 15 anos de idade, acar-
retando em sua morte por não conseguir prover a própria subsistência, configura um homicí-
dio culposo, ou ainda doloso dependendo da análise da situação.
35m
Em um segundo caso, o indivíduo X possui um filho chamado Y. Quando X possuía 10
anos de idade, foi abandonado pela família e agora aos 30 anos de idade, o mesmo compre-
ende que não possui mais obrigação legal de cuidar de seu filho.
Em virtude da omissão do pai, pouco tempo depois o filho morre. O caso pode ser consi-
derado como homicídio doloso ou culposo; entretanto, considera-se que, neste caso, é pos-
sível alegar que o indivíduo X agiu em erro de proibição mandamental, acreditando que sua
conduta era lícita por conta de sua própria experiência.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conte-
údo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
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