Instrumentação de Barragens
Instrumentação de Barragens
Instrumentação de Barragens
DE BARRAGENS
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................................................. 7
UNIDADE I
ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO.................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
TIPOS DE INSPEÇÃO............................................................................................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
ROTEIRO DE INSPEÇÃO..................................................................................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 3
IDENTIFICAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E TRATAMENTO DE ANOMALIAS DE BARRAGENS....................................................... 26
UNIDADE II
INSTRUMENTAÇÃO EM BARRAGENS........................................................................................................................................................................ 36
CAPÍTULO 1
CRITÉRIOS E OBJETIVOS PARA UTILIZAÇÃO.......................................................................................................................................... 36
CAPÍTULO 2
TIPOS DE INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADOS EM BARRAGENS DE TERRA E CONCRETO..................................................... 44
UNIDADE III
PROGRAMA DE MONITORAMENTO............................................................................................................................................................................ 69
CAPÍTULO 1
POSICIONAMENTO E QUANTIDADE MÍNIMA DE INSTRUMENTOS............................................................................................... 69
CAPÍTULO 2
MONITORAMENTO E REGULARIDADE DAS LEITURAS DOS INSTRUMENTOS........................................................................ 76
CAPÍTULO 3
SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS INSTRUMENTOS................................................................................................................................. 82
UNIDADE IV
CRITÉRIOS DE SEGURANÇA........................................................................................................................................................................................... 86
CAPÍTULO 1
PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA.......................................................................................................................................................... 86
CAPÍTULO 2
MODOS E CAUSAS DE FALHAS..................................................................................................................................................................... 96
CAPÍTULO 3
ELEMENTOS A SEREM VISTORIADOS..................................................................................................................................................... 104
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................................................ 113
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
Conselho Editorial
4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para
o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para
a construção de suas conclusões.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam
para a síntese/conclusão do assunto abordado.
5
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
6
INTRODUÇÃO
Nos anos 1950, 1960 e 1970, houve grande desenvolvimento econômico no Brasil, fato
que necessitou de maior disponibilidade de energia elétrica produzida para acelerar o
desenvolvimento do complexo industrial brasileiro e trouxe grande desenvolvimento
técnico para a engenharia brasileira, materializada nas construções de usinas hidrelétricas
de médio e grande porte, como Itaipu, Tucuruí, dentre outras espalhadas pelo país.
Além das hidrelétricas, não podemos deixar de falar dos projetos de mineração,
empreendimentos extrativistas de jazidas as quais são, grande parte, responsáveis pelas
barragens de rejeitos existentes. Esse tipo de barragem é utilizado para armazenar os
resíduos do processo de extração e para o beneficiamento de alguns minerais – os
quais usam água nesse processo, sendo esse método de barramento o mais barato e
antigo existente para esse fim.
7
Introdução
Essas análises incluem os valores limites para que sejam elaborados e incluídos no
Programa de Monitoramento por meio de instrumentação de forma a facilitar a
obtenção rápida de prováveis e possíveis anomalias nas estruturas do empreendimento.
Objetivos
O objetivo da disciplina é apresentar a implantação e realizar a análise da instrumentação
em barragens, que permitiram caracterizar e acompanhar as metodologias de auscultação
feita por instrumentação e as variáveis desse tipo de projeto.
O curso terá enfoque nos principais temas relativos às obras de barragem, considerando:
» instrumentação de barragens;
8
ASPECTOS
RELEVANTES PARA
MONITORAMENTO UNIDADE I
E INSPEÇÃO
CAPÍTULO 1
Tipos de inspeção
Introdução
O grande objetivo de uma inspeção técnica de segurança é buscar e dimensionar as
condições da segurança das estruturas e da operação das barragens, pontuando os
problemas e buscando melhores formas de reparar tais problemas, bem como questões
de restrições de operação e possíveis adequações e modificações.
Toda a vida útil considerada de uma barragem, além de todas as atividades preconizadas
para que sejam realizadas, precisa estar prevista no Plano de Auscultação da barragem.
Limitações da instrumentação
De acordo com Dunnicliff (1988), as limitações de um sistema de instrumentação são:
Dunnicliff (1988) também indica a quantidade de instrumentos que devem ser utilizados
em um empreendimento que será monitorado.
O quantitativo de instrumentos a serem instalado em uma barragem é condicionado, principalmente, a aspectos básicos
como a altura máxima da barragem, comprimento, características da geologia para a fundação, materiais a serem
utilizados no corpo da barragem e etapas construtivas.
Não é viável estabelecer regras pré-determinadas para definir a quantidade de instrumentos a serem instalados em
uma barragem (atender a estes vários condicionantes locais).
Nas barragens pequenas e com baixo risco, a instrumentação necessária/indispensável se resume a instalação de
piezômetros, medidores de vazão e marcos topográficos de referência de nível.
Com esta instrumentação, instalada em pontos estratégicos (peculiares de cada barragem), entende-se que é possível
verificar a ocorrência de anomalias.
10
ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
11
Unidade I | ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO
12
ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
Tipos de inspeção
A instrumentação aplicada constitui-se um método de apoio valioso aos estudos
necessários a implantação de obras de barragens. O objetivo da auscultação de uma
barragem é a elaboração de um conjunto de processos que buscam observar, detectar
e caracterizar eventuais deteriorações que podem vir a trazer riscos potenciais às
condições de segurança global.
As inspeções visuais, quando são associadas à averiguação dos dados fornecidos pela
instrumentação de auscultação da barragem, compõem uma eficiente ferramenta de
avaliação do comportamento das estruturas de barragem (MACHADO, 2007).
No Brasil, nas décadas de 1960, 1970 e 1980, era comum a metodologia para diagnóstico
em sistemas de barragem, inspeções por meio de visualização que eram realizadas
por equipes de técnicos e consultores que trabalhavam de forma independente e com
reputação internacional. Durante as inspeções, quando se observavam ou detectavam
danos graves no desempenho da barragem, tomava-se a decisão de intensificar a
vistoria e as observações desse problema, e por vezes, esses danos eram reparados
e/ou correções especificadas pela equipe de especialistas.
A partir disso, ocorreu ampla reestruturação dos conceitos e das metodologias a serem
adotadas em um plano de auscultação por instrumentação de uma barragem.
Durante toda a vida útil da barragem, tais processos devem ser realizados em conjunto,
a fim de trazer subsídios importantes para eventual revisão ou adaptação dos processos
previstos e adotados nos processos de construção, operação e manutenção da barragem,
a fim de definir a etapa de controle do empreendimento, possibilitando a investigação,
se uma eventual condição de risco possa estar se desenvolvendo ou se é potencialmente
passível de ocorrer (FUSARO, 2005).
14
ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
Estas inspeções podem ser divididas em etapas definidas e nomeadas em: rotineiras
ou informais, periódicas, supervisão e extraordinárias.
15
Unidade I | ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO
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ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
Todas as inspeções devem ser orientadas a fim de verificar os tópicos críticos e vitais
da barragem e, por isso, é essencial o uso de uma listagem de itens de verificação.
No Brasil, é convencional a inspeção visual das estruturas das barragens com o uso de
guias de inspeção e checklists. Essa forma de inspeção, geralmente, traz como resultado
uma listagem de deteriorações que, quando desconectadas umas das outras, não
possibilitam visualizar problemáticas que podem afetar a segurança das barragens.
Nesse sentido, o plano de auscultação a ser utilizado deve conter, de forma equilibrada,
as inspeções de campo, com o devido registro documentado das observações, além
de instrumentação tradicional, sistemas automatizados e métodos avançados de
monitoramento e investigação.
Atualmente, o uso de drones tem sido uma importante e inovadora ferramenta para
auxiliar na realização das inspeções de segurança, sendo uma tecnologia crescente e
cada vez mais incorporada na realidade das inspeções.
Entretanto, embora seja uma tecnologia que tem contribuído para a evolução das
inspeções, a utilização dos drones tem suas especificidades, ou seja, não é totalmente
capaz de apontar com detalhes questões que a avaliação visual, ao caminhar pelo
empreendimento, possa notar.
Por isso, a utilização de drones deve priorizar os locais em que há dificuldades de acesso
e de visualização.
17
CAPÍTULO 2
Roteiro de inspeção
Devem ser fornecidas padronizações e diretrizes para o estabelecimento dos tipos de inspeção a serem executados.
O propósito de cada tipo de inspeção e a frequência destas.
Os itens a serem inspecionados.
A documentação necessária.
A qualificação e o treinamento dos inspetores.
Os procedimentos para a correção das deficiências.
Situações de risco estão presentes em quaisquer obras de engenharia, uma vez que
nem sempre é possível detectar e determinar completamente o comportamento e a
reação de alguns materiais, por exemplo, o solo. Por isso, as estruturas precisam estar
em monitoramento constante, a fim de minimizar e controlar os riscos.
forem capazes, de fato, de prever ocorrências de eventos que sejam danosos à segurança
da barragem, possibilitando uma intervenção prévia que possa evitar e/ou minimizar
seus efeitos.
Os locais que normalmente são instrumentados, por serem vitais para a segurança e
operação de uma barragem, são: maciço compactado, estruturas de concreto armado,
fundação e reservatório de acumulação de água. Os dados de controle que se obtêm
desses instrumentos são: poropressão, nível de água, vazão de percolação, deslocamentos,
deformações, recalques e tensões na estrutura.
Rotina de inspeção
A inspeção objetiva avaliar e identificar fatores de risco, perigos de natureza física,
química e biológica e pontos críticos de cada unidade inspecionada, subsidiando a
tomada de decisões em termos de medidas de orientação preventivas e corretivas.
Planejar um programa de inspeção geotécnica é similar a outros projetos de engenharia,
começando pela definição do objeto e passando pela elaboração de um processo lógico e
compreensivo de como os parâmetros a serem inspecionados serão coletados e avaliados.
Lembre-se que a instrumentação é apenas um equipamento, e não uma solução para
todos os problemas, mas é inegável sua utilidade quando convenientemente projetada,
instalada e interpretada.
Franklin (1977) indica que um programa de monitoramento é uma corrente com
vários elos potencialmente fracos que se rompem com maior facilidade e frequência
do que na maioria dos trabalhos em engenharia geotécnica.
Com os dados obtidos em campo pela instrumentação, é feito um processamento dessas
leituras envolvendo frequência e abrangência, a fim de desenvolver métodos para a
composição e interpretação dos resultados, o que possibilita a criação de diretrizes
para eventuais intervenções no comportamento da obra.
Sendo assim, é importante o estabelecimento de procedimentos para medir e comparar
esses dados com os critérios prescritos em projeto.
O programa de inspeção das barragens é composto por inspeções periódicas em campo,
acrescido de uma análise detalhada do comportamento das estruturas por meio de
instrumentação.
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Unidade I | ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO
O processo tem início com a coleta manual de dados realizada por equipes técnicas de
campo e essa coleta segue uma sequência preestabelecida por meio do preenchimento
de um formulário padronizado.
A rotina de inspeções permite que haja maior controle dos dados obtidos, indicando
a quantidade de instrumentos instalados e em operação para cada tipo de medidor,
quantidade de terminais de leituras, quantitativos anuais de leitura etc.
Uma barragem deve ter inspeções rotineiras, constantes e, com um espaço de tempo
maior, devem ser realizadas reavaliações, para que ocorra um monitoramento e
para garantir a segurança. São quatro os tipos de inspeções, conforme o “Manual
de Segurança e Inspeção de Barragens”, elaborado pela Secretaria de Infraestrutura
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ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
Inspeção de rotina ou informais: frequência semanal ou mensal, executada pelos operadores da barragem devidamente
treinados para esta atividade. Estas inspeções não têm necessidade de gerar relatórios, mas devem comunicar caso
tenham observados anomalias. Esta inspeção deve ser intensificada nos períodos chuvosos. Os relatórios devem conter
a descrição do problema, identificação da anomalia e monitoramento, causas prováveis, consequências/risco e ações
corretivo/emergenciais.
Inspeções formais: com frequência anual, feita por técnicos de nível superior. Esta inspeção gera relatório contendo as
observações feitas na ocasião da inspeção, análises, conclusões e recomendações pertinentes.
Inspeções emergenciais: são realizadas em função de uma anomalia que caracterize emergência, que poderá ocorrer ou
já ocorreu (cheias e sismos).
Inspeções especiais ou emergenciais devem ser executadas em conformidade com o potencial de danos provocados por
eventos ou pela ocorrência de deficiências severas.
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Unidade I | ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO
RAZÕES %
Galgamento 26
Vazamentos e Piping no aterro 22
Erosão no leito 17
Vazamento e Piping na fundação 17
Deslizamento 6
Deformação 6
Outros 6
Para ser eficiente em termos técnicos, o programa deve incluir avaliações que forneçam
aos administradores bases confiáveis tanto de dados físicos das estruturas quanto do
risco real que elas apresentam.
Para ser economicamente viável, o programa deve assegurar que os recursos para
segurança serão disponibilizados onde serão melhores aproveitados.
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ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
setores envolvidos. Esse trabalho de inspeção tem como foco principal a segurança e
a operação produtiva da barragem, seja ela para a atividade que foi concebida.
2. Hidrologia e Hidráulica
Métodos e critérios de projeto X X X X
Dados hidrológicos X X X
Cheias X X X X
Desvio do rio X X X
Restrições operacionais X X X X
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Unidade I | ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO
3. Geologia e Geotecnia
Investigações X X X X
Métodos e critérios de projeto X X
Estabilidade das escavações e fundações X X X X
Materiais de construção X X
Barragens de terra e enrocamento X X X X
Barragens de rejeito X X X X
Carregamento/Fatores de segurança X X X X
Percolação/Infiltração X X X X
4. Estruturas
Métodos e critérios de projeto X X X X
Materiais de construção X X
Carregamento/Fatores de segurança X X X X
Deterioração estrutural X X X X
Percolação/Infiltração X X X
Deformações X X X X
Sistema de drenagem e esgotamento X X
6. Reservatórios
Enchimento do reservatório X X X
Trânsito de cheias X X X
Estabilidade das margens X X X X
Assoreamento X X X X
Alerta de cheias X X X X
Segurança ambiental X X X X
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ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
8. Sismologia
Solicitação por abalos sísmicos X X X
Sismicidade induzida X X X
Monitoramento sísmico X X X
9. Inspeção
Inspetores e equipes de inspeção X X X X
Programa de inspeções X X X X
Métodos e rotinas de inspeção X X X X
Resultados de inspeção e sua utilização X X X X
Relatórios/Documentação/Registro X X X
Níveis de informação/Decisões X X X
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CAPÍTULO 3
Identificação, classificação e
tratamento de anomalias de barragens
Podemos, dessa forma, concluir que a água é um elemento essencial e as barragens são
indispensáveis. Porém, há de existir uma proteção da população envolvida. A estrutura
deve cumprir com a sua finalidade construtiva seguramente e o meio ambiente deve
ser protegido, para que todas as partes envolvidas tirem o melhor proveito possível
entre todos os benefícios que as barragens podem proporcionar se operadas e mantidas
de uma maneira segura e adequada.
Jansen (1983) afirma que o risco de falha de barragens é um dos pesos inevitáveis que
a humanidade deve carregar. Os programas de identificação, classificação e tratamento
de anomalias de barragens, que é um programa de segurança de barragens, são de
vital importância para toda a sociedade e clama por talentos multidisciplinares, ou
seja, engenheiros têm que trabalhar em conjunto, por exemplo, com geólogos e
especialistas em sismos. Ações coordenadas podem, de fato, auxiliar na redução de
incertezas, entretanto, em razão da dificuldade de se aliar visões distintas, nem toda
falha pode ser evitada.
Com a finalidade de assegurar que essas condições sejam percebidas em seus estágios
iniciais, a seguinte lista de itens a serem investigados, delineada pelo Bureau of Reclamation
(1987), foi estabelecida:
A segurança de uma barragem pode ser comprometida por fenômenos naturais, como
deslizamentos, enchentes, terremotos, dentre outros, que causam a deterioração do
corpo da barragem e da fundação. Com isso, ao longo do tempo, a estrutura pode ser
comprometida devido à sua idade e, em algumas situações, maiores pressões internas
e vazamentos podem se desenvolver.
Em geral, tais processos são morosos e não são percebidos prontamente por meio dos
exames de rotina. Assim, o monitoramento contínuo da performance da barragem
pode assegurar a detecção de qualquer não conformidade, tanto no projeto quanto no
interior da barragem, que possa causar eventuais falhas.
27
Unidade I | ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO
28
ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
Inspeção da barragem
A necessidade de inspeção em barragens provém do fato dessas estruturas oferecem
riscos. Há muitas vantagens e benefícios com a utilização de programas regulares de
inspeções mesmo para pequenas barragens, por exemplo, a capacidade de reconhecer
problemas em estágios iniciais e antecipar a eliminação destes antes de se agravarem,
minimizando riscos de perdas de bens materiais e, sobretudo, vidas, a jusante da
barragem.
Para se ter uma avaliação das características técnicas, do estado de conservação, das
condições de segurança e do potencial de dano das barragens, estabelecemos critérios
de avaliação a serem realizados nos empreendimentos.
29
Unidade I | ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO
31
Unidade I | ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO
Localização/
Problemas Sugestão de quando inspecionar
estrutura
Após um rebaixamento rápido do nível d’água no
Movimentação de talude
reservatório.
Talude de
Após tempestades violentas de vento, gelo ou chuva
montante Deslizamento da proteção do talude
pesada.
Crescimento de árvores e arbustos A cada ano.
Assentamento Depois de chuvas intensas.
Crista Formação de sulcos Outono.
Crescimento de árvores e arbustos A cada ano.
Quando o volume de água do reservatório estiver no nível
Infiltração
máximo ou mais.
Talude de Movimentação dos taludes Depois de chuvas intensas.
jusante
Tocas de roedores Primavera e outono.
Crescimento de árvores e arbustos A cada ano.
Infiltração Durante níveis elevados de água no reservatório.
Sopé de Saliências ou protuberâncias – indicativo Após níveis elevados de água no reservatório e chuvas
jusante de deslizamentos intensas.
Crescimento de árvores e arbustos A cada ano.
Entulho bloqueando o vertedor ou Antes do início da estação chuvosa e ao longo de todo o
estruturas associadas verão.
Vertedor
Erosão Após chuvas intensas ou operação do vertedor.
Crescimento de árvore e arbusto A cada ano.
Durante elevados níveis d’água dos reservatórios e
Tubulação
durante operação das saídas d’água.
Saídas d’água
Corrosão ou separação das juntas dos Inspeção anual (condutos de aço geralmente enferrujam
condutos num prazo de 25 a 30 anos).
32
ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
34
ASPECTOS RELEVANTES PARA MONITORAMENTO E INSPEÇÃO | Unidade I
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INSTRUMENTAÇÃO
EM BARRAGENS UNIDADE II
CAPÍTULO 1
Critérios e objetivos para utilização
Introdução
A leitura e a interpretação dos resultados gerados pela instrumentação, quando corretas,
são essenciais para a segurança da barragem. Qualquer instrumentação precisa ser
definida a partir da determinação de seu objetivo, finalizando na avaliação e validação
criteriosa dos dados obtidos (MACHADO, 2007).
Critérios
O sistema de instrumentação é realizado por meio de um plano baseado em um
projeto obtido a partir dos resultados do estudo detalhado das características
geológico-geotécnicas da região e seu entorno, onde estará localizada a barragem,
pelo qual são definidos seções e blocos “chaves” a serem observados e instrumentados
(GUTIÉRREZ, 2003).
» confiabilidade;
» alta durabilidade;
» robustez;
» alta precisão;
» alta sensibilidade;
» instalação simples;
37
Unidade II | Instrumentação em barragens
Os dados da instrumentação são coletados por profissionais treinados para essa finalidade,
que devem ter capacidade de reconhecer e relatar de forma imediata quaisquer anomalias
nas leituras ou nas medidas.
Um plano de instrumentação tem que ter objetivos claros de instrumentação, verba suficiente,
estrutura organizacional de apoio, qualificação e dedicação da equipe e treinamento.
38
Instrumentação em barragens | Unidade II
Conforme Celeri (1995), estas são as principais razões para o uso de instrumentação
em barragens:
Tabela 11. Razões para utilização de instrumentação.
Verificação de projeto, com o objetivo de certificar-se de que, além de seguro, é também o mais econômico.
Verificação da conveniência de novas técnicas de construção.
Diagnóstico da natureza específica de algum evento adverso, buscando a prevenção de ocorrência futura.
Verificação contínua de uma performance satisfatória.
Razões preditivas.
Razões legais.
Pesquisas para o estado da arte.
Período construtivo: o monitoramento das barragens no período de construção pode suprir a equipe de execução com
informações relevantes dos materiais, fundações e métodos construtivos, tornando possível a verificação do projeto
em andamento. Com isso, os critérios e diretrizes preestabelecidos em projeto podem ser medidos quanto às análises
de tensões e controle de fissuração de origem térmica, alterações no plano de concretagem e nos intervalos de
lançamentos do concreto, contribuindo para prevenir a rápida deterioração das estruturas.
Fase de enchimento do reservatório: é o período no qual a barragem passa a entrar em carga total pela primeira vez,
sendo considerado o período mais crítico na sua vida útil. O monitoramento é fundamental, uma vez que possibilita um
diagnóstico mais preciso da obra, comparando os dados com os limites de projeto. Há o controle de parâmetros, como
deslocamentos verticais e horizontais, movimento de algumas juntas, temperatura e deformação do concreto, para
prevenir situações de rupturas ou fissuramento excessivo durante esse primeiro enchimento e, sempre que possível,
deve ser de forma lenta para a adaptação da estrutura com as novas condições criadas.
Período operacional: a instrumentação, aliada às inspeções visuais fornece parâmetros para que seja avaliado o
desempenho das estruturas ao longo do período de operação do reservatório.
Fonte: Comitê Brasileiro de Barragens, 2006; Comitê Brasileiro de Grandes Barragens, 1983.
parâmetros com a forma com que os diversos materiais e elementos que constituirão
a estrutura irão se comportar.
Podemos utilizar três métodos para obtenção de dados dos instrumentos que fazem o
monitoramento dos empreendimentos de barragem.
A coleta de dados da instrumentação pode ser feita tanto de forma manual quanto por
sistemas automatizados. A forma de coleta deve ser definida a partir das condições
verificadas ao longo da elaboração do projeto, conforme localização, tamanho e tipo de
instrumento (GRANEMANN, 2005). As informações coletadas devem ser analisadas
ao longo da coleta dos dados, para que qualquer erro possa ser verificado e a coleta
possa ser refeita prontamente, no caso de coletas de dados manuais.
Podemos citar como exemplo de leitura de instrumento manual que pode ser difícil de
execução, que é a medição de deslocamento horizontal que move 24 metros por dia,
necessita habilidade para obter e encaminhar os dados a cada meia hora, o que seria
praticamente impossível com sistemas manuais (SILVEIRA, 2003).
41
Unidade II | Instrumentação em barragens
De acordo com Silveira (2003), a instrumentação deve ser adequada a estas condições
de riscos e tipo de empreendimento:
» devem ser instrumentadas de acordo com seu porte e com os riscos associados
e terem seus dados analisados por meio das leituras;
» todos os instrumentos precisam apresentar valores de controle ou limites;
Essas ações devem ser escritas e apresentadas sem ambiguidades (dúvidas), com
direcionamento explícito e responsabilidades específicas.
43
CAPÍTULO 2
Tipos de instrumentação utilizados
em barragens de terra e concreto
A fase de operação de uma barragem tem como objetivo principal alta produtividade e,
para garantir esse objetivo, temos que garantir a segurança da barragem. Para manter
esses objetivos em foco, existe a necessidade de um plano de monitoramento por
meio de instrumentos, que incluem em seu escopo, projeto, aquisição e instalações
adequadas.
O monitoramento também pode ser feito com avaliações por meio de inspeção visual
(avaliação qualitativa) e avaliação por meio de instrumentação de auscultação (avaliação
quantitativa). Mediante um projeto bem detalhado e com profissionais qualificados para
a tarefa, implanta-se o programa de auscultação e o objetivo é responder às perguntas:
onde, como e por que instalar instrumentos.
Dessa forma, fica evidente que o controle das informações de uma barragem é fundamental
para podermos interpretar e aferir o comportamento geotécnico anteriormente e
quais são as previsões posteriormente, para garantir a segurança estrutural, desde
intervenções leves e correções operacionais até eventuais paralisações operacionais e
adoção eventual de medidas de estabilização.
As barragens são obras de engenharia civil que merecem toda a abordagem sistêmica
da engenharia geotécnica e de estruturas.
Essa instrumentação pode também acarretar redução de custos das ações mitigatórias
por meio do dimensionamento mais preciso dos elementos de precaução e embasamento
para a tomada de decisões do projetista, por exemplo, além de trazer um ambiente
seguro no que tange à previsibilidade de possíveis colapsos.
Devemos entender uma barragem como um “ser vivo”, com isso, cabe pensarmos nos
princípios da medicina, sendo a auscultação um processo importante para observar,
detectar e caracterizar eventuais deteriorações que podem trazer riscos potenciais
para a segurança global.
Focando no caso de obras civis de grande porte, nas barragens de terra e no enrocamento
com a finalidade de geração de energia elétrica, as bases e os procedimentos de auscultação
45
Unidade II | Instrumentação em barragens
Para que não ocorram falhas nas medições realizadas, é necessário verificar frequentemente
as condições, além de realizar a manutenção constante (troca de baterias; aferição;
limpeza etc.).
» preparo do orçamento;
46
Instrumentação em barragens | Unidade II
» planejamento da aquisição;
» orçamento atualizado.
O planejamento deve ser feito segundo os itens descritos acima, e todas as etapas
completadas, se possível, antes que os trabalhos de instrumentação sejam iniciados
no campo (DUNNICLIFF, 1993).
No entanto, a instalação posterior não permite que haja a obtenção de dados importantes
do período construtivo, como valores de pressão, recalque, vazões, dentre outros
(AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2016).
47
Unidade II | Instrumentação em barragens
A frequência de leituras dos instrumentos pode ser programada com um simples comando.
Pode ser programado para aumentar a frequência de leituras e/ou soar alarmes caso os
limites de controle sejam atingidos (níveis de atenção, alerta e emergência).
Tipos de instrumentação
Os instrumentos devem ter: conformidade (grau de acurácia), acurácia, precisão,
resolução, campo de leitura, amplitude (span), repetibilidade, linearidade, histerese,
curva de calibração, fator escala e ruído.
» inclinômetro;
» medidor de recalques;
» medidor de vazão;
» piezômetro;
48
Instrumentação em barragens | Unidade II
Fonte: https://www.recordtek.com/solutions/geotechnical-solution/.
Inclinômetro
Os inclinômetros são empregados extensivamente para a avaliação da estabilidade de
taludes em barragens. Os inclinômetros são instrumentos de medição, de forma quase
contínua, de desvios de inclinações por uma vertical, em duas direções do maciço por
meio da instalação de tubo-guia (geralmente de alumínio) no maciço, bem como a
49
Unidade II | Instrumentação em barragens
50
Instrumentação em barragens | Unidade II
É importante lembrar que, em geral, esses instrumentos são instalados no início da obra,
por meio da fixação do primeiro tubo-guia em rocha sã ou em um ponto considerado
indeslocável. Outra possibilidade é a instalação desse chamado tubo-guia no fim do
processo construtivo, no qual os tubos são instalados em um furo de sondagem fixados
em um ponto considerado indeslocável.
Medidor de recalques
Ao instalar esses sensores, as hastes existentes são fechadas e amarradas (laço) com
fios de plástico que permitem realizar o deslocamento do instrumento por entre as
paredes do tubo-guia e do furo até a profundidade determinada no projeto.
Com a profundidade atingida, tais laços são soltos e as hastes se abrem, fixando-se
no solo mole adjacente. O acompanhamento dos deslocamentos é realizado por meio
de um torpedo, que, no interior do tubo-guia, acusa a presença do sensor quando
passa na profundidade em que este se encontra. É importante salientar que, para
que a profundidade de instalação do tubo-guia seja determinada, deve ser levada em
consideração a profundidade na qual o sensor deverá ser instalado, o recalque esperado
para aquela profundidade e mais uma folga. Se isso não for previsto, há o risco de se
perder o sensor pela extremidade inferior do tubo ou dele ficar preso no flange, que
pode ser enroscado nessa extremidade.
A figura a seguir indica os detalhes dos sensores magnéticos e a forma que são amarrados
no momento da instalação.
52
Instrumentação em barragens | Unidade II
53
Unidade II | Instrumentação em barragens
Esses medidores são construídos por duas placas horizontais isoladas em uma haste de
aço trefilado (normalmente com o diâmetro de 10mm), sendo o medidor composto de
vários segmentos que são adicionados à medida com a qual o aterro sobe. A referência
é um tubo de 25mm de diâmetro, galvanizado e fixado na rocha.
As hastes relativas a cada placa, colocadas em torno do tubo de referência, são mantidas
na posição vertical por meio de discos perfurados que funcionam como espaçadores.
Essas placas são colocadas livres do contato com o solo por meio de um conjunto de
segmentos de tubos galvanizados emendados por juntas telescópicas e que as envolve
totalmente, conforme a Figura 14.
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Instrumentação em barragens | Unidade II
Esses medidores são uma alternativa ao processo anterior descrito, sendo estes
desenvolvidos pelo United States Bureau of Reclamation (USBR). Da mesma forma
que o anterior, utilizam um sistema de torpedo e trena para efetuar medidas
de deslocamentos em relação a posições predeterminadas ao longo de um
tubo-guia.
Na base do tubo de acesso, são instaladas conexões especiais que, ao final das medições
– que são realizadas de cima para baixo –, permitem uma retração das cunhas e a livre
retirada do torpedo ao longo do tubo.
Ainda que funcione de forma relativamente simples, há cuidados que precisam ser
realizados especialmente na sua locação e instalação em campo. A caixa sueca (Figura
15) é constituída com uma célula metálica ou de PVC dotada de quatro tubos, colocada
em uma caixa de concreto armado.
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Unidade II | Instrumentação em barragens
Hoje em dia, os tubos de polietileno são muito utilizados como conexões com proteção
especial nas emendas com o uso de resina epóxi (GONÇALVES et al., 1996). Estes são
colocados em tubos rígidos de proteção, com declividades superiores a 5% da célula até
a cabine de leitura, o que evita a formação de bolhas no interior dos tubos internos.
O diâmetro ideal das tubulações é uma questão com opiniões variáveis na literatura
a respeito do tema. Conforme o Comitê Suíço de Barragens (SNCLD), o tubo de
leitura (fabricado em nylon) deve ter de 3 a 4mm de diâmetro interno e, os tubos
de ventilação, de 6 a 7mm de diâmetro. Conforme o autor Dunnicliff (1988), 6mm
seria a proposta de diâmetro ideal para a leitura e para a circulação. Já no Brasil, cada
fabricante tem diâmetros distintos, porém todos dentro da faixa média de tamanho
visto nas literaturas.
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Instrumentação em barragens | Unidade II
Medidor de vazão
Esses medidores, fabricados em geral com chapas metálicas e proteção anticorrosão,
medem o volume líquido que pode escoar por meio de uma seção, por tempo. Isto é,
medem a percolação/infiltrações de água vindas tanto da fundação, de juntas entre
blocos de contração ou concretagem, quanto das regiões mais permeáveis do maciço
de concreto, ou fissuras destes.
Para realizar essas medições, as barragens possuem sistemas de canaletas que conduzem
parte da água infiltrada a dispositivos que medem essa vazão. Essa medição é um dos
parâmetros diretos para a análise de desempenho de uma barragem, uma vez que
algumas características, como a quantidade e qualidade da água percolada ao longo da
barragem ou fundação, a sua localização e as variações bruscas dessas questões, podem
indicar problemas significativos, relativos à erosão interna, a obstrução dos drenos e
ao aumento de poropressões.
Tais fatores elencados acima são evidentes na fase operacional, a partir da caracterização
dos valores de referência das vazões de percolação.
Triangular: são os mais precisos, econômicos e fáceis de instalar, pois possibilitam determinar
as vazões contínuas quando se instala um registrador do mecanismo de medida da variação da
lâmina d’água a montante do vertedor. A medida da altura da lâmina d’água (carga hidráulica) é
efetuada a montante do vertedor, fora da influência da curvatura da superfície líquida sobre o
vertedor. Esse tipo de medição não é recomendado para vazão de líquidos com elevados teores de
sólidos em suspensão.
Critérios de escolha: os vertedouros triangulares oferecem maior precisão para vazões menores
que 30l/s. Para vazões de projeto estimadas entre 30 e 300l/s, os vertedores triangulares e
retangulares oferecem a mesma precisão. Os retangulares precisam de uma altura menor da
lâmina d’água, quando comparado ao mesmo volume de vazão em medidores triangulares (ou
seja, canais mais baixos).
Os vertedores retangulares são os mais indicados para vazões acima de 300l/s, pois
possuem coeficientes de vazão mais bem definidos. Além disso, o sistema de leituras
pode ser também automatizado (SILVEIRA, 2003).
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Unidade II | Instrumentação em barragens
Para obtenção de vazão, também podemos utilizar a Calha Parshall. O medidor Calha
Parshall é um instrumento apto a medir grandes vazões de líquidos com ou sem partícula
e pode ser construído em concreto ou fabricado em fibra de vidro.
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Instrumentação em barragens | Unidade II
Piezômetro
Os piezômetros são instrumentos utilizados, em geral, para medição de poropressões em
obras geotécnicas. Com medição da influência de artesianismo da água de percolação,
permite a determinação da pressão existente ou sua cota piezométrica equivalente.
Esses instrumentos, com a função de registrar pressões nos fluidos internos em relação
às disposições dos resíduos, têm como premissa de funcionamento um sistema sensor
e um transdutor de pressão, podendo estes serem ou mecânicos ou elétricos, instalados
na massa que se ausculta.
Os elétricos são mais onerosos que os de tubo aberto, por serem importados sem fornecimento
no mercado nacional, sendo essa a sua maior desvantagem.
Os pneumáticos são do tipo mecânicos, com tempo de resposta baixo, leituras realizadas de
forma mais lenta devido à equalização das pressões externas com as pressões de gás injetado
para leitura, por tubulações que têm perda de carga. Como vantagem, porém, a leitura realizada
representa o valor real no momento exato da equalização das pressões.
Os hidráulicos também são do tipo mecânicos e seguem o princípio dos vasos comunicantes
com equalização das pressões por colunas de líquido ou manômetros, instaladas fora do aterro.
Eles são constituídos por uma pedra porosa, conectada a um painel de leitura externo por meio
de dois tubos flexíveis de nylon revestidos de polietileno, e de pequeno diâmetro (≈3mm). São
os mais utilizados entre os piezômetros mecânicos.
Os piezômetros de “tubo aberto” (Tipo casagrande) também são mecânicos e possuem
tempo de resposta mais lenta, pois necessitam de variação de volume interno aos tubos, para
equalizar as pressões e registrar as leituras. Dentre os piezômetros mecânicos, os hidráulicos já
não são mais usados.
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Unidade II | Instrumentação em barragens
Esses piezômetros são constituídos por um tubo de PVC em cuja extremidade inferior
é acoplada uma célula (trecho perfurado de tubo envolvido com geotêxtil). A célula
fica inserida em um bulbo de material drenante e confinada num trecho limitado
(usualmente de 1,0 a 1,5m) por uma camada selante (usualmente bentonita ou solo-
cimento), utilizada para vedar o espaço anular entre o tubo e o furo.
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Instrumentação em barragens | Unidade II
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Unidade II | Instrumentação em barragens
É importante frisar que o parâmetro importante a ser obtido pela piezometria para a
análise da estabilidade geotécnica dos aterros é a poropressão total ou pressão de poro,
que é um dos principais fatores das instabilidades geotécnicas, rupturas de aterros,
sendo que quaisquer dos tipos de piezômetros citados estão aptos para desempenhar
essa missão, desde que devidamente instalados e interpretados.
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Instrumentação em barragens | Unidade II
Não podemos deixar de mencionar que podem ocorrer possíveis interferências nos
registros dos piezômetros. Por exemplo, pelo fato de que há dificuldades em manter a
verticalidade dos drenos. Além disso, o tráfego de equipamentos e máquinas de grande
peso pode trazer instabilidade no terreno e podem ocorrer grandes recalques nos
maciços. Todas essas questões são instabilidades que podem ocorrer, mesmo depois
dos piezômetros implantados.
Nesses casos, os drenos que foram a princípio estirados, se dobram na medida que
os recalques ocorrem e se aproximam dos piezômetros. No caso da não verticalidade
dos drenos apontada acima, as medidas serão tão menores quanto menores forem a
distância entre drenos e piezômetros.
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Instrumentação em barragens | Unidade II
Fonte: https://rstinstruments.com/pt/total-earth-pressure-cells/.
Fonte: http://engeground.com.br/catalogos/celula_pressao_total.pdf.
65
Unidade II | Instrumentação em barragens
Fonte: http://engeground.com.br/catalogos/celula_pressao_total.pdf.
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/54002/.
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Instrumentação em barragens | Unidade II
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PROGRAMA DE
MONITORAMENTO UNIDADE III
CAPÍTULO 1
Posicionamento e quantidade mínima
de instrumentos
A inspeção rotineira nas barragens é executada por equipe especializada, como parte
regular de suas atividades, com frequência mensal, comunicações de possíveis anomalias
detectadas e emissão de relatórios específicos.
As análises de fluxo são executadas com frequência semestral por uma equipe
especializada. Nessas análises, é realizado um comparativo do resultado obtido da
modelagem numérica do fluxo pelo interior da barragem por meio de um programa
bidimensional de elementos finitos com as leituras da instrumentação executada
mensalmente.
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Unidade III | Programa de monitoramento
Por meio do Programa de Monitoramento das Barragens, é possível obter uma série de
dados de comportamento das barragens ao longo do tempo e ciclos de surgimento de
anomalias e manutenção das barragens, túneis e canais do sistema. Os dados permitem
a correta manutenção do empreendimento, bem como permite intervenções pontuais
ao longo de todo o período do programa de monitoramento das barragens.
São corpos hídricos de gestão federal aqueles que percorrem mais de um estado do
país ou que fazem algum tipo de fronteira.
As inspeções de segurança regular que são citadas na Lei n. 12.334/2010, artigo 9º,
devem constar: a qualificação da equipe responsável, a periodicidade, o conteúdo
mínimo e o nível de detalhamento definidos pelo órgão fiscalizador em função da
classe de risco e do dano potencial associado à barragem.
A mesma lei afirma, em seu artigo 8º, que os órgãos fiscalizadores precisam detalhar
as demais partes do Plano de Segurança de Barragem. Os diversos fiscalizadores
de barragens devem enviar as informações previstas em lei para que a ANA possa
disponibilizar as informações no Relatório Anual de Segurança de Barragem e divulgar
para a população.
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Programa de monitoramento | Unidade III
Dessa forma, fica evidente que o controle das informações de uma barragem é fundamental
para a interpretação do comportamento geotécnico anterior e a previsibilidade a
posteriori, de forma a garantir a segurança estrutural, desde intervenções leves e
correções operacionais até eventual paralisação de operação e adoção de medidas
drásticas de estabilização. Nesse sentido, trata-se de uma obra de engenharia civil que
requer a abordagem sistêmica da engenharia geotécnica e de estruturas.
Quantidade de instrumentos
Por maior que seja a quantidade de instrumentos instalados em uma dada obra, o
monitoramento é, na maioria das vezes, pontual e não representa, de forma isolada,
o comportamento da estrutura em questão.
Sempre surge a dúvida a respeito de quantos instrumentos devem ser instalados para a
avaliação da estabilidade geotécnica de uma barragem. De fato, não há regulamentação
ou norma estabelecida, assim, essa prescrição é subjetiva e dependente da expertise da
consultoria responsável pelo monitoramento geotécnico do empreendimento.
Essa prática, em geral, não é uma prática e, quando se atentam para essa necessidade,
o aterro já atinge algumas dezenas de metros de altura. No caso de não haver projeto
de instrumentação, quando o profissional é chamado para realizar a avaliação da
estabilidade geotécnica do empreendimento, é preciso projetar a instrumentação e
efetuar o monitoramento, mesmo sem saber da vida pregressa das estruturas, em
termos de operação até aquele momento.
Assim, resta aos especialistas prospectar por meio de sondagens diretas e indiretas, a
fim de avaliar as condições internas das estruturas, que muitas vezes foi construído ao
longo de vários anos. Nesse ambiente, podem-se aproveitar as próprias prospecções
71
Unidade III | Programa de monitoramento
» altura máxima;
» comprimento da barragem;
72
Programa de monitoramento | Unidade III
73
Unidade III | Programa de monitoramento
Em geral, há uma correlação, pois a ordem de 1:1, ou seja, a altura de uma barragem
(em metros) é igual ao número total de instrumentos instalados, conforme os mesmos
autores concluíram.
Nesse sentido, é possível observar que metade dos instrumentos instalados em barragens
de terra são os piezômetros, e os inclinômetros são usados em quantidade bem menor,
sendo os menos utilizados em barragens de terra e enrocamento.
Outra questão importante é considerar o melhor período para utilizar cada instrumentação
na obra, após considerarmos as razões, os tipos e a quantidade a ser empregada.
Nesse sentido, não há critérios ou regras, mas é possível compreender que o número
e os tipos de instrumentos devem ser os necessários para garantir a estabilidade
tridimensional e seu controle nas diversas faces do empreendimento, atentando-
se às alturas e declividades maiores dos taludes como as regiões mais críticas, bem
como certas peculiaridades, como desconformidades e rupturas passadas e o emprego
indevido de geossintéticos.
A observação da estrutura é importante, uma vez que estas têm indícios prévios de
rompimento. Assim, a preocupação contínua desde o início do projeto garante as
condições de estabilidade necessárias, com tempo para reações, dependendo, assim,
do nível de observação e preocupações com a obra.
74
Programa de monitoramento | Unidade III
75
CAPÍTULO 2
Monitoramento e regularidade
das leituras dos instrumentos
A segurança de barragens é o que mais precisa ser priorizado ao longo das fases de
projeto, desenvolvimento construtivo, obras e operação e manutenção. Nesse sentido,
é importante lembrar que a Engenharia de Barragens não é uma ciência exata e,
portanto, não pode eliminar por completo os riscos de incidentes ou acidentes que
possam vir a ocorrer.
Atualmente, é possível identificar um aumento de projetos de barragens de menor
porte, com técnicas construtivas e de operação menos sofisticadas (MATOS ALMEIDA,
1998).
O monitoramento da instrumentação geotécnica é uma etapa importante na avaliação
do desempenho de uma obra. Todavia, o monitoramento não pode ser considerado de
forma isolada na avaliação do desempenho. De acordo com o Boletim 118 do ICOLD, a
avaliação da segurança e desempenho de uma barragem é feita analisando-se, de forma
conjunta, o monitoramento da instrumentação, os resultados das inspeções visuais, a
documentação de projeto e os registros de construção.
Os programas de monitoramento de barragens buscam identificar os perigos e riscos
potenciais que podem ocorrer nas estruturas e, assim, reduzi-los a níveis que possam ser
aceitáveis ou eliminá-los. Também faz parte desse programa observar, em determinado
período de tempo, uma estrutura, verificando se sua condição é aceitável ou não aos
padrões.
É possível realizar a construção de barragens seguras e os potenciais defeitos e seus
riscos de segurança podem ser corrigidos antes que possam trazer consequências sérias,
como perdas socioeconômicas, desastres ecológicos e perdas de vidas.
Barragens existentes devem ser monitoradas e reavaliadas periodicamente a fim de se
assegurar que elas estejam em condições seguras, de acordo com os padrões operacionais
e de segurança vigentes na data de avaliação. Com os conhecimentos hidrológicos,
geológicos e de sismologia atuais, as barragens que outrora foram consideradas seguras
podem não mais se enquadrar nessa classificação.
O monitoramento deve focar na detecção de qualquer condição que possa ameaçar
a integridade vital da estrutura. Essas situações podem ser atribuídas à inadequação
de materiais construtivos, a defeitos na fundação, a condições adversas no entorno, a
deficiências de projeto ou a operação e manutenção impróprias.
76
Programa de monitoramento | Unidade III
Com o objetivo de se assegurar que essas condições sejam percebidas em seus estágios
iniciais, há seguinte lista de itens a serem monitorados, delineada pelo Bureau of
Reclamation (1987):
» materiais de construção;
Frequência de leitura
As frequências das leituras da instrumentação precisam se adequar conforme os
desempenhos previstos ao longo do projeto, especialmente nas fases de construção,
enchimento e operação, possibilitando assim a supervisão das velocidades de variação
das grandezas a serem medidas levando em conta a precisão dos instrumentos e a
relevância dessas grandezas na avaliação do desempenho da respectiva obra.
79
Unidade III | Programa de monitoramento
Uma ponderação importante é o fato que se deve evitar ao máximo a troca constante
das equipes de leitura, ou seja, a equipe para realizar a leitura de um determinado
instrumento deve permanecer a mesma, para assim manter a precisão dos dados
adquiridos. Caso ocorra a substituição de integrantes da equipe de leitura, é importante
que o substituto acompanhe o leiturista anterior em um período de trabalho para que
diminua as chances de ocorrer erros.
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Programa de monitoramento | Unidade III
81
CAPÍTULO 3
Sistemas de proteção dos instrumentos
Muitas vezes a ocorrência de uma anomalia não pode ser detectada porque a
instrumentação não tem sensibilidade suficiente para gerar informações.
Há alguns problemas que podem ocorrer durante toda a vida útil de um piezômetro
do tipo standpipe, por exemplo, obstrução dos tubos por cisalhamento no interior do
maciço; obstrução dos tubos por introdução de objetos; oxidação do tubo de leitura,
quando este for metálico; ruptura da tubulação de leitura; colmatação dos orifícios do
tubo/bulbo ou do material drenante (SILVEIRA, 2006).
É possível que possa ocorrer também a obstrução com cimento das células desses
piezômetros, quando estes são instaladas antes da execução ou conclusão de cortinas
de injeção. Isso pode levar inclusive à inoperância desses instrumentos (CASTRO et
al., 2017).
82
Programa de monitoramento | Unidade III
Os danos nos instrumentos causam leituras erradas, pois o sensor de medição encontra-
se danificado, gerando equívocos que podem ser danosos ao controle e à segurança
do empreendimento.
A proteção desse sistema deve ser cuidadosa e realizada por profissionais experientes de
acordo com o instrumento a ser protegido utilizando inovações e soluções avançadas.
83
Unidade III | Programa de monitoramento
Para prevenir acidentes e atenuar seus possíveis efeitos, há medidas que podem ser
tomadas, conforme tabela a seguir.
Um plano de controle e proteção bem elaborado através de monitoramento visual e controle das leituras observando
inoperância ou inconsistência. A frequência de acompanhamento deve ser apropriada e deve incluir inspeções in situ.
Medidas de manutenção e reparo rotineiros conforme as recomendações dos relatórios de inspeção, dos consultores e
dos resultados da auscultação.
Planos de substituição para lidar com as situações que possam causar graves danos econômicos ou perigo para
o empreendimento ou a vida humana. Esses planos devem indicar as providências para evitar ou atenuar suas
consequências.
Ter uma avaliação das condições operacionais dos instrumentos e das estruturas, de seus pontos fracos e dos riscos
envolvidos.
Minimizar os riscos por danos aos instrumentos através da implantação das medidas necessárias para prevenção e
mitigação detectados pela inspeção ou a manutenção.
Plano de operação da instrumentação incluindo as frequências das leituras nas diversas fases de vida da obra e durante
possíveis eventos excepcionais na busca de incoerências e correções ou substituições.
Plano de observações visuais e inspeções in situ.
Plano de análise e interpretação dos instrumentos conforme as leituras da instrumentação e inspeções visuais.
Uma análise prévia dos resultados deve ser realizada de imediato após as leituras. Isso,
porque as causas de comportamentos inesperados e não conformidades devem ser
esclarecidas rapidamente, assim como as medidas necessárias.
Para que os instrumentos apresentem vida útil compatível com a da obra, ou seja, que
assegurem dados confiáveis ao longo de algumas décadas, será necessária, na fase de
projeto, proteção adequada dos instrumentos e dos cabos de leitura.
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CRITÉRIOS DE
SEGURANÇA UNIDADE IV
CAPÍTULO 1
Procedimentos de emergência
86
Critérios de segurança | Unidade IV
Fonte: Agência Nacional de Águas –Volume IV, Plano de Ação de Emergência (PAE), 2016.
Fonte: Agência Nacional de Águas –Volume IV, Plano de Ação de Emergência (PAE), 2016.
III.2 NOTIFICAÇÃO
Fonte: Agência Nacional de Águas –Volume IV, Plano de Ação de Emergência (PAE), 2016.
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Unidade IV | Critérios de segurança
Fonte: Agência Nacional de Águas –Volume IV, Plano de Ação de Emergência (PAE), 2016.
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Critérios de segurança | Unidade IV
Por isso, esse documento deve indicar as situações de potencial emergência que possam,
eventualmente, colocar em risco a estrutura da barragem, bem como deve estabelecer
ações para tais ocorrências e definir quais agentes e órgãos precisam ser notificados
nesses casos.
89
Unidade IV | Critérios de segurança
Em resumo:
» rupturas a montante;
» erosões regressivas;
» deslizamentos;
» sismos.
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Critérios de segurança | Unidade IV
Dentre os itens a serem elaborados, têm-se os estudos de cenários com seus mapas
associados. Esse estudo precisa ser qualificado para descrever da melhor forma possível
os cenários que podem ocorrer no caso de uma eventual ruptura de barragem, sendo
que devem ser descritos, no PAE, os métodos para esse estudo, que é de atribuição do
empreendedor.
Isto é, em alguns casos, barragens que têm potencial de risco para centenas e até milhares
de pessoas acabam sendo enquadradas na mesma categoria que outros barramentos
que possuem risco baixo à população.
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Unidade IV | Critérios de segurança
Conforme afirma a comissão supracitada, grande parte das causas de acidentes com
barramentos que acarretam consequências grandes, como o caso de tragédias com
perdas de vida, ocorreram em barragens com alturas inferiores a 30m. Por isso, esse
tipo de barragem é o foco dos profissionais ligados à segurança de barragens.
X = H 2 V < 200
Devido a essas dificuldades trazidas pela legislação pertinente, a própria ANA auxilia
na utilização de métodos mais simples para a realização do PAE em barramentos de
classe A com altura inferior a 15m e capacidade inferior a 3 x 106m³:
(X=H²√V < 390).
» a detecção;
» a tomada de decisão;
» a notificação.
» o alerta e alarme;
» a evacuação.
O principal objetivo desta zona é evitar danos maiores, ou seja, perda de vida humana.
A ZAS é a zona próxima da barragem, o alerta à população localizada neste território
é de responsabilidade e incumbência dos empreendedores (variando entre 5 e 10km).
93
Unidade IV | Critérios de segurança
O primeiro nível 3 representa um cenário de alerta e com maior rigor preventivo, sendo
responsabilidade do diretor do plano a decisão de informar ou não as comunidades
que estão a jusante e as autoridades, e isso dependerá da evolução de toda a ocorrência.
Eventos de ruptura de barragens podem ser considerados cada vez mais raros; há
a estimativa de que ocorra uma ruptura para cada 10 mil ou até 100 mil barragens.
94
Critérios de segurança | Unidade IV
Entretanto, é necessário prever tais ocorrências para que haja planejamento de ações
para redução desses eventos e, também, redução dos danos relativos a esse tipo de
evento caso ocorram.
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CAPÍTULO 2
Modos e causas de falhas
Qualquer tipo de barragem é associado a uma obra com alto potencial de risco, uma
vez que há sempre a possibilidade de ocorrência de colapsos nas suas estruturas, com
consequências ambientais e, principalmente, sociais.
Desde as barragens mais simples construídas por pequenos proprietários até as grandes
barragens de rejeito de grandes empreendimentos de mineração podem se romper,
trazendo prejuízos tanto individuais quanto sociais.
96
Critérios de segurança | Unidade IV
Esse ajuste não é o que conhecemos como calibração, mas, sim, um pressuposto
necessário para que o ajuste ocorra. Quando o ajuste do sistema de medição é realizado,
convém recalibrar todo o sistema.
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Unidade IV | Critérios de segurança
Os valores que são obtidos pela instrumentação instalada em uma barragem podem
apresentar uma variabilidade intrínseca, ou seja, para um mesmo parâmetro medido
mediante as mesmas condições de carregamento, é possível obter diferentes valores de
leitura e isso se deve a fatores associados aos próprios instrumentos, a fatores humanos
e a fatores de instalação e utilização.
É fato que os sistemas de medição que são instalados em barragens em operação são
importantes para a obtenção de informações sobre eventuais alterações operacionais
ou de comportamento dessas estruturas, que podem comprometer a segurança não
só do empreendimento, mas também de todo o ambiente.
O desafio é que ainda que haja estudos, os engenheiros responsáveis ainda lidam com
o desconhecido, uma vez que não é possível ter o controle total dos materiais a serem
trabalhados, pois, em geral, esses são uniformes, vêm de jazidas e áreas de empréstimo.
As medidas obtidas dos instrumentos podem apresentar erros. O erro total é o resultado
da diferença entre o valor de uma medição e o valor verdadeiro, sendo a soma do
erro sistemático (diferença entre a média das medidas executadas em condições de
repetitividade e o valor verdadeiro) com o erro aleatório (diferença entre uma medição
e a média das medidas executadas em condições de repetitividade).
A resolução deve ser distinguida do range, que especifica os valores máximos e mínimos
que o instrumento pode medir e do span, que é a amplitude do intervalo de leitura,
ou seja, a diferença aritmética entre esses valores máximos e mínimos. A Faixa de
Utilização define o intervalo em que se assume que o erro estará dentro dos limites
especificados ou aceitáveis para o seu processo.
99
Unidade IV | Critérios de segurança
As falhas que podem ser obtidas por meio da instrumentação baseiam-se na avaliação
de questões fundamentais, em que as respostas podem ser obtidas com a ajuda da
instrumentação.
Perguntas devem ser elaboradas para controle de falhas, como, questionar se a barragem
é estável ainda que sob a ação dos carregamentos esperados. Essas informações devem
ser avaliadas e analisar a possibilidade de falhas da informação e as causas dessa falha
na informação.
Outro item importante na estabilidade das estruturas que pode ser verificado pela
instrumentação é a questão de como as deformações são aceitáveis para os carregamentos
esperados. A instrumentação adequada pode avaliar e valores correlatos podem
direcionar a erros de leitura ou falhas nos instrumentos devido a avarias em campo.
Outras questões que podem ser colocadas são se a quantidade de percolação pelo maciço
é aceitável dentro dos parâmetros de projeto; se essa percolação ocorre de maneira a
não acarretar erosão interna da fundação ou do maciço; se a borda livre é ideal para
evitar o transbordamento durante a passagem da cheia de projeto, entre outras questões.
100
Critérios de segurança | Unidade IV
Todas essas informações, se forem objeto de leituras, indicam que falhas podem gerar
grandes transtornos operacionais ao empreendimento. As falhas na instrumentação
devem ser um alerta antecipado de mudanças que podem comprometer a integridade
da barragem.
» falhas de construção;
101
Unidade IV | Critérios de segurança
uma anomalia não pode ser detectada porque a instrumentação não tem sensibilidade
suficiente ou não foi instalada no lugar adequado.
A análise de risco é também uma ferramenta útil para avaliar os riscos e as causas de
falhas da instrumentação relacionados às diversas fases de vida de uma barragem.
A definição de todas as falhas envolvidas não é fácil e imediata, com exceção das falhas
mais óbvias, decorrentes dos casos mais frequentes de danos na instrumentação,
presentes nas estatísticas.
Esse controle de causa de falhas tem como objetivo fornecer uma avaliação das leituras
de controle do comportamento da barragem, possibilitando verificar se estão dentro
de parâmetros considerados aceitáveis. Dispor das informações de auscultação básicas
da barragem é importante para poder avaliar seu comportamento.
102
Critérios de segurança | Unidade IV
Para uma boa análise das causas de riscos, é muito importante analisar rapidamente e
cuidadosamente os resultados das leituras. Uma vez obtida a totalidade dos dados da
campanha, deverá ser realizada uma primeira análise, expedido e emitido um Laudo
Técnico, apontando eventuais anormalidades, avaliando os possíveis riscos para a
segurança e as medidas necessárias.
Para isso, as leituras devem ser verificadas quanto a sua coerência com as anteriores e com
os limites previstos. Uma pré-análise dos resultados deve ser efetuada imediatamente
após a realização das leituras. As causas de comportamentos anormais ou inesperados
devem ser esclarecidas sem demora e as medidas necessárias devem ser tomadas
rapidamente.
Uma barragem não pode ser considerada bem instrumentada e sem falhas dos
instrumentos ou de leitura se não forem cumpridos requisitos de segurança, proteção,
inspeção e monitoramento dos instrumentos com vistas a evitar falhas operacionais.
103
CAPÍTULO 3
Elementos a serem vistoriados
Qual a diretriz a ser adotada pelo empreendedor de uma barragem para garantir leituras
corretas e realizar um plano de manutenção preventiva, corretiva e calibração desses
instrumentos?
Uma alternativa pode ser a decisão de somente os instrumentos que mediam variáveis
que afetavam diretamente a segurança da barragem seriam calibrados e o erro máximo
admissível na calibração seriam aqueles estipulados pelos fabricantes.
104
Critérios de segurança | Unidade IV
O autor Rosolem et al. (2017), em seu estudo, indicou alguns resultados relativos à
instrumentação automatizada e manual comparados ao longo de um ano, em duas
Usinas Hidroelétricas (UHE): Foz de Chapecó e Barra Grande.
Conforme técnicos e estudos do setor afirmam, nas fases iniciais, é comum a ocorrência
de problemas, como medições incorretas e mau funcionamento de sensores, sendo que
há a perspectiva de até cinco anos para que seja constatado o correto funcionamento
destes sensores.
Esse período de teste pode variar entre 2 e 5 anos para que haja uma eficácia comprovada
da instrumentação automatizada (ROSOLEM et al., 2017). Ao longo desse período,
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Unidade IV | Critérios de segurança
Uma vez que cada barragem é uma estrutura única, o planejamento do monitoramento
deve refletir as necessidades de cada barragem individualmente e, tendo isso em mente,
pode-se dizer que os elementos para um plano de instrumentação, monitoramento e
controle da segurança de uma barragem (ASCE, 2000).
Segundo o USACE (1995), o primeiro passo para selecionar os tipos de dados a serem
coletados constitui a identificação das zonas de fraquezas e das áreas de sensibilidade
da barragem, suas fundações e ombreiras por um engenheiro geotécnico qualificado.
Estudo de caso
Sempre ouvi uma frase, que pode ser forte, mas é fato: “Acerto é obrigação e erro
é punição”. Os erros na engenharia são lições que não devem ser menosprezadas
nem esquecidas. Apresentamos um estudo de caso de um acidente geotécnico, suas
consequências e lições aprendidas.
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Unidade IV | Critérios de segurança
Apresentação do caso
Esse acidente alertou o meio técnico para as falhas e suas consequências, o que
levou os profissionais da geotecnia a aprofundarem os conceitos e estudos técnicos,
objetivando identificar e corrigir a tempo, para que falhas similares não tornassem
a ocorrer.
Essas análises e esses estudos contribuíram para a melhoria dos processos de cálculos,
técnicas construtivas, tecnologias avançadas e metodologias utilizados na construção
e operação de obras similares de aterros em solo.
Os estudos técnicos
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Critérios de segurança | Unidade IV
Os aterros concebidos para as barragens não podem nunca romper, pois uma falha
estrutural gera danos incalculáveis para o empreendimento, para o meio ambiente e
para a população do entorno.
Instrumentação geotécnica
» as vazões de drenos;
» geometria do projeto;
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Critérios de segurança | Unidade IV
Com o avanço da tecnologia, as técnicas de obtenção das leituras têm a opção de ser
por medidas telemetria, radar ou mesmo os drones.
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Unidade IV | Critérios de segurança
Conclusão
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REFERÊNCIAS
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Referências
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Referências
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