6 - Meningite - Nasta
6 - Meningite - Nasta
6 - Meningite - Nasta
MENINGITE
Produção por leucócitos (presentes no
liquor), células da micróglia, astrócitos e
células endoteliais
Meningite bacteriana infecção purulenta das
meninges e do espaço subaracnoide Citocinas aumentam permeabilidade capilar
altera barreira hematoencefálica
Há uma intensa reação inflamatória no SNC,
Favorece aparecimento de edema cerebral
acarretando:
do tipo vasogênico
RNC
Há extravasamento de proteínas e
Convulsões leucócitos para o líquor determinam
formação de um espesso exsudato
Aumento da pressão intracraniana (PIC) bloqueia reabsorção pelas granulações
Eventos isquêmicos aracnóideas hidrocefalia e edema
cerebral
90% dos casos crianças de 1 mês até 5 anos de
idade Citocinas levam ao surgimento de selectinas
receptores em células endoteliais favorece
Mas pode se apresentar em qualquer idade migração de leucócitos para o líquor
Liberação de radicais livres derivados de
FISIOPATOLOGIA
oxigênio e degranulação de neutrófilos
1º, há a colonização das vias aéreas superiores contribuem ainda mais para o edema citotóxico
por germes patogênicos, em geral, organismos que se instala
capsulados como: Citocinas também levam a perda da
Meningococo, pneumococo e hemófilo tipo autorregulação cerebrovascular das meninges
B mecanismos que mantém perfusão cerebral
adequada frente variações na PAM aumento
Há então invasão do epitélio pelo agente e da pressão acarreta vasoconstrição e diminuição da
posterior disseminação para a corrente pressão vasodilatação
sanguínea
Logo, com a perda da função, hipotensão
Na criança é incomum a disseminação pela não será regulada e pode haver alterações
via sanguínea a partir de focos como isquêmicas; a hipertensão não será
endocardite infecciosa, pneumonia e regulada e pode haver edema
tromboflebite
O processo inflamatório no espaço subaracnoide
Menos frequente ainda é o comprometimento pode acometer vasos sanguíneos por contiguidade
das meninges por extensão direta de focos – vasculite ocasiona trombose e infarto
infecciosos em seios paranasais, ouvido cerebral isquêmico ou favorece disseminação do
médio, mastoide ou osteomielite de crânio processo infeccioso para o encéfalo,
determinando o aparecimento de abscessos
Quando os microorganismos alcançam o plexo
cerebrais
coroide, invadem o espaço subaracnoide e se
multiplicam no liquor
ETIOLOGIA
Líquor baixa concentração de
imunoglobulinas e complemento, é um sítio RN e lactente até 3 meses de idade, os patógenos
favorável à multiplicação de bactérias mais frequentes são:
As manifestações neurológicas irão se dar Streptococcus agalactiae (estreptococo do
principalmente pela reação imune do hospedeiro, grupo B)
e não pela ação direta do microrganismo
Listeria monocytogenes
Reação imune exacerbada pela lise de bactérias Bactérias G- entéricas (E.coli,
e liberação de elementos como: Enterobacter spp., Klebsiella pneumoniae,
lipopolissacarídeo (g-), ácido teicoico e Salmonella enteritidis)
peptidoglicano (g+)
Aquisição dessas bactérias no momento do
Há produção de citocinas, principalmente TNF- parto – colonização vaginal
alfa e IL-1
Felipe D Rodrigues
3 meses aos 18 anos: bastonetes Gram-negativos podem causar
meningite em alcoólatras, diabéticos, pacientes
Neisseria meningitidis (meningococo)
com infecção crônica do trato urinário e em
Streptococcus pneumoniae (pneumococo) indivíduos com estrongiloidíase disseminada
Haemophilus influenzae tipo b meningite pós-punção lombar S. aureus e
incidência diminuída pela vacinação Pseudomonas aeruginosa
Dos 18 aos 50 anos
ASPECTOS CLÍNICOS
pneumococo se torna mais frequente que o
meningococo (que assume a segunda 3 síndromes concomitantes:
posição no ranking)
1 – Síndrome toxêmica
>50 anos
2 – Síndrome de irritação meníngea
pneumococo também é o principal agente
etiológico de meningite bacteriana, seguido 3 – Síndrome de hipertensão
agora pela Listeria e pelos bacilos g- intracraniana
negativos entéricos A presença de 2 delas é muito sugestiva de
Streptococcus pneumoniae determina a meningite diagnóstico
de pior gravidade (letalidade de 15-30%) deixa Nos crianças pequenas – especialmente os
mais sequelas nos sobreviventes lactentes-, sinais e sintomas da irritação
Fator de risco pneumonia (presente em meníngea são AUSENTES em até 50% dos
25% dos pacientes); sinusite/otite média casos
aguda ou crônica, alcoolismo, diabetes, Possuem manifestações inespecíficas como
esplenectomia, hipogamaglobulinemia, choro intenso e persistente, agitação e
trauma cranioencefálico com fratura de base recusa alimentar
de crânio e fístula liquórica, anemia
falciforme e deficiência de complemento Logo, se tem a possibilidade da doença,
realizar Punção Lombar diagnóstica
Neisseria meningitidis raramente deixa sequelas risco da punção lombar é muito menor que
quando curada o da meningite não tratada
Letalidade de 5-15%
SÍNDROME TOXÊMICA
Fatores de risco: deficiência no sistema
complemento febre alta, mal-estar geral, prostração e,
eventualmente, agitação psicomotora
Haemophilus influenzae tipo b costuma deixar
sequelas com mais frequência que o Sinal de Faget (dissociação pulso-temperatura –
meningococo surdez neurossensorial muita febre e pouca taquicardia) é relativamente
comum
Letalidade – 5-15%
40-60% das meningites meningocócicas, um rash
Listeria monocytogenes (g+) cutâneo hemorrágico (petéquias e equimoses
Acomete idosos e pacientes com alterações disseminadas) pode ser encontrado
na imunidade celular (transplantados, Por dano endotelial nos capilares da derme
portadores de doenças malignas e indivíduos pela semeadura local do meningococo
em terapia imunossupressora)
Grávidas possuem imunossupressão da 26ª SÍNDROME DE IRRITAÇÃO
a 30ª semana susceptível MENÍNGEA
L. monocytogenes 2ª causa de meningite em Rigidez da nuca
idosos (atrás do pneumococo)
Com o paciente em decúbito dorsal tenta-se
Agente mais comum em pacientes com fletir seu pescoço
linfoma e transplantados
Há dificuldade na manobra devido à
Staphylococcus aureus e o Staphylococcus contratura reflexa da musculatura
epidermidis mais envolvidos após cervical posterior.
procedimentos neurocirúrgicos
Felipe D Rodrigues
Sinal de Kernig – 2 formas de pesquisar para a radiologia, e após a coleta de
hemoculturas
(1) com o paciente em decúbito dorsal eleva-
se o tronco, fletindo-o sobre a bacia Em pacientes com nível de consciência normal,
Ocorre flexão da perna sobre a coxa, e desta sem papiledema ou deficit focais, a punção
sobre a bacia liquórica é realizada na região lombar, entre L1 e
S1, sendo mais indicados os espaços L3-L4, L4-
(2) com o paciente em decúbito dorsal flete-
L5 ou L5-S1.
se a coxa sobre o quadril e o joelho sobre a
coxa Quando o examinador tenta estender A única contraindicação ABSOLUTA à punção
a perna, o paciente refere dor. liquórica é a presença de infecção no local da
punção (piodermite)
Sinal de Brudzinski
Flexão involuntária da perna sobre a coxa ESTUDO DO LCR
e desta sobre a bacia ao se tentar fletir a
cabeça.
PRESSÃO DE ABERTURA
Sinal de desconforto lombar
Em adultos, a pressão normal situa-se abaixo de 18
O paciente em decúbito
dorsal flexiona um joelho
examinador coloca sua mão
na região plantar ipsilateral,
exercendo resistência, e pede
ao paciente que empurre com
força
Sinal positivo quando o
paciente refere uma sensação
de "choque elétrico" na
região lombar
SÍNDROME DE
HIPERTENSÃO
INTRACRANIANA cmH2O.
cefaleia holocraniana intensa, náuseas, vômitos, Na meningite bacteriana, os valores estão acima
fotofobia e, muitas vezes, confusão mental de 18 cmH2O em 90% dos casos
EXAME
MICROBIOLÓGICO
Exame realizado, sob
assepsia, para
detectar a presença
de bactérias.
Os mais utilizados são a bacterioscopia pelo
Gram e a cultura.
Podemos usar PCR, se disponível
vantagem: não sofre interferência caso o pcte
tenha usado ATB (bacterioscopia e cultura
podem sofrer interferência)
A coloração pelo método de Gram é positivo em
cerca de 80-85% das vezes
mas pode não revelar micro-organismos em
até 60% dos casos de meningite por L.
monocytogenes
A cultura é positiva em > 80 %.
Felipe D Rodrigues
A antibioticoterapia é ministrada por via Manitol: promove diurese osmótica e
intravenosa, por um período de 7-14 dias, ou até melhora o edema cerebral nos pacientes
mais, dependendo da evolução clínica e da com HIC empregado em dose de ataque
etiologia de 0,5-1,0 g/kg EV e manutenção de 0,25
g/kg a cada 4/4 horas;
Diazepam para o tratamento de
convulsões e hidantoína ou
fenorbital para controle
Ventilação mecânica na presença
de coma ou arritmias
respiratórias
EVOLUÇÃO E CONTROLE
A resposta ao tratamento
antimicrobiano corretamente instituído
costuma ser RÁPIDA
Melhora da confusão mental nas
primeiras 6h
Melhora da febre nas primeiras
GLICOCORTICOIDES 6-12h
Ventriculite mais comum em crianças <2 Indivíduos que permaneceram com o paciente
meses está relacionada à demora do início da por cerca de 4 horas por dia durante 5 a 7 dias
terapia e à meningite por enterobactérias Profissionais da saúde que foram expostos a
acarreta aumentos da PIC e hidrocefalia secreções respiratórias do paciente
Hidrocefalia pode surgir durante o episódio de Drogas que de escolha:
meningite ou após a resolução do processo
infeccioso rifampicina (1ª opção) na dose de 10 mg/kg
a cada 12 horas durante dois dias para
Abscesso clássico do pneumococo, mas pode crianças e 600 mg de 12 em 12 horas para
ser por listeria e aneróbio (associar adultos
metronidazol/ampicilina)
mulheres grávidas ceftriaxona em dose
Acontece mais em crianças única (250 mg IM)
Desconfiar quando: convulsão; febre e dor VACINAÇÃO conjugada contra meningococo
de cabeça apesar de tratamento com ATB sorotipo C está no calendário vacinal
adequadamente (normalmente, pessoa tem
que estar bem após 24-48h de tratamento MENINGITE POR HAEMOPHILUS
com ATB)
INFLUENZAE
Entretanto, líquor vai estar normal, visto
que o ATB matou os microrganismos o A profilaxia é indicada para contatos familiares
problema agora é causado pelo somente quando houver uma criança com <4
ABCESSO!! anos de idade além do caso-índice
Solicitar neuroimagem Necessário uso de ATB para todos os
membros da família
Maioria das vezes vai ser necessário
abordagem cirúrgica Para creches ou escolas onde existam crianças
expostas com idade inferior a 24 meses e diante
Sequelas a surdez, a hidrocefalia, a epilepsia, a da ocorrência de um segundo caso confirmado,
cegueira, a hemiplegia, o retardo psicomotor e o indica-se, então, a profilaxia para os contatos
deficit intelectual são as sequelas mais comuns íntimos, incluindo os adultos
MARCADORES DE MAU Rifampicina na dose de 20 mg/kg uma vez ao dia
PROGNÓSTICO DAS MENINGITES por quatro dias para crianças, e 600 mg uma vez ao
BACTERIANAS dia por quatro dias para adultos
VACINAÇÃO
A vacina contra o Hib é
produzida a partir do componente
polissacarídico da cápsula
bacteriana, conjugado a uma proteína carreadora
Nas fases iniciais pode haver predomínio de PMN
Confere imunidade duradoura
A punção lombar deve ser repetida 12h
vacina pentavalente DTP + Hib + HBV após, quando haverá uma mudança na
celularidade para linfomononucleares
Esquema nacional:
Glicose tipicamente normal
Criança < 1 ano 3 doses (2º, 4º e 6º mês
de vida)
TRATAMENTO
MENINGITES VIRAIS Na maioria das vezes é de suporte, com reposição
hidroeletrolítica e controle das convulsões,
Ocorrem em crianças maiores do que um ano, quando presentes
adolescentes e adultos jovens
O isolamento respiratório deve ser feito em casos
Os vírus mais comumente envolvidos são os da de meningite pelo vírus da caxumba enquanto
caxumba, Epstein-Barr, acompanhando uma durar o aumento das parótidas, ou até nove dias a
síndrome de mononucleose infecciosa, outros partir do início de doença.
enterovírus (coxsackie, echovirus, etc.), o CMV
e o HIV; herpes em casos graves
No lactente, a presença de meningite com o COMENTÁRIO PROF
liquor claro nos faz sempre pensar em
comprometimento sifilítico A principal vacinação era a de H. influenzae
No adulto jovem e sexualmente ativo, pesquisa-se Hoje em dia, temos vacina para vários subtipos de
HIV meningococo
QUADRO CLÍNICO A,C,Y,W75
B
O início é agudo com náuseas, vômitos, cefaleia,
diarreia e rash maculopapular, em casos de Logo, tem vacina para todos os subtipos do
enteroviroses meningococo; no SUS tem o A e o C
Uma infecção respiratória alta pode preceder a Pneumococo tem várias vacinas hoje em dia
instalação do quadro também
Pode haver envolvimento do encéfalo, com Mas tem algumas cepas que não são cobertas
agitação, RNC e crises convulsivas
Saber muito bem a etiologia por idade
Felipe D Rodrigues
A tríade clássica nem sempre vai estar presente bacterioscopia
rigidez de nuca, cefaleia, vômito
Diplococo gram – meningococo –
Nem sempre vamos ter irritação meníngea Neisseria meningitidis pode de-escalonar
para penicilina
Não ter o sinal não exclui o diagnóstico de
meningite Diplococo gram + pneumococo
ceftriaxone; se no antibiograma for sensível a
colher líquor mais vezes penicilina, de-escalonar; se tiver resistência
intermediaria, deixar ceftriaxone; se tiver
líquor pode ter influencia da antibioticoterapia
resistencai alta, associar vanco
bacterioscopia, número de celularidade,
Bacilo gram – Haemophilus influenzae
predomínio de linfócito/neutrófilo
deixar ceftriaxone
um líquor linfomono não quer dizer que é viral Bacilo gram + listeria ampicilina
pode ser sífilis, tuberculose, criptococose
Trauma craniocefalico aberto S. aureus
existe algumas bacterianas que se comportam
como linfomono (listeria)