Ebook - Analise Textual Discursiva PDF
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É proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem a expressa autorização dos
autores e/ou organizadores.
Editor científico
Décio Nascimento Guimarães
Editora adjunta
Gisele Pessin
Coordenadoria técnica
Gisele Pessin
Fernanda Castro Manhães
Design
Nadini Mádhava
Foto de capa: Nadini Mádhava
Assistente de revisão
Tassiane Ribeiro
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-88977-79-8
22-116777 CDD-401.41
Índices para catálogo sistemático:
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
Sumário
Prefácio............................................................................................................10
Maria do Carmo Galiazzi
Apresentação................................................................................................ 15
Parte 1......................................................................................................... 17
7
3.2 Diretrizes e direitos: uma análise textual discursiva da Lei
Berenice Piana................................................................................................72
Ariane Alves Gutierrez
Danilo Almeida Souza
8
3.10 A importância da valorização da pergunta do educando
como desveladora da realidade..............................................................200
Thaís Andressa Lopes de Oliveira
9
Prefácio
Este livro traz elementos autorais importantes, seja dos pesquisadores que
abordaram os procedimentos da ATD, seja por trazerem experiências inten-
samente vividas com o Prof. Roque Moraes. O modo como os organizadores
apresentam o e-book é um convite à leitura. As figuras com precisão mar-
cando as etapas, ilustrações exemplificadoras dos movimentos mostram o
zelo dos autores no processo. Sim, se a ATD é um processo ontológico, exige
imersão e cuidado.
10
O livro também traz o estado da arte em teses que formam pesquisadores
em que os autores expressam a dialética do movimento de que nada será
como está ou será, lembrando de Heráclito. O que chama atenção, também
em um viés próximo do que o Prof. Roque Moraes desenvolvia, era o ensejo
à escrita, e a segunda parte do livro a isso se dedica. Se a primeira parte esta-
belece um diálogo com autores que se inserem no aprofundamento desta me-
todologia a segunda parte vai trazer o exercício de escrita dos participantes.
Nesta parte é o que o livro se abre em paisagens, que, para quem pro-
pôs a metodologia juntamente com o Prof. Roque — e esta história já contei
em outros textos, por isso não cabe aqui repeti-la —, inicia com a escrita
de uma autora pertencente a uma comunidade quilombola. As questões de
pesquisa apresentadas são instigantes, como também todo o detalhamento
dos procedimentos da pesquisa. Na leitura deste texto, existe uma afirmativa
de um estudante que diz que todos nós temos as mesmas coisas por dentro
se referindo a órgãos e sistemas. O mesmo estudante afirma que tudo que
aprendeu foi por causa da professora. Para quem é professora, esta afirmativa
é encantadora, embora saibamos que nem de perto temos este poder de tudo
o que uma pessoa sabe a um professor se dever. Claro, sei ao que se refere o
estudante, mas remeto à crítica que a autora faz sobre o ensino desse corpo
nas aulas de Ciências em Biologia, um ensino que precisa avançar em direção
às contribuições do povo e da cultura africana, bem como dos povos originá-
rios, para a formação do Brasil.
O segundo texto foca na Lei Berenice Piana. Eu, antes de ler este livro,
não sabia dessa lei. Quem me lê neste diálogo com a obra sabe ao que ela se
refere e a quem pretende proteger? Cumpre-se minimante o que está prescri-
to na lei? Não vou dar a resposta, pois o texto leva a pensar sobre as políticas
públicas importantes e que merecem muita atenção. E como algumas políti-
cas públicas têm sido desmontadas neste período sombrio que vivemos!
11
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
O próximo texto traz a palavra entrelinhas. Não nos chama à leitura essa
linda palavra que leva a mergulhar na hermenêutica? Aproveito para reme-
morar este trecho da ATD:
12
Prefácio
Para mim, um encontro ainda mais potente com pesquisas sobre cartas
em seu nome acadêmico: epistelografia! O texto da epístola 17 merece aten-
ção. “Não deveis rejeitar tal proposta”, está na epístola. E depois a análise.
Um deleite, e vocês podem ver a prova disto, copiando aqui parte da carta,
para dizer o que eu quero, é que o e-book seja lido atentamente. Terá Hilde-
brando cometido todos aqueles pecados? Eu diria que não.
1 MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise Textual Discursiva. 3. ed. Ijuí:
Unijuí, 2016. 264 p. (Coleção Educação em Ciências)
13
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
O último texto parece que conversa comigo, não só pela ATD, mas me ensi-
na sobre as cartas pedagógicas que venho escrevendo em processos de formação
continuada há uma década. Está no texto a metáfora do mosaico sobre aprender
a ser professor. O texto vai ensinando o que são as cartas pedagógicas e analisa
uma das 13 cartas recebidas como proposição em uma disciplina ministrada
pela autora do texto: a carta de Attilio, futuro professor de Química. Texto que
unitariza e categoriza de um modo original como se pretende que a ATD seja.
Que cada autor faça a sua ATD de modo que seja diferente dos processos analí-
ticos de outros autores, no entanto, que conserve os elementos estruturantes de
unitarização e categorização, sem esquecer da produção de metatextos.
Com a descrição mesmo que breve de cada texto, tive por objetivo mostrar
as paisagens que se estruturaram como imagens das mais diversas. Foram ao
longo da leitura sendo compostos mosaicos densos, ricos, alguns mostrando
detalhadamente as buscas pelas peças para compor as paisagens, outros den-
samente articulados a referenciais teóricos. Em todos eles se expressa essa
autoria, em que a escrita se constitui em artefato que mostra os diferentes
exercícios de ATD desenvolvidos por seus autores. Parabéns aos professores
Arthur e Valéria e aos estudantes, que somos todos, de ATD!
Maio de 2022
Prof.ª Maria do Carmo Galiazzi
14
Apresentação
15
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Espera-se que esta obra seja um convite à ação e à reflexão sobre as múl-
tiplas possibilidades advindas da ATD, esta metodologia envolvente em que
“o próprio pesquisador é afetado e transformado, fazendo com que se assuma
cada vez mais sujeito e autor ao longo de sua pesquisa e análise” (MORAES;
GALIAZZI, 2016, p. 214). E aí, aceitam o convite? Desejosos de que a res-
posta seja um entoante “sim”, fica registrado nosso agradecimento a todos
que integram esta presente obra!
Os organizadores.
Fevereiro de 2022.
16
Parte 1
17
1. Procedimentos da Análise Textual
Discursiva: considerações iniciais
Arthur Rezende da Silva
Valéria de Souza Marcelino
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.1
18
Quadro 1 – Exemplo de análise textual discursiva de um livro
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Unidades de
Exame detalhado análise ou de
do texto (corpus) e significado =
1º Unidades
Passo fragmentação do
mesmo Empíricas
Cada unidade
O pesquisador deve receber um
escolhe até que código e um
ponto irá �tulo que
fragmentar represente bem a
ideia
A unidade pode
ser reescrita
20
1. Procedimentos da Análise Textual Discursiva: considerações iniciais
A par�r das
2º unidades ob�das ir Unidades teóricas
Passo à procura de
interlocutores teóricos
As unidades
Produzir “fichas” devem ser
para cada autor: reescritas e esta
referência/ nova unidade
unidade com receberá código
código/página indicando isto
21
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Estabelecer relações
3º entre as unidades Categorias
empíricas e teóricas emergentes
Passo
e organizá-las
separadamente
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1. Procedimentos da Análise Textual Discursiva: considerações iniciais
Essa foi uma reflexão (feita por mim) sobre o processo de construção de um meta-
texto. Está no livro Aprendentes do Aprender (GALIAZZI, RAMOS, ROQUE, 2021, p.
145), originalmente foi escrito em um e-mail para a prof Maria do Carmo, quando eu
cursei a disciplina na FURG.
Para construir o metatexto segui os seguintes passos:
Li e reli todas as unidades que ficaram sob minha responsabilidade, aprender por
construção e reconstrução;
percebi que havia entre essas unidades algumas que abordavam assuntos ou aspec-
tos diferentes e, então, separei em 3 grupos:
- unidades que falavam da ideia de aprender por construção e reconstrução somen-
te, - - - unidades que falavam de aprender por construção e reconstrução em espa-
ços formais de ensino (escola) e
- unidades que falavam de aprender por construção e reconstrução especificamente
no ensino de Ciências ou Química;
li as outras unidades das categorias dos outros colegas e encontrei algumas que me
interessavam, fui incluindo essas unidades nos 3 grupos que havia separado;
juntei e reorganizei as unidades de forma que elas se estruturassem como um texto
(parte mais demorada e recursiva). Escrevi uma introdução explicando minha or-
ganização do texto em 3 partes. Escrevi cada uma dessas 3 partes com as unidades
reorganizadas, reescritas e entrelaçadas, de forma que surgisse sentido e justifica-
tivas para o texto. Cada argumento foi sustentado com as unidades de colegas e de
autores, que usei algumas vezes como citação. No final fiz uma conclusão do traba-
lho revendo os principais pontos abordados no texto. Esse longo processo me levou
a ficar alguns dias envolvida exclusivamente com esse trabalho e tenho a certeza de
que se for reler tudo vou mudar muitas coisas.
Minha impressão do processo foi a de que é necessário um envolvimento muito in-
tenso e exclusivo, se for de outra forma, penso que o resultado não será satisfatório.
É necessário reler e reescrever muitas vezes as unidades e o texto produzido e ainda
refletir muito sobre o tema e o processo. Diversas vezes acordei à noite pensando
no texto e anotei as ideias. Por fim, achei o processo desafiador (escrever é difícil) e
envolvente (não dá vontade de parar).
Valéria de Souza Marcelino
23
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
ANÁLISE
TEXTUAL
DISCURSIVA
processo realizado a par�r
de três momentos recursivos
UNITARIZAÇÃO
DO CORPUS
CATEGORIZAÇÃO
movimento recursivo
COMUNICAÇÃO
24
1. Procedimentos da Análise Textual Discursiva: considerações iniciais
25
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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1. Procedimentos da Análise Textual Discursiva: considerações iniciais
Autor 06 - SCHÖN, D.A. Educando o profissional reflexivo. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Os problemas do co�diano dos professores vão muito além do que eles conseguem
administrar baseados naquilo que aprenderam na sua formação inicial, além das
questões salariais e das más condições de trabalho, ainda precisam lidar com a falta de
mo�vação por parte dos alunos; com as crescentes inovações tecnológicas e cien�ficas,
que exigem uma constante atualização de seus conhecimentos; com alunos que têm
acesso à informações em rede/globalizadas, muitas vezes mais rapidamente do que o
próprio professor; Como eles têm conseguido conviver com esses problemas em sua
profissão? O que eles fazem (ou não fazem) para tentar resolver esses problemas?
27
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
28
1. Procedimentos da Análise Textual Discursiva: considerações iniciais
A identidade dos
Insatisfação, crise
professores
As condições estruturais
Falta de estrutura, más
e de funcionamento da
condições
escola
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Formação para
Finalidade do ensino de
cidadania versus aulas
química
tradicionais
Conteúdos minis-
Conteúdos de química
trados de forma
ministrados
tradicional
Baixos resultados em
avaliações de larga
Avaliação nas aulas de química
escala e modelo de
ensino tradicional
30
1. Procedimentos da Análise Textual Discursiva: considerações iniciais
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
32
1. Procedimentos da Análise Textual Discursiva: considerações iniciais
"Como professora da rede estadual acho que seria necessário mais acesso às
técnicas experimentais", relata a professora MC, enquanto a professora RC diz:
"penso que a grade deveria abordar aulas experimentais equivalente a grade atual.
Disponibilização de laboratórios nas escolas públicas como também capacitações
de práticas laboratoriais".
Nas escolas estaduais constatamos a existência do espaço físico para o laboratório
de ciências, mas este não possui condições estruturais para que as aulas experimen-
tais sejam ministradas, como relata a professora JA, é "preciso ativar os laboratórios e
disponibilizar material para trabalhar nos mesmos, prática e teoria é o ideal".
A professora F declara
não aqui não tem muito recurso né... parece que tá montando o laboratório de
Química... que vai ser a melhor maneira de explicar a Química do dia a dia... é mais
uma aula tradicional... tem quadro... giz... e trabalho... e prova... (professora F)
Precisamos levar dois aspectos em consideração acerca do uso da experimen-
tação no ensino de química. O primeiro aspecto diz respeito à ideia que os profes-
sores têm sobre laboratório como lugar como o lugar das atividades experimentais,
esse é um entendimento dos professores que precisa ser problematizado, pois as
atividades experimentais escolares não necessitam obrigatoriamente de um es-
paço sofisticado, embora se reconheça sua importância (GONÇALVES et al, 2005).
Muito tem se discutido sobre as atividades experimentais, tendo em vista que a
ideia predominante entre os professores é que esse tipo de atividade é essencial
para um bom ensino, apesar de não existir um consenso acerca dos objetivos des-
tas que podem ser motivacionais, ou desenvolvimento de habilidades de laborató-
rio ou ainda desenvolvimento de atitudes científicas. O que precisamos ressaltar
é que muito tem sido produzido sobre o uso de materiais alternativos e de baixo
custo nas aulas experimentais, sendo assim essa obrigatoriedade da existência de
um laboratório equipado não é fundamentada (ROSITO, 2008).
33
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Referências
GALIAZZI, Maria do Carmo; RAMOS, Maurivan Güntzel; MORAES, Roque. Apren-
dentes do Aprender: Um Exercício de Análise Textual Discursiva. Ijuí: Unijuí, 2021.
GUIMARÃES, Gleny Terezinha Duro; PAULA, Marlúbia Corrêa de. Análise textual dis-
cursiva: entre a análise de conteúdo e a análise de discurso. Pesquisa Qualitativa, [s.
l.], v. 8, n. 19, p. 677-705, 2020. DOI: https://doi.org/10.33361/RPQ.2020.v.8.n.19.380.
Disponível em: https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/380/233. Acesso em: 23
jun. 2022.
34
1. Procedimentos da Análise Textual Discursiva: considerações iniciais
35
2. A Análise Textual Discursiva e
as pesquisas na área de educação:
apontamentos e reflexões1
Arthur Rezende da Silva
Valéria de Souza Marcelino
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.2
Introdução
“O que é uma boa pesquisa na área educacional?” “Há um padrão de qua-
lidade?” Essas são algumas das questões que inquietam os pesquisadores na
área de educação. Pautando-nos no pensamento de André (2001), que proble-
matiza o rumo da pesquisa em educação no Brasil, situando as mudanças que
ocorreram no campo, destaca-se, segundo a autora, o crescimento dos estu-
dos qualitativos. Tais estudos buscam se debruçar mais no cotidiano escolar,
havendo, portanto, uma valorização do olhar “de dentro” do pesquisador, a
partir de estudos do tipo etnográfico, pesquisa participante, estudos de caso,
pesquisa-ação, análise de discurso e de narrativas, histórias de vida, dentre
outras. Assim, surgem “muitos trabalhos em que se analisa a experiência do
1 Este capítulo é uma versão ampliada do texto: SILVA, Arthur Rezende; MARCELINO,
Valéria de Souza. A Análise textual discursiva enquanto um cenário viável para as pes-
quisas qualitativas na área de educação. Intersaberes, [s. l.], v. 17, n. 40, p. 114-130, 2022.
Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/
view/2277. Acesso em: 02 jul. 2022.
36
próprio pesquisador ou em que este desenvolve a pesquisa com a colaboração
dos participantes” (ANDRÉ, 2001, p. 54).
37
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
38
2. A Análise Textual Discursiva e as pesquisas na
área de educação: apontamentos e reflexões
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
40
2. A Análise Textual Discursiva e as pesquisas na
área de educação: apontamentos e reflexões
41
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
42
2. A Análise Textual Discursiva e as pesquisas na
área de educação: apontamentos e reflexões
A escolha por esse período se deve ao fato de que a própria CAPES asseve-
rou que, na área de Educação, o foco foram os cursos de doutorado, uma vez
que a capacitação de doutores é condição essencial para a ampliação do sistema
de pós-graduação como um todo. É válido ressaltar que a quadrienal de 2019
constatou o aumento no número de programas de doutorado. Isso porque a pró-
pria CAPES evidenciou a evolução do número de pós-graduação em educação
em torno de 136% entre os anos de 2017 e 2019 (BRASIL, 2019).
O corpus foi delimitado a partir das teses selecionadas (quadro 1), das
quais escolhemos analisar seus resumos, isso por conta da limitação pró-
pria da pesquisa. Após a análise dos resumos das teses levantadas pelo
BTD da CAPES, verificando a relação das produções acadêmicas com a
ATD, temos a seguir um quadro para organização inicial, que culmina com
a construção dos metatextos:
43
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
FREITAS, Fla-
Gestão escolar e inclusão: efeitos de um programa
2019 viane Pelloso
de formação’
Molina.
POZZA,
2019 Motivação docente para educação inclusiva
Mariangela
44
2. A Análise Textual Discursiva e as pesquisas na
área de educação: apontamentos e reflexões
45
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
O que se mostrou como compreensão mais evidente foi o mesmo que nos
indica o documento mais recente produzido pela CAPES (BRASIL, 2019),
o qual afirma que a área de Educação é, por natureza, interdisciplinar, pois
articula diferentes campos de conhecimento em torno de seu objeto. Encon-
tramos estudos sobre: a importância de ações da área de Gestão de Pessoas
para o bem-estar docente (PESSANO, 2020); a relação da prática esportiva,
o futebol, com a prática educativa (ROTTMANN, 2019); a biblioteca como
promotora do conhecimento (OLIVEIRA, 2020); os modelos de formação de
bacharéis (USTARROZ, 2020); os modos de atuação docente dos professores
orientadores dos estágios curriculares supervisionados obrigatórios na área
da saúde (ROVEDA, 2019), narrativas de vida de jovens que que estiveram/
estão expostos à vulnerabilidade social (PINTO, 2019) e a docência na área
específica das Ciências Administrativas (COELHO JUNIOR, 2018).
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2. A Análise Textual Discursiva e as pesquisas na
área de educação: apontamentos e reflexões
47
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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2. A Análise Textual Discursiva e as pesquisas na
área de educação: apontamentos e reflexões
Considerações finais
Este trabalho propôs uma pesquisa do tipo estado da arte a fim de in-
vestigar teses de doutorado no campo da educação que tenham feito uso da
ATD enquanto metodologia qualitativa para análise de dados. Como questão
norteadora, tem-se o seguinte: O que apontam as pesquisas dos programas
de doutorado em Educação cuja escolha metodológica foi a ATD? O percurso
metodológico foi o de realizar o estado do conhecimento de algumas teses
49
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Referências
ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: buscando rigor e qualidade. Cadernos de Pes-
quisa, [s. l.], n. 113, p. 51-64, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/Tw-
VDtwynCDrc5VHvGG9hzDw/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 11.out.2021
ANTIQUEIRA, Liliane Silva de; MACHADO, Celiane Costa. Análise textual discursi-
va na pesquisa sobre formação de professores de matemática. Pesquisa Qualitati-
va, São Paulo, v. 8, n. 19, p. 863-888, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.33361/
RPQ.2020.v.8.n.19.360. Acesso em: 14 out. 2021
50
2. A Análise Textual Discursiva e as pesquisas na
área de educação: apontamentos e reflexões
BACILA, Maria Silvia. Cidades Educadoras: um estado da arte entre 1990 e 2020 e a
relação com a educação formal. Intersaberes, [s. l.], v. 16, n. 39, p. 1034-1048, 4 out.
2021. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revis-
ta/article/view/2207. Acesso em: 12 out. 2021.
BARCELLOS, Veronica Cunha; BORGES, Daniele; TAUCHEN, Gionara. Avaliação da
aprendizagem escolar: contexto histórico e suas pesquisas. Intersaberes, [s. l.], v.
14, n. 31, p. 240-259, 27 abr. 2019. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/
intersaberes/index.php/revista/article/view/240. Acesso em: 12 out. 2021.
BASSO, Elsa Monica Bonito. Experiência Literária no Ensino Médio: estudo compa-
rado Brasil-Uruguai. 2020. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de Caxias
do Sul, Caxias do Sul, 2020.
BICUDO, Maria Aparecida Viggiane. A pesquisa qualitativa fenomenológica: interro-
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Bicudo (org.). Pesquisa qualitativa segundo a visão fenomenológica. 1. ed. São
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Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/educacao-doc-
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BRASIL. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior. EDITAL CAPES nº 06/2018. Programa Residência Pedagógica. Chamada
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Residência Pedagógica. Brasília, DF: CAPES, 2018. Disponível em: http://cfp.ufcg.edu.br/
portal/images/conteudo/PROGRAMA_RESIDENCIA_PEDAGOGICA/DOCUMEN-
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em: 28 out. 2021.
COELHO JUNIOR, Joao Carlos. (Auto) Formação e Saberes Docentes no Desenvolvi-
mento Profissional do professor Administrador: entre as ciências administrativas
e da educação. 2018. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa
Maria, Santa Maria, 2018.
CONCEIÇÃO, Sheilla Silva da. Processos Híbridos de Ensino-Aprendizagem: uma
análise por meio do dispositivo ssc. 2020. Tese (Doutorado em Educação) – Funda-
ção Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2020.
FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas “estado da arte”.
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https://www.scielo.br/j/es/a/vPsyhSBW4xJT48FfrdCtqfp/?format=pdf&lang=pt. Aces-
so em: 12 out. 2021.
FONTOURA, Julian Silveira Diogo de Avila. A Qualidade Social da Educação Supe-
rior no Contexto Emergente dos Institutos Federais: uma abordagem na perspec-
tiva da política pública. 2021. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade do Vale
do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2021.
51
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
52
2. A Análise Textual Discursiva e as pesquisas na
área de educação: apontamentos e reflexões
53
Parte 2: Produções dos cursistas
54
3. Atividades produzidas a partir do
corpus de pesquisas em andamento
55
3.1 A educação escolar para formação
da consciência crítica
Andréa de Souza Brito
Nilcimar dos Santos Souza
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.1
56
Considerações iniciais
Inicio esse tópico colocando-me não somente como pesquisadora, mas
também como pertencente à Comunidade Quilombola Maria Romana e pes-
soa com várias outras identidades construídas ao longo dos anos. Minhas
vivências, crenças, conhecimentos, científicos ou não, andam lado a lado na
construção deste texto.
57
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Referencial de análise
O referencial escolhido para a análise é o da Análise Textual Discursiva
(ATD) de Roque Moraes e Maria do Carmo Galiazzi (2016). Eles discutem a
58
3.1 A educação escolar para formação da consciência crítica
ATD como uma análise de natureza qualitativa, com intuito de elaborar novos
entendimentos sobre o fenômeno e discurso. Ela se encontra entre a Análise do
Discurso e do Conteúdo, posicionando-se de forma diferente dessas no campo
interpretativo de caráter hermenêutico. Possui como característica as inúmeras
formas de perceber o mesmo fenômeno (MORAES; GALIAZZI, 2016).
Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida com quatro estudantes, com idade entre 14 e
16 anos, matriculados no 8º e 9º anos do ensino fundamental e no 1º ano do
ensino médio da rede pública de ensino de Cabo Frio (RJ). Esses estudantes
são originários da Comunidade Quilombola Maria Romana e residem dentro
do quilombo ou no seu entorno.
59
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
60
3.1 A educação escolar para formação da consciência crítica
Código Significado
Q Representa a questão.
61
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Código e unidade
Categoria ini-
de sentido do Título e código Unidade teórica
cial (a priori)
corpus
O essencial para
cada povo é reen-
contrar o fio condu-
tor que o liga a seu
passado ancestral
o mais longínquo
possível. A cons-
ciência histórica,
Q1.PA.UE - Eu não pelo sentimento de
sei explicar o que é coesão que ela cria,
ser quilombola, na constitui uma rela-
verdade eu tenho ção de segurança a
muito orgulho de mais certa e a mais
saber que os meus sólida para o povo
ascendentes luta- (MUNANGA, 2012,
ram por tudo o que n. p.). Identidade e
T1- Identidade
temos hoje. pertencimento
quilombola (...) acreditamos na quilombola.
Q1.PB.UE - Ser reinvenção de nós
quilombola é não mesmos e de nossa
negar suas próprias história. Reinven-
raízes e fazer parte ção de um caminho
das atividades afro-brasileiro de
propostas pela vida fundado em
comunidade. experiência histó-
rica, na utilização
do conhecimento
crítico e inventivo
de suas instituições
golpeadas pelo co-
lonialismo e o racis-
mo (NASCIMENTO,
1980, p. 262).
62
3.1 A educação escolar para formação da consciência crítica
Os quilombolas
dos séculos XV,
XVI, XVII, XVIII e
XIX nos legaram
um patrimônio de
prática quilombista.
Cumpre aos negros
atuais manter e
ampliar a cultura
afro-brasileira de
Q1.PC.UE - Ser qui-
resistência ao geno-
lombola é motivo
cídio e de afirmação
de muito orgulho.
da sua verdade.
Q1.PD.UE - É ser Um método de
muito honrado. análise, compreen-
Ver o que os são e definição de
antepassados uma experiência
lutaram, que eles concreta, o quilom-
enfrentaram, a bismo expressa a Identidade e
T1- Identidade
coragem. O que ciência do sangue pertencimento
quilombola
eles conquistaram escravo, do suor quilombola
e deixaram para que este derramou
nós hoje. É uma enquanto pés e
honra muito mãos edificadores
grande. Tem da economia deste
muita gente sente país (NASCIMENTO,
vergonha. Mas, eu 1980, p. 264).
me sinto honrado
Haverá erros ou
em ser.
equívocos inevitá-
veis em nossa busca
de racionalidade do
nosso sistema de
valores, em nosso
esforço de auto-
definição de nós
mesmos e de nosso
caminho futuro.
Não importa.
63
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Durante séculos
temos carregado o
peso dos crimes e
dos erros eurocen-
trismo (científico),
os seus dogmas
impostos em nossa
carne como marcas
ígneas da verdade
definitiva. Agora
devolvemos ao
obstinado seg-
mento (branco) da
sociedade brasileira
as suas mentiras, a
sua ideologia de su-
premacia europeu,
a lavagem cerebral
que pretendia tirar a
nossa humanidade,
a nossa identidade,
a nossa dignidade,
a nossa liberdade
(NASCIMENTO,
1980, p. 262).
64
3.1 A educação escolar para formação da consciência crítica
Código e unida-
Título e Categoria
de de sentido do Unidade teórica
código final (mistas)
corpus
Q4.PC.UE - Sobre
ossos, músculos e Precisamos e devemos
órgãos. codificar nossa expe-
Q4.PD.UE - Sobre riência por nós mes-
partes intimas, es- mos, sistematizá-las,
A educação
sas coisas, eu tenho interpreta-las e tirar
escolar para a
vergonha de falar. T2- Educa- desse ato todas as li-
formação da
Q5.PB.UE - Que ção escolar ções teóricas e práticas
consciência
cada pessoa tem conforme a perspectiva
crítica
um jeito, diferentes exclusiva dos interes-
origens étnicas, ses das massas negras
mais que devemos e de sua respectiva
lembrar que somos visão de futuro.
todos iguais.
65
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Q5.PC.UE - Todos
nós temos as mes-
mas coisas por den-
tro, ossos, coração,
sangue. Mas, por
fora é diferente.
Tem diferentes
tipos de aparência,
tem o corpo que é
saudável e o que
não é. Diferentes
tipos de pele e Esta se apresenta
cabelo. como a tarefa da atual
Q6.PA.UE - Tudo geração afro-brasilei-
que eu aprendi, e ra: edificar a ciência
o que eu penso, histórico-humanista do
foi por causa de quilombismo (NASCI-
professores, e dos MENTO, 1980, p. 263).
livros.
Q6.PB.UE - Sim,
por que aprende-
mos muitas coisas
que não sabemos
sobre o corpo, e
é de lá (escola ou
livro didático) que
tiramos todos os
conhecimentos que
temos.
Metatexto
Categoria 1: Identidade e pertencimento quilombola
Munanga discorre em seu texto Negritude e uso dos sentidos (2012) que
a identidade negra no Brasil é um campo muito complexo e engloba fatores
culturais, linguísticos, psicológicos, históricos, político-ideológicos e raciais.
Fato é que os negros do Brasil vivem em contextos socioculturais diferentes,
e, por causa dessa diversidade, ele não acredita que seja possível construir
66
3.1 A educação escolar para formação da consciência crítica
Consideramos trechos do que foi falado pelos estudantes como fator his-
tórico definido por Munanga (2012). O que é ser quilombola para você? Tre-
chos das entrevistas:
67
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
1 Ele disse que aprendeu sobre células e genética como conteúdo associado ao negro, mas
não lembrava para explicar.
68
3.1 A educação escolar para formação da consciência crítica
Acreditamos que o material didático de Ciências utilizado por eles não fa-
vorece discussões relacionadas ao corpo humano nesse sentido. Além disso,
consideramos que o material didático não favorece aos estudantes quilombo-
las uma memória crítica, mas sim uma memória mágica no nível dos desejos
e/ou motivações que, de acordo com Cuellar (2015), é compreendida pelo
encantamento e identificação do sujeito pela realidade, mas sem submetê-la à
reflexão, sem compreendê-la criticamente e sem buscar transformá-la. Ela é
manipulada pelas classes dominantes. “É uma espécie de encantamento mís-
tico, em que o sujeito desconhece sua realidade concreta de existência e seu
desejo se afasta de reivindicações de transformação histórica” (CUELLAR,
2015. p. 129, tradução nossa).
Sobre sua percepção, existe alguma relação com o que é ensinado na es-
cola e/ou livro didático de ciências?
Q6.PA.UE - Tudo que eu aprendi, e o que eu penso, foi
por causa de professores, e dos livros.
Q6.PB.UE - Sim, por que aprendemos muitas coisas que
não sabemos sobre o corpo, e é de lá [escola ou livro di-
dático] que tiramos todos os conhecimentos que temos.
69
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Considerações finais
70
3.1 A educação escolar para formação da consciência crítica
Referências
BRITO, A. de S. Tornar-se. Abatirá – Revista De Ciências Humanas E Linguagens,
[s. l.], v. 2, n. 4, p. 857-861, 2021. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.
php/abatira/article/view/11647. Acesso em: 01 jun. 2022.
CUELLAR, E. B. Del discurso encantador a la práxis liberadora. Psicología de la libera-
ción: Aportes para la construcción de una psicología desde el sur. Bogotá, Colombia:
Ediciones Cátedra Libre, 2015.
GOMES. N. L. Sem perder a raiz: Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra.
3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
MIRANDA, Shirley Aparecida. Quilombos e Educação: identidades em disputa. Edu-
car em Revista, v.34, n.69, p.193-207, 2018
MORAES, R.; GALIAZZI, M. C. Análise textual discursiva. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2016.
MUNANGA, K. Negritude: usos e sentidos. 3. ed. 1. reimp. Belo Horizonte: Autêntica,
2012. (Coleção Cultura Negra e Identidades).
NASCIMENTO, A. O Quilombismo: Documento de uma militância pan-africana. Pe-
trópolis: Vozes, 1980.
71
3.2 Diretrizes e direitos: uma análise
textual discursiva da Lei Berenice Piana
Ariane Alves Gutierrez
Danilo Almeida Souza
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.2
72
Considerações iniciais
73
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
74
3.2 Diretrizes e direitos: uma análise textual
discursiva da Lei Berenice Piana
Corpus
A Lei Berenice Piana (BRASIL, 2012) traz muitas contribuições impor-
tantes a serem observadas. Ela está dividida em oito artigos, sendo o art. 2º
encarregado de trazer as diretrizes que garantem os direitos da Pessoa com
TEA (BRASIL, 2012). O art. 2º está dividido em oito incisos, sendo o in-
ciso IV vetado posteriormente. Para iniciar a análise de cada inciso, foram
estabelecidos códigos de identificação com as iniciais LB (de Lei Berenice),
seguidos da numeração correspondente ao inciso. Além disso, cada inciso
recebeu uma cor diferente para facilitar a identificação, como será exposto
no quadro a seguir.
LB04 VETADO
75
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Unitarização
Para cada unidade estabelecida, foram adotados códigos que fazem refe-
rência ao corpus descrito acima, acrescentando a letra ‘A’ que corresponde à
uma espécie de ordem cronológica, seguida de numeração correspondente ao
número da unidade.
LB01A1 - Diálogo entre todos os poderes; LB01A2 - Relação indissociável para desen-
volvimento de ações e políticas do TEA;
LB02A1 - Relação comunidade e políticas públicas voltadas para as pessoas com TEA;
LB02A02 - Controle, implantação, acompanhamento e avaliação de políticas públicas;
LB03A01 - Atenção integral à saúde da pessoa com TEA; LB03A02 - Diagnóstico preco-
ce e atendimento multiprofissional; LB03A03 - Acesso a medicamentos e nutrientes;
76
3.2 Diretrizes e direitos: uma análise textual
discursiva da Lei Berenice Piana
Categorização
O processo de categorização partiu do agrupamento das unidades pelas suas
semelhanças, pois a categorização é “um processo de comparação constante
entre as unidades definidas no momento inicial da análise, levando a agrupa-
mentos de elementos semelhantes” (MORAES; GALIAZZI, 2016, p. 44). Des-
se modo, ao realizar a leitura e análise de cada unidade, foram estabelecidas as
categorias iniciais, de acordo com o contexto que cada unidade trazia. Por fim,
foram observadas de que forma essas categorias iniciais se relacionavam entre
si, constituindo as categorias finais denominadas diretrizes e direitos.
Categorias
Unidades Categorias iniciais
finais
Estudos e pesquisas.
LB03A01; LB03A02;
Garantia do direito integral à saúde.
LB03A03; LB04A01;
Direitos
LB04A02; LB04A03;
LB04A04; Tea e o mundo do trabalho.
77
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Metatexto
Diretrizes
No entanto, vale destacar que não apenas o poder público deve colaborar
com ações e políticas públicas, mas também toda a comunidade. É o que
afirma o inciso II do art. 2º da Lei Berenice Piana (BRASIL, 2012), nosso
corpus, quando ratifica a necessidade de participação ativa da comunidade
na elaboração das políticas públicas que estejam relacionadas às pessoas com
TEA. Além disso, faz-se necessário que essa comunidade participe não só de
sua implementação, mas que realize seu acompanhamento e avaliação.
Além disso, o inciso VII, extraído da Lei escolhida como corpus para
análise, firma que cabe ao poder público promover o incentivo à formação
profissional daqueles que atuam diretamente com o atendimento das pessoas
com TEA. Do mesmo modo, os profissionais especializados devem receber
qualificação adequada para promover o atendimento dessas pessoas. A capa-
citação de pais e responsáveis é outro fator preponderante, entretanto, existe
78
3.2 Diretrizes e direitos: uma análise textual
discursiva da Lei Berenice Piana
uma certa resistência e negação por parte de alguns familiares quando rece-
bem o diagnóstico. Magalhães (2021), ao discorrer sobre a realidade de mães
com filho diagnosticados com TEA, aponta:
Direitos
De acordo com o inciso III, a pessoa com TEA tem o direito, garantido
pela lei analisada neste artigo (BRASIL, 2012), ao acompanhamento integral
79
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
80
3.2 Diretrizes e direitos: uma análise textual
discursiva da Lei Berenice Piana
Considerações finais
A implementação da Lei Berenice Piana (BRASIL, 2012) foi um mar-
co para as pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). Embora as
conquistas tenham sido basilares, como a inclusão na categoria de pessoa
com deficiência (PCD), para fim de garantia de direitos, o cumprimento efe-
tivo da lei ainda tem se mostrado fragilizado. De acordo com as discussões
apontadas neste estudo, foram perceptíveis a emergência de políticas públicas
que incentivem a proteção e cumprimento dos direitos da pessoa com TEA.
Assim como a responsabilidade dos poderes públicos em proporcionar capa-
citações, qualificações e melhorias nos atendimentos educacionais, de saúde
e informações públicas de qualidade que visem a minimizar os episódios de
preconceito e discriminação.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Transtorno do Espectro Autista.
In: AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e es-
tatístico de transtornos mentais: DSM-5. Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento
et al. 5. ed. Porto alegre: Artmed, 2014.
AYDOS, Valéria. A (des)construção social do diagnóstico de autismo no contexto das
políticas de cotas para pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Anuário
Antropológico, [s. l.], v. 44, n. 1, p. 93-116, 2019.
81
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
82
3.2 Diretrizes e direitos: uma análise textual
discursiva da Lei Berenice Piana
83
3.3 A análise textual discursiva de um
discurso inverossímil
Denise Lima Rabelo
Octávio Cavalari Júnior
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.3
Introdução
A Análise Textual Discursiva (ATD) é uma proposta de estudo de um
corpus de interesse do pesquisador que promove uma tempestade de luz1 para
a sua compreensão. Esse corpus pode ser um artigo acadêmico, uma lei, uma
entrevista, e ao final do processo, o pesquisador terá elementos suficientes,
com rigor acadêmico necessário, para assumir-se e tecer suas considerações
como autor, produzindo seus metatextos. De acordo com o autor da metodo-
logia, Professor Roque Moraes, a ATD é:
[...] um processo auto-organizado de construção de
compreensão em que novos entendimentos emergem
de uma sequência recursiva de três componentes: des-
construção do corpus — a unitarização —, o estabele-
cimento de relações entre os elementos unitários — a
categorização —, e o captar do novo emergente em
que nova compreensão é comunicada e validada. (MO-
RAES, 2003, p. 192).
1 Metáfora utilizada pelo Professor Roque Moraes em seu artigo Tempestade de Luz (2003).
84
Como veremos adiante, a desconstrução ou fragmentação inicial do cor-
pus e a posterior inserção desses fragmentos em categorias — uma avalan-
che reconstrutiva2 — podem levar o pesquisador a identificar questões que
não identificaria, caso não utilizasse a ATD, e chegar a interlocuções teóricas
bem diferentes das que imaginava ao iniciar seu trabalho de análise.
Apresentação do corpus
Para conclusão do curso Análise Textual Discursiva – ATD: teoria na prá-
tica, ministrado pela Professora Valéria de Souza Marcelino e pelo Professor
Arthur Rezende da Silva, foi necessária a realização de um exercício prático,
e a opção foi por um corpus que fosse um bom aporte para a realização de
pesquisa de mestrado realizada pelos autores.
2 Metáfora utilizada pelo Professor Roque Moraes em sua artigo Tempestade de Luz (2003).
85
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
86
3.3 A análise textual discursiva de um discurso inverossímil
Conforme Moraes:
A desmontagem dos textos, primeira etapa da ATD, ca-
racteriza-se por uma leitura cuidadosa e aprofundada
dos dados em um movimento de separação das unidades
significativas. Moraes parte do pressuposto de que “toda
leitura já́ é uma interpretação e que não existe uma lei-
tura única e objetiva. Ainda que, seguidamente, dentro
de determinados grupos, possam ocorrer interpretações
semelhantes, um texto sempre possibilita múltiplas sig-
nificações. Diferentes sentidos podem ser lidos em um
mesmo texto (MORAES, 2003, p. 192).
• EMIT4.c – “Os jovens de baixa renda não veem sentido no que a escola
ensina”. Em que: EM significa “exposição de motivos”, IT4 significa que
a frase está no item 4 e C significa que esta é a terceira unidade do item 4.
Cada unidade recebeu um título, e, nesse exemplo, o título dado foi Edu-
cação da classe trabalhadora.
87
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Unidades teóricas
88
3.3 A análise textual discursiva de um discurso inverossímil
89
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Reescrita
As unidades teóricas devem ser reescritas quantas vezes forem necessá-
rias, porém, no caso deste exercício inicial, foi realizada apenas uma vez.
90
3.3 A análise textual discursiva de um discurso inverossímil
O ensino técnico tem por objetivo oferecer aos jovens pobres a oportunidade
de trabalhar, bem como afastá-los da ociosidade e do crime (BRASIL, 1909).
Unidade Teórica 3:
O Governo tem porta-vozes que falam em nome dos interesses das clas-
ses sociais mais abastadas, mas que querem ser ouvidos como quem fala a
verdade, como se representassem a todos e todas. A opinião pública acaba
sendo formada por essas falas, que têm presunção de verdade. De acordo
com a época, existem discursos que são pronunciados abertamente, mesmo
que sejam preconceituosos, como o de que a Educação deveria prestar-se a
expulsar os filhos das classes trabalhadoras. Agora não é mais necessário,
pois a escola já vem fazendo isso (BOURDIEU, 2012).
91
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
92
3.3 A análise textual discursiva de um discurso inverossímil
93
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Quando o ministro afirma que o ensino médio não atingiu seus objetivos,
é muito relevante conhecer a fonte dessa informação e saber os motivos, caso
isso se confirme. Sabemos da luta diária travada pelos professores, desvalori-
zados publicamente pelo próprio governo. Conhecemos a ausência de recur-
sos destinados a uma educação de qualidade, a falta de espaços diferenciados
para diferentes abordagens de ensino, a sobrecarga dos professores que tra-
balham em várias escolas para conseguir um salário suficiente, a ausência de
formação continuada dos docentes, o desmerecimento público da ciência, as
dificuldades vividas nos lares dos nossos alunos, como a violência, a pobreza,
o alcoolismo, a negligência, o abuso.
94
3.3 A análise textual discursiva de um discurso inverossímil
uma ponte entre uma oportunidade e a realidade e passa a ser uma proposta
para a sobrevivência.
Conclusão
Por exemplo, no caso deste corpus específico, caso a ATD não fosse utili-
zada, é provável que a categorização dois fosse diluída na categorização um,
ela não seria reconhecida como um emergente, pois o discurso da educação
profissional, trazido por Ciavatta (2005), é mais reconhecido quando se fala
sobre o assunto. O ministro, como um único interlocutor válido, nega a escuta
de pesquisadores e estudiosos da área e verbaliza a verdade dos interessados
em uma educação que tem seus próprios interesses, ou seja, é uma educação
interessada, o contrário do que desejamos para todos os jovens.
95
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Referências
BOURDIEU, Pierre. Como se fabrica a opinião pública. In: BOURDIEU, Pierre. Le Mon-
de Diplomatique – Il manifesto. Tradução: Mario S. Mieli. Paris: Raisons d’Agir-
-Seuil, 2012. (Cours au Collège de France 1989-1992). Disponível em: https://imediata.
org/?p=1189. Acesso em: 15 dez. 2021.
BRASIL. Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909: Créa nas capitaes dos Estados da
Escolas de Aprendizes Artífices, para o ensino profissional primario e gratuito. Rio de
Janeiro: Diário Official, 1909. Disponível em https://www2.camara.leg.br/legin/fed/de-
cret/1900-1909/decreto-7566-23-setembro-1909-525411-publicacaooriginal-1-pe.html.
Acesso em: 06 jun. 2022.
BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 12 dez. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâ-
metros curriculares nacionais: ensino médio: ciências da natureza, matemática e
suas tecnologias. Brasília, DF: MEC, 1999. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf. Acesso em: 22 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Exposição de Motivos nº 00084/2016/MEC, de 15 de
setembro de 2016. Brasília, DF: MEC, 2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/exm/exm-mp-746-16.pdf. Acesso em: 06 jun. 2022.
CIAVATTA, Maria. A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de me-
mória e de identidade. In: FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS,
Marise (org.). Ensino médio integrado: concepção e contradições. São Paulo: Cor-
tez, 2005.
MORAES, Roque. Avalanches Reconstrutivas: movimentos dialéticos e hermenêuticos
de transformação no envolvimento com a análise textual discursiva. In: Dossiê: Aná-
lise Textual Discursiva: mosaico de metáforas. Pesquisa Qualitativa, São Paulo, v.
8, n. 19, p. 595-609, dez. 2020. Disponível em: https://editora.sepq.org.br/rpq/issue/
view/20. Acesso em: 15 dez. 2021.
96
3.3 A análise textual discursiva de um discurso inverossímil
MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise textual discursiva: processo re-
construtivo de múltiplas faces. Ciência & Educação, [s. l.], v. 12, n. 1, p. 117-128, 2006.
Disponível em https://www.scielo.br/j/ciedu/a/wvLhSxkz3JRgv3mcXHBSXB/?forma-
t=pdf. Acesso em 15 dez. 2021.
MORAES, Roque. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise tex-
tual discursiva. Ciência & Educação, [s. l.], v.9, n.2, p.191-211, 2003. Disponível em
https://www.scielo.br/j/ciedu/a/SJKF5m97DHykhL5pM5tXzdj/?format=pdf. Acesso
em: 15 dez. 2021.
97
3.4 Câmara temática de educação
ambiental: nascer do esperançar ou do
temer?
Gabriela Albuquerque
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.4
Introdução
Este capítulo constitui-se como um recorte da pesquisa de dissertação de
mestrado: Unidade de Conservação, Câmara Temática de Educação Am-
biental e diálogos com Espinosa: rumo às sociedades sustentáveis?, no âm-
bito do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias Ambientais
(PPGCTA) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
98
entre a constituição de um colegiado socioambiental de uma unidade de con-
servação e o aumento da potência de agir (conceito filosófico de Espinosa)
dos envolvidos no processo de sua fundação.
99
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Porém, por que tentamos responder a essas questões? Pois, por meio delas,
poderemos entender qual a efetividade de uma câmara temática de educação
ambiental em uma Unidade de Conservação (UC). O que ela representa para
seus integrantes e para a UC? Qual o impacto de práticas participativas dentro
de uma UC? Essas práticas ajudam a UC a cumprir o seu papel, tanto como um
espaço de formação como com relação à sua função de preservação?
100
3.4 Câmara temática de educação ambiental:
nascer do esperançar ou do temer?
viva, que ajude na gestão da UC, de forma que esse não nasça para ser uma
atividade-fim, mas sim um tema-gerador (LAYRARGUES, 1999).
101
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
102
3.4 Câmara temática de educação ambiental:
nascer do esperançar ou do temer?
103
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
104
3.4 Câmara temática de educação ambiental:
nascer do esperançar ou do temer?
105
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Ricardo: Mas o que houve? Mais uma vez, né? Uma des-
sas coisas, decisões do Ministério, do ICMBio, das onze
coordenações passou a ter cinco. Na Amazônia é uma!
Eu não tenho noção do que que está acontecendo por lá.
Miguel: infelizmente os caras então criando esses nú-
cleos de gestão integradas (NGI), colocando unidades
próximas para serem geridas conjuntamente, porque
eles não aumentam a quantidade de servidores. Daí
acaba sendo cruel também, um de nós vai ter que ser o
chefe dessa NGI.
Ricardo: Em 2017 já estava se formando o NGI. Acho
que começou em 2017. Com 10 anos de ICMBio, né?
Só que aí é que está, ou a pessoa tem muita cabeça e
juízo ou a gente morre. (risos) É delicado, sabe? Muito
delicado. Poderia até ser uma maneira de atuar, mas
multiplica por três as equipes, entendeu? Aí dá. Mas
multiplica por três, porque você ainda consegue, você
continua dentro da própria equipe da área temática, fo-
car nos espaços. (informação verbal).6
E os desdobramentos?
Com a realização do PPPEA e a fundação da CTEA, houve diversos des-
dobramentos relatados pelas entrevistadas e entrevistados, resultando em
uma cadeia positiva de consequências, multiplicando-se alegria, isto é, a
passagem de uma potência menor para uma maior, nas pessoas envolvidas
nesses desdobramentos.
106
3.4 Câmara temática de educação ambiental:
nascer do esperançar ou do temer?
107
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
108
3.4 Câmara temática de educação ambiental:
nascer do esperançar ou do temer?
109
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
110
3.4 Câmara temática de educação ambiental:
nascer do esperançar ou do temer?
111
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Ainda houve mais desdobramentos, como uma associação que entrou para
o conselho por meio da CTEA e o início de um processo formativo em mais
duas UCs da região, que nem ao menos tinham gestores. Toda ação possui
uma ou diversas causas, em Espinosa temos as cadeias de nexos causais, que
justamente é o que podemos observar com esse cenário: diversas ações, como
a elaboração de um PPPEA, a constituição de uma CTEA, ou o “empurrãozi-
nho” — o incentivo que faltava — para uma pessoa acreditar nela e servir re-
feições para 200 pessoas, conquistando sua própria cozinha industrial. Toda
ação, grande ou pequena, terá uma reação, e sob as lentes da observação e
análise do processo de constituição da CTEA, ficam claras todas as reações
alegres que se desdobraram de sua fundação.
Marcos: Olha quanta frente a gente vai abrindo, en-
tendeu?! Então a própria câmara temática, ela também
teve esse papel de ir abrindo outras possibilidades atra-
vés dos seus membros. Isso é muito importante, enten-
deu? A potência de ação dela é tão grande que ela tem
a capacidade que a partir das suas representações, crie
capilaridade do território (informação verbal).10
O futuro é possível?
Dado os cenários apresentados, conseguimos enxergar que muitas pe-
dras apareceram no caminho da CTEA. Porém, em seu caminhar, pudemos
levantar questões complexas: apareceram pedras inimagináveis, como uma
pandemia que assolou o mundo inteiro e que, apesar de melhoras, ainda está
em curso. Outra pedra é o desmonte das políticas públicas e das instituições
ambientais, justamente a área que compete à CTEA, trazendo consequências
como o desfalque de equipes em UCs e a sobrecarga de funcionários, que
possuem a vontade necessária para a execução de um bom trabalho, mas que
são vítimas da frustração e da angústia com o aporte de demandas insusten-
táveis que carregam.
112
3.4 Câmara temática de educação ambiental:
nascer do esperançar ou do temer?
Mesmo com todas essas pedras, a CTEA se mantém viva, ela pode estar
ativa para alguns, parada para outros, mas ela está lá. O grupo não se reúne
com a frequência de antes — dado as circunstâncias apresentadas —, mas
está insatisfeito com a situação e isso é notável, pois estar insatisfeito nos
remete ao movimento, nos remete a andar em direção ao que queremos. A
CTEA estar insatisfeita significa que ela precisa agir, para transformar tris-
teza em alegria, precisa relembrar seu propósito, o que levou essas pessoas
a empenharem seu tempo nessas atividades, o que os levou a trilhar esse
caminho? E vemos esse desejo da volta da CTEA, do movimento da CTEA,
do amor pelo grupo, nas falas das pessoas.
113
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Thaís: É, não pode ficar... não sei de que forma [faz an-
dar a CTEA], né? Agora, parado é que não pode ficar!
Marcos: Ó, pra você ver como a gente tem que resgatar
essas coisas! Fazer essas coisas! ... a gente precisa fazer
umas revoluções aqui. (risos) É ótimo isso [a devoluti-
va]. É legal porque movimenta, também. [...] traz essa
pauta, de que você está fazendo essa pesquisa, dentro
do conselho. Não é nem só na câmara, é dentro do con-
selho. O conselho está chegando agora, é uma oportu-
nidade para eles conhecerem também, entendeu? [...]
Vai ampliar. Amplia, amplia. Pode ampliar que você
vai ser uma contribuição na verdade. Vai ser uma con-
tribuição pras pessoas também já entenderem mais
ainda, ver a importância, valorizar o que tem na mão.
(informação verbal).11
Conclusão
A fim de sintetizarmos a discussão desenvolvida nesta pesquisa, ilustra-
mos nossos resultados em duas equações formuladas a partir dos elementos
que contribuíram para o fortalecimento ou diminuição da potência de agir da
CTEA e de seus membros.
114
3.4 Câmara temática de educação ambiental:
nascer do esperançar ou do temer?
Referências
APRESENTAÇÃO do curso online O Desejo: Paixão e ação em Espinosa - Marilena
Chaui. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (04min42seg.). Publicado pelo canal Cult Revista.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=k8kSwVfgde0&t=6s. Acesso em:
06 jun. 2022.
BRASIL. Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União, Bra-
sília, DF, 19 jul. 2000.
115
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
116
3.5 Aplicação do método de Análise
Textual Discursiva a partir de
entrevistas com professores de física da
rede estadual do Rio de Janeiro acerca
de um produto didático
Gedmar S. Carvalho
Priscila dos S. Caetano de Freitas
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.5
Considerações iniciais
O ensino de ciências no Brasil encontra-se cada vez mais fragmentado e
desarticulado com as novas metodologias de ensino e com as recentes pesqui-
sas na área de educação. Fatores como os conteúdos abordados, a formação
de professores no ensino superior, a desvinculação com as novas tecnologias
e a falta de interesse ou uma atitude negativa dos alunos diante das ciências e
seu ensino podem ser apontados como fomentadores dessa crise (POZO; GÓ-
MEZ CRESPO, 2009). É consenso que há uma crise no ensino de ciências no
Brasil e que se fazem emergentes propostas educacionais que busquem uma
reação de modo a evitar sua manutenção e seu agravamento (FERREIRA;
MUENCHEN; AULER, 2019; FOUREZ, 2003).
117
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Desse modo, este capítulo traz um recorte de uma pesquisa maior (FREI-
RAS; AUGÉ, 2021),1 que investiga a relevância de um produto educacional com
118
3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
Professor José atua no terceiro ano do ensino médio desde que ocorre-
ram as mudanças no Currículo Mínimo no ano de 2012, em turmas bastante
diversificadas, fato que pode favorecer uma visão global do material.
2 Para garantir o anonimato dos sujeitos, foram citados nomes fictícios. Os critérios são
colocados a priori como forma de orientação para a escolha dos sujeitos.
119
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
120
3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
130
3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
131
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
A01.01 – Interdisciplinaridade:
132
3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
A04.01– Interdisciplinaridade:
Decidir sobre formas de organização interdisciplinar
dos componentes curriculares e fortalecer a competên-
cia pedagógica das equipes escolares para adotar estra-
tégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em
relação à gestão do ensino e da aprendizagem (BRA-
SIL, 2018, p. 16).
A04.02 – Contextualização:
A contextualização social, histórica e cultural da ciên-
cia e da tecnologia é fundamental para que elas sejam
compreendidas como empreendimentos humanos e so-
ciais. Na BNCC, portanto, propõe-se também discutir
o papel do conhecimento científico e tecnológico na
organização social, nas questões ambientais, na saúde
humana e na formação cultural, ou seja, analisar as re-
lações entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente
(BRASIL, 2018, p. 549).
133
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
134
3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
135
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Qualidade do material
Interdisciplinaridade
Contextualização
Conteúdo
Adequação
Características gerais do
Adaptabilidade
material didático
Crítica
Experimentação
Conhecimento prévio
Potencial de ensino
Atitude
136
3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
139
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Outro aspecto que será abordado nesta fase da análise dos dados se en-
contra nas peculiaridades didático-pedagógicas da proposta, ou seja, a estra-
tégia didática, vista globalmente.
140
3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
Considerações finais
Apesar dos avanços, o ensino de ciências no Brasil encontra-se, de certa
forma, fragmentado e desarticulado com as novas estratégias de ensino e
com as recentes pesquisas na área de educação.
141
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Por meio das falas dos entrevistados, a partir da ATD, destacaram-se ca-
tegorias iniciais de análise, as quais evidenciaram o potencial de ensino do
material proposto. Categorias estas relevantes na apreensão do impacto po-
sitivo da proposta didática no ensino e se seus objetivos foram alcançados,
ressaltando a interdisciplinaridade, contextualização, conteúdos de física,
estratégia didática e atitude diante do ensino.
Nessa perspectiva, o material tem valor pela sua iniciativa, sendo possível
posteriormente dar continuidade a esta pesquisa, não somente com comple-
mentos para aperfeiçoá-la, mas também na finalidade de explorar os resulta-
dos de sua aplicação, especificamente, em nível da aprendizagem, como foi
realizado durante o trabalho de mestrado de um dos autores.
142
3.5 Aplicação do método de Análise Textual Discursiva
a partir de entrevistas com professores de física da rede
estadual do Rio de Janeiro acerca de um produto didático
Referências
AUGÉ, P. S. Uma proposta didática diferenciada e a atitude dos alunos frente ao
ensino de ciências. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2004.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofi-
nal_site.pdf. Acesso em: 24 nov. 2021.
BRASIL. Guia de livros didáticos – PNLD 2015: física: ensino médio. Brasília, DF:
MEC/SEB, 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Pa-
râmetros curriculares nacionais: ensino médio: ciências da natureza, matemática e
suas tecnologias. Brasília, DF: MEC, 1999. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf. Acesso em: 22 nov. 2021.
CASTRO, A. D. Prefácio. In: CARVALHO, A. M. P. (org.). Ensino de Ciências: unindo a
pesquisa e a prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. p. 3-21.
CRUZ, S. M. de S.; ZYLBERSZTAJN, A. O enfoque ciência, tecnologia e sociedade e a
aprendizagem centrada em eventos. In: PIETROCOLA, M. (org.). Ensino de Física
– conteúdo, metodologia e epistemologia em uma concepção integradora. Florianó-
polis: Editora da UFSC, 2005. p. 171-196.
FAZENDA, I. (org.). Dicionário em construção: interdisciplinaridade. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2002.
FERREIRA, M. V.; MUENCHEN, C.; AULER, D. Desafios e potencialidades em in-
tervenções curriculares na perspectiva da abordagem temática. Ens. Pesqui. Educ.
Ciênc., Belo Horizonte, v. 21, e10499, 2019.
FOUREZ, G. Crise no ensino de Ciências? Investigações em Ensino de ciências, [s. l.],
v. 8, n. 2, p. 109-123, ago. 2003. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.
php/ienci/article/view/542/337. Acesso em: 07 jun. 2022.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo, SP: Paz e Terra S/A, 1996.
143
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
144
3.6 Uma busca pelas entrelinhas da
interpretação: ensino-aprendizagem
sob mediação
Flávio Pereira Bastos
Tiago Vieira Pinto
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.6
Introdução
Inicialmente, apresentamos os dados utilizados para um exercício com
a análise textual discursiva a partir de respostas coletadas junto a dois pro-
fessores. A análise textual discursiva (ATD) é articulada, também, sob duas
operações: interpretação e detecção. Ela é uma ferramenta metodológica de
hermenêutica que busca revelar dos dados textuais o que é dito nas entreli-
nhas, ou seja, o que está para além de seu conteúdo explícito. Dessa forma,
a detecção e interpretação já fazem parte do processo autoral de quem se
propõe a trabalhar com a ATD.
145
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
pode ser usada na medida em que ela mesma permite ao(à) pesquisador(a)
realizar perguntas ao texto sobre o que está nas entrelinhas.
Unidade teórica
As capacidades de iniciativa, de experimentação e de
inovação manifestadas durante a pandemia devem ser
146
3.6 Uma busca pelas entrelinhas da interpretação:
ensino-aprendizagem sob mediação
Unitarizações
147
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Categorizações
Considerações sobre
Categoria inicial Categoria final
as unidades
A formação integral no
Inquietação pedagógica.
ensino-aprendizagem.
148
3.6 Uma busca pelas entrelinhas da interpretação:
ensino-aprendizagem sob mediação
Unitarizações
Quadro 5 –Unidades empíricas
Q01TV03 Educação integral afetada: E aqueles que têm mais dificuldades, tanto
cognitivas quanto socioeconômicas, ficarão mais prejudicados.
Unidade teórica
“Uma demonstração de olhares antropológicos sobre as ações pedagógicas
como ciberarquitônicas, ou seja, a relação cadeias digitais e humano transfor-
ma o significado de pensar, sentir e agir” (HARAWAY et al., 2009, p. 76).
149
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Categorizações
Considerações sobre
Categoria inicial Categoria final
as unidades
Metatexto
O presente trabalho decorre de uma pesquisa sobre ensino-aprendizagem
durante o contexto de pandemia da COVID-19, sob um olhar atento do gestor
escolar mediador em seu exercício na gestão das relações de saberes pro-
duzidos por professores e estudantes do 3º ano do ensino médio regular, de
colégios públicos e privados do município de Santo Antônio de Pádua, RJ.
Para tanto, foram elaboradas 5 (cinco) questões abertas que versaram sobre
as percepções de professores quanto às vantagens, críticas e dificuldades de
utilização das plataformas virtuais para a formação educacional nesse contexto
social da COVID-19 em razão dos estudantes das respectivas turmas.
150
3.6 Uma busca pelas entrelinhas da interpretação:
ensino-aprendizagem sob mediação
151
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
152
3.6 Uma busca pelas entrelinhas da interpretação:
ensino-aprendizagem sob mediação
153
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Esse impacto negativo através do ensino virtual poderia trazer uma re-
flexão sobre o espaço escolar enquanto um ambiente pedagógico que in-
corpora os problemas sociais e reflete as desigualdades em sociedade, princi-
palmente porque o texto do questionário está inserido em um contexto social
emergente e que reivindica políticas educacionais democráticas. Por exemplo,
um contexto social escolar que carece de uma acessibilidade às tecnologias,
de intervenções socioeconômicas etc.
154
3.6 Uma busca pelas entrelinhas da interpretação:
ensino-aprendizagem sob mediação
Nóvoa (2020) ainda reforça que nada pode substituir a colaboração en-
tre professores, cuja função não é aplicar tecnologias prontas ou didáticas
apostiladas para os estudantes, mas assumir plenamente o seu papel de cons-
trutores do conhecimento e da pedagogia. As capacidades de iniciativa, de
experimentação e de inovação manifestadas durante a pandemia devem ser
alargadas e aprofundadas no futuro, como parte de uma nova afirmação pro-
fissional dos professores e dos significados conjugados com os estudantes.
Considerações finais
155
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecno-
logia: um novo modelo em educação profissional e tecnológica: concepção e dire-
trizes. Brasília, DF: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica, 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=6691-if-concepcaoediretrizes&category_slug=se-
tembro-2010-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 10 jun. 2022.
FREIRE, Paulo. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. 2.
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, Paulo. Política e Educação: ensaios. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
FÜHR, R. C. Educação 4.0: nos impactos da quarta revolução industrial. Curitiba:
Appris, 2019.
HARAWAY, D. et al. Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. Belo
Horizonte: Autêntica, 2009.
MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual
discursiva. Ciência & Educação, [s. l.], v. 9 n. 2, p. 191-211, 2003.
MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise textual discursiva. 3. ed. Ijuí: Unijuí,
2016.
NÓVOA, A. A pandemia de Covid-19 e o futuro da Educação. [Entrevista cedida a] Re-
vista Com Censo. Revista Com Censo: Estudos Educacionais do Distrito Federal, [s.
l.], v. 7, n. 3, p. 8-12, 2020. Disponível em: http://periodicos.se.df.gov.br/index.php/
comcenso/article/view/905/551. Acesso em: 10 jun. 2022.
156
3.7 A formação exigida do professor do
atendimento educacional especializado
em Minas Gerais
Heloisa Fernanda Francisco Batista
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.7
Contextualizando
A inclusão de estudantes público da educação especial (PAEE) tem ga-
nhado notoriedade, em âmbito nacional e internacional, nas últimas décadas.
São inúmeros os documentos que preconizam o direito e acesso desses es-
tudantes em todos os espaços da sociedade, principalmente nos ambientes
educacionais, proporcionando que sejam cidadãos ativos e autônomos (ONU,
1949, 1994; UNESCO, 1990; BRASIL, 1988, 1990, 1996, 2008, 2014, 2015).
157
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
158
3.7 A formação exigida do professor do atendimento
educacional especializado em Minas Gerais
pelas resoluções publicadas pela SEE/MG entre os anos de 2018 e 2021, relativas
aos anos letivos de 2019 e 2022 (MINAS GERAIS, 2021a, 2021b, 2019, 2018).
Em Minas Gerais, assim como nas demais unidades federativas, para que
se possa atuar com estudantes PAEE, é necessário que o profissional do AEE
tenha em sua formação inicial e/ou continuada elementos que o habilitem a
desempenhar as atividades com esse público, uma vez que é imprescindível
que esteja munido de ferramentas metodológicas que possam auxiliá-lo no
processo de inclusão escolar. Os profissionais do AEE devem ter uma for-
mação ampla, que proporcione um olhar mais atento às necessidades dos
estudantes PAEE (MINAS GERAIS, 2020a).
159
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
formação escolar diz respeito aos cursos de formação inicial, em sua maioria
referentes à graduação, enquanto a formação especializada se refere a cursos
específicos para atuação na educação especial, desde graduação em educação
especial a cursos de extensão.
- Licenciatura
plena em
qualquer área
do conheci-
mento ou
- Curso
superior - Licenciatura - Licenciatura - Licenciatura
(bacharelado plena em plena em plena em
1ª ou tecnólogo), Pedagogia Pedagogia Pedagogia
acrescido de ou Normal ou Normal ou Normal
formação pe- Superior. Superior. Superior.
dagógica para
graduados
não licencia-
dos em qual-
quer área do
conhecimento.
160
3.7 A formação exigida do professor do atendimento
educacional especializado em Minas Gerais
4ª - Curso
superior - Bacharelado - Bacharelado - Bacharelado
Autoriza- (bacharelado ou tecnológi- ou tecnológi- ou tecnológi-
ção para ou tecnólogo) co em qual- co em qual- co em qual-
lecionar em qualquer quer área do quer área do quer área do
(1ª priori- área do conhecimento. conhecimento. conhecimento.
dade) conhecimento.
161
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
162
3.7 A formação exigida do professor do atendimento
educacional especializado em Minas Gerais
- Pós-graduação em
Educação Especial
ou Educação Inclu-
siva ou
- Pós-graduação em
Atendimento Educa-
Pós-gra- Pós-gra- Pós-gra- cional Especializado
duação em duação em duação em (da qual conste Defi-
Educação Educação Educação ciência Intelectual,
Especial ou Especial ou Especial ou Altas Habilidades,
Educação Educação Educação Superdotação,
Inclusiva ou Inclusiva ou Inclusiva ou Transtornos Globais
- Licencia- - Licencia- - Licencia- do Desenvolvimen-
tura plena tura plena tura plena to (TGD), Deficiência
em qualquer em qualquer em qualquer Múltipla e Surdoce-
2ª área do área do área do gueira, Deficiência
conheci- conheci- conheci- Sensorial: Auditiva e
mento, cujo mento, cujo mento cujo Surdez, Deficiência
histórico histórico histórico Visual: Baixa Visão e
comprove, comprove, comprove, Cegueira e Deficiên-
no mínimo, no mínimo, no mínimo, cia Física e Mobili-
360 horas de 360 horas de 360 horas de dade Reduzida) ou
conteúdos conteúdos conteúdos - Licenciatura plena
da Educação da Educação da Educação em qualquer área
Especial. Especial. Especial. do conhecimento
cujo histórico com-
prove, no mínimo,
360 (trezentas e
sessenta) horas de
conteúdos da Edu-
cação Especial.
163
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
164
3.7 A formação exigida do professor do atendimento
educacional especializado em Minas Gerais
permite que qualquer profissional graduado possa atuar como professor de apoio
à comunicação, linguagem e tecnologias assistivas. Esse critério de classificação
foi alterado na Resolução SEE nº 4.230 (MINAS GERAIS, 2019), priorizando
o profissional habilitado nos cursos de Pedagogia ou Normal Superior, sendo
mantido nas resoluções seguintes.
165
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
166
3.7 A formação exigida do professor do atendimento
educacional especializado em Minas Gerais
167
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
É importante que o futuro docente tenha contato com situações que o pre-
parem para realizar reflexões e indagações relacionadas a seus valores e atitu-
des e a forma como estes influenciam seus estudantes. Assim, o maior desafio
é a mudança das percepções e julgamentos a respeito da educação inclusiva e
da educação especial, que, usualmente, estão fundamentados no senso comum.
Dessa forma, será possível o desenvolvimento de práticas pedagógicas que pro-
movam um ensino de qualidade para todos (MARINHO; OMOTE, 2017).
168
3.7 A formação exigida do professor do atendimento
educacional especializado em Minas Gerais
169
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Alguns apontamentos
170
3.7 A formação exigida do professor do atendimento
educacional especializado em Minas Gerais
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Diário
Oficial da União, 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Consti-
tuicao/Constituicao.htm. Acesso em: 31 dez. 2020.
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(INEP). Relatório do 3º ciclo de monitoramento das metas do PNE. Brasília, DF:
Inep, 2020a.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Secretaria
Especial de Editoração e Publicações, 1996. Disponível em https://www2.senado.leg.
br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf. Acesso em: 13 jan. 2021.
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de 1º e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1971.
BRASIL. Resolução CNE/CEB n.º 4, de 2 de outubro de 2009. Institui diretrizes opera-
cionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modali-
dade Educação Especial. Brasília: MEC, 2009.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1990.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acesso em: 13
jan. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspecti-
va da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC, 2008. Disponível em http://portal.mec.
gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em 04 out. 2020.
BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispões sobre a educação es-
pecial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília,
DF: Diário Oficial da União, 2011. Disponível em: https://download.inep.gov.br/edu-
cacao_basica/censo_escolar/legislacao/2012/decreto_n_7611_17112011.pdf. Acesso
em: 15 fev. 2022.
171
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
172
3.7 A formação exigida do professor do atendimento
educacional especializado em Minas Gerais
173
3.8 Práticas e sinuosidades na
articulação Estado-sociedade civil
na gestão de políticas públicas em
Moçambique
Reginaldo Ernesto Nhachengo
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.8
174
A leitura impregnada do conteúdo discursivo desse material empírico per-
mitiu a sua unitarização, resultando na identificação de treze categorias ini-
ciais, designadamente: desconfiança do governo em relação à sociedade civil,
instrumentalização externa da sociedade civil para dominação do Estado, cul-
tura política de desconfianças mútuas, corrosão dos mecanismos democráti-
cos de participação, manifestações violentas, cerceamento do espaço cívico-
-institucional, controle do fluxo de informação, mecanismos alternativos de
participação, direito constitucional de manifestação e educação para cidadania
política. Estas foram agrupadas, em função da sua parecença, em três grupos,
originando igualmente três categorias intermediárias: organizações da socie-
dade civil como extensão de interesses externos, corrosão do sistema de demo-
cracia participativa e mecanismos alternativos de participação.
175
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
176
3.8 Práticas e sinuosidades na articulação Estado-sociedade
civil na gestão de políticas públicas em Moçambique
177
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
178
3.8 Práticas e sinuosidades na articulação Estado-sociedade
civil na gestão de políticas públicas em Moçambique
desses conflitos entre os atores. Aliás, uma das premissas da sua poliarquia é
exatamente a contestação pública, e esta é indissociável do fenômeno conflitual,
uma vez que os grupos que se opõem ao governo visam preservar seus interes-
ses. Por outro lado, a elite política governante procura coibir a ação dessa opo-
sição pública. Neste sentido, “quanto maior o conflito entre governo e oposição,
mais provável é o esforço [do governo] para negar uma efetiva oportunidade de
participação [às massas populares] nas decisões políticas” (DAHL, 2005, p. 36).
Por isso o autor é da opinião de que a abertura das partes, por um lado, e
o acesso a recursos político-institucionais, por outro, ajudaria os atores socio-
políticos a impedir ou ao menos a reduzir o estabelecimento do conflito por
coerção (DAHL, 2005, p. 87). Nessas ocasiões, que deveriam ser percebidas
como normais, insistir em estratégias de negociação e barganha para obter
acordo e legitimação torna-se fundamental para reforçar a cultura política de
gestão inclusiva, mas também para fortificar cada vez mais a ligação Estado-
-sociedade que qualifica um Estado democrático de direito.
179
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
180
3.8 Práticas e sinuosidades na articulação Estado-sociedade
civil na gestão de políticas públicas em Moçambique
181
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
182
3.8 Práticas e sinuosidades na articulação Estado-sociedade
civil na gestão de políticas públicas em Moçambique
repertório de coisas inúteis, não construtivas, das quais o país precisa se livrar
para se concentrar em projetos de desenvolvimento. Não ocorre aos atores em
referência que a participação ativa pode estar relacionada com as mesmas preo-
cupações de desenvolvimento e bem-estar de todos.
183
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
184
3.8 Práticas e sinuosidades na articulação Estado-sociedade
civil na gestão de políticas públicas em Moçambique
185
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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186
3.9 Imersão no ir e vir da Análise
Textual Discursiva: por entre sentidos,
argumentos e diálogos educacionais
Sebastião Rodrigues-Moura
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.9
187
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Unidades de Categorias
Categorias finais
significado intermediárias
A criança é um sujeito
As crianças e seus di-
social.
reitos de aprendizagem
científica como educa-
O direito das crianças de
ção cidadã.
aprender ciência.
Oportunizar a reflexão
crítica e consciente. A educação científica de
crianças como compro-
Oportunidade à criança misso social de formação
para entender o mundo. para a cidadania.
Reflexão, criticidade e
construção do conheci-
As crianças constroem
mento científico.
ideias sobre o mundo.
188
3.9 Imersão no ir e vir da Análise Textual Discursiva: por
entre sentidos, argumentos e diálogos educacionais
A criança aprende a
socializar com outra
criança.
Os textos dos diários de campo dos professores foram lidos várias ve-
zes para que eu pudesse identificar unidades de significados consideradas
relevantes à análise e sob a ótica da temática em xeque, o que resultou em
13 (treze) excertos apresentados na primeira coluna do Quadro 1. Essa pri-
189
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
meira coluna foi feita a partir dos fragmentos identificados e trazidos para
esta análise, mesmo que colocados de forma sucessiva — linha após linha
—, pois depois senti a necessidade de aproximar aqueles excertos que pos-
suíam maior semelhança, de forma a combiná-los em sentidos e expressões
comuns. Feito esse primeiro movimento nessas unidades, percebi ainda uma
inquietação para organizar os textos em grupo mais amplos, o que resultou
na organização da segunda coluna do quadro, a qual considero categorias
intermediárias que englobam os sentidos dos excertos da primeira coluna.
Nesse processo, percebi que eu poderia fazer uma discussão a partir das
quatro categorias intermediárias que surgiram, de forma a perceber que há
elementos na literatura que podem me aproximar e encorpar as análises, po-
rém, fui muito criterioso e notei que é possível enxugar essas categorias em
outras, as quais facilitam o trabalho como pesquisador e podem sistematizar
os dados por meio de argumentações. Assim, consegui otimizar as quatro
categorias intermediárias em duas novas, de forma mais ampla e dinâmica,
englobando as discussões que há de todo o movimento analítico, resultando
em duas categorias finais para sistematização dos metatextos.
190
3.9 Imersão no ir e vir da Análise Textual Discursiva: por
entre sentidos, argumentos e diálogos educacionais
191
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
linguagem, desenhos, imagens e outros recursos que tendem para uma comu-
nicação mais efetiva e possam aguçar a aprendizagem.
192
3.9 Imersão no ir e vir da Análise Textual Discursiva: por
entre sentidos, argumentos e diálogos educacionais
Diante dessa situação, Moura (2012) destaca que a escola imprime o papel
social de organização do conhecimento científico e promove a aproximação
entre a experiência escolar e a não escolar, fluindo-as em concepções pró-
prias para a sistematização dos saberes e de construção da educação para a
cidadania. Nesse alinhamento, a professora Bete discute que:
193
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
194
3.9 Imersão no ir e vir da Análise Textual Discursiva: por
entre sentidos, argumentos e diálogos educacionais
195
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
196
3.9 Imersão no ir e vir da Análise Textual Discursiva: por
entre sentidos, argumentos e diálogos educacionais
Diante disso, retomo o que Marina destaca ao citar que “as crianças
constroem ideias sobre o mundo que as rodeiam e possuem capacidade de
compreender e interpretar o mundo, além de agir sobre ele” (EXCERTO DO
DIÁRIO DE CAMPO DE MARINA), o que compreendo ser o fato de como
as CNT asseguram às crianças o acesso aos conhecimentos, mesmo que de
forma processual e gradativa.
197
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Uma busca mais ativa para compreender essa abordagem sobre os da-
dos que obtive nas pesquisas e como promover debates mais argumentativos
impulsionou-me a tê-la como uma das mais ricas e dinâmicas abordagem
teórico-metodológicas para compreender as experiências por meio de textos,
meus ou de colaboradores.
198
3.9 Imersão no ir e vir da Análise Textual Discursiva: por
entre sentidos, argumentos e diálogos educacionais
Referências
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cias para crianças. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 6, n.
2, 2013.
199
3.10 A importância da valorização
da pergunta do educando como
desveladora da realidade
Thaís Andressa Lopes de Oliveira
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.10
Considerações iniciais
200
este texto busca trazer reflexões acerca do papel da pergunta dos educandos
para o estudo de um tema gerador em uma aula de Química, por meio da
análise de 40 perguntas que constituíram o corpus. Para isso, será trazida na
sequência uma breve explanação teórica, seguida dos procedimentos metodo-
lógicos que nortearam este trabalho e os resultados dele oriundos.
201
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
202
3.10 A importância da valorização da pergunta do
educando como desveladora da realidade
Encaminhamentos metodológicos
203
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
nas notícias e nas conversas de corredor por causa da alta recente no preço
dos combustíveis e a eminente greve dos caminhoneiros.
Paulo Freire (1967, 1994, 2022) enfatizou em muitas de suas obras a im-
portância de que o Tema Gerador emerja do contexto social dos educando e
não seja mera imposição do educador. Desse modo, um tema pode ser con-
siderado um tema gerador quando ele possui significado para a comunidade
local, abarcando contradições e conflitos de ordem econômica, social, am-
biental e/ou política que possam ser relacionados e interpretados por meio
dos conhecimentos construídos em sala de aula.
Resultados e discussão
Para este trabalho,1 tomou-se como corpus de análise uma amostragem que
corresponde a cerca de 10% do montante de perguntas feitas pelos educan-
dos. As perguntas a serem analisadas foram selecionadas de forma aleatória
204
3.10 A importância da valorização da pergunta do
educando como desveladora da realidade
No caso do petróleo, sua presença constante na mídia faz com que seja um
tema que desperte a curiosidade. Por exemplo, quando os educandos A07B2 e
A31B perguntam, respectivamente, “por que o petróleo é preto?” e “qual o
205
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
3 As perguntas dos educandos foram coletadas no início do ano letivo, cerca de três meses
antes das atividades sobre o tema petróleo iniciarem. Como dito anteriormente, a sequên-
cia de atividades sobre o tema foi toda planejada com base nas perguntas feitas por eles, e
num dado momento lhes foi apresentada uma amostra de Petróleo bruto para que conhe-
cessem sua cor real, cheiro e textura, de modo a sanar suas dúvidas manifestadas nessas
duas perguntas.
206
3.10 A importância da valorização da pergunta do
educando como desveladora da realidade
Por essa razão, romper com a pedagogia do silêncio que se instaurou nas
salas de aula deve ser um objetivo dos educadores progressistas, pois, quando
se abre espaço ao diálogo em sala de aula, mesmo que incialmente ele seja
feito de forma indireta, constrói-se um ambiente propício à aprendizagem.
São nas perguntas, até mais do que nas repostas, que o educando de-
monstra não apenas suas curiosidades, mas o que ele já conhece sobre um
tema. Conforme destaca Silveira (2013, p. 92), “quanto melhor for possível
conhecer e compreender os saberes apresentados pelos educandos, melhor
será a possibilidade de problematizar a realidade em torno deles” e por isso a
necessidade de se abrir espaços que possibilitem tais manifestações.
207
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
é perceptível que esse educando possui alguma ideia do que sejam energias
renováveis e de que do petróleo se extraem derivados. Cabe ao educador es-
timular o diálogo a fim de refinar a pergunta do educando, de forma com que
ele organize melhor suas ideias e faça perguntas cada vez mais complexas.
Como afirma Bresolin (2011, p. 19), “ninguém pergunta sobre aquilo que
nunca ouviu falar”, portanto, se os educandos chegam à sala de aula com
perguntas do tipo “Porque o Brasil tem uma boa quantidade de petróleo e
ainda o pré-sal, mas não temos a tecnologia suficiente pra explorar esses
locais. No entanto, deixar os outros países tentarem explorar é bom para a
economia nacional?” (A06A) ou “O que o governo diz em relação aos paí-
ses que importam o petróleo do Brasil e vendem a gasolina mais barata?”
(A11B), isso demonstra que eles já são possuidores de algum conhecimento
sobre o tema petróleo e de dúvidas associadas à interpretação que fazem dos
desdobramentos possíveis do tema.
Diante de uma pergunta como essa, o educador tem duas opções: igno-
rar a pergunta e seguir com a aula ou problematizá-la junto à turma, como,
208
3.10 A importância da valorização da pergunta do
educando como desveladora da realidade
Outra tendência que pode ser identificada nas perguntas dos educan-
dos é a influência da mídia no que eles acreditam saber sobre o tema. Por
exemplo, as perguntas:
209
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
de sala de aula o que se mostra e como se mostra uma notícia, pois “não
podemos nos pôr diante de um aparelho de televisão ‘entregues’ ao que vier”
(FREIRE, 2002, p. 137).
Mais uma vez, reforça-se, como estratégia de ensino, que priorizar o diálogo,
o levantamento de hipóteses e a análise de posições conflitantes de uma situação
com base nas contradições advindas do tema em estudo é importante para a
construção de um sujeito que saiba de fato pensar e se posicionar em sociedade.
Considerações finais
A predominância do ensino tradicional nas salas de aula fez emergir a
necessidade de romper com a pedagogia do silêncio que se instaurou nas
comunidades escolares. De um movimento unilateral, no qual o educador,
enquanto detentor da palavra e do conhecimento, fazia pequenos “depósi-
tos” de conteúdo nas cabeças dos educandos, há uma forte tendência de que
práticas dialógicas, de valorização das perguntas dos educandos, sejam cada
vez mais comuns nas salas de aula. Afinal, quando se abre espaço para que
os educandos participem do seu próprio processo de aprendizado, as aulas
tornam mais comum a presença de perguntas. Este estudo revelou que quan-
do se abre espaço para os questionamentos dos educandos, não apenas sua
curiosidade natural se demostra, como seus conhecimentos pré-existentes.
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3.10 A importância da valorização da pergunta do
educando como desveladora da realidade
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211
3.11 A escrita de si no Instagram – o
momento de ruptura
Vanessa Franco
Analice de Oliveira Martins
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.3.11
212
qualitativa, além de compreender o caminho da ATD, a partir da Análise de
Conteúdo e da Análise do Discurso. Os professores buscaram explicar sobre
o processo de construção da ATD, apresentando a unitarização, a categoriza-
ção e a produção de metatextos – etapa final da análise, que consiste em um
diálogo com o fenômeno que o pesquisador busca compreender. As unidades,
então reorganizadas, reescritas e entrelaçadas, constroem o sentido e a justi-
ficativa do novo texto. Como atividades durante o curso, os alunos trouxeram
um breve corpus para apresentação e exemplificação aos colegas, na tentativa
de buscar as unidades empíricas e teóricas desse corpus, para construir um
metatexto. As atividades e os exemplos dos professores de algumas de suas
análises foram fundamentais para a assimilação do conteúdo, possibilitando,
neste momento, o surgimento deste texto.
213
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
214
3.11 A escrita de si no Instagram – o momento de ruptura
215
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
216
3.11 A escrita de si no Instagram – o momento de ruptura
“Se for pra ver meu cabelo cair, que seja de azul.
217
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
O momento de ruptura
É assim que vejo cada uma dessas vidas que chegaram até mim. Cada
fragmento de vida, cada narrativa vai tecendo a minha própria história, e,
assim como o diagnóstico de câncer foi um momento de ruptura em suas
vidas, a presença delas em minha vida também foi, para mim, uma ruptura:
de crenças, pensamentos, valores, modos de estar e se relacionar no mundo,
modos de enxergar a vida. Quem adentra ao universo do outro, verdadeira-
mente, jamais será o mesmo. E quem encontra a dor no caminho também se
transforma. A dor não vem para nos derrubar, mas para nos fortalecer, de
certo modo. Ensina-nos a ser melhores. Mas, o que é ser melhor? Só cada um
poderá responder. Como se trata de uma ruptura, é o processo em que deixo
para trás certas coisas para aceitar o novo, e esse novo que surge me obriga a
reorganizar minha vida. Eu ainda sou eu, mas estou me tornando outro tam-
bém. Que outro é esse? Só o curso do tempo poderá dizer.
218
3.11 A escrita de si no Instagram – o momento de ruptura
Por mais que, nos dias de hoje, o câncer seja uma doença conhecida e
possua diversas formas de tratamento, já ficou enraizado nos indivíduos o
estigma de que ele é símbolo da morte. Isso ocorre pelo grande poder exer-
cido pelas palavras, mesmo depois de anos em que foram ouvidas. Leader e
Corfield (2009) também discorrem a respeito disso, ao afirmar que:
219
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
A Dani Sottili não foi explícita ao postar sua primeira narrativa em rela-
ção ao câncer. Ao postar uma fotografia com o cabelo curto pintado de azul,
ela apenas escreveu: “Se for pra ver meu cabelo cair, que seja de azul.” Ape-
sar de não utilizar a palavra câncer ou diagnóstico, é possível compreender
que se trata de tal doença ao se referir à queda de cabelo, e ao comparar com
as outras postagens, percebe-se que ela sempre utilizou os cabelos compri-
dos, que aquela postagem ali era, de fato, uma ruptura em sua vida. Ao pintar
seu cabelo de azul, podemos entender como um ato de coragem em relação
ao câncer, a aceitação da doença e que ela precisaria ser enfrentada.
220
3.11 A escrita de si no Instagram – o momento de ruptura
Isso significa que o paciente precisa agir. O não agir já é, de certo modo,
uma escolha. A escolha de não escolher lutar. A escolha de não decidir, na-
quele momento, o que deve ser feito. A partir do diagnóstico de câncer, há
duas situações que podem ocorrer, dentre as nuances que se desdobram entre
uma e outra. Ou o paciente se torna ativo, no sentido de se preparar para a
luta, tomando decisões e definindo seu caminho, dentro das possibilidades
cabíveis, ou ele se torna um paciente, no sentido de estar passivo diante da-
quela situação, podendo até mesmo vivenciar o luto antecipatório – conceito
este trazido por Lindermann (1944).
221
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
222
3.11 A escrita de si no Instagram – o momento de ruptura
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223
4. Produções dos cursistas a partir de
corpus escolhidos especificamente como
um exercício prático de ATD
224
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo
redes de significados
Geraldo Bull da Silva Júnior
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.4.1
Introdução
Durante a formação, os futuros professores de Ciências são submetidos a
disciplinas, rotinas de treinamentos e adequação às práticas cotidianas do ofí-
cio. Também é comum as pessoas de fora da área considerarem aquele que lida
com o conhecimento científico como alguém dotado de inteligência superior,
constantemente envolvido em pesquisas e/ou pensamentos lógico-abstratos.
São imagens atribuídas àqueles que lidam com o conhecimento científico.
O objetivo principal deste texto foi verificar como a ATD pode ajudar na
percepção de elementos de uma rede de significados. Ela serviu ao exame de
225
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
226
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo redes de significados
227
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
228
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo redes de significados
Referencial teórico
229
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Um autor que serve de amparo à nossa análise é Lévy (2006), que não
considera sujeito e objeto livres de influências das linguagens, formas de
captar e armazenar informações e dos modos de elaborar conhecimento. O
pensamento individual, por sua vez, sofre influência coletiva, pois é consti-
tuído a partir de:
Dessa forma, o pensar ocorre em meio a uma complexa rede na qual in-
terferem fatores biológicos (neurônios), habilidades cognitivas e construções
humanas. A interconexão desses elementos transforma e traduz diferentes
representações ao longo do tempo. O acesso às informações e tudo o que o
cérebro armazena não se dá linearmente, como ocorre nos hipertextos. Po-
de-se caracterizar a rede hipertextual a partir de alguns princípios básicos:
230
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo redes de significados
231
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
um ouvinte […]” (LÉVY, 2006, p. 23). Ouvir uma palavra ativa “[…] uma
rede de outras palavras, de conceitos, de modelos […] imagens, sons, odores,
sensações proprioceptivas, lembranças, afetos, etc.” (LÉVY, 2006, p. 23).
A elaboração de um mosaico
232
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo redes de significados
Tecendo redes
233
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Assim, por exemplo, RM2 quer dizer que o trecho foi transcrito de Ro-
drigues-Moura et al. (2020), e, analogamente, PL3 significa que tratamos de
Pierre Lévy (2006).
234
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo redes de significados
235
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Com isso, percebe-se que uma categorização simples e que tentasse isolar
determinados elementos seria infrutífera. O desenvolvimento individual da
entrevistada traduz influências de diversas pessoas, linguagens e instituições
que utilizam diferentes representações semióticas. Assim, percebemos que
sua inteligência e cognição resultaram de/em complexas interações em rede.
236
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo redes de significados
237
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Considerações finais
238
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo redes de significados
239
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Referências
ANTIQUEIRA, L. S.; MACHADO C. C. Análise Textual Discursiva na Pesquisa Sobre
Formação de Professores de Matemática. Pesquisa Qualitativa, São Paulo, v. 8, n.
19, p. 863-888, dez. 2020.
CONCENTINO, J. et al. Encaminhamentos da metodologia de análise de dados: Aná-
lise textual discursiva. In: ENCONTRO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO MA-
TEMÁTICA, 2017, Cascavel. Anais [...]. Cascavel: Unioeste, 2017. Disponível em:
http://www.sbemparana.com.br/eventos/index.php/EPREM/XIV_EPREM/paper/
viewFile/222/12. Acesso em: 14 jun. 2022.
FIORENTINI, D.; LORENZATO, S. Investigação em educação matemática: percursos
teóricos e metodológicos. Campinas: Autores Associados, 2006.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
São Paulo: 34, 2006.
MORAES, R.; GALIAZZI, M. C. Análise Textual Discursiva. Ijuí: Unijuí, 2007.
MORAES, R. Avalanches construtivas: movimentos dialéticos e hermenêuticos de trans-
formação no envolvimento com a análise textual discursiva. Pesquisa Qualitativa,
São Paulo, v. 8, n. 19, p. 595-609, 2020.
240
4.1 Análise Textual Discursiva: tecendo redes de significados
241
4.2 Aplicação da ATD à epistolografia
medieval: estudo de uma
correspondência de Henrique IV (1082)
Paulo Henrique dos Santos Oliveira
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.4.2
Introdução
Este trabalho tenciona realizar uma análise discursiva de um texto epis-
tolar datado do ano de 1082, originário da chancelaria real germânica da
Idade Média Central. A referência metodológica aplicada a tal carta é a Aná-
lise Textual Discursiva (ATD), segundo sua fundamentação em Moraes e
Galiazzi (2016). A ATD é uma abordagem qualitativa de análise de dados
que procura traduzir e interpretar um fenômeno por meio da fragmentação
e recomposição de discursos textuais, buscando encontrar microelementos
que formam um todo discursivo com coesão que possibilite interpretações da
realidade (MORAES; GALIAZZI, 2016; SOUSA; GALIAZZI, 2017).
242
conjunto entre unidades empíricas e teóricas, emergem novas categorias que
viabilizam uma interpretação mais ampla do sentido do discurso. Essas novas
perspectivas são, por fim, materializadas em metatextos.
Apresentação do corpus
Tal paz não dura por muito tempo, no entanto. Em 1080, ocorrem novas
acusações e excomunhões mútuas, dentre as quais Gregório renega a Henri-
que a própria coroa real, apoiando como anti-rei um nobre rival de Henrique,
que é morto em batalha no mesmo ano. O que se segue é uma expedição do
imperador à Itália, na qual ele visa estabelecer controle efetivo sobre o norte
italiano e a cidade de Roma, colocando-a sob cerco a partir de 1081. Ao mes-
mo tempo, Henrique busca convencer os poderes eclesiásticos e temporais da
243
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Texto da epístola 17
Henrique, Rei pela graça de Deus, envia graça, amor e
todas as boas coisas a todos os cardeais, clérigos e lei-
gos romanos, a seus maiores e menores vassalos, caso
sejam já seus vassalos ou em vias de tornarem-se tal:
A autoridade romana deve sempre ser forte em justi-
ça, especialmente em prol de toda nação, já que seu
pecado é a destruição, e seu mérito, a acreção de reta
vivência àqueles sujeitos a ela. Agora, tu podes ver a
prova disto em toda parte; decerto, poderiam vê-lo [an-
tes] se não houvésseis sido prejudicados por um certo
homem. Por causa daquele prejuízo, mesmo se fostes
menos que diligentes de certas formas, a acusação con-
tra vós torna-se mais leve, visto que aquele que deveria
ser o espelho da reta vivência tornou-se obstáculo não
apenas a vós, mas também a todos que veneram a lide-
rança que Roma exerce sobre a Fé católica, de tal modo
que agora a Igreja virtualmente ameaça desabar, não
em erro, mas em ruína irreparável.
Vendo tal estado infeliz e estando indispostos de tolerá-
-lo por mais tempo, viemos a Roma, onde esperávamos
vê-los todos em fidelidade. E de tal forma tínhamos
esperança em sua justiça e perseverança na fidelidade
filial que nos mostráveis, que [esperávamos] ser possí-
vel tratar convosco toda matéria de direito concernente
à realeza e ao sacerdócio, mesmo se viéssemos sozi-
nhos com muitos poucos soldados. Mas vos encontra-
mos muito diferentemente do que esperávamos, já que
aqueles que pensávamos amigos agora percebíamos
como inimigos. Eles foram nossos inimigos, embora
viéssemos até vós por mera justiça, e pelo seu conselho
e pela autoridade canônica, de modo a estabelecer paz
entre a realeza e o sacerdócio.
Certamente sabemos e livremente cremos que vós sois
amigos da justiça e que não nos negariam a justiça que
244
4.2 Aplicação da ATD à epistolografia medieval: estudo
de uma correspondência de Henrique IV (1082)
245
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
246
4.2 Aplicação da ATD à epistolografia medieval: estudo
de uma correspondência de Henrique IV (1082)
6 Os prefixos dos códigos seguem a estrutura de uma carta do período: [S]audação/ [E]xór-
dio/ [N]arração/ [P]etição/ [C]onclusão, com a adição de duas seções [A]rgumentativas
que essa carta tem de diferente, em comparação com outras de seu corpus contemporâneo.
247
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Henrique, Rei pela graça de Deus, envia graça, amor e todas as boas
S01
coisas
Agora, tu podes ver a prova disto em toda parte; decerto, poderiam vê-lo
[antes] se não houvésseis sido prejudicados por um certo homem. Por
E02
causa daquele prejuízo, mesmo se fostes menos que diligentes de certas
formas, a acusação contra vós torna-se mais leve,
Vendo tal estado infeliz e estando indispostos de tolerá-lo por mais tem-
N01
po, viemos a Roma, onde esperávamos vê-los todos em fidelidade.
[Viemos até vós] por mera justiça, e pelo seu conselho e pela autoridade
N04
canônica, de modo a estabelecer paz entre a realeza e o sacerdócio.
N05 Certamente sabemos e livremente cremos que vós sois amigos da justiça
[Vós não nos negaríeis] a justiça que não negam a qualquer, salvo se
vós tivestes ouvido que vínhamos para trazer injustiça e desordem até
N06
vós. Certamente, não somos ignorantes das maquinações deste Senhor
Hildebrando.
248
4.2 Aplicação da ATD à epistolografia medieval: estudo
de uma correspondência de Henrique IV (1082)
Não é surpreendente que ele tenha podido enganar aqueles que vivem
na mesma cidade que si; pois ele era o mesmo homem que seduziu a
N07 amplitude do mundo e manchou a Igreja com o sangue de seus filhos,
quando ele fez filhos levantar-se contra seus pais e pais contra seus
filhos, e armou irmão contra irmão
tal perseguição é mais cruel que a perseguição de Décio, visto que Cristo
N08 coroou no Céu aqueles que Décio matou por Cristo, mas a atual persegui-
ção priva da vida presente e condena tais proscritos por ela ao inferno.
[Pedimos que, com vossa ajuda,] ele venha apresentar-se diante de nós
agora, que mesmo agora ele ouça a Igreja lamentar-se. Se a Igreja foi con-
P01 fiada a ele, por que ele suporta que ela pereça? Não verdadeiro pastor,
mas mercenário que obteve a posição de pastor, é aquele que retira das
ovelhas seu auxílio enquanto o lobo as rasga em pedaços.
Digam a ele que venha, que dê satisfação à Igreja, que não tema a nin-
guém salvo a Deus; deixem que ele aceite juramentos, deixem que aceite
P02
reféns vindos de nós, certo de salvo-conduto a nós e retorno seguro a
vós, caso ele seja mantido na Sé Apostólica ou deposto.
Se for mais aceitável vir com nossos mensageiros a nosso encontro, apro-
P03
vamos tal plano também.
Se ele puder e dever ser Papa, a ele obedeceremos; mas se o oposto for
P05 verdade em vosso julgamento e em nosso, deixem que outro, a quem a
Igreja requisitar, seja providenciado à Igreja.
A02 Por que Hildebrando luta para destruir o que é administrado por Deus?
249
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Deus disse que não uma, mas duas espadas são suficientes. Mas Hilde-
A04
brando intenta que haja apenas uma
ele luta para arruinar-nos, a quem (embora indignos), Deus ordenou rei
A05
desde nosso berço,
Deus nos tem mostrado diariamente que Ele assim nos ordenou; como
qualquer um pode ver ao considerar quão bem Ele nos protegeu das
A06 emboscadas de Hildebrando e de seus partidários. Já que ainda reinamos,
embora contra a vontade dele; foi o Senhor quem destruiu nosso cavalei-
ro, o perjuro que Hildebrando ordenou rei em nosso lugar.
Não oprimam a Igreja por mais tempo através de Hildebrando; não lutem
P08
com ele contra a justiça. Que haja um julgamento às vistas da Igreja.
Se for justo que vós o considereis papa, defendam-no como papa. Não o
P09
defendam como um ladrão buscando por seu covil.
O que ele ganha ao sacrificar a justiça por poder? Deseja ele, portanto,
ser mais injusto, visto que mais exaltado? Estas são suas próprias pala-
A07
vras, “que ele não deve ser julgado por ninguém”. E o significado destas é
o mesmo do que se ele houvesse dito “ele pode fazer o que quiser”
Mas esta não é a regra do Cristo, na qual declara-se que “aquele que é o
A08 maior dentre vós será vosso servo”. E assim é injusto para ele que se intitula
servo dos servos de Deus oprimir os servos de Deus por meio de seu poder.
Não deve ser vergonhoso a ele ser reduzido a um posto baixo de maneira
a remover um escândalo comum aos fiéis, já que a obediência comum
diz que ele deve ser exaltado. “Pois aquele que”, disse o Senhor, “ofender
A09
estes pequenos que creem em mim, seria melhor para ele que uma pedra
pendesse de seu pescoço”. Olhai, os pequenos e os grandes clamam contra
o escândalo que ele presenteia e pedem que isso seja removido de seu seio
250
4.2 Aplicação da ATD à epistolografia medieval: estudo
de uma correspondência de Henrique IV (1082)
Que ele tenha certeza de que sua vida não estará em perigo, mesmo que
C02 vosso julgamento e a autoridade dos cânones decida que ele deve ser
alijado da dignidade que mantém injustamente.
Não estamos prontos a fazer nada sem vós, mas todas as coisas convosco,
C03
se apenas vermos que vós não resistais a nossos bons atos.
251
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
MELVE, Leidulf. Inventing the Public Sphere (2 vols): The Public Debate during the
Investiture Contest (c. 1030–1122). Leiden: Brill, 2007.
252
4.2 Aplicação da ATD à epistolografia medieval: estudo
de uma correspondência de Henrique IV (1082)
WANGERIN, Laura. Kingship and Justice in the Ottonian Empire. Ann Arbor: Uni-
versity of Michigan Press, 2019.
253
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Categorias emergentes
As duas categorias emergentes advindas da carta são uma combinação
dos temas anteriormente expostos à luz das unidades teóricas encontradas,
que indicam chaves interpretativas para o texto epistolar. Essas duas catego-
rias contemplam a maioria das passagens do próprio texto, abaixo assinala-
das com seus códigos de unidade empírica. Além disso, as unidades teóricas
se combinam de modo a unificar alguns conceitos e perceber os detalhes da
linha argumentativa principal realizada por Henrique IV.
E02, N05, N06, P05, A02, P07, O autor declara que a autoridade canônica e o
P08, C02, C03, wm1_rep, bom julgamento dos bispos romanos devem ser
lw1_sinodo, tr1_assemb centrais em uma resolução justa ao conflito.
254
4.2 Aplicação da ATD à epistolografia medieval: estudo
de uma correspondência de Henrique IV (1082)
Metatextos
A epístola 17, enviada pela chancelaria real de Henrique IV ao clero e
povo romanos em 1082, apresenta como suas motivações dois temas prin-
cipais: a necessidade de se fazerem acusações públicas aos erros e pecados
de Gregório VII e o pedido de Henrique para que seus interlocutores apoiem
uma assembleia na qual Gregório tenha tais transgressões julgadas. A repre-
sentação do papa por seu nome de batismo, Hildebrando, carrega em si um
peso simbólico importante em tal diálogo.
Melve (2007) indica que as cartas papais apresentam Gregório como in-
tegrante de um nível de santidade (visão essa que é diretamente atacada por
Henrique) que lhe é garantido pelo papado em si, o que arregimenta a obe-
diência por parte de outros cristãos. Essa imputação de santidade é direta-
mente atacada por Henrique, que apresenta na carta as denúncias de que o
papado gregoriano foi instrumento de divisão e ruína na Igreja, com a perda
dos laços de fraternidade entre aqueles que disputam entre si, e também a fal-
ta de entendimento e transparência nas relações entre o papado e o império:
cartas e enviados imperiais foram negados no espaço de audiência em Roma,
255
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
De que forma resolver tal impasse? O imperador indica, na Ep. 17, que
o clero romano tem papel central em tal processo. Suas ações na Itália são
justificadas porque visam curar as feridas advindas do abuso do poder papal.
De tal maneira, a recepção que ele espera dos romanos é aquela de aceitação
e conciliação, convidando-os de maneira enérgica para que participem de
uma grande assembleia na qual o sumo pontífice deve ser julgado. A decisão
de Henrique ao favorecer e reforçar a importância da decisão colegiada pode
remeter a tradições locais de seu reino e dinastia.
256
4.2 Aplicação da ATD à epistolografia medieval: estudo
de uma correspondência de Henrique IV (1082)
Referências
BLUMENTHAL, Uta-Renate. The Investiture Controversy: Church and Monarchy
from the Ninth to the Twelfth Century. Filadélfia: University of Pennsylvania Press,
2010.
CONSTABLE, Giles. Letters and Letter-collections. Turnhout: Brepols, 1976.
GUIMARÃES, G. T. D.; PAULA, M. C de. Análise textual discursiva: entre a análi-
se de conteúdo e a análise de discurso. Pesquisa Qualitativa, São Paulo, v. 8, n.
19, p. 677–705, 22 dez. 2020. Disponível em: https://editora.sepq.org.br/rpq/article/
view/380/233. Acesso em: 14 jun. 2022.
MELVE, Leidulf. Inventing the Public Sphere: The Public Debate during the Investitu-
re Contest (c. 1030–1122). Leiden: Brill, 2007. (v. 2).
MOMMSEN, Theodor Ernst; MORRISON, Karl. Imperial lives and letters of the ele-
venth century. Nova York: Columbia University Press, 1967.
MORAES, Roque. Avalanches reconstrutivas: movimentos dialéticos e hermenêuticos de
transformação no envolvimento com a análise textual discursiva. Pesquisa Qualita-
tiva, São Paulo, v. 8, n. 19, p. 595–609, 22 dez. 2020. Disponível em: https://editora.
sepq.org.br/rpq/article/view/372/257. Acesso em: 14 jun. 2022.
MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise Textual Discursiva. 3. ed.
Ijuí: Unijuí, 2016.
REUTER, Timothy. Medieval Polities and Modern Mentalities. Cambridge: Cambrid-
ge University Press, 2006.
SOUSA, Robson Simplício de; GALIAZZI, Maria do Carmo. Compreensões acerca da
hermenêutica na Análise Textual Discursiva: marcas teórico-metodológicas à inves-
tigação. Contexto & Educação, [Ijuí], v. 31, n. 100, p. 33, 12 abr. 2017. Disponível
em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/view/6395.
Acesso em: 14 jun. 2022.
TOUBERT, Pierre. L’Europe dans sa première croissance: de Charlemagne à l’an mil.
Paris: Arthème Fayard, 2004.
WANGERIN, Laura. Kingship and Justice in the Ottonian Empire. Ann Arbor: Uni-
versity of Michigan Press, 2019.
WEILER, B. K. U.; MACLEAN, S. Representations of Power in Medieval Germany
800-1500. Turnhout: Brepols, 2006.
257
4.3 “Fetiches por estatais”: uma análise
textual discursiva
Renata Freitas
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.4.3
Introdução
Este trabalho foi desenvolvido como projeto final do curso Análise Tex-
tual Discursiva, do qual participei, à distância, realizado no final de 2021,
ministrados pelos professores Dra. Valéria de Souza Marcelino (Doutora em
Ensino de Ciências/Prof. Titular/IFF) e Prof. Arthur Rezende da Silva (IFF/
FAETEC/UCP). Para fazer a análise conforme os ensinamentos do curso, foi
escolhida uma matéria da Revista Fórum Digital, por se tratar de um assunto
atual sobre as falas do Ministro da Economia, senhor Paulo Guedes.
258
etapa, chega-se ao metatexto, que, com base nas categorias estabelecidas, se
desenvolve em textos descritivos e interpretativos.
Este capítulo é composto por esta introdução, seguido pelo corpo do texto
que foi analisado, ou seja, a reportagem da Revista Fórum. Após, tem-se as
unitarizações e as categorizações. O metatexto foi dividido em três títulos:
Privatização e miséria, História da economia brasileira e Neoliberalismo e
economia internacional (todos os títulos foram contextualizados). Por fim,
tem-se as considerações finais do trabalho.
Guedes diz que Brasil tem “fetiche por estatais” e fala dos EUA: “Cadê a empresa
de petróleo deles?”
Em sua obsessão por vender empresas públicas, ministro de Bolsonaro fez com-
paração esdrúxula com os EUA, que concentra o controle da maioria das grandes
transnacionais.
Por Plinio Teodoro
1 dez 2021 - 12:23
Obcecado por privatizar tudo o que for possível durante sua passagem pelo Ministé-
rio da Economia, Paulo Guedes atacou o que ele classificou como “fetiche pelas esta-
tais” em mais uma investida para vender empresas públicas nesta quarta-feira (30).
“É um fetiche do passado que acometeu tanto o governo militar durante 20 anos,
quanto os governos civis, que foi social-democracia, o que eles tinham em comum?
O fetiche pelas estatais”, afirmou.
Neoliberal, que aplaudiu o processo de desmonte do Chile durante a sangrenta
ditadura do general Augusto Pinochet, Guedes tentou minimizar a importância da
Petrobras na estrutura do Estado brasileiro ao comparar com a realidade dos EUA,
que concentra o controle das grandes transnacionais do setor.
“Cadê a empresa de petróleo deles? De mineração? Não tem. Um país, uma nação
forte quando ela cria uma classe média emergente forte com milhões de pequenas
e médias empresas e também grandes empresas baseadas em inovação e tecnolo-
gia”, afirmou em evento no Ministério.
Miséria como desculpa para privatizar
No ato, Guedes voltou a usar a miséria da população brasileira como desculpa para
forçar a privatização das estatais.
O ministro de Jair Bolsonaro (PSL) disse que chegou a pedir ao presidente a criação
de um ministério para gerar os bens estatais.
259
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
“Eu já falei com o presidente e estou propondo. Para o novo governo, tem que exis-
tir o Ministério do Patrimônio da União, ele tem R$ 2 trilhões, R$ 3 trilhões, fora os
R$2 trilhões de recebíveis. O Estado tem R$ 4 trilhões, R$ 1 trilhão em imóveis, R$
1 trilhão em estatais, R$ 2 trilhões em recebíveis, uma fortuna incalculável e o povo
pobre, miserável”, disse, ignorando que o próprio Ministério da Economia tem a
Secretaria de Patrimônio da União para administrar os ativos da União.
As palavras do ministro, no entanto, têm uma intenção clara: sua obsessão em
privatizar.
“Tem um negócio chamado fundo de erradicação da pobreza, sem dinheiro, sem gaso-
lina. Enche o tanque do fundo, vende alguns ativos aqui e enche o tanque do fundo”.
Plinio Teodoro
Jornalista, editor de Política da Fórum, especialista em comunicação e relações
humanas.
https://revistaforum.com.br/politica/governo-bolsonaro/2021/12/1/guedes-diz-
-que-brasil-tem-fetiche-por-estatais-fala-dos-eua-cad-empresa-de-petroleo-de-
les-106915.html.
Unitarização
Obcecado por privatizar tudo o que for possível durante sua passa-
gem pelo Ministério da Economia, Paulo Guedes atacou o que ele
Un1 classificou como “fetiche pelas estatais” em mais uma investida
para vender empresas públicas nesta quarta-feira.
260
4.3 “Fetiches por estatais”: uma análise textual discursiva
Categorização
Privatização e a miséria
[Un6] “Eu já falei com o presidente e estou propondo.
Para o novo governo, tem que existir o Ministério do
Patrimônio da União, ele tem R$ 2 trilhões, R$ 3 tri-
lhões, fora os R$2 trilhões de recebíveis. O Estado tem
R$ 4 trilhões, R$ 1 trilhão em imóveis, R$ 1 trilhão
em estatais, R$ 2 trilhões em recebíveis, uma fortuna
incalculável e o povo pobre, miserável”. (TEODORO,
2021, [s. p.]).
261
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Economia internacional
Metatexto
262
4.3 “Fetiches por estatais”: uma análise textual discursiva
Privatização e miséria
Foi nesse contexto que Fernando Affonso Collor de Mello foi eleito, e, em
seu discurso de posse, apresentou as propostas de combate à inflação e raciona-
lização do setor público. Para tanto, um dos pontos que seriam necessários era
a modernização econômica a partir da privatização como elemento para gerar
263
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Diante desses fatos, pode-se perceber até hoje a concepção de que priva-
tizar empresas estatais é a única solução para diminuir os gastos públicos e
retornar o crescimento econômico do país, concepção defendida pelo atual
Ministro da Economia, Paulo Guedes. Outro ponto a considerar é que os
fatos relatados demonstram que o Brasil não tem “fetiche por estatais”,
conforme fala do Ministro Guedes, já que somente durante o Governo do
Partido dos Trabalhadores (PT) a privatização não foi utilizada como saída
para a miséria do país.
264
4.3 “Fetiches por estatais”: uma análise textual discursiva
265
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Com isso, foi preciso estabelecer no Brasil políticas sociais, mas, para tanto,
desenvolveram-se projetos que delimitavam a atuação do Estado e terceiriza-
vam alguns serviços, estabelecendo uma parceria entre o Estado e a socieda-
de. Ou seja, o governo Cardoso, a partir da Reforma do Estado, estabeleceu
medidas legislativas e regulamentou mudanças e ações governamentais que
pudessem reordenar a estratégia do papel do Estado. Este passou a desenvolver
a competitividade da economia, transferindo o patrimônio público para o mer-
cado e alterando a relação do Estado com o mercado e sociedade, fazendo que
o Estado fosse apenas complementar ao mercado (SILVA, 2003).
Economia internacional
266
4.3 “Fetiches por estatais”: uma análise textual discursiva
e mostrar que tal comparação não faz sentido, vamos expor aqui um pouco
do contexto histórico e econômico dos EUA.
O governo manteve a alta de juros que fez com que vários setores in-
dustriais quebrassem e diminuísse o poder do sindicato. Contudo, permitiu
a valorização do dólar e incentivou as indústrias da tecnologia, que foram
favorecidas pela importação barata de maquinário e bens intermediários. E,
para incentivar a economia, o governo cortou impostos e manteve altos índi-
ces de gastos federais, principalmente militares, que estimularam a economia
norte-americana e a mundial.
267
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Esse fato é mais um motivo pelo qual não dá para comparar a economia
do Brasil com a dos EUA. O poder econômico e político se dá pela valoriza-
ção também da sua moeda e poder bélico.
Apesar dos EUA serem ainda uma potência por manterem sua influên-
cia no padrão monetário internacional, o país vem perdendo aos poucos sua
hegemonia, dando espaço a outras potências internacionais, como a China.
Considerações finais
268
4.3 “Fetiches por estatais”: uma análise textual discursiva
O primeiro ponto é que fica claro que a solução para o problema da mi-
séria no Brasil não será resolvida com as privatizações, considerando que já
houve essa tentativa nos governos Collor e FHC e em nada contribuiu para
a estabilidade econômica do país. Além disso, há de se considerar o fato que
alguns países optaram por manter as estatais e obtiveram maiores lucros,
como a China e a Índia.
Com isso, podemos concluir que o Brasil não tem “fetiche por estatais”
conforme declarado por Paulo Guedes, pois houve períodos de governos que
privatizaram estatais. Mesmo assim, não houve o retorno que se emprega no
neoliberalismo e sua comparação com os EUA não tem sentido, já que cada
um tem histórico diferenciado de procedimentos adotados para o desenvolvi-
mento econômico e crescimento do país.
Referências
ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir; GENTILI, Pablo
(org.). As Políticas Sociais e o Estado Democrático Pós-Neoliberalismo. São Paulo:
Paz e Terra, 1996. p. 9-23.
269
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
270
4.4 O mundo não deve sobreviver, tem
que viver!
Renato Troian
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.4.4
O Corpus
Todos os países do mundo têm direito ao desenvolvimento econômico. A
partir dele, é possível elevar a qualidade de vida da população, com uma par-
te da renda distribuída entre os menos favorecidos, estabilizando tensões so-
ciais e políticas. Porém, sem a aplicação de leis ambientais e uma fiscalização
eficiente por parte dos governos, o desenvolvimento pode cobrar um preço
alto: piora das condições de vida humana, escassez de alimentos, diminuição
da biodiversidade e a piora da mudança climática (Renato Troian).
Este texto, aqui chamado de corpus, foi de autoria minha, realizado com
um processo de reformulação parafrástica com base em leituras realizadas
por mim e aulas do Curso de Gestão Ambiental do IFAL, no qual sou dis-
cente. Foi feito para uma atividade do curso de Análise Textual Discursiva
271
Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Meu nome é Renato Troian da Silva, sou aposentado com 57 anos, e esta é
minha primeira inserção neste mundo da ATD. Inscrevi-me para auxiliar na
produção do meu Trabalho de Conclusão de Curso do Tecnólogo em Gestão
Ambiental do IFAL, também sou aluno no curso superior de Tecnologia em
Produção Cervejeira do Unicesumar e do curso Técnico em Cervejaria do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Firjan).
Unitarização:
F1RTS:7
F2RTS:
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4.4 O mundo não deve sobreviver, tem que viver!
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4.4 O mundo não deve sobreviver, tem que viver!
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Não temos para onde fugir, não adianta deixar de poluir a nossa atmosfera
e nosso planeta, temos que despoluí-lo. Fazer usinas de despoluição, usar ener-
gias renováveis e sem emissão de gás carbônico, combustível limpo é mais caro
que um combustível fóssil, mas temos que assumir essa conta que, no final, não
é alta, ela é necessária para que a geração futura tenha uma vida mais saudável
e que não venha conhecer a natureza em um jardim botânico ou em um zoo-
lógico. Esse zoológico que, no final das contas, é uma prisão onde os animais
nem se reproduzem mais, pois vivem estressados e presos como sobreviventes
em um campo de concentração, só concentra, não aumenta o número de exem-
plares. Até nós, humanos, ficamos presos em um zoológico, onde a tecnologia
é nossa prisão e ficamos enjaulados pela internet.
Os governos que são eleitos por nós têm a grande tarefa de criar leis iguais
para todo o mundo para frear estas corporações e indivíduos que só pensam
no lucro, e não no futuro da humanidade e do Planeta Terra. Assim, educar
as pessoas é importante, pois sem educação a mensagem de preservação não
vai ser repassada.
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4.4 O mundo não deve sobreviver, tem que viver!
Referências
FÁVERO, Paulo. Maior nível de escolaridade aumenta as chances de ter um salá-
rio melhor, afirma estudo. Terra, 2020. Disponível em: https://www.terra.com.
br/noticias/educacao/maior-nivel-de-escolaridade-aumenta-as-chances-de-ter-um-
-salario-melhor-afirma-estudo,e9c0ab94ffa16935f b0a594be894429fgaqxy4l9.html.
Acesso em: 21 jun. 2022.
GROSS, Jacson; GUIMARÃES, Marcelo Maduell. Igualdade, dignidade da pessoa hu-
mana e minorias: uma democracia social em construção. Revista de Direitos Hu-
manos e Efetividade, Minas Gerais, v. 1, n. 2, p. 218 -235, jul./dez. 2015. Disponível
em: https://indexlaw.org/index.php/revistadhe/article/view/124/125. Acesso em: 14
jun. 2022.
SEN, A. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
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4.5 Cartas pedagógicas: possibilidades
da escrita de si construindo mosaicos
de aprendizado professoral com a
compreensão nos pressupostos da
Análise Textual Discursiva (ATD)
Rosimeire Montanuci
DOI: 10.52695/978-65-88977-79-8.4.5
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por meio de cartas, Paulo Freire (re)escrevia suas cartas com um gesto de
amorosidade, falando de coração para coração a quem pretendia deixar sua
mensagem para quem interessasse atuar e discutir a docência com decência.
Assim, afiançamos que as cartas são caminhos que podemos adotar para falar
de nós em diferentes possibilidades e momentos de nossa vida, (re)criando
maneiras de ser e estar em um cotidiano na expectativa de comunicar e dei-
xar para a posteridade o legado de uma existência, a fim de aproximar mentes
e corações, produzindo e compartilhando saberes de si mesmo. A biografia e
o pensamento de Paulo Freire se configuram no sentido de que sempre esteve
permeado por uma íntima afinidade o com o hábito da escrita de cartas, em
que o educador falava de si e registrava sua militância de ser educador e o ato
de educar em sua época.
Nas primeiras palavras sobre cartas como gênero textual, produzimos este
metatexto, relacionando a hereditariedade do costume da escrita de cartas
como originária de tempos muito longínquos e utilizada por várias pessoas
para partilhar epístolas, informações, orientações e tantos outras maneiras de
comunicar algo a alguém. Assim, como seres humanos legatários desse estilo
de escrita, estamos convictos da responsabilidade de cuidar e perpetuar essa
forma de manifestar nossas memórias e, por conseguinte, buscando fazer e
ser tornar ponte de escritas pedagógicas no contexto experiencial, que, neste
texto, denominamos práticas professorais.
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Para avaliar o hábito da escrita de cartas, com foco nas Cartas Pedagógi-
cas, trazemos como referência Dickmann (2020), que reforça a ideia de que
a escrita de cartas pedagógicas é um gênero cultivado através dos tempos e
alimentado pelo desejo de uma comunicação afetuosa, com seu foco na vida
e obra de Paulo Freire, que contava um pouco de si na escrita de suas cartas.
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4.5 Cartas pedagógicas: possibilidades da escrita de si construindo
mosaicos de aprendizado professoral com a compreensão nos
pressupostos da Análise Textual Discursiva (ATD)
de Mato Grosso, com lócus no Campus Cuiabá Bela Vista. Como metodo-
logia de análise do corpus da pesquisa-ensino, utilizamos o gênero textual
cartas pedagógicas.
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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4.5 Cartas pedagógicas: possibilidades da escrita de si construindo
mosaicos de aprendizado professoral com a compreensão nos
pressupostos da Análise Textual Discursiva (ATD)
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
de campo (produzidos por meio das cartas pedagógicas). Para tanto, elegemos
o uso da Análise Textual Discursiva (ATD), proposta por Moraes e Galiazzi
(2011), como procedimento de análise de dados coletados nos pressupostos qua-
litativos, buscando abrolhar sentidos e tecer os relatos produzindo mosaicos de
compreensões e transformando as cartas em uma narrativa abarcante, mediante
dados que insurgem como forma de dar significado aos relatos memorialísticos
e às histórias de vida escritas pelos alunos em suas cartas.
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4.5 Cartas pedagógicas: possibilidades da escrita de si construindo
mosaicos de aprendizado professoral com a compreensão nos
pressupostos da Análise Textual Discursiva (ATD)
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
(AVA), onde o aluno (Attilio) foi motivado a escrever uma carta a alguém que
lhe fosse caro e raro na sua trajetória de formação.
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mosaicos de aprendizado professoral com a compreensão nos
pressupostos da Análise Textual Discursiva (ATD)
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
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mosaicos de aprendizado professoral com a compreensão nos
pressupostos da Análise Textual Discursiva (ATD)
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
O intuito do exercício de realizar uma ATD por meio de uma carta peda-
gógica não foi validar ou buscar verdades, mas compreender a experiência (re)
vivida e (re)contada que teve grandes influências e sentimentos do/no aluno em
um futuro breve se vir a ser professor de Química no estado de Mato Grosso.
Referências
CLANDININ, D. J.; CONNELLY, F. M. Pesquisa narrativa: experiência e história em
pesquisa qualitativa. 2. ed. Uberlândia: Edufu, 2015.
CONNELLY, F. M.; CLANDININ, D. J. Relatos de experiencia e investigación narrativa.
In: LARROSA, J. et al. (ed.). Déjame que te cuente: ensayos sobre narrativa y edu-
cación. Barcelona: Laertes, 1995. p. 11-59.
DICKMANN, Ivo. As dez características de uma carta pedagógica. In: PAULO, Fer-
nanda dos Santos; DICKMANN, Ivo (org.). Cartas Pedagógicas: tópicos epistêmi-
co-metodológicos na Educação Popular 1. ed. Chapecó: Livrologia, 2020. p. 37-54.
(Coleção Paulo Freire; v. 2).
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4.5 Cartas pedagógicas: possibilidades da escrita de si construindo
mosaicos de aprendizado professoral com a compreensão nos
pressupostos da Análise Textual Discursiva (ATD)
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Sobre autores e autoras
Ariane Gutierrez
Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal
da Bahia. Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Maurício de
Nassau / Lauro de Freitas - BA (2017). Atualmente, é Coordenadora Pedagó-
gica da Prefeitura de São Francisco do Conde-BA. Tem experiência na área
de Educação, com ênfase em Educação Profissional, Educação do Campo e
Educação Inclusiva. Especialização em Transtorno do Espetro Autista pela
Child Behavior Institute of Miami. Curso de extensão em Coordenação Peda-
gógica pelo Centro Educacional de Desenvolvimento Profissional (CEDEP).
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Sobre autores e autoras
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Análise Textual Discursiva (ATD): teoria na prática
Gedmar S. Carvalho
Doutorando em Ciências Naturais (PGCN/UENF). Mestre em Ensino de
Física pelo Instituto Federal Fluminense – Polo 34. Graduado em Matemática
e Ciências Naturais pelo Centro Universitário Fluminense (1996). Atualmen-
te é professor da Prefeitura Municipal de Macaé. Tem experiência docente
nas áreas de Matemática do ensino fundamental II e ensino médio e em Ciên-
cias Naturais do ensino fundamental II.
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Sobre autores e autoras
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Sobre autores e autoras
Reginaldo Nhachengo
Rosimeire Montanuci
Sebastião Rodrigues-Moura
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Sobre autores e autoras
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Recebi com muita alegria a notícia de que a Análise Textual Discursiva (ATD)
estava em discussão pela Professora Valéria Marcelino em um curso de forma-
ção de pesquisadores. Valéria fez a disciplina à distância quando ainda nem
imaginávamos o que se tornariam as lives síncronas, momentos de reuniões
cotidianas nestes últimos tempos. Valéria se desafiou em sua tese a usar a me-
todologia de análise aprendida naquela disciplina, isso faz uma década. A ela,
aliou-se o Prof. Arthur, com a intenção de democratizar o acesso à ATD. Quando
leio sobre o lugar dos participantes do curso, encanto-me com a obra. Do norte
ao sul, os ventos levam a ATD como possibilidade de analisar pesquisas em que
a autoria do pesquisador é condição. Ou, dito de outra forma, se a pesquisa não
transformar o pesquisador, qual seu sentido?
Que bom que o curso esteja com muita gente, pois, como sabemos, pela es-
crita se produzem transformações pessoais que levam a outras transformações,
e estamos em momentos em que precisamos de análises críticas sobre o que
estamos vivendo.
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