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DIREITO PENAL

Infração Penal e Sujeitos do Crime


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INFRAÇÃO PENAL E SUJEITOS DO CRIME

TEORIA GERAL DO CRIME

Infração Penal

Infração penal é toda conduta que atinge bens jurídicos protegidos pelo direito. A prática
de infração penal acarreta sanção penal.
O ordenamento jurídico brasileiro adota o sistema dualista ou binário ou dicotômico da
infração penal, dividindo-a em:

• Crime (ou delito).


• Contravenção Penal, também chamada de crime anão, delito liliputiano.

Obs.: A infração penal é um gênero que subdivide-se em duas espécies: crimes e contra-
venções penais.
5m
 As contravenções penais são crimes menos graves e, consequentemente, possuem
sanções penais menores.

Infração Criminal – Crime vs Contravenção penal

Lei de Introdução ao Código Penal – Art 1º Considera-se crime a infração penal que a
lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumula-
tivamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isolada-
mente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.

Obs.: As normas penais são divididas em duas partes: o preceito primário, que descreve
a conduta e o preceito secundário, que apresenta a sanção penal. Os crimes de
contravenção penal são diferenciados pelo preceito secundário. Se o preceito se-
cundário tiver pena de reclusão ou detenção, alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa, a conduta trata-se de um crime. Se não houver detenção ou reclusão,
trata-se de uma contravenção penal.
10m
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Infração Penal e Sujeitos do Crime
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Cabe ao legislador decidir se a conduta ilícita é crime ou contravenção. Uma infração


penal que hoje é uma contravenção poderá se transformar num crime se assim decidir o
legislador. Trata-se, portanto, de uma distinção axiológica (de valor).
O quadro abaixo mostra uma comparação entre crime e contravenção penal:

Crime Contravenção
Preceito secundário: Penas de reclusão ou de Pena – de prisão simples ou de multa, cumulativa,
detenção (e/ou/sem multa) alternativa ou isoladamente
A ação penal pode ser pública incondicionada, Sempre de ação penal pública incondicionada (art.
pública condicionada, ou de iniciativa privada 17, Dec. Lei 3.688/41 - LCP)
Pune-se a tentativa (art. 14, II, CP) Não se pune a tentativa (art. 4º, LCP)
Há possibilidade de punição a crimes cometidos
Somente se pune a contravenção cometida no ter-
fora do território nacional – Extraterritorialidade
ritório nacional (art. 2º, LCP)
(art. 7º, CP)
Competência: Justiça Estadual, à exceção do foro
Competência: Justiça Estadual ou Justiça Federal
por prerrogativa de função

Obs.: A ação penal pública incondicionada é aquela que deve ser apurada independente-
mente da vontade da vítima. A ação penal condicionada é um crime no qual o Minis-
tério Público somente pode oferecer denúncia se houver manifestação de vontade
da vítima.
 Nos crimes de ação penal de iniciativa privada, o Ministério Público não tem partici-
pação e é a vítima que deve oferecer queixa perante um Juiz.
15m
 A contravenção penal é competência da Justiça Estadual, à exceção do foro por
prerrogativa de função. Por exemplo, um Deputado Federal que venha a praticar
contravenção penal relacionada ao cargo que exerce e durante o mandato, será pro-
cessado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal exclusivamente devido ao foro por
prerrogativa de função.
20m

Sujeitos do crime

Existem dois sujeitos do crime: o sujeito ativo e o sujeito passivo. O sujeito ativo é aquele
que pratica a infração penal e o sujeito passivo é aquele que sofre a conduta. A conduta não
será necessariamente praticada diretamente contra o sujeito passivo. Exemplo.: Um sujeito
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deixa seu relógio na mesa e um indivíduo o subtrai. A conduta criminosa, nesse caso, caiu
sobre o relógio, não sobre o dono. O relógio é o objeto material do crime e o sujeito passivo
é o titular do bem jurídico protegido pela norma penal.

• Sujeito ativo: Indivíduo que pratica a infração penal. Pode ser qualquer pessoa física
capaz com idade igual ou superior a 18 anos.

Obs.: Menores de 18 anos praticam ato infracional análogo a crime.


25m

• Autor: Indivíduo que pratica o crime de forma direta (pratica o verbo: matar, roubar etc).
• Partícipe e autor mediato: Indivíduo que pratica o crime de forma indireta (concorre/
contribui para o crime).

Sujeito ativo

• Crime comum: Não exige condição ou qualidade específica do sujeito ativo. Qualquer
pessoa pode praticar o crime. Exemplos.: furto, homicídio, lesão corporal.
• Crime próprio: Para ser sujeito ativo deste delito, é necessário uma qualidade ou condi-
ção especial ao agente. Quem não detém tal qualidade estará incapacitado de cometer
o referido crime. Exemplos.: infanticídio, peculato, corrupção passiva, prevaricação.
30m
• Crime de mão-própria: Além de exigir uma qualidade ou condição especial ao agente,
a prática do crime não pode ser delegada a outrem. É uma infração penal de conduta
infungível. Exemplo.: autoaborto, falso testemunho.

Sujeito ativo ‒ Pessoa Jurídica

É possível que pessoa jurídica pratique somente crimes ambientais.


CF, Art. 173, § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da
pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatí-
veis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra
a economia popular.

Obs.: Como não há regulamentação infraconstitucional, não há como punir pessoas jurídi-
cas por crimes financeiros e econômicos.
35m
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CF, Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujei-
tarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, indepen-
dentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Lei n. 9.605/98 (Lei de Crimes ambientais)
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de
seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das
pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.

Responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais

Ao imputar uma infração penal à pessoa jurídica, esta não deve ser obrigatoriamente
imputada a uma pessoa física.
O STJ e o STF não mais adotam a teoria da dupla imputação. (STJ, RMS 39.173-BA,
julgado em 06/08/2015, Info 566 e STF, RE 548181/PR, julgado em 06/08/2013, Info 714).
Logo, não se faz obrigatória a imputação do crime a uma pessoa física para que a pessoa
jurídica seja penalmente responsabilizada. Obviamente, porém, se for possível identificar a
pessoa física responsável, esta também deverá ser responsabilizada.

Sujeito passivo

É o titular do bem jurídico protegido pela lei penal, o qual é violado em razão da prática
da conduta criminosa pelo sujeito ativo.
Pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, ainda que incapaz ou destituído de persona-
lidade jurídica. Ademais, o nascituro também pode ser sujeito passivo (aborto).
40m
Pessoas mortas e animais não podem ser sujeitos passivos de infrações penais.

Crimes vagos

São crimes cujo sujeito passivo é indeterminado, destituído de personalidade jurídica.


Nos crimes vagos o sujeito passivo é a coletividade.
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• Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral ou indireto: É o Estado, uma vez que
tem interesse na manutenção da paz pública e ordem social. Será sujeito passivo em
todos os crimes.
• Sujeito passivo eventual, imediato, material, particular, acidental ou direto: É o titular do
bem jurídico protegido pela lei penal e atingido pela conduta criminosa. Divide-se em:
– Comum: Se o tipo penal não exige uma qualidade específica do sujeito passivo.
45m
– Próprio: O tipo penal exige uma qualidade específica do sujeito passivo (ex.: infanti-
cídio (art. 123, CP).

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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DIREITO PENAL
Teoria do Crime
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TEORIA DO CRIME

Quando se fala de crime, existem 3 principais conceitos:


O primeiro é o conceito formal, que vai dizer que crime é tudo aquilo que a lei define
como crime. A lei tem o poder de trazer a previsão dos crimes, de acordo com o princípio da
reserva legal.
O segundo é o conceito material de crime, ele não leva em consideração se está ou não
previsto como crime, ele considera que crime é (ou deveria ser) toda aquela conduta que
afeta bens jurídicos relevantes para a vida em sociedade, ainda que não esteja previsto em
lei como tal.
O terceiro é o conceito que diz que o crime é um fato típico, ilícito e culpável. Essa teoria
diz que o crime seria formado por esses três elementos, chamada de teoria tripartite.
Essa teoria é a mais aceita, a maioria das bancas de concurso público sempre vão adotar
a tripartite, considerando que a culpabilidade é um elemento do crime. Porém, existe também
uma teoria chamada bipartite, que vai considerar que crime é fato típico e ilícito e que a cul-
pabilidade seria um pressuposto para aplicação da pena.
Como a teoria tripartite tem sido amplamente mais aceita pela doutrina e pela jurispru-
dência, ela vai ser adotada nessa aula.

Antijuridicidade (ili-
Fato típico Culpabilidade
citude)
• Conduta
• Imputabilidade
• Resultado
• Potencial consciência da ilicitude
• Relação de causalidade (nexo causal)
• Exigibilidade de conduta diversa
• Tipicidade

A ilicitude não tem elementos porque é presumida. Ela vai ter excludentes: legítima defesa,
estado de necessidade, estrito comprimento do dever legal e exercício regular do direito.
5m
O dolo e a culpa, que são elementos subjetivos do crime, se encontram dentro da conduta.
Houve uma evolução doutrinária do que era adotado no passado e do que é adotado hoje.
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Teoria do Crime
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TEORIAS DA CONDUTA

Teoria clássica, causal, naturalística ou mecanicista

Ela surge numa época da ciência, estava ocorrendo a revolução científica e haviam avan-
ços tecnológicos, então as pessoas buscavam explicar tudo por meio da ciência, inclusive o
direito penal. A ciência é uma relação de causa e efeito.
A conduta é uma ação humana voluntária, que não leva em consideração a finalidade
dessa ação. A teoria natural vai analisar uma relação de causa e efeito.
10m

• Idealizada por Franz von Liszt, Ernst von Beling e Gustav Radbruch, no início do séc. XIX
• O crime deve ser explicado sob uma ótica científica, natural, sob uma relação de causa
e efeito. Afasta elementos psicológicos para explicar a conduta.
• A conduta será composta pela ação e pela vontade, ou seja, um movimento corporal
voluntário do agente. É uma análise objetiva, que não leva em consideração o dolo e
a culpa do agente.
• A teoria causalista não leva em consideração a finalidade da conduta, basta haver um
ato voluntário para que esteja caracterizada a conduta. Há uma separação entre a con-
duta (movimento corporal objetivo) e a intenção do agente (dolo ou culpa).

Fato típico Ilicitude) Culpabilidade


Teoria psicológica da culpabilidade
• Conduta
• Imputabilidade
• Resultado
• Dolo (normativo) ou culpa
• Relação de causalidade (nexo causal)
O dolo é normativo porque possui em seu inte-
• Tipicidade
rior a consciência da ilicitude.

Como essa teoria não leva em consideração a finalidade da ação, o dolo e a culpa não
estão dentro da conduta. O dolo e a culpa são analisados dentro da culpabilidade. Ela ado-
tava obrigatoriamente o conceito tripartite de crime, porque não existe crime sem dolo e culpa.
Logo, como era necessário que houvesse obrigatoriamente dolo ou culpa e ele estava
dentro da culpabilidade, necessariamente a culpabilidade era um elemento do crime para
teoria clássica.
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Teoria do Crime
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Nessa época, era adotada a teoria psicológica da culpabilidade: porque os elementos


psicológicos estavam na culpabilidade.
15m
Essa teoria sofreu algumas críticas: uma delas era como ela poderia falar que era uma
ação humana voluntária. Porque se ela diz isso, ela não explica os crimes omissivos (crimes
por meio de uma conduta negativa).

CULPABILIDADE

Teoria psicológica

• Idealizada por Franz von Liszt e Ernst von Beling


• Ligada à Teoria Clássica da conduta
• A culpabilidade consiste no vínculo psicológico entre o autor e o resultado. Este vínculo
é representado pelo dolo ou culpa.
• O dolo nessa teoria é o normativo, que integra em seu interior a consciência da ilicitude.
• O único pressuposto da culpabilidade é a imputabilidade.

CRÍTICAS

Críticas à teoria clássica, causal, naturalística ou mecanicista

1) Como a conduta é o movimento humano que causa modificação no mundo exte-


rior, essa teoria não explica adequadamente os crimes omissivos, os crimes formais e de
mera conduta.
Ela leva em consideração a causa e o efeito, portanto não engloba as tentativas de crime,
nem os crimes formais que o resultado é dispensável e nem os de mera conduta (praticar
aquela conduta e não haver qualquer resultado).
2) Também não explica adequadamente o crime tentado, pois não haverá uma fotografia
do resultado, uma vez que este não ocorre.
3) Não é possível separar a vontade humana de sua finalidade. A ação é dirigida a uma
finalidade.
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Teoria do Crime
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Críticas à teoria psicológica

1) Não apresenta solução para a inexigibilidade de conduta diversa (coação moral irresis-
tível, obediência hierárquica). Há dolo, mas o agente não podia agir de outro modo.
2) Não explica a culpa inconsciente (não há previsibilidade do resultado pelo agente –
logo, não há vínculo psicológico entre o autor e o resultado)
20m

Teoria Neokantista (ou causalista neoclássica)

Essa teoria irá dizer que é um comportamento humano voluntário, porque um comporta-
mento engloba tanto a ação quanto a omissão.

Obs.: não são todas as bancas que irão tratar dessa teoria, ela não é muito cobrada. Mas
algumas bancas podem ser detalhistas e perguntar algo a respeito.

• Idealizada por Edmund Mezger, no início do séc. XX


• Essa teoria possui os mesmos fundamentos da teoria clássica ou causal
• A conduta deixa de ser uma ação e passa a ser um comportamento, englobando
a omissão.
• A culpabilidade passa a adotar a teoria normativa ou psicológico-normativa. Assim, os
elementos da culpabilidade passam a ser: imputabilidade, dolo ou culpa e exigibilidade
de conduta diversa.

Fato típico Ilicitude Culpabilidade


• Conduta (sem finalidade)
A conduta deixa de ser uma ação e passa a ser Teoria normativa ou psicológico -
um comportamento que produz alteração no normativa
mundo exterior • Imputabilidade
• Resultado • Dolo (normativo) ou culpa
• Relação de causalidade (nexo causal) • Exigibilidade de conduta diversa
• Tipicidade

Se uma pessoa deu um tiro em outra sem a intenção, ela não seria responsabilizada
criminalmente por aquele fato. Porque de acordo com a teoria clássica e a neokantista, a
pessoa praticou uma conduta, que gerou nexo causal, tem tipicidade e que tem ilicitude.
Porém, quando chegava na culpabilidade era analisado se havia dolo ou culpa: como não
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Teoria do Crime
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houve dolo e nem culpa (não incorreu negligência, imprudência ou imperícia), essa pessoa
não seria penalizada.
25m
De acordo com essas teorias, a pessoa não seria responsabilizada por qualquer crime,
por haver ausência de culpabilidade.

Teoria finalista (ou final)

Para essa teoria o conceito humano de conduta é um comportamento humano voluntário


dirigido a um fim. A teoria finalista retira o dolo e a culpa da culpabilidade e leva para dentro
da conduta.

• Criada por Hans Welzel, em meados do séc. XX


• A conduta é o comportamento humano voluntário dirigido a um fim (ilícito). O agente
que pretende praticar uma ação criminosa, antevê o resultado e posteriormente pratica
a conduta voltada para alcançá-lo (exercício evidente).
• A teoria finalista não explica muito bem os crimes culposos. Nos crimes culposos a
conduta não é dirigida a um fim ilícito. A pessoa pratica um comportamento humano
voluntário dirigido a um fim lícito, só que por negligência, imprudência ou imperícia, ela
acaba gerando um resultado ilícito.
• Assim, dolo e culpa passam a integrar o conceito de conduta.
• A culpabilidade, sem os elementos do dolo e da culpa, passa a ser denominada culpa-
bilidade vazia (no sentido de que o dolo e a culpa não estão dentro dela).
• Por outro lado, o dolo, que era normativo, passa a ser natural. A consciência da ilicitude
abandona o conceito de dolo e passa a integrar a culpabilidade de forma autônoma.
30m
• A teoria adotada para a culpabilidade é a teoria normativa pura, com os elementos da
imputabilidade, consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa

Fato típico Ilicitude Culpabilidade


• Conduta
Dolo (natural) e culpa inte- Teoria normativa pura x Teoria limitada
gram a conduta • Imputabilidade
• Resultado • Exigibilidade de conduta diversa
• Relação de causalidade • Potencial consciência da ilicitude (quando a
(nexo causal) pessoa não sabe que a conduta é ilícita)
• Tipicidade
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Teoria do Crime
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A potencial consciência da ilicitude antes estava dentro do dolo. Nas teorias anteriores
havia o dolo normativo, porque a consciência da ilicitude da norma era analisada dentro do
dolo. Quando o dolo sai da culpabilidade e vai para conduta ele abandona o elemento da
potencial consciência da ilicitude dentro da culpabilidade. Ele passa a ser um dolo que vai a
analisar a vontade do agente, mas não analisa mais a consciência da ilicitude. Por isso, ele
não pode ser mais chamado de dolo normativo e sim de dolo natural.

DOLO

Teoria finalista Teoria Causalista/ Naturalística


Espécie Dolo natural Dolo normativo
• Vontade de praticar uma ação
• Vontade de praticar com-
(elemento volitivo)
portamento dirigido a um fim
• Consciência da conduta (ele-
Elementos (elemento volitivo)
mento intelectivo)
• Consciência da conduta
• Atual consciência da ilicitude do
(elemento intelectivo)
fato
Qual elemento do crime integra? Fato típico Culpabilidade

TEORIA FINALISTA

Crítica à teoria finalista

• Não explica adequadamente os crimes culposos, uma vez que nestes crimes, a con-
duta não se dirige ao resultado naturalístico produzido, uma vez que este é involuntário.
35m

Com o objetivo de adequar a teoria finalista aos crimes culposos, Welzel cria uma nova
teoria, denominada cibernética. A conduta não é dirigida a um fim ilícito, mas simplesmente
a uma finalidade. O termo utilizado passa a ser o controle da vontade, presente tanto nos
crimes dolosos quanto culposos.
Essa finalidade não precisa ser necessariamente uma finalidade ilícita, ainda que seja
uma finalidade lícita.
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Teoria do Crime
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RESUMINDO

A conduta de acordo com a teoria:

• Clássica, será uma ação que causa mudança no mundo exterior.


• Neokantista, será um comportamento (ação ou omissão) que causa mudança no
mundo exterior.
• Finalista, será um comportamento (ação ou omissão) dirigido a um fim.
• Social, será um comportamento (ação ou omissão) dirigido a um fim socialmente rele-
vante (essa teoria não foi adotada pelo direito penal brasileiro).

Obs.: Hoje no Brasil é adotada a teoria limitada da culpabilidade. A diferença entre a teoria
normativa pura e a limitada da culpabilidade tem uma pequena diferença em relação
ao tratamento dado às descriminantes putativas.
40m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Online, de acordo com a aula prepa-
rada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Conduta e Dolo
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CONDUTA E DOLO

TEORIA DO CRIME

No Brasil é adotado, majoritariamente, o conceito analítico de crime.


Crime é fato típico, ilícito e culpável.
Há 3 elementos que integram o crime. A maioria das bancas adota a teoria tripartite,
ou conceito tripartite, de crime. Para que haja crime é necessário fato típico, ilicitude e cul-
pabilidade.
Existem outras teorias, como quadripartite, que define crime como o fato típico, ilícito,
culpável e com a punibilidade. Tal teoria é rechaçada.
Existe ainda a teoria bipartite, ou conceito bipartido, que determina que crime é apenas
fato típico e ilícito, não sendo a culpabilidade elemento do crime, mas um pressuposto para
aplicação da pena.
Nessa aula, adota-se a culpabilidade como elemento do crime.
O estudo da teoria do crime é estudar cada um dos elementos.

Antijuridicidade (ilicitude): o fato Culpabilidade: juízo de reprovabili-


Fato Típico
típico é contrário à lei dade do comportamento
• Conduta • É presumida • Imputabilidade
• Resultado Possui as seguintes excludentes: • Potencial consciência da ilicitude
• Relação de causalidade • Legítima defesa • Exigibilidade de conduta diversa
(nexo causal) • Estado de necessidade
• Tipicidade • Estrito cumprimento do dever legal
• Exercício regular de direito

Conduta

• Adota-se, no Brasil, o conceito finalista de conduta, segundo o qual conduta é o com-


portamento humano voluntário dirigido a um fim.
5m
• De acordo com a teoria finalista, analisa-se o dolo e a culpa. No passado, de acordo
com a teoria natural/naturalista, analisava-se o dolo e a culpa na culpabilidade.
ANOTAÇÕES

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• Somente o ser humano pode realizar uma conduta. Todavia, pode se valer de ani-
mais para o alcance do resultado. Observação: a pessoa jurídica pode praticar crimes,
sendo a única possibilidade os crimes ambientais, contra o meio-ambiente, valendo-se
de pessoas naturais para tanto.
• Não há crime sem conduta, uma vez que é um dos elementos do fato típico.

Causas de exclusão da conduta (involuntariedade)

Há excludente quando há um comportamento humano involuntário.


Se houver a prática de um comportamento humano voluntário dirigido a um fim, que gera
um resultado que não tem dolo ou culpa, não há responsabilidade por crime.
1. Caso fortuito e força maior;
2. Estado de inconsciência completa (ex.: sonambulismo e hipnose);
10m
3. Movimentos reflexos;
4. Coação física irresistível: quando alguém imprime uma faço sobre outrem e este não
tem controle sobre o seu comportamento.

Coação física irresistível (vis absoluta) Coação moral irresistível (vis compulsiva)
Trata-se de ausência de vontade Trata-se de inexigibilidade de conduta diversa
Exclui a conduta e, portanto, o fato é atípico Exclui a culpabilidade

CRIME DOLOSO

A análise de dolo ou culpa é dentro da conduta. Se a pessoa não tiver agido nem com,
nem com culpa, não há conduta.
15m

Código Penal
Art. 18. Diz-se o crime:
Crime doloso
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
ANOTAÇÕES

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Conduta e Dolo
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Sobre o dolo:
1. Integra a conduta (teoria finalista), dentro do fato típico.
2. Possui dois elementos: vontade (elemento volitivo) e consciência da conduta e do
resultado (elemento intelectivo ou cognitivo).
Quando se quer praticar um crime é que se tem a vontade de praticar o crime e o com-
portamento gerará determinado resultado buscado.
2.1. Elemento volitivo – o agente quer a produção do resultado de forma direta (dolo
direto) ou admite a sua ocorrência (dolo eventual)
2.2. Elemento intelectivo ou cognitivo – efetivo conhecimento de que determinado com-
portamento (conduta) vai gerar determinado resultado (elementos integrantes do tipo penal
objetivo, que não são dolo e culpa)

Teoria do crime

Fato Típico
Conduta
• Dolo
1. Vontade (elemento volitivo)
2. Consciência (elemento cognitivo ou intelectual, intelectivo)
Resultado
Nexo causal
Tipicidade

Espécies de dolo

1. Dolo direto (determinado, imediato, intencional, incondicionado) Vontade dirigida a um


resultado determinado. Ligado à teoria da vontade – o agente prevê o resultado e tem a von-
tade de produzi-lo.
2. Dolo indireto (indeterminado) O agente não dirige sua conduta a um resultado determi-
nado. Divide-se em dolo alternativo e dolo eventual.
20m
2.1. Dolo alternativo: o agente prevê a possibilidade de ocorrência de diversos resultados
e dirige sua conduta para a produção de qualquer deles. O agente vai ficar igualmente satis-
feito com qualquer dos resultados. Se o resultado mais grave for o produzido, responde-se
pelo delito mais grave consumado. Deverá responder pelo resultado mais grave, ainda que
na modalidade tentada. Sempre responde-se pelo crime mais grave.
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Conduta e Dolo
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2.2. Dolo eventual: o agente assume o risco de produzir o resultado. O agente prevê a
possibilidade de ocorrência de diversos resultados, dirige sua conduta para um deles (menos
grave), mas assume o risco da produção do resultado mais grave. O agente responderá dolo-
samente pelo resultado alcançado.
25m
• É cabível a tentativa no dolo eventual.
• “Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de agir” (Reinhart Frank).
• O STJ vem entendendo como dolo eventual a direção alcoolizada na contramão.
• Possível em razão da Teoria do consentimento ou assentimento: Há dolo não somente
com a vontade produzir o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo
o risco de produzi-lo.
• Há uma diferença de classificação entre dolo direto e dolo eventual, mas o resultado
prático, a tipificação penal será a mesma.
• O dolo eventual é aplicável a todo e qualquer crime que, com ele, seja compatível.
30m
• Todavia, alguns tipos penais impõem o dolo direto. Ex.: art. 180, CP “coisa que sabe
ser produto de crime”; art. 339, CP “de que o sabe inocente”.
• Alguns doutrinadores criticam o dolo eventual porque só poderia ser identificado ao
analisar o psíquico do agente. Entretanto, esta posição não subsiste. A doutrina e a
jurisprudência se manifestam no sentido de que o dolo eventual não é extraído da
mente do autor, mas sim das circunstâncias do fato.
• Não se admite uma presunção de dolo, tão pouco uma presunção de culpa. Dolo e
culpa devem ser demonstrados de acordo com os elementos fáticos.
• O dolo eventual recebe o mesmo tratamento jurídico do dolo direto.

Teorias do dolo

São duas as grandes espécies de dolo: direto e eventual. Para cada um dos dolos é ado-
tada uma teoria.
1. Teoria da vontade: o agente prevê o resultado e tem a vontade de produzi-lo.
2. Teoria da representação (ou possibilidade): não é adotada no Direito Penal brasi-
leiro. Para configurar o dolo, basta haver a previsão do resultado. Deve ser preponderante
o elemento intelectivo e não o volitivo. Se o resultado era previsível, o agente responde
por ele, independentemente de sua vontade. Para o Brasil, trata-se de culpa consciente,
crime culposo.
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DIREITO PENAL
Conduta e Dolo
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3. Teoria do consentimento (ou assentimento, ou anuência): há dolo não somente com a


vontade produzir o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo o risco de
produzi-lo.
35m

Quais teorias foram adotadas no Brasil?

Resposta: Teoria da vontade (dolo direto) e teoria do consentimento (dolo eventual), con-
forme o artigo 18, I, do CP.
“Diz-se o crime doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”
A teoria da representação (ou possibilidade) descreve a culpa consciente que, no ordena-
mento jurídico brasileiro, é compreendida como uma hipótese de crime culposo.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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DIREITO PENAL
Dolo e Culpa
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DOLO E CULPA

DIREITO PENAL – DOLO E CULPA

Elementos subjetivos do crime, dolo e culpa.

ESPÉCIES DE DOLO

Dolo geral, por erro sucessivo ou dolus generalis


O agente pratica uma conduta buscando determinado fim. Entretanto, após supor tê-lo
alcançado, pratica outra conduta que, esta sim, gera o resultado inicialmente almejado.
Existe uma polêmica na doutrina e na jurisprudência, não estando pacificado, logo, não
pode ser cobrado em prova, se se deve responder pelo crime que se queria praticar ou pelo
crime que foi efetivamente praticado, a forma que o resultado foi gerado.
Trata-se de erro acidental no que tange ao meio de execução do crime.
Se o dolo é geral, o agente será responsabilizado pela finalidade que visava atingir, ainda
que esta tenha ocorrido por outro meio. A polêmica é se há ou não a aplicação de eventuais
qualificadoras.
Dolo presumido ou dolo in re ipsa
Não é admitido no Direito Penal Brasileiro, não se pode presumir dolo. Tem-se de
demonstrar a vontade, os elementos, volitivo e intelectivo. Da mesma forma não se pode
presumir culpa.
Presume-se o dolo do agente, apesar de não haver comprovação de sua participação ou
autoria. Não é aplicado no Direito Penal Brasileiro, uma vez que não se admite a responsa-
bilização penal objetiva

1. Dolo de primeiro grau

Dolo direto de 1º grau, subespécie do dolo direto. Há também dolo direto de 2º grau.
Trata-se de uma subclassificação do dolo direto.
5m
Representa o objetivo imediato do crime, com consciência e vontade. Trata-se do que o
agente quer alcançar, resultado imediato.

2. Dolo de segundo grau (ou dolo de consequências necessárias)


ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Dolo e Culpa
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É uma espécie de dolo direto e não de dolo eventual. O resultado buscado imediatamente
pelo agente (dolo de primeiro grau) necessariamente atingirá outros bens jurídicos ou outras
vítimas. São os efeitos de ocorrência certa. O agente não busca esses efeitos, mas sabe que
eles vão ocorrer para que o intento inicial seja alcançado.
Também chamado de dolo de consequências necessárias, são consequências decor-
rentes da conduta do dolo direto de 1º grau. Resultados adjacentes, há certeza de que vão
acontecer.
Dolo de 2º grau vs dolo eventual
Não se trata de dolo eventual porque este é quando se pratica uma determinada conduta
com o risco da ocorrência, o resultado eventualmente pode ser produzido. No dolo direto de
2º grau há a certeza da ocorrência, são consequências necessárias.

• Dolo de 2º grau - o resultado colateral é certo e necessário.


• Dolo eventual - o resultado é incerto, desnecessário, eventual.
10m

O dolo direto de 3º grau existe, mas são poucos doutrinadores que adotam esse entendi-
mento. Há apenas um exemplo: quando o nascituro morre em virtude de um evento causado
para atingir um pessoa diferente da gestante, atinge a gestante e, por consequência, atinge
o feto. A maioria da doutrina define que o aborto seria uma consequência necessária, tratan-
do-se de dolo direto de 2º grau, não sendo necessário diferenciar.

CRIME CULPOSO

Art. 18 - Diz-se o crime:

Crime culposo

I –culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Crime doloso: o agente quis o resultado ou assumiu o risco de o produzir.


Crime culposo: há a conduta, há o comportamento voluntário dirigido a um fim, mas gera-
-se um resultado involuntário em razão da imprudência, da negligência ou da imperícia.
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Dolo e Culpa
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A imprudência é uma ação, uma ação perigosa, despreocupada. Trata-se de uma culpa
positiva, quando se pratica uma conduta sem o devido cuidado.
15m
A negligência refere-se a uma culpa negativa, um desleixo, uma inobservância de uma
regra, de um determinado cuidado, quando se deixa de fazer algo para tornar a conduta
mais segura.
A imperícia é uma falta de técnica para uma função, um cargo, uma arte. Conhecida
como culpa profissional. Trata-se de falta de habilidade, conhecimento, técnica.
O resultado é involuntário, se fosse voluntário, o crime seria doloso.
Com relação ao parágrafo único: o Direito Penal existe para punir os crimes dolosos,
exceto raríssimas exceções. Como em regra os crimes são dolosos, a lei não precisa deter-
minar que o crime é doloso. Quando houver a possibilidade de punição para um crime cul-
poso, a lei deve falar de maneira expressa.
Exemplo: crimes contra o patrimônio, há apenas uma situação de crime previsto como
culposo na origem, é o de receptação, art. 180, CP; crimes contra a administração pública,
peculato, art. 312, CP, e fuga de pessoa presa ou submetida a medidas de segurança, art.
351, CP.
20m

ATENÇÃO
Em regra, os crimes culposos são previstos em tipos penais abertos: “se o crime é culposo”.
Isso ocorre porque não é possível prever num rol fechado todas as formas que a culpa pode
se relevar no caso concreto.
Entretanto, excepcionalmente, o legislador pode definir um crime culposo num tipo penal
fechado, tal como ocorre na receptação culposa (art. 180, §3º, CP) ou na omissão de cau-
tela (art. 13, Lei 10.826/03).
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DIREITO PENAL
Dolo e Culpa
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TEORIA DO CRIME
Fato Típico
Conduta
•Dolo
•Culpa
Resultado
Nexo causal
Tipicidade

Diferencia-se o dolo da culpa:

• Dolo: conduta voluntária dirigida a um fim ilícito + resultado ilícito voluntário


• Culpa: conduta voluntária dirigida a um fim lícito + resultado ilícito involuntário

Definição

Conduta humana voluntária que gera um resultado ilícito não querido pelo agente, mas
que lhe era previsível (culpa consciente), ou deveria ser previsível (culpa inconsciente), e que
poderia ter sido evitado se o agente tivesse agido com cuidado.

ATENÇÃO
No crime culposo, a conduta do agente não é dirigida a uma finalidade ilícita.

Logo, o crime culposo é incompatível com a tentativa.


25m

No crime doloso busca-se o resultado com a conduta, não se alcançando o resultado, res-
ponde-se pela tentativa. Para o crime culposo, responde-se apenas se alcançar o resultado
ilícito, produzido involuntariamente, em virtude de imprudência, negligência ou imperícia.
Há exceções, no caso de culpa imprópria. Dentro do contexto das descriminantes putati-
vas há a culpa imprópria, que admite a tentativa.
Regra: CRIMES CULPOSOS NÃO ADMITEM TENTATIVA!

Elementos da culpa:
a. Comportamento humano voluntário: só há conduta se houver um comportamento
voluntário.
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DIREITO PENAL
Dolo e Culpa
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b. Violação do dever de cuidado objetivo: imprudência, negligência ou imperícia.


c. Resultado naturalístico involuntário: foi produzido um resultado não desejado.
d. Nexo entre a conduta e o resultado
e. Tipicidade
f. Previsibilidade objetiva

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e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
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A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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CULPA E PRETERDOLO

Elementos da culpa:

a. Comportamento humano voluntário


b. Violação do dever de cuidado objetivo (negligência, imprudência e imperícia)
c. Resultado naturalístico involuntário
d. Nexo entre a conduta e o resultado
e. Tipicidade
f. Previsibilidade objetiva

c. Resultado naturalístico involuntário

Só há crime culposo se houver um resultado naturalístico involuntário.


Resultado naturalístico é quando ocorre uma mudança no mundo exterior.
Há duas formas de resultado: resultado jurídico, quando uma conduta ofende um bem
jurídico, um tipo penal, e o resultado naturalístico, quando há uma mudança no mundo exte-
rior, no mundo dos fatos.
Nem todos os crimes possuem um resultado naturalístico, por exemplo, o crime de viola-
ção de domicílio, crime de mera conduta, assim como o porte ilegal de arma de fogo.
O resultado naturalístico está presente nos crimes materiais, que se consumam quando
produz o resultado naturalístico, e os crimes formais, em que a produção do resultado natura-
lístico é dispensável, com o caso da Súmula 96/STJ que trata do crime de extorsão. A extor-
são se consuma independente da obtenção de vantagem.
Assim, para que haja crime culposo é necessário o resultado naturalístico, a mudança no
mundo exterior. Ocorre o resultado naturalístico e se comprova a culpa, ou não ocorre resul-
tado naturalístico, não havendo crime algum.

• É necessário a ocorrência de um resultado naturalístico, caso contrário, a conduta cul-


posa será penalmente irrelevante.
• Em regra, os crimes culposos são crimes materiais (consumam-se com a produção do
resultado naturalístico)
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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• Uma rara exceção é o crime do artigo 38, Lei 11.343/06 – “prescrever (...) culposa-
mente, drogas, sem que delas necessite o paciente”. Crime culposo formal.
5m

d. Nexo entre a conduta e o resultado:

Só há crime culposo se houver nexo causal entre conduta e resultado.

e. Tipicidade

Só há crime culposo se houver expressa previsão legal. Ainda que o resultado advenha
de uma conduta culposa, não se pode imputar crime ao agente.

Art. 18, Parágrafo único - “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.”

Culposamente, só se pode punir o agente se houver previsão expressa em lei na moda-


lidade culposa.
Caráter excepcional do crime culposo: a lei deve prever expressamente a possibilidade
da modalidade culposa.
10m

f. Previsibilidade objetiva

Elemento que mais cai em prova.


Só a responsabilização por crime culposo se houver a previsibilidade objetiva.
Previsibilidade objetiva: só existe a possibilidade de responsabilização por crime culposo
se o resultado gerado era possível de se prever.
A previsibilidade objetiva não está expressamente prevista em lei, mas é um elemento da
culpabilidade, sendo importante para diferenciar a culpa consciente da culpa inconsciente.

• Resume-se à possibilidade do homem médio (de inteligência mediana) ser capaz de


prever que sua conduta pode resultar em ilícito.
• Alguns doutrinadores defendem a previsibilidade subjetiva, isto é, que deveria ser
levado em conta a possibilidade do agente prever o resultado, mas este entendimento
não é amplamente aceito. Para quem defende este entendimento, não há a possibili-
dade de punir por culpa inconsciente.
15m
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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Para o Direito Penal Brasileiro, é possível a punição tanto pela culpa consciente, quanto
pela culpa inconsciente.

ESPÉCIES DE CULPA

Culpa consciente (com previsão, ex lascívia)


O agente prevê o resultado e realiza a conduta porque acredita sinceramente que ele
não ocorrerá.
Verdadeiramente acredita-se que o resultado não irá ocorrer. Não se responde por dolo,
mas por culpa.
No caso concreto é difícil verificar se houve ou não dolo eventual ou culpa consciente.
Exemplo: caso da Boate Kiss, em que para a maioria dos doutrinadores houve uma culpa
consciente, mas o tribunal do júri compreendeu que houve dolo eventual. O entendimento do
tribunal do júri é soberano e deve ser respeitado.

• Como distinguir a culpa consciente do dolo eventual?


– Culpa consciente – o agente prevê o resultado, mas acredita sinceramente que não
irá produzi-lo. Confia em sua habilidade para evitar o resultado.
– Dolo eventual – o agente prevê o resultado, acredita que não irá produzi-lo, mas não
se importa se ele vier a ocorrer, assumindo o risco da sua consciência.
– Essa análise será feita com base nas circunstâncias do fato. Não se pode presumir
dolo ou culpa, deve-se analisar o fato.
20m

Culpa consciente Dolo eventual


O agente prevê a possibilidade do resultado ocorrer O agente prevê a possibilidade do resultado ocorrer
Acredita que o resultado não vai ocorrer Não se importa com a ocorrência do resultado
Agente responde na modalidade culposa Agente responde na modalidade dolosa

Culpa inconsciente (sem previsão, ex ignorantia)

Na culpa consciente, o agente prevê o resultado porque ele era previsível, havia previsibi-
lidade objetiva (qualquer pessoa poderia prever) e previsibilidade do agente no caso concreto.
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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Para a culpa inconsciente, o agente NÃO prevê o resultado, o qual era objetivamente
previsível (homem médio). Ou seja, no lugar do agente, qualquer pessoa teria previsto a pos-
sibilidade de ocorrência do resultado naturalístico.
Responderá pela modalidade culposa, assim como na culpa consciente.
25m
Assim como na culpa consciente, na culpa inconsciente tem de haver a previsibilidade
objetiva, caso contrário, não há punição pelo resultado involuntário, apenas pela conduta
realizada.
Culpa presumida (in re ipsa)
Assim como não tem dolo presumido, não há culpa presumida.
Abolida do direito penal brasileiro. Consistia numa forma de responsabilização objetiva,
pois presumia a culpa do agente. A culpa deve ser provada para que o agente seja punido.

O direito penal brasileiro admite a compensação de culpas?

Compensação de culpas: quando há uma concorrência de culpas, mas ninguém res-


ponde por nada, cada um arcando com os próprios prejuízos.
Não é possível na esfera penal, sendo possível na esfera cível. Cada agente será respon-
sável pelo resultado produzido. Ex.: dois veículos que furam o sinal vermelho e geram lesões
um contra o outro.

O direito penal brasileiro admite a concorrência de culpas?

Sim. Neste caso, apesar de não haver concurso de pessoas (ausência de vínculo subje-
tivo), ambos respondem pelo delito culposo. Ex.: dois veículos que furam o sinal vermelho e,
do acidente, atingem um pedestre que vem a morrer.

ATENÇÃO
a culpa exclusiva da vítima afasta a incidência da modalidade culposa, uma vez que a pes-
soa agia de maneira correta. A vítima é quem causou a si própria o resultado.
30m
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO

Agravação pelo resultado

Art. 19 - “Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver
causado ao menos culposamente.”

A agravação do resultado é a modalidade mais falada e importante: crime preterdoloso,


há dolo na conduta, mas culpa no resultado, dolo no antecedente e culpa no consequente.
No crime preterdoloso há dolo na prática da conduta, mas, por culpa, gera-se um crime
mais grave do que o desejado. É uma mescla do dolo e da culpa. Exemplo mais clássico:
lesão corporal seguida de morte.
Não se admite a tentativa em crimes preterdoloso, uma vez que o resultado é involuntário.
Há 4 tipos de crimes agravados pelo resultado.
Todo crime agravado pelo resultado é crime único, mas complexo, pois resulta da fusão
de dois ou mais tipos penais.
O crime preterdoloso é apenas uma espécie de crime qualificado pelo resultado.
1. Dolo na conduta antecedente e dolo no resultado agravador (dolo no antece-
dente e dolo no consequente). Ex.: latrocínio, cuja morte foi causada dolosamente.
35m
2. Dolo na conduta antecedente e culpa no resultado agravador (crime preterdo-
loso). Ex.: latrocínio, cuja morte, proveniente da violência, foi causada culposamente.
3. Culpa na conduta antecedente e culpa no resultado agravador (culpa no antece-
dente e culpa no consequente). Ex.: crimes culposos de perigo comum (explosão, incên-
dio) – art. 258, CP “... no caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se
de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada
de um terço”
4. Culpa na conduta antecedente e dolo no resultado agravador (culpa no antece-
dente e dolo no consequente). Ex.: Art. 303, Par. 1º, CTB – agente causa culposamente
acidente de trânsito que fere a vítima e, dolosamente, deixa de prestar socorro.
40m
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DIREITO PENAL
Culpa e Preterdolo
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Crime preterdoloso

Ocorre o crime preterdoloso quando o agente gera resultado distinto de seu intento. O
agente, por meio de um comportamento doloso, pratica uma conduta visando determinada
finalidade, mas alcança outra mais grave e involuntária.
Por esta razão, pode-se dizer que no crime preterdoloso há dolo na conduta e culpa no
resultado.
Ou, ainda, dolo no antecedente e culpa no consequente.

ATENÇÃO
1. Trata-se de uma figura híbrida – há, no mesmo contexto fático, o concurso de dolo e cul-
pa. Não se trata de um terceiro elemento subjetivo, há apenas dois elementos subjetivos,
culpa a dolo. O preterdolo é a fusão de dolo e culpa.
2. Não é cabível a tentativa nos crimes preterdolosos!!

O agente que pratica crime preterdoloso, após ter uma sentença condenatória tran-
sitada em julgado, deve ser tratado como reincidente em crime doloso ou culposo?

Apesar de haver uma pequena divergência, a ampla doutrina entende que deve ser tra-
tado como reincidente em crime doloso, uma vez que, apesar do resultado culposo, o agente
agiu com dolo na conduta.

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DIREITO PENAL
Iter Criminis
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ITER CRIMINIS

Iter Criminis – caminho do crime

É composto de duas fases:


1) Fase interna
Cogitação
2) Fase externa
Preparação (atos preparatórios)
Execução (atos executórios)
Consumação

Obs.: O iter criminis é compreendido desde a cogitação até a consumação, sendo que o
exaurimento não integra o iter criminis.

Cogitação (fase interna)

• Surge a ideia de praticar a conduta delituosa


• Em nenhuma hipótese é punível – ninguém pode ser punido por seus pensamentos
• Não se confunde com a premeditação

A cogitação pode ser dividida em 3 etapas


1. Idealização – surge a ideia de cometer o delito
2. Deliberação – análise dos pontos favoráveis e contrários à prática do delito
3. Resolução – decisão pelo cometimento ou não do delito
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Iter Criminis
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Obs.: O direito penal não pode punir a cogitação, mesmo que o indivíduo tenha decidido
praticar o delito.

A premeditação se encontra na fase do planejamento dos atos preparatórios.


Os atos preparatórios são praticados para criar os meios para que o indivíduo possa exe-
cutar e consumar o crime.
5m

Obs.: Em regra, os atos preparatórios não são puníveis pelo direito penal, no entanto, ex-
cepcionalmente, é possível que o direito penal puna os atos preparatórios se eles
configurarem por si só um crime.

Ex.: Um indivíduo deseja matar uma pessoa e compra uma arma de fogo no mercado
negro coma intenção de matar a vítima.
No caminho para casa, o indivíduo portava a arma e foi abordado pela polícia.
Nesse caso, mesmo que o indivíduo relate aos policiais o motivo de possuir a arma, não
poderá ser punido pelo a tentativa de homicídio, no entanto, poderá ser punido pelo porte
ilegal de arma de fogo.

Preparação (fase externa)

• Criação prévia das condições necessárias à prática do delito


• Em regra, os atos preparatórios não são puníveis, exceto quando configuram
crime por si só:
– Crimes de mera conduta
– Crimes-obstáculo. Exemplos: Art. 288, CP – associação criminosa; Art. 291, CP –
petrecho para falsificação de moeda; Art. 286, CP – incitação ao crime; Art. 5º, Lei
13.260/16 – atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consu-
mar tal delito

Obs.: Os crimes-obstáculos são crimes criados pelo Código Penal ou legislação penal que
irão punir os atos preparatórios.
10m

Ex.: Art. 288, CP – associação criminosa, ou seja, quando três ou mais pessoas se asso-
ciam com a finalidade de praticar crimes.
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Iter Criminis
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Ainda que essas pessoas não pratiquem delitos, o fato de se associarem para o cometer
crimes, irá configurar crime de associação criminosa.
O Código Penal criou um tipo penal para punir o crime do art. 291 do CP (petrechos para
a falsificação de moedas).

Execução (fase externa)

Obs.: Os atos executórios ocorrem quando o agente inicia a efetiva prática do delito, ou
seja, são atos inequívocos com a finalidade de praticar e consumar o crime almejado.

Se o agente alcançar a consumação, responderá pelo crime consumado, no entanto, se


o agente praticar atos executórios e não alcançar a consumação, responderá pela tentativa.

• Exteriorização da conduta, por meio de atos idôneos e inequívocos para alcançar o


resultado criminoso almejado.
• É na fase de execução que o Direito Penal passa a incidir sobre a conduta do agente
• A tentativa será punível ainda que o resultado naturalístico almejado não seja alcançado.
15m

Em que momento o agente deixa de praticar atos preparatórios e passa a praticar


atos executórios?

Ex.: Um indivíduo colocou uma escada no muro para assaltar uma residência, no entanto,
foi avistado por uma viatura de polícia que o prendeu e o encaminhou ao delegado de polícia
para lavrar o flagrante.
O STJ compreendeu que se o indivíduo somente colocar a escada no muro, estará rea-
lizando um ato preparatório, no entanto, se o indivíduo iniciar a escalada, estará realizando
um ato executório.

• Teoria subjetiva – não há transição dos atos preparatórios para os atos executórios.
Leva-se em consideração o plano interno do agente.

Obs.: A teoria subjetiva não diferencia atos preparatórios de atos executórios, levando em
consideração o plano interno do agente.
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Iter Criminis
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• Teoria objetiva – deve haver a exteriorização de atos idôneos e inequívocos para a


realização do tipo penal

Obs.: O Código Penal brasileiro adota a teoria objetiva

Teorias objetivas

• Teoria da hostilidade ao bem jurídico – atos executórios são aqueles que atacam o
bem jurídico, criando uma situação concreta de perigo.

Ex.: O início da escalada do indivíduo configura atos preparatórios, tendo em vista que o
bem jurídico patrimonial que seria subtraído dentro da casa ainda não foi atingido.
20m

• Teoria objetivo-material – são considerados atos executórios os imediatamente ante-


riores à prática do núcleo do tipo, da perspectiva do terceiro observador
• Teoria objetivo-individual (ou objetivo-subjetiva) – são considerados atos execu-
tórios os imediatamente anteriores à prática do núcleo do tipo, da perspectiva do
próprio autor

Obs.: A teoria objetivo-material utiliza a perspectiva do terceiro observador, enquanto a


teoria objetivo-individual utiliza a perspectiva do próprio autor.

Ex.: Um indivíduo pega uma arma de fogo para matar a vítima.


O ato de sacar e apontar a arma para a vítima, tanto na teoria objetivo-material quanto na
teoria objetivo-individual, o ato poderá ser considerado como executório.
25m
Na teoria objetiva-individual o ato seria considerado executório, desde que o autor já sou-
besse e tivesse a intenção de que o ato fosse imediatamente anterior à prática do verbo do
tipo penal.

• Teoria objetivo-formal (ou lógico-formal) – compreende-se atos executórios somente


a partir do momento que o agente realiza o verbo núcleo do tipo penal

Obs.: Na teoria objetivo-formal, é necessário que o agente pratique o verbo do tipo penal
para que se inicie os atos executórios.
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Iter Criminis
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O STJ dispõe que o indivíduo que portar uma arma de fogo e for capturado pela polícia ao
tentar invadir uma casa na intenção de roubar os moradores, não praticou atos executórios,
apenas atos preparatórios em relação ao roubo.

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DIREITO PENAL
Consumação e Tentativa
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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Consumação (fase externa)


Código Penal,

Art. 14. Diz-se o crime:


I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

Outra forma de pensar a consumação é o momento em que se alcança o resultado dese-


jado. O indivíduo praticou atos executórios desejando determinado objetivo, ao alcançá-
-lo,obtém-se a consumação.

Obs.: Em prova costuma cair o inciso de forma copiada, a segunda definição é algo
mais prático.

Exaurimento

• Não integra o iter criminis


• Crime exaurido é o crime plenamente esgotado.
• Refere-se a acontecimentos posteriores à consumação do delito

Exemplo: O indivíduo furta um objeto, sem desejá-lo, porque irá revender a um preço
baixo. O comprador, se ciente da situação, comete crime de receptação. O assaltante não
responde por novo delito (nesse caso, receptação). Ele é autor do furto, mas esse ato poste-
rior é em decorrência do ato anteriormente praticado.
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Consumação e Tentativa
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Nesse exemplo, o exaurimento não traria qualquer qualificadora ou aumento de pena.


Porém, há situações em que o exaurimento pode gerar aumento de pena, qualificar determi-
nado crime etc. Então, ele pode gerar repercussão na pena do agente.
Exemplo 2: Extorsão mediante sequestro.

CP. Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate.

O crime anterioré formal, ele se consuma no momento em que a vítima tem sua liber-
dade privada, desde que haja a intenção de pedir um preço pela liberdade dela. Se esse
preço (ou outra vantagem indevida) for obtida, exaure-se o crime.
5m

O exaurimento influencia na dosimetria da pena.

CP. Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalida-
de do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao compor-
tamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e preven-
ção do crime.

• Eventualmente, o exaurimento pode atuar como:

Qualificadora (ex.: art. 329, § 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa)


Causa de aumento de pena (ex.: art. 317, § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em
consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer
ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional).
Inclusive, o crime anterior é chamado de corrupção passiva exaurida. O crime se con-
suma no momento da solicitação da vantagem. Se a vantagem for, de fato, entregue (o
retardo de uma atividade), o crime é exaurido.

TENTATIVA

A tentativa acontece quando o agente inicia a prática dos atos executórios, mas não
consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
10m
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Consumação e Tentativa
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Denominações

• Conatus (esforço, em latim)


• Crime manco
• Crime imperfeito
• Crime incompleto

CP. Art. 14. Diz-se o crime:


Crime consumado
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

Pena – de tentativa

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Elementos para a tentativa:


1) Prática de atos executórios
2) Ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente
15m
3) Dolo voltado para a consumação do delito (ou seja, não existe tentativa de crime culposo)
4) Resultado possível

NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA

Natureza jurídica é “onde o instituto se encontra no mundo jurídico. Qual é a consequên-


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Consumação e Tentativa
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cia que ele gera no mundo jurídico?”

• Causa obrigatória de diminuição de pena


• Norma de extensão ou de ampliação da conduta – ampliação temporal

Subordinação imediata (se aplica aos crimes consumados)


20m
x
Subordinação mediata (ampliada ou por extensão – aplica-se à tentativa, pois é o tipo
penal combinado com o art 14, II.)

A subordinação ampliada também é chamada de ampliação temporal.


Por quê?
Os tipos penais punem apenas o crime consumado, mas, valendo-se do dispositivo da
tentativa, é possível ampliar o tempo do delito e alcançar o tempo da execução.

Punição da Tentativa

CP. Art. 14. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena cor-
respondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Qual teoria foi adotada, em regra, pelo Código Penal Brasileiro no que concerne à puni-
ção da tentativa?
Teoria objetiva, realística ou dualista.
Existem duas teorias principais, a subjetiva e a objetiva. O Brasil não adota a subjetiva,
mas é preciso conhecê-la.
25m

• Subjetiva: quem quer praticar um crime deve ser punido, ainda que não alcance a
consumação.

Para essa teoria não existe tentativa.

• Teoria objetiva, realística ou dualista: não há justiça em punir de forma igual quem
consuma e quem tenta, por esse motivo, a pena para a tentativa é diminuída em rela-
ção à pena base.
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Consumação e Tentativa
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Excepcionalmente, o CP adotou a teoria subjetiva, voluntarística ou monista.

CP. Art. 14. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Ou seja, pode haver exceção a isso.

Punição da Tentativa

Crimes de atentado ou de empreendimento Exemplos:


1) Art. 352, CP – (Evasão mediante violência contra a pessoa) “Evadir-se ou tentar eva-
dir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violên-
cia contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente
à violência.”
Fugir da cadeia em si não é crime, é falta disciplinar, entretanto, fugir mediante violência
configura o crime acima.
30m
Se ele tentar fugir usando violência, mesmo que não consiga, já configura o crime con-
sumado, pois o dispositivo já traz a punição da tentativa no próprio dispositivo legal, como
elementar do crime: “tentar evadir-se”, esse já é o crime. O mesmo vale para o crime a seguir.
2) Art. 309, Código Eleitoral – “Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de
outrem: Pena - reclusão até três anos.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Tentativa
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TENTATIVA

Como o Juiz Deve Decidir o Quantum de Diminuição de Pena?

Os Tribunais Superiores decidiram que quanto mais próximo da consumação, menor é a


diminuição por tentativa.

CP. Art. 14. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena cor-
respondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Como definir o quantum da diminuição?

Quanto mais próximo o delito chegar da consumação, menor será a diminuição.


Observa-se, portanto, a relação de proporcionalidade inversa ou inversamente proporcional.
Ex. 1: tentativa de homicídio em que a vítima é atingida por um disparo de projétil no peito
e fica 2 meses em coma
Ex. 2: tentativa de homicídio em que a vítima não sofre qualquer lesão.

ESPÉCIES DE TENTATIVA
5m

Tentativa Imperfeita, Inacabada ou Tentativa Propriamente Dita

O agente inicia a execução, mas não consegue utilizar todos os meios que tinha à dispo-
sição e que havia planejado usar. O crime não se consuma por razões alheias à sua vontade.
ANOTAÇÕES

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Tentativa
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Tentativa Perfeita, Acabada ou Crime Falho

O agente inicia a execução, utiliza todos os meios que tinha à disposição e que havia pla-
nejado usar. Todavia, o crime não se consuma por razões alheias à sua vontade.

Diferenciando:

Supondo que o indivíduo quer matar uma pessoa e possui 10 munições em sua pistola.
Ele efetua disparos contra a vítima. Suponha, então, que os 10 disparos foram efetuados e,
mesmo assim, o crime não se concretizou por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Nesse caso, a tentativa seria a perfeita (ou seus nomes sinônimos), porque utilizou-se
todos os meios à disposição do agente.
Assim, a tentativa imperfeita é quando o agente não usa todos os meios, por exemplo,
deu 6 tiros e foi parado pela polícia. Aqui, os atos executórios são interrompidos.

Tentativa Vermelha ou Cruenta


10m

O objeto material do delito é atingido pela conduta do agente. A vítima é atingida.

Tentativa Branca ou Incruenta

O objeto material do delito não chega a ser atingido pela conduta do agente. A vítima
não é atingida.

Tentativa Idônea

O resultado é possível de ser alcançado, mas não ocorre por razões alheias à vontade do
agente. Assim, é a tentativa “normal”.

Tentativa Inidônea

O resultado é impossível de ser alcançado, seja pela absoluta ineficácia do meio


empregado, seja pela absoluta impropriedade do objeto material. Assim, aqui é um sinônimo
de crime impossível. Dito isso, embora receba esse nome, ela não é, de fato, uma tentativa,
pois o resultado não é possível.
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Tentativa
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POSSIBILIDADE DE TENTATIVA

Apesar de vozes contrárias, a doutrina majoritária entende que é possível a tentativa nos:
1) Crimes de dolo eventual
15m
2) Crimes de ímpeto (condutas repentinas)

INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA

ATENÇÃO
Crimes formais admitem tentativa.
20m

C ontravenção
C ulposo
C ondicionado ou de resultado vinculado
H abitual
O missivo próprio
U nissubsistente
P reterdoloso
A tentado ou de empreendimento

Analisando

Sobre a Contravenção, ainda que seja possível imaginar no mundo real (fático) uma
tentativa impedida de puxão de cabelo, no mundo jurídico só se responde por contravenção
consumada. Cuidado!

Sobre os culposos, em regra não se pune a tentativa, exceto a culpa imprópria.


Obs.: Esse assunto não será abordado nessa aula, apenas se fizer parte do edital deste
concurso, ele será abordado mais adiante. Por ora, basta saber que nessa modalida-
de de culpa a tentativa é admitida.
25m

Condicionado ou de resultado vinculado é aquele que exige um resultado para se consu-


mar, se ele não ocorrer não haverá a possibilidade de punir a tentativa.
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Tentativa
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• Crimes habituais são aqueles que precisam de recorrência. Assim, não dá pra tentar
fazer duas vezes, ou fez duas vezes (ou mais), ou não.
• Omissivo próprio é aquele que ocorre no momento em que o agente se omite, inde-
pendente do resultado, por isso, não dá pra pensar em tentativa.

Obs.: Os omissivos impróprios admitem tentativa.

• Crime unissubsistente: A consumação ocorre no mesmo momento da execução.


30m
• Preterdoloso: dolo na conduta, culpa no resultado. Não é possível pelo mesmo motivo
que não há tentativa de crime culposo.
• Atentado ou de empreendimento: crimes que punem a tentativa como crimes consu-
mados (exemplos vistos no bloco anterior).

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
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Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
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DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

A tentativa se configura quando o crime não se consuma por vontades alheias às inten-
ções do agente, mas o seu dolo a todo momento era o de que o crime se consumasse.
No entanto, o indivíduo que se arrepende do resultado logo após a execução e que muda
o seu dolo, tem-se um caso diferente da tentativa.

Art. 15 do CP: O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que
o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Existem dois institutos que ilustram tal situação:

• a desistência voluntária; e
• o arrependimento eficaz.

Ambos os institutos possuem a mesma consequência. Contudo, é interessante saber que


o indivíduo que desiste de prosseguir na execução do crime incorre em desistência voluntá-
ria, enquanto o indivíduo que impede que o resultado inicialmente almejado se efetue incorre
no arrependimento eficaz.
O indivíduo X que adentra uma residência para furtar objetos, mas que se arrepende
durante o processo de furto e sai da casa sem furtar nada acaba incorrendo em desistência
voluntária e arrependimento eficaz, pois as suas ações que resultaram na não consumação
do crime advieram da própria vontade do agente.
Note que só existe desistência voluntária e arrependimento eficaz quando o crime não se
consuma pela vontade do próprio agente, ou seja, a voluntariedade do agente que iniciou a
prática do delito é imprescindível para que os institutos sejam considerados.
5m
Imagine que um indivíduo Y tenta matar a pessoa L e efetua diversos disparos de arma
de fogo para matá-la. Vendo a vítima caída no chão, o indivíduo Y se arrepende e leva a
vítima ao hospital para evitar a sua morte e a vítima acaba sobrevivendo.
Nesse caso, o instituto do arrependimento eficaz é considerado, mas se a vítima tivesse
morrido o mesmo não aconteceria porquanto o arrependimento não resultou na eficácia de
evitar o resultado criminoso inicialmente planejado.
Pontos comuns:
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Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
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• Requisitos: voluntariedade e eficácia


• Não se exige a espontaneidade

Em uma outra situação em que o indivíduo Y acerta um disparo de raspão na vítima L,


mas ao apontar para a sua cabeça com intenção de efetuar um disparo letal o indivíduo Y
acaba tocado pela súplica da mãe da vítima e desiste de efetuar o homicídio, tem-se uma
decisão voluntária, mas que não foi espontânea, ainda assim considera-se que houve desis-
tência voluntária e arrependimento eficaz.
10m

• Irrelevância dos motivos que levaram à DV ou AE


• Efeito: responsabilização somente pelos atos já praticados

Não obstante, deve-se observar que mesmo quando a vítima não morre, mas é ferida, o
criminoso responde pela lesão corporal de natureza grave, ou seja, qualificado pelo perigo
de vida, exceto quando a lesão corporal for leve.

Momento em que se Manifesta a Desistência Voluntária e o Arrependimento Eficaz

É importante saber que só é possível ser beneficiado pela desistência voluntária e o arre-
pendimento eficaz quando os atos executórios já tiverem sido efetuados durante o iter criminis.
No caso da prática de atos preparatórios com a desistência da prática de atos executó-
rios, não se pode punir sequer pela tentativa.

Tentativa Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz


Art. 14, II, do CP Art. 15 do CP
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
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Crime não se consuma por razões alheias à vontade Crime não se consuma por ato voluntário e eficaz do
do agente próprio agente
Diminuição de pena de 1/3 a 2/3 Responde pelos atos já praticados
15m

Na tentativa (art. 14 do CP), o agente tem o iter criminis interrompido por razões alheias a
sua vontade. Já na desistência voluntária e arrependimento eficaz o iter criminis é interrom-
pido pela própria vontade do agente.

Denominações:

• Tentativa abandonada: o resultado almejado não é alcançado por conta da desistên-


cia do agente.
• Tentativa qualificada
• Ponte de ouro (Franz Von Liszt): possibilidade que o agente tem de, após iniciado os
atos executórios, desistir e retornar à esfera da licitude.

Desistência Voluntária

A desistência voluntária é uma interrupção dos atos executórios no meio de sua prática
por meio da própria vontade. A interrupção ocorre durante a prática dos atos executórios.
É uma interrupção dos atos executórios pela manifestação de vontade do próprio agente,
o qual poderia ter prosseguido na execução do delito.
Desistência voluntária: “Posso prosseguir, mas não quero”
O arrependimento eficaz, por outro lado, ocorre quando todos os atos executórios já
foram praticados e o agente arrependido pratica uma nova conduta na tentativa de evitar a
consumação do crime.
20m
Existe uma compatibilidade entre os dois institutos (desistência voluntária e tentativa
imperfeita ou inacabada) por conta do momento em que ocorrem, mas não são consideradas
a mesma coisa e a consequência são diferentes.
Tentativa: “Quero prosseguir, mas não posso” (Fórmula de Frank).
Na cabeça do agente, o crime ainda pode ser efetuado, mas o mesmo desiste de consu-
mar o crime, embora possa consumá-lo, o que é exatamente o oposto da tentativa.
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
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Exemplo: o indivíduo X está prestes a furtar objetos quando ouve a sirene de uma via-
tura e foge. Nesse caso, tem-se uma tentativa de furto que não se consumo, porque fatores
alheios à vontade do agente acabaram por frustrar a consumação do crime.

Arrependimento eficaz

Conduta voluntária do agente, que impede a produção do resultado, após ter praticado
todos os atos executórios.
25m

• É compatível, portanto, com a tentativa perfeita ou acabada.


• É compatível somente com os crimes materiais (“o agente que, voluntariamente [...]
impede que o resultado se produza”).

Desistência voluntária e arrependimento eficaz

ATENÇÃO
A desistência voluntária e arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culpo-
sos (resultado involuntário).

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Arrependimento Posterior
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ARREPENDIMENTO POSTERIOR

O arrependimento posterior é estudado dentro do entendimento de inter criminis que com-


preende desde o momento de cogitação do crime até a consumação, passando por atos prepa-
ratórios e executórios. Lembrando que o exaurimento está fora do entendimento de inter criminis.
Se o crime está consumado, não é possível desfazer o crime. Contudo, é possível reali-
zar atos que minimizem as consequências do crime.

Art. 16 do CP: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois terços.

Note que só existe arrependimento posterior nos crimes que não envolvem violência ou
grave ameaça. O roubo de um celular e sua posterior restituição, por exemplo, vale como ate-
nuante para o infrator, mas não funciona como um benefício amplo como o arrependimento
posterior, porquanto a lei veda expressamente a possibilidade de concessão de tal benefício
em crimes com violência ou grave ameaça.
Além disso, faz-se necessária a restituição da coisa ou reparação do dano, ou seja, o
pagamento em valor proporcional ao bem danificado ou subtraído, por exemplo.
5m
Quanto à persecução penal, sabe-se que esta se inicia e só é finalizada com a sentença
condenatória transitada em julgado.
O ato que finaliza o inquérito policial e inicia a ação penal é o recebimento da denúncia
ou da queixa. Isso significa que o arrependimento pode ocorrer em qualquer momento da
persecução penal, antes do recebimento da denúncia.
Por conta disso, não cabe arrependimento posterior durante a ação penal. É importante
saber se o autor do delito reparou o dano ou restituiu a coisa à vítima e, neste caso, é possí-
vel considerar que haverá uma atenuante, mas não o arrependimento posterior.
Além disso, é importante analisar a existência de voluntariedade. Entregar um objeto rou-
bado às autoridades durante o cumprimento de mandato de busca e apreensão, por exem-
plo, não configura sinal de arrependimento.
A voluntariedade envolve a possibilidade de permanecer na posse da coisa e decidir
voluntariamente pela reparação do dano ou restituição da coisa.
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Arrependimento Posterior
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É importante notar que todos os institutos tratados preveem a voluntariedade, mas


nenhum deles impões que os atos sejam espontâneos. Com isso, é possível que a ação do
indivíduo seja motivada por fatores externos às suas intenções iniciais, mas o ato de repara-
ção do dano deve partir do próprio indivíduo infrator.
Ademais, nota-se que a consequência é a mesma da tentativa, ainda que por motivos
completamente distintos.
Denominação por Franz Von Liszt: Ponte de prata

O arrependimento posterior ocorre após a consumação do delito. Não confunda a tenta-


tiva com desistência voluntária nem o arrependimento eficaz com o arrependimento posterior.
10m
Saber o momento em que ocorre o arrependimento posterior e o arrependimento eficaz e
a decisão voluntária é essencial para desconsiderar muitas coisas erradas, evitando a indu-
ção de erros imposta pelas bancas.

Arrependimento Posterior

• Natureza Jurídica: causa obrigatória de diminuição de pena.


• Aplicabilidade: aplica-se a crimes contra o patrimônio e a crimes que apresentem
efeitos patrimoniais (ex.: peculato).

ATENÇÃO
A recusa da vítima em receber a reparação do dano ou restituição da coisa não é óbice
para o gozo do benefício por parte do agente que se arrependeu.
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Arrependimento Posterior
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Arrependimento Posterior

A recusa da vítima em receber a reparação do dano ou restituição da coisa não é óbice


ao gozo do benefício pelo agente que se arrependeu.
A análise do instituto do arrependimento posterior também deve levar em consideração a
celeridade e voluntariedade da reparação do dano e restituição da coisa.
Por exemplo, o crime reparado com total voluntariedade do infrator que decide reparar o
dano ou restituir a coisa no mesmo dia da prática do crime. Nesse caso, a pena costuma ser
diminuída em 2/3.
Contudo, nos casos em que o crime foi praticado há muito tempo e existem fatores de
investigação contra o acusado, então a ação do infrator tem menor relevância e recebe uma
diminuição de pena menor.
15m

Natureza Jurídica

Causa obrigatória de diminuição de pena.

Aplicabilidade

Aplica-se a crimes contra o patrimônio e a crimes que apresentem efeitos patrimoniais


(ex.: peculato).
Atente-se:
A recusa da vítima em receber a reparação do dano ou restituição da coisa não é óbice
ao gozo do benefício pelo agente que se arrependeu.
O que deve ser levado em consideração para calcular a fração da diminuição de pena
(1/3 a 2/3)?

Celeridade e Voluntariedade

STJ: “Nos termos da jurisprudência desta Casa, a incidência do instituto do arrependimento pos-
terior pressupõe a integral reparação do dano antes do recebimento da denúncia, cuja fração de
diminuição de pena será fixada de acordo com o aspecto temporal entre a prática do ilícito e a
conduta voluntária do agente em restituir à vítima o seu prejuízo” (AgRg no REsp n. 1.262.608/BA,
DJe 21/10/2015; AgRg no HC 686.557/SP, DJe 18/03/2022).
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Arrependimento Posterior
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 Obs.: Ainda que o MP ou a vítima já tenham oferecido a queixa, se o juiz ainda não a tiver
recebido, é possível se beneficiar do arrependimento posterior.

É importante saber que o arrependimento posterior só é possível se a reparação do dano


ou restituição da coisa for integral.
O entendimento antigo do STF pressupunha que a reparação integral resultaria em dimi-
nuição de 2/3 e a reparação parcial em diminuição de 1/3. Apesar de ser um entendimento
considerado por parte da doutrina, os certames precisam da compreensão de que o benefí-
cio de arrependimento posterior necessita da reparação do dano ou restituição da coisa de
forma integral.
Logo, para que ocorra o arrependimento posterior, a reparação do dano ou restituição da
coisa deve ser integral. Entretanto, há duas ressalvas:
DANO – REPARAÇÃO PARCIAL – CAUSA DE DIMINUIÇÃO DO ART. 16 DO CÓDIGO
PENAL – INCIDÊNCIA. É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez reparada parte
principal do dano, até o recebimento da inicial acusatória, sendo inviável potencializar a
amplitude da restituição. (STF, HC 165.312, julgado em 14/04/2020).
Dessa forma, entende-se que a reparação pode ser parcial, desde que haja concordância
da vítima e nos casos em que a amplitude da restituição deve ser levada em consideração.
Por exemplo, supondo que o indivíduo A furtou R$ 1 mil em 2019 e que em 2023, após
instauração de inquérito policial, o indivíduo A decide reparar o dano sem considerar as cor-
reções monetárias e juros, que perfazem o valor de R$ 2 mil.
20m
Nesse caso, o STF entende que se o agente repara o valor principal até o recebimento
da denúncia e a correção monetária e os juros após o recebimento da denúncia, tem-se a
validade do benefício do arrependimento posterior. É importante notar que o STJ ainda con-
sidera apenas a reparação integral.

Arrependimento Posterior

Suponha um delito praticado em concurso de pessoas. Se um dos agentes se arrepende


e repara o dano ou restitui a coisa, até o recebimento da denúncia, os demais coautores/par-
tícipes serão beneficiados pelo arrependimento posterior?
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Arrependimento Posterior
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Sim. O arrependimento posterior tem natureza objetiva. Ademais, a conduta por um dos
agentes inviabiliza que o outro tome a mesma atitude. (STJ. REsp 1187976/SP, julgado em
07/11/2013)
É importante notar que o arrependimento posterior é uma circunstância objetiva, ou seja,
que se relaciona ao fato, e não ao indivíduo e todos os integrantes do fato se beneficiam. O
mesmo vale para a desistência voluntária e para o arrependimento eficaz.

Situações Específicas de Restituição

Peculato culposo

Art. 312. […]


§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
25m § 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extin-
gue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Situações Específicas de Restituição

Crimes de menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/1995)


Composição civil dos danos (art. 74), em crimes de ação penal privada ou ação penal
pública condicionada à representação extingue a punibilidade.

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Crime Impossível
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CRIME IMPOSSÍVEL

O crime impossível consiste na impossibilidade de o crime ser alcançado. Se é impossí-


vel alcançar determinado crime, então não há porque haver a sua punição.
Imagine que o indivíduo A entrega um pacote de polvilho para o indivíduo B e pede que
entregue o pó branco em um determinado estabelecimento, afirmando para o indivíduo B de
que o pó é cocaína.
No momento em que o indivíduo B está transportando a suposta cocaína acaba sendo
preso em flagrante, mas a substância é apreendida e periciada, constatando-se que se tra-
tava de polvilho, e não de cocaína.
Nesse caso, não se pode afirmar que se trata da prática de tráfico de drogas, pois existe
a absoluta impropriedade do objeto material do crime, sendo impossível a sua consumação.
Trata-se de um delito putativo, ou seja, imaginário.
Quando existe dolo de matar uma vítima, mas utiliza-se uma arma de brinquedo, por
exemplo, para alcançar tal finalidade, tem-se um crime putativo pelo meio ineficaz utilizado,
o que não acarreta sequer na tentativa de homicídio.
O mesmo ocorre quando uma pessoa tenta envenenar as demais com um pó branco que
acredita ser veneno de rato, mas que na verdade é açúcar. Perceba que o meio utilizado para
tentar matar a vítima era completamente ineficaz.
Para constatar se um meio é ou não ineficaz, faz-se necessária a análise do caso con-
creto. Sabendo que uma vítima é diabética, por exemplo, colocar muito açúcar em uma
bebida com a finalidade de que a vítima morra configura em meio eficaz e, consequente-
mente, em um crime de homicídio.
O mesmo ocorre quando um indivíduo utiliza uma arma de brinquedo para agredir de
alguma forma a vítima, ferindo-a ou matando-a, o que resulta em tentativa de homicídio ou
em homicídio consumado.
É possível imaginar também um cenário em que o indivíduo A adentra a casa da vítima
e a esfaqueia enquanto esta dorme, supostamente matando-a. Contudo, a perícia do corpo
revela que a vítima já teria morrido 5 horas antes das facadas por causas naturais. Nesse
caso, tem-se a utilização de um meio eficaz para cometer o crime e existe o dolo, mas o
objeto material sobre o qual recaiu a conduta era absolutamente impróprio, pois não é possí-
vel matar alguém que já está morto.
5m
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Crime Impossível
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Não obstante, pode-se considerar o caso concreto e a tipificação de outro crime como o
vilipêndio à cadáver. No entanto, o exemplo em questão não redunda em qualquer penali-
dade, pois o dolo não era de vilipendiar o cadáver, e sim de cometer o homicídio.
Em suma, o mais importante é saber que:

Art. 17 do CP: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Perceba que as formas de impossibilidade de consumação do crime são a ineficácia


absoluta do meio empregado ou absoluta impropriedade do objeto.
Com isso, entende-se que o disparo de arma de fogo com dolo de matar a vítima, mas
que acaba por não ser executado por conta de mau funcionamento da arma, não resulta em
impropriedade do objeto, pois o objeto não deve ser confundido com o meio de empregado
para a prática do delito. Nesse caso, tem-se a ineficácia absoluta do meio empregado.
10m

Denominações

• Crime oco;
• Quase crime (não confunda com o crime falho);
• Tentativa inidônea, inadequada, impossível.

 Obs.: As denominações mais cobradas são a tentativa inidônea, a tentativa inadequada e


a tentativa impossível.

Natureza Jurídica

Causa de exclusão da tipicidade

Espécies

Ineficácia Absoluta do Meio

• Refere-se ao meio de execução do delito;


• Para que haja crime impossível, o instrumento utilizado deve ser absolutamente inefi-
caz para o alcance do resultado almejado;
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Crime Impossível
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• Para averiguar a ineficácia absoluta do meio, deve-se analisar o caso concreto.

A ineficácia absoluta do instrumento para o alcance do resultado almejado. No caso de


uma arma de fogo que está defeituosa, mas que dispara a cada 20 acionamentos do gatilho,
por exemplo, não configura um meio absolutamente ineficaz, ainda que no caso concreto o
indivíduo não tenha conseguido efetuar o disparo.

Impropriedade Absoluta do Objeto

• Objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa;


• O objeto será absolutamente impróprio quando for inexistente ou quando torna impos-
sível a consumação do crime.

Não se Configura Crime Impossível

Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por exis-
tência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto.

 Obs.: A existência de câmeras de segurança e de agentes de segurança em um estabe-


lecimento, por exemplo, não há a figura do crime impossível, o que torna possível a
punição por crime de furto.
15m

Crime de roubo, se já perpetrada a violência ou grave ameaça contra a pessoa (Resp


1.340.747/RJ, 13/05/2014).

 Obs.: A tentativa de furtar uma pessoa que não possua objetos para serem furtados, por
exemplo, configura crime impossível, por conta da inexistência do objeto material
a ser furtado. O mesmo não se aplica ao crime de roubo, que resulta da fusão do
emprego da violência ou grave ameaça com a subtração e, consequentemente, a
tentativa de roubo persiste ainda que não haja objetos a serem subtraídos.
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Crime Impossível
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Teorias

• Teoria subjetiva: leva em consideração o dolo, independentemente da consumação


do fato. Nesse caso, não há crime impossível, pois a tentativa de praticar o crime,
ainda que por meio absolutamente ineficaz ou diante da absoluta impropriedade do
objeto, tem-se a punição ao menos pela tentativa da prática do delito;
• Teoria objetiva: a teoria largamente adotada, que aceita o crime impossível e que
realiza uma nova subdivisão entre teoria subjetiva pura e teoria subjetiva temperada:
20m
• Teoria objetiva pura: entende que se o meio for absoluta ou relativamente ineficaz ou se
o objeto for absoluta ou relativamente impróprio, então o crime será impossível. Trata-se
da abordagem mais benéfica para o réu, ampliando as hipóteses do crime impossível;
• Teoria objetiva temperada: trata-se da teoria adotada no art. 17 do CP e estabelece
que só haverá crime impossível diante da absoluta impropriedade do objeto ou o meio
for absolutamente ineficaz.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Ilicitude (Antijuridicidade)
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ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)

Conceito Analítico de Crime

Para a teoria tripartite, o crime é fato típico, ilícito e culpável.


A ilicitude não possui elementos a serem analisados. Por isso, é presumido que todo fato
antijurídico é ilícito.
É possível que um fato típico seja lícito, embora não seja a regra, e sim a exceção. Por
exemplo, o ato de matar em legítima defesa é um fato típico, porém não ilícito. Conforme a
teoria da indiciariedade, um fato típico tem fortes indícios de ser ilícito, mas não necessa-
riamente é.
5m

Elementos do Crime

Ilicitude - Conceito

Contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico.

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
ANOTAÇÕES

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Ilicitude (Antijuridicidade)
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Essas são as principais causas excludentes de ilicitude, não as únicas. Podem incidir
sobre qualquer infração penal.

Causas específicas ou especiais de exclusão da ilicitude

Estas têm aplicação específica a determinados tipos penais.


São presentes na parte especial do CP e na legislação penal especial Ilicitude.

CP, Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:


Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante
de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal. Ilicitude

Exclusão do crime

CP, Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:


I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
10m
II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informa-
ção que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem
lhe dá publicidade.

ATENÇÃO
O art. 142 não se aplica ao crime de calúnia.

Causas supralegais de exclusão de ilicitude

A lei não prevê todas as hipóteses de exclusão da ilicitude.


Algumas podem ser fruto da evolução da sociedade e de novas construções doutrinárias.
Hipótese mais aceita de causa supralegal de exclusão de ilicitude: consentimento
do ofendido.
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Ilicitude (Antijuridicidade)
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Por exemplo, a inserção de um piercing na orelha envolve lesão corporal, mas pode ser
feita por um profissional com o consentimento do ofendido.
O consentimento deve ser prévio ou concomitante à conduta. Só pode se dar em relação
a bens jurídicos disponíveis.
15m

Aspectos processuais penais da ilicitude

Delegado de Polícia pode deixar de autuar em flagrante diante do reconhecimento


de uma excludente de ilicitude?

1ª Corrente: Não.
Fundamento: Art. 310, §1º – Função do juiz. O judiciário deve analisar a ilicitude.
2ª Corrente: Sim.
Fundamentos: Encarceramento indevido do inocente.
20m

ATENÇÃO
O segundo entendimento tende a ser cobrado na prova.

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
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Ilicitude (Antijuridicidade)
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Excesso punível

Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá


pelo excesso doloso ou culposo.
Portanto, é possível haver excesso em qualquer excludente de ilicitude.
25m
Um excesso pode ser punido se for doloso ou, ainda que seja, culposo. No entanto, só se
pode punir por excesso culposo se houver previsão legal da modalidade culposa praticada.

Excesso

O que é o excesso?

O indivíduo age inicialmente amparado por uma excludente de ilicitude. Entretanto, extra-
pola os limites de forma que sua conduta passa a ser ilícita.

Excesso doloso vs excesso culposo

Excesso doloso – será penalmente responsabilizado pelo resultado


Excesso culposo – somente será penalmente responsabilizado se houver previsão legal
da modalidade culposa

Excesso intensivo vs excesso extensivo

Excesso intensivo (próprio) – utilização de meios desproporcionais ou desnecessários.


Excesso extensivo (impróprio) – prolongamento da ação por tempo superior ao estrita-
mente necessário. O indivíduo continua a agir, em que pese já não haver mais a situação de
perigo ou a agressão injusta, o dever legal já ter sido cumprido ou o direito já ter sido regu-
larmente exercido.
30m

Excesso exculpante

Alteração psicológica profunda no momento da reação a uma agressão. O indivíduo age


acobertado por uma excludente. Todavia, dado ao estresse psicológico e repentino, age em
excesso e vem a praticar fato típico e ilícito.
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Ilicitude (Antijuridicidade)
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Parte da doutrina entende que o excesso exculpante pode funcionar como uma causa
supralegal de exclusão da culpabilidade, considerando o estado psicológico do praticante.
35m

Código Penal Militar - Excesso escusável

Art. 45. Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa
ou perturbação de ânimo, em face da situação.

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Estado de Necessidade
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ESTADO DE NECESSIDADE

CP, art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito pró-
prio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Obs.: O perigo é qualquer situação que coloque um determinado bem jurídico em risco,
podendo ser um perigo causado por um comportamento humano ou animal, por um
mero acidente ou catástrofe da natureza.
5m

ATENÇÃO
Em caso que a vida de outra pessoa também está em perigo, o indivíduo que se salvar em
detrimento da outra somente será acobertado pelo estado de necessidade se o perigo não
tiver sido provocado por sua vontade e não houver outro modo de evitar esse resultado.
Em caso contrário, é possível responder dolosamente.
Não se pode sacrificar uma pessoa, por exemplo, como forma de salvar um bem patrimo-
nial diante de um perigo atual, uma vez que é razoável o sacrifício desse bem patrimonial.
10m

§ 1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

Obs.: É o caso de um bombeiro frente a um perigo atual de incêndio, por exemplo, sempre
considerando a situação sob uma ótica razoável.

§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.

REQUISITOS

a) Perigo Atual;
b) Situação de perigo não tenha sido causada voluntariamente pelo agente;
c) Ameaça a direito próprio ou alheio;
d) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo;
e) Inevitabilidade da conduta lesiva;
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DIREITO PENAL
Estado de Necessidade
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f) Inexigibilidade de sacrifício do direito ameaçado;


g) Elemento subjetivo (conhecimento da situação justificante).
15m

Obs.: O elemento subjetivo não está previsto em lei e se aplica a todas as excludentes de
ilicitude. Trata-se do conhecimento da situação justificante — no caso, do conheci-
mento de que está agindo acobertado pelo estado de necessidade, necessário mes-
mo com a presença de todos os outros requisitos.

FURTO FAMÉLICO

O furto famélico se trata do furto em razão da fome, logo estando relacionado a uma
necessidade vital da pessoa. Entende-se que o furto famélico, portanto, não é crime, e sim
uma excludente de ilicitude, uma vez que não é razoável que o indivíduo sacrifique a sua vida
em troca de não cometer o furto.
20m
No entanto, deve-se observar que necessidade vital não se confunde com dificuldades
econômicas ou miserabilidade. O furto famélico é caracterizado pela ausência de qualquer
outra opção.

ESPÉCIES DE ESTADO DE NECESSIDADE

O estado de necessidade pode ser próprio, quando o autor visa proteger bem jurídico
próprio, ou de terceiro, quando o autor visa proteger bem jurídico alheio. É possível, também,
a caracterização do estado de necessidade recíproco, quando duas pessoas agem em
estado de necessidade de real.
O estado de necessidade defensivo é aquele no qual, para proteger bem jurídico, o
agente atinge bem jurídico que pertence ao próprio causador do perigo. Nesse caso, não há
obrigação de reparação de danos.
Já o estado de necessidade agressivo é caracterizado quando, para proteger bem jurí-
dico, o agente atinge bem jurídico de terceiro inocente, isto é, de pessoa que não causou a
situação de perigo. Nesse caso, o agente deve reparar o dano ao terceiro inocente, sendo
cabível ação regressiva.
25m
ANOTAÇÕES

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DIREITO PENAL
Estado de Necessidade
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Obs.: Somente se é acobertado pelo estado de necessidade ao sacrificar um bem jurídico


para proteger outro bem jurídico de igual valor, ou ao sacrificar um bem jurídico de
menor valor para proteger um bem jurídico de maior valor.

O estado de necessidade justificante se dá quando o bem sacrificado é de valor igual ou


inferior ao bem protegido (ameaçado), enquanto o estado de necessidade exculpante se dá
em que o bem sacrificado é de valor superior ao bem protegido (ameaçado).
30m

ATENÇÃO
No Brasil, é adotado somente o estado de necessidade justificante. No entanto, conforme
o § 2º do art. 24, em casos nos quais o bem sacrificado é de valor superior ao bem prote-
gido, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços, a partir de análise do caso concreto.
Dessa forma, entende-se que no Brasil é adotada a teoria unitária em relação ao estado de
necessidade, uma vez que não existe o estado de necessidade exculpante.
35m

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DIREITO PENAL
Legítima Defesa
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LEGÍTIMA DEFESA
CP, art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessá-
rios, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Obs.: O uso imoderado dos meios necessários caracterizará, em regra, um excesso ex-
tensivo. Por outro lado, se utilizados meios desnecessários, estar-se-á diante de um
excesso intensivo.
5m
Obs.: Diferentemente do estado de necessidade, a ação injusta da legítima defesa somen-
te pode ser praticada pelo ser humano.

REQUISITOS

a) Agressão injusta (ser humano);

Obs.: É possível que um animal, como um cachorro, seja utilizado como mero instrumento
para a ação injusta, podendo então caracterizar a legítima defesa.
10m

b) Agressão atual ou iminente;


c) Agressão a direito próprio ou de terceiro;
d) Reação com os meios necessários;
e) Uso moderado dos meios necessários;
f) Conhecimento da situação de fato justificante (elemento subjetivo).

ESPÉCIES DE LEGÍTIMA DEFESA

A legítima defesa própria é aquela em que o autor visa proteger bem jurídico próprio,
enquanto na legítima defesa de terceiro o autor visa proteger bem jurídico alheio.
A legítima defesa agressiva ou ativa se dá quando, para proteger bem jurídico agredido,
a reação configura um fato previsto em lei como infração penal.
Por outro lado, a legítima defesa defensiva ou passiva é aquela na qual, para proteger
bem jurídico agredido, a reação apenas impede a agressão, sem praticar um fato típico.
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Legítima Defesa
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Nota-se que não é possível a ocorrência de legítima defesa recíproca, uma vez que
somente existe a legítima defesa real em face de uma agressão injusta. No entanto, existe
um entendimento minoritário de que a legítima defesa recíproca se daria entre uma legítima
defesa real contra uma legítima defesa putativa, ou entre duas legítimas defesas putativas.
15m
Existe também o caso de legítima defesa sucessiva, na qual A pratica agressões injustas
contra B, o qual se defende legitimamente. Entretanto, B passa a agir com excesso, de forma
que A pode se defender legitimamente do excesso.
Dessa forma, existe a legítima defesa subjetiva ou excessiva, que acontece quando a
legítima defesa inicia real, mas depois passa a ser putativa e pratica excesso. Não responde
pelo excesso, por ter natureza acidental (acreditava ainda estar acobertado pela legítima
defesa), mas quem sofre o excesso pode se defender legitimamente.
20m
A legítima defesa da honra, por sua vez, caracteriza-se em situações relacionados à
honra pessoal (objetiva ou subjetiva). Nota-se que não existe legítima defesa da honra em
casos de infidelidade pessoal — inclusive, está proibida a alegação de legítima defesa da
honra perante o tribunal de júri diante da infidelidade conjugal.

ATENÇÃO

STF. Plenário. ADPF 779/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/3/2021 (Info 1009).
25m
1. A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios cons-
titucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), da proteção à vida e da
igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88); 2. deve ser conferida interpretação conforme à
Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo a excluir a legítima
defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa; e 3. a defesa, a acusação, a
autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de legí-
tima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual
ou processual penais, bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena
de nulidade do ato e do julgamento.
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DIREITO PENAL
Legítima Defesa
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LEGÍTIMA DEFESA REAL X ESTADO DE NECESSIDADE

Entende-se que não é possível legítima defesa contra alguém que esteja em estado de
necessidade, uma vez que, se alguém está agindo em estado de necessidade (ou qualquer
outra excludente de ilicitude), não está praticando uma agressão injusta.

Obs.: A agressão injusta pressupõe a prática de fato típico ilícito.

Por outro lado, é cabível a legítima defesa real diante de uma legítima defesa putativa,
pois a legítima defesa putativa, apesar de não ser punida (art. 20, § 1º, CP), é uma agressão
injusta.
30m
Dessa forma, entende-se que também é cabível a legítima defesa recíproca putativa, pois
ambos estão na iminência da prática de uma agressão injusta um contra o outro.

LEGÍTIMA DEFESA REAL X EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE

É possível agir em legítima defesa contra um agente que pratica agressão sem culpabi-
lidade, uma vez que quem age acobertado por uma excludente de culpabilidade está prati-
cando uma agressão injusta contra a vítima.

POLICIAL

O policial que age em situação concreta pode estar acobertado pela excludente de ilici-
tude da legítima defesa própria ou de terceiro, e não pelo estrito cumprimento do dever legal.

Art. 25. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agres-
são a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
35m

Nota-se que esse agente de segurança pública somente estará acobertado pela legítima
defesa se observados os requisitos previstos no caput do art. 25.

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Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito
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ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR


DE DIREITO

O denominado “estrito cumprimento do dever legal” efetua-se quando um indivíduo age


acobertado por uma determinação legal. Ou seja, se o agente público agir conforme deter-
minação legal, será acobertado pelo estrito cumprimento do dever legal como, por exem-
plo, um policial que determina a prisão em flagrante ou que cumpre o mandado de busca e
apreensão.

Exclusão de ilicitude

Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:


I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Estrito cumprimento do dever legal:

• Atuação dentro dos parâmetros e determinações legais.


• Determinação (obrigação) prevista em lei.

1. Somente agentes públicos podem invocar o estrito cumprimento do dever legal?

O estrito cumprimento do dever legal, em 99% dos casos, será invocado pelos agen-
tes públicos, entretanto, outros também podem utilizar-se desse recurso como, por exem-
plo, médicos.

2. O que abrange o “dever legal”?

• Obrigações resultantes de lei.


• A Lei deve ser compreendida em sentido genérico. Ou seja, o dever legal pode ser
oriundo da Constituição Federal, de lei ordinária, complementar, decretos, regulamen-
tos e, até, decisões judiciais.
• Também pode ser oriundo de atos administrativos.
ANOTAÇÕES

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Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito
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3. Bombeiro/policial que dirija a viatura com excesso de velocidade para salvar


a vida de alguém, mas, no caminho, atropela pedestre vindo a matá-lo. Esta situação
encontra-se acobertada pelo estrito cumprimento do dever legal?

Não, pois a lei não impõe que o agente aja com imprudência, negligência ou imperícia. O
estrito cumprimento do dever legal é incompatível com o crime culposo.

4. Deve, então, o agente público ser responsabilizado por homicídio culposo na


direção de veículo automotor?

Não, uma vez que o policial/bombeiro agia em razão do estado de necessidade de ter-
ceiro ou legítima defesa de terceiro.

5. Policial que troca tiros com um assaltante e vem a matá-lo está acobertado pelo
estrito cumprimento do dever legal?
5m

Não, pois a lei não impõe que o agente mate qualquer pessoa. Por outro lado, este poli-
cial estará acobertado pela legítima defesa, uma vez que estava se defendendo de uma
agressão injusta atual.

• Dessa forma, o estrito cumprimento do dever legal corresponde a uma determinação


prevista em lei no sentido amplo que consiste na ação do agente em fato típico, porém
acobertada por excludente de ilicitude.

EXERCICIOS DE FIXACAO REGULAR DE DIREITO

• Permissão prevista em lei.

Exclusão de ilicitude

Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:


I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
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Exemplos comuns utilizados pela doutrina e que aparecem com frequência nas
provas:

• Prisão em flagrante por alguém do povo (art. 301, CPP – “Qualquer do povo poderá e
as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encon-
trado em flagrante delito.”).
– Flagrante obrigatório: autoridades policiais e seus agentes (cumprimento do
dever legal).
– Flagrante facultativo: qualquer do povo (exercício regular de direito).

• Esportes em que a intenção é lesionar o oponente.


– Mesmo que ocorra uma fatalidade, há o acobertamento pelo exercício regular de
direito, ou seja, aquele que matou a vítima não responderá por qualquer delito.

Intervenções médicas ou cirúrgicas

• Cirurgia plástica e outros procedimentos dispensáveis.


– Caracteriza o exercício regular do direito, desde que haja consentimento do paciente.
10m

Obs.: o consentimento do ofendido exclui a ilicitude do réu.

• Iminente perigo de vida.


– Permite ao leigo agir acobertado por excludente de ilicitude, bem como ao médico
agir contra a vontade do paciente. No último caso, o médico estará acobertado pelo
estado de necessidade e pelo estrito cumprimento do dever legal.
– Atuação do leigo: estado de necessidade. Atuação do médico: estado de necessi-
dade / estrito cumprimento do dever legal.

• Constrangimento ilegal:
Art. 146 (...) § 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
ANOTAÇÕES

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Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito
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Ofendículas (ofendículos ou ofensáculas)

• Equipamentos e objetos previamente utilizados para defesa do patrimônio ou segurança


(cerca elétrica, cacos de vidro sobre o muro, pontas de lanças em portões, cães bravios).
15m
• Excludente de ilicitude.
• Esses meios de defesa somente serão utilizados em face de uma eventual agressão.
• Devem ser visíveis – propósito de advertência.
• Se for oculto, pode acarretar a responsabilização pelo resultado.
• O propósito da ofendícula é advertir e proteger, portanto deve ser usada de forma moderada.

Obs.: não há definição na doutrina ou na jurisprudência que determine em qual excludente


de ilicitude, as ofendículas, se configuram, variando entre legítima defesa e exercício
regular de direito.

Um determinado idoso, por exemplo, após ser assaltado cinco vezes pelo mesmo assal-
tante, preparou uma armadilha em sua casa, no momento que a porta fosse aberta uma
corda puxaria o gatilho de sua espingarda direcionada à porta. Dessa forma, quando o ladrão
tentou o assalto pela sexta vez, a espingarda foi acionada ao empurrar a porta e, o disparo
resultou em seu óbito. O caso apresentado, em específico, não corresponde à uma ofen-
dícula, pois não teve o propósito de advertência, não era visível ou moderado, ou seja, foi
imputado a esse idoso o homicídio doloso.
20m

Qual a natureza jurídica das ofendículas?

• Excludente de ilicitude.

1. Exercício regular de direito.


2. Legítima defesa preordenada.
– Somente será legítima defesa se a agressão for injusta, atual ou iminente. Em caso
de ação pretérita ou futura/remota não se classifica como legítima defesa.
– Uma mulher, por exemplo, avistou seu marido acabando de ser agredido e, após
assistir essa agressão contra o marido, a esposa agride o agressor. No caso, não
cabe legítima defesa à mulher, uma vez que já se tratava de uma agressão injusta
pretérita, mesmo que tenha passado somente 30 segundos do ato.
25m

3. Trata-se de exercício regular de direito enquanto não forem acionadas. Todavia, se


vierem a ser acionadas, configura legítima defesa preordenada.

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Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito
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Principal distinção entre o exercício regular de direito e o estrito cumprimento de


dever legal

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Culpabilidade
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CULPABILIDADE

RELEMBRANDO
Para a maioria, a culpabilidade é o terceiro elemento do crime; enquanto para a minoria,
trata-se de um mero pressuposto para aplicação da pena - como determina a teoria tripar-
tite. Essa teoria compreende que o crime é fato típico, ilícito e culpável.

Conceito

A culpabilidade é o juízo de reprovabilidade do comportamento. Assim, se o sujeito come-


teu um ato típico e ilícito é preciso considerar o seguinte: a conduta da pessoa é reprovável?
Será que, se colocando no lugar da pessoa, eu conseguiria ter uma atitude diferente ou teria
consciência do que estava fazendo? A culpabilidade, portanto, analisa os elementos que afir-
mam ou não que o comportamento do agente é, de fato, reprovável, culpável.
Vale ressaltar que a análise segue uma determinada ordem, uma vez que a de culpabi-
lidade só é feita caso seja determinado que houve ato típico e ilícito, não em sequência. A
culpabilidade, então, também é um juízo da necessidade de aplicação de sanção penal.
Existe, ainda, o conceito de coculpabilidade, que, apesar de não ser analisada junto à
culpabilidade, está a ela relacionada. A ideia da coculpabilidade é de alguém que também
é culpado, ou seja, quando um sujeito pratica um delito, ele tem culpabilidade. No entanto,
existem situações que a doutrina entende que não só o agente que praticou a conduta tem
culpabilidade, mas o Estado também uma certa parcela. Pensando em pessoas que não
tiveram oportunidades de ensino, formação e cultura e que não enxergam outra forma de
ascensão social que não o crime.
5m
Sendo assim, o indivíduo possui o livre-arbítrio para agir de acordo ou contrário ao ordena-
mento jurídico. Apesar da escolha ser do indivíduo, há fatores externos que, inegavelmente,
influenciam na conduta social de cada pessoa. De acordo com a teoria da coculpabilidade,
portanto, o Estado tem parte da responsabilidade pela conduta criminosa de determinados
indivíduos, mormente em razão da desigualdade social. Em outras palavras, o Estado teria
parte de responsabilidade pela não inserção social de todos os cidadãos.
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DIREITO PENAL
Culpabilidade
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No Direito Penal, a coculpabilidade não gera atenuante legal, apesar de certa polêmica. A
doutrina, por outro lado, afirma que a coculpabilidade deveria ser considerada uma atenuante
genérica, nos termos do art. 66, do Código Penal:

Art. 66, CP
A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao
crime, embora não prevista expressamente em lei.

O STJ, entretanto, compreende o seguinte:

STJ
Quanto à tese de concorrência de culpa, vale registrar que esta Corte Superior não tem admitido
a aplicação da teoria da coculpabilidade do Estado como justificativa para a prática de delitos.
A propósito: HC 187.132/MG, Sexta Turma, DJe 18/02/2013. (AgRg no AREsp 1318170 / PR -
21/02/2019)

Vale ressaltar que, na primeira fase da dosimetria da pena, o juiz leva em consideração o
artigo 59 do Código Penal, que determina a feitura de uma análise geral sobre o indivíduo e
sobre o crime por ele praticado. Assim, apesar de ser considerada na dosimetria da pena, a
coculpabilidade não é considerada atenuante inominada.

Coculpabilidade às avessas

Essa modalidade de coculpabilidade refere-se àquele que teve todas as oportunidades


sociais e mesmo assim comete delitos, valendo-se de seu alto padrão financeiro, tem uma
maior reprovabilidade da conduta. A coculpabilidade às avessas está geralmente relacionada
a crimes de colarinho branco (crimes tributários, econômicos, financeiros, contra a Adminis-
tração Pública, lavagem de dinheiro, etc.).
A coculpabilidade às avessas não pode gerar qualquer tipo de agravante para o agente,
uma vez que não há previsão legal. Por outro lado, as condições pessoais do agente podem
e devem se levadas em conta na análise das circunstância judiciais do art. 59, CP (“culpabi-
lidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às cir-
cunstâncias e consequências do crime...”).
10m
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Culpabilidade
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Culpabilidade e seus elementos

Existem 3 elementos na culpabilidade, listados na tabela abaixo com seus respec-


tivos excludentes, chamados de dirimentes - que podem ser referidos pela expressão “é
isento de pena”:

ATENÇÃO
É importante ficar atento ao uso do termo “dirimentes”, pois, em se tratando, por exemplo,
do referencial “não há crime”, significa, em grande maioria, de que se tratam de excluden-
tes de ilicitude.

CULPABILIDADE DIRIMENTES
• Doença mental ou desenvolvimento mental
retardado ou incompleto;
Imputabilidade
• Embriaguez acidental completa;
15m
• Menoridade penal.
Potencial consciência da ilicitude • Erro de proibição inevitável.
• Coação moral irresistível;
• Obediência hierárquica a ordem não manifesta-
Exigibilidade de conduta diversa
mente ilegal - hipóteses de inexibilidade de con-
duta diversa.

ATENÇÃO
A tabela acima é fundamental para estudos de provas, uma vez que, pela adoção da teoria
da culpabilidade limitada no Brasil, este tema é muito cobrado em concursos.

Portanto, se um dos 3 elementos não está presente, o indivíduo não tem culpabilidade.
Ainda, todos os dirimentes estão presentes, respectivamente, nos artigos 26, 21 e 22-28 do
CP e, para além deles, existem os excludentes supralegais - tais como a desobediência civil,
cláusula de consciência ou excesso exculpante.
20m
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Culpabilidade
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IMPUTABILIDADE

O primeiro elemento da culpabilidade é a imputabilidade, que trata da capacidade psí-


quica que o agente deve ter ao tempo da conduta de entender o caráter ilícito do fato e de
determinar-se de acordo com esse entendimento. Sendo assim, se o cidadão possui plena
capacidade de compreensão daquilo que está realizando, ele é imputável.
É importante compreender que a expressão sublinhada - ao tempo da conduta - reforça
o fato de que, ainda que o indivíduo venha a desenvolver algum tipo de doença que compro-
meta suas faculdades mentais após o ato, se no momento da prática ele era perfeitamente
capaz, é imputável. O que há de diferença é que, no cumprimento da pena, haverá certas
adaptações para o seu novo estado mental.

Menoridade Penal

A primeira hipótese de excludente de imputabilidade, ou seja, de inimputabilidade, é a


menoridade penal, prevista nas legislações abaixo:

Art. 27, CP
Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
belecidas na legislação especial.
Art. 228, Constituição Federal
São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legisla-
ção especial.

Sendo assim, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, os que cometem


infrações com menos de 18 anos estão sujeitos às medidas socioeducativas, porém crimi-
nalmente, são inimputáveis.

Súmula 74, STJ


Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil.

É fundamental ter em mente a lógica: se um dos componentes das excludentes não é


satisfeito, é, automaticamente, excluída a culpabilidade. Por exemplo, se quem praticou o
crime é menor de 18 anos, ele não é imputável e, portanto, não possui culpabilidade.
25m
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Culpabilidade
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ATENÇÃO
A menoridade penal é uma excludente absoluta, sem exceção - ainda que seja emancipa-
do, tenha sua própria renda ou qualquer coisa do tipo. Ainda que, por exemplo, um rapaz
de 16 anos tenha plena consciência de seus atos, pela presunção absoluta, qualquer me-
nor de 18 anos é inimputável.

Se o menor de 18 anos pratica uma conduta que só possui resultados após sua maiori-
dade, ainda não há imputabilidade. Só é possível a imputação criminal a um agente menor
de idade que pratica crime permanente e completa 18 anos durante a permanência, mas
somente lhe serão imputados os atos praticados após completar 18 anos.
Ademais, supondo que um cidadão faça aniversário no dia 30/05, tendo nascido às 20:00.
Ainda que a conduta seja praticada no dia do seu aniversário às 17:00, ele já é imputável, não
importando a hora, apenas o dia.
30m
Sob outro ponto de vista, é possível se perguntar se o indígena é imputável - e, em regra,
é, (a menos que ele não tenha qualquer tipo de adaptação social). Sendo assim, o indígena
é imputável em 3 situações:

• Se ele estiver integrado à vida em sociedade, será imputável;


• Se ele estiver relativamente integrado à vida em sociedade, será semi imputável;
• Se ele não estiver integrado à vida em sociedade, será inimputável.
35m

Vale ressaltar que a determinação do grau de integração do indígena à vida em socie-


dade se dará por meio de exame pericial.
Por fim, sobre a imputabilidade, é importante relembrar o artigo 28 do Código Penal:

Art. 28, CP
Não excluem a imputabilidade penal:
I – a emoção ou a paixão;

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Culpabilidade - Imputabilidade
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CULPABILIDADE - IMPUTABILIDADE

RELEMBRANDO
A menoridade penal é uma hipótese de inimputabilidade, ao passo que a emoção e a pai-
xão não constituem hipóteses de inimputabilidade, como previsto no artigo 28 do CP:

Art. 28, Código Penal


Não excluem a imputabilidade penal:
I. a emoção ou a paixão;

Causas excludentes da imputabilidade

Apesar da emoção e da paixão não serem considerados dirimentes de imputabilidade,


vale ressaltar o seguinte:

Art. 65, CP
São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
(...)
III – ter o agente:
(...)
c. cometido o crime (...) sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Art. 121, CP
§1º “sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima”
Art. 129, CP
§4º “sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima”

Ainda, a emoção/paixão se atestadas e diagnosticadas por um perito como doentias, de


forma que tornaram o indivíduo um doente mental, ou seja, patológica, pode ser considerada
como excludente de imputabilidade - não por se tratar de emoção ou paixão, mas por ser
uma hipótese de doença mental.
O segundo componente da imputabilidade é a doença mental ou desenvolvimento retar-
dado ou incompleto, previsto no artigo 26, abaixo:

Art. 26, CP
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
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Culpabilidade - Imputabilidade
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Logo, sendo inteiramente incapaz, o indivíduo é inimputável. Assim, supondo que haja
um doente mental que pratica um fato definido como crime - empurra uma pessoa de um
penhasco, que acaba morrendo em virtude da queda -, ele é imputável ou não?
5m
A resposta correta é de que ele é, sim, imputável, pois o mero fato de ser doente mental
ou ter desenvolvimento mental incompleto/retardado não torna o sujeito inimputável. Ele só
se torna inimputável na unção de dois fatores: tendo doença mental ou desenvolvimento
mental retardado/incompleto e a inteira incapacidade de compreensão de seus atos - ado-
tando um viés biopsicológico. De forma esquematizada, essa lógica é:

Considerando que são 3 situações que tornam o agente inimputável - menoridade penal,
doença mental e embriaguez acidental completa - o critério utilizado para o julgamento desses
itens é o biopsicológico. Isso porque para menoridade utiliza-se o biológico; na embriaguez,
psicológico; e, por fim, na doença mental, biopsicológico, que engloba os demais.
10m
Ainda, se o agente, doente mental ou com desenvolvimento mental retardado ou incom-
pleto, pratica o delito em momento de lucidez será considerado imputável? Sim, será imputá-
vel, uma vez que, apesar de ser doente mental, ele era capaz de entender o caráter ilícito do
fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento ao tempo do fato.

Efeitos da inimputabilidade

Para os casos de inimputabilidade, existem outros meios de tratar do ato. São eles:
1. Aqueles em menoridade penal – aplicação das medidas socioeducativas do ECA;
2. Aqueles com doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado –
sujeitam-se à justiça comum. São processados, mas não lhes pode ser imposta pena - porém,
no momento de proferir a sentença e após a comprovação da doença mental, o juiz o declara
inimputável por sua condição de saúde, proferindo uma sentença de absolvição imprópria, que
é chamada desta forma porque o réu é absolvido, mas lhe é imposta uma medida de segurança
(art. 386, CPP). Existem duas medidas de segurança, de acordo com o artigo 97 do CP: se o

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agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto
como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial (tra-
tamento para que cesse sua periculosidade), sempre a depender do caso concreto.
15m

Imputabilidade diminuída (semi-imputabilidade ou culpabilidade diminuída)

O semi-imputável é aquele que encontra-se no intervalo entre os imputáveis, que têm


plena consciência de seus atos, e os inimputáveis, que não possuem nenhuma consciência
nesse sentido. Os semi-imputáveis, portanto, possuem uma capacidade relativa de noção de
seus atos.
20m
Ser imputável, então, significa que o indivíduo pode ser condenado e, sobre ele, incide
pena. Ser inimputável, por outro lado, significa que o indivíduo não pode ser condenado,
havendo absolvição imprópria, e sobre ele será aplicada medida de segurança. Sendo assim,
ser semi-imputável, tendo relativa capacidade, o agente tem culpabilidade, podendo ser con-
denado e sofrer pena. A diferença, neste caso, de um semi-imputável para um imputável é de
que sua pena será diminuída de ⅓ a ⅔. Como determinado pelo artigo 26:

Art. 26, CP
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

ATENÇÃO
O destaque dado à expressão “não era inteiramente capaz”, no parágrafo único, se dá por-
que ela não é clara o suficiente. Caso, por exemplo, a legislação mencionasse esses casos
com “com relativa capacidade”, haveria uma transparência maior para com o tratamento
dos semi-imputáveis. É por essa ambiguidade que as bancas costumam cobrar bastante
o parágrafo único, sendo fundamental compreender que “não era inteiramente capaz” re-
fere-se àqueles indivíduos com relativa capacidade mental, ou seja, os semi-imputáveis.
25m
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 Obs.: apesar de a regra ser que os semi-imputáveis podem sofrer pena, é interessante, a
caráter de curiosidade, saber que eles também podem receber medidas de seguran-
ça ao invés da pena, não ambos.

Os efeitos da imputabilidade diminuída são:


1. Como há culpabilidade, o agente deve ser julgado e condenado. Todavia, deverá inci-
dir causa de diminuição de pena;
2. Se apresentar periculosidade, o juiz na sentença deve substituir a pena diminuída por
medida de segurança;
3. O agente deve cumprir a pena OU a medida de segurança. O CP adotou o sistema
vicariante ou unitário, de forma que não é permitido ao agente cumprir pena E medida de
segurança (que seria o chamado sistema do duplo binário, de dois trilhos, dualista ou de
dupla via). Antigamente, o semi imputável cumpria a pena e, posteriormente, se demons-
trasse periculosidade, era submetido a medida de segurança, de forma a não respeitar o fato
de que um mesmo agente não pode ser punido duas vezes pelo mesmo ato.
30m
Por fim, vale o questionamento: surdo-mudo é imputável? A resposta é que depende de
sua capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Se não há essa compreensão, será inimputável. Se há relativa compreensão,
será semi-imputável (art. 26, parágrafo único, CP). Se há compreensão, será imputável.

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CULPABILIDADE – IMPUTABILIDADE II

CAUSAS EXCLUDENTES DA IMPUTABILIDADE

Nas aulas anteriores foram tratadas as hipóteses de menoridade penal e doença mental
ou desenvolvimento mental retardado (ou incompleto). Assim, agora será trabalhada a hipó-
tese de embriaguez acidental completa.
Nesse contexto, deve-se deixar claro que não é qualquer hipótese de embriaguez que
torna o agente inimputável. Por exemplo: beber demais em uma festa e praticar um crime não
será caso de inimputabilidade.
Logo, será somente considerado inimputável se o agente incorrer em uma embriaguez
acidental e completa.

Hipóteses de imputabilidade penal:

• Menoridade penal: Adota-se no Código Penal brasileiro o critério biológico.


• Doença mental ou desenvolvimento mental retardado ou incompleto: Adota-se o
critério biopsicológico.

Obs.: o agente deve ser doente mental e, ao tempo do fato (da ação ou da omissão), ele
deve ser absolutamente incapaz de entender o caráter de ilicitude do fato ou de se
determinar de acordo com esse entendimento.

• Embriaguez acidental completa: Adota-se o critério psicológico, vez que não há


nada de psicológico a ser analisado.

Obs.: deve-se analisar se o agente, em virtude da embriaguez acidental completa, era ou


não absolutamente incapaz de entender o que estava fazendo.

Embriaguez

Conceito: Intoxicação do corpo humano, decorrente de álcool ou substância análoga,


como drogas ilícitas e lícitas (morfina, clorofórmio etc.)
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Obs.: Será usado o termo “embriaguez”, pois é o termo usado na lei. Contudo, tudo que
será falado nessa aula aplica-se às drogas. Assim, a intoxicação por drogas, se for
acidental e completa, torna o agente inimputável.

• Embriaguez patológica pode ser equiparada à doença mental, constituindo um caso


de inimputabilidade (art. 26, CP) ou semi-imputabilidade (art. 26, parágrafo único). Em
qualquer caso, é necessário o laudo pericial.

Obs.: trata-se do chamado “alcoólatra” ou “ébrio contumaz” (aquela pessoa com depen-
dência química do álcool ou de drogas).
Obs.: a embriaguez patológica (doentia) pode ser considerada uma hipótese de inimputa-
bilidade, não pela condição de embriaguez, mas pelo fato de ser considerada uma
forma de doença mental, sendo analisada sobre essa ótica.

Espécies de embriaguez

Quanto ao grau

1. Completa: o agente fica inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou


de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Obs.: a pessoa não entende nada do que ela está fazendo.

2. Incompleta: o agente fica relativamente incapaz de entender o caráter ilícito do fato


ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Obs.: a pessoa ainda entende um pouco do que está fazendo.

Quanto à origem:

Obs.: Nessa parte da matéria, será estudado “o que deu causa a essa embriaguez ou in-
toxicação por drogas”. Assim, trata-se de um “pulo do gato”, pois nesse ponto será
compreendida a matéria.
5m
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1. Embriaguez Acidental (caso fortuito ou força maior):

• Caso fortuito ou força maior: É algo que ocorre como decorrência de um acidente;
ou quando uma pessoa ingere bebida alcoólica ou drogas sem qualquer manifestação
positiva de sua vontade.

Ex1.: alguém drogou uma pessoa colando droga na sua bebida, por exemplo, e essa
pratica um crime.
Ex2.: pessoas que possuem algum tipo de reação química no seu corpo que, ao ingerir
muitos doces, ocorre uma transformação química em álcool. Nesse sentido, acaba ficando
completamente embriagada e pratica um crime. Assim, será considerada inimputável.
Ex3.: Uma pessoa que estava andando na rua, tropeça e cai dentro de um barril de pinga,
com a cabeça para baixo e se afogando. Após, é salva por alguém, mas pelo fato de ter
ingerido muita bebida alcoólica (completamente embriagada), caso pratique um crime, será
considerada inimputável.
Ex4.: Uma pessoa mora ao lado de uma destilaria de álcool e, em um determinado dia, o
vento joga o vapor do álcool que sai desse local na janela dela, que passou o dia todo inalan-
do-o. Assim, caso ela pratique um crime na sequência, será considerada inimputável.
– Pode-se concluir que a embriaguez acidental é aquela que ocorre quando o agente
não teve qualquer vontade de fazer a ingestão de drogas ou álcool.
– Trata-se de uma ingestão acidental, logo, somente será inimputável se a embria-
guez for acidental e completa, necessariamente.

2. Não acidental (voluntária ou culposa):


Existem 3 (três) forma de embriaguez não acidental: voluntária, culposa e preorde-
nada ou dolosa.

Obs.: a embriaguez preordenada foi colada em outro tópico (separadamente) por ter uma
consequência distinta da voluntária e da culposa.

a) Voluntária:

Ex.: Hoje vou beber, pois quero ficar completamente embriagado.


10m
– O agente responde normalmente pelo crime.
ANOTAÇÕES

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b) Culposa:

Ex.: Hoje quero beber, mas não quero ficar embriagado (uma taça de vinho foi suficiente
para deixar embriagado, vez que não havia comido nada antes).

Obs.: A embriaguez é culposa (não queria ficar embriagado), mas a ingestão de álcool ou
drogas é voluntária.
– O agente responde normalmente pelo crime.

3. Preordenada ou dolosa:
Ex.: A pessoa quer ficar bêbada com a finalidade de praticar crimes.

Obs.: Nesse caso, é uma embriaguez voluntária + o dolo de praticar crimes.


– O agente responde pelo crime acrescido de uma agravante.

ATENÇÃO
Embriaguez acidental:
– Completa: Somente será inimputável se a embriaguez acidental for completa.
Obs.: para que o agente seja considerado inimputável pela embriaguez acidental comple-
ta, é necessário que a pessoa esteja “inteiramente incapaz de entender”, e a embriaguez
deve ser acidental.
– Incompleta: Quando a embriaguez for acidental e incompleta, ou seja, ela aconteceu
sem que a pessoa quisesse, conforme os exemplos citados.
Obs.: Contudo, caso o agente não esteja completamente embriagado ou inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato, ou de determinar-se de acordo com esse en-
tendimento, estando com uma relativa capacidade (ex.: ficou bêbado, mas entende o que
está fazendo).
Nesse contexto, o agente responderá pelo crime, tendo em vista ser imputável. Porém,
como o agente incorreu em uma embriaguez de origem acidental, responderá pelo crime e
terá a sua pena diminuída de um 1 3 a 2 3 (de um a dois terços).
ANOTAÇÕES

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Obs.: pode-se fazer uma ligação com a semi-imputabilidade pela doença mental, em que a
pessoa tem relativa capacidade de compreensão e, assim, diminui-se a pena de um
a dois terços.

Código Penal

CP, Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:


II – a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

Obs.: o agente responde normalmente pelo crime.

Ex.: Um homem fica totalmente embriagado em uma festa e importuna sexualmente uma
mulher. Nesse caso, vai responder normalmente pelo crime, vez que se trata de embriaguez
voluntária, culposa ou preordenada (esta pode ser até pior, pois tem uma agravante penal).
15m

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Obs.: a expressão “isento de pena” significa: excluir a culpabilidade, ou seja, torna o agente
inimputável.
Obs.: é isento de pena, não tem culpabilidade e não é imputável o agente que é inteiramen-
te incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de
caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Obs.: A pena pode ser reduzida se a embriaguez for acidental e incompleta, sendo consi-
derada incompleta pelo fato de o agente não possuir, ao tempo da ação ou da omis-
são, a plena capacidade de entender.
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Culpabilidade - Imputabilidade II
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– No caso da imputabilidade por embriaguez, a lei dispõe sobre o “agente não era
plenamente capaz”, ou seja, ele é semi-imputável e responderá pelo crime, vez que
aconteceu uma embriaguez acidental – decorrente de caso fortuito ou força maior –,
mas não foi completa.

Logo, a pena será diminuída de um a dois terços.

A seguir, uma tabela para ajudar na compreensão da matéria:

Embriaguez Efeito
Não acidental —
Não exclui a imputabilidade, seja completa ou incompleta.
voluntária ou culposa.
Acidental —
Exclui a imputabilidade, se completa.
caso
Gera diminuição de pena, se incompleta.
fortuito ou força maior.
Não exclui a imputabilidade, seja completa ou incompleta.
Ademais, o agente responde por circunstância agravante –
art. 61, II, “L”, CP:
Preordenada —
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena,
voluntária + finalidade
quando não constituem ou qualificam o crime:
de cometer crime.
(...)
II – ter o agente cometido o crime:
l) em estado de embriaguez preordenada.

Teoria da actio libera in causa

Exemplo: Um crime foi praticado por uma pessoa em decorrência de uma embriaguez
culposa completa, ou seja, a pessoa estava completamente embriagada quando praticou o
crime (ela quis ingerir a substância).
Nesse contexto, o seu advogado alega que a imputabilidade se trata de capacidade psí-
quica de compreensão do fato ilícito. Assim, seu cliente, ao tempo do fato, não teria essa
capacidade de compreensão do caráter ilícito, vez que estava completamente embriagado.
Assim, pediu a absolvição em virtude de hipótese de inimputabilidade.
– Pode-se dizer que é um argumento válido, afinal a imputabilidade é essa capaci-
dade de compreensão do caráter ilícito do fato e ao tempo do fato, sendo que, neste
ponto, o agente estava completamente embriagado.
20m
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Nesse sentido, para responder a essa tese defensiva, entra em cena a Teoria da actio libera
in causa (livre na causa). Assim, essa ação praticada pelo agente é “livre na causa”, ou seja:

• O que deu causa a essa embriaguez completa?


– Foi a ingestão de álcool ou drogas (que tornou o agente completamente embriagado);

• Quem deu causa a essa embriaguez?


– Foi o próprio agente.

Conforme a teoria da actio libera in causa, o agente é responsabilizado pelos fatos


que ele cometer e pelo que “deu causa” a esse fato praticado, sendo que o próprio agente
deu causa ao ingerir bebida alcoólica, ainda que culposamente, tendo capacidade de
compreensão.
Logo, quando o agente se coloca na situação de absoluta incapacidade de compreen-
são “é problema dele”. Por isso, quando ocorre um crime praticado por um “bêbado”, ele
responderá pelo delito, salvo se devidamente comprovado ser caso de embriaguez aciden-
tal completa.

ATENÇÃO
Na teoria da actio libera in causa será analisada a capacidade de compreensão e quando
ela começará a dar causa (ingerir bebida alcoólica, por exemplo).
Assim, se vier uma questão na prova perguntando sobre a teoria da actio libera in causa,
deve-se dizer que é uma teoria aplicável à embriaguez voluntária, culposa ou preorde-
nada. No sentido de que a ação é livre na causa, logo, o agente será responsabilizado
pelos delitos praticados, ainda que esteja completamente embriagado, em virtude de ele
ter dado causa à sua própria embriaguez.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Culpabilidade - Exigibilidade de Conduta Diversa
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CULPABILIDADE - EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

Como estudado nas aulas anteriores, existem 3 elementos participantes da culpabili-


dade, cada qual com seus excludentes - também chamados de dirimentes:

CULPABILIDADE DIRIMENTES
• Doença mental ou desenvolvimento mental
retardado ou incompleto;
Imputabilidade
• Embriaguez acidental completa;
• Menoridade penal.
Potencial consciência da ilicitude • Erro de proibição inevitável.
• Coação moral irresistível;
Exigibilidade de conduta diversa • Obediência hierárquica a ordem não manifes-
tamente ilegal

O terceiro componente, a exigibilidade de conduta diversa, se dá quando há prática de


conduta criminosa quando era exigida do agente uma conduta diversa da ocorrida. Por exem-
plo, imagine que um rapaz furtou uma peça de picanha de um supermercado, sendo preso
em flagrante em virtude desse furto. Nesse caso, a sociedade pode, sim, exigir desse cida-
dão uma conduta diversa.
A exigibilidade de conduta diversa, portanto, é a possibilidade, no caso concreto, de agir
de acordo com a lei. Se o agente decide praticar o fato típico e ilícito quando, no caso con-
creto, era possível exigir que agisse em conformidade com a lei, estará caracterizada a exi-
gibilidade de conduta diversa, o que torna o agente culpável.
Não se pode censurar e punir o agente que agiu contrário à lei, sendo que era inviável
agir de outra forma. As hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa estão previstas no
artigo 22 do Código Penal:

Art. 22, CP
Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

A coação irresistível supramencionada é a de nível moral. Para fins de prova, é impor-


tante ter clareza de que a coação física irresistível não exclui a culpabilidade, mas a própria
conduta, no fato típico. Sendo assim, na coação são envolvidas 3 pessoas: a vítima, o coau-
tor, que ordenou a situação, e o executor, que, apesar de ser aquele que coage, praticando o
ato típico e ilícito, não tem culpabilidade, sendo, então, o coautor - também chamado de autor
mediato - responsabilizado pelo crime. O coautor recebe essa segunda nomenclatura porque
pratica um ato ilícito por intermédio de uma pessoa que é utilizada como mero instrumento.
5m

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Além da coação moral irresistível, existe a coação física irresistível, como supramencio-
nado. Ambas têm suas características dispostas abaixo:

Coação física irresistível (vis absoluta) Coação moral irresistível (vis compulsiva)
Trata-se de ausência de vontade Trata-se de inexigibilidade de conduta diversa
Exclui a conduta e, portanto, o fato é atípico Exclui a culpabilidade

Um exemplo comum de coação moral irresistível é o de uma pessoa que chega com uma
arma de fogo na residência de um terceiro, a coloca na cabeça do filho desse terceiro e o ordena
a assaltar um banco. Após assaltar o banco - por não enxergar outra opção - o sujeito é preso,
pois foi ele quem praticou o ato ilícito. Contudo, esse assalto só ocorreu porque ele estava diante
de uma coação moral irresistível. É importante perceber que, por se tratar de um assalto, o indiví-
duo cometeu ato típico e ilícito, sendo ele imputável. Porém, como não lhe era exigida uma con-
duta diversa, a ação é acobertada de um excludente de culpabilidade, sendo absolvido.
10m
Além da coação irresistível, há o caso de obediência hierárquica, que possui dois requi-
sitos obrigatórios:
1. Ordem de superior hierárquico - sendo importante lembrar que não existe hierarquia
em empresas privadas, apenas ascendência. Hierarquia, portanto, engloba apenas os envol-
vidos na Administração Pública;
2. Ordem não manifestamente ilegal - caso ela seja manifestamente ilegal, o agente res-
ponde pelo crime justamente por ter conhecimento de sua ilegalidade;
3. Estrita obediência à ordem - caso o agente que obedece seu superior ultrapassa os
limites estabelecidos pelo na conduta ilegal por sua mera vontade, ele pode ser culpabilizado
por tudo o que vier a praticar.
15m

Lei n. 12.850/2013

A Lei n. 12.850/2013 apresenta outra hipótese de inexigibilidade de conduta diversa: a


do agente de polícia infiltrado - tema muito cobrado em provas das polícias civis. Essa outra
hipótese é prevista no artigo 13, abaixo:

Art. 13.
(...) Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infil-
trado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.
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Culpabilidade - Exigibilidade de Conduta Diversa
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Sendo assim, imagine um policial infiltrado em uma situação que ele precisa praticar um
grave crime, como um homicídio, para que não seja descoberto. Nessa situação, o agente só
pode ser punido caso lhe pudesse ser exigida uma conduta diversa da que teve, pois, caso
contrário, não poderá haver punição, retirando sua culpabilidade.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
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Culpabilidade – Potencial Consciência da Ilicitude e Erro de Proibição
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CULPABILIDADE – POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE E ERRO


DE PROIBIÇÃO

A potencial consciência a ilicitude é aplicada a crimes cujo conhecimento da ilegalidade


é facilmente reconhecível. Por conta disso, deve-se sempre levar em consideração a capaci-
dade subjetiva do agente e a capacidade de o mesmo conhecer a ilegalidade de seus atos.
Não é apenas uma questão de grau de escolaridade que define o conhecimento acerca
da legalidade ou ilegalidade de um ato. Existe uma amálgama de situações que devem ser
levadas em consideração para avaliar se o indivíduo tem capacidade de ter consciência
acerca da ilegalidade de seus atos.
A excludente da potencial consciência de ilicitude significa que o indivíduo incorre em erro
de proibição inevitável, ou seja, trata-se da prática de um ato por um indivíduo que genuina-
mente acredita que estar praticando um ato lícito, que na prática é ilícita.
5m
Ser beneficiado com tal excludente não exime o indivíduo de punição desde que seja
imputável e que fosse exigida uma conduta diversa.

Dirimentes

Características Potencial Consciência da Ilicitude:

• Para que o agente seja culpável ele deve ter a consciência da ilicitude do fato ou, ao
menos, a possibilidade de conhecê-la (potencial).
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Culpabilidade – Potencial Consciência da Ilicitude e Erro de Proibição
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Obs.: A ausência de atual consciência da ilicitude não é o mesmo que a potencial consci-
ência da ilicitude, pois a possibilidade de ser mais cuidadoso e conhecer acerca da
ilicitude de um ato pode resultar em um erro de proibição evitável.

• Desconhecimento da lei ≠ Erro sobre a ilicitude do fato (desconhecimento da ilicitude


do fato).
10m

Basicamente, a pessoa que sabe que cometeu um crime (conhece o caráter ilícito do
fato), não precisa conhecer a letra da lei e o que ela dispõe sobre a conduta incorreta.
Por exemplo, o desconhecimento do dispositivo legal que tipifica e criminaliza o homicídio
não é uma escusa para a prática do assassinato.

• Valoração paralela na esfera do profano: a potencial consciência da ilicitude é alcan-


çada se o agente, ao refletir sobre os valores ético-sociais, tiver a possibilidade de
entender o caráter ilícito do fato de acordo com a sua realidade.

Nesse caso, deve-se levar em consideração as características individuais do profano


(leigo). A pessoa brasileira de inteligência média sabe que abortar é crime, mas uma belga
de inteligência média talvez não saiba que é crime praticar o aborto no território brasileiro.
15m

Potencial Consciência da Ilicitude – Erro sobre a Ilicitude do Fato

Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,
isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

Potencial Consciência da Ilicitude

A capacidade de alcançar o conhecimento da ilicitude torna o indivíduo culpável e o torna


penalizável pelo crime. Caso contrário, a pena ainda poderá ser aplicada, mas poderá ser
diminuída de 1/6 a 1/3.
Lembre-se de que a semi-imputabilidade pela embriaguez acidental incompleta ou doença
mental diminuem a pena de 1/3 a 2/3.
20m
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Culpabilidade – Potencial Consciência da Ilicitude e Erro de Proibição
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É importante lembrar também que o desconhecimento da lei é inescusável, enquanto o


erro sobre a ilicitude do fato (desconhecimento da ilicitude do fato) pode ser pode ser inevi-
tável ou evitável.

Potencial Consciência da Ilicitude

Erro de Proibição Significado Natureza jurídica Como saber?


Ainda que o agente tivesse feito
Perfil subjetivo do agente
Escusável, inevi- máximo esforço, não poderia, Causa de exclusão
(valoração paralela na
tável, invencível de acordo com seu perfil, ter o da culpabilidade
esfera do profano)
conhecimento da ilicitude do fato.
Com esforço normal, o agente Perfil subjetivo do agente
Inescusável, evi- Causa de diminui-
poderia ter evitado o erro e com- (valoração paralela na
tável, vencível ção de pena
preendido o caráter ilícito do fato. esfera do profano)
25m

 Obs.: Os termos inevitável e evitável são as expressões utilizadas na lei e as mais prová-
veis de serem cobradas nos certames, mas os demais termos também são cobrados.

Obs 2.: O importante não é decorar, mas orientar-se pelo sentido das palavras. Lembre-se
de que inevitável tem um sentido próximo de invencível, por exemplo.
Obs 3.: O erro escusável é aquele que é evitável ou invencível, enquanto o erro inescusável
é aquele que é vencível, ou seja, que é evitável.

Lembre-se de realizar questões para notar que a banca precisa deixar claro se o erro era
inevitável ou evitável; ou ainda, trazer a consequência correta nas alternativas.
30m

Espécies de Erro de Proibição

• Erro de proibição direto: o agente desconhece a ilicitude de um fato e o pratica, acre-


ditando incorrer em um indiferente penal.

Obs.: Trata-se do erro estudado nesta aula.


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Culpabilidade – Potencial Consciência da Ilicitude e Erro de Proibição
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• Erro de proibição indireto (descriminante putativa por erro de proibição): o agente


conhece o conteúdo de uma infração, mas, no caso concreto, acredita estar acober-
tado por uma excludente de ilicitude

Exemplo: o indivíduo A não paga uma dívida ao indivíduo B, que invade a casa de A,
subtraindo um computador, perfazendo o valor devido. O indivíduo B acreditava, genuina-
mente, que tinha o direito de fazer o que fez. Contudo, o indivíduo deve, em teoria, responder
pelo exercício arbitrário das próprias razões, mas o caso concreto será analisado para saber
se houve erro de proibição por discriminante putativa (acreditar, erroneamente, que está aco-
bertada por uma excludente de ilicitude).

• Erro de proibição mandamental: agente pratica uma omissão, acreditando não pos-
suir, no caso concreto, o dever legal de agir (art. 13, § 2º, do CP)

Exemplo: os pais têm obrigação legal de cuidar de seus filhos menores de idade. Dessa
forma, o caso hipotético em que um pai deixa de alimentar o filho de 15 anos de idade, acar-
retando em sua morte por não conseguir prover a própria subsistência, configura um homicí-
dio culposo, ou ainda doloso dependendo da análise da situação.
35m
Em um segundo caso, o indivíduo X possui um filho chamado Y. Quando X possuía 10
anos de idade, foi abandonado pela família e agora aos 30 anos de idade, o mesmo compre-
ende que não possui mais obrigação legal de cuidar de seu filho.
Em virtude da omissão do pai, pouco tempo depois o filho morre. O caso pode ser consi-
derado como homicídio doloso ou culposo; entretanto, considera-se que, neste caso, é pos-
sível alegar que o indivíduo X agiu em erro de proibição mandamental, acreditando que sua
conduta era lícita por conta de sua própria experiência.

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