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JAN VAL ELLAM

CRÔNICAS DE UM NOVO TEMPO


SUMÁRIO
Esclarecimento

I. DA VIDA
Verdade e Vida
Entronizaram a Insensatez
3. A quem interessar possa

II. DA FILOSOFIAS E DAS RELIGIÕES


Existir, eis a Questão!
Ingenuidade e Ignorância
Ilusão de Grandeza
Sincronicidades
Antes de crer, compreender
Onde falham as Religiões
A Luz das Religiões
O Discreto Avatar do Ocidente
O Norte das Religiões
A Crença

III. DO COSMOS E DA ESPIRITUALIDADE


Revelação Cósmica
A Promessa de Jesus
A Volta do Mestre
Espíritos e Extraterrestres. Qual o problema?
"Meu Reino não é deste Mundo"
Reintegração Cósmica
Nada Além do Horizonte
Efeitos da Maré Cósmica
O Limite das Possibilidades
A Chave do Apocalipse - Ano 2001
Sintonia e Vibração

IV. DA HISTÓRIA E DA POLÍTICA


Os Demônios e as Queimas de Arquivo
As Lições do Ano de 1999
Poder... Atração Irresistível?
O Oriente e o Ocidente
Onde falham os Homens
Convergência na Diversidade
Postura Política e Cidadania
Condições Ambientais
O Ideal sobre o Real

V. DE MIM E DE DEUS
Eterno Fora de Moda
Eu e Deus
Instante na Madrugada

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Sobre o Autor
Créditos
Projeto Orbum
Esclarecimento

Estamos nos primeiros tempos de uma nova era a qual, particularmente,


denomino como sendo a do conhecimento e da espiritualização. Apesar dos
indicativos, o ser humano continua com a sua atenção voltada para os
escombros de um passado cujos efeitos ainda serão sentidos por um longo
período.

Nessa nova era os “fundamentalismos”, sejam eles quais forem, não


encontrarão a guarida sempre disponível da parte dos agentes que, mesmo
sem perceberem, produzem o pior tipo de veneno presente nas relações
humanas atuais, que é a intolerância nas suas mais variadas formas de
expressão.

Enquanto observamos o fundamentalismo cristão estadunidense se


arvorar em instrumento dos céus para combater o islamismo — que também
se auto-intitula instrumento dos mesmos céus para destruir o que classifica
como o “grande satã” — é imperioso que não percamos de vista um tempo
que está próximo, em que esse tipo de discurso irresponsavelmente
“sacralizado” pelos poderosos do mundo, que justificam o assassinato de
muitos em nome de Deus (ocidental-cristão) e de Allah (oriental-islâmico),
não mais será aceito.

Pena que ainda seja “cedo” para ressaltar um tempo futuro o qual, diante
da crise de utopias em que vive atualmente a humanidade, mais do que uma
utopia nos parecerá mesmo ficção, razão pela qual não aprofundaremos o
tema nos textos aqui enumerados, que deverão servir apenas como introito a
esse devir.

As crônicas deste livro, apesar de muitas vezes se referirem ao pretérito,


tentam ressaltar exatamente essa nova ótica para que se possa observar com
outros olhos aquilo que nos acostumamos a enxergar com os elementos do
academicismo que escraviza a atual percepção aos ditames da ortodoxia
vigente. Mais do que isso, faz-nos classificar a nossa história como tendo
sido uma época mais atrasada do que a atual, premissa que está sendo,
pouco a pouco, desmontada. Além desse aspecto, pretendem semear a
inadiável reflexão sobre os dias de transição que estamos vivendo,
preocupando-se também em fornecer vislumbres de um futuro
completamente diferente daqueles que o senso comum imagina.

Assim, embora em sua maioria sejam inéditos, alguns poucos dos textos
aqui apresentados já foram publicados em jornais e revistas especializadas
recebendo, agora, novo tratamento editorial.

Pretendemos apenas veicular as opiniões que nos são próprias, sem


nenhuma ligação com fé ou dogma.

Move o espírito do autor destas páginas o desejo maior de ofertar


fraternalmente alguns padrões de análise para aqueles que buscam. Nada
mais.

Atlan, 04 de agosto de 2011.

Jan Val Ellam


I

DA VIDA
Verdade e Vida

"Uma só é a Verdade, muitos são os caminhos


que levam à Verdade."

Huberto Rohden

Vivo num tempo em que as pessoas, ao invés de procurá-la por elas


mesmas, apenas se “esforçam” para acreditar no que os outros lhes dizem
ser a “verdade”. Pergunto-me mesmo se existiu algum tempo no passado
que não tenha sido assim.

Estranha essa a mania das pessoas pouco ou nada fazerem esperando que
outros lhes digam o que é certo e errado. Típico das religiões opressivas,
que impõem um ponto de vista anteriormente revelado ou assim entendido
por algum iluminado do passado. Que seja! A grande parte da humanidade
caminha por aqui. Fatalmente haverá de encontrar a sua “verdade”. Penso,
contudo, que os que trilham essa estrada, estarão sempre submetidos a uma
mentalidade de rebanho e, sinceramente, acho isso preocupante. Mais ainda
porque hoje desconfio, pelos fatos que me envolvem, que a entidade que
financiou esse processo, ou seja, o de criação de um rebanho na Terra, está
tão ou mais confusa do que o seu próprio rebanho.

Não há problema viver em rebanho humano. Tem gente que gosta!


Afinal, quando o compositor e poeta Zé Ramalho entoa “... vida de gado,
povo marcado é povo feliz!”, ele apenas constata essa tragicômica
tendência de boa parte desta humanidade em precisar de “super-líderes”,
“super-isso e aquilo”. Afinal, quem vive em rebanho dificilmente haverá de
despertar para a maioridade espiritual sobre a sua real condição de
cidadania e de existência. É o que penso.
Há problema, sim, viver em rebanho para certo tipo de gente. Quanto
mais ainda pelo modo caótico e feio como o rebanho se comporta
consumindo e ruminando o que lhe é dado pensando que em se
comportando assim está agradando ao seu deus de devoção. Penso que não.

Houve um tempo em que até me esforcei, mas não consegui me


arrebanhar. Eu mesmo me expulsei, breve antecipação do inevitável.

Muitas pessoas que amo vivem arrebanhadas e somente posso estimulá-


las a serem as mais belas pessoas que puderem ser independente de tudo
mais. Na verdade, sou tendente a achá-lasmais úteis ao mundo do que um
solitário do meu tipo. Solitário? Nem tanto assim. Existem muitos que
caminham pela vida esforçando-se não para ser servir a esse ou aquele
establishment religioso ou filosófico, mas procurando construir o caminho
que lhe é próprio a sua capacidade de arquitetar um destino lúcido no
atordoamento caótico dos tempos em que vivemos. Pode ser que estes
jamais cheguem a lugar algum, mas terão se aventurado pela estrada da vida
sem ter estacionado no primeiro posto de abastecimento psicológico que
lhes aparece. Afinal, caminhar é preciso!

Os muitos painéis da vida somente poderão ser percebidos pelos que se


aventuram e caminham. Os que ficam parados numa crença religiosa e
cegos a tudo mais, perceberão apenas o que lhes for dado como alimento.
Que seja! Conheço pessoas que vivem assim e são muito mais belas e
produtivas do que gente do meu tipo.

Realmente, penso como HubertoRohden e se estiverem errados os que


pensam assim, acho mesmo que deveríamos “criar uma crença” –
incoerência das incoerências - que nos permitisse alimentar essa “opinião” e
quem sabe se não haverá um tempo em que na Terra existirá o rebanho dos
que não querem ou não sabem viver em rebanho. Mas os rebanhos precisam
sempre ser organizados, subordinados a um senso comum e eu tenho muito
medo do senso comum terráqueo. Na verdade, este é o único medo que
ainda sinto! Todos os outros penso já ter conseguido assimilá-los como
coisas da vida e os vejo com o olhar de carinho que posso construir em mim
mesmo.

Certa feita Jesus disse aos seus acompanhantes mais íntimos:

Aquele que busca, não pare de buscar até que


encontre, e quando encontrar, perturbar-se-á,
depois maravilhar-se-á e reinara sobre o Todo.

Isso está no Evangelho de Tomé, o Dídimo, logo no seu início, na


segunda assertiva das 114 que ali se encontram.

Existem muitas traduções para o texto de Tomé, encontrado no ano de


1945 no Alto Egito, na região de NagHammadi, nos quais aparecem as
palavras “estupefação”, “espanto” no lugar do “perturbar-se-á”. Mas todas
dizem exatamente de um “susto” que o buscador inexoravelmente sente ao
descortinar o que permanece escondido de modo subjacente ao nosso
aparente senso de realidade. E o único contexto que, conforme penso, é
possível de ser enquadrado na frase enigmática de Jesus é o de se perceber a
existência de um ser impossível de se enquadrar na compreensão humana,
chamado de Brahma, Javé ou mais recentemente de Alá. Haja susto!

Fiquei espantado! — até porque não fui eu que procurei coisa alguma,
pelo menos que eu saiba.

Esse ser, ou quem por ele se faz passar, realmente nada tem de deus
apesar de ter sido, em sua condição de divindade, o criador deste universo e
de regiões adjacentes. O mais estranho é a sua doentia insistência em isso
afirmar, como se nisso, ou seja, da nossa crença ou não em relação à
pretensa autoria da obra universal, residisse uma questão de “vida ou
morte” para o seu ego bastante afetado e completamente diferente do que
conhecemos como “condição humana”.
Minha vida terrena foi invadida sem que o invasor pedisse licença. Logo
eu que não sou dado a crenças e nem vejo a sua “figura histórica” por trás
do Antigo Testamento e do Alcorão como sendo agradável ou mesmo
confiável. Ainda assim, fui e sou tido por ele como pertencente ao seu
rebanho terrestre, na verdade, taxado de “filho ingrato” até quando me
recusei a escrever a publicar as noticias que ele me encomendara,
estranhamente, revelando agora os seus problemas, quando, no passado,
somente falou do seu poder e da sua disciplina férrea para com quem lhe
desobedecesse aos desígnios.

“Povo marcado... povo feliz” — continua a ecoar na minha mente a


musica de Zé Ramalho. Não é meu caso. Definitivamente não é meu caso.
“Marcado” eu sei que estou, pelo peso dos desígnios doentios desse ser a
quem me esforço por compreender e estimar, mas não sou e não serei o que
ele quer que eu seja: o corpo que utilizo inevitavelmente pertence ao seu
império universal, mas minha alma não.

Engraçado: eu sei que uma alma me anima a personalidade terrena. Digo


“engraçado” porque poucos na Terra parecem saber que têm uma alma. Não
acredito nisso; simplesmente sei. E na hora em que se sabe, a crença não
mais encontra garagem no psiquismo.

O fato é que o meu espírito permanece sorridente, administrando as


coisas da vida terrena e pacificando o que resta do ego cansado que hoje me
marca a personalidade terráquea. Enquanto isso, o “espanto” permanece, e
ainda espero que eu venha a me maravilhar com alguma coisa advinda
desse processo que liquidou os meus projetos de vida pessoal, mas de nada
reclamo. Maravilho-me, sim, com a existência, pois sou dos que pensam
que ela é sempre bela e generosa. A vida, porém, é o que cada um dela faz.
No que me toca, já tive a minha dose de espanto, maravilho-me com a
existência apesar de a ela não me sentir apegado, e penso ser alguém que
repousa sobre si mesmo, na sua menor parte de consciência, enquanto o
resto de mim repousa no Sagrado que habita a alma que me anima a
existência.
Enfim, caminho pela estrada que me é possível, olhando com carinho e
ternura o contexto a minha volta e tudo e todos que nele se inserem.

Sei da minha vida. Quanto à Verdade... penso que tenho toda a eternidade
para caminhar... agora, sem mais espanto.
Entronizaram a Insensatez

"O senso comum ensina-nos que a Terra é fixa,


que o Sol roda em seu redor e que as pessoas
que vivem nas antípodas andam de cabeça para
baixo."

Anatole France

Eis o meu maior receio: o senso comum. Procuro fugir dele como se o
aspecto normal da aparente realidade psíquica da coletividade que me
rodeia trouxesse algum tipo de mal à minha sensibilidade.

Apesar dos avanços da psicologia e da psiquiatria, a natureza dos


sentimentos humanos parece pertencer a um reino no qual a nossa
compreensão ainda não ousou chegar, e nisso reside muito da nossa
impotência em não conseguir entender algumas atitudes comuns à nossa
raça.

Os cientistas costumam afirmar que existem três grandes enigmas a


serem decifrados: a gênese universal, o surgimento da vida e a mente
humana. Creio, porém, que o maior desafio é ainda o de tentar entender a
nós mesmos, independente de como tenham surgido o universo, a vida e o
homem, até porque aqui parece existir a enigmática presença de um criador
universal algo complicado por trás de toda essa historia.

Talvez, por isso, pelo fato de não conseguirmos compreender alguns


aspectos do nosso psiquismo, observemos tanto os outros sem que, no
entanto, tenhamos desenvolvido a habilidade de nos auto observar, a não ser
quando buscamos no espelho as nossas melhores proporções corporais ou
na costumeira análise da vestimenta. Se assim é, residirá, portanto, no
orgulho produzido pelo ego a única motivação para ver a nós mesmos, nem
que seja somente a nossa imagem refletida nos espelhos que escondem o
mistério da nossa vaidade como também o das nossas frustrações.

Somos os melhores especialistas na observação visual “daquilo que


podemos parecer” para os outros, já que nos acostumamos a viver de
superficialidades. Mas, provavelmente, não temos conseguido criar a
necessária habilidade para ver além das fronteiras das imagens reflexas,
pois a espécie humana parece jamais ter conseguido olhar para dentro de si
mesma. Afinal, quem de nós consegue avaliar a si próprio, com um mínimo
de procedência nos campos da lógica e da justiça? Contudo, medimos o
próximo com a medida da nossa ignorância, pois que, desconhecendo a si
mesmos, intentamos conhecer os nossos semelhantes como se nisso
residisse a lógica da nossa demência.

Acontecem hecatombes que nos chocam a sensibilidade como também


casos isolados que conseguem chamar a nossa atenção, enquanto
permanecemos completamente alienados quanto à destruição da vida que
cotidianamente ocorre ao nosso redor. Que morram milhares, mas, se tais
mortes ocorrerem pelos fatores de destruição já admitidos como “normais”
ou “inevitáveis” pelo nosso psiquismo, que seja, “o mundo é assim
mesmo”, costumamos pensar, quando não temos a pretensa ousadia
intelectual de dizer isso em alto e bom tom. Porém, quando algo foge à
rotina da miséria moral que nos marca, “absurdo dos absurdos”, clamam
acertadamente os incautos observadores do caminhar desta humanidade,
esquecidos, porém, de acrescentar aos absurdos da vida o que eles próprios
julgam como sendo normal e comum.

É deprimente perceber que não mais nos indignamos quando as forças do


nosso complicado cotidiano atentam contra a vida de muitos. Isso não nos
choca mais porque os nossos já insensíveis valores veem com estranha
normalidade o assassinato diário de milhares de pessoas, perpetrados por
esta estranha máquina de moer sensibilidades, que é a forma como a vida
político-social se organizou neste mundo. Mas quando um filho ou uma
filha participa da trama do assassinato dos pais, o que é realmente
lamentável e sob todos os aspectos, apressamo-nos moralmente a crucificar
o já insepulto cadáver que, ainda vivo, observa a imprensa e as pessoas a
patrulharem uma lágrima de arrependimento que seja no seu rosto
petrificado pela insensatez. Ah! A opinião publica. Até hoje não sei direito
o que isso significa.

Enquanto isso, na nossa face, a paradoxal insensatez — ou o que resta


ainda da nossa capacidade de se indignar com alguma coisa — de nos
acostumarmos com centenas de mortes estúpidas, as quais diariamente os
nossos olhos veem sem enxergar, ao mesmo tempo em que nos deixamos
chocar pelas cores de fatos isolados onde a miséria humana atenta contra
ela própria, no seu triste império estruturado nos valores do nosso
anestesiado psiquismo.

O pior é que, mais que para julgar, dirigem-se as sensibilidades das


pessoas no sentido de “demonizar” os miseráveis que, acima da média,
assumem-se como sendo, entre os loucos, os mais doidos, pois que matam
até os próprios pais. E serão sempre estes últimos a serem apedrejados pelos
primeiros que, normalmente esquecem que não existem pedras suficientes
na crosta terrestre para satisfazer a sanha de sempre encontrar pessoas ainda
mais loucas que nós.

É deplorável como não conseguimos ver no próximo, por execrável que


seja a sua atitude, um membro da nossa desgastada família humana, quando
é esta mesma família humana que o ajuda a ser o que aparentemente é. Ao
que parece, perdemos a noção de espécie, e mal percebemos quão danoso se
torna para a raça humana, ter entre os seus pares desesperados que atentam
contra a lógica da espécie já que, “matar, tudo bem!”, mas pelo menos, pai,
mãe, filho e filha não deveriam jamais atentar uns contra os outros. O “pelo
menos” aparece aqui como fator de aceitação desesperada da percepção de
que muitos membros da espécie já aceitam que se mate o seu semelhante
por este ou aquele motivo. Mas matar o pai e/ou a mãe, o filho e/ou a filha,
isto não!
Somos tão imaturos que esquecemos de observar que o germe, por trás
do ato de matar ou de destruir, é o mesmo, independente das cores que
venham a tornar ainda mais “sensacional” o já estúpido ato de atentar
contra a sensibilidade de alguém, seja este alguém quem for.

Precisamos urgentemente nos desacostumar em aceitar a morte não


natural que cotidianamente marca muitas famílias deste mundo.
Necessitamos desesperadamente ressuscitar algum tipo de indignação em
nós mesmos que nos motive a parar de aceitar a miserabilidade das nossas
posturas e atitudes como fatos comuns da existência.

É imperioso perceber, por trás de cada uma dessas mortes promovidas


pela violência urbana, pela disputa entre grupos de traficantes de drogas,
pelos conflitos étnicos, enfim, pelas guerras entre nações, os sentimentos do
ódio represado e o da falta de compromisso com a vida como fatores
desencadeantes da infelicidade planetária. E a grande questão que temos
para repensar é: quem determina ou determinou que a vida na Terra tem que
ser desse jeito? Seguramente não é a tendência atente do DNA doentio que
a espécie humana herdou de um criador problemático. São os nossos
hábitos institucionalizados como normais e aceitáveis os responsáveis pelo
modo horrendo como vivemos neste mundo — é a triste resposta.

E se mais fôssemos aprofundar a questão teríamos que perguntar ainda:


como chegamos a esse ponto? Processos educacionais equivocados,
ignorância das gerações que na posição de filhos não compreenderam seus
pais e quando na posição de pais não souberam educar seus filhos. E assim
caminhou e ainda caminha a humanidade: cegos guiando cegos, porém,
todos muito orgulhosos das suas capacidades intelectivas para perceber a
realidade que os envolve e para julgar o próximo, além da especial
tendência à superficialidade que desenvolvemos diante do espelho.

A nossa percepção é tão frágil que sempre quando algum membro da


nossa raça se apresenta como sendo a antítese do que deveríamos ser,
identificamos, com absoluta precisão, tudo o que nos diferencia da ovelha
negra do momento, produzida pelo destaque da mídia. No entanto, por
covardia moral ou por falta de lucidez, deixamos de perceber o que nos
pode assemelhar a esses a quem apontamos como sendo os violentos, os
traidores da vida. E, na verdade, somos todos violentos e poucas devem ser
verdadeiramente as exceções na nossa espécie.

Perdemos a noção do que somos, se é que ainda somos alguma coisa


enquanto seres humanos, já que o valor que costumamos dar a vida alheia
somente salta aos nossos olhos quando a órbita da nossa percepção gira em
torno do que tachamos como inaceitável. O problema é que o aceitável para
nós é, na verdade, tão inaceitável quanto o que costumeiramente
percebemos como tal. Somente alertamos superficialmente para essa
questão quando o que tomamos como “aparentemente aceitável” se veste de
aspectos horrorosos e, apenas nesses momentos, despertamos para o que
nos causa indignação.

Ora, não deveríamos em nenhuma hipótese nos acostumar com a morte


não natural de qualquer ser humano. Em tese, não seria cabível que nos
permitíssemos distorcer de tal maneira a nossa sensibilidade para
chegarmos ao ponto de achar normal “matar na guerra”, posto que os que
assim fazem costumam ser homenageados, e ai daqueles que não
“cumprirem o seu dever”. Ah! Os heróis do mundo. Triste do mundo que
precisa desse tipo de heroísmo.

O (a) amigo (a) leitor (a) deverá estar se perguntando se este escrevente
está defendendo o fato de alguém ser obrigado a ir para uma guerra e não
guerrear com o aparente inimigo. Não, não é isso. É muito pior. Porque o
germe por trás desta questão é a estranha doença que nos marca de formular
argumentos lógicos para as nossas loucuras enquanto nos inabilitamos a
perceber que nada justifica “matar alguém”.

As nossas guerras são estúpidas e poucas delas encontram estrutura


lógica diante dos valores que nobilitam a vida na Terra. E as poucas que
encontram carecem de terem sido provocadas pela insensatez das nações
quando criam vácuos na esperança das pessoas e estas se deixam levar por
idiotices ideológicas como, por exemplo, as do nazismo e do fascismo —
além de outros “ismos”.

O que talvez tenhamos perdido a capacidade de perceber é o aspecto de


não serem somente os “loucos ilustres” — institucionalizados como chefes,
comandante e presidentes dos poderes deste mundo — que descobrem
“razões” para matar alguém ou muitos, com as suas doutrinas de guerra e,
enquanto o fazem, são aplaudidos por parte significativa da humanidade.
Afinal, um presidente de uma nação pode mandar matar um terrorista e
ainda é aplaudido por isso. Engraçado: o tal terrorista era também
considerado um herói para algumas poucas milhões de pessoas. Ah! A ética
das nações e o tirocínio dos nossos irmãos e irmãs planetários.

Também os “loucos” pouco ilustres, às vezes produtos do psiquismo


doentio reinante, formulam as suas lógicas pessoais e as suas razões para
cometer crimes com as chamadas cores fortes da frieza e da insensibilidade
humanas, só que não recebem aplauso. Mas é o mesmo vírus a provocar —
tanto nos aparentemente grandes timoneiros da epopeia humana que
criaram e criam as guerras como nos solitários assassinos — a febre da
loucura e da sanha em matar o próximo. Contudo, o repito, os primeiros
“demonizam” os últimos como se existissem grandes diferenças entre
pertencer a uma ou a outra situação. E muitos de nós, a chamada opinião
pública, que pretendemos não ser nem uma coisa nem outra, nos deixamos
levar pela onda ativada pela mídia que, sempre apressada, expressa o brilho
dos seus aparentes apelos de indignação no varejo, deixando de observar o
atacado da multidão de corpos sem vida. Mas para que adianta contar os
cadáveres se o que nos chama a atenção é somente a aparente cor ou o
gênero do desastre?

Existem profecias de toda ordem feitas num tempo em que se referiam a


um longínquo futuro, e eis que estamos vivendo exatamente os tempos
preditos pelo Apocalipse, dentre outras fontes proféticas. Ao mesmo tempo
em que vemos as torres da esperança de muitos desabarem diante dos olhos
atônitos da humanidade, esquecemos de aprofundar a análise do porquê
essas coisas terem de ocorrer. Acostumamos a assistir as desgraças ao nosso
redor sem que, contudo, tenhamos nos habilitado a entendê-las. E mesmo
sem atinar para a causa das profecias e dos vaticínios referirem-se quase
sempre a eventos onde a violência é entronizada pela estupidez humana
como a força motriz do nosso desespero, seguimos na nossa dialética
infantil conjugada ao mais insensato maniqueísmo, classificando o que é o
bem e o que é o mal, como se o bem se fizesse representar por quem semeia
a exclusão social e a miséria moral em muitas regiões do planeta, em nome
dos seus pretensos ideais de liberdade e da internacionalização do
capitalismo, levando sempre em seu bojo os inconfessáveis interesses
comerciais que lhes soa próprios. Que tipo de liberdade, se a opressão
econômica e política é a tônica das históricas ações imperiais das
superpotências terrestres?

E o triste é supor que “o lado do bem”, tido por parte da mídia mundial,
foi exatamente quem mais promoveu “guerras frias e quentes”, desde a
segunda metade do século XX até os dias atuais. E é imperioso perceber
que uma atitude doentia de um lado sempre provocará insanidades no lado
oposto.

Pena que não se perceba o óbvio, ou seja, estamos todos adoentados


porque perdemos a capacidade de amar o nosso semelhante; porque
conseguimos destruir todos os valores que dão sustentação lógica à vida na
Terra, a saber, a honestidade de propósitos e de atitudes, a ternura, a
tolerância, a solidariedade, enfim, o respeito à ética e a virtude, tão
decantadas pelos filósofos da antiguidade, mas completamente esquecidas
pelos da atualidade.

O problema não está nessa entidade supra-humana chamada humanidade,


o problema está em cada um de nós. O problema não está no outro, mas
sim, em mim mesmo. Somo seres corrompidos pelas necessidades da vida,
sejam elas as essenciais ou mesmo as superficiais. O problema não está
nesta ou naquela nação, mas no exercício tacanho de uma cidadania de
cunho nacionalista desprovida de qualquer noção mais ampla da espécie
que formamos, enquanto família planetária. E o que neste mundo é feito em
função do ser humano, visando o seu melhoramento?

Será que perdemos a substância do que somos e a referência do que


poderíamos ou deveríamos ser? Será que perdemos o sabor ou será que
ainda temos jeito de observar e viver a vida e, mais ainda, termos a nós
próprios como os responsáveis pelo destino do nosso berço planetário e de
todos os que nele vivem?

Sou dos que pensam que há algo no nosso íntimo que jamais permite que
nos transformemos naquilo que não somos ou, em outras palavras, por
piores que possam ser as nossas atitudes, somos seres humanos com uma
infinita capacidade de amar, e nisso reside a nossa grande herança divina,
ou seja lá o que venha a ser isso que jaz latente no mais intimo da nossa
consciência pessoal. Os que assim não logram expressar na generalidade
das suas relações é porque estão adoentados em algum grau. Sob esta
perspectiva, a quase totalidade dos que vivem neste mundo está adoentada e
a tal ponto que aceita como trivial o assassinato diário de milhares de
pessoas que possam estar situadas longe das suas sensibilidades pessoais.
Porém, se uma só morre no âmbito da sua percepção emocional, “cruz
credo!”, é coisa do demônio!

Por falar nele, coitado! Creio que o ultrapassamos no que sempre se


pensou ser ele o mais aquinhoado.

Sinceramente, acho que criamos mais um desempregado neste mundo, já


que o mítico demônio deve estar completamente surpreso com tanta
maldade e ignorância, pois nem mesmo ele seria capaz de tanta insensatez.
A quem interessar, possa

"Deliberar é o feito de várias pessoas; agir, o


feito de uma só."

Charles de Gaulle

Pessoas há que são incapazes de um sorriso, entretanto, acham feio o


sorriso alheio. Outras mendigam por ajuda divina, incapazes de ajudar aos
que lhe estão próximos. Muitas exigem carinho e compreensão, contudo,
nada dão.

Pessoas há que jamais se expõem, enquanto atacam imperdoavelmente a


quem isso faz ou a quem não pode evitar a exposição. Muitas ainda se
permitem solicitar ao objeto de suas críticas, ajuda e orientação,
esquecendo-se mesmo do exercício do perdão, preferindo criticá-lo, apesar
da ajuda pedida. Ainda existem as que patrulham e exigem enquadramento
e submissão, enquanto, infelizmente, pouco dão de si mesmas.

Todas as pessoas são capazes de amar, mesmo que o exercício do amor


lhes torne mais “difícil” a existência, já que, aparentemente, mais fácil é
desagregar.

Todas as pessoas são capazes de sonhar, mesmo que os sonhos vividos


lhes despertem as dúvidas da vida ou o esquecimento das verdades.

Todas as pessoas podem amar e sonhar, vivendo a vida na eterna busca


da realidade ideal para o desejo humano de redenção e de progresso.
Caminho por onde transitam os meus sonhos, com os pés fincados nas
verdades evangélicas, budistas e outras, alimentado pelo amor de existir e
de tentar servir. Cabe-me este direito. Cumpre-me assim proceder ainda que
não saiba se realmente existe uma realidade ideal. Sei lá. Se não existe,
penso que vale a pena tentarmos construí-la, ainda que jamais consigamos.
Porém, desde que nos divirtamos pelo caminho, penso que vale a pena.

Perdoem-me por não poder reforçar alguns mitos mas, fatos são fatos, e
sou levado a escrever como se iconoclasta fosse quando nada sou. Mas o
que posso fazer perante a estranha realidade imposta pelo império dos
fatos?

Ilustre ilusão a de Pilatos que, lavando as mãos, pensou livrar-se do


destino.

Não me iludo. Os fatos não me permitem.

Olho para as minhas mãos e vejo a água... Mas os sinos das catedrais do
mundo continuam anunciando os mistérios do passado em pleno presente.

Não sei por quem os sinos dobram, se é que dobram.

Caminho, surdo aos clamores, acreditando servir à verdade dos fatos que
me abraçam. Nada mais.
II

DA FILOSOFIA DAS RELIGIÕES


Existir, eis a Questão!

"Para o homem só há três acontecimentos:


nascer, viver e morrer. Ele não se sente nascer,
sofre morrendo e se esquece de viver.”

Jean de La Bruyère

Conta-nos a Espiritualidade que jamais deixaremos de existir.


Existir é pensar, sentir, criar, agir, enfim, ser responsável por tudo o que
elaboramos na intimidade. E o que é o íntimo do nosso espírito se não o
repositório de tudo o que por nós é produzido enquanto existimos?

Se as nossas atitudes e posturas produzem baixas e pesadas vibrações ao


nosso redor, assim também será o estado íntimo do nosso espírito. Se assim
somos, exteriorizaremos no convívio social o produto do que costumamos
arquitetar em segredo.

Da mesma forma que se conhece a árvore pelo fruto que ela produz se
perceberá a graduação evolutiva de um espírito pelas atitudes e posturas
diante dos fatos da vida.

Plasmamos em nós mesmos o que somos. Os sentimentos que


endereçamos aos outros, antes de atingi-los, ficam indelevelmente
marcados na nossa própria condição existencial, que é o nosso espírito
eterno. Assim, sob a perspectiva espiritual, se formos analisar o que poderia
ou não ser considerado como sendo uma “atitude inteligente”,
perceberemos que, “desejar” mal a alguém, não é postura das mais sábias,
pelo simples fato do “mal” desejado ser gerado por quem o sente, ficando,
dessa maneira, marcado em quem o gerou tendo como consequência
doenças e inquietações psicológicas de toda sorte.

Enquanto não melhorarmos a qualidade do nosso padrão de vivência


íntima seremos prisioneiros das nossas próprias vibrações equivocadas;
seremos, enfim, vítimas e algozes de nós mesmos. Estaremos estacionados
em padrão vibratório complicado que nos domina temporariamente o
espírito, fazendo com que ele se afine apenas com as atitudes daquela faixa
vibracional, atraindo, assim, tudo o mais ao seu redor que lhe for
compatível.

Há dois mil anos, Jesus já alertava que era necessário ao homem nascer
de novo para poder entrar nos reinos do céu. O Mestre Maior, sabedor da
necessária credencial energética que o espírito tem que possuir para
adentrar nas moradas iluminadas do cosmos, convidava a todos à prática da
reforma íntima porque, somente com a renovação interior, seria possível a
mudança de postura com a consequente melhoria vibratória.

E ainda há muitos que dizem que não conseguem se superar — na mortal


desculpa do “sou assim mesmo” — que é impossível modificar certas
atitudes. Ledo engano. Essa foi e ainda é a marca da cretinice espiritual que
caracterizou durante milênios o lento e complicado caminhar dessa
humanidade cujos efeitos ainda são sentidos. Mas bem antes davirada da
primeira década do século XXI um novo estímulo vindo de fora convidará a
todos os que vivem na Terra a repensar a atitude diante da vida.

Começará, então, a ser percebido por todos que a inércia produz um


estado de acomodação tão forte que aniquila, enquanto a mente do próprio
espírito assim o permitir, a força pessoal para lutar contra as próprias
tendências e inclinações. Envolvidos pela inércia, como poderão aqueles
que vibram nesse estado de consciência melhorar as suas vibrações
pessoais? É como se já estivessem mortos em plena vida, porquanto
incapazes de criar novas posturas. Esse novo estímulo ao qual estamos nos
referindo, é exatamente o primeiro contato oficial e aberto com seres de
outras humanidades celestes, que terá o condão de nos despertar a
necessidade de administrar a conduta pessoal praticando a soberania que
nos é própria.

Não devemos esquecer que a soberania espiritual passa necessariamente


pelo controle das emoções e pela tentativa constante de melhoramento
pessoal.

Assim, como existir sem evoluir? Para que o estudo e o treinamento se


não com vistas a objetivos evolutivos? Qual o significado da vida sem os
objetivos, as edificações, enfim, sem os esforços desenvolvidos nas muitas
buscas e tentativas ao longo da nossa existência?

Evoluir, melhorar-se intimamente para viver melhor, autodescobrir-se, eis


a questão daqueles que tentam existir conscientemente; eis a marca — a
“identidade vibratória” — dos cidadãos esclarecidos e espiritualizados que
formarão esta humanidade após a renovação planetária que já está em
curso. Que venha o futuro.
Ingenuidade e Ignorância

“A ignorância não é inocência, mas crime.”

Robert Browning

Define-se antropocentrismo como a doutrina que considera o homem


como o centro ou a medida do universo, sendo-lhe por isso destinadas todas
as coisas. Em última instância, quem assim pensa, coaduna-se com as
doutrinas finalísticas as quais ingenuamente supõem que todas as coisas
foram criadas pelo deus bíblico para propiciar a vida humana, premissa esta
que dominou as mentes e os corações dos habitantes deste mundo por
muitos séculos. O curioso e preocupante é que muitos, no atual momento
planetário, ainda pensam dessa maneira.

Carl Sagan ponderava que, se o universo foi realmente feito para nós e
que, se de fato existisse um deus benevolente, nesse caso a ciência estaria
fazendo algo cruel e impiedoso cuja principal virtude era a de por à prova
as antigas crenças da humanidade. Mas se o universo estivesse alheio às
nossas ambições e ao nosso destino, a ciência estaria nos prestando o mais
importante dos serviços ao despertar-nos para a nossa verdadeira situação.

No meu caso, não penso que o universo foi feito para os terráqueos. Acho
mesmo que somos a espécie bebê deste universo mas muitos outros devem
existir e seguramente haverão de ter também as suas buscas filosóficas,
conforme permitam as circunstancias da ativação do DNA que marcam os
seus corpos.

Assim me expresso porque, no caso terrestre, temos somente 3% do


nosso DNA ativado, o que implica que o peso de cedermos às necessidades
ditadas pela tendência corporal animal é plenamente administrável pelos
nossos espíritos. Em outros mundos, porém, pelas noticias espirituais que
de lá chegam, a tendência imposta pelo grau de ativação do DNA comuns
aquelas naturezas é bem maior que a que se verifica na Terra. Mas, pouco
importa. O imperioso é que nos retiremos do “centro do universo” já que o
avanço da astronomia e da cosmologia aponta para o fato de que devem
existir muitos mundos com possibilidade de vida.

O inquietante é perceber que teses como estas, quando defendidas no


passado por homens do naipe de um Giordano Bruno, o levaram à fogueira
inquisitória. Que bom que hoje podemos expressar livremente as nossas
opiniões ainda que equivocadas.

Realmente, o que seria da humanidade se ainda estivéssemos vivendo sob


a égide da crença fanática, das fogueiras inquisitórias que estacionavam a
todo custo a mente humana na mais profunda ignorância antropocêntrica?
Quantos homens e mulheres ligados às letras e às ciências, à exemplo de
Giordano Bruno, tiveram suas vidas ceifadas ou foram violentamente
obrigados a se manterem dentro das normas ignorantes da época, por uma
simples visão errônea e/ou ótica distorcida dos religiosos que julgavam ser
o homem o centro de tudo?

Hoje, com todas as descobertas científicas a nos nortear a sensibilidade


existencial, será que ainda é aceitável esse tipo de visão?

No dia 30 de maio de 1416, Jerônimo de Praga foi queimado vivo por


apoiar as teses de John Wycliffe e Jan Huss que abertamente condenavam
diversos aspectos das posturas do clero daquela época.

No dia da sua morte redentora, vendo que uma velha trôpega trazia um
feixe de lenha para aumentar a fogueira, sorriu compreensivelmente e
pronunciou as palavras que passaram à história: “Sanctasimplicitas!”
Suas palavras ecoam até os tempos modernos ante a tola presunção
terrena, seja a de se achar isto ou aquilo, ou mesmo a de ainda atacar a
honra de quem ousa inovar com a semeadura de novas reflexões.

Se não rompermos com a ingenuidade das nossas presunções e com a


ignorância dos nossos postulados, o que poderia “alguém lá de fora” pensar
ao olhar, sorrindo com ternura e compaixão, para nós — seres terrestres —
e para nossas posturas baseadas nas “verdades” que temos entronizado ao
longo da evolução?

Jerônimo de Praga foi benevolente para com a ignorância que marca a


dita espécie pensante que domina a vida na Terra — a homo sapiens.
Porém, nesse novo tempo que já se mostra no horizonte terrestre, a
ignorância será um atentado à dignidade do próprio ser humano se esta for
produto do apego a conceitos ou mesmo produto da comodidade intelectual
dos cidadãos deste mundo.

A era do conhecimento e da espiritualização nos convida ao esforço do


esclarecimento e da vivencia em nós mesmos do que pudermos aprender
para assim embelezar a vida com as nossas melhores posturas e atitudes.

Ao trabalho, pois!
Ilusão de Grandeza

“Que é a ilusão? Um suspiro da fantasia.”

Ramón Gómez de La Serna

Não há maior inconveniente para a evolução do espírito que a ilusão de


grandeza.

Muitos pensam ser o que não são esquecidos de perceber o que, de fato,
são. Nessa rota estéril, o estacionamento espiritual é a tônica dos que
caminham pela vida terrena enganando aos outros e a si mesmos. E,
infelizmente, esse problema parece não pertencer somente ao psiquismo dos
que vivem na Terra.

Em mundos problemáticos ou subdesenvolvidos, as pessoas que neles


vivem normalmente valem não pelo que são, mas sim, pelo que
representam. Em mundos evoluídos, cada individualidade vale pelo que é,
sendo, para os olhos alheios, a exata medida do que é. Afinal, em ambientes
superiores de existência, a atmosfera desses locais naturalmente plasma em
torno da pessoa a fragrância da sua realidade íntima posto que seres
evoluídos nada têm a esconder.

Na Terra, como em outros mundos pouco evoluídos, como apontam as


“noticias” que de lá chegam, o que somos não tem muita importância, desde
que representemos bem o papel pretendido concernente aos nossos
objetivos muitas vezes egocêntricos e equivocados. Verdadeiros
sepulcros caiados — belos por fora, mas podres por dentro — desfilamos as
nossas impurezas sendo, entretanto, aplaudidos e muitas vezes vistos como
heróis disto ou daquilo.
Não existe — o que segundo alguns é lamentável — entre os sentidos do
corpo terrestre, um mecanismo qualquer que permita às pessoas perceberem
a falsidade alheia, medindo as suas reais potencialidades e intenções. O que
é tão fácil de ser percebido em outros mundos, na Terra parece pertencer ao
campo da adivinhação o que, quase sempre, leva os juízes apressados das
verdades alheias a cometerem verdadeiros assassinatos de honras pessoais.
Por outro lado, leva-nos ao exercício do voto em pessoas que fraudam a
verdade do processo eleitoral democrático com deslavadas mentiras que
somente demonstram o despreparo moral que lhes marcam as lustrosas
feições.

É forçoso analisar, no entanto, que talvez seja justamente o elo que nos
une, enquanto sociedade, a incapacidade que tem o ser terreno em perceber
a verdade que reside no íntimo das pessoas. Ressalte-se, por bem da
verdade, que muitos não percebem sequer a própria.

Pensemos, só por alguns instantes, como seria a vida em comunidade se


percebêssemos os pensamentos e sentimentos alheios! Seria uma tragédia.
Assim é nos mundos nos quais os seres que os habitam, não conseguem
evitar o fluxo ininterrupto de sensações perturbadoras, porque perturbados
são os arquivos presentes na sua consciência espiritual.

A Providência Divina, seguramente percebendo a doença espiritual que


marca toda a coletividade planetária terrestre, nos seus sábios desígnios,
formulou, ao longo da evolução, um processo existencial no qual não fosse
possível tais coisas perceber, o que nos permite viver em sociedade. Como
os que estão na Terra não estão aptos a viver em mundos superiores — os
arquivos perturbadores de vidas passadas indelevelmente marcados na sua
“face espiritual” não o permitiriam -somos obrigados a nos reunir em
mundos que se tornaram “atrasados” devido as nossas atitudes tresloucadas.

Daí a jactância de muitos se acharem o que não são, ignorantes de que


existem realidades outras onde o ser é o que é. Esses, que treinam na Terra
o hábito da falsidade vibratória e da postura do engodo, quando perderem a
máscara corporal densa e pesada do corpo terrestre, terão que se defrontar
com a miséria íntima tão preciosamente escondida.

Os líderes de mundo (políticos, religiosos, regionais, comunitários e


familiares), sejam de que matizes forem, não imaginam o que os espera
quando deixam a vida terrena, no que se refere ao julgamento das suas
próprias consciências. Nos ambientes espirituais onde essas
individualidades costumam ser agrupadas não se pode enganar ninguém,
nem muito menos a si próprio. A ilusão de grandeza — que lhes valeu pelos
cargos e posições que tinham e não pelas pessoas que eram — se
transforma, inexoravelmente, em miséria existencial.

Nós somos o que somos e levamos a nossa própria herança espiritual —


tendências e inclinações que nos vêm do íntimo, além dos aspectos
cármicos — para onde formos. Não nos iludamos.

Mais umas poucas décadas e surgirão no horizonte deste mundo homens


e mulheres esclarecidos e espiritualizados que darão primazia ao aspecto
cósmico/espiritual da existência terrestre, testemunhando os mais belos
padrões de conduta fraterna em relação ao próximo e de respeito à vida. Se
comparados com muitos dos atuais “ídolos e personalidades ilustres” da
Terra parecerão verdadeiros extraterrestres. Porém, na verdade, são apenas
espíritos trabalhadores que nascerão neste mundo, dando continuidade às
etapas previstas para esse novo tempo onde a busca pelo esclarecimento e
pela espiritualização, por parte dessas pessoas, será a arte de bem viver a
vida com simplicidade e sabedoria.
Sincronicidades

"Se o mundo fosse realmente governado pelo


acaso, não haveria tantas injustiças."

Ferdinando Galiani

É de uso habitual e moderno, sendo mesmo modismo para alguns, a


constante afirmação de que não existe casualidade. Com isso, as coisas
fortuitas, eventuais, acidentais, perdem o espaço na nossa existência. Para a
tristeza de alguns, desaparece a poesia do acaso e surge o fator dominante e
inexorável das leis de causa e efeito. Para outros, entretanto, o
conhecimento dessas “regras do jogo da vida” ajuda a perceber que a
inconsequência e a irresponsabilidade têm o seu preço.

Outro aspecto do problema é a relação entre a existência de Deus, as


sincronicidades e os acasos porventura existentes. Se Deus existe, refletem
alguns, tudo o mais é organizado e disposto conforme suas leis, não sendo
possível o acaso, pois os fatos assim classificados estariam fora da
administração celeste já que somente poderia existir o acaso na ausência de
algum tipo de legislação do Mais Alto.

Apesar da grande quantidade de livros — e do modismo, pois é moderno


pensar que não existe o acaso — em torno do tema, ouso ir contra a
corrente dominante e analisar de forma despretensiosa que, mesmo
existindo Deus, se não seria ainda possível que ele permitisse a existência
dos acasos que correriam “por fora” da legislatura das leis cósmicas. Estes,
a partir de certas condições, seriam inevitavelmente abraçados — como
também suas consequências — pelo zelo amoroso dos circuitos emanados
das regras da existência. Além do que, existe o livre-arbítrio pessoal que
inevitavelmente produz “fatos novos” a cada momento, ainda que dentro da
pequena margem de manobra que o nosso pretenso livre-arbítrio parece ter.
Não tenho a resposta para a questão até porque, segundo alguns
pensadores, existe ainda a possibilidade do Pai Celeste permitir que os
filhos e filhas por ele criados a sua imagem e semelhança, ou seja, com
livre-arbítrio e potencial criador para serem os arquitetos das suas jornadas
evolutivas, possam, a seu exemplo, criar os seus próprios universos
psicológicos, suas leis e seus acasos, se é que eles existem.

Mais ainda, ao admitirmos a existência de um ser como Javé e ao


aceitarmos a sua insistente afirmação de ser ele um criador problemático de
um universo com problemas, aí é que penso que devemos dar boa margem
de possibilidade à existência do acaso como fator de “causalidade” em
relação a algumas ordens de fenômenos.

A única coisa que realmente sei é que somos muito pequenos para
pontificarmos com tanta certeza sobre os caminhos dos circuitos celestes.
Se nem sobre o ponderável temos o controle “absoluto”, como pretender
traçar conclusões “absolutas” sobre o que para nós ainda é imponderável?

Até que conheçamos as muitas relações de causa e efeito que regem as


sincronicidades por todo o cosmos é prudente perceber e admitir outras
hipóteses que não aquelas as quais temporariamente dominam a visão de
mundo de uma época. Afinal, a poesia cósmica das aparentes coincidências
pode muito bem caber nas relações de causa e efeito. Mas, e Deus, que
causa O criou se Ele é a causa das causas, conforme pontifica o pensamento
religioso do mundo? E para os que creem que não existe Deus, como e de
onde surgiu o “acaso” que gerou o universo que conhecemos se é que um
dia ele foi gerado? Onde a causa primária ou, em outras palavras, que tipo
de sincronicidade ocorreu para a geração do cosmos e da vida: a
coincidência do acaso — perdoem-me a redundância — ou Deus e a sua
própria vontade de criar?

Muito haveremos de caminhar na arquitetura do entendimento correto


seja ao ser criador deste universo, e ao Deus Pai e Mãe que se situa muito
além das esquisitices dos muitos deuses que foram percebidos de alguma
forma pelos registros da posteridade humana. São muitos os indicativos
sobre a presença de seres estranhos ao comum terrestre que estiveram na
Terra em tempos imemoriais. Eles estão presentes e todos os livros da
antiguidade remota, como se a zombar das certezas deste futuro pós-
moderno. Mas, pouco importa, porque também esses deuses da antiguidade
mitológica terráquea eram reféns de um destino que lhes abraçava a
existência sem que eles atinassem que mão invisível seria a que tecia a rede
das suas trajetórias existenciais. Eles eram, a exemplo dos seres terráqueos
em cujas vidas interferiam para o bem ou para o mal, também vitimas de
outras interferências como também de aparentes acasos e fatalidades
incompreensíveis para o padrão de aceitabilidade do Olimpo. Que seja!

Desconfio que o Pai Celestial é o foco de todas as sincronias, a saber, o


próprio mistério de sua existência, das sincronicidades que se explicam
pelas leis cármicas e daquelas provenientes do acaso, se é que este existe.
Antes de Crer, Compreender

“Se não podes entender, crê para que entendas.


A fé precede, o intelecto segue.”

Santo Agostinho

Durante muito tempo existiu o pensamento dominante que afirmava ser


impossível ao cérebro adulto de um ser humano criar novos neurônios —
células nervosas do cérebro — sendo, portanto, o processo de
envelhecimento celular que caracteriza a “idade madura” sinônimo de perda
de inteligência ou, em outras palavras, da diminuição da capacidade de
discernir, de pensar, enfim, de ser criativo.

A idade adulta traria, inevitavelmente, conforme a opinião reinante, a


incapacidade cerebral de bem produzir já que não seria possível substituir
os neurônios que iam “morrendo com o avanço da idade”.

Por volta do ano de 1970, esse tabu começou a cair por terra quando a
ciência descobriu que em ratos adultos era possível a criação de novas
células cerebrais. Assim, a neurogênese foi descoberta e, a partir de seus
postulados e de novas pesquisas, em 1988, verificou-se o mesmo processo
em macacos adultos. Por fim, em 1998, percebeu-se que também nos seres
humanos a neurogênese era possível.

No início de 1999, cientistas da Universidade de Princeton, de Nova


Jersey, nos Estados Unidos, começaram a fornecer os primeiros indícios
que comprovam a capacidade do cérebro humano de um adulto de criar
novos neurônios através do esforço cerebral, como também de exercícios
físicos.
Se assim é, torna-se imperioso perceber que o esforço cerebral somente
se dá quando questionamos, estudamos, pesquisamos, enfim, analisamos
criteriosamente temas do nosso interesse, porque somente esses
mecanismos produzidos pelo esforço intelectual nos permitem a devida
postura no campo da ativação cerebral. Quando não nos esforçamos, através
do questionamento produtivo e persistente, não haverá talvez atividade
cerebral suficiente para que ocorra o processo de neurogênese.

Algumas religiões teimam por exigir de seus adeptos a aceitação absoluta


quanto às “verdades” que lhes caracterizam o conjunto de suas crenças e
impedem qualquer tipo de questionamento. Na verdade, muitos “hereges”
tiveram suas vidas ceifadas por terem questionado certos dogmas.
Aceitável, somente a crença, jamais o questionamento.

A crença, em si mesma, é postura íntima que pode levar ao


acomodamento o qual, por sua vez, produz a inércia mental já que o cérebro
pouco se esforça na busca de algum novo aprendizado. Dessa maneira, não
há exercício cerebral e, em não havendo o esforço da mente, sabe-se hoje, a
neurogênese pode não ocorrer ou simplesmente não ocorre. Pode-se, então,
concluir que a crença, da maneira como é praticada na Terra, não faz bem à
inteligência porque não direciona o cérebro para a criação de novas sinapses
e da troca química/energética entre as mesmas — ligações nervosas entre os
neurônios — que habilitam mais e mais a inteligência humana na rota
evolutiva.

Curioso: Santo Agostinho parecia intuir isso. Pena que o mundo religioso
disso se esqueceu.

Se não “raciocinarmos” a nossa fé, correremos o risco de tornar o nosso


cérebro um instrumento decadente no que se refere à percepção do mundo
em que vivemos. Não foi por menos que a codificação espírita chamava a
atenção de todos, já no século passado, para o fato de que “antes de crer, era
necessário compreender”. As gerações do futuro tomarão a sério o quesito
exposto acima no campo da prudência psicológica até porque formarão uma
humanidade já esclarecida.

O que pensar, então, a respeito das posturas religiosas que, ainda


mergulhadas em uma espécie de anacronismo perpétuo, defendem a crença
fanática nos dogmas religiosos impedindo todo e qualquer raciocínio? Será
que, à luz do que hoje se conhece, é benéfico para a nossa inteligência se
submeter a qualquer tipo de credo que nos impõe a estagnação cerebral?

Com a resposta, a inteligência de cada um.


Onde falham as Religiões

"Os homens altercam pela religião; escrevem


por ela; lutam por ela; morrem por ela; fazem
tudo, menos viver por ela."

Charles Caleb Colton

Há um problema comum a todas as religiões da Terra e que as impede


de evoluir: o fato de estarem completamente voltadas para o passado e
apegadas a valores que hoje não fazem mais sentido.

Por conta dofoco equivocado das suas atenções, as estratégias de culto e


a prática religiosa decorrente de todo esse processo, costumam entronizar
realidades muitas vezes incompreensíveis cercadas de valores acessórios
exteriores como sendo o que de mais importante existe, em detrimento do
que, na verdade, é essencial: a vivência íntima conforme os postulados
filosóficos da religião a que se está vinculado.

Dessa forma, a fixação no passado, a preocupação com aspectos


exteriores, a formulação de dogmas e a necessidade de converter novos
fiéis, formam, sob a ótica da espiritualidade e a dos novos tempos que
marcam a vida no nosso planeta, o pior tipo de fermento a ser utilizado na
tentativa de agregar as partes do todo religioso terrestre, o que jamais será
conseguido enquanto as prédicas e as práticas religiosas assumirem tais
comportamentos. Estes, somente conseguem produzir o mais letal dos
venenos que tem impedido a necessária coexistência entre as diversas
religiões: a intolerância.

O comportamento intolerante assumido por muitos religiosos, tem sido


responsável, ao longo da nossa história, pela produção das piores páginas de
dor e de sofrimento para toda a humanidade — além da disputa comercial
que atualmente ocorre na busca de pretensos fiéis.

O culto arraigado aos dogmas estabelecidos tem servido como obstáculo


ao avanço científico em muitas épocas, e não foram poucos homens e
mulheres que tiveram as suas vidas ceifadas por questões de índole moral e
que preferiram perder as suas vidas a se submeteram ao jugo da ignorância
religiosa das épocas, aspecto que até a própria igreja católica — louvada
seja a sua atitude — reconhece os desvios cometidos apesar da tentativa de
minimizar “os sofrimentos causados”.

Se cada época, por força da imperfeição humana, tem lá o seu nível de


desconhecimento quanto a possíveis aspectos da verdade maior, seria o caso
de se perguntar, quais seriam, na atualidade, os desvios de rota mais
superlativos que estariam sendo cometidos nesse sentido?

Supor que não está havendo problemas de conduta na prática religiosa é


desconhecer por completo os problemas do passado como também as
possibilidades do presente, além das inevitáveis imperfeições humanas que
a tudo distorcem. Mais ainda: supor que as gerações do futuro aceitarão o
atual padrão de conduta das elites religiosas e dos seus fiéis é ingenuidade
que beira a mais profunda ignorância em torno do tema. Até porque essas
gerações já estarão convivendo com outras humanidades celestes o que
muito ampliará os conceitos terráqueos sobre o significado da vida e do
universo que nos rodeia.

Urge, portanto, uma reflexão dos líderes religiosos sobre a ênfase


equivocada e completamente ultrapassada de muitas das suas questões
consideradas como pontuais. As populações deste planeta ainda
necessitarão da prática da religiosidade por muito tempo, desde que bem
posta perante os compromissos nobres da vida. Porém, a atual maneira
como se expressa essa prática é o pior indicativo possível quanto a sua
aplicabilidade pelas futuras gerações esclarecidas que povoarão a Terra.
Devemos, apenas, do passado, retirar o devido aprendizado, mas sem que
nele fixemos a nossa atenção evolutiva, sob pena de não se fazer no
presente a inadiável arquitetura que o futuro requer. Se somente para os
valores do passado as religiões se voltam, qual o futuro que elas poderão
ter?

Os fatos pertinentes aos contextos espiritual e cósmico que envolvem a


vida terrestre estão acontecendo, sendo pouco a pouco postos às claras para
o conhecimento de todos, mas as elites religiosas fecham os olhos à patente
novidade pois que lhes pode ferir a suscetibilidade. Tola e irresponsável
pretensão.

Na questão cósmica, por exemplo, que envolve a presença de seres


extraterrenos próximos à Terra que nos observam, e que desenvolvem um
processo de educação planetária relativo à percepção da existência da vida
além das fronteiras terrenas, quando chegar o momento do cumprimento da
última etapa das promessas do Cristo — a que ele fez de aqui retornar
cercado por suas hostes de anjos e demais assessores, leia-se seres cósmicos
ou extraterrestres — o que dirão os representantes das religiões da Terra
quando eles se apresentarem?

Entre os homens e mulheres voltados para as coisas da espiritualidade,


pretende-se que o espiritismo é o que de mais moderno existe na vanguarda
filosófica e religiosa entre as muitas doutrinas da atualidade — o que de
fato o é. Contudo, há o orgulho explícito dos que se consideram espíritas
em ratificar este ponto de vista às vezes de maneira equivocada, já que a
prática de alguns segmentos do espiritismo vem confrontando os reais
objetivos da Espiritualidade Superior quanto ao papel das religiões no
cotidiano da vida terrena, impedindo que os próprios espíritas se
espiritualizem, o que é um doloroso paradoxo.

Muitos acham a prática católica ultrapassada e pobre nos seus postulados


dogmáticos e organizacionais enquanto religião secularmente estabelecida.
Contudo, coube aos papas João Paulo II e Bento XVI, a arquitetura de uma
posição religiosa de vanguarda em relação ao assunto, postura esta que
caberia também aos que estão à frente do movimento espírita terem
assumido já que se pretendem vanguardistas, e aqui me refiro ao estudo
aberto da questão referente à vida extraterrestre.

Enquanto muitos diretores de centros espíritas sequer admitem que nas


“suas reuniões” o tema seja abordado, de forma surpreendente, a dita
“pesada estrutura organizacional” do catolicismo, de maneira digna, sem
maiores motivos aparentes e dentro da ótica que a caracteriza, pronunciou-
se oficialmente quanto ao tema, admitindo no final do século XX, a
existência de vida fora da Terra como uma possibilidade que não mais
surpreendia aos irmãos católicos.

O interessante é que a amplitude da missão do espiritismo foi diminuída


exatamente pela visão menor e estreita, quanto ao aspecto cósmico, de
muitos homens e mulheres que, seguramente com a melhor das intenções,
teimaram e ainda teimam em preservar as verdades espíritas no padrão da
pureza doutrinária que eles imaginam ser o da calibragem correta, conforme
seus pontos de vista pessoais — já que não são os espíritos desencarnados
esclarecidos, por eles chamados de mentores, que assim procedem.

Não se questiona a boa intenção do católico em se submeter aos ditames


da hierarquia religiosa a que pertence, mesmo que a sua capacidade pessoal
de evoluir enquanto ser humano, passe a ser limitada pelas fronteiras a que
ele mesmo se impôs. Ninguém pode duvidar da boa intenção do protestante
em se submeter ao jugo dos valores que comumente são expressados pelos
pastores das diversas igrejas que formam aquele meio religioso, mesmo que
aos olhos alheios os interesses mundanos às vezes sejam mais enaltecidos
do que propriamente os do Alto. É inconteste a boa vontade e a entrega total
que de si fazem os muçulmanos aos preceitos estabelecidos no Corão,
mesmo que essa submissão seja às vezes manipulada pelo sentimento
nacionalista em algumas regiões do planeta. Da mesma forma não se põe
em dúvida a nobre intenção dos que professam o espiritismo, apesar da
frágil relação que atualmente existe entre a sua vertente religiosa — que se
sobrepôs aos demais aspectos que lhe estão vinculados — e os reais
objetivos da Espiritualidade Maior. Afinal, na Terra, “boa vontade” é só o
que há.

Algumas das principais religiões do mundo terminaram sofrendo


tentativas de reforma no âmago dos movimentos religiosos que as
caracterizavam. Com o cristianismo, por ter sido a religião católica
fundamentada muito mais na obra de Paulo de Tarso do que propriamente
nas mensagens e no testemunho de Jesus, coube ao seu próprio espírito
reencarnar como Lutero para tentar renovar no seio da igreja católica, as
expressões do culto ao Cristo. Como não lhe foi permitido, e por força das
circunstâncias do momento histórico em que viveu, foi obrigado a criar um
outro caminho religioso, acabando ali a exclusividade que até então o
catolicismo tinha de cultuar a Jesus.

No caso em questão, tanto necessitavam de renovação os próprios


escritos e interpretações dos postulados teológicos do catolicismo como
também a conduta do movimento que foi criado a partir do testemunho de
Jesus.

Todos sabemos que os fundadores dos movimentos religiosos e/ou


filosóficos têm os seus ensinamentos algo modificados e normalmente
distorcidos pelos seguidores que sempre, com a melhor das intenções, dão
continuidade ao foco de luz esclarecedora que foi por eles fixada na Terra.
Infelizmente, os bem intencionados seguidores, no caso do cristianismo
nascente, distorceram completamente a ênfase e as preocupações centrais
do conjunto da mensagem de Jesus.

E quais eram as principais mensagens que Jesus preocupou-se em deixar


a título de legado para os que vivem na Terra? (1) A de que somente a lei
maior do “amai-vos uns aos outros” teria o condão de redimir toda a
humanidade, desde que aplicada, e daí a sua preocupação em dar o maior
testemunho possível do amor fraterno. (2) A de que a vida terrena não se
acabava com a morte do corpo físico, já que seria dado a cada um conforme
as suas próprias obras, ressaltando sempre que havia muitas moradas na
casa do seu pai, dando-nos a sua certeza de que não estávamos sós na
grande obra da criação. (3) A de que existia um “Pai" cercado por toda uma
hierarquia de anjos que cuidava da Terra e dos céus, lembrando sempre,
inclusive, que nem ele e nem o seu reino eram deste mundo, indicando a
existência de outras civilizações. (4) A de que ele tinha vindo à Terra para
funcionar como espécie de elo maior entre os que aqui vivem, as outras
humanidades celestes e o seu pai celestial, sendo, portanto, uma espécie de
padrinho espiritual, ou como ele mesmo o disse, pastor de todos nós, suas
ovelhas a quem tanto ama. E, finalmente, (5) a de que retornaria para
presidir pessoalmente as últimas etapas do processo de reciclagem da
população do orbe com o fim de emancipar a Terra, elevando-a em
condição vibratória — e dizemos nós conforme as notícias que de algum
tempo nos chegam — para poder voltar a conviver com as demais
civilizações celestes. A promessa de seu retorno, por sinal, foi a que ele
mais repetiu enquanto esteve na Terra.

Um dos aspectos impressionantes de toda essa história é que nós, os


cristãos – e assim denomino pessoas que de algum modo estão vinculados à
doutrina de Jesus – fomos levados a pensar que ele se referiu o tempo todo
ao Deus único e verdadeiro, o Incognoscível, a Deidade, que nada tem a ver
com o ser divino criador deste universo, a quem Jesus chamou de Pai. Na
verdade, ele referiu-se bem mais a esse Pai do que a Deus. Quanto a este
último, penso que ele só o fez no seu circuito mais íntimo de seguidores.
Isso, confesso-o, penso hoje, depois de ter sido levado a pensar o contrário
pela herança católico-espírita que ocupou o meu psiquismo quando da
formação dos padrões da minha atual personalidade terrestre. Aqui não
aprofundarei o tema, mas é fato que o catolicismo, por algumas razões, e o
espiritismo, por questão de estratégia, dentre as vertentes cristãs,
“menosprezaram” a importância do Senhor Javé e ressaltaram a presença do
Deus verdadeiro nas palavras de Jesus, quando esse aspecto foi mais
discreto nas suas pregações, conforme penso.

É óbvio que o Mestre Jesus sabia que aquele a quem chamava de Pai não
era o Deus Incognoscível, o “PaiMãe Amantíssimo” eterno e imutável nos
seus atributos de perfeição. Quando ele esteve no Oriente, convivendo com
os mestres daquelas terras, apenas ratificou no seu psiquismo humano o
conhecimento que já lhe era inato, pela sua condição divina, como também
já ratificado na sua primeira viagem ao Ocidente conforme procurei
descrever no livro “Jesus e o Druida da Montanha”. Contudo, nos cinco
principais tópicos do seu legado, Jesus e/ou os seus tradutores posteriores,
não consta a referência a Deus, mas somente àquele a quem chamava de
Pai, o Senhor Javé.
Esses cinco pontos foram, portanto, aqueles a que mais o Mestre se dedicou
a ressaltar quando esteve entre nós. Entretanto, qual a ênfase do catolicismo
praticada pelos seus fiéis: a busca da salvação da alma, o culto à Santíssima
Trindade, a obrigação da obediência aos sacramentos e dogmas da igreja;
aspectos aos quais jamais Jesus se referiu, até porque os conceitos de
salvação e de pecado original foram gerados a partir das Epístolas de Paulo,
e a Santíssima Trindade a partir da decisão de Concílio Nicéia, no ano 325
d.C.

Se assim foi com o cristianismo e suas demais vertentes, já que a


doutrina da justificação pela fé de Lutero também não encontra guarida
verdadeira na prática da maioria das igrejas protestantes, o espiritismo não
escaparia à regra, até porque os atores que normalmente têm conduzido os
movimentos religiosos terrenos são os mesmos, mantendo-se, portanto, as
mesmíssimas tendências e inclinações espirituais, estejam onde estiverem
atuando através das reencarnações.

E assim tem sido, o que é compreensível. Contudo, da mesma maneira


que existem católicos que pensam que foi Jesus quem instituiu a Santíssima
Trindade, o conceito de pecado original e a salvação pela fé, pelo fato da
semeadura desses postulados terem sido feito há muito tempo, dentre outros
aspectos, não é crível que uma doutrina edificada ao longo da segunda
metade do século XIX, cujos objetivos e estratégias de atuação são de
importância vital para o desenrolar dos acontecimentos dos próximos
séculos, esteja sendo distorcida, aparentemente pelo descuido moral e
orgulho intelectual de alguns poucos que estão elegendo as suas inclinações
e opiniões pessoais como sendo a via de regra da conduta e dos objetivos
espíritas em detrimento do que deseja a própria Espiritualidade.
Essa questão ocorre principalmente movida pela ênfase, o repito, dos
espíritas, na questão da prática religiosa em detrimento de outros aspectos.
Quando assim agem, os religiosos fixam-se no passado e, no caso do
espiritismo, o próprio codificador afirmou que muito mais, no futuro, ainda
estaria por vir. Mas, como essas novidades podem surgir se os espíritas
fecham o circuito mediúnico das suas opiniões — de médiuns e de
dirigentes — em torno das suas próprias conveniências pessoais ou das que
julgam ser as conveniências da doutrina que abraçam?

Os ensinamentos constantes na codificação, a exemplo do que fez Jesus


vindo até a Terra, têm que se dirigir aos que nela estão vivendo para
espiritualizar a todos. Entretanto, a forma menos habilidosa de se
disponibilizar esses ensinamentos é vinculando-os a uma religião, pelo
simples fato de que existe a intolerância dos católicos, dos protestantes e de
outros segmentos religiosos para com o espiritismo, como também, e não
deveria existir sob nenhuma ótica de argumentação, comportamentos
intolerantes em relação a outras religiões — em especial, frente a conceitos
novos — por parte de alguns desavisados espíritas.

Outro aspecto ainda por ser lamentado é o fato dos espíritas mais
fervorosos na expressão religiosa, terem se apoderado de paradigmas,
conceitos, funções do ser humano e aspectos da vida como sendo “questões
espíritas”, quando não são, o que somente dificulta que o objetivo do Mais
Alto seja atingido: o de espiritualizar a todos os que assim o desejem.
Contudo, “como mediunidade é coisa de espírita”, certos segmentos do
catolicismo e do protestantismo já adequaram alguns novos conceitos, com
terminologia própria, para descrever os mesmos fatos de sempre, que
ocorrem com o ser humano desde que ele pôs os pés sobre a Terra. Além
disso, a “canalização” de mensagens de seres cósmicos poderia surtir frutos
mais saborosos e edificantes se pautados no manual de conduta mais
moderno que existe, em termos de prudência, de ética e de solidariedade
fraternas, que é o conjunto de ponderações constantes no Livro dos
Médiuns, além das informações que existem nas obras complementares
sobre o assunto, acertadamente abraçadas pelo movimento espírita. Mas,
infelizmente, o médium espírita que receber mensagens de seres que não se
apresentem como sendo espíritos desencarnados, estará sob a avaliação às
vezes implacável, impiedosa e equivocada de alguns dirigentes de centros,
o que é de todo lamentável.

Felizes os que professam as suas religiões de predileção pessoal com a


mesma simplicidade com que os animais e os pássaros se servem da
natureza, sem maiores sentimentos de exclusividade ou de propriedade,
porque o vínculo maior que une o ser humano seja ao ser pai criador deste
universo e à sua criação ou mesmo ao Deus Pai-Mãe Amantíssimo, não
pode se perder no diminuto aspecto da crença religiosa de uma só vida, até
porque existem tantas vidas ainda por serem vividas.

Dizem os espíritos que cada ser terrestre deve professar a sua religião de
afinidade — caso a tenha — da melhor maneira possível, com o melhor dos
zelos íntimo, sem, contudo, esperar que a sua opção seja a única e
verdadeira. Afinal, existem tantos caminhos para Deus Pai Amantíssimo
quantos forem os filhos e filhas criados pelo seu amor, assim o afirmam os
mentores da presente obra. Se assim é, por que o exclusivismo
desnecessário, qual a função da tentativa de conversão religiosa, a não ser
atender interesses puramente terrenos, já que o Pai Amantíssimo, o Deus
Incognoscível, deseja apenas que nos amemos uns aos outros, como Ele nos
ama indistintamente? Até onde iremos com a disputa pelos fiéis, com as
guerras na mídia por esta ou aquela vivência religiosa?

Poucos percebem, mas Jesus legou ao mundo uma maneira singular de


viver, um modo de vida cristão, uma forma de se levar a vida dignamente,
jamais uma religião, até porque a religião que conhecemos surgiu a partir
do legado de Paulo sobre o Jesus que ele sequer chegou a conhecer
pessoalmente. Tanto assim foi que Jesus jamais afirmou que seria dado a
cada um de acordo com a sua religião, mas sim, conforme as próprias obras,
o que independe de religião. Conhecedor profundo da alma humana o
Mestre sabia que não seria uma religião a mais ou a menos que iria ter o
condão de resolver os problemas por aqui. Nem muito menos Jesus seria
ingênuo a ponto de supor que sobre o seu legado seria fundada “a religião”
e não somente mais uma que, a exemplo das demais, formularia também as
suas esquisitices.
Ora, devido á intolerância extremada já existente naquela época e que
somente iria piorar com o passar dos tempos, Jesus percebera que sequer os
que lhe estavam mais próximos conseguiram compreender a magnitude do
seu testemunho. De toda forma, deu o seu exemplo, cabendo ao livre-
arbítrio dos homens e mulheres do mundo dar curso ao que puderam
depreender das suas mensagens. E assim foi, tanto com o Mestre Jesus
quanto com os demais fundadores de religião, missionários, renovadores e
com a própria codificação espírita.

Os seus apóstolos, com base na experiência que tinham de prática


religiosa do judaísmo — religião a que pertenciam — foram quem
envolveram o cristianismo nascente com o halo de religião à moda judaica.
Não foi por menos que o termo cristão somente surgiria mais tarde, na
cidade de Antioquia, entre os gregos.

A quem interessar possa, conforme penso, a chave para a evolução e para


a redenção da humanidade é o comportamento amoroso e não o
comportamento religioso. Ora, não foi a religião judaica que se contrapôs a
Jesus, considerando-o um blasfemo? Não foi a religião católica que se
contrapôs a Ockham, Wycliff, Huss e Lutero por considerá-los hereges?
Não foram as religiões católicas e protestantes que mais confrontaram
Kardec por considerá-lo um mistificador, um impostor, além de herege? E o
que estarão fazendo as atuais religiões com os portadores das novidades que
invariavelmente estão chegando e hão de chegar cada vez mais? Como o
espiritismo está se comportando diante do inevitável porvir que a cada
momento se sucede no horizonte terrestre, queiram ou não os defensores do
estacionamento nas conveniências religiosas de uma época?

Se alguém buscando algo esclarecer a questão extraterrena, dissesse aos


irmãos e irmãs espíritas, na tentativa de elucidar alguns aspectos da
revelação cósmica agora pretendida pelo Mais Alto, que, como tudo o que é
novo, esta questão tem e terá inevitavelmente seus adeptos e seus
contraditores, e que os espíritas cuidassem para não serem eles mesmos os
que assim estariam investidos, o que eles diriam? Assim, seria conveniente
procurar responder a algumas objeções destes últimos, examinando o valor
dos motivos sobre os quais eles se apoiam, sem que exista, todavia, a
pretensão de convencer a todos, porque há pessoas que creem ter a luz sido
feita só para elas. E que gostaria de se dirigir às pessoas de boa fé, sem
ideias preconcebidas ou mesmo intransigentes, mas sinceramente desejosas
de se instruir. E se, por fim, fosse demonstrado que a maioria das objeções
dos espíritas que se opõem a esta nova questão provem de uma observação
incompleta dos fatos e de um julgamento feito com muita irreflexão e
precipitação, o que os mesmos diriam?

Pois foram exatamente estas palavras que Allan Kardec usou na


introdução do Livro dos Espíritos para pedir aos detratores da revelação
espiritual nascente, uma chance para que a mesma pudesse ao menos ser
entendida. E o que deve ser dito hoje a alguns espíritas senão a mesma
coisa, no que se refere à postura que eles têm ante a revelação cósmica?
Retardar o surgimento do que é novo a pretexto de defender a verdade
pretensamente estabelecida é postura que não mais se coaduna com a
maturidade espiritual que hoje já se espera tenham os espíritas para lidar
com os eventos inerentes ao inevitável progresso planetário. Ou será que se
deseja que a Terra jamais faça contato com outras civilizações pelo simples
fato de alguns dirigentes e médiuns não se afinarem com este assunto?

À exceção de notáveis construções no campo do ecumenismo e do


esforço pela elevação da vida terrena a um nível compatível com um
mínimo de dignidade que vem sendo incessantemente promovido pela luz
das doutrinas filosóficas e religiosas que ainda conseguem sobreviver —
acalentadas por alguns poucos heróis — no seio dos movimentos religiosos
estéreis, tudo o mais parece ser equívoco na postura de muitos segmentos.

Pena que as elites religiosas não percebam que, em linhas gerais, existem
dois conjuntos de forças que estão por trás do fluxo dos acontecimentos que
ocorrem na Terra: as que unem e as que desagregam.

Pergunta-se: a disputa por fiéis através das tentativas de conversão; a


pretensão que algumas religiões têm de ser a única a expressar a verdade ou
a representar Deus na Terra; o fortalecimento das instituições que
pretendem representar essas religiões; a presunção e o orgulho intelectuais
dos que se pretendem infalíveis no desempenho dos cargos eclesiásticos e
de dirigentes em geral dos seus respectivos movimentos; a disputa na mídia
pelo espaço informativo e pela veiculação de proselitismos de toda ordem;
enfim, tudo isso serve para unir ou desagregar ainda mais a humanidade? Se
a resposta a este questionamento for a de que os fatos incontestáveis
apontados estão servindo para provocar a união dos que vivem na Terra...;
ao contrário, se estão servindo para piorar mais ainda a já complicada
situação terrestre é questão que caberá ao discernimento pessoal exercitar as
suas próprias reflexões.

Triste dos movimentos religiosos se pretenderem enquadrar as gerações


que ainda estão por vir nos padrões de atuação com que até hoje costumam
caracterizar as suas prédicas e práticas. Provavelmente sequer terão público
cativo porque as individualidades espirituais que já estão nascendo na Terra
apresentam bagagem existencial onde o esclarecimento e a espiritualização
já são a tônica das suas posturas pessoais. Com elas está se iniciando a nova
era do conhecimento e da espiritualização na qual o ser terráqueo voltará a
conviver com seres de fora. Sob essa perspectiva, ou os movimentos
religiosos se elevam nas suas posturas, conforme os princípios que dizem
defender, ou simplesmente poderão perder a importância, pois que a
“sintonia espiritual” dos que estão para nascer na Terra não se coaduna com
a perene e sempre atual oferta viciada dos valores equivocados vigentes na
atual cultura religiosa. Caso isso venha a ocorrer, será da responsabilidade
dos próprios dirigentes religiosos que, mais uma vez, apegados aos aspectos
exteriores da emoção do culto, da celebração e de interesses outros,
esquecem-se novamente do essencial.

Ainda bem que a boa vontade de muitos, a boa fé de outros tantos e,


acima de tudo, o progresso promovido por cientistas e trabalhadores
notáveis no processo de evolução do pensamento científico, filosófico e
mesmo religioso, fazem com que nos permitamos sonhar com dias melhores
para toda a humanidade.
A Luz das Religiões

"Todo estoico era um estoico; mas na


cristandade onde está o cristão?"

Ralph Waldo Emerson

Os movimentos religiosos sempre se formam em torno de um fundador


ou de seus escritos.

Há cerca de dois mil anos, jamais os pensadores da época imaginariam


que, no futuro distante, haveria um livro considerado sagrado — a Bíblia —
que seria a base de importantes movimentos, todos pretendendo atingir os
mesmos fins, apenas pregando meios e métodos de culto diferentes, ou seja,
a Igreja Católica, a Ortodoxa, as diversas Igrejas Protestantes e outros
movimentos religiosos cristãos que têm na Bíblia o foco de luz
esclarecedora, sendo, o principal deles, o movimento espírita.

O Espiritismo, que surgiu a partir da codificação dos espíritos constante


no pentateuco kardequiano, encontra-se hoje administrando as inevitáveis
dissensões internas da mesma forma que, no início do cristianismo, também
existiam as dissidências que se congregavam em alguns segmentos ou
seitas. Não imaginavam eles, naquele tempo, que um dia os seus escritos
serviriam de base para movimentos religiosos distintos que pretendem uma
exclusividade que, de fato, nenhum deles possui: a do culto ao Pai-Mãe
Amantíssimo inevitavelmente confundido na prática religiosa comum ao
judaísmo, ao protestantismo e ao islamismo, dentre outras, com o Senhor
Javé, entidade divina criadora deste universo com toda a sua sorte de
problemas.
É curioso: Kardec produziu cinco livros e hoje, cerca de 140 anos depois
após a sua desencarnação, foram produzidos alguns poucos milhares de
livros a partir do seu legado pessoal. Por que curioso? Porque assim foi com
a Revelação Espiritual que teve lugar na segunda metade do século XIX. E
sobre a Revelação Cósmica, quantos livros estão sendo agora escritos e
quantos ainda serão escritos mais tarde?

Não imaginam os atuais espíritas que, se não modificarem o curso de


suas dissensões, daqui a alguns anos, haverá não só os espíritas mas, “os
espíritas cósmicos, os kardequianos, os ortodoxos”, etc., sem que nada disso
seja promovido por nenhum dos mentores que assistem o movimento
espírita.

É sabido que o movimento espírita criou alguns conceitos e ideias que


não fazem parte da obra codificada por Allan Kardec, sendo, assim,
instrumento criador — e é normal e importante que seja — e renovador dos
preceitos codificados.

Tudo é permitido pelo Mais Alto. Apenas, é de todo lamentável que por
falta de argumentação racional e lógica alguns se permitam a atacar a
sensibilidade e a honra alheia. Se assim o fazem, de fato, não devem jamais
ter lido o que Kardec escreveu ou, se leram, entenderam muito pouco.

Outros pretendem traçar limites às possibilidades como se fossem


espécies de deuses. “Isso não pode!”, “aquilo não é possível!”, quando nem
mesmo os espíritos mentores assim procedem. Se Kardec, na sua época, não
tivesse ousado romper com as possibilidades de então, seguramente o
espiritismo não teria surgido. Ah! A mesmice das épocas e o seu senso
comum! Quanto isso não atrapalha o progresso das ideias e dos ideais?!

É bom que os espíritas não se esqueçam das dificuldades impostas à


codificação pelos valores do catolicismo e do protestantismo que a tudo
dominavam na época de Kardec. O que ele teve que superar para fazer valer
a sua nobre intenção ainda está por ser esclarecido.

Afirmar-se espírita é fácil, difícil é ser alguém verdadeiramente


espiritualizado. Assumir-se como católico ou protestante é fácil, difícil é ter
um código de conduta cristão diante da vida.

Ninguém mais do que Kardec defendia o livre-pensamento, o voo livre


dos espíritos. Aliás, foi num desses voos que ele fez a codificação que lhe
foi solicitada pelo Mais Alto. Que aqueles que hoje o homenageiam não se
esqueçam disso.
O Discreto Avatar do Ocidente

"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce."

Fernando Pessoa

Afirmam os amigos espirituais que valemos pelo amor que cultivamos,


além daquele que semeamos nos corações alheios, sendo este o único
patrimônio sobre o qual podemos alicerçar a nossa evolução. Mesmo
quando a incompreensão alheia não nos permite a semeadura, o cultivo
solitário da postura insistente do amor há de nos legar o necessário bem-
estar espiritual para seguir adiante.

Alguns homens e mulheres foram — e continuam sendo — verdadeiros


gigantes no ato heroico de esclarecer, testemunhar e amar indistintamente a
humanidade. Nas épocas recentes, Gandhi, Teresa de Calcutá, Sai Baba,
Divaldo Franco e Chico Xavier, dentre outros, bem representam o que de
mais belo desceu dos céus à Terra.

Cada um deles deu e dá de si o que de melhor suas almas produzem,


visando servir ao próximo, como nos recomendava Jesus, exemplo maior
desta atitude.

Muitos dentre os que vivem na Terra medem o grau do prestígio das


personalidades ilustres pela quantidade de vezes em que aparecem na mídia.
Outros aferem a importância das pessoas por estas terem contribuído para
revoluções devastadoras, que costumam destruir mais do que constroem.
Porém, poucos são os que têm visão profunda da história para perceber
aqueles que, trabalhando com discrição elegante comum ao seu porte moral,
plantam nos corações de muitos as sementes que, amanhã, terão o condão
de modificar o mundo, fazendo com que ele progrida pelo melhoramento do
ser humano — verdadeiro fator de evolução — e não pela simplória
substituição de sistemas e de ideologias.

É imperioso perceber que vivemos numa sociedade planetária na qual, de


forma ilusória, pretende-se que a evolução ocorra pela discussão em torno
dos “ismos”, a saber, capitalismo, socialismo, monarquismo, comunismo,
catolicismo, espiritismo, protestantismo, budismo, judaísmo. Esquecemos,
entretanto, de trabalhar pelo melhoramento do ser humano que, se evoluído,
faria com que qualquer desses “ismos” citados funcionasse adequadamente,
respeitando a dignidade humana.

Investir no melhoramento do ser humano, ofertando possibilidades de


esclarecimento enquanto se testemunha o ideal de fraternidade entre os
homens, tal é a missão que o Mais Alto costuma programar para aqueles
que chegam à Terra como trabalhadores da seara do bem. Esses
missionários deixam semeadas as suas contribuições e estas têm o condão
de estimular as pessoas a se tornarem melhores, sendo, somente isto, o que
permite a elegância espiritual dos seres evoluídos fazer. O próprio mestre
Jesus apenas se propôs a dar o seu testemunho singular, exigindo apenas de
si mesmo, jamais obrigando a alguém a aceitar as suas orientações. Assim
agem as grandes almas porque sabem que o verdadeiro despertar espiritual
não se dá através de nenhum tipo de imposição ou de shows de pirotecnia
de fé religiosa, mas somente através do gesto espontâneo de buscar o
melhoramento íntimo.

É nesse quesito do progresso humano que os nomes citados, e aqui desejo


destacar o de Francisco Cândido Xavier, se enquadram com as suas
contribuições maravilhosas.

Óbvio que não nos é dado avaliar qualquer pessoa. Tudo o que podemos
é, modestamente, analisar a sua contribuição para o progresso humano,
apesar de que muitos existem que, para isso contribuem de forma
estratégica e decisiva, mas que não chegam a ser corretamente percebidos
pela apressada e superficial editoração das notícias promovidas pela mídia.
É bom saber que o pretenso julgamento do mundo faz justiça, com as
conveniências das suas cores, ao grandioso mérito moral com que se
costuma homenagear Chico Xavier, efetivamente um dos poucos homens
sobre quem se pode afirmar que, pela postura amorosa e por força da sua
contribuição superlativa, encontra-se acima das circunstâncias do que
entendemos ser o bem e o mal. Pode-se até discordar de uma ou de outra
postura, mas não se discute a sua nobreza moral, a prática superlativa do
ideal de cristandade, a bondade e a ternura com que temperou os atos da sua
vida. Isto sem nos referirmos à sua contribuição singular no campo do
esclarecimento intelectual, um dos pilares da evolução do espírito.

Mais do que a opinião pública, porém, há uma outra forma de


reconhecimento, este sim, situado acima das vãs pretensões do orgulho
humano: aquele advindo das esferas espirituais elevadas. E no que se refere
a Chico Xavier, pelo que julgo estar informado, encontra-se muito acima do
que pode o senso terrestre avaliar, o grau de reconhecimento com que o seu
espírito é investido pelo Mais Alto.

Na Terra, dificilmente podemos, com a presunção de estarmos


razoavelmente próximos do que costumamos chamar de “verdade”, medir o
grau de contribuição de uma determinada obra para o progresso humano.
Mas nos ambientes espirituais, esse processo é facilmente aferido. E desde
os tempos de Cristo, a contribuição do espírito daquele que até bem pouco
tempo personificava Chico Xavier é tida como sendo próxima a dos seres já
unificados ao circuito amoroso do Pai Celestial.

Ao tempo de Jesus, personificando o apóstolo João Evangelista, foi ele o


discípulo que mais produziu para a obra do Mestre, além de ter sido o único
a acompanhá-lo nos momentos de sofrimentos supremos.

Sobre os seus ombros, além da pesada herança de ter sido o único


apóstolo a sobreviver às perseguições romanas — o que lhe deixou na
condição singular de ser, por praticamente mais de três décadas, após as
mortes de Paulo, de Pedro e dos demais apóstolos, o homem sobre quem
recaíram todas as inquietações e as dúvidas dos primeiros cristãos —
recaíram também a curiosidade e a inevitável expectativa das comunidades
cristãs, devido a um fato singular ocorrido entre ele e Jesus, quando este já
se encontrava aparecendo aos demais no estado de ressuscitado.

Conta-nos a Espiritualidade que, num certo dia, após a crucificação e já


tendo aparecido como ressuscitado em algumas oportunidades aos seus
apóstolos, discípulos, amigos e familiares, pela manhã logo cedo, quando
sete dos doze apóstolos encontravam-se pescando, ao retornarem para a
terra firme após uma pescaria frustrada no lago de Tiberíades, um homem
que sequer eles haviam percebido que ali se encontrava, orientou-os a
lançar mais uma vez a rede em uma certa região do lago.

Enquanto Pedro pensava se atendia ou não à orientação recebida, o


homem afastou-se para o lado sentando-se em uma pequena elevação do
terreno.

Para surpresa de todos, ao jogar a rede no local apontado pelo homem da


margem, pescaram muitos peixes. Foi quando João o reconheceu.

Instantes depois, estavam todos sentados ao seu redor, embevecidos com


a postura simples que sempre o caracterizou. Pedro, não podendo mais
controlar a si mesmo, resolveu perguntar a Jesus: “Mestre, por que nos
apareceste se não estamos todos juntos? Da última vez disseste-nos que
haveria mais uma oportunidade...”

“Sim. Esta é a última vez que estarei convosco antes do dia em que
retornarei para o Pai. E este dia está próximo.”
“Ó mestre, como ficaremos sem ti?”, tornou a questionar Pedro.
“Estarei convosco até que se cumpram os últimos dias deste tempo, antes da
minha volta.”
“Mas...”, principiava a dizer Pedro, quando o mestre, sorridente, disse-lhe:
“Já vos foi dito que após cumprirdes o vosso testemunho neste mundo,
seguirás até a minha morada, pois lá nos reuniremos para preparar o porvir.
Assim terá que ser para que se cumpram as Escrituras.”
“Disseste que quase todos iriam contigo, após... a morte de cada um. Será
ainda assim, ó mestre? Todos nós te seguiremos?”, tornou a perguntar
Pedro.
“Quase todos, Pedro”, disse Jesus enquanto se levantava, no que todos o
acompanharam.
“Mesmo estes que aqui estão?”, tornou a perguntar Pedro.
O mestre respondeu balançando a cabeça afirmativamente, enquanto com
um gesto discreto apontou para todos, à exceção de João.
Pedro, percebendo que Jesus não se referira a João, questionou: “E quanto a
ele?”
“Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha?”, disse Jesus
enigmático com um discreto sorriso na face.

Esta história espalhou-se, como o próprio evangelista deixou registrado


para a posteridade nas páginas do seu evangelho (Jo 21, 1–23), e enquanto
vivo esteve, serviu como o foco da equivocada expectativa de que Jesus
retornaria ainda ao tempo da vida de João.

O que se torna imperioso é refletir sobre o porquê de Jesus ter feito tal
afirmação, ou seja, a de que os demais apóstolos o seguiriam, após as suas
mortes, à exceção dos espíritos de Judas Iscariotes e de João Evangelista, os
quais, por razões distintas, continuariam a reencarnar na Terra.

No caso do espírito de João, como bem registrado por Jesus até que este
retornasse, outra questão que se impõe é: será que ele deveria se encontrar
reencarnado, quando do retorno do mestre? Ninguém o sabia. Nem mesmo
o espírito do próprio João Evangelista. Com o desencarne de Chico Xavier,
surge inevitavelmente a resposta de que Jesus pretendeu somente dizer que
o seu espírito ficaria reencarnado na Terra até o seu retorno.

Talvez, por isso, alguns mentores sempre afirmaram que tudo o que se
podia depreender do que foi afirmado por Jesus — e da sua intenção em
assim fazê-lo — era que o espírito do apóstolo amado desenvolveria
diversas missões de apoio à causa do Cristo, até o seu prometido retorno.

Depois da sua vida como João, o seu espírito desenvolveu algumas


encarnações programadas para melhor despertar a responsabilidade moral,
com o objetivo de evitar que as conveniências pessoais imperem em
detrimento das do Alto, ou seja, que as circunstâncias das vidas terrenas não
interfiram no desempenho das missões encomendadas pela Espiritualidade
Maior. Por sinal, esta é uma “fase de treinamento” pela qual passam todos
os espíritos missionários ao encarnar ciclicamente na Terra.

Mais tarde, deslumbraria o mundo ocidental quando, reencarnado na


Itália, personificou Francisco de Assis. Novamente um testemunho
superlativo de amor e de dedicação ao próximo foi registrado neste mundo.

Fez ainda questão de desenvolver outras reencarnações, quando tomou


sobre os seus ombros a responsabilidade de ajudar alguns grupos de
espíritos específicos.

Na Índia, o conceito de Avatar é plenamente compreendido. No


Ocidente, porém, pouco se sabe a respeito.

Conforme rezam as tradições hindus, os avatares são manifestações da


Divindade através dos homens. Swami Vivekananda ensina que:“Mais
elevado e mais nobre que os comuns é um outro grupo de Mestres, os
Avatares de Ishwara. Eles são os Mestres dos mestres, as manifestações
mais elevadas de Deus através dos homens.”

São espécies de descidas à Terra que o Senhor faz, de tempos em tempos,


para ajudar o progresso humano. Sai Baba, um avatar até bem pouco tempo
também encarnado na Índia, diz com muita propriedade: “Você tem que
pular na água para salvar quem está se afogando.” É mais ou menos isso
que os grandes avatares fazem, já que não mais necessitam de nascimentos
nos aspectos mais primitivos da existência cósmica. Contudo, há os
avatares menores, ainda necessitados, sob certos aspectos das leis
evolutivas, de experiências nos muitos níveis existenciais.

Tanto o Hinduísmo como o Budismo ensinam a doutrina das muitas


“encarnações de Deus” que já ocorreram na face da Terra. Os avatares
maiores como Rama, Krishna, Buda e Jesus, que com os seus legados
influenciam todo o contexto planetário, têm intercalado às suas tarefas, as
missões dos avatares menores. Estes, conforme as possibilidades inerentes
às suas conquistas espirituais, também provocam ondas de renovação e de
esclarecimento de caráter regional, mas que podem, muitas vezes, atingir
âmbito global.

No que me cabe, tudo o que posso ressaltar é a satisfação espiritual de


poder viver no mesmo momento histórico em que alguns grandes espíritos
resolveram pular na água turbulenta do oceano das paixões terrenas para
ajudar a todos nós.

Para mim foi de extrema importância ler as obras psicografadas por


Chico Xavier — como ainda o é — pois servem como chaves a abrir os
compartimentos da alma nos compelindo ao progresso espiritual.

Assim, gostaria apenas de registrar a minha homenagem a Chico Xavier,


a quem agradeço pelo ontem, pelo agora e a certeza de que o porvir reserva-
nos novamente o privilégio de tê-lo por perto.
O Norte das Religiões

"A história da humanidade torna-se cada vez


mais uma corrida entre a educação e a
catástrofe."

H. G. Wells

Para onde estão voltadas as religiões? Para o passado ou para o futuro?


Se voltadas, estão, para o passado, firmemente arraigadas nos costumes e
nos mitos das crenças longamente estabelecidas, seguramente enfrentam a
mais simples das dificuldades, que é a de se ajustar ao tempo presente. Se
nem isso conseguem, imaginemos quão longe da percepção do tipo de
futuro que nos espera devem estar.

Matar em nome de “Deus”; desagregar em nome da “vontade do Mais


Alto”; afirmar — sem nenhuma autoridade moral para isso já que ninguém
na Terra a tem — que esta ou aquela religião é a única correta e, portanto, a
predileta da Deidade; usar os meios de comunicação para referir-se de
forma pouca fraterna a quem quer que seja ou a qualquer segmento
religioso; cobrar pagamentos de contribuições materiais; taxar de “demônio
e/ou excomungado” a quem não obedece aos preceitos impostos; cultuar
valores humanos como se decretos divinos fossem; chamuscar a honra
alheia em nome da falsa defesa de verdades religiosas; enfim, praticar atos
que envergonhariam a qualquer um dos fundadores das religiões existentes
na Terra é a inevitável característica dos atos religiosos do presente.

O interessante é que achamos tudo isso normal, da mesma forma que os


desajustados, congregados em um hospício ou numa prisão, têm lá os seus
valores e costumes e os praticam como se normal fossem.
Sabemos que um bêbado dificilmente se convencerá do seu estado, da
mesma forma que um louco jamais atinará com a própria loucura. E nós, os
ditos normais da Terra, somos o quê, já que nos acostumamos a achar
normal o que assim não poderia ser considerado? Na Terra, sabemos que é
comum matar. Mas, por ser comum, por fazer parte do cotidiano planetário,
tal fato jamais poderia ser considerado normal. No entanto, assim o é. Para
alguns, pode-se matar até em nome Deus.

Na história do catolicismo, do protestantismo, do islamismo e de outros


tantos “ismos”, percebe-se, claramente, quantos morticínios foram
realizados para “a Glória do Senhor”. Se as próprias religiões, que nos
deveriam ensinar o amor e a convivência fraterna, assim se permitem agir, o
que devemos esperar das outras formas organizacionais do nosso mundo?

Infelizmente, vivemos presos a um passado e, pior que isso, é o fato


desse passado não ser nada agradável em termos de recordações. No
entanto, dele nos alimentamos como se os conceitos nas suas páginas
registrados, estivessem corretos. Surgem os dogmas, as questões de fé, as
imposições, as infalibilidades, a pretensão, a ilusão, a prepotência, enfim,
disfarçada de orgulho intelectual do que se pensa saber.

Onde o Norte que guia as religiões? Elas evoluem em função do ser


humano ou, na verdade, privilegiam seus interesses específicos, com um
discurso de moralidade que encanta as sereias, mas que de fato mata os
peixes? Criam e fortificam mitos que não existem, mas aniquilam os que
tentam sobreviver.

Como podem as religiões preparar seus fiéis para o futuro, se estão presas
a modelos e dogmas anacrônicos do passado equivocado?

Afinal, para onde caminham as religiões da Terra? Que função elas terão
nessa nova era que se inicia? Será que os dogmas prevalecerão diante da
razão esclarecida, a estupidez à sensatez? O tempo dirá. Que venha o
futuro.
A Crença

“Crer é um conforto, pensar, um esforço.”

Ludwig Marcuse

Muitos creem em Deus. Alguns poucos sabem de sua existência.


Outros, afirmam que ele não existe. Há ainda aqueles para quem ele seria
apenas uma possibilidade.

Pessoas há que dizem que Deus interferiu nas suas vidas. Seja um
jogador de futebol que acha que a Deidade o ajudou a derrotar o time
adversário, na hora de marcar o gol, seja um lutador de boxe que agradece o
fato de ter conseguido massacrar o oponente. Outras juram ter recebido esta
ou aquela orientação de Deus e não abrem mão de tal privilégio. Os mais
espertos arrecadam mundos e fundos em seu nome. Os desesperados
clamam seu nome por tudo. Alguns ensandecidos matam em seu nome,
dizendo, inclusive, que obedecem a sua vontade e que serão por ele
recebidos com todas as honras quando lá chegarem.

Ivan Karamasov, personagem de Dostoievski dizia: “se Deus não existe,


tudo é permitido”. Mas, o fato é que por aqui tudo é permitido mesmo ele
existindo. Afinal, temos todos o livre-arbítrio para agir como bem
entendermos. Podemos até mesmo achar que ele nos ajudou a esmurrar ou a
derrotar alguém, como se ele se permitisse rebaixar à primitiva condição
humana. Agora, tentemos explicar a pessoas que assim pensam que Deus, o
Incognoscível, ou mesmo o ser criador deste universo, o Senhor Javé, nada
têm a ver com isso! Para elas, quem assim o fizer, poderá mesmo ser tido na
conta de herege.
Temer a Deus é uma violência à sensibilidade de quem, de fato, ama o
Pai Celeste. Como pode alguém temer a quem se ama ou por quem se é
amado? Contudo, infelizmente, o Senhor Javé costuma enveredar por esse
tipo de caminho disciplinar que nos confunde o psiquismo na medida em
que muitos dos que lhe estão submetidos e subordinados têm-no na conta de
Deus, o que é um profundo equivoco somente possível de existir por força
da nossa ignorância.

Assim, conseguimos colocar, entre os atributos da Deidade, todo o


primitivismo das nossas equivocadas posturas e temos que achar tudo isso
normal. E os cultos religiosos que são feitos para agradecer a vitória de um
time em um jogo de futebol? Isso pode até mesmo aparentemente fazer
algum sentido perante o “toma lá da cá” de muitos que se acostumaram a
negociar com o ser criador deste universo. Mas, o que será que Deus, o
Incognoscível, pensa disso tudo?

De fato, mesmo que Deus não existisse, nem que fosse a título de “freio”
no campo da moral, deveríamos nós, cultuá-Lo, para tornar suportável a
vida na Terra, pensam alguns. Que seja! Ainda assim, deveríamos ao menos
ter a noção do que separa o verdadeiro Deus das miseráveis e tolas
pretensões das divindades caídas e das do ser humano.

Uma das grandes conquistas dos tempos modernos e pós-modernos é a de


que, na atualidade, nenhuma pessoa é mais avaliada por sua crença ou
mesmo pela ausência desta, mas sim, pela sua postura e contribuição para
com a comunidade que a cerca. Hoje, temos a liberdade de decidir e essa é
uma inestimável conquista de nossos tempos. As pessoas assumem a fé por
decisão, e não mais por tradição, se é que necessariamente assumem algum
tipo de fé, pois a própria ciência já encontrou espaço por entre as suas
hipóteses e certezas, para um possível princípio causal e/ou mantenedor de
tudo o que existe.

Assim sendo, admitir intimamente a possibilidade de um Deus e viver de


forma produtiva é, seguramente, postura mais edificante do que viver
alardeando que Ele existe, sem, no entanto, honrar a sua excelsa existência
com os atos praticados.

Há uma profunda diferença entre fé religiosa (leis e regras da vida


monástica ou de cultos diversos que dizem dos aspectos exteriores) e a
crença íntima em Deus ou mesmo a aceitação da possibilidade quanto a sua
existência. Discernir quanto ao que nos cabe fazer cá embaixo,
independente de crermos ou não no Pai Amantíssimo ou mesmo na
existência do ser criador deste universo, de termos ou não alguma religião,
é fator de evolução individual.

De toda forma, penso que Ele existe, que não foi iniciativa Sua a criação
deste universo — mas sim um equívoco advindo de uma das suas
divindades menores —, que não se mete em lutas de boxe, em guerras, em
partidas de futebol e nem em outras tantas situações que nem seres menos
evoluídos ousariam interferir.

Não nos iludamos: a busca do “Deus Pai Mãe Amantíssimo” é processo


íntimo, individual, discreto, suave e sereno. Podemos caminhar na
companhia de muitos e isso fazemos quando nos congregamos a um
movimento religioso. Mas a descoberta ou a percepção do aspecto
espiritual-cósmico da vida eterna que Ele nos legou — e de Sua própria
existência — se realiza na intimidade da alma de cada um.

Pena que o ser humano sequer sabe ao certo se de fato tem uma alma. Se
nem isso sabe, é normal que ponha uma luva de boxe na mão de Deus ou O
vista com a camisa de um time de futebol.
III

DO COSMOS E DA ESPIRITUALIDADE
Revelação Cósmica

“A revelação mais alta é que Deus está em cada


homem.”

Ralph Valdo Emerson

Dar por sabido aquilo que ainda se pretende descobrir é atitude que, das
duas, uma: revela a postura cômoda de quem não é muito afeito à
verificação ou a de alguém que, diante da aparente impossibilidade de
poder saber, entroniza a crença como instrumento decodificador da
realidade a sua volta.

O Tao, conjunto de preceitos filosóficos apontados pelo mestre chinês


Lao Tse e seus seguidores, há muito recomenda prudência aos que tentam
— e ainda bem que tentam — compreender o todo que os envolve, dizendo:

Aquele que conhece a própria ignorância revela


alta sapiência.
Aquele que ignora a própria ignorância vive em
profunda ilusão.
O sábio conhece o seu não saber.
O conhecimento do seu não saber o preserva de
toda ilusão.

A forma mais tragicômica com a qual o ser humano normalmente


costuma se iludir é a de pensar que sabe muitas coisas. Pelo fato de ignorar
que nada sabe, vive, portanto, a iludir-se, pensando ser doutor em matérias
que sequer foram ainda devidamente postas diante do seu entendimento no
curso da sua vida.
Respeitando os prudentes e sábios preceitos ofertados pelo Tao, o homem
deveria ter consciência que, dentro do campo de observação que lhe é dado
perceber através dos sentidos corporais coordenados pelo cérebro
transitório (que só dá para uma vida, pois nasce e morre com o corpo), é
lícito que, através da metodologia científica, ele tente mapear o mundo
observado a sua volta, formulando com segurança os preceitos acadêmicos
que marcam o atual estágio evolutivo das muitas ciências que existem.
Ainda assim, sobre o que lhe é dado observar, o ser terráqueo não sabe tudo
e costuma equivocar-se bastante, até que as verdades científicas vão sendo
estabelecidas sem maiores margens de dúvida.

Se assim é com o que objetivamente pode ser percebido, o que dizer


sobre as realidades que estão situadas além do horizonte da sua capacidade
de percepção? Deveria o homem pontificar a respeito daquilo que sequer
consegue perceber com um mínimo de objetividade? Como traçar aparentes
verdades sobre o que não pode ser objetivamente percebido pelo cérebro
humano?

O inacreditável é que existe uma quantidade assombrosa de conceitos


entronizados como "verdades", que nortearam e ainda norteiam a jornada
desta humanidade, os quais jamais puderam ser objetivamente verificados,
pois pertinentes a aspectos de uma realidade maior que se situa muito além
do horizonte da percepção humana. E que aspectos da realidade são esses
ou, em outras palavras, quais são essas realidades? Resposta: a realidade
espiritual e a cósmica ou, em outras palavras, o contexto espiritual e o
extraterreno.

A questão que agora se impõe é: quantas verdades existem estabelecidas


sobre esses dois contextos?

Seria óbvio que, por questão de prudência intelectual e moral, o homem


não se desse à irresponsabilidade de pretender pontificar sobre o que não
lhe é possível sequer saber, na sua atual condição, se realmente existe ou
não. O interessante é perceber que, devido ao modesto padrão evolutivo
desta humanidade, se os seres que porventura possam existir nessas outras
realidades não se propuserem a nos contatar, jamais poderemos, na
atualidade, saber ao certo sobre as suas existências.

Não seria exatamente isso que vem acontecendo ao longo dos milênios?
Ou serão somente produto da loucura dos escribas bíblicos as muitas
narrações sobre anjos, carros de fogo e rodas voadoras, além da mania
milenar que alguns seres humanos parecem ter inventado de contatar e
venerar os espíritos dos seus ancestrais ou de serem por estes envolvidos?

Será que não seria prudente refletir sobre o fato da condição humana não
poder avançar muito mais na direção das “realidades espirituais” e,
exatamente por isso, os espíritos que nelas vivem começaram a manusear
objetos (pranchetas, cadeiras) numa tentativa desesperada para chamar a
atenção dos que estão no lado de cá da vida, para a existência da realidade
espiritual? Será que não foi exatamente por estarem impossibilitados de
falarem as mentes das pessoas, que resolveram construir uma estratégia
para atuar sobre os objetos materiais chamando assim a atenção dos
sentidos humanos para uma causa inteligente que não pertencia ao mundo
dos “encarnados”?

Pois foi exatamente isso que aconteceu quando do surgimento da


revelação espiritual, codificada por Allan Kardec, na França. E se assim
fizeram os espíritos, e revelaram páginas de sabedoria e de consolação tão
singulares, não devem ter agido pela simples arte de fazer gracejos com a
humanidade encarnada neste planeta, mas sim, por ser urgente e imperiosa a
necessidade de se tentar esclarecer os orgulhosos terráqueos sobre outras
fronteiras da existência cósmica, ampliando os limites da nossa limitada
percepção e convidando-nos a evoluir em sabedoria e conhecimento.

E o fizeram sem impor "verdades", apenas ofertando sementes de luzes


elucidativas para quem delas quisesse se servir. Já o mesmo não se pode
dizer do movimento religioso que se formou a partir do postulado
doutrinário-filosófico legado por Kardec, que, repetindo o equívoco de
todas as religiões, pretende impor limites às possibilidades do progresso,
caso este não se enquadre no que podem as mentes de alguns poucos que se
auto-elegem autoridades em assuntos religiosos aceitar.

Por que não seria também prudente refletir sobre a atual impossibilidade
dos que vivem na Terra se dirigirem a outros rincões do cosmos e,
exatamente por isso, seres de outros orbes mais evoluídos estarem
preparando longamente esta humanidade para a convivência sideral? Com
vistas a esse objetivo se deixam perceber em visitas furtivas e discretas,
além de outras que nada têm de discretas, como se preparando o árido
terreno do entendimento terrestre para a convivência futura. Se não for esta
a opção que explica os fatos que envolvem a história desta humanidade, em
relação aos Espíritos e Extraterrestres, qual a que deveria ser?

De toda forma, mesmo partindo da premissa que eles estão nos


contatando, ainda assim, não é conclusão admitida por todos que os
espíritos existam como também os seres cósmicos ou extraterrenos, o que
transforma, diante da concepção geral, os espíritas como sendo aqueles que
creem e defendem a existência dos espíritos desencarnados e, os
ufologistas, os que admitem, estudam e mesmo acreditam em seres que se
situam além das fronteiras terrestres, o que é lamentável.

Aqui começam todos os nossos problemas, enquanto seres pensantes,


diante de uma realidade cósmica a ser ainda decodificada sobre a qual
absolutamente nada ou muito pouco sabemos. Apesar disso, já existem
diversos segmentos no movimento espírita que defendem questões tão
díspares sobre pretensas verdades, a elas se agarrando de forma doentia,
esquecidos da prudência e da tolerância preceituada pelo codificador do
espiritismo ao tomar como lema da doutrina o fato de que "fora da caridade
não há salvação”. E torna-se imperioso observar que, "caridade" aqui não
aparece no sentido de esmola, mas sim, de tolerância, de postura elegante e
fraterna para com as diferenças no campo das ideias, sejam elas quais
forem.
Da mesma forma, porém com outras cores emocionais, o movimento
ufológico também se perde nos descaminhos de discutir pretensas verdades
sem que, contudo, saiba-se ao certo coisa alguma, a não ser o óbvio que
pode ser verificado pelos fatos e indicativos: está em curso, desde tempos
imemoriais, um processo produzido por inteligências que não são terrenas o
qual, na atualidade, responde pela fenomenologia ufológica. Todo o resto é
motivo de discussão e não pode e nem deve ser tido como verdade pelos
que estão envolvidos com os estudos ufológicos. O que não implica em que
todas as teses e os diversos pontos de vista não possam e não devam ser
estudados, antes de poderem ser classificados como bobagens ou equívocos.

O orgulho intelectual do ser humano, travestido de defensor da pureza


dos ideais ou das ideias que julga defender — e muitos dos que se declaram
religiosos tomam desse lema para justificar as agressões que fazem à honra
alheia, esquecidos de que nada justifica causar danos à alma do próximo —
o tem levado a cometer uma série de desatinos que não o qualificam para o
trato com as coisas espirituais e celestes. Ainda assim, alguns pretendem ser
autoridade sobre o que nada sabem.

Jamais podemos perder de vista a posição ou função que, por enquanto,


nos cabe no processo de lidar com essas realidades: a de simples estudiosos
e pesquisadores, nada mais. É essencial perceber que, no trato com aspectos
do contexto espiritual e do celestial, não há doutores ou autoridades entre os
que vivem na Terra. A mais não se pode pretender! Em não havendo
autoridades, não poderá haver imposição de ponto de vista pessoal sobre os
temas em questão, posto que não há outras verdades, por enquanto, a não
ser o aspecto fenomenológico e o produto deste, em termos de mensagens
reveladoras, que podem estar certas, parcialmente corretas ou simplesmente
equivocadas, quanto aos contextos espiritual e extraterreno.

O autor do presente trabalho é somente "mais um" que pensa estar


recebendo informações "de fora", sem que, no entanto, ele mesmo saiba se
está entendendo corretamente o sentido das mensagens que recebe e, caso
esteja, se está conseguindo repassá-las de maneira a não desfigurá-las. Mais
que isso: equivoco-me bastante! Por isso, e falando agora diretamente aos
leitores, jamais pretendi ou pretendo afirmar verdades. Apenas pratico o
direito de expressar livremente o que julgo ser as mensagens discretamente
recebidas ao longo dos anos.

Assim, sou dos que pensam que devemos agir de maneira livre e
prudente, de acordo com os fatores e circunstâncias que envolvem cada ser
humano, sem nos apegar a conceitos que ainda não podem ser tidos como
"verdades" e muito menos nos vincular, por questão de crença pessoal, aos
conceitos que imaginamos representar a verdade. Quando agimos dessa
maneira, sem a necessária vigilância espiritual ou prudência intelectual —
eu que o diga — terminamos por transformar o objeto da nossa busca em
questão de crença, e o pior, muitas vezes fanatizada pelo nosso orgulho
intelectual que não admite outra hipótese que não aquela a que estamos
ferrenhamente abraçados.

Sob esta perspectiva de análise, pergunto como se encontra a ufologia


nos dias atuais, enquanto área de estudo que pretende administrar o
processo de busca pela decodificação da existência de seres extraterrenos?
E como se encontram os ufólogos com as suas opiniões particulares diante
da ufologia? Afinal, quantas verdades existem na ufologia?

Sob a mesma ótica de abordagem, como se encontra o espiritismo na


atualidade, enquanto movimento de cunho religioso que pretende
administrar as notícias que chegam "de fora", pretendendo pontificar quanto
ao que é verdadeiro ou não no intercâmbio mediúnico, único modo dos que
estão para lá das fronteiras da Terra poderem se comunicar com os que aqui
vivem, desde que não queiram ou não possam ainda manter contato direto?
Quais são as opiniões dos que estão a frente de alguns segmentos do
movimento espírita quanto à questão extraterrena?

Tanto o estudo dos extraterrestres como o dos espíritos, têm


implicitamente em comum a total incapacidade do homem em poder
comandar ou definir o processo fenomenológico. São outras as inteligências
que parecem medir a conveniência dos eventos em curso. Assim sendo,
pelo menos por enquanto, está fora do alcance da nossa atual capacidade de
poder objetivamente provar algo que seja inevitavelmente aceito por todos.
Dependemos, portanto, de decisões que não são nossas para que os eventos
possam ter continuidade. Enquanto assim for, a conclusão disso ou daquilo
dependerá sempre de possíveis vivências e de opiniões pessoais, o que
poderá ser ou não verdadeiro.

Assim, parece que há um discernimento que se encontra além das


fronteiras terrestres que define o processo em curso e que, pelos indicativos
das inúmeras mensagens, o tão esperado “dia do encontro ou do
reencontro” claro e objetivo aos sentidos humanos, está para breve.

Até lá, poderemos, sim, por deduções filosóficas mescladas ao avanço da


capacidade de observação dos métodos da "transcomunicação" (de forma
simplificada seria a comunicação com espíritos desencarnados através de
equipamentos eletrônicos), no caso dos espíritos, como também da ciência
astronômica e outros procedimentos afins, no que se refere aos
extraterrestres, vislumbrar a possibilidade de realmente existirem muitas
outras realidades e diversas "humanidades celestes" espalhadas nas muitas
moradas do cosmos. A nada mais, por enquanto, poderemos pretender, já
que, conforme penso, a condição humana dificulta a percepção do óbvio,
seja em que nível for, porque apegada a conceitos equivocados entronizados
como verdades, e o que mais limita o ser humano é o conjunto de conceitos
que marca a sua visão de realidade. Nesse caso, somente se o óbvio se fizer
presente em detalhes objetivos diante do ser terráqueo é que este poderá ter
a possibilidade concreta de percebê-lo.

Alguém já pontificou que, quem tem uma sólida linha de raciocínio


normalmente costuma permanecer solidamente estacionado em torno do
que pensa. E quem poderá evoluir dessa maneira? Como poderá o novo
surgir diante de alguém que vive preso a valores do passado?

O interessante é que, ainda que os tais eventos tão esperados venham a


surgir no horizonte das nossas vidas, muitos dos que estão histericamente
vinculados à dogmas e conceitos, talvez se esforcem para distorcer os fatos,
classificando-os como embustes, para que possa prevalecer o seu ponto de
vista. Quem de forma doentia estiver com a sua atenção radicalmente posta
em equívocos, normalmente permanece cego para a verdade.

E assim tem sido durante a nossa lenta evolução.

As páginas da nossa história têm revelado a nossa total inabilidade na


convivência com os personagens dessas outras realidades que envolvem a
vida terrestre. Temos demonstrado um comportamento completamente
equivocado no trato com esses seres transformando-os em anjos,
semideuses, santos, milagreiros e em oráculos da nossa própria
incapacidade de administrar a vida.

Parece longe, muito longe, o tempo em que Kardec disse que não se
devia esperar dos espíritos mais do que podemos esperar de nós mesmos...

Fato é que não temos sabido respeitar a existência e nem muito menos o
principal ator desse processo, que, no caso da Terra, é o próprio ser
humano. Ainda assim, mesmo sem saber ao certo coisa alguma sobre a
nossa origem, sobre qual é a função da vida, se existe Deus, espíritos e
extraterrestres, membros desta humanidade pretendem impor as verdades
que pensam saber sobre os seus pares, e muitos têm sido sacrificados nesse
processo.

Para complicar mais ainda esta situação, coube, até o momento, às


religiões, o papel de pontificar a respeito do que absolutamente nos é
desconhecido, dando por sabido conceitos e a existência de ilustres
personalidades celestiais que, ao certo, não sabemos ainda se existem.
Alguém, por vivência ou percepção pessoal, pode até pensar que sabe ou
mesmo saber alguma coisa a respeito dessas questões como produto de
experiência pessoal — que o diga o autor do presente artigo. Mas não é
dado a esses que assim se enquadram de impor o jugo das suas experiências
pessoais às demais pessoas, sob pena de virar religião onde muitos
acreditam que alguém é isso ou aquilo.

O espiritismo, acertadamente, pontificou sobre os efeitos materiais


promovidos por causas inteligentes situadas além do horizonte de
observação comum aos que aqui vivem. E ofertou ao mundo, como caráter
de revelação, para apreciação e análise dos que estão encarnados, através de
muitas mensagens de caráter mediúnico — as quais ainda não aceitas pelo
academicismo como algo cientificamente possível e comprovado —
preceitos filosóficos, orientações e esclarecimentos diversos que dignificam
a existência. E fizeram mais os espíritos codificadores, pois, nas páginas
produzidas por Allan Kardec, encontram-se referências claras e objetivas a
respeito de "outras humanidades celestes".

Necessitamos, contudo, entender que "os espíritos não ensinam senão


apenas o que é necessário para guiar no caminho da verdade, mas eles se
abstêm de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo, deixando-
lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da razão,
deixando mesmo, muitas vezes, que adquira experiência à sua custa.
Fornecem-lhe o princípio, os materiais: a ele cabe aproveitá-los e pô-los a
funcionar.” (A Gênese, de Allan Kardec).

No que concerne à abordagem da vida extraterrestre, alguns poucos,


porém, importantes segmentos do movimento espírita, simplesmente não
aceitam sequer que o tema possa ser discutido quando das suas reuniões,
pois afirmam que esse procedimento fere o que chamam de pureza
doutrinária, dando, assim, continuidade ao extravagante processo de
impedir que o que é óbvio demore uns bons séculos para poder ser
percebido. No caso em questão, pela própria avaliação dos cientistas,
descobrir vida lá fora é uma simples questão de tempo, que não deve sequer
durar mais do que o intervalo de algumas poucas décadas. Nos próximos
anos, novas tecnologias de busca estarão acopladas aos satélites, o que
transformará a busca pela existência de vida fora da Terra em algo tão
plausível como o conhecimento que temos sobre a diversidade da natureza
terrestre.
Assim, torna-se interessante perceber que o tema “vida extraterrestre” é
assunto tido como absolutamente possível e certo para os cientistas. O que
muitos deles têm dificuldade em aceitar é o fato de que os ETs já possam
estar visitando a Terra. Mas no meio científico, não se discute mais se existe
vida ou não lá fora. Para a maioria dos cientistas, à exceção de uns poucos,
é opinião corrente de que existe vida abundante por todo o cosmos e, o que
hoje se discute, é “como” deve ser feita a comunicação para esta
humanidade quando chegar o momento em que o aviso se tornar inevitável,
isto se a descoberta da vida lá fora se der através do método científico.
Porém, se um primeiro contato oficial se der, como produto da estratégia
dos nossos irmãos cósmicos, outras deverão ser as providências.

Para o movimento espírita, a continuar valendo o epíteto de heresia


doutrinária para o tema extraterrestre, imposta por algumas poucas pessoas
que, infelizmente, entronizam as suas próprias opiniões esquecidas de
escutar a dos Espíritos e de fazer valer a intenção da Espiritualidade,
somente restará assumir o equívoco de considerar como sendo herético, em
pleno século XXI, o que já era filosoficamente óbvio para o codificador
Allan Kardec, no século XIX.

Assim tem sido e, infelizmente, continua a ser, ao longo da evolução do


pensamento religioso, já que o que se tem por “verdade”, passa a ser fator
impeditivo para que novas verdades — ou novos aspectos da realidade
maior — possam surgir.

Ora, se essas poucas pessoas que desvirtuam o movimento espírita não


prestarem atenção ao que Kardec escreveu, quem haverá de fazê-lo?
Vejamos, mais uma vez, o que o codificador deixou registrado no livro A
Gênese:

“Há coisas a cujo sacrifício é preciso que nos


resignemos de boa ou de má vontade, quando
não é possível proceder de outro modo. Quando o
mundo marcha, a vontade de alguns se revela
impotente para o deter: o mais sábio é segui-lo,
conformando-se com o novo estado de coisas ao
invés de se agarrar ao passado que se desintegra,
com o risco de cair com ele.”
“Por respeito a textos considerados como
sagrados, seria necessário impor silêncio à
ciência? Isto é uma atitude tão impossível quanto
impedir a terra de girar. As religiões, quaisquer
que tenham sido, jamais ganharam nada por
sustentar erros manifestos. A missão da ciência é
a de descobrir as leis da Natureza; ora, como
essas leis são obras de Deus, não podem ser
contrárias às religiões fundadas sobre a verdade.
Lançar anátema ao progresso como inimigo da
religião, é lançar anátema à própria obra de
Deus; ademais, é isso completamente inútil, pois
todos os anátemas do mundo não impedirão que
a ciência caminhe, e que a verdade venha à luz
do dia. Se a religião se recusar a caminhar com a
ciência, a ciência prosseguirá sozinha.”
“Somente as religiões estacionárias podem temer
as descobertas da ciência; essas descobertas não
são funestas senão aos que se distanciam das
ideias progressivas, imobilizando-se no
absolutismo de suas crenças; eles fazem em geral
uma ideia tão mesquinha da Divindade, que não
compreendem que o fato de se assimilarem às leis
da Natureza reveladas pela ciência, é glorificar
Deus em suas obras; porém, em sua cegueira,
preferem com isso prestar uma homenagem ao
Espírito do mal. Uma religião que não estivesse
em contradição com as leis da Natureza nada
teria que temer do progresso, e seria
invulnerável.”

Urge uma reflexão por parte dos espíritas, em especial dos médiuns e
dos dirigentes que consideram como embuste a questão extraterrena, pois
será inconcebível se, daqui a alguns poucos anos, for percebido que os
mesmos agiram tal qual os escribas e fariseus no tempo de Jesus, visto que
não avançavam e nem deixavam avançar, não entravam e nem deixavam
entrar os que queriam se iniciar nos estudos de vanguarda que levam ao
desenvolvimento espiritual, única maneira de evoluir. “Ai de vós, escribas e
fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o reino dos céus: vós mesmos
não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar.” (Mt 23, 13).

Na segunda metade do século XIX, afrontado pelo desinteresse e


resistência à mudança que a ortodoxia vigente sempre oferta às novidades
que intentam surgir, Kardec preferiu desenvolver, com toda a profundidade
de análise que lhe fosse possível, a temática do “espírito”, deixando, por
questão de estratégia pessoal frente às forças conservadoras da época, o
conceito de ser celeste — ser cósmico ou extraterreno — para o porvir. Foi
compondo paulatinamente os painéis da compreensão desse outro contexto,
mas, ao perceber que mal conseguiria levar adiante o mister espírita, pela
falta de apoio e pelo acúmulo de obstáculos que a cada momento se
ajuntavam, foi distribuindo pelos artigos da Revista Espírita — lançada em
1858 — e mesmo pelas entrelinhas dos livros que estava produzindo, um
pouco dessas reflexões.

E o que era o conceito de “ser celeste”, que Kardec depreendera dos seus
estudos?

Preocupado em ofertar a melhor possibilidade de compreensão diante do


assunto novo, e por força de sua experiência como professor, Kardec
preocupou-se em dividir de forma didática o Livro dos Espíritos em quatro
partes: As Causas Primeiras, Mundo dos Espíritos, As Leis Morais e
Esperanças e Consolações.
Na segunda parte, denominada Mundo dos Espíritos, no seu capítulo IV,
Pluralidade das Existências, na pergunta 172 é questionado aos espíritos se
“Nossas diferentes existências corporais se passam todas sobre a Terra?”,
ao que eles responderam: “Não, não todas, mas nos diferentes mundos; a
que passamos neste globo não é a primeira, nem a última e é uma das mais
materiais e das mais distanciadas da perfeição.”

Muitas vezes, ao analisar as perguntas que haviam sido formuladas aos


espíritos codificadores e as respectivas respostas obtidas, Kardec defrontou-
se com as limitações psíquicas da própria época em que viveu. Contudo,
algumas questões deixavam tão óbvias as conclusões que, por mais
distantes do senso comum que por ventura pudessem se encontrar, eram-lhe
motivo de muito estudo reflexivo sobre os temas envolvidos.

Uma das que mais lhe marcou a sobriedade de análise foi exatamente a
resposta dada pelos espíritos, de que, a existência corporal que estávamos
tendo na Terra não era, nem a primeira nem a última, donde se depreende
que, ou todos, ou alguns dos que vivem na Terra, já “viveram”, ou seja,
haviam tido existências corporais em outros mundos, e que ainda iriam
viver em outros planetas em um tempo futuro.

Se dúvida houvesse, a resposta dada na pergunta 173, “... já vivestes em


outros mundos e sobre a Terra”, ajudaria a dissipá-las. Também, e de forma
inequívoca, servindo para encerrar de vez, qualquer questionamento sobre o
fato dos espíritos estarem afirmando claramente que existia vida corpórea,
encarnada, em mundos que não o terrestre e, por conseguinte,
extraterrestres, na pergunta 181, Kardec quis saber se "Os seres que
habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?", ao que
os espíritos responderam: "É fora de dúvida que têm corpos, porque o
Espírito precisa estar revestido de matéria para atuar sobre a matéria. Esse
envoltório, porém, é mais ou menos material, conforme o grau de pureza a
que chegaram os Espíritos. É isso que assinala a diferença entre os mundos
que temos que percorrer, porquanto muitas moradas há na casa de nosso
Pai...”
Observemos que Kardec não perguntou “os espíritos”, mas sim, “os
seres” pois que na sua percepção já havia a distinção entre os conceitos de
espírito (desencarnado ou encarnado no contexto do orbe terreno) e de seres
(espíritos encarnados em outras realidades planetárias).

No entanto, ultrapassada qualquer hesitação sobre a existência desse


outro contexto "celeste", Kardec tocou, ainda que levemente, a questão do
possível intercâmbio no campo da troca de conhecimentos entre as
diferentes humanidades, ao esboçar a pergunta 182 sobre se "Podemos
conhecer com exatidão o estado físico e moral dos diferentes mundos?"
tendo, os Espíritos, aclarado que "Nós, os Espíritos, só podemos responder
de acordo com o grau de adiantamento em que vos achais; quer dizer que
não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem todos estariam em
condições de compreendê-las, e isso os perturbaria". Ficava assim claro,
que de acordo com os conhecimentos terrenos da época, não poderia ser
dito muito mais.

Apesar de tudo, prudente, achou melhor publicar o Livro dos Espíritos


sem aprofundar de forma mais explícita, a questão extraterrestre. A seu
juízo, a simples menção da novidade sobre um contexto espiritual ainda por
ser entendido pela humanidade já seria dificilmente aceito pelos valores
religiosos e filosóficos vigentes, quanto mais se a este fossem também
agregadas às noções de um outro contexto ainda mais amplo.

Assim, equivocam-se alguns no movimento espírita que afirmam que


essa questão fere a pureza doutrinária do espiritismo porque envolve o fator
extraterrestre, o que também, segundo os mesmos, jamais foi abordado por
Allan Kardec. Novamente o equívoco cuja base intelectual de apoio não
encontra respaldo na obra e nem da vida do codificador. Não devem ter lido
Kardec. Se o fizeram, não entenderam o essencial da sua mensagem.

Para os que acham que a questão extraterrestre fere a chamada pureza


doutrinária, ou coisa do gênero, afirmando que em centro espírita kardecista
comunicação de supostos ETs não entra, seria aconselhável recordar o que
certo personagem disse em seu discurso de despedida, ao lado do túmulo do
amigo recém-desencarnado, com quem se acostumara a conversar.

“Que importa que joguem sobre este gênero de


estudos o sarcasmo ou o anátema aqueles, cuja
vista é turvada pelo orgulho ou por preconceitos,
que os impedem de compreender os ansiosos
desejos do nosso pensamento ávido de conhecer;
mais alto elevaremos as nossas contemplações!”

“Tu foste o primeiro, mestre e amigo! Foste o


primeiro que, desde os meus primeiros passos na
carreira astronômica, testemunhaste a mais viva
simpatia por minhas deduções relativas à
existência das humanidades celestes; pois que, do
meu livro Pluralidade dos Mundos Habitados,
fizeste a pedra angular do edifício doutrinário,
que tinhas arquitetado em tua mente. Muitas
vezes conversamos sobre essa vida celeste tão
misteriosa e agora, oh! Alma, já sabes, por uma
visão direta, em que consiste ela – a vida
espiritual, para a qual voltaremos, embora dela
nos esqueçamos enquanto aqui estamos.”

Esta é uma pequena parte do discurso pronunciado pelo notável


astrônomo Camille Flammarion no túmulo do seu amigo e mestre Allan
Kardec.

O primeiro diz claramente que muitas vezes conversou com Kardec sobre
a “vida celeste” — leia-se extraterrestre, pois na época este termo não
existia — idéia central do tema da Pluralidade dos Mundos Habitados, onde
o amigo Camille Flammarion ressalta ter Kardec utilizado este assunto
como sendo a “pedra angular do edifício doutrinário” por ele formulado. O
que quis Flammarion dizer com isto se não o aspecto óbvio do teor das
intermináveis conversas sobre vida fora da Terra com o seu amigo Kardec?
E observemos também que no seu discurso o astrônomo fez uma distinção
entre vida celeste e vida espiritual.

Como podem, novamente questionamos, os atuais espíritas afirmarem


que a questão extraterrestre fere a pureza doutrinária se o próprio Allan
Kardec costumava conversar sobre este assunto com seus amigos? E se,
conforme o testemunho histórico de um desses amigos, o codificador teria
utilizado este tema como pedra angular do edifício doutrinário por ele
arquitetado, ou seja, a Doutrina Espírita? Como explicar que uma das
preocupações centrais do codificador transformou-se, cerca de 150 anos
depois, em uma questão considerada herética e detestável pelos padrões da
doutrina que ele criou?

Afinal, por que recorrer à Revelação Espiritual ocorrida na segunda


metade do século XIX para pretender afirmar a existência de seres
extraterrenos? Por que buscar nas informações dadas pelos Espíritos as
notícias das muitas humanidades celestes? Por que, dirão os que acham que
é misturar o que não dever ser misturado, recorrer ao Espiritismo para
afirmar a Ufologia? A Ufologia precisa disso? Óbvio que não! Mesmo sem
esses esclarecimentos, os fatos que anunciam o porvir planetário, em
possível comunhão com outras humanidades celestes, já estão postos e
continuam em curso pois que a fenomenologia ufológica nada mais seria,
sob esta ótica, do que os primeiros momentos de um novo tempo para o
nosso berço planetário e está ocorrendo e ocorrerá independente de tudo
mais — inclusive da opinião de algumas poucas autoridades religiosas.
Porém, qual o problema se já existirem algumas elucidações disponíveis,
dadas por avançadas inteligências espirituais que, de onde se encontram,
parecem ter informações privilegiadas sobre a questão?

Independente de percebermos o processo em curso, o que parece estar em


jogo é o fato de as "revelações" ocorrerem na medida em que os encarnados
possam apreender o seu conteúdo, valendo-se desses esclarecimentos para
poderem evoluir, afastando-se da ignorância que é o maior entrave à
liberdade e ao progresso do ser cósmico, esteja ele evoluindo onde estiver.
Contudo, diferente da Revelação Espiritual que teve espíritos comunicantes
e o codificador terreno na pessoa de Kardec, a Revelação Cósmica não se
dará exclusivamente por obra de nenhum terráqueo. Esta terá o condão
apenas de servir como ponto de partida de um processo que hoje parecer ser
simplesmente incompreensível para a cultura do mundo dos encarnados.
Óbvio que terá a participação de todos já que o processo em curso será
progressivo e deverá ocupar o trabalho de gerações. Quando reflito que a
Revelação Cósmica não ficará inserida na obra de nenhum homem ou
mulher da Terra é porque estou procurando ressaltar que a mesma somente
atingirá a sua etapa de maturidade e estabilidade quando começar a ocorrer
a natural convivência, clara e objetiva, com os nossos irmãos cósmicos que
há algum tempo se preparam para os primeiros momentos dessa nova etapa
evolutiva. Contudo, enquanto isso não se der, somente nos resta a percepção
do que nos pode ser dado pela nobre e correta interpretação dos fatos e não
pelas crenças ou opiniões pessoais, como é o caso do presente artigo que
pretende apenas semear reflexão em torno do tema.

Caminhamos até aqui para afirmar que, conforme entendemos, a única


verdade da ufologia é que algo muito sério está ocorrendo e esse “algo” já
era fator presente no passado terrestre. E seja lá o que esse “algo” for, não é
produto desta humanidade, até porque uma das probabilidades é que esse
“algo extraterreno” seja o responsável pela criação da espécie homo
sapiens. Além dessa assertiva é a verdade presumível, partindo-se da
premissa de que filosoficamente pode-se perceber o sentido do que é óbvio,
em termos de realidade — apesar de ainda não provada pelos sentidos
perceptivos do cérebro humano — de que, pelo que se pode depreender do
nosso contexto histórico, esse fenômeno que parece ser tão antigo quanto a
história desta humanidade, é promovido por inteligências outras que não as
terrenas. Mais que isso não pode ser afirmado no momento como sendo
verdade e verdade presumível, pelo menos na ótica deste escrevente.

Quanto às desagregações entre os diversos segmentos da ufologia, que


sejam tidas como aspectos da nossa própria incapacidade de agir de maneira
diferente, o que não impede o progresso da busca, das ideias e dos ideais.
Afinal, cada pessoa tem as suas próprias conclusões quanto ao que é óbvio
e se julga dotada de profundo bom-senso.

No que se refere a essa matéria, o genial filósofo francês René Descartes,


já havia registrado em um dos seus livros, “Discurso do Método”, que “O
bom senso é, das coisas do mundo, a mais bem dividida, pois cada qual
julga estar tão bem dotado dele, que mesmo os mais difíceis de contentar-se
em outras coisas não costumam desejar tê-lo mais do que já têm. E não é
verossímil que todos se enganem a esse respeito; pelo contrário, isso
evidencia que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, isto
é, o que se denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em
todos os homens. A diversidade das nossas opiniões não provém do fato de
uns serem mais racionais do que os outros, mas tão-somente em razão de
conduzirmos o nosso pensamento por diferentes caminhos e não
considerarmos as mesmas coisas. Pois não basta ter o espírito bom: o
essencial é aplicá-lo bem.”

Assim, por não termos ainda a necessária habilidade de aplicar os nossos


espíritos na arte do bem e também por não conseguirmos perceber o óbvio,
costumamos esquecer de observar que, por meio de comunicações
mediúnicas ou canalizadas, a condição humana não nos permitirá maiores
certezas na identificação de coisa alguma nesse sentido, pois que nesse
contexto existe o inevitável fator da imperfeição do ser terráqueo.
Deveríamos ter, portanto, a humildade necessária para sabermos lidar com
processos que se encontram fora do alcance do que podemos ao certo
perceber. E mais ainda: percebermos o sentido óbvio de que o processo de
canalização é somente uma etapa, algo arriscada, do processo evolutivo,
enquanto ainda não estivermos habilitados a lidar diretamente com espíritos
desencarnados e seres de outros mundos.

Nos dias atuais, foi fartamente veiculado pela imprensa que o amado
Chico Xavier teria afirmado em vida que suas possíveis mensagens, após o
seu desencarne, deveriam estar envolvidas em uma espécie de código
identificador somente conhecido por três pessoas da sua intimidade.
Desculpem, mas isso é uma afronta à memória de Chico, por cuja grandeza
espiritual, jamais derrogaria o mais simples dos preceitos observados pelos
espíritos codificadores e expressamente ressaltado por Kardec: que as
mensagens vindas do outro lado da vida não deveriam ter as suas marcas de
possível autenticidade grafadas pelo nome do autor, mas sim pelo conteúdo
das mesmas. Os espíritos codificadores agiram dessa maneira por um
motivo óbvio: na condição humana é simplesmente impossível se
determinar se a "autoria intelectual" é de tal ou qual individualidade. Este é
o preceito mais precioso da prudência no campo das comunicações
interdimensionais. E seria exatamente Chico que iria ferir, depois da obra
magnífica que realizou, tão comezinho principio da lógica espiritual?

Devemos todos, independente de outras questões, procurar beber de todas


as fontes cristalinas que matam a sede de saber que nos move o íntimo. A
Doutrina Espírita é uma dessas fontes, a mais moderna e talvez a mais rica
já fecundada neste mundo. Por que não estudá-la, mesmo que certos
segmentos do espiritismo pretendam patrulhar esse acesso, na pretensão de
transformar o leitor da mesma em espírita, o que é um profundo e
lamentável equívoco?! O acervo de informações das doutrinas budista,
espírita-cristã, taoísta e de todas mais, pertencem à humanidade e não aos
seguidores desse ou daquele movimento.

Concluindo, obrigamo-nos a repetir que é sempre temeroso dar-se por


sabido o que ainda precisa ser descoberto pelos padrões do que pode ser
considerado como “verdade” na condição humana. E no que se refere a
espíritos e extraterrestres, esta humanidade ainda precisa galgar muitos
degraus de uma escada evolutiva na qual, a cada patamar que se alcança,
permite que se possa vislumbrar um horizonte ainda mais amplo de
observação.

Talvez falte humildade intelectual onde sobra sinceridade de propósitos


em todos nós que buscamos o progresso espiritual.

No que me toca observar, e isso é somente um testemunho passível de


equívocos comuns à frágil percepção espiritual que me caracteriza a busca
evolutiva, esses dois contextos, a saber, o espiritual e o cósmico
(extraterreno), respondem pelas duas componentes que servem de pilares
para a vida na Terra e que nos fornecem as respostas para as inquietantes
indagações da nossa filosofia existencial: Quem somos? De onde viemos?
Por que estamos neste mundo? Qual o sentido da vida? Qual a função do
ser humano diante da existência?

Precisamos estudar e compreender esses dois contextos que envolvem a


vida na Terra para que nos seja então possível entender a nossa situação
neste mundo, fruto exatamente da interseção dessas duas hostes
existenciais.

Tudo o que precisamos é que os espíritas, católicos, islâmicos, budistas,


ufólogos e cientistas tenham o devido bom-senso para não disputarem a
propriedade de um tema que a ninguém pertence ou, sob outra perspectiva
de análise, pertence a todos nós, que é o exercício pleno da cidadania
cósmica que qualquer individualidade expressa pelo simples fato de existir
em algum recanto deste majestoso universo (provável conjunto de muitos
universos e dimensões) e o seu direito de buscar amorosamente a verdade.

Eis que surge um tempo em que precisamos todos nos espiritualizar para
melhor poder conhecer a realidade que nos envolve com todos os seus
contextos. É chegada a era do conhecimento e da espiritualização.

Que possamos, portanto, ter a liberdade de nos expressar livremente na


busca da “verdade”, sem maiores preocupações com rótulos transitórios.
Afinal, na condição humana, o que podemos saber ao certo, a não ser a
importância do "amai-vos uns aos outros", pois independente de existirem
espíritos e extraterrestres e de vivermos nesta ou naquela época, se nos
amássemos verdadeiramente a Terra seria o próprio paraíso. Ao contrário,
mesmo existindo outras tantas humanidades celestes e espirituais, enquanto
não aprendermos a amar uns aos outros, a vida na Terra será sempre o caos
já conhecido, mesmo que sejamos doutores em ufologia, espiritismo e
outras matérias. E não será nenhum espírito ou extraterrestre que virá fazer
pelo ser terráqueo o que este precisa de fato aprender a realizar:
desenvolver em si mesmo a habilidade para amar ao próximo e para
dignificar e honrar a vida, seja ela em que nível for e em qualquer morada
cósmica.
A Promessa de Jesus

"Jesus como concreta personalidade histórica


fica um estranho à nossa época, mas o seu
espírito escondido em suas palavras é conhecido
em simplicidade e a sua influência é direta."

Albert Schweitzer

Não faz muito, há cerca de dois mil anos, nascia Jesus. Homem
singular, dizendo coisas estranhas em um mundo que não o compreendia.

Sua vida, antes de seu ministério público, foi tão discreta que sequer se
tem maiores notícias. Entretanto, ao dar início ao que viera fazer começou a
obrar milagres, ensinar às multidões e perturbar os valores vigentes.

Poeta inigualável, semeador, mestre dos mestres, professor, mago,


paranormal, clarividente, líder e revolucionário sideral. Irmão e amigo
maior; filósofo profundo; médico de corpos e almas; psicólogo admirável;
profeta dos profetas; médium dos médiuns; homem de coragem e
determinação inigualáveis; espírito de escol a quem os espíritos imundos
obedeciam; alquimista celeste porquanto transformava água em vinho e
multiplicava pães; general cósmico cujo exército de anjos acompanhou sem
interferir a todo seu sofrimento; astronauta angelical, pois que caminhava
sobre as águas; ser extra dimensional que se transfigurava e se comunicava
com entidades extraterrenas; preposto de Deus, pois era e é a Personificação
Maior do amor, para nós terráqueos, além de ser o enviado (messias) do ser
criador deste universo. Foi o que dele ficou registrado após três anos e meio
de vida pública — tempo bastante efêmero para qualquer realização na
Terra.
É interessante notar que, em certo momento de sua pregação, apesar do
muito que já fizera, resolve anunciar que iria morrer e depois ressuscitar
dentre os mortos. Seus apóstolos e discípulos pediam-lhe que se mantivesse
calado, pois quem acreditaria em tal coisa?! Imperturbável, acrescentava:
ressuscitaria em três dias.

Por que Jesus agiu dessa forma? Por que ele fez tal anúncio?
Resolvera, inexplicavelmente, vincular toda a sua obra a um possível
evento. Para alguns, se ele de fato ressuscitasse, toda a sua obra estaria
confirmada; caso contrário, o descaso seria o salário do seu esforço.

Por aqueles dias, nem mesmo os apóstolos acreditavam que Jesus iria
morrer e muito menos ressuscitar. Escutavam-no como sempre o escutaram:
com respeito, carinho e ao mesmo tempo com aquela sensação inquietante
de vislumbrar coisas que não pertenciam a este mundo — já que seu reino,
de fato, não era e ainda não é deste mundo.

Jesus preocupou-se em cumprir em si mesmo todas as profecias a ele


referidas pelos profetas do Antigo Testamento. Basta observar a
preocupação do evangelista Mateus, nos seus escritos, em demonstrar ao
povo judeu que Jesus havia sido aquele que foi profetizado. Fez mais,
afirmou que ressuscitaria e ressuscitou. Do que ele prometeu, só falta
cumprir o último aspecto de suas próprias profecias: a sua volta.

Será que ele deixaria de cumprir exatamente a sua promessa principal,


expressa em todos os seus evangelhos? A sua prometida volta será o
primeiro momento desse novo tempo que está sendo anunciado. Os livros
que estão sendo produzidos servem apenas como marco de um novo tempo,
como sementes para a reflexão em torno de assuntos dramáticos que terão
que ser conhecidos pelos que vivem na Terra. Mas somente a coexistência
direta com os nossos irmãos de outros orbes, alguns problemáticos e
necessitados de cooperação fraternal, outros bem mais evoluídos que os
terráqueos, é que terá o condão de nos promover o necessário progresso.
Nada há de oculto que um dia não venha a ser revelado – muitos mestres
do passado afirmaram tal preceito. Eis que os tempos são chegados.
A Volta do Mestre

"Estuda o passado, se quiseres adivinhar o


futuro."

Confúcio

Afinal, Jesus voltará? Quando? De que modo se dará a sua volta? Este
assunto não será uma mera questão da simbologia bíblica em que os
protestantes acreditam, os católicos admitem e a grande parte dos espíritas
não aceita?

Os protestantes, conforme as especificidades de crença de suas muitas


agremiações religiosas, veem no retorno de Jesus um momento de
renovação, de arrebatamento literal dos eleitos, daqueles que cumpriram
fielmente os preceitos da religião professada. Que seja. É realmente bela e
edificante a fé destes estimados irmãos e irmãs que vivem as suas vidas
vinculando-as aos nobres ideais das suas crenças.

Já os católicos têm na corajosa postura do papa João Paulo II, o foco das
suas atenções para o tema em questão. Em 29 de novembro de 1998, na sua
bula denominada Incarnationis Mysterium, ele declarou: “... é preciso
permanecer à escuta d´Ele para reconhecer os sinais dos novos tempos e
fazer que a expectativa do regresso do Senhor glorioso se torne cada vez
mais ardente no coração dos fiéis.”

O que devemos todos questionar é que motivo levou João Paulo II a


referir-se ao assunto, pois nada há no horizonte da percepção humana que
obrigasse a uma estrutura tão pesada como a do vaticano a se expor diante
de um assunto tão complexo, onde a exegese bíblica não ousa pontuar
grandes conclusões. Ou será que já existem sinais perceptíveis no nosso
horizonte quanto ao cumprimento da promessa do Cristo de aqui retornar
quando os tempos fossem chegados?

Mais estranho ainda é o fato do monsenhor Corrado Balducci, teólogo do


vaticano e íntimo do papa, afirmar em rede nacional de televisão, em pelo
menos em cinco oportunidades entre o final de 1999 e início do ano 2000,
que os contatos com seres extraterrestres compõem um fenômeno real e têm
acontecido regularmente. Anunciou que o vaticano está recebendo
continuamente muitas informações sobre alienígenas e seus contatos com
humanos, vindas de seus núncios apostólicos em vários países, notadamente
o México, o Chile e a Venezuela. Supondo que nada disso tivesse o mínimo
fundamento, como um prelado apostólico romano, autorizado pelo papa,
iria referir-se a assunto desse porte se não fosse obedecendo a alguma
estratégia?

Quanto aos espíritas, a opinião comum de alguns dos seus principais


vultos, diretores e dirigentes de centros, observam que, em nenhuma
hipótese Jesus retornaria à Terra pela simples questão de que o surgimento
do espiritismo, no século XIX, já seria o cumprimento de sua promessa de
aqui retornar. Outros preferem a omissão, aguardando os fatos em aparente
atitude de prudência.

Esquecem-se os primeiros que existem duas promessas distintas feitas


por Jesus: a de que enviaria o Consolador e a de que depois retornaria. O
porquê da cômoda disposição doutrinária em juntar dois eventos tão
distintos em um só é um mistério que somente o futuro talvez venha a
esclarecer.

Preocupante é escutar que assim afirmam, porque Allan Kardec, o


codificador da doutrina espírita, é quem teria feito tal afirmação, o que não
encontra respaldo na verdade.
Erro de interpretação? Orgulho intelectual exacerbado por conta de
opiniões já mantidas nesse sentido? Desconhecimento do que Kardec
realmente deixou registrado?

Dizem alguns que essa questão fere a pureza doutrinária do espiritismo


porque envolve o fator extraterrestre, o que também, segundo os mesmos,
jamais foi abordado por Allan Kardec. Novamente o equívoco cuja base
intelectual de apoio não encontra respaldo na obra e nem da vida do
codificador.

Realmente chega a ser doloroso o que o ser humano termina fazendo


consigo mesmo em nome do que julga conhecer, dando por sabido aquilo
que ainda precisa ser descoberto ou percebido.

Outra matéria confusa ao entendimento do movimento espírita refere-se à


promessa feita por Jesus quanto ao seu retorno. Mais uma vez, o seu legado
não testifica a opinião corrente de que o Mestre não retornaria porque o
surgimento do espiritismo já seria o cumprimento da sua promessa em
retornar.

Especificamente sobre o Segundo Advento do Cristo, Kardec jamais


apresentou a tese de que o surgimento do espiritismo já seria a tão esperada
volta de Jesus. Ao contrário. Na sua preocupação de realçar o que era
opinião dos espíritos e o que era a sua própria, diante dos aspectos das
verdades evangélicas, procurou ele dizer claramente, na página 389 do
capítulo XVII, denominado “Predições do Evangelho”, do livro A Gênese,
que “Jesus anuncia o seu segundo advento, mas não diz que voltará à Terra
em um corpo carnal, nem que personificará o Consolador. Apresenta-se
como tendo de vir em Espírito, na glória de seu Pai, a julgar o mérito e o
demérito e dar a cada um segundo as suas obras, quando os tempos forem
chegados.”
Fez mais. Ao desencarnar, em contato agora com a realidade maior da
vida, o espírito de Kardec percebeu a desagregação que já começava a
existir no seio do movimento como também as preocupantes deformações
no teor do seu legado. Resolveu, então, continuar, mesmo desencarnado,
com o seu trabalho esclarecedor.

Em 1888 e 1889, através do médium Frederico Junior, da Sociedade


Espírita Fraternidade, no Rio de Janeiro, começou a transmitir uma série de
mensagens para os espíritas, chamando desesperadamente a atenção de
todos para o porvir. Essas mensagens foram, então, enfeixadas pela
Federação Espírita Brasileira num opúsculo com o nome de “Ditados de
Allan Kardec”, para distribuição gratuita.

Dizia, portanto, essa mensagem — que hoje, através da FEB, está


presente, dentre outras, na quadragésima edição do Livro “A Prece Segundo
o Espiritismo”, de Allan Kardec — o seguinte:

“Se o Evangelho não se tornar realmente em


vossos espíritos um broquel, quem vos poderá
socorrer, uma vez que a Revelação tende a
absorver todas as consciências, emancipando o
vosso século? Se o Evangelho nas vossas mãos
apenas tem a serventia dos livros profanos, que
deleitam a alma e encantam o pensamento, quem
vos poderá socorrer no momento dessa revolução
planetária que já se faz sentir, que dará o
domínio da Terra aos bons, preparados para o
seu desenvolvimento, que ocasionará a
transmigração dos obcecados e endurecidos para
o mundo que lhes for próprio?”
“Que será de vós?... Quem vos poderá socorrer
— se à lâmpada de vosso Espírito, faltar o
elemento de luz com que possais ver a chegada
inesperada do Cristo (grifo do autor),
testemunhando o valor dos bons e a fraqueza
moral dos maus e dos ingratos?”.
“Esses pontos do Evangelho de Jesus Cristo,
apesar de Revelação, ainda não provocaram a
vossa meditação?”
“Este eco que reboa por toda a atmosfera do
vosso planeta, dizendo — os tempos são
chegados! — será um gracejo dos enviados de
Deus, com o fim de apavorar os vossos
espíritos?”

Se o codificador, já desencarnado, referiu-se à chegada inesperada do


Cristo ainda por acontecer, como podem os espíritas afirmar que Cristo não
retornará porque o surgimento do espiritismo já seria o retorno prometido?

Mas qual a relação de importância entre a questão extraterrestre e a volta


de Jesus?

É preocupante perceber que muitos acham que, em nenhuma hipótese,


existe a possibilidade de Jesus voltar à Terra, apesar de conhecerem o
compromisso por ele assumido quando aqui esteve. Essa certeza, produto
da equivocada ótica terrena que tem como base apenas o orgulho intelectual
do que se pensa saber, pode levar os que assim pensam a se surpreenderem
com os dias de um futuro que está cada vez mais próximo.

Se bem analisarmos, a "única promessa dos céus" para os que vivem na


Terra — que esteja registrada no conhecimento do mundo — é justamente a
da volta do Cristo. Não há outra. Esta é a única esperança da quebra da
mesmice terrestre, que nos ilude a ponto de pensarmos que somos a única
expressão de vida no cosmos.
Existe, na “Sagrada Escritura”, conforme aferição dos protestantes, cerca de
2.500 citações referentes à volta do Senhor. Somente no Novo Testamento,
encontra-se expressa em 318 oportunidades a promessa de seu retorno. É de
se perguntar quem tem estatura moral para afirmar que tudo isso é mera
questão de simbologia. Infelizmente, muitos assim afirmam.

Esquecem-se, entretanto, que quando em vida terrena, Jesus prometeu


ressuscitar e ressuscitou, apesar de nem mesmo os apóstolos acreditarem
que tal fato fosse possível. Realmente, sob a ótica terrena seria mesmo
impossível. Mas aconteceu. Muito mais do que ressuscitar, ele prometeu
voltar, até porque essa promessa já se encontrava registrada através dos
profetas do Antigo Testamento.

Convenhamos que, sob a ótica terrena, este fato também é impossível de


acontecer, até porque os olhos dos que vivem na Terra somente conhecem o
que é terreno. Quanto tempo ainda demoraremos para perceber que a
personalidade de Jesus transcende à pobre e distorcida pretensão do orgulho
intelectual terreno?

Com que estatura moral, obrigamo-nos a repetir, pode alguém na Terra


intentar pontificar com tanta certeza sobre o que transcende às
possibilidades de percepção que caracteriza o atual nível de nossa
existência?

Afinal, o que é que os espíritos — e não os espíritas — dizem sobre o


assunto? Quem pode fornecer essa resposta em nome dos espíritos?

Da mesma forma que os espíritas reclamavam — e ainda reclamam —


dos que não conseguiram perceber o contexto espiritual que envolve a vida
terrena, será que não estarão eles deixando de perceber o contexto cósmico
que a tudo envolve, e no qual se insere a personalidade do Mestre e tudo
mais que o cerca, em especial, as suas hostes extraterrenas, nos tempos
bíblicos tratadas como hostes angelicais?
Não se modifica um "til" da verdade pelo fato da ótica terrena não
conseguir perceber isto ou aquilo. Também não deixará de acontecer a única
promessa feita por uma autoridade celeste que esteve pessoalmente na
Terra, pelo simples fato de não acreditarmos ser possível — e é bom
recordar que ele ressuscitou, conforme prometera, e isso também era e é
impossível para os padrões terrestres. No entanto, aconteceu; ou será que o
que está descrito no Novo Testamento quanto aos fatos ocorridos é,
também, simples questão de simbologia? Se for, convenhamos, estamos
todos nós, cristãos, vivendo uma grande ilusão já que nada do que está
escrito é, de fato, verdade.

Assim, nada há nos registros históricos terrenos, referente ao futuro, que


nos leve a pensar em um possível encontro com algum tipo de hierarquia
cósmica, a não ser a promessa de Jesus em retornar em toda a sua glória,
acompanhado pelos seus anjos ou extraterrestres. E é exatamente no
cumprimento da sua promessa que contexto extraterreno e o seu retorno se
encontram.

Ele disse mais: que “passarão o céu e a terra, mas minhas palavras não
passarão” (Lc, 21,33), ou seja, tudo poderia deixar de ocorrer, menos o
cumprimento de sua promessa.

São poucos, muito poucos, os que acreditam no fiel cumprimento dessa


promessa. Se ela não se cumprir, a história terrena não tem o menor sentido.
Nela se insere o conceito que temos de Deus, da vida, de justiça divina, da
vida após a morte, dos “céus e infernos” que nos cercam, de anjos e de
outros seres da criação, etc., enfim, todo o pano de fundo filosófico da
nossa existência, já que concernentes às indagações essenciais da
humanidade, como por exemplo: quem somos? De onde viemos? Qual o
significado da vida? Para onde vamos?

Estamos tão profundamente perdidos na horizontalidade ilusória dos


valores terrenos que nos desconectamos da realidade cósmica que nos
envolve. Pelo fato de não a percebermos não quer dizer que não exista. E a
personalidade do Mestre Jesus faz parte exatamente dessa realidade maior,
da qual não damos conta através da nossa pobre e distorcida ótica terrena.
Ele mesmo afirmou que não “pertencia a este mundo”, “que tinha ovelhas
de outros apriscos”, “que o seu reino não era deste mundo”, ou seja, a sua
função de autoridade cósmica não era exercida ou reconhecida na Terra —
por ser um mundo rebelado e, portanto, impedido de conviver com as
demais famílias planetárias do cosmos.

Muitos são os mentores espirituais e de outros orbes que afirmam que


finalmente “os tempos são chegados” — os tempos em que as Promessas do
Cristo se cumpririam na sua totalidade.

Desde a segunda metade do século XX, diversos são os “avistamentos”


de objetos voadores não identificados, como se a nos preparar para um
evento que está por acontecer a qualquer momento. Segundo os mentores,
voltaremos a conviver com os irmãos e irmãs de outros orbes que viriam
acompanhando o Cristo quando do cumprimento de sua promessa. Com
eles, a certeza de que não estamos sós no universo, de que a vida tem um
sentido evolutivo através das reencarnações em corpos transitórios, de que
existe uma hierarquia celeste, enfim, de que somos cidadãos cósmicos.

Exercer essa cidadania da forma mais digna possível foi o maior


ensinamento que Jesus nos legou. Pena que até os dias atuais pouco ou nada
entendemos do que, de fato, o Mestre dos Mestres desejou nos ensinar.
Entretanto, entendendo ou não, seremos testemunhas e atores de um evento
que está por vir e que não tarda.

Finalizando, para que melhor possamos compreender os breves dias que


já se anunciam, é mister que observemos que as Profecias Apocalípticas,
Exílio ou Expurgo Planetário, o Final dos Tempos, o Juízo Final, Fim do
Mundo, a Nova Era, a Reintegração Cósmica e a Volta de Jesus nada mais
representam do que conceitos distintos que convergem para o atual
momento pelo qual passa a Terra. Todos eles foram apontados no passado
remoto quando o Senhor Javé ordenou que Enoch fosse levado à sua
“presença” para ser informado de todo esse contexto cabendo a ele divulgá-
lo junto aos terráqueos. Jesus seria o instrumento do ser criador deste
universo para que tudo viesse a se cumprir.

O fato é que esses temas a muitos confundem, porquanto produtos das


mais variadas crenças e doutrinas religiosas. Mas, na verdade, todos os
conceitos anteriormente apresentados nada mais significam do que dois
fatos básicos, muito simples de serem entendidos:

— A reintegração da Terra à vida cósmica, ou


seja, a volta da convivência com os irmãos de
outros orbes que há muito estavam impedidos de
se comunicarem abertamente conosco devido a
nossa vibração perturbadora; e...

— A reciclagem vibratória pela qual o planeta


já está passando, com o objetivo de retirar dos
ambientes terrenos aquelas individualidades
espirituais que, após todas as oportunidades
reencarnatórias permitidas no ciclo existencial
que ora se encerra, ainda são tendentes à
perturbação e ao crime.

Presidirá esse momento histórico aqui virá — como ele mesmo prometeu
no passado — o Mestre Jesus, como predito por muitos.

Nada de fim de mundo com a sua chegada. Ao contrário. Estaremos


apenas encerrando um período da vida cósmica e iniciando outro, nesta
escola planetária onde estamos congregados. Não esperemos que ele venha
fazer por nós o que nos cabe realizar: o progresso do mundo que nos serve
como berço planetário.
Não serão Deus, o Senhor Javé, Jesus, os extraterrestres, os santos ou os
espíritos que farão por esta humanidade o que corre por conta da
responsabilidade existencial que nos marca realizar: o esforço moral de
evoluir sempre. Este quesito é intransferível. Todos eles nos ajudarão a
seguir adiante, mas teremos que caminhar com os próprios passos.

Já está na hora de entendermos esse processo, pois ele é inexorável.

Quanto à chegada do Mestre, é só uma questão de tempo. Muito em


breve O teremos entre nós.

É aguardar para ver. Enquanto isso, que procuremos nos melhorar


pessoalmente, amando-nos uns aos outros, como ele sempre recomendou.
Espíritos e Extraterrestres. Qual o Problema?

"Não me envergonha confessar não saber o que


ignoro."

Cícero

O que ocorreria com a humanidade terrena se, repentinamente, ela


descobrisse que, de fato, existem espíritos desencarnados que vivem em
níveis espirituais ligados à Terra? E seres extraterrestres que, habitantes de
outros mundos, visitam-nos em suas naves e, quando próximos ao nosso
planeta, projetam-se com seus corpos especiais nos ambientes astrais que
nos envolvem?

Quando muito desenvolvidos, passam a trabalhar conjuntamente com os


espíritos desencarnados na assistência e orientação fraternas aos que estão
encarnados.

É claro que existem equipes de extraterrestres que trabalham de forma


independente, como também há equipes espirituais que atuam sem a
componente dos chamados seres cósmicos.

Ao longo do tempo em que foram surgindo as religiões e, em especial,


quando da codificação espírita, não era possível se referir a esses seres, pois
só a questão dos espíritos — na época da codificação — já provocou
problemas de toda ordem. Imaginemos o que não teria ocorrido se outra
hoste de seres tivesse sido também apresentada naquela época.

Achamos — e é só uma opinião — que a Espiritualidade Maior jamais


pretendeu inserir o “todo” nos padrões de simples movimentos religiosos,
feitos por seres tão imperfeitos como somos todos nós. Entretanto, por não
constar na codificação espírita referências explícitas aos seres denominados
extraterrestres, alguns dos que a abraçam, criam obstáculos de todas as
formas, com dogmas até mais fortes do que aqueles que um dia o
Espiritismo pretendeu combater, ante a possibilidade desses irmãos se
comunicarem com os terráqueos, através de “algum tipo de processo
mediúnico”.

Mas quem são os religiosos de hoje se não aqueles mesmos que ontem
estavam a queimar focos de novidades esclarecedoras nas fogueiras
inquisitórias?

O espiritismo não necessita de reformas, pois cumpriu, cumpre e


cumprirá a função que o desvelado amor do “PaiMãe Amantíssimo” lhe
destinou. Mas, os espíritas sim. Como todos os demais seres humanos. Ou
simplesmente esquecemos o que Jesus nos avisou ao afirmar que ninguém
entraria nos “reinos dos céus” sem se reformar intimamente?

O ser criador deste universo estranhamente tem sim as suas preferências


religiosas, pois trabalhou arduamente para que o judaísmo e o islamismo
surgissem como expressões diretas da sua vontade. Mas será que, em sã
consciência, alguém acredita que o Deus, o “Pai Mãe Amantíssimo” e Seus
Prepostos Divinos “gostam mais” de uma religião terrena em detrimento de
outra? Quando é que vamos ter a humildade de espírito para perceber que
todos os caminhos nos levam ao Deus Incognoscível, inclusive aqueles que
sequer passam por religiões?

Se a mensagem é fraterna e se, de fato, é pelo fruto que se conhece a


árvore, por que criar limites tão pobres e tresloucadamente fixados pelo
orgulho e ignorância humanas diante do imponderável, se nem sequer sobre
o ponderável temos completo conhecimento e controle? E se ainda
existirem outras hostes de seres envolvendo a Terra, além de espíritos
desencarnados e extraterrestres?
Durante muitos séculos, o pensamento dominante entronizou a Terra no
centro do universo e não houve quem a tirasse de lá. E ela nunca esteve e
nem foi centro de coisa alguma, a não ser da ignorância e orgulho, nesta
parte do cosmos. Será que não estamos fazendo com a questão dos espíritos
processo semelhante que nos impede de ver mais além?

A ciência e os fatos sempre atropelam as crenças descabidas que


persistem no estéril orgulho dogmático do que se pensa saber através da fé.
Assim foi com muitos dos preceitos católicos. Será que o espiritismo terá
também que passar por isso? Antes, a culpa era da centralização teológica,
do personalismo dos bispos, cardeais e papas. Agora, a responsabilidade vai
ser de quem?

Como ficará o espiritismo diante do mundo — e percebamos que o


processo de espiritualização planetária está longe de terminar — se seus
seguidores continuarem a negar com tanta veemência o “contato mediúnico
extraterrestre” e, de repente, os ETs aparecerem objetivamente diante da
percepção de todos?

Será que é impossível existirem espíritos e extraterrestres? O que são os


ETs, senão espíritos encarnados ou potencializados em outras realidades
vibratórias diversas da terrena, as quais Allan Kardec e Camille
Flammarion se referiam chamando-as de humanidades celestes? Afinal,
qual o problema?
"Meu Reino não é deste Mundo"

"Não sou de Atenas, nem da Grécia, mas do


mundo."

Sócrates

Existem muitas notícias nos registros históricos terrenos, referente ao


futuro, que nos levam a pensar em um possível encontro com algum tipo de
hierarquia cósmica. A que mais me chama a atenção é a promessa de Jesus
em retornar em toda a sua glória, acompanhado pelos seus anjos. Dentre as
muitas notícias, esta parece ser a única promessa feita por “alguma
autoridade celeste” aos que vivem na Terra, quanto ao futuro, no sentido de
existir um “momento final” para o doloroso isolamento do nosso planeta em
relação à convivência com outras humanidades celestes.

Estamos tão profundamente perdidos na horizontalidade ilusória dos


valores terrenos que nos desconectamos da realidade cósmica que nos
envolve. Pelo fato de não a percebermos, não quer dizer que não exista. E a
personalidade do Mestre Jesus faz parte exatamente dessa realidade maior,
da qual não damos conta através da nossa pobre e distorcida ótica terrena.
Ele mesmo afirmou que não “pertencia a este mundo”, “que tinha ovelhas
de outros apriscos”, “que o seu reino não era deste mundo”, ou seja, a sua
função de autoridade cósmica não era exercida ou reconhecida na Terra —
por ser um mundo rebelado e, portanto, impedido de conviver com as
demais famílias planetárias do cosmos.

São muitos os mentores espirituais e de outros orbes que afirmam que


finalmente “os tempos são chegados” — os tempos em que as “Promessas
do Cristo” se cumpririam na sua totalidade. O difícil de ser ainda percebido
pelos que estudam esses temas é o fato dessas promessas estarem
vinculadas ao poder de mando do Senhor Javé. No futuro compreenderemos
melhor.

O interessante é perceber que foram e continuam sendo incontáveis os


“avistamentos”, na última metade do século XX, de objetos voadores não
identificados pela ótica terrestre, como se a preparar-nos para um evento
que está por acontecer a qualquer momento. Nos primeiros anos do século
XXI esses eventos pareceram estar aumentando ainda mais e a cada ano que
passa essa sensação se fortalece.

Segundo esses mesmos mentores, voltaremos a conviver com os irmãos e


irmãs de outros orbes que viriam acompanhando o Cristo, quando do
cumprimento de sua promessa. Com eles, a certeza de que não estamos sós
no universo, de que a vida tem um sentido evolutivo através das
reencarnações em corpos transitórios, de que existe uma hierarquia celeste,
enfim, de que somos cidadãos cósmicos e que temos ainda diversos
problemas a enfrentarmos juntos.

Exercer essa cidadania da forma mais digna possível foi o maior


ensinamento que Jesus nos legou. Pena que até os dias atuais pouco ou nada
entendemos do que, de fato, o Mestre dos Mestres desejou nos ensinar.
Entretanto, entendendo ou não, seremos testemunhas, atores e atrizes de um
evento que está por vir e que não tarda, e que terá o condão de dar início a
uma nova era na qual a busca pelo esclarecimento e pela espiritualização
marcará o cotidiano de todos os cidadãos deste mundo.
Reintegração Cósmica

"Nós temos sempre razão, o destino erra


sempre."

La Fontaine

Há lendas e histórias. O que não ficou registrado na história, não pode,


como tal, ser percebido. Se dela não faz parte não pode a ela pertencer.

Pouco sabemos da nossa história, enquanto comunidade planetária.


Entretanto, teimamos por procurar no passado apenas o que o padrão atual
da percepção moderna pode perceber.

De duas uma: ou o passado é o que imaginamos ou, simplesmente, ele


não existe.

Triste padrão o do pensamento moderno que assim tenta entender o


passado. Este somente existirá se à luz do que se pensa hoje for inferior, em
termos de evolução, às conquistas atuais. Se assim não se enquadrar, não
poderá ser considerado.

Imaginemos, porém, que houve épocas no passado remoto que, por não
poderem ser percebidas através de certos tipos de registros — como os que
julgam os padrões de análise do presente — passaram, ao longo do tempo
terrestre, a título de lendas. Mesmo tendo sido verdade, tais fatos perderam-
se na noite dos tempos e deles somente teremos notícias místicas até que os
seus registros encontrem guarida nas concepções atuais dos padrões
científicos.
Tentar perceber o passado através de paradigmas construídos no presente
é o mesmo que impedir a ocorrência do futuro devido à incapacidade de se
imaginá-lo agora. No entanto, o futuro ocorrerá de qualquer maneira,
possamos imaginá-lo ou não. Da mesma forma, o passado. Ele existiu —
em certas épocas — em níveis bem mais complexos que os atingidos pelo
pensamento científico moderno, possamos percebê-lo ou não.

Desse passado, devido às mudanças profundas da geologia planetária,


somente teremos notícias concretas — assim aceitas pelos padrões atuais
— em futuro breve, quando atingirmos níveis tecnológicos de pesquisa
ainda mais complexos. Por enquanto, dele somente poderemos ter notícias
místicas. Segundo a Espiritualidade Maior, não há outra forma de nos
prepararmos para as grandes revelações que ocorrerão.

O que vemos de um iceberg pouco representa da sua totalidade. Assim é


o passado terrestre: dele somente percebemos o que, pela nossa visão, no
presente, pode ser alcançado.

Os livros que compõem a trilogia “Queda e Ascensão Espiritual”, a saber,


Reintegração Cósmica (livro I), Caminhos Espirituais (livro II) e Carma e
Compromisso (livro III), são como recados amorosos que poderão ser, para
muitos, notícias místicas do passado. Que assim seja. O importante é que
exercitemos o nosso espírito na postura humilde de reconhecermos que
pouco sabemos.

Se o que será informado nestes livros for tomado por lendas ou histórias,
pouco nos afeta e importa. O tempo se encarregará de melhor classificar.

Dissertar a respeito da história da civilização terrestre é referir-se a um


certo contexto cósmico de queda existencial de certas comunidades
planetárias que em passado remoto foram trazidas para a Terra. Mas, como
falar a esse respeito no presente momento das conquistas tecnológicas, se
sequer a ciência atual sabe ao certo se existe vida fora do nosso planeta?
Explicar as diversas etapas que compõem um período histórico, bem
mais longo e complexo das conquistas e problemas da humanidade terrena é
comentar acertos e desacertos milenares das individualidades que foram
congregadas na Terra.

Entender o presente com base nesse passado é percebê-lo como etapa


final de todo um processo coletivo existencial que permite, agora, a
ascensão dos que um dia quedaram seus espíritos em um brutal e
equivocado estacionamento evolutivo.

Reintegrar-se a uma situação existencial antes vivida é o que está prestes


a ocorrer com boa parcela da população terrestre. Um pouco mais e o
“passado perdido” se potencializará diante dos olhos do presente.

De nossa parte, obrigamo-nos a considerar as informações aqui presentes


como comentários despretensiosos de “notícias do céu sobre as coisas da
Terra”. Despretensiosos porque recebidos e retransmitidos por um homem
do mundo com seus limites e fragilidades, mas que, ainda assim, consegue
perceber, de forma precisa e inconteste, a real procedência dessas
informações.

O que está descrito nesses livros é o que nos foi informado. Não é nossa
opinião pessoal. Esta é muito pequena, frente à grandiosidade dos fatos que
serão expostos. Nem sequer porta-vozes somos. Não temos estatura
espiritual para tanto. Somos simples mensageiros de um recado amoroso de
irmãos mais velhos e experientespara seus irmãos em curso de evolução na
Terra.

As informações existentes foram ditadas, na realidade, por diversos


irmãos espirituais e de outros orbes muito queridos ao nosso coração, e que,
sob os auspícios do amor do Mestre Jesus, trabalharam na sua confecção,
solicitando, entretanto, que seus nomes permanecessem no anonimato,
porquanto também trabalhadores de outros campos de esclarecimento
fraterno da seara do Cristo.

O bem da verdade, o nosso nome aparece como autor apenas porque


assim o exigem as responsabilidades do mundo em que vivemos, o que, a
rigor, infelizmente, pode descaracterizar a essência e o significado das
presentes linhas.

Feito esse esclarecimento, devemos chamar a atenção para o que


realmente importa: o tema da reintegração cósmica.

A reintegração de um indivíduo à sociedade, após o cumprimento de uma


longa pena em cárcere isolado e distante da vida social, requer e necessita
de cuidados no campo da psicologia e nos esclarecimentos que lhe serão
prestados, quanto ao que o espera no retorno à convivência com o mundo,
desde há muito impedida, por força da lei.

Da prisão em que se encontrava, cercado pelo mundo externo à sua


realidade aparente, dele apenas recebia mensagens e informações que as
mais das vezes sequer podiam ser entendidas, devido às limitações impostas
pelas fronteiras da prisão.

Uma espécie de sonho o levava a se preparar interiormente, através de


um sentimento de fé, longamente sustentado, para que um dia, após o
cumprimento da pena, pudesse voltar à convivência com os irmãos que,
livres de problemas com o passado, evoluíam em seus agrupamentos
sociais.

A reintegração de uma coletividade de indivíduos à sociedade cósmica,


após o cumprimento de uma longuíssima e dolorosa penalidade —
excluídos que fomos da convivência com as outras coletividades do cosmos
— igualmente requer cuidados e conhecimentos novos no campo da nossa
pobre e frágil psicologia humana, bem como de esclarecimentos que
precisam ser prestados quanto ao que nos espera no retorno à convivência
cósmica, desde há muitíssimo tempo impedida, por força de uma lei maior.

No orbe em que vivemos, congregados por força dos erros do passado


espiritual, a nossa ilha cósmica recebia apenas mensagens e informações
que, não podendo ser entendidas e verificadas devido a nosso frágil estado
evolutivo, tanto no plano tecnológico como no espiritual, levava-nos a
sonhar com um futuro planetário que somente na fé encontrava guarida.

Muitos que, de dentro da prisão planetária, sonhavam com esse mundo


externo, tinham sua sensibilidade sufocada pelos estreitos e limitados
padrões disponíveis do conhecimento das épocas terrenas e restrito às
fronteiras da prisão. Assim, tantos foram queimados nas fogueiras da
ignorância dos valores transitórios que dominaram certos períodos da
história terrestre.

Apenas a fé em algo maior, a profunda e inabalável convicção de que o


todo não podia se resumir apenas no que pudesse ser observado na ilha
cósmica, levaram as mentes de vanguarda a pagar, às vezes com a própria
vida, por insistirem na interminável busca da verdade, não se submetendo
aos conceitos e caprichos menores e aos vícios mentais de suas épocas.

Prisioneiros das consequências das leis de causa e efeito, nós, habitantes


reunidos há tanto tempo neste berço planetário tão querido — ilhados por
nosso próprio orgulho e teimosia em assumirmos a postura do desamor e da
intolerância — precisamos nos preparar para voltar a conviver com as
populações dos mundos que nos cercam.

Para esse mister de esclarecimento e reforço psicológico a todos nós, que


seremos reintegrados à convivência cósmica, é que muitas obras desse e de
outros gêneros estão sendo produzidas por muitos trabalhadores da seara do
Mestre, a fim de facilitar o entendimento do que já está ocorrendo com o
nosso orbe.
Diversas civilizações planetárias aguardam amorosamente o instante em
que nosso mundo, livre dos grilhões do passado e da quarentena cósmica
que lhe foi imposta para que os eflúvios nocivos que nele habitam não
influenciassem outros mundos, esteja liberto e aberto à convivência fraterna
com todos os que constituem a sociedade do cosmos.

Há anos que alguns grupos espalhados pela Terra vêm recebendo de


forma insistente o aviso do retorno do Mestre. No nosso caso — o grupo
Atlan — há mais de dez anos que estamos sendo preparados para alguns
acontecimentos maravilhosos que muito em breve ocorrerão.

Devemos, finalmente, afirmar, que os livros que compõem a trilogia


“Queda e Ascensão Espiritual” não são ficção ou mesmo exercício menor
de fantasias místicas do autor terreno. Eles pretendem informar a respeito
do passado esquecido como modo de preparação, no presente, para os fatos
que estão prestes a ocorrer.

Os assuntos apresentados têm, portanto, o objetivo maior de nos preparar


para um grande momento que não tarda: os eventos preliminares que
ocorrerão como preparação da chegada do Mestre dos Mestres para
coordenar, pessoalmente, o processo de reintegração da Terra à vida
cósmica após o longo período de quarentena que ora se encerra. A equipe
de assessoramento do Mestre — formada por seres de outros orbes e
espíritos desencarnados que trabalham conjuntamente dos ambientes astrais
próximos ao nosso planeta — de há muito já se encontra numa espécie de
prontidão aguardando a presença pessoal daquele que é só amor e paz. Um
pouco mais e O teremos entre nós como ele mesmo prometeu. É esperar
para ver!

Observação do autor: o texto acima é o prefácio original do livro


Reintegração Cósmica, o primeiro da trilogia “Queda e Ascensão
Espiritual”. Utilizei-o aqui por ser um tema reflexivo sobre o significado do
processo de reintegração, seja o de um individuo ou mesmo o de uma
coletividade á convivência cósmica.
Nada Além do Horizonte

"O horizonte está nos olhos e não na


realidade."

Angel Ganivet

Em que nível deveria estacionar a prudência humana na vã pretensão de


taxar o que é ou não verdade? Quem, dentre os humanos, tem autoridade
moral e intelectual para fixar o horizonte das nossas buscas e percepções?

Foi na tentativa de compreender a realidade que o rodeia que o homem


foi criando a metodologia científica para codificar as matérias do seu
entendimento quanto ao mundo a sua volta. Surgiram, portanto, as ciências
que nos explicam as leis de parte do que podemos perceber, pois, afinal,
ainda permanecem os três grandes enigmas do nosso entendimento: o
surgimento do universo, da vida e da mente? Contudo, se nem sobre o que
podemos perceber objetivamente sabemos ainda tudo, como é que
pretendemos pontificar sobre o que está além do horizonte da nossa
percepção? E o que é que se encontra fora da nossa capacidade de
percepção? Dentre outros aspectos, as realidades espiritual e extraterrena.

Se assim é, como podem existir autoridades sobre esses temas? A


princípio, conforme penso, não poderia e nem deveria existir.

Quanto à realidade espiritual, o francês Allan Kardec, que codificou as


informações dadas pelos Espíritos, a isso jamais pretendeu, residindo nesse
aspecto — algo raro na espécie humana — parte do mérito singular que lhe
é apontado. Já no movimento espírita que surgiu a partir do seu legado,
pelas disputas inglórias e com base na desagregação reinante, parece não
existir lugar suficiente para satisfazer o orgulho intelectual de muitos.
Quanto à realidade extraterrestre, o que tem de “autoridades” afirmando
que tal coisa é possível enquanto outras não, chega a impressionar pela
esquisitice da pretensão descabida.

É lamentável que as novidades já venham com o veneno das


imperfeições humanas, aspecto inevitável do progresso, enquanto o ser
humano estiver só, isolado da convivência com outras civilizações, o que o
obriga a financiar, com seu suor e por sua conta e risco, a sua própria
evolução, sem a ajuda e a orientação de quem quer que seja. Enquanto
assim for, tornar-se instrumento para a revelação e/ou transmissão de um
novo paradigma sem pretender ser mais do que um mero trabalhador parece
ser impensável, diante da maneira como o ego humano tem se portado ao
longo dos milênios.

As exceções são poucas, mas são louváveis. Em tempos mais recentes,


Allan Kardec, Pietro Ubaldi, HubertoRoden, Edgard Armon, dentre outros,
parecem pertencer a uma estirpe espiritual cujos membros conseguem
admitir a própria pequenez no trato com os aspectos celestiais que
envolvem a vida na Terra, sem que isso os diminua em nada, muito pelo
contrário. Contudo, somente uma pequena parcela da humanidade conhece
os legados desses homens, até porque a discrição que marcou as suas
missões — produto da elegância espiritual — não chamou a atenção dos
“holofotes da mídia mundial”. Estes, somente se movem, quando o brilho
do sensacionalismo ou o de outros interesses é atraído.

Por enquanto, nada de interessante parece existir, além do horizonte do


que a mídia mundial oferta. Porém, quem tiver olhos para ver, tente
preferencialmente enxergar, pois há muita coisa nova sob o Sol. Só que,
diferente do que a atenção do mundo acostumou-se a perceber, o que está
em curso é financiado pelos auspícios de individualidades que se
movimentam discreta e suavemente, aqui e alhures, trabalhando pelo porvir
desta humanidade. Tolice, dirão alguns. Que seja!

Realmente, para os que assim pensam, nada existe além desse horizonte.
Que venha o amanhã e que possamos estar despertos para a arte da vida.
Efeitos da Maré Cósmica

"Tudo é fluxo, nada está parado."

Heráclito

Há aproximadamente 65 milhões de anos, um imponente clarão


modificou completamente o curso dos acontecimentos da evolução
terrestre. O choque de um cometa ou de um asteróide gigante, com cerca de
10 km de diâmetro, contra a península de Yucatan, no México, provocou
mudanças catastróficas no ambiente planetário, exterminando os
dinossauros e 70% das espécies então existentes. Com isso, os mamíferos
que, até então, pouco representavam da natureza animal, puderam se
desenvolver e se diversificar.

Os efeitos da maré cósmica sobre o nosso planeta são tão marcantes que,
na atualidade, encontram-se 88 cicatrizes marcantes em toda a Terra,
provenientes de impactos consideráveis de imensas rochas.

No caso em foco, o choque abriu uma cratera de 300 km de diâmetro,


produziu maremotos com ondas que variavam de 500 a 800 m de altura e
espalhou incêndios por todo o planeta. A fumaça dos incêndios não
permitiu que a luz do Sol chegasse até a crosta terrena e, enquanto durou
essa longa noite — calcula-se cerca de um ano —, a fotossíntese deixou de
se efetuar. Dessa forma, acabou-se a vegetação, que era a base da
alimentação de muitos membros da família dos dinossauros. Todos os
herbívoros que não pereceram no choque terminaram por desfalecer por
pura fome. Os carnívoros perderam também, então, o seu alimento,
ocorrendo a extinção total.
Os mamíferos, por essa época, eram fracos, pequenos — do tamanho de
um rato — e difíceis de serem encontrados. O período diurno era dominado
pelos dinossauros. Como todos os anfíbios e répteis que hoje existem,
alguns dos dinossauros seriam também (isto continua a ser questão
controversa) animais de sangue frio. Assim, na friagem da noite, eles se
recolhiam. Os mamíferos — de sangue quente — podiam então sair de seus
esconderijos. Entretanto, para conseguirem andar na escuridão, tiveram que
desenvolver os sentidos do olfato, da visão e da audição, promovendo,
dessa maneira, uma evolução no próprio cérebro para se defender de
qualquer dinossauro que “estivesse com problemas de insônia”. Com o fim
do domínio dos dinossauros, os mamíferos vieram para a luz do dia.

Assim se desenvolveram os mamíferos. Se não fosse a extinção dos


dinossauros, como estaria hoje a Terra povoada? Esta é a pergunta que se
impõe. Seguramente, os primatas — que surgiram milhões de anos depois
— não teriam surgido na cadeia evolutiva. E o homem?

Um simples avanço de uma onda da maré cósmica, personificado em um


cometa ou em um asteróide errante, modificou toda a evolução planetária.
As ondas cósmicas vão e vêm. Há poucos anos, o planeta Júpiter foi
também bombardeado por um cometa que se fragmentou em vários
pedaços. O que terá provocado esse fato no nosso vizinho gigante?

Qual a preocupação dos governos terrestres, quanto ao avanço das marés


cósmicas? Elas tanto podem trazer a vida — como alguns cientistas já
admitem, hoje, a hipótese de que a vida tenha sido semeada na Terra por
uma dessas marés — como a destruição renovadora. Talvez, melhor seja,
não responder a esta questão.

No momento, só nos resta desejar que o majestoso oceano que nos rodeia
esteja em dias de calmaria.
O Limite das Possibilidades

"Perguntou-lhe Pilatos: “Que é a verdade?”.

João Evangelista

Os movimentos religiosos sempre se formam em torno de um fundador


ou de seus escritos. É o que pode ser constatado ao longo da nossa história.

O interessante é perceber, nos tempos atuais, que os contemporâneos de


Jesus jamais imaginariam que, no futuro distante, existiria um livro
considerado sagrado — a Bíblia — que seria a base de importantes
movimentos, todos pretendendo atingir os mesmos fins, apenas pregando
meios e métodos de culto diferentes.

A igreja católica, a igreja ortodoxa, as diversas igrejas protestantes e o


espiritismo, dentre outros movimentos, têm na Bíblia o seu foco de luz
esclarecedora.

O espiritismo — painel mais recente do cristianismo — que surgiu a


partir da codificação dos espíritos, constante no pentateuco kardequiano que
representa a base da doutrina, encontra-se administrando, na atualidade, as
inevitáveis dissensões internas, da mesma forma que, no início do
cristianismo, também existiam as dissidências que disputavam o privilégio
da verdade, terminando por se congregar em alguns segmentos ou seitas.

Somente para termos ideia, por volta do ano 250 d.C., o cristianismo,
outrora símbolo das palavras e das mensagens de Jesus, encontrava-se agora
interpretado por diversos núcleos que combatiam entre si: ebionistas,
helenistas gregos, helenistas paulíneos ou paulicionistas, gnósticos,
marcionistas, montanistas, maniqueístas, mesalianistas e diversas
ortodoxias.

Assim, não imaginavam os apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus


que, um dia, os seus escritos serviriam de base para movimentos religiosos
distintos que pretenderiam uma exclusividade que nenhum deles possui,
que é o privilégio da verdade.

Não imaginam os atuais espíritas que, se não modificarem o curso de


suas dissensões, daqui a alguns anos, haverá não só os espíritas mas, “os
espíritas cósmicos, os kardequianos, os ortodoxos”, etc., sem que nada disso
importe ou tenha sido planejado pela Espiritualidade ou mesmo promovido
por algum dos mentores que assistem o movimento espírita.

Ao longo da evolução do credo católico — como ainda ocorre nos dias


atuais — algumas decisões infelizes, tomadas pelo clero, foram
levianamente creditadas à inspiração do Espírito Santo, o que é lamentável.
No movimento espírita, vez por outra, surgem afiliados bem intencionados
que também costumam transferir para os espíritos, opiniões e orientações
que, equivocadas ou não, têm como origem o conjunto das tendências
pessoais de cada um, jamais encontrando guarida no trabalho orientador e
elucidativo dos espíritos.

É sabido que o movimento espírita criou alguns conceitos e ideias que


não fazem parte da obra codificada por Allan Kardec, tornando-se, assim,
instrumento criador — e é normal e importante que seja — e renovador dos
preceitos codificados. Afinal, tudo é permitido pelo Mais Alto. Apenas é de
todo lamentável que, por falta de argumentação racional e lógica, alguns se
permitam atacar a sensibilidade e a honra alheias, ostentando a criminosa
desculpa de que assim agem para defender os preceitos da sua religião. Se
assim fazem, não devem jamais ter lido o que Kardec escreveu ou, se leram,
pouco ou nada entenderam, pois nada há, na ótica dos Espíritos e na do
próprio codificador, que justifique qualquer agressão à honra alheia.
Outros pretendem traçar limites às possibilidades como se fossem
espécies de deuses. “Isso não pode, aquilo não é possível”, etc., quando
nem mesmo os espíritos mentores assim procedem. Se Kardec, na sua
época, não tivesse ousado romper com as possibilidades de então,
seguramente o Espiritismo não teria surgido. Teve ele que lutar diante da
incompreensão dos que o ofendiam e o menosprezavam por taxarem de
“impossível, charlatanismo, heresia”, dentre outros comentários infelizes
daquela época.

É bom que os espíritas não se esqueçam das dificuldades impostas à


codificação pelos valores do catolicismo e do protestantismo que a tudo
dominavam na época de Kardec. O que ele teve que superar para fazer valer
a sua nobre intenção ainda está por ser esclarecido.

Ninguém mais do que Kardec defendia o livre-pensamento, o voo livre


dos espíritos. Aliás, foi num desses voos que ele fez a codificação que lhe
foi solicitada pelo Mais Alto. Não é prudente, pois, que os que estão à
frente do movimento espírita se permitam impedir o voo livre das almas
que se aproximam da codificação. Obviamente, também não lhes cabem
apoiar o que julgam inconveniente ao movimento, equivocados ou não na
sua análise. Mas daí a tentar impedir que possam surgir novos postulados,
não lhes é lícito fazer, independente destes se encontrarem ou não além do
limite das suas compreensões.

É prudente não esquecer esse aspecto, sob pena de desonrar os preceitos


originais da revelação do Espírito da Verdade. Afinal, como poderá alguém
trabalhar em seu nome, sem que abra as portas do seu espírito para o
inevitável progresso das ideias?

Como pode, alguém, na condição humana, pretender ser dono da


verdade?
A Chave do Apocalipse – Ano 2001

"Jamais as profecias comunicam mensagens


agradáveis aos mortais; os palavrosos dons
oraculares sugerem desventura e causam
medo."

Ésquilo

O que aqui será exposto deverá servir apenas como parâmetro para
reflexão, jamais como verdade estabelecida, até porque o assunto enfocado
eleva-se muito acima do que normalmente o atual nível da condição
humana permite entender. Afinal, compreender o roteiro dos fatos
proféticos constantes no livro do Apocalipse, a partir dos acontecimentos
ocorridos no dia 11 de setembro de 2001, é tarefa que requer cuidadosa
reflexão. Mais complexa torna-se ainda a questão pelo fato de estarmos
vivendo um momento planetário em que diversos conflitos estão ocorrendo,
e sabemos todos que a primeira vítima das guerras é sempre a verdade, já
que os interesses antagônicos das partes em questão procuram revestir os
fatos com as cores de suas conveniências. Mas não nos furtaremos a ofertar
o que nos foi revelado, mesmo que sejamos os primeiros a ressaltar a nossa
pequenez para tanto, ao mesmo tempo em que reconhecemos que o presente
estudo requer o devido aprofundamento, o que possivelmente será feito
quando houver condições para tanto.

Assim, as profecias constantes no Livro da Revelação — O Apocalipse


— também poderão ser manipuladas conforme a estratégia da política de
informação, ou de “contra-informação”, dos lados envolvidos e ali
retratados, o que seria de todo lamentável.
O presente estudo propõe uma análise objetiva quanto aos fatos ocorridos
no dia 11 de setembro de 2001, situando-nos no contexto geral do
Apocalipse, para que se possa ter uma ideia do que ainda está por vir,
conforme o anúncio profético do apóstolo João. Para isso, nos
despreocupamos em tornar agradável ou simpático para esta ou aquela parte
do conflito o que aqui será exposto, até porque, no nosso entendimento, os
profundos equívocos de ambas as partes é que produziram tudo o que de
desagradável ultimamente vem ocorrendo no nosso mundo. São as eternas
paixões humanas escudadas nas posturas comuns ao imperialismo
econômico e político como também no fanatismo religioso e político,
ambas as situações criando verdadeiros monstros — as feras apocalípticas
— que devoram tudo a sua volta. O primeiro, concentrando riqueza e
gerando miséria; o segundo, semeando terror.

Somos daqueles que pensam que nada justifica uma ofensa, um


"arranhão" sequer, quanto mais atentar contra a vida de alguém, sob
nenhum tipo de pretexto, seja este de ordem religiosa ou política. Afinal, se
pretendemos construir um mundo pacífico, como defender o uso da
violência sob qualquer ótica que se tente justificar? A violência é
subproduto da ignorância quanto aos aspectos espirituais que regem a vida
na Terra e, o repetimos, não a aceitamos sob nenhuma ótica de
argumentação. Assim, a nada estamos alinhados e somente buscamos o
esclarecimento espiritual.

Esclarecido esse aspecto, pedimos desculpas caso as interpretações aqui


ofertadas venham a ferir suscetibilidades de alguns irmãos ou irmãs da
família planetária que estejam vinculados a algum dos lados do conflito, o
que não é o nosso caso. Por quem somos, procuramos amar a todos os seres
que vivem na Terra, indistintamente, pois enxergamos uma só família
planetária vivendo neste mundo. E dia virá em que esta compressão será
patrimônio moral e espiritual de todos, independente da singular
diversidade que marca a vida terrena em todos os seus campos, diversidade
esta que deverá sempre existir, pois talvez seja o que nos diferencie diante
do cosmos. Existindo a consciência maior da cidadania planetária, a
diversidade se preservará como um dos aspectos mais belos do nosso
planeta azul.
Portanto, abordaremos o tema pretendido, analisando, em primeiro lugar,
a situação psicológica do apóstolo-evangelista João diante das
circunstâncias de sua vida, em especial quando da confecção das duas obras
a eles referidas: o seu evangelho e o livro do Apocalipse.

Jesus, quando de suas aparições no estado de ressuscitado diante


daqueles a quem aparecia, sempre se portou com a costumeira simplicidade
que o caracterizara em vida. Chegou mesmo a comer e beber “como se fora
um deles”, sorrindo com ternura ante a incompreensão dos que escolhera
para terem a graça de percebê-lo.

Vejamos como a sua penúltima aparição foi descrita pelo próprio


apóstolo, no seu evangelho.

“...tornou Jesus a manifestar-se aos seus


discípulos junto ao lago de Tiberíades.
Manifestou-se deste modo: estavam juntos Simão
Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael, os
filhos de Zebedeu e outros dois dos seus
discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: “Vou
pescar.” Responderam-lhe eles: “Também nós
vamos contigo.” Partiram e entraram na barca.
Naquela noite, porém, nada apanharam.
Chegada a manhã, Jesus estava na praia.
Todavia os discípulos não o reconheceram.
Perguntou-lhes Jesus: “Amigos, não tendes
acaso alguma coisa para comer?”. “Não”,
responderam-lhe. Disse-lhes ele: “Lançai a rede
ao lado direito da barca e achareis.”

Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por


causa da grande quantidade de peixes. Então
aquele discípulo (João), que Jesus amava, disse a
Pedro: “É o Senhor!” Quando Simão Pedro
ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a
túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas.
Os outros discípulos vieram na barca, arrastando
a rede dos peixes (pois não estavam longe da
terra, senão cerca de duzentos côvados). Ao
saltarem em terra, viram umas brasas
preparadas e um peixe em cima delas, e pão.
Disse-lhes Jesus: “Trazei aqui alguns dos peixes
que agora apanhastes.” Subiu Simão Pedro e
puxou a rede para a terra, cheia de cento e
cinquenta e três peixes grandes. Apesar de serem
tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus:
“Vinde, comei.” Nenhum dos discípulos ousou
perguntar-lhe “Quem és tu?”, pois bem sabiam
que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o
pão, e lhe deu, e do mesmo modo o peixe. Era
esta já terceira vez que Jesus se manifestava aos
seus discípulos, depois de ter ressuscitado.”

“Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão


Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do
que estes?”. Respondeu ele: “Sim, Senhor, tu
sabes que te amo.” Disse-lhe Jesus: “Apascenta
os meus cordeiros.” Perguntou-lhe outra vez:
“Simão, filho de João, amas-me?”. Respondeu-
lhe: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo.” Disse-
lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros.”
Perguntou-lhe pela terceira vez: “Simão, filho de
João, amas-me?” Pedro entristeceu-se porque
lhe perguntou pela terceira vez: “Amas-me?”, e
respondeu-lhe: “Senhor, sabes tudo, tu sabes que
te amo.” Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas
ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando
eras mais moço, cingias-te e andavas aonde
querias. Mas, quando fores velho, estenderás as
tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para
onde não queres. Por estas palavras, ele indicava
o gênero de morte com que havia de glorificar a
Deus.”

“E depois de assim ter falado, acrescentou:


“Segue-me!”. Voltando-se Pedro, viu que o
seguia aquele discípulo que Jesus amava(João -
grifo do autor) (aquele que estivera deitado
reclinado sobre o seu peito durante a ceia, e lhe
perguntara: “Senhor, quem é que te há de trair?”
Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, e
este? Que será dele?” Respondeu-lhe Jesus:
“Que te importa se eu quero que ele fique até
que eu venha? Segue-me tu.” Correu por isso o
boato entre os irmãos de que aquele discípulo (o
próprio João que escreveu este evangelho) não
morreria. Mas Jesus não lhe disse: “Não
morrerá, mas: Que te importa se quero que ele
fique assim até que eu venha?” (Jo 21, 1-23).

Após este fato, o Mestre orientou-os a seguir para Betânia onde ascendeu
aos céus, conforme descrito no evangelho de Lucas.

“Depois os levou para Betânia e, levantando as


mãos, os abençoou. Enquanto os abençoava,
separou-se deles e foi arrebatado ao céu. Depois
de o terem adorado, voltaram para Jerusalém
com grande júbilo. E permaneceram no templo,
louvando e bendizendo a Deus.” (Lc 24, 50-53).

Assim, no dia de sua ascensão — última aparição que fez aos seus —
apresentou-se de forma radiante e, com um sorriso na face, como a
significar toda a esperança que depositava no futuro da família terrestre.

Por fim, Ele subiu aos céus junto com seus anjos para preparar o porvir.

Fez cumprir em si mesmo todas as profecias do Antigo Testamento a Ele


referidas. “Depois lhes disse: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava
convosco, era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito
na Lei de Moisés, nos Profetas, e nos Salmos.”

Profetizou, de sua parte, afirmando que voltaria para abraçar a todos.


Cuidou-se com tanto zelo das profecias antigas, se cumpriu a estranha
promessa da ressurreição, o que não fará para que se cumpram as referentes
ao seu próprio retorno?

Outra questão que precisa ser entendida é a dificuldade que João, o


apóstolo-evangelista, tinha de referir-se a si mesmo no seu próprio
evangelho. Preocupado em se posicionar como narrador privilegiado dos
fatos — por ter participado diretamente — e, ao mesmo tempo, tentar ser o
mais fiel possível às ocorrências e às palavras do Mestre, João foi o único
dos evangelistas que se preocupou em apresentar Jesus como sendo uma
personalidade cósmica em missão na Terra. Ressalta a sua divindade e
apresenta-o como o Verbo de Deus.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto


de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio junto de Deus.”
“Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
Nele havia vida e a vida era a luz dos homens. A
luz resplandece nas trevas e as trevas não a
compreenderam.” (Jo 1, 1-5).

“O Verbo era a verdadeira Luz que, vindo ao


mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e
o mundo foi feito por ele, e o mundo não o
conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus
não o receberam.” (Jo 1, 9-11).

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e


vimos sua glória, a glória que um Filho único
recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.”
(Jo 1, 14).

Os demais evangelistas se preocuparam, cada um deles, com assuntos ou


aspectos específicos da vida e obra de Jesus.

Mateus, por volta do ano 60, preocupou-se em escrever para os leitores


judeus, procurando demonstrar que Jesus era exatamente aquele que fora
predito pelos profetas do Antigo Testamento, mas que infelizmente, não
havia sido reconhecido pelo próprio povo que lhe servira de berço terreno.
Não é sem motivo que o seu texto se caracteriza pela abundância de
citações do Antigo Testamento.

Marcos reúne em seu evangelho, também escrito por volta do ano 60, as
principais pregações do apóstolo Pedro, ressaltando, para os pagãos, os
milagres e as obras realizadas por Jesus.

Lucas, de origem grega — os demais evangelistas eram judeus —,


escreveu seu evangelho servindo-se dos de Mateus e de Marcos e, apesar de
não ter convivido pessoalmente com Jesus, conversou com muitas pessoas
que o fizeram, entre as quais Maria, a mãe de Jesus. Escrevendo também
para os pagãos, descreve principalmente a bondade e a misericórdia ímpares
do Mestre.

João, ao contrário dos demais, escreveu seu evangelho quase trinta anos
depois dos primeiros. Muitos fatos que foram determinantes para o que
João viria a fazer no futuro ocorreram entre a confecção dos escritos de
Mateus, Marcos, Lucas e o de João.

Contudo, antes mesmo de decidir confeccionar o seu próprio evangelho,


ele teve que percorrer caminhos tortuosos, carregando sobre os seus ombros
o peso de ser o único remanescente dos apóstolos ainda vivo e fugindo
continuamente da perseguição romana. Essa etapa de sua vida começou por
volta do ano 70, quando todos os outros apóstolos, como também Paulo, já
haviam morrido ou saído das terras da Palestina e mesmo de Roma. João,
pelo simples fato de estar vivo, tinha a desconfortável responsabilidade de
servir como único foco para esclarecer e tirar dúvidas para as diversas
agremiações cristãs então existentes. A todo instante era procurado por
diversos grupos que lhe apresentavam problemas relativos ao entendimento
e ao significado das palavras de Jesus, como também em relação a algumas
passagens da sua vida.

O que mais perguntavam a João era a respeito da tão propalada e


prometida volta de Jesus. Afinal, Mateus, Marcos e Lucas haviam
ressaltado nos seus evangelhos, de forma abundante, as próprias profecias
de Jesus a respeito de seu retorno. Vejamos algumas das principais
passagens evangélicas a esse respeito:

“Ao sair do templo, os discípulos aproximaram-


se de Jesus e fizeram-no apreciar as construções.
Jesus, porém, respondeu-lhes: “Vede todos estes
edifícios? Em verdade vos declaro: Não ficará
aqui pedra sobre pedra; tudo será destruído.”
(Mt 24, 1-2). Jesus referia-se à ruína de
Jerusalém que ocorreria por volta do ano 70.

“Indo ele assentar-se no monte das Oliveiras,


achegaram-se os discípulos e, estando a sós com
ele, perguntaram-lhe: “Quando acontecerá isto?
E qual será o sinal de tua volta e do fim do
mundo?”. Respondeu-lhes Jesus: “Cuidai que
ninguém vos seduza. Muitos virão em meu nome
dizendo: Sou eu o Cristo. E seduzirão a muitos.
Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerra.
Atenção: que isso não vos perturbe, porque é
preciso que isso aconteça. Mas ainda não será o
fim... Este Evangelho do reino será pregado pelo
mundo inteiro para servir de testemunho a todas
as nações, e então chegará o fim.”(Mt 24, 3-14).

“Então se alguém vos disser: Eis aqui está o


Cristo! Ou: Ei-lo acolá! Não creiais, porque se
levantarão falsos cristos, e falsos profetas que
farão milagres a ponto de seduzir, se isto fosse
possível, até mesmo os escolhidos... Porque,
como o relâmpago parte do oriente, e ilumina o
Ocidente, assim será a volta do Filho do homem.
Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os
abutres.” (Mt 24, 23-28). Assim expressava-se
Jesus para simbolizar a reunião de todos em
torno de sua personalidade celestial, quando de
sua volta que será percebida por todos, não
necessitando para tanto que ninguém se desloque
ou assuma este ou aquele credo para tornar-se
um dos eleitos. Como pastor cósmico que é,
voltará para abraçar a todas as suas ovelhas do
aprisco terrestre —Tenho ainda outras ovelhas
que não são deste aprisco.” (Jo 10, 16), já que
“Na casa de meu Pai há muitas moradas.” (Jo,
14, 2) — e não somente aquelas inseridas em
alguma religião ou em movimento de qualquer
ordem, afirmam os mentores espirituais.

“Logo após estes dias de tribulação, o sol


escurecerá, a lua não terá claridade, cairão do
céu as estrelas e as potências dos céus serão
abaladas. Então, aparecerá no céu o sinal do
Filho do homem. Todas as tribos da terra baterão
no peito e verão o Filho do homem vir sobre as
nuvens do céu cercado de glória e de majestade.
Ele enviará seus anjos com estridentes trombetas,
e juntarão seus escolhidos dos quatro ventos,
duma extremidade do céu à outra. Compreendei
isto pela comparação da figueira: quando seus
ramos estão tenros e crescem as folhas,
pressentis que o verão está próximo. Do mesmo
modo, quando virdes tudo isto, sabei que o Filho
do homem está próximo, à porta. Em verdade vos
declaro: Não passará esta geração antes que
tudo isto aconteça. O céu e aterra passarão, mas
as minhas palavras não passarão. Quanto àquele
dia e àquela hora, ninguém o sabe, nem mesmo
os anjos do céu, mas somente o pai.” (Mt 24, 29-
36).

Jesus referia-se claramente a um tempo futuro, mas afirmava que tudo


podia passar, menos o cumprimento da sua promessa. Muitos, entretanto,
achavam que Ele retornaria ainda naquela época.

Mateus, explorando o tema da volta de Jesus, no capítulo 24, nos


versículos 37 até o 51, continua a desenvolver simbolicamente a maneira
pela qual se podia vislumbrar quais os sinais da tão esperada volta. Também
em todos os versículos do capítulo 25 do seu evangelho aborda de forma
insistente o tema.

Marcos, no capítulo 13, e Lucas, no capítulo 21, desenvolvem as suas


descrições quanto à Volta do Filho do Homem, que aqui não iremos repetir
por pouco acrescentar ao que já foi expresso por Mateus.

Devemos somente ressaltar que, naqueles dias, após a confecção dos três
primeiros evangelhos, a questão da volta do Cristo passou a ser discutida
por todos os que tinham alguma relação, fosse com o cristianismo nascente
ou com as eternas querelas existentes entre os judeus que não aceitavam
Jesus, com o poder romano que absolutamente não se preocupava com os
fatos corridos e com os exaltados cristãos que viam na volta de Jesus uma
espécie de vitória de seus argumentos e opiniões.

Se Ele já havia ressuscitado, como prometera, voltar não seria maior


dificuldade, pensavam alguns. O problema é que ainda vinculavam, de
maneira equivocada, a volta de Jesus com a eterna esperança do povo de
Israel em assumir o seu real lugar entre as nações da Terra, conforme
esperavam, já que não suportavam a dominação romana.

Assim, por volta do ano 70 D.C., o general romano Tito invadiu


Jerusalém, destruindo o templo sagrado dos judeus e tudo o mais que
encontrou pela frente. Foi uma nova diáspora para aquele povo já tão
sofrido. Muitos dos cristãos-judeus esperavam a volta prometida de Jesus
ainda para aqueles tempos.
Por essa época, de todos os apóstolos, o único que se encontrava na
Palestina — além do fato de que quase todos os que haviam convivido com
Jesus já haviam morrido — era João. Como todos os outros, teve que
procurar uma nova região para viver, resolvendo ficar ora em Antioquia, ora
em Èfeso e em outras cidades espalhadas pela Ásia Menor, fixando-se por
fim, na Grécia, por volta do ano 95, devido às brutais perseguições que o
imperador Domiciano impusera aos cristãos.

João foi escrevendo o seu evangelho enquanto se deslocava por essas


cidades. Recordava-se constantemente do episódio da transfiguração.
Mateus (17, 1-13), Marcos (9, 2-13) e Lucas (9, 28-36) haviam se referido
ao fato nos seus evangelhos. Ele, entretanto, não o faria. Havia sido um dos
personagens, junto com Pedro e Tiago, daquele dia inesquecível. Mas, ainda
assim, não iria repetir o que já estava dito. Espremido pela desesperada
pressão do povo judeu quanto ao retorno de Jesus e, sem saber o que dizer
pois nem ele mesmo sabia quando tal fato seria, tornou-se o evangelista que
menos se referiu à promessa de sua volta — aspecto do qual se arrependeria
mais tarde. Naquela época, as expectativas quanto à Volta do Mestre eram
fato comum nos comentários dos cristãos, e mesmo dos judeus não-cristãos,
fosse a título de crença ou mesmo de pilhéria.

João recordava a todo momento da última vez em que o Mestre lhes


aparecera como ressuscitado, em especial, das suas palavras, que diziam da
sua vontade de que João ficasse até que ele viesse. Perguntava-se o que
significava “ficar”. Ele estaria vivo quando Jesus retornasse? Se assim
fosse, o que deveria ele fazer?Mas, e a nação judaica, novamente espalhada
pela Terra? E ele, um simples exilado que fugira sob a proteção dos demais,
quando o exército romano destruiu Jerusalém? Vivendo em terras
estrangeiras, como pregar a volta de Jesus, se nem mesmo havia mais a
terra prometida dos judeus para ser o centro de todo o processo? Jesus
voltaria como? Como havia aparecido logo após a sua crucificação? Mas
Ele lhes dissera que haveria de vir sobre as nuvens do céu e que a sua volta
seria percebida por todos; como seria tal coisa possível?
Seu cérebro terreno, com o conhecimento que adquirira naquela
existência, não lhe permitia ir mais além nas suas angustiadas reflexões. O
próprio nível de conhecimento da época, o fatalismo cultural dos judeus, as
frustradas expectativas de vinda de um messias vencedor — e não de um
que havia sido derrotado e crucificado —, limitavam qualquer tentativa
mais produtiva no campo do entendimento. O recado cósmico de Jesus
(composto do anúncio de um Pai Celestial amantíssimo, da lei seguida por
todos os seres e espíritos evoluídos do “amai-vos uns aos outros”, das
muitas moradas espalhadas pelo cosmos, de que Ele, Jesus, era o elo entre
os que viviam na Terra e os habitantes dessas outras moradas e de que Ele
retornaria quando os tempos de renovação fossem chegados) tornou-se
inapelavelmente refém do limitado conhecimento dos evangelistas. Não
podia mesmo ser diferente.

E Jesus não chegava. O tempo, inclemente com as crenças, sejam elas


quais foram, passava célere. João, que havia presenciado pessoalmente — e
não por descrições de outros sempre passíveis de distorções de toda ordem
— o poder pessoal do seu amado rabi, sabia que Ele não poderia ter se
enganado. Se tudo que Ele fez, o fizera de tal forma revestido de uma
autoridade jamais vista por ninguém, se tudo que Ele dissera acontecera, até
mesmo quanto à destruição de Jerusalém, por que não cumpriria exatamente
a que mais ressaltara nas suas pregações, durante os últimos meses de sua
vida na Terra?

Conclui, finalmente, o seu evangelho, preocupado em escrever, não para


os judeus ou para os pagãos, como o fizeram Mateus, Marcos e Lucas;
escrevera, sim, para os cristãos, ressaltando a divindade de Jesus. Divindade
que nem mesmo ele compreendia. Por não compreendê-la, resolveu, ao
contrário dos outros evangelistas, não expressar o que já havia sido
ressaltado: a promessa de retorno do Mestre. Essa decisão, marcou-lhe a
inquietude como companheira constante nos anos posteriores à confecção
do seu evangelho, porque depois perceberia que havia agido daquela forma
por simples conveniência pessoal, já que, se continuasse afirmando que
Jesus retornaria, teria que fornecer maiores explicações sobre a tão esperada
volta. Era-lhe constrangedora tanto uma como outra alternativa.
Arrependera-se de assim ter feito. Ele que vivera ao lado de Jesus, sabia que
as conveniências pessoais eram de tom menor ante a empreitada com
buscas à redenção da humanidade.

Cercado por muitos discípulos, dentre eles um que lhe era muito especial,
também chamado João e que rotineiramente escrevia os seus apontamentos,
seguia o seu curso de vida agora já radicado definitivamente na ilha grega
de Patmos, de onde distribuía as suas epístolas para os demais centros
cristãos que haviam sido semeados pelo trabalho incessante de Paulo, Pedro
e de outros trabalhadores da seara do Mestre.

Constantemente aturdido pelas lembranças dos acontecimentos, sentia-se


algo culpado pela opção que fizera. Já com idade avançada, percebia
claramente que não era para o seu tempo o tão prometido retorno. Jesus
dissera a eles todos, em diversas oportunidades, que a sua mensagem
haveria de espalhar-se por toda a Terra. Depois disso, Ele retornaria. De
forma equivocada, entretanto, pensaram tratar-se, primeiro, da tão esperada
supremacia da nação judaica sobre as demais e, assim, os ensinamentos do
Mestre seriam finalmente conhecidos por todos. João refletia, naqueles
instantes, que se nem mais nação judaica existia, de que forma ele deveria
pensar sobre o retorno de Jesus? Não o sabia. Percebera apenas que não era
no tempo de sua vida que o evento ocorreria. Isso, ele finalmente percebera.
Arrependia-se, entretanto, de ter sido o único, entre os que escreveram
sobre Jesus, a não expressar claramente a promessa da sua volta. Ele, logo
ele que, para todos, era a última e única referência quanto aos fatos vividos
por Jesus e das suas próprias promessas.

Eis que o seu Mestre, de outros rincões existenciais, resolve convocar o


espírito encarnado de seu discípulo amado para um encontro esclarecedor
quanto ao porvir. Atendendo a suas preces desesperadas, na solidão de sua
responsabilidade, como sendo o último a ter convivido com Ele, resolve
Jesus trazê-lo à sua presença, como também à de sua assessoria cósmica,
para conversas e esclarecimentos que ficaram expressos para a posteridade
nas páginas do livro Apocalipse.
Muitos pensam não ter sido o apóstolo-evangelista João o autor do livro.
De fato, ele foi o autor intelectual da obra, já que foi ele mesmo que, em
estado desdobrado de sua consciência espiritual, presenciou os fatos
descritos no livro. Entretanto, seu discípulo, também chamado João,
conforme notícias dos mentores espirituais, foi quem tomou nota do que lhe
era descrito pelo apóstolo.

Foram momentos de profunda alegria para João. Se bem pudéssemos


descrever os fatos que nos são mostrados pela Espiritualidade, tentaríamos
comparar o que houve com João ao que normalmente ocorre quando, em
certo “cochilo da consciência”, de alguns poucos minutos, cabem histórias
vividas em pleno sonho cuja sensação psicológica corresponde a horas. É
como se em um simples sono de 15 minutos coubesse uma história que
levaria horas para ocorrer. Acontece que o tempo existencial varia conforme
os padrões vibratórios do meio em que se está inserido. Assim, João passou
“horas em estado de desdobramento” onde recolheu as informações que lhe
foram transmitidas pelo Mestre e pelos seus assessores que vivem outros
mundos — normalmente chamados de anjos.

Convivendo com eles, durante o desdobramento de sua consciência


espiritual — também chamada de arrebatamento em êxtase pelo próprio
apóstolo — percebera mais e mais seres com vestes resplandecentes como
aqueles que vira no momento da transfiguração. Notara que inclusive as
duas entidades que se projetaram para parlamentar com Jesus quando este
se transfigurou — ou seja, elevou as suas vibrações pessoais para poder
sintonizar-se com os dois seres que desceram “da nuvem cuja sombra os
cobria” — estavam também ali presentes.

Emocionou-se quando lhe foi dado perceber que o seu antigo mestre João
Batista, de quem fora discípulo antes de começar a seguir Jesus a pedido
daquele, estava também ali, só que sob uma outra roupagem fisionômica, já
que ele havia sido um dos dois que se encontraram com Jesus. Perguntava-
se como podia tal fato se ele, João, que estava acompanhando Jesus no
instante em que ocorreu a transfiguração, percebera que Pedro havia se
referido aos dois seres ali presentes como sendo Elias e Moisés.
Lembrou-se, inevitavelmente — no estado em que se encontrava — que
o próprio Mestre lhes dissera que Elias já “tinha vindo”, na nova
personificação terrena do seu espírito, na pessoa de João Batista.

“... E, quando desciam (após o momento da


transfiguração), Jesus lhes fez esta proibição:
Não conteis a ninguém o que vistes até que o
Filho do homem ressuscite dos mortos. Em
seguida, os discípulos o interrogaram: “Por que
dizem os escribas que Elias deve voltar
primeiro?”. Jesus respondeu-lhes: “Elias, de
fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas.
Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o
conheceram; antes, fizeram com ele quanto
quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho
do homem.” Os discípulos compreenderam,
então, que ele lhes falava de João Batista.” (Mt
17, 9-13).

O espírito de João estava vivendo um momento ímpar, com todos aqueles


seres ali presentes. Vira o que até hoje muitos iniciados, mestres, médiuns,
sacerdotes, pesquisadores e cientistas desejariam ver: seres que vivem em
outros mundos que não o terreno; e aprendera que estes seres podem
eventualmente nascer na Terra e, após a morte dos seus corpos transitórios,
retornar para os seus mundos de origem; o próprio Mestre Jesus, na forma
da sua personificação cósmica; máquinas e bases de civilizações outras que
não a terrena, estacionadas próximas à Terra, exatamente onde estava
ocorrendo aquele encontro posteriormente descrito no Apocalipse; enfim,
aspectos de um contexto cósmico naquela época impossível de ser
percebido pela ótica terrena.

Ao retornar à sua consciência terrena — produto do seu cérebro físico,


como de sorte ocorre com todos nós que estamos submetidos às leis das
reencarnações —, quando despertou novamente para os fatos da Terra, a sua
mente espiritual começou a jorrar para o seu cérebro físico as lembranças,
recordações, frases e sensações indescritíveis do encontro ocorrido. João
relatou da forma que lhe foi possível, acerca do conteúdo dos fatos
ocorridos, mas lhe era impossível compreender o significado do que
presenciara.

Socorreram-lhe os discípulos mais próximos já que João possuía idade


bastante avançada. Começaram a tomar nota, coordenados pelo discípulo
também chamado de João, cuja composição final compôs as páginas do
Apocalipse. Se antes, por dúvidas de todas as matizes conjugadas às
inevitáveis conveniências de quem vive na Terra, preferira eximir-se de
expressar a promessa da volta futura do Cristo, agora nada mais lhe retinha
a renovada intenção antes sufocada pelas circunstâncias.

Expressou, portanto, tudo o que lhe veio à mente como sendo recordação
do encontro. Os mentores celestes ajudavam no que podiam, para que a
fixação das lembranças vividas ocorressem na sua memória, conforme as
circunstâncias o permitissem, apesar do pouco ou nenhum entendimento do
seu cérebro a respeito das ocorrências futuras que lhe foram reveladas.

Enquanto alguns param, esperando dias melhores, outros continuam a


preparar o porvir. João, arrependido pelas posturas anteriores, resolve
trabalhar até os últimos instantes de sua vida terrena pela propagação da
graça maior que seria, no futuro, o retorno de Jesus. Compreendera que,
quando lhe foi dito pelo Mestre que ele deveria ficar até que Ele viesse,
havia recebido um recado cujo significado era, na realidade: ficar
reencarnando na Terra, ajudando ao progresso planetário, até que a
promessa da vinda do mestre fosse cumprida. Vislumbrou vidas futuras que,
por prudência, achou melhor a elas não se referir para não complicar o que
por si só já era tarefa complexa: compor, de forma ordenada, as mensagens
do Apocalipse.
Quando do seu desdobramento, vira todos os outros apóstolos — à
exceção de Judas — ao lado do Cordeiro assentado em seu trono coberto de
glória, conforme suas próprias palavras transcritas pelo seu discípulo
escrevente nas páginas do livro por todos conhecidos, mas, incompreendido
até os dias atuais.

Recordara-se da razão pela qual, sempre de maneira suave, Jesus o


prevenira de que, um dia, ele haveria de ser o único dos apóstolos a estar
vivo na Terra, trabalhando pela edificação do “reino de amor do Pai
Celestial”.

Mesmo com os receios inerentes à condição humana — as perseguições


promovidas por Domiciano estavam à solta e qualquer intriga poderia ser
motivo de escândalo; milhares de cristãos estavam sendo queimados,
crucificados, decapitados e lançados às feras nos circos romanos — João
encaminhou às Igrejas que já existiam naquele tempo o recado amoroso
quanto à volta de Jesus que deveria ocorrer em tempos futuros.
Absolutamente ninguém o levou muito a sério. O que de mais importante
existia — em termos de recado do Mais Alto para os que viviam na Terra
— não havia jamais sido percebido como tal, da mesma forma que não o foi
até mesmo nos dias atuais.

Se antes, quando da confecção do seu evangelho, faltaram-lhe forças para


insistir na única e mais ressaltada promessa de Jesus ainda por ser
cumprida, agora, nas páginas do Apocalipse — livro profético que mostra a
luta entre a luz e as trevas e o fluxo dos acontecimentos que culminam com
a tão prometida volta de Jesus — João derramava toda a vivência e certeza
do que lhe fora revelado em espírito, quanto à vinda futura do Mestre. Com
as revelações que recebera ao fim de sua vida terrena, compreendera
finalmente todos os aspectos antes não compreendidos das muitas
passagens da vida de Jesus, que tivera nele testemunha privilegiada dos
fatos ocorridos. Sabia que o seu amado rabi haveria de retornar para redimir
toda a humanidade e sabia também que, ao contrário dos demais apóstolos
que saíram do contexto terreno após as dolorosas mortes que tiveram e que
no futuro, quando do cumprimento da última promessa, voltarão ao lado de
Jesus, ele ficaria trabalhando na Terra, em vidas futuras, até que os tempos
fossem chegados. E eis que os tempos já são chegados.

“Ei-lo que vem com as nuvens. Todos os olhos o


verão, mesmo aqueles que O traspassaram.”
(Apocalipse, 7).

“Eis que venho em breve! Felizes aqueles que


põem em prática as palavras da profecia deste
livro... O injusto faça ainda injustiças, o impuro
pratique impurezas. Mas o justo faça a justiça e o
santo santifique-se ainda mais. Eis que venho em
breve, e a minha recompensa está comigo, para
dar a cada um conforme as suas obras.”
(Apocalipse 22, 7-12).

O recado cósmico deixado por Jesus, quanto à sua volta em dias futuros,
estava renovado. Somente o porvir talvez lhe pudesse dar guarida no campo
do entendimento, até porque o Consolador haveria de vir esclarecer todas as
coisas antes do seu retorno no estado glorioso (cósmico), papel este
assumido corretamente pelo Espiritismo.

Tempos difíceis foram aqueles vividos pelo apóstolo João, nos últimos
dias de sua vida. Procurado a todo momento por muitos cristãos, se
esquivava o quanto podia, de se comprometer com ensinamentos que não
podia provar serem verdadeiros. No entanto, ao ter a inabalável certeza da
volta do Mestre, passou a explicá-la, conforme permitiam as circunstâncias
do entendimento à época dos fatos.

Segundo a opinião de alguns estudiosos, Daniel, entre os profetas do


Antigo Testamento, foi quem recebeu a maior revelação profética, tendo
recebido João, o apóstolo amado, a maior do Novo Testamento.
Para o que pretende este estudo demonstrar, podemos dividir o
Apocalipse da seguinte maneira:

1. A primeira parte referente às mensagens enviadas as sete igrejas,


simbolizando com este número, a totalidade de todas as agremiações
terrenas e, em última instância, a todos os que vivem na Terra.

2. O anúncio profético dos fatos futuros divididos em sete grupos de


acontecimentos, sendo cada um desses grupos o que o evangelista chamaria
de “selo”, existindo, portanto, os sete selos do Apocalipse. No sétimo e
último selo estão contidas as sete trombetas. Entre a sexta e a sétima
trombeta está inserida a execução dos decretos do pequeno livro aberto
onde, por sua vez, são descritas as chamadas sete taças da cólera de Deus.
Também entre a sexta e a sétima trombeta situam-se os acontecimentos
ocorridos no ano de 2001.

Assim, os sete selos referem-se aos grupos de acontecimentos até o


prometido retorno de Jesus.

3. Após a chegada de Jesus começa a edificação do reino de amor do Pai


Celestial com o início do processo de convivência entre os que vivem na
Terra e os seres de outras moradas celestiais.

4. Epílogo, onde o evangelista atesta o recebimento das mensagens e


conclui a revelação da vinda do Senhor repetindo a sua promessa de
retornar à Terra.

O grande problema de entendimento do Apocalipse como um todo reside


nas dificuldades em descortinar as mensagens da sua segunda parte, ou seja,
dos conjuntos proféticos selados que foram abertos para que João pudesse
profetizar.
Não é objetivo do presente estudo, esclarecer as nuanças proféticas que
cercam as revelações dos seis primeiros selos, o que poderá vir a ser feito
em outra oportunidade. Ressalte-se, por necessário, que urge o
entendimento por parte da humanidade dos dias que correm a partir do ano
2001, para que possam todos se preparar convenientemente para o que
ainda está por vir, sendo este o objetivo maior do presente estudo.

Assim, é importante que se parta da premissa de que todos os


acontecimentos previstos nos seis primeiros selos já aconteceram ou
tiveram as suas possibilidades proféticas já superadas, pois que as profecias
predispõem mas não impõem e, assim sendo, nem tudo o que foi vaticinado
realmente chega a ocorrer. Como exemplo maior desse aspecto, podemos
citar o fato de que existiam no passado, profecias referentes à destruição de
Sodoma e de Gomorra como também à de Nínive. Para esta última, foi
enviado o profeta Jonas que avisou a iminente destruição da cidade, caso os
seus habitantes não fizessem penitência ou, em outras palavras, não se
esforçassem por mudar de atitude. Os moradores de Nínive fizeram a
penitência solicitada por Jonas e a cidade foi poupada. Já os habitantes de
Sodoma e de Gomorra não modificaram as suas atitudes, o que teria criado
ambiente propício a sua destruição.

É importante também notar que, o evangelista, ao abrir o chamado sétimo


selo, percebeu que ao final do tempo e dos acontecimentos previstos para
aquele selo, o Senhor retornaria. Desta forma, resolveu subdividir este selo
em sete grupos de ocorrências aos quais chamou de sete trombetas. E como
tudo culminaria com o retorno do Senhor Jesus, João simbolizou a
importância desse fato sendo anunciado pelo tocar das trombetas pelos
anjos anunciadores do novo evento crístico na Terra. Por isso, cada anjo
toca uma trombeta até o retorno glorioso do Senhor.

Entre a sexta e a sétima trombeta — esta última anunciando a chegada


iminente de Jesus — ocorre uma série de acontecimentos espetaculares
(para a ótica de João) que lhe foram apresentados à parte do contexto
profético, e que no apocalipse aparecem como sendo a “Execução dos
Decretos do Pequeno Livro Aberto”. E é aqui que reside o que mais
interessa a atual geração que está vivendo na Terra, pois os acontecimentos
descritos referem-se aos problemas ocorridos desde o último dia 11 de
setembro de 2001, os que estão ocorrendo e ainda por ocorrerem, até que se
consume o retorno de Jesus no seu papel de ser cósmico vivendo além das
fronteiras terrenas, para religar a Terra à convivência cósmica com as
demais moradas siderais.

Vamos a análise dos fatos e das descrições apocalípticas ressaltando,


porém, que, para facilitar a compreensão, focalizando a atenção daqueles
que buscam perceber os aspectos espirituais e cósmicos por trás da limitada
ótica comum a vida terrena, aqui somente serão ofertadas algumas das
chaves para o entendimento referentes aos toques da quinta, da sexta e da
sétima trombetas do sétimo e último selo.

É importante ressaltar que, conforme descrição do próprio João, o seu


espírito foi "arrebatado aos céus", maneira pela qual teve acesso às
informações que posteriormente revelaria no livro do Apocalipse. Assim,
imaginemos, por exemplo, que o apóstolo João, ao relembrar-se das
revelações que lhe foram feitas quando do seu contato com o Senhor e suas
hostes angelicais durante o arrebatamento, ao lhe ter sido mostrado um fato
que ocorreria cerca de dois mil anos depois — um avião ou mesmo uma
frota de aviões em combate —, diante do seu entendimento da época, como
ele poderia descrever o que estava vendo? Com que palavras poderia narrar
os fatos que se desenrolavam diante de sua percepção?

Hoje, para nós, avião é a coisa comum, porém, para aquela época, como
podia o cérebro de alguém entender tal coisa?

João chamou-lhes de “gafanhotos” na quinta trombeta.

“O aspecto desses gafanhotos era o de cavalos


aparelhados para a guerra. Nas suas cabeças
havia uma espécie de coroa com reflexos
dourados. Seus rostos eram como rostos de
homem, seus cabelos como os de mulher, e seus
dentes como os dentes de leão. Seus tórax
pareciam envoltos em ferro, e o ruído de suas
asas era como o ruído de carros de muitos
cavalos, correndo para a guerra. Tinham caudas
semelhantes à do escorpião, com ferrões e o
poder de afligir os homens por cinco meses.”
(Apocalipse 9, 7–10)

Imaginemos, agora, que para o cérebro de João que jamais vira uma
construção elevada, a única referência que tinha para essas coisas era a ideia
cerebral que havia feito ao ter notícias, através dos estudos e das narrativas
históricas do povo judeu, da já lendária questão para aquela época da Torre
da Babilônia (de Babel). Assim, vamos supor o evangelista tendo acesso as
imagens das quedas das torres do World Trade Center, em Nova York, como
ele descreveria aqueles tristes acontecimentos? Com que palavras ele
poderia se referir a tais fatos atordoantes para a sua concepção de mundo e
de vida, à época em que viveu?

Prestemos, agora, atenção, ao que João descreve como sendo os


acontecimentos entre o final da sexta trombeta e o início da sétima.

“Depois disso vi descer do céu outro anjo que


tinha grande poder, e a terra foi iluminada por
sua glória. Clamou em alta voz, dizendo: “Caiu,
caiu Babilônia, a grande”...; “porque todas as
nações beberam do vinho da ira de sua luxúria,
pecaram com ela os reis da terra, e os
mercadores da terra se enriqueceram com o
excesso do seu luxo.” (Apocalipse 18, 2–3)
Elementos observados: a queda das torres; o imperialismo econômico e
político, aspectos de uma globalização sustentada em princípios cujos
valores exaltam o capital e desprezam a vida humana, reduzindo-a a um
mero exercício de mais valia financeira; e o poderio exercido no resto do
mundo pelo maior centro financeiro do planeta, a cidade de Nova York.

“Hão de chorar e lamentar-se por sua causa os


reis da terra que com ela se contaminaram e
pecaram quando avistarem a fumaça do seu
incêndio. Parados ao longe, de medo de seus
tormentos, eles dirão: “Ai, ai da grande cidade,
Babilônia, cidade poderosa! Bastou um
momento para tua execução!”(Apocalipse 18, 9-
10)

Elementos observados: postura dos demais líderes mundiais diante da


queda das torres; a queda repentina das mesmas.

“Também os negociantes da terra choram e se


lamentam a seu respeito, porque já não há
ninguém que lhes compre os carregamentos:
carregamento de ouro e prata, pedras preciosas
e pérolas, linho e púrpura, seda e escarlate, bem
como de toda espécie de madeira odorífera,
objetos de marfim e madeira preciosa; de
bronze, ferro e mármore; de cinamonio e
essência; de aromas, mirra e incenso; de vinho e
óleo, de farinha e trigo, de animais de carga,
ovelhas, cavalos e carros, escravos e outros
homens. Eis que o bom tempo de tuas paixões
animalescas se escoou. Toda a magnificência e
todo o brilho se apagou, e jamais serão
reencontrados. Os mercadores destas coisas, que
delas se enriqueceram, pararão ao longe, de
medo de seus tormentos, e hão de chorar e
lamentar-se, dizendo: “Ai, ai da cidade, a
grande, que se revestia do linho, púrpura e
escarlate, toda ornada de ouro, pedras preciosas
e pérolas. Num só momento toda essa riqueza
foi devastada.” (Apocalipse 18, 11-17)

Elementos observados: durante vários dias a bolsa de Nova York parou,


diversos negócios deixaram de ser realizados; preocupação do evangelista
em listar todas as mercadorias que ele conhecia ao tempo em que viveu para
simbolizar o poderio econômico do centro financeiro representado pela
cidade de Nova York e, em especial pelas duas torres que ruíram.

“Todos os pilotos e todos os navegantes, os


marinheiros e todos os que trabalham no mar
paravam ao longe e exclamavam, ao ver a
fumaça do incêndio: “Que havia de comparável
a esta grande cidade?”E lançavam pó sobre as
cabeças chorando e lamentando-se com estas
palavras: “Ai, ai da grande cidade de cuja
opulência se enriqueceram todos os que tinham
navios no mar. Bastou um momento para ser
arrasada”. (Apocalipse 18, 17-19)

Elementos observados: pilotos de aviões além de comandantes e


tripulantes de navios que ao longe observavam a fumaça das torres e depois
da derrocada de ambas; o pó da derrocada cobrindo literalmente a milhares
de pessoas que estavam próximas ao local dos problemas ocorridos; a
ênfase em Nova York como centro de comércio para as nações que
participam do circuito dos negócios mundiais; a rapidez com que as torres
ruíram.
“Então um anjo poderoso tomou uma pedra do
tamanho de uma grande mó de moinho e
lançou-a no mar, dizendo: “Com tal ímpeto será
precipitada Babilônia, a grande cidade, — e
jamais será encontrada.” (Apocalipse 18, 21)

Aqui se observa um anjo demonstrando com ênfase a João como as torres


cairiam. É importante perceber que os seres que procuravam simbolizar os
acontecimentos profetizados foram todos chamados por João de anjos.

Portanto, estas são algumas das passagens constantes no Apocalipse que


se referem aos fatos ocorridos no mês de setembro de 2001. Na verdade,
muito mais poderia aqui ser citado. Mas não é este o objetivo do presente
estudo. Se tivermos conseguido deixar claro ao menos a possibilidade de
que realmente os fatos ocorridos encontram padrões de referência sólidos
nos aviso proféticos, já teremos atingido o objetivo a que nos propomos: a
de chamar a atenção para um evento tido por muitos como algo impossível
de acontecer e para outros, algo que esperam mesmo que aconteçam mas
sobre o qual não fazem a menor idéia de como seria, que é o prometido
retorno daquele que na Terra ficou conhecido como Jesus.

Assim, é importante observar que os acontecimentos anteriormente


referidos, conforme a ótica de interpretação da qual estamos partindo, serão
seguidos de mais três eventos distintos, facilmente observados, como
descritos no Apocalipse:

1. Conflito gerado a partir do ataque terrorista entre:

“... os reis da terra com os seus exércitos


reunidos para fazerem guerra ao cavaleiro e ao
seu exército”. (Apocalipse 19, 19).
Mas aqui, é importante que ressaltemos que este fato ocorre ao mesmo
tempo em que um “exército celeste” já se põe a postos em outras paragens,
como que observando os acontecimentos terrenos, prestes a se deixar
perceber aos que vivem na Terra.

Observemos as palavras eleitas por João para se referir a fatos que


ocorriam fora do contexto terreno enquanto que na Terra algumas forças
entravam em conflito, após os ataques ocorridos nos Estados Unidos.

“Vi ainda o céu aberto: eis que aparece um


cavalo branco. Seu cavaleiro chama-se Fiel e
Verdadeiro, e é com justiça que ele julga e
guerreia. Tem olhos flamejantes. Há em sua
cabeça muitos diademas, e traz escrito um nome
que ninguém conhece, senão ele. Está vestido
com um manto tinto de sangue, e o seu nome é o
Verbo de Deus.”(Apocalipse 19, 11-13)

João descreve a aproximação junto ao nosso mundo de um cortejo


celestial comandado por aquele que na Terra ficou conhecido como Jesus.
Este se apresenta na forma existencial normal ao seu estado de autoridade
celeste e com o seu nome cósmico universalmente conhecido.

“Seguiam-no em cavalos brancos os exércitos


celestes, vestidos de linho fino e de uma brancura
imaculada. De sua boca sai uma espada afiada,
para com ela ferir as nações pagãs, porque ele
deve governá-las com cetro de ferro e pisar o
largar do vinho da ardente ira de Deus
Dominador. Ela traz escrito no manto e na coxa:
“Rei dos reis e Senhor dos senhores!”(
Apocalipse 19, 15-16)
João continua a descrever os assessores celestiais presentes no cortejo e
ao perceber que eles estão se deslocando em alguma coisa, por não
encontrar maiores referenciais diante daquela tecnologia que jamais vira na
Terra, denominou as “coisas” nas quais aqueles seres se aproximaram da
Terra como sendo “cavalos brancos”, procurando deixar absolutamente
claro que o comando era exercido por aquele a quem ele conhecera como
Jesus.

“Eu vi a fera e os reis da terra com os seus


exércitos reunidos para fazerem a guerra ao
cavaleiro e ao seu exército. Mas a fera foi presa,
e com ela o falso profeta, que realizara prodígios
sob o seu controle, com os quais seduzira aqueles
que tinham recebido o sinal da fera e se tinham
prostrado diante de sua imagem. Ambos foram
lançados vivos no lago de fogo sulfuroso. Os
restantes foram mortos pelo Cavaleiro com a
espada que lhe saía da boca. E todas as árvores
fartaram-se de suas carnes.” (Apocalipse 19, 19-
21).

O evangelista refere-se às forças em conflito e deixamos ao critério dos


que, por si mesmo, possam analisar as expressões e aos fatos que se seguem
referentes aos personagens citados. Recordamos, apenas, que talvez fosse
conveniente a reflexão pessoal em torno das guerras do Afeganistão e do
Iraque como também da prisão de certas personalidades vinculadas a essas
guerras como também aos eventos vaticinados, em especial, o prodígio da
queda das torres do World Trade Center, ou seja, a “queda da Babilônia”
predita por João.

O Apocalipse, por fim, mostra-nos a antiga narrativa de um painel que se


repete em muitas páginas da história humana, que é o embate empreendido
pelas forças trevosas contra as forças da luz do esclarecimento espiritual. O
evangelista coloca a seu mestre na função de “cavaleiro pelejando motivado
por nobres ideais”, afirmando que os seus ensinamentos triunfarão ante as
forças da ignorância presentes em todos os lados envolvidos na questão.

Ao mesmo tempo em que tudo isso acontece, com a aproximação do


cortejo celeste, inicia-se o julgamento geral de todos os que viveram e
vivem na Terra, evento que marca os primeiros momentos do cumprimento
da promessa feita por Jesus de aqui retornar para pessoalmente presidir
esses acontecimentos.

2. O Triunfo das Testemunhas do Cristo.

Em algum tempo durante o desenrolar das últimas etapas dos


acontecimentos consequentes à queda da Babilônia, ou seja, logo após os
conflitos ocorridos como consequência do prodígio do falso profeta (a
queda das duas torres), eis o que o evangelista descreve como sendo o
último evento digno de nota, conforme a sua apreciação pessoal, antes da já
iminente chegada de Jesus.

“Foi-me dada uma vara semelhante a uma vara


de agrimensor, e disseram-me: “Levanta-te!
Mede o templo de Deus e o altar com seus
adoradores. O átrio fora do templo, porém,
deixa-o de lado e não o meças: foi dado aos
gentios, que hão de calcar aos pés a cidade santa
por quarenta e dois meses. Mas incumbirei às
minhas duas testemunhas, vestidas de saco, de
profetizarem, por mil duzentos e sessenta dias.
São eles as duas oliveiras e os dois candelabros
que se mantêm diante do Senhor da terra.”
(Apocalipse 11, 1-4)
Aqui o profeta refere-se ao fato de que foi-lhe dado observar quantos,
entre os que viviam na Terra, já estavam aptos (tendentes ao bem) à
convivência fraterna entre os seres. Aqueles, porém, que estavam fora do
circuito espiritual dos que já se podiam considerar como ungidos pelo amor
do Pai, teriam ainda “um tempo” para serem esclarecidos pelas duas
testemunhas das lições eternas legadas ao mundo pelo Mestre dos Mestres.
O objetivo dessa última etapa antes da chegada de Jesus e, com isso, a
consumação do julgamento denominado de Juízo Final, é exatamente a de
fornecer uma espécie de última oportunidade para que cada um se defina de
uma vez por todas diante do “Livro da Vida”, assumindo definitivamente os
valores eternos do amor e do esclarecimento espiritual, deixando assim de
vincular-se às posturas empedernidas das forças trevosas que entronizam a
ignorância e o orgulho espiritual colmo sendo a tônica de suas atitudes.

Quanto aos demais versículos deste capítulo, antes que chegue a hora em
que o sétimo anjo toca a sétima trombeta, aqui também deixaremos a
critério da análise de cada um, por não ser a preocupação central do
presente estudo.

3. O toque da sétima trombeta anunciando o retorno de Jesus.

Ainda no capítulo 11 do Apocalipse, denominado como o “Triunfo das


Testemunhas de Cristo”, soa a última trombeta e ocorre o cumprimento da
promessa feita por Jesus quando ele viveu na Terra: a de que um dia
retornaria na sua forma celestial cercado por suas hostes angelicais para
edificar o reino de amor e de paz do Pai Celestial.

“O sétimo anjo tocou a trombeta. Ressoaram


então no céu altas vozes que diziam: “O Império
de nosso Senhor e de seu Cristo estabeleceu-se
sobre o mundo, e ele reinará pelos séculos dos
séculos.” (Apocalipse 11, 15).
Quem tiver ouvidos, ouça.

A título de observação final, diria que um dos principais enigmas quanto


à correta postura para se entender o roteiro dos fatos vaticinados no
Apocalipse refere-se ao que particularmente denomino como sendo o “fator
da simultaneidade”. Se não for levado em questão dificilmente se poderá ter
uma compreensão razoável quanto ao que verdadeiramente o profeta
pretendeu simbolizar. Mas o que é o fator da simultaneidade?
Provavelmente nasceu, em primeiro lugar, devido à incapacidade cerebral
do apóstolo João de entender o desenrolar dos fatos que lhe foram
demonstrados em uma ordem lógica para o seu raciocínio; em segundo,
pela dificuldade descritiva do apóstolo e de seus discípulos quando da
formulação das idéias e da arquitetura da narração na nobre tentativa de não
deixar sem abordagem qualquer dos fatos proféticos avaliados como
importantes.

Assim, ao que julgamos entender, algumas das descrições presentes nos


conjuntos de fatos por trás das aberturas dos seis selos, descrevem fatos,
personagens, instituições, cidades e nações simultaneamente referidas
quando das narrativas referentes ao soar das seis primeiras trombetas pelos
anjos, como também quando outro grupo de anjos mostram as sete taças da
ira de Deus. Além disso, ocorrências também simultâneas são abordadas em
partes específicas de alguns capítulos, como por exemplo, o “derramamento
da sétima taça”, “Castigo de Babilônia”, “Vitória de Cristo sobre as feras”,
“Sorte do Dragão”, “Julgamento Geral”, “Triunfo das Testemunhas de
Cristo”. Por mais estranho ou mesmo paradoxal que possa parecer, todos os
epítetos citados referem-se a fatos que se entrelaçam e que estão correndo
simultaneamente, alguns há mais tempo; outros já consumados, tendo,
porém, suas conseqüências como fatores de influência no presente; alguns
outros que já tiveram início com o desenrolar de suas etapas iniciais,
estando todo esse contexto fortemente marcado nos dias do ano 2001 e nos
que seguem.

Outro aspecto que muito tem confundido os estudiosos é o fato do


evangelista ter colocado os "Decretos do Pequeno Livro Aberto" como uma
espécie de apêndice após o que João relata ser o último acontecimento de
sua profecia: que é a chegada de Jesus. Assim ele agiu provavelmente
procurando não alterar o roteiro do entendimento quanto a uma possível
ordem nos eventos profetizados.

Concluindo, obriga-nos o senso moral a informar que a primeira versão


desses escritos realizados nas madrugadas dos dias 26, 27 e 28 de outubro
de 2001, foi logo divulgada na Internet, sem chegar a passar por processo
de revisão, o que pode acarretar imprecisões e erros diversos, pelo que nos
desculpamos. Solicitados a logo divulgá-los, por questões outras
dificilmente percebidas pelo senso comum, estimamos que venham a valer
bem mais pela reflexão que possam semear naqueles que buscam do que
propriamente pela forma, no que somos os primeiros a realçar a ausência de
qualquer preocupação com estilo.

O propósito maior, além de provocar a necessária reflexão diante de


avisos de há muito dados, os fatos do presente e os que porventura poderão
nos envolver no futuro — e que também foram desde os tempos bíblicos
também vaticinados —, é o de simplesmente chamar a atenção para o
iminente retorno do Mestre Jesus, na sua real condição de ser excelso e de
autoridade cósmica, que vive em moradas que se situam muito além do
horizonte da atual concepção humana sobre o grande conjunto de universos
que nos rodeiam.

Muitos mestres cósmicos vieram à Terra, dando as suas contribuições


para o progresso planetário. Moisés, Lao-Tse, Zoroastro, Sidarta Gautama,
Jesus, Maomé e demais mestres espirituais que, através de suas
contribuições filosóficas e pelos seus testemunhos singulares cujos legados
terminaram por semear as religiões que hoje marcam o panorama terrestre,
todos eles marcaram o mundo com a essência das suas fragrâncias
espirituais eternizadas nos livros sagrados das muitas religiões. Todos eles
trabalharam em prol de um único objetivo: o de promover a redenção
espiritual desta humanidade. Porém, somente um deles prometeu retornar,
além de ter procurado oferecer um roteiro lógico quanto aos fatos futuros
para que se pudesse atinar com os tempos profetizados quando estes fossem
chegados. E eis que os tempos são chegados. E somente a promessa de
Jesus de aqui retornar é o único elo que temos com o futuro, pelo menos no
que se refere ao conjunto das profecias feitas nos tempos bíblicos.

O que mais importa, por trás da prometida volta de Jesus, é o fato de


todos na Terra, independente da religião que atualmente professem — e
mesmo de professarem alguma, já que valemos pelo amor que carregamos
no coração — voltarem a conviver com seres de outros orbes, dando um
fim ao isolamento pelo qual passa o nosso planeta diante do cosmos, desde
tempos imemoriais. Apenas caberá ao Mestre Jesus, em nome de todos os
grandes mestres que já viveram na Terra, a coordenação amorosa dos
instantes da renovação pelos quais passa o nosso lar planetário.

Nada de fim de mundo com a sua volta e nem muito menos a ocorrência
de acontecimentos negativos. Estes são promovidos pela nossa própria
incúria espiritual, jamais por seres evoluídos e que amam
incondicionalmente. Tão evoluídos são que provavelmente somente se
deixarão mostrar para que tenhamos a certeza absoluta de que não estamos
sós no universo. Mas eles sabem que, enquanto aqui estiverem, todos
ficarão sob a influência de suas presenças vibratórias, o que nos impedirá de
produzir o necessário progresso do nosso mundo, responsabilidades esta
indelegável e intransferível.

Nenhum ser de fora virá fazer ao que cabe ao ser terrestre realizar: o
progresso material e espiritual do nosso mundo baseado no esforço e no
mérito moral de seus habitantes. Por isso eles logo sairão do contexto
terreno prometendo para breve o retorno contínuo de muitas equipes que
virão visitar e conviver com os seus irmãos terráqueos, a medida que fomos
aprendendo realmente a amar uns aos outros — postura básica e essencial
ao exercício pleno da cidadania cósmica — aspecto comum aos seres
evoluídos.

Portanto, que sejamos caminhantes que jamais se detêm na tentativa de


entender a vida e o mundo que nos cerca — procurando nos afastar da
ignorância que a tudo obscurece — e na busca da consecução do ideal
fraterno entre os que vivem na Terra.

Observação do autor: o texto acima foi originalmente publicado no


livro “Recado Cósmico”. Decidi novamente publicá-lo por pertencer ao
“circuito informativo” que semeia reflexão em torno da importância dos
anúncios proféticos referentes à prometida volta de Jesus.
Sintonia e Vibração

"Mudam de céu; não de alma, os que correm


além do mar."

Horácio

Imaginemos alguém que, com um perfume muito forte, permanece


determinado tempo em ambiente fechado. A fragrância do seu perfume irá
se espalhar pelo ambiente, que ficará impregnado, durante algum tempo,
com o odor característico. Da mesma forma, o resultado do que pensamos e
sentimos, fica indelevelmente plasmado naqueles ambientes que mais
costumamos frequentar.

Assim, os nossos lares, os ambientes de trabalho, os locais onde se


realizam cultos religiosos e de outros tipos, ficam com as suas atmosferas
marcadas pelas formas-sentimento e formas-pensamento que comumente ali
são expressas. Quem penetrar em um desses ambientes, inconscientemente
ou não, se sentirá inclinado a sintonizar-se psiquicamente com as vibrações
ali caracterizadas, sejam agradáveis ou desagradáveis.

Por outro lado, se alguém com um perfume muito forte nos abraça,
inevitavelmente herdaremos o odor que dessa pessoa é emanado, seja ele
prazeroso ou não. Da mesma maneira que o perfume alheio nos invade a
atmosfera pessoal, as vibrações espirituais de quem nos abraça também nos
invadem a organização íntima, nem que essa troca energética se processe —
e também se conclua — em poucos segundos; tempo necessário para que as
defesas energéticas da aura administrem a invasão energética.

Em resumo, estamos sempre marcando, com a “nossa fragrância


espiritual”, as pessoas e os ambientes com os quais convivemos e, ao
mesmo tempo, recebendo as suas influências. Quando e se, as nossas
defesas espirituais estiverem em boa forma, assimilaremos apenas o que nos
for positivo e rechaçaremos o que não for. Esse processo é inconsciente,
como também o é a defesa orgânica que os anticorpos promovem no nosso
corpo, sempre que necessário. É tudo tão rápido que o cérebro físico-
transitório não dá conta, apesar de ser ele que administra todo o processo,
como também o faz, a nossa mente espiritual, quando o caso relaciona-se
com as vibrações de terceiros que nos invadem o espírito.

É importante perceber que, uma simples troca de olhar, um aperto de


mão, um abraço, uma relação sexual, por exemplo, são situações em que a
troca energética acontece, independente de querermos ou não. Quando a
nossa resultante de defesa vibratória é positiva — normalmente assim o é
nas pessoas que têm bom ânimo, não se deixam entristecer pelos fatos, são
disciplinadas no campo da oração e/ou meditação, etc. — pouco nos invade
a energia alheia, se isto for servir de transtorno ao nosso equilíbrio
energético. Ao contrário, se estivermos em baixa condição de defesa
energética, tal qual um prato de alimento estragado que inapelavelmente irá
causar “estragos” no nosso organismo, a energia deletéria alheia nos
desarmonizará durante pouco ou muito tempo, conforme for a nossa
capacidade psíquica-espiritual em restabelecer o equilíbrio que nos
caracteriza, seja ele de que nível for.

As crianças pequenas que sequer andam, normalmente têm energia


passiva, e sofrem um bocado quando ficam “passando de braço em braço”,
recebendo verdadeiras descargas energéticas que normalmente lhe causam
desequilíbrios de toda ordem. Se os pais terrenos disso soubessem, outras
seriam as suas posturas em relação a permitirem que seus filhos andem de
“braço em braço”.

Portanto, estamos a todo momento trocando energia com as pessoas e


com os ambientes que nos rodeiam. O equilíbrio — leia-se, saúde espiritual
— de cada um, é o único antídoto a impedir que as vibrações negativas,
alheias à nossa organização espiritual, penetrem o nosso íntimo. Saber
conviver sem sintonizar com as energias de terceiros é postura que somente
os mestres de si mesmos conseguem plasmar na difícil coexistência com os
demais. Ao contrário, se a toda hora temos a sensibilidade pessoal invadida
por problemas e influências de outras pessoas e /ou situações, ficamos
sempre à mercê dos “outros nos deixarem” ficar em paz. Assim, a nossa paz
íntima sempre dependerá dos outros, jamais de nós próprios; o nosso
controle será sempre refém do descontrole alheio; a nossa fragrância
espiritual estará sempre mesclada com a dos outros; enfim, dificilmente
conseguiremos ser donos de nossa própria vida.

Se pretendemos ser os arquitetos e atores da nossa própria caminhada


evolutiva é mister que cuidemos do nosso equilíbrio espiritual, escolhendo
quando e como sintonizar com as vibrações alheias, seja em uma conversa,
em um convívio mais íntimo, numa palestra, enfim, numa simples leitura,
como é o caso que ora ocorre pois, até o que lemos pode nos ser motivo de
enriquecimento ou de desarmonia interior, já que é vibração que nos penetra
a alma.

Lembremo-nos de que: a soberania espiritual passa necessariamente pelo


controle das emoções; a saúde do nosso corpo dependerá da qualidade do
que nos alimentamos; o equilíbrio do nosso espírito depende e, em muito,
do que nos permitimos sintonizar, através dos sentidos.

Afinal, se massa e energia são aspectos de um mesmo padrão existencial,


sintonia e vibração formam o elo entre toda a massa e energia que existe,
independente das formas transitórias que venham a assumir.

Melhoremos a nossa vibração pessoal e eduquemos os nossos padrões de


sintonia. Isto feito, estaremos despertando no nosso íntimo a grande herança
que recebemos do Pai Amantíssimo e que se encontra no mais íntimo do
espírito de cada um. E este vai aonde formos, estará sempre onde
estivermos, responderá sempre em instância primária pelo “eu” imediato
em nossa personalidade terrena, ainda que ele seja muito mais que isso e
nele resida a presença do Sagrado como parcela aparentemente
individualizada. Cuidemos melhor, pois, do que existe de eterno e de
sagrado em cada um de nós.
IV

DA POLÍTICA E DA HISTÓRIA
Os Demônios e as Queimas de Arquivos

"Nas minhas andanças, fui parar na África e lá


conversei com aqueles homens da Unesco, os
bons, não os burocratas. Um deles me disse:
“Cada vez que morre um velho africano é uma
biblioteca que se incendeia”.

Ligia Fagundes Telles

A maior conquista dos tempos atuais é justamente o fato de se poder


exercer a liberdade de consciência para o benefício e a possibilidade da
dúvida. Não devemos, jamais, parar de questionar os acontecimentos à
nossa volta. Penso que questionar é viver. Aceitar tudo passivamente é
morrer em plena vida.

Vivemos em um mundo em que um certo personagem é causa de


escândalo para muitos. Outros, graças a ele, aproveitam-se, material e
espiritualmente falando, do que nem ele mesmo — caso existisse — ousaria
realizar. Refiro-me à figura do demônio. Mas será que ele existe enquanto
personificação do mal?

Realmente, não existe um diabo, um demônio chefe. Porém, se caso


existissem, seríamos nós — espíritos congregados no orbe terrestre — os
mais sérios candidatos a essa nomenclatura, como fraternalmente nos
esclarece a Codificação Espírita.Entretanto, existem seres que vivem em
ambientes outros que não os terrenos. E esses seres também não são
perfeitos. São passíveis de processos evolutivos como de sorte o são todos
aqueles gerados pelos muitos processos criatórios que existem nas múltiplas
dimensões existenciais. Podem, portanto, errar.
Se por injunções outras, as tradições esotéricas terrenas erradamente
confundiram certos seres — que foram denominados de anjos decaídos —
com demônios, pelo fato de terem lançado a presente comunidade de
espíritos congregada na Terra em uma tresloucada aventura cósmica, é
outro problema que, sob certa ótica de análise, deve ser observado.

Talvez a dificuldade esteja em se admitir que existiam e existem seres


que viviam e vivem em outro contexto que não o terreno, e que fizeram
parte da história pobremente conhecida por nós já que os registros, quanto a
esses fatos, se perderam na noite dos tempos.

Mas, como esses registros desapareceram?

Ocorreram verdadeiras queimas de arquivos ao longo da idade antiga e


da idade média, quase todas promovidas pelas atitudes de dirigentes que
terminaram por privar o mundo de muitos esclarecimentos, a saber:

—Nabon-Assar, rei da Babilônia, no ano 747 a.C., já usara deste sistema.


Ordenou que se apagassem todas as inscrições, que se quebrassem todas as
telas de bronze, que se queimassem todas as bibliotecas, que se destruísse,
por todos os meios e modos, tudo quanto se referisse à época anterior à do
seu reinado;

— na China, em 213 a.C., Chi-Hoang-Ti fez queimar todas as bibliotecas


de 25 séculos;

— por onde um frade ou padre católico passasse e visse uma estrela, um


papiro, um tijolo gravado, tudo era destruído ou queimado, pois diziam,
uma vez que não entendiam aqueles rabiscos, ser obra do diabo, e no local
erguiam logo uma cruz de Cristo. Que o digam os maias que tiveram seus
cânones trucidados pelo frade espanhol Diego de Landa, quando da chegada
dos europeus à América em 1453, que se utilizou exatamente dessa
desculpa para destruir cerca de quatro milênios de história representados
pela herança que os maias tinham recebido dos seus antepassados toltecas.

— papas cristãos, intolerantes, destruíram monumentos antigos e tudo


quanto se pudesse referir às primitivas religiões, chegando à ousadia de
transformarem os templos pagãos em templos cristãos, aproveitando as
próprias imagens da Virgem Ísis, transformando-as em Virgem Maria,
dentre outras ocorrências pouco nobres.

Foi dessa forma que perdemos o elo com a história original. A própria
ignorância e ambição humanas já funcionaram como o pior dos demônios.
Não precisamos deles. Em alguns momentos da história terrena fizemos o
que nem eles ousariam fazer, caso existissem. Fomos e ainda somos os
próprios. Basta olharmos o espelho da história!
As Lições do ano de 1999

"A lição que do mundo ganhei, quereis sabê-la?


Não podemos viver o melhor de nós, porque
“temos de viver”.

Christian Morgenstern

É importante que o ano de 1999 tenha sido um ano especial, pelo menos
no que se refere ao aprendizado do que não aconteceu. Afinal,
ultrapassamos o ano 2000 e ainda estamos como sempre estivemos: não
houve fim de mundo, o eixo do planeta não se inclinou, o planeta marrom
não chegou e nem a Terra entrou em uma outra dimensão. A este devemos
ainda acrescentar os equívocos que me caíram sobre os ombros referentes
ao ano de 2006, apesar de que estes pertencem a outro contexto. Mas não
muda a responsabilidade pelos fatos perante os olhos terrenos. Que seja!
Paguei e pago o preço, enquanto meu coração permanece de criança, sem
peso algum.

Seguramente ficaram para o futuro que ainda não chegou os eventos que
irão romper com a mesmice cósmica que nos rodeia a existência terrena.
Que seja! No que me cabe registrar, como modestamente venho tentando
fazer desde o lançamento do livro Reintegração Cósmica, é imperioso
perceber que, em sendo verdade a possibilidade de algumas dessas
profecias terem acontecido, algo ocorreu que modificou para melhor o
futuro dessa humanidade.

Para alguma coisa, porém, serviu a inquietação com que muitos


atravessaram o ano. Devido às preces exacerbadas de alguns, aos reclames
de outros e ao desespero de quase toda população planetária por essa e
outras questões, para o ano de 1999 convergiu a atenção de diversos níveis
espirituais envolvidos comaTerra como também a de muitas civilizações
que nos observam lá “de fora”.

As próprias hierarquias, espiritual e celestial, focalizaram as suas


vibrações em torno dos terráqueos, informam os amigos espirituais.

Foi um tempo para o qual estava marcado no calendário profético do


nosso mundo, o final de um ciclo e o início de um outro. E isso, de fato,
realmente ocorreu — e ainda está ocorrendo — mas em níveis de
consecução difíceis de serem percebidos pelos que vivem no planeta sob a
forma de espíritos encarnados, limitados ao cérebro transitório do corpo
físico-animal que somente percebe o que os sentidos corporais permitem.

Tempo virá em que os mentores deste mundo esclarecerão o que houve


nos ambientes espirituais deste orbe — o início de uma outra etapa, sem ser
a última, do processo de reciclagem espiritual — e que repercutirá pelos
séculos seguintes.

Mas, mesmo que nada disso existisse; mesmo que tudo fosse balela
profética; ainda que tudo fosse somente produto de enganos, temos que
fazer a nossa parte na história. É imperioso que tomemos o ano de 1999
como o marco representativo do final “daquele mundo velho” ainda
presente no interior de cada um, e do início de um mundo novo, edificado
com o nosso próprio esforço, através de novas posturas, de novos ideais
com vistas ao futuro, por mais que o “11 de setembro” e a postura do
partido republicano estadunidense tenham desfigurado o novo tempo que
chegou.

Não podemos ser os mesmos até porque já não é mais a mesma a


situação política da Terra diante do cosmos. Se o mundo diante dos nossos
olhos parece permanecer o mesmo, o que se passa ao redor do nosso planeta
já não se enquadra na aparente decomposição do que resta do “bem
comum” construído pelo esforço e sacrifício de tantos. O ideais luminosos
do “Bem” e do “Belo” venceram, e sem nenhum tipo patrulhamento fascista
a nos cobrar qualquer tipo de comportamento, como fazem as religiões com
seus objetivos às vezesquestionáveis. Cumpre-nos, hoje, a obrigação de
perceber que somos cidadãos cósmicos — ou, em instância menor, cidadãos
planetários — morando transitoriamente na Terra. É imperioso percebermos
que, de fato, somos todos irmãos até porque outra solução não há para que
tenhamos um futuro enquanto família planetária.

Limpemos, o máximo que pudermos, as nossas mãos e o nosso espírito,


para que, quando soar à hora do grande reencontro com o cosmos que nos
rodeia, possamos agir sem grandes constrangimentos, sem sentimentos de
hesitação que nos paralise o espírito diante das “novidades que
inexoravelmente surgirão ante os nossos olhos”. Algumas serão agradáveis,
outras encantadoras, mas terão também as desagradáveis por força da
doença do criador deste universo.

O novo tempo requer a coragem de olhar para o futuro na tentativa dele


podermos construir com os esforços do momento presente, este sim, o
nosso grande desafio enquanto coletividade. Não podemos olhar o tempo
todo para trás, com a atenção fixada nos preceitos equivocados da visão de
mundo que ainda caracteriza a pobre, porém, orgulhosa, ótica terrena.
Podemos, apenas, retirar do passado, o devido aprendizado, mas não
devemos viver com os olhos postos no passado.

Estamos vivendo exatamente aquele momento profetizado. Há 2.000


anos atrás, as profecias falavam de um tempo futuro, e esse tempo já
chegou. Trabalhemos, pois, no nosso íntimo, o esforço constante do
melhoramento pessoal.

Não nos iludamos! Pode ser até que os cidadãos deste mundo demorem
um pouco mais do que gostariam para que possam encontrar os nossos
irmãos de outros orbes. Mas, o encontro com a própria consciência, este é
inevitável, porque a herança espiritual de cada um de nós será aferida — de
fato, já está sendo — pelos mentores celestiais.
Não é momento para acomodações nem desistências. Muito menos para
desespero. É momento, acima de tudo, de esperança e de trabalho.

Sejamos fortes! Tenhamos bom ânimo sempre e façamos algo diferente


do que até hoje fizemos: julguemo-nos cidadãos do cosmos vivendo
temporariamente na Terra. Trabalhemos pela nossa própria redenção;
esforcemo-nos, um pouco mais, no próprio melhoramento íntimo seja lá o
que isso possa significar para a cabeça de cada um. Estudemos, vamos criar
novos projetos, sonhar com novas possibilidades porque, realmente, é
tempo de sonhar o sonho edificante das realidades futuras que nos
aguardam. Entretanto, para isso, como já dito, é essencial construirmos o
presente.

Cuidemos para não traçar limites às possibilidades do momento atual.


Sejamos prudentes quando formos qualificar isto ou aquilo como impossível
para que os eventos futuros não nos atropelem a sensibilidade existencial.
Mas, já que sobre o imponderável não nos é dado ir mais além,
preocupemo-nos com o que nos é dado cuidar: a busca de conhecer a si
próprio e a insistência na prática da caridade e da tolerância. Fazendo isso,
já estaremos nos preparando para os dias que nos esperam.
Poder... Atração irresistível?

"O poder tende a corromper, e o poder absoluto


corrompe absolutamente. Os grandes homens
são quase sempre homens maus."

John Emerich Edward Dalberg-Acton

Nem sempre sabemos medir o nosso próprio tamanho o que, às vezes,


infelizmente, atrai a ajuda inconsequente de outras pessoas que, elevando o
objeto dos seus afetos e/ou dos seus interesses à alturas incompatíveis até
com as indisfarçáveis imperfeições humanas, terminam por propiciar
quedas espetaculares para o ego inflado pela bajulação alheia.

Normalmente, certas pessoas se sentem irresistivelmente atraídas pelo


poder, mas quando o possuem, dele fazem mau uso como se a atestar a
milenar incompetência da raça humana em lidar com certas questões da
vida.

Na política, nas religiões, nos lares, nas organizações comerciais, o poder


é soberanamente exercido como se existisse estatura moral para bem
exercê-lo, pois é sabido que aquele somente se sustenta existindo a base
sólida da moral, da ética e da virtude, da parte de quem o representa. No
entanto, quantos líderes do mundo religioso ou político dão conteúdo moral
e ético aos seus testemunhos quando do uso do poder temporal? Qual o
dono de organização, diretor ou chefe de família que se preocupa em, além
de mandar, aprender a corrigir-se para melhor servir e orientar? Afinal,
quantos professores foram e ainda são bons alunos?

Estranhamente, na Terra, muitos pretendem ensinar e ordenar, mas jamais


se habilitam a aprender ou mesmo a obedecer. Quando obedecem, o fazem
por estratégia e não por aprendizagem, com vistas a outros objetivos.
Poucos, afinal, buscam a sabedoria, que traduz serenidade e soberania
espiritual, e muitos se tornam sabidos, em vez de sábios, para melhor se
locupletarem das viciadas posturas terrenas. Vendem as suas almas para
ganhar situações de prestígio e de poder no mundo. Coitados!

Da maneira como os cidadãos deste planeta andam despreocupados em


relação às componentes da moral e da ética que alicerçam as atitudes
humanas nobres e produtivas, a sabedoria faz-se produto raro e os sabidos
imperam. Com eles, surge exatamente o que estamos vendo na Terra, o que,
convenhamos, é penoso à observação bem acurada.

Pensar que os sabidos de hoje aparentemente dominam o mundo, para


que os seus herdeiros continuem o exercício do império dos minimalistas
éticos, que reduzem a importância da vida humana a um mero fator de
consumo e de subserviência filosófica e moral, é constatação que dói na
alma de qualquer pai ou mãe de família que procure, na solidão das suas
existências, não contribuir para o tresloucado processo em curso nas
sociedades do planeta.

Ainda bem que existem os que se dizem modernos, mesmo que


pratiquem exatamente as mesmas coisas do passado viciado. Mas pelo
menos são "modernos”, o que nos dá a sempre e necessária expectativa —
afinal, quem vive sem elas — de que pode haver algo de novo sob o sol,
nem que seja somente o rótulo com que se investem aqueles que, por não
terem ainda tido nas mãos o poder, assim se pretendem, apesar de
preparados para repetirem as mediocridades de sempre.

Sei não! Segundo o mito de Pandora a “esperança” é um mal porque,


dentre outras razões, causa a ilusão que desgraça o mundo. Mas deixemos
isso para lá. Precisamos crescer bastante em sabedoria para melhor
entendermos essa questão que envolve o Senhor Javé.
O fato é que passei boa parte da minha vida querendo votar e novamente
meu voto de cidadão foi traído. Falsas promessas criminosamente postas na
mídia e lá vamos nós, a tal massa de manobra, facilmente manipulada pelos
sofistas dos tempos atuais que entronizaram a hipocrisia como fator
essencial ao que eles chamam de “vitória”, quando, na verdade, apenas
atesta o doloroso fracasso da expressão de uma cidadania atropelada pela
estupidez.

De fraude em fraude eleitoral, com o aplauso e a subserviência de boa


parte da imprensa mundial, muitos países estão realmente se transformando
em um grande circo no qual, mais uma vez, sob á luz festiva dos animados
discursos e dos aplausos, as bestas-feras atacam os mais fracos que,
indefesos, não sabem exatamente como as coisas chegaram naquele ponto
e, com mãos trêmulas, enquanto se preparam para aplaudir, recordam-se
que havia a promessa de um espetáculo... Espetáculo? Mas, afinal, para
quem são os aplausos? E se bem observarmos, veremos que o tragicômico
espetáculo, apesar de alegremente anunciado nas terras brasileiras,
estadunidense, italiana, venezuelana, acontece em todos os quadrantes do
planeta, desde os tempos da Roma antiga até o vôo da águia nos dias atuais.
Lamentável sob todos os aspectos.

A existência é bela e generosa. É uma pena que não consigamos


homenageá-la com as nossas atitudes.
O Oriente e o Ocidente

"As religiões, como camaleões, colorem-se das


tintas do solo que percorrem."

Anatole France

Para nós, ocidentais, as informações aqui veiculadas poderão


surpreender a muitos, pelo que nos cabe explicar a origem das mesmas:
revelação espiritual.
Por ser urgente a percepção da unidade planetária, ante è desagregação que
atualmente caracteriza o nosso mundo, é que os mentores espirituais, há
algum tempo, esforçam-se por informar, ofertando possíveis caminhos para
a reflexão quanto ao todo terrestre. A análise aqui apresentada é apenas um
dos muitos caminhos que existem para ajudar aos que desejam perceber os
painéis referentes ao porquê da atual situação filosófica e religiosa da Terra.

Poucos sabem, mas em nível muito superior ao do Ocidente, o Oriente


recebeu continuamente emissários do Alto que, conforme planejamento
realizado há mais de sete mil anos, coordenaram o fluxo de suas
reencarnações dentro de uma estratégia particular para aquela região
planetária. Na verdade, muito mais que um planejamento na época referida,
uma entidade muito especial firmou uma espécie de "compromisso" que
vinculava a sua permanência na Terra até que o torrão planetário ao qual se
afiliara, atingisse as condições morais e intelectuais necessárias à redenção.

Repetidas vezes, a falange que assessora esta entidade, encarnou em


grupo, tentando com isso, fortificar os esforços para que os resultados
fossem os esperados. Por ser esta falange — formada por cerca de quase
três dezenas de famílias espirituais — a responsável pelo Projeto Espiritual
da Índia, seus membros sempre procuraram participação ativa, acumulando
muitas vidas terrenas, o que lhes proporcionava uma média de encarnações
superior às demais famílias que se exilaram na Terra, desde tempos
imemoriais.

Tão longa é a insistência amorosa desta entidade em acompanhar e ajudar


a quantos possam dela se aproximar, que suas vidas mais remotas foram
tidas, para alguns, como lendas. Mas a verdade é sempre o que é,
percebamo-la ou não. E esta entidade vem, há muito tempo, sacrificando,
vamos assim dizer, o seu progresso cósmico — além do seu próprio bem-
estar espiritual — em benefício dos que vivem na Terra. E continuará a
fazê-lo pelo menos por mais uma encarnação, além do que já fez durante a
segunda metade do século XIX e o início do século XX, e a que está no
momento desempenhando, já que, enquanto estas linhas estão sendo
produzidas, esta entidade até bem pouco, encontrava-se reencarnada na sua
amada Índia. Refiro-me a figura de Sai Baba e o assim o faço por uma
questão de obrigação moral.

Explicando melhor, começo por afirmar que não sou devoto de Sai Baba
e por questões de temperamento não consigo ser de ninguém —
provavelmente pelo que ainda me resta de orgulho espiritual, o que
reconheço. Mas sou dos que pensam que entre o ser terreno e o “Pai Mãe
Amantíssimo” há só um caminho pessoal a ser percorrido, sem maiores
intermediações. Contudo, por vivências ocorridas nos ambientes espirituais,
as quais tive a graça de relembrar-me mesmo na minha condição de espírito
encarnado, pude perceber o quão grandioso é o porte moral e vibratório
desta entidade, sendo mesmo, incompatível, o que lá percebi, com alguns
comentários, soltos ao vento da irresponsabilidade de alguns poucos, que
procuram denegrir a sua imagem terrena. Que seja!Até porque cada um dá o
que tem! O interessante é que, mesmo sob a égide da ótica que nos move o
tirocínio aqui na Terra, a obra social, educacional, filosófica e espiritual de
Sai Baba fala por si só, sendo mesmo desnecessário algum tipo de defesa.
Afinal, o que têm a apresentar aqueles que o acusam? Curioso: estes quase
nunca fazem nada, apenas jogam pedras.

Por ter tido a graça de perceber que na atualidade terrena um ser muito
especial encontrava-se em missão amorosa e esclarecedora na Terra é que
me obrigo a pelo menos chamar a atenção para o seu testemunho pessoal,
credor de todo reconhecimento, pelo menos de minha parte. Quão grande
ele é não me é dado aquilatar, já que o menor não pode medir o maior.
Entretanto, sei quando estou na frente de alguém que me é muito superior
em estatura moral, espiritual e intelectual. Feita a presente ressalva retorno
ao desenvolvimento da ideia central do presente artigo.

O plano do Mais Alto para aquela região sempre foi a de construir um


repositório seguro de testemunhos, elucidações e esclarecimentos para
serem trabalhados e posteriormente distribuídos para toda a humanidade já
que esta ainda não temideia do que a envolve, em termos de problemas
cósmicos e espirituais. Há, contudo, um outro aspecto de ordem estratégica.

Em tempos imemoriais, uma das partes mais desenvolvidas do mundo era


exatamente onde hoje se encontra situada a Índia, além das regiões do
Nepal e do Tibete. Ali, as forças trevosas há muito atuantes na Terra
concentraram as suas falanges, e verdadeiras fortalezas imperceptíveis aos
olhos físicos, foram edificadas nos ambientes espirituais vinculados àquela
região, e até os dias atuais subsistem como um já enfraquecido reduto
trevoso, do qual muita emanação negativa a todo instante é distribuída
próxima à região da Caxemira.

Ao tempo de Rama, tido equivocadamente como lenda, ainda em época


anterior à de Krishna, foram também ali construídas cidadelas luminosas
onde servidores dos Mestres da Luz — que procuravam ajudar aos seres
que de há muito haviam sido congregados na Terra — desenvolviam os seus
melhores esforços para fazer frente, de maneira fraterna, às hostes trevosas.

Ocorreram lutas complicadíssimas travadas tanto nos ambientes


espirituais como nos terrenos. E foram naqueles tempos que, pela
insistência das trevas em fixar o seu quartel-general nas regiões do Oriente,
com focos no Oriente Médio e na região já referida, a Espiritualidade Maior
viu-se obrigada a também enveredar os esforços necessários para fixar ali
parte de seus quadros.
Superintendendo esse trabalho, a entidade luminosa a que estamos nos
referindo, assumiu a responsabilidade de, até o final dos tempos
problemáticos, até que a Terra conseguisse se elevar na eterna trajetória da
progressão dos mundos espalhados pelo universo, aquele ser ali trabalharia,
juntamente com os demais membros de algumas famílias espirituais que se
congregaram em torno de sua augusta figura.

Por essa época, aproximadamente há oito mil anos atrás, verificou-se a


necessidade da elaboração de alguns projetos de cunho espiritualista e
educacional, conforme estratégia do Mais Alto perante o inevitavelmente
seria feito a partir da vontade de Javé.

Era necessário fomentar no planeta as bases onde seriam depois


estruturadas, o que viriam a representar parte das principais religiões
terrenas à exceção das que nasceriam a partir da interferência do Senhor
Javé.

Com este fim, a Espiritualidade preparou alguns projetos espirituais para


serem postos em prática, quando houvesse condições para tanto: os da
Europa, os da Ásia e os do Oriente Médio. Os que foram programados para
o continente americano simplesmente não vingaram.

Porém, desde a derrocada Atlante até a formação das cidades estados da


Grécia, ao tempo de Atenas e Esparta, não houve uma só época desse longo
período histórico — mais de dez mil anos — em que houvesse sido criadas
condições para que um plano espiritual com o fim de redenção planetária
pudesse ser executado no palco terreno. Ao longo desses milênios, diversas
ocorrências totalmente desconhecidas ao conhecimento moderno tiveram
lugar entre os povos de então e o grande problema é que entre “esses
povos” nem todos eram formados por homo sapiens.

São temas tão intrigantes relativos a um período histórico ainda por ser
entendido e esclarecido pela ciência, em que emissários dos céus vieram à
Terra, alguns encarnaram enquanto outros simplesmente aqui chegaram e
deixaram mostras das suas presenças na região da mesopotâmia, como
também em outros lugares. Entretanto, dentre muitas personagens
enigmáticas desse período, como as de Enlil e Enki, da história dos
sumérios, existem outros dois personagens que, quando tiverem as suas
vidas e o legado por eles deixados convenientemente entendidos, o elo
aparentemente perdido que temos em relação ao nosso próprio passado —
extraterreno — será refeito. Referimo-nos às figuras de Rama e de Enoch.

Rama, sob certos aspectos, libertou o mundo de um verdadeiro “inferno


político” que, se realmente efetivado, todo o planeta teria se tornado o palco
de um novo império planetário completamente envolvido com preceitos
trevosos. Mas essas informações pertencem a um outro contexto
esclarecedor. Por enquanto, importa saber que Rama, além de impedir o
avanço dessas forças, reorganizou algumas regiões do planeta situadas entre
a Europa e a Ásia, em especial, edificando as possibilidades melhoradoras
para o porvir.

Com Enoch, veio o primeiro anúncio das iminentes — em termos


cósmicos — vindas à Terra do “enviado dos céus”. Caberia também a ele
deixar um conjunto de focos renovadores com vistas ao progresso
planetário. Dentre muitos trabalhos por ele realizados ainda por serem
entendidos pelos que vivem na Terra, deixou um legado de 366 livros que
se perderam na noite dos tempos. Se a alguém interessa saber, o plano do
Mais Alto para tornar possível promover, no futuro longínquo do tempo
terrestre (época atual), o fim do isolamento do planeta, para que o mesmo
voltasse a fazer parte do circuito do intercâmbio cósmico, começou mais
diretamente, com a encarnação de Enoch.

Antes dele, no que concerne à História dos sumérios, tudo foi apenas
transição para tornar possível a tarefa de Enoch. Naquela época, as atuais
religiões, da forma como hoje as conhecemos, sequer existiam.
Apesar de terem vivido em épocas distintas, Rama e Enoch deram início
à atual situação religiosa do mundo — em especial a que vingou até o
período do “crepúsculo dos deuses” há cerca de 2.700 anos — sem que
disso o conhecimento moderno tenha a menor consciência.

E foram muitos os projetos educacionais-religiosos que terminaram


surgindo por meio da iniciativa de algumas das divindades envolvidas com
o progresso terráqueo, como também pelo trabalho de seguidores, a saber:

—No Ocidente: Pitagóricos, Druidismo, Catolicismo, Protestantismo e


Espiritismo.

— No Oriente-Médio: Hermetismo, Zoroastrismo, Judaísmo,


Cristianismo e Islamismo.

— Na Ásia: Brahmanismo, Taoísmo, Confucionismo, Hinduísmo,


Budismo e Xintoísmo.

Dessa maneira, as regiões do Oriente e do Ocidente, conforme se


alternavam os focos progressistas no concerto das nações terrenas, recebiam
os emissários do Mais Alto que sempre encarnavam com o objetivo maior
de educar, fornecendo meios para o esclarecimento como também para a
elevação interior. Assim foi inclusive e principalmente com aquelas
advindas da hierarquia do Senhor Javé.

Por força da diversidade cultural existente entre as muitas regiões e


culturas da Terra, jamais foi possível ao longo dos períodos históricos a
promoção de um ensinamento único de caráter filosófico ou mesmo
religioso, que pudesse ser utilizado em benefício de todos. Devido à
desagregação existente — que desde as etapas iniciais das comunidades
primitivas, ainda nos primórdios do processo de organização dos povos
sempre apresentou-se como sendo uma característica inevitável — foi que
os missionários celestes passaram a se dedicar a segmentos distintos do
grande projeto de espiritualização planetária.

Esses seres que estão por trás de todas as religiões referidas, como
também dos movimentos que se seguiram às mesmas, jamais optaram por
beneficiar alguns preterindo outros, apesar de que nesse aspecto existe a
indisfarçável exceção das religiões exclusivistas construídas a partir do
temperamento de Javé.

As questões de vínculo entre esses espíritos de escol e as nações terrenas


que os receberam correm por conta da necessidade inevitável de ter que se
nascer no seio de alguma família que fatalmente haverá de estar vivendo em
algum lugar. A questão da nacionalidade dos fundadores religiosos, sob a
ótica terrena, assume um papel completamente deturpado em relação à
verdade dos fatos.

Sob a ótica da Espiritualidade, o importante sempre foi promover focos


de esclarecimento que pudessem ofertar oportunidades de melhoria para os
habitantes de qualquer quadrante terreno, única maneira de proporcionar as
condições necessárias para a evolução espiritual.

Se bem percebermos, existiram diversos períodos históricos em que


algumas partes do planeta apresentavam acentuado nível de progresso
enquanto que em outras a tônica era o atraso. Em outros momentos,
alternavam-se esses polos de desenvolvimento, o que provocava uma
continuada instabilidade para o processo histórico.

Em um desses últimos movimentos, quando Bagdá, por volta do ano


1000, era considerada a “cidade luz” de toda a Terra, e a Europa um
continente subdesenvolvido, o mundo, em linhas gerais, e conforme o
padrão de desenvolvimento da época, parecia estar passando por uma
situação inversa a que se verificou ao longo do século XX, quando a
América do Norte e a Europa formavam o Ocidente desenvolvido, enquanto
que as nações do Oriente apresentavam no geral um nível inferior de
progresso.

Há cerca de mil anos atrás, situavam-se em algumas regiões do Oriente


os polos de conhecimento mais avançados, além do nível cultural e do
modus vivendi superior dos orientais se comparado ao dos ocidentais.
Enquanto na cidade do Cairo, no Egito, era fundada a primeira
universidade, a Europa vivia em plena barbárie cultural e moral, à exceção
de alguns poucos focos de resistência intelectual teimosamente fixados em
algumas cidades, já que o analfabetismo atingia a praticamente toda a
população européia.

No próprio continente americano algumas culturas que ali se


desenvolveram, conseguiram, sob certos aspectos, na altura do tempo a que
estamos nos referindo, um melhor nível de vida do que o verificado na
Europa. Ainda assim, nada se comparava ao surto intelectual que ocorria
em algumas regiões do Oriente, em especial no Oriente Médio.

Com tudo isso, apesar de todas as alterações no processo histórico, a


Espiritualidade sempre cuidou em semear em todas as regiões, o que era
possível de ser ofertado em termos de ajuda e esclarecimento. Contudo, por
questões que precisam ser melhor analisadas pelo Ocidente, durante os
últimos três milênios, quem sustentou o nível de espiritualidade planetário
foram, praticamente, as culturas Orientais.

É curioso perceber a maneira aparentemente superior com que o homem


ocidental dirige o seu olhar para as tradições culturais, por exemplo, da
Índia. Somente por profunda ignorância quanto ao passado e
desconhecimento quanto ao que ocorre no presente, é que fatos desse tipo
podem ocorrer.

Entendamos ou não, sob a perspectiva dos mentores espirituais a parte


espiritualizada da humanidade não é a ocidental, apesar desse aspecto não
ser aceito por bloqueios criados pelo orgulho intelectual que tanto tem
caracterizado a postura dos ocidentais diante da aparente "postura
simplória" dos orientais perante da vida.
Em termos de perspectiva histórica, o mundo ocidental somente começou a
se espiritualizar há menos de dois séculos, enquanto que no Oriente, este
processo já ocorre há mais de dois mil anos.

Poucos conseguem perceber que o projeto executado por Jesus não


logrou atingir os resultados por ele desejados. Os próprios seguidores, com
a melhor das intenções, também não souberam dar continuidade aos temas
centrais dos seus ensinamentos que visavam a espiritualização de todos. Ele
próprio percebeu isso em vida, quando acenou com a sua promessa de
enviar o Consolador a título de complemento ao seu legado.

Com a morte de Jesus, o cristianismo começa a se expandir com o passar


dos séculos, porém sem levar consigo a doutrina testemunhada por Jesus.
Expandiu-se a religião formada a partir do seu testemunho mas não os seus
ensinamentos, que passaram a compor um conjunto secundário para ser
recitado, não praticado. Dessa forma, a religião cristã tornou-se estatal
exercendo o seu império durante os dois milênios pós-Cristo. Contudo, não
espiritualizou o mundo ocidental.

Poucos percebem, mas encontra-se em curso um trabalho referente a uma


tentativa de se reunir em um só corpo de esclarecimento, todo o
conhecimento espiritual registrado nas tradições tanto orientais como nas do
Ocidente. Alguns dos espíritos que irão realizá-lo já estão vivendo entre
nós, sem, contudo, terem consciência da tarefa. Mas, por pouco tempo. No
momento propício, trabalharão sem estar vinculado a nenhum movimento
religioso e o farão de tal maneira que o fruto dos seus esforços, a seu turno,
servirá como alimento espiritual a preencher um vazio antigo que existe na
alma de todos os que vivem na Terra. Este projeto pretende fortalecer as
religiões — caso estas permitam — apesar de, paradoxalmente, não estar
vinculado a nenhuma delas, pois sabe-se, pelo hábito cultural dos espíritos
de há muito congregados neste orbe, que as religiões, mesmo da forma
como são praticadas, ainda farão parte do contexto terrestre até que os que
aqui vivem se percebam como uma só família planetária.

E será exatamente para realçar este aspecto da cidadania terrestre que os


eventos cósmicos por ocorrerem — preparativos da reintegração da Terra à
convivência com as demais famílias extraterrenas — terão o condão de
revelar aspectos pertinentes ao homem, à vida, ao ser criador deste
universo, à Deus e ao cosmos, renovando as oportunidades educacionais
para que as gerações do futuro cresçam já sob a égide da consciência da
cidadania cósmica, que é a que verdadeiramente nos marca apesar de
sermos cidadãos planetários exercendo esta cidadania momentaneamente na
Terra.
Essa série de acontecimentos dar-se-á da maneira mais suave possível, sem
altercações, porque tudo o que é promovido sob os auspícios do Mestre
Jesus tem a sua marca indelével de ternura, suavidade e amor — e assim
será no dia do seu retorno.

O conjunto de eventos aqui vislumbrados terá a função de construir uma


nova base sob a qual se assentará a perspectiva cósmica e espiritual que
haverá de abraçar a todas as religiões existentes. Mas será isso exequível?

Na perspectiva de que tudo o que está sendo revelado venha de fato a


acontecer, como deverão se comportar as religiões da Terra? Como elas
poderão evoluir junto com os fatos? E, se contra fato não poderá haver
argumento, qual será o panorama religioso do futuro terrestre após a
consumação da promessa do Cristo de retornar religando o nosso planeta à
convivência com as demais civilizações do cosmos?

O futuro breve dirá!


Onde falham os Homens

"É muito mais fácil reconhecer o erro do que


encontrar a verdade; aquele está na superfície e
por isso é fácil erradicá-lo; esta repousa no
fundo, e não é qualquer um que pode investigá-
la."

Goethe

Sob certa ótica de análise, em especial a de um grupo de espíritos que


compõem um dos segmentos da hierarquia espiritual que coordena os
esforços de redenção planetária, um dos maiores problemas que tem
caracterizado a vida dos homens e mulheres ao longo dos últimos milênios
é a estranha tendência que o ser humano tem de transferir para terceiros o
que seria de sua própria responsabilidade fazer.

Explicando melhor. Quando alguém se vincula, por exemplo, a um certo


grupo religioso, a partir de então surge a estranha tendência em se submeter
aos ditames das autoridades daquele credo. Serão os prepostos daquela
religião que irão ditar o que pode e dever ser pensado, acreditado e
praticado.

Essa aparente transferência do que, diante das leis cósmicas, é


intransferível — a responsabilidade inalienável de cada ser humano em
assumir este ou aquele comportamento diante da vida — tem provocado, ao
longo do tempo, uma tendência ao domínio e à manipulação das mentes das
pessoas que facilmente sucumbem ante o que julgam ser o correto,
submetendo-se ingênua e irresponsavelmente aos “representantes do que
julgam ser o certo”.
Em contrapartida, os que procuram seguir os caminhos por eles mesmos
criados, sem a submissão de suas sensibilidades pessoais a autoridades
terrenas, têm sido excluídos — e não poderia mesmo ser diferente — de
muitas possibilidades no campo da troca de informações e de vivencias,
questões pontuais para o progresso das pessoas. Infelizmente, e isso é
somente um aspecto emblemático da ignorância humana, os interesses
inconfessáveis de algumas elites religiosas, quando dominadas pelos
tentáculos das suas grandes organizações, fecham as suas portas para os que
não lhe são considerados fiéis, o que provoca a exclusão e a intolerância.

Certo é também que alguns se entregam desse modo pouco refletido por
acreditar ser uma atitude produtiva para os seus espíritos o ato de
humildade e de contrição de se submeterem ao jugo das verdades assim
interpretadas por outrem. Em alguns casos, dizem os espíritos, esta atitude
pode ser até benéfica, levando-se em consideração que, para o “marco
espiritual de certas individualidades”, talvez seja o caminho menos ruim a
percorrer dos que lhe estão disponíveis na cultura da Terra.

Os mentores afirmam que, aquele que se vincula a qualquer um dos


diversos caminhos religiosos terrenos, quando faz da sua obediência às
ordens e às imposições comportamentais sejam exteriores ou interiores da
linha de credo a que pertence, um exercício espiritual de humildade e
resignação construtivas, está, na realidade, vivendo de forma digna a sua
“fé pessoal”, o que traz sim profundas repercussões positivas nos
compartimentos do seu próprio espírito, independente de tudo o mais.
Contudo, quando a submissão se dá por pura comodidade espiritual, ou
mesmo de ordem intelectual, normalmente esses comportamentos têm
atrasado por demais a evolução de um incontável número de habitantes
deste orbe.

Muitos, com tal comportamento, em vez de desenvolverem a “habilidade


espiritual” de acenderem a sua própria luz terminam por apagá-la, já que
dependerão sempre do poder ou da autorização alheia para poderem
suportar a vida, e não necessariamente vivê-la de maneira produtiva.
Somente os segmentos religiosos que procuram despertar nos seus fiéis a
responsabilidade de cada um buscar por si mesmo a sua rota de ascender ao
“PaiMãe Amantíssimo”, propiciam uma profissão de fé capaz de produzir
bons frutos, mesmo que dentro dos limites fixados por aquele credo.
Quando não, por injunções de obediências estéreis a valores emanados das
próprias conveniências humanas, mas tidos dogmaticamente como sendo
emanados de Deus — o que não é verdade já que o verdadeiro Deus nada
impõe a quem quer que seja — a prática religiosa tem se revelado um
grande contra-senso se por isso entendermos que, em alguns casos, melhor
seria não se filiar a nenhuma religião, buscando melhorar-se, enquanto
pessoa, por outros caminhos da vida, posto que existem, e são muitos.

Os intermediários entre os fiéis e Deus são quem têm desfigurado por


completo a função do ser humano na Terra, apesar de que alguns o fazem de
boa fé por confundirem o ser criador universal chamado Javé (ou Brahma,
ou Alá) com o verdadeiro Deus Pai e Mãe Amantíssimo, o Incognoscível, o
Verdadeiramente Eterno, e que nada tem a ver com o que é feito na Terra
em seu nome. O fato é que a submissão de muitos seres humanos a esses
intermediários é que tem contribuído decisivamente para o atual estado de
coisas no nosso mundo. E todos nossos espíritos têm falhado, seja em um
ou noutro papel, ao longo das vidas.

Se a dominação fosse benéfica para o espírito, não tenhamos dúvidas, o


próprio Pai Celestial e seus Prepostos de há muito já teriam tomado as
providências necessárias para que a população terrestre vivesse sob o jugo
de alguma organização sideral. Contudo, a que existe, advinda da imposição
do Senhor Javé nisso não se enquadra por ser um equivoco cósmico sem
precedentes.

Se imposição de algum tipo de jugo sobre a massa humana fizesse bem à


humanidade, Jesus e tantos outros mestres espirituais que aqui estiveram,
teriam obrigado e subjugado a quem quer que fosse para forçar o ser
humano a seguir por este ou aquele caminho. Mas exatamente Jesus foi
quem mais cuidou para deixar claro que ele ali estava para dar tudo o que
tinha sem nada pedir em troca, sem nada esperar ou exigir de ninguém, sem
nem mesmo impor as suas opiniões pessoais e sem se imiscuir na vida de
quem quer que fosse e, observemos que ele sabia e sabe das coisas
terrestres e celestes e, ainda assim, jamais forçou alguém a fazer qualquer
coisa ou assumir tal comportamento. Por que ele agiu assim, ainda sabendo
que estava “desobedecendo” ao “seu pai Javé” que sempre desejou que o
seu “enviado” utilizasse os “seus superpoderes” para dominar os
indisciplinados terráqueos? O problema foi e é tão sérioque, sob uma ótica
celeste difícil de ser vislumbrada pelo pensamento comum dos que vivem
na Terra, o Mestre foi crucificado exatamente por ter desobedecido àquele
que o enviou. Foi a este que Jesus pediu que, se possível, o seu “cálice”
fosse suavizado ou mesmo evitado. Contudo, ele mesmo deixou registrado
que estava na Terra para cumprir a “vontade” daquele que o enviara. O que
Jesus não pode deixar claro na época é que “essa vontade” era doentia,
como ainda o é.

Pelo simples fato de Jesus saber como ninguém, que a adesão ao reino de
amor e paz que tem no Deus Incognoscível, o foco criador e mantenedor de
tudo o que existe — e Jesus é uma das personalidades que mais representam
este “reino” na Terra, apesar de também ter se apresentado como enviado de
um outro reino (menor e problemático) do ser criador deste universo —
somente se dá através de uma atitude espontânea do ser, e não por
imposição desta ou daquela ordem, aspecto que contraria profundamente
aos ditames do Senhor Javé, criador deste universo.

Poder ele tinha e tem, mas não o utilizou para dominar a quem quer que
fosse.

Assim, o domínio e a manipulação das mentes somente interessa a quem


é ignorante e/ou doente (sob a perspectiva espiritual) no que se refere a
aspectos da verdade cósmica. Somente o esclarecimento pessoal ratificado
por uma conduta reta e digna durante as vidas terrenas haverá de conduzir o
ser humano ao correto rumo da ascensão espiritual.
Não foi por menos que os espíritos codificadores intuíram à Kardec
estipular o seguinte lema para os que abraçassem o estilo de vida proposto
na codificação: “espíritas, buscai o autoconhecimento e a prática da
caridade”, porque sabiam e sabem os espíritos que somente o esforço
pessoal de melhorar-se é o fator que poderá promover o progresso pessoal e
coletivo dos que vivem na Terra. Não há outro modo!

Mas, por que o “autoconhecimento” e a “prática da caridade”? Porque


vivemos num mundo onde a miséria material — tanto quanto a espiritual —
grassa por toda a parte, e é sabido nos ambientes espirituais que é
impossível evoluir sem atenuar, nem que seja através da simples caridade
material, a fome e a miséria de muitos, um pouco que seja, ainda que isso
provoque “outros problemas comportamentais”. Afinal, na situação terrena,
para o espírito evoluir é preciso ter um corpo minimamente habilitado à arte
de viver, nem que seja à custa da caridade alheia, ou mesmo que esta venha
a causar posturas íntimas inadequadas aos que se acostumam a muito pedir
e a muito receber. Mas não há outra alternativa, pelo menos por enquanto.

Óbvio que a expressão “caridade” utilizada por Kardec diz muito mais da
“tolerância moral” e “elegância espiritual” do que propriamente com o lado
assistencial, mas deixo aqui apenas esse registro para a reflexão dos que são
hábeis em “dar esmolas” mas não conseguem ser tolerantes (caridosos) para
com quem pensa diferente em relação as opiniões que lhe são próprias —
sentido maior da verdadeira caridade moral.

Buscar o autoconhecimento é, acima de tudo, esforçar-se por melhorar a


própria conduta diante da vida e dos que nos rodeiam. O questionamento
produtivo, a prudência intelectual e psicológica, a tolerância, a habilidade
de saber discordar sem destruir, o respeito ao próximo independente de tudo
o mais são conquistas no campo do comportamento que somente o esforço
individual consciente — e não imposto por nenhuma religião, até porque os
seus prepostos não conseguem isso predicar nem praticar — há de erigir no
íntimo de cada um esse “patrimônio espiritual” que um dia será o “tesouro
moral” desta humanidade. Este é o único “patrimônio valoroso” que
carregamos para onde formos. É somente isto que conseguimos levar
conosco na hora da morte do corpo físico e não as riquezas materiais.
Somente as riquezas de ordem espiritual, ou as mazelas, estão
indelevelmente marcadas no nosso espírito, o resto pertence ao reino da
matéria e não ao da alma.

É de boa prudência questionar a respeito de quais são, na verdade, as


religiões que desejam e promovem oportunidades para que os seus fiéis
procurem o autoconhecimento se muitas delas sequer permitem o ato de
questionar, já que impõem seus dogmas como sendo regras de conduta
infalíveis. É mais prudente ainda que cada ser humano reflita sobre a
questão sem que seja outrem a posar de “juiz da verdade” e lhe apontar os
equívocos da sua religião de preferência.Isso somente tem aumentado a
intolerância religiosa. Contudo, para a “gente adulta” deste mundo, os fatos
falam por si mesmos, e tempo haverá em que o ser terráqueo percebera que
o único templo que realmente existe para homenagearmos o Sagrado se
encontra no íntimode cada um de nós. O resto é mera construção humana e
de outras mentes bem intencionadas mas apartadas da luz do esclarecimento
espiritual que liberta e dignifica e não aprisiona nem cretiniza ninguém.

Portanto, como já referido anteriormente, as pessoas têm transferido para


as autoridades religiosas assim consideradas, os papas, os cardeais, os
padres, os pastores, os médiuns, os dirigentes de centro, dentre outros, a
responsabilidade de descobrir o que é certo e o que é errado; do que pode e
do que não pode ser feito; enfim, de como devem ou não levar adiante as
suas vidas.

Será que é realmente este o papel das religiões? Se os que estão à frente
dos movimentos religiosos também são pessoas imperfeitas e necessitadas
de esclarecimento, será crível que estas se presumam como condutores das
demais? Como poderá o Mais Alto aplicar a consequência da lei ensinada
por Jesus de que “será dado a cada um conforme as próprias obras”, se o
mérito pelo que se pode fazer ou não, será, neste caso, dos que determinam
o que pode ser feito e não dos que simplesmente obedecem? Qual o mérito
que poderá ter um ser pensante que anestesia a herança que recebeu do
verdadeiro Deus — que jaz latente como herança divina no seu espirito e
que o motiva a pensar e a ser responsável por si mesmo — se este repassa
para a autoridade religiosa, por comodidade ou por ignorância, a tarefa de
determinar quais os valores corretos da vida humana?

Historicamente, os seguidores de qualquer religião não têm conseguido


levar adiante, sem maiores distorções, os verdadeiros propósitos dos
missionários que edificaram na Terra os objetivos do Mais Alto. Se os
seguidores a tudo desfiguram, e esta constatação faz parte da nossa própria
história, como podem estes pretenderem guiar a outrem se são cegos
guiando outros cegos? Aonde isso vai dar? Quais os frutos que esse
equivocado processo terminou por produzir ao longo da História? Se essa
forma de agir estivesse correta será que nos encontraríamos no estado
caótico em que ainda estamos?

Sob a ótica espiritual, é simplesmente doloroso observar o grau de


manipulação a que se submetem as pessoas. Chega a ser mesmo deprimente
perceber que “essa mania” repousa numa herança genética complicada
presente no DNA da espécie humana.

Precisamos entender que o homem é o sujeito da sua própria história, e


nesse aspecto reside o maior mistério da sua existência, ainda que para isso
tenha que superar as tendências inatas a sua condição humana, exatamente a
que é imposta aos nosso espíritos a cada vez que reencarnamos e
assumimos um corpo animal cujo DNA é herança da doença que marca a
“condição pessoal” do ser criador deste universo. Sobre esse assunto tenho
procurado semear a necessária reflexão em torno do mesmo em alguns
livros já publicados como “O Drama Cósmico de Javé”, “ O Drama
Espiritual de Javé”, “Jesus e o Druida da Montanha”, dentre outros
publicados e ainda por serem editados.

Deus, o “PaiMãe Amantíssimo”, é o Senhor de todos os processos se por


isso entendermos tudo o que existe. Porém, deu as divindades e aos seres
evolutivos criados por essas divindades (o ser terráqueo é um exemplo
disso) o poder de ser o deus da sua própria jornada pessoal pelo cosmos e
pela eternidade afora. E o pior — ou o melhor —, com o poder de interferir
na vida do próximo, positiva ou negativamente, aspecto que sequer Deus se
permite fazê-lo, pois nunca prejudicou “nem ajudou” (no sentido
irresponsável) a quem quer que seja já que Ele tudo deu e dá, mas o resto é
conosco (com cada um). E eis o grande mistério do poder que é inerente ao
homem: sobre o que foi criado por Deus, foi dado às divindades e ao
homem o poder de dirigir, de manipular, de ordenar o destino.

O homem não tem o poder de criar seja o que a divindade conhecida


como Javé edificou ou, mais ainda, o que Deus, o Incognoscível, criou,
contudo, tem o poder de destruir algumas expressões do que foi criado, e
nesse aspecto reside um grau de responsabilidade que passa ao largo da
apressada e superficial razão humana e sequer por esta é percebido. Razão
que desconhece essa responsabilidade pelo simples motivo de sequer saber
ao certo se Deus de fato existe, se as tais divindades co-criadoras existem e
se podem errar de modo aparentemente tão absurdo — como no caso deste
universo — se existe uma justiça cósmica ou divina, qual seria a origem do
homem, qual o significado da vida, qual a função do ser humano na Terra e
se existe vida antes e depois da vida terrena. Enfim, por um estranho
conjunto de razões não é dado ao ser terráqueo saber mesmo coisa alguma.
Mas isso acabou: é a hora da Revelação Cósmica!

O curioso é que, ainda assim, sem saber absolutamente nada a respeito de


coisa alguma referente a si mesmo e ao significado do universo que o
envolve, o homem destrói o seu semelhante por motivos os quais, na
verdade, sequer ele mesmo entende — porque se entendesse, seria a
situação mais emblemática do que entendemos por loucura ou doença, mas,
neste mundo, quem não se acha normal? Ou seguindo a percepção genal de
Rene Descartes, quem não se acha o rei do bom senso? Será, portanto, que
o homem tem conseguido se auto-avaliar, já que desconhece quase que por
completo a si mesmo? Óbvio que não! No entanto, já conseguiu
desenvolver e produzir, ao longo da História conhecida, com graus de
requinte e de sofisticação macabra, todas as maneiras de fazer sofrer e de
prejudicar o seu semelhante e, paradoxalmente, jamais desenvolveu — e
nem se preocupa — com questões referentes à evolução de si mesmo, do
melhoramento do ser humano. Afinal, o que neste planeta é feito em função
do ser humano?

Essa preocupação é tida como coisa de filósofos, de religiosos e de


sonhadores. Para alguns, sequer religiosos e filósofos se enquadrariam
nessa assertiva porque somente os utópicos é que ainda acreditam, esperam
ou se esforçam inutilmente pelo melhoramento do homem que jamais virá.
Mas, quem foi mais utópico de Jesus?

Afinal, que tipo de natureza responde pela raça que somos, se somente os
mais capazes — entenda-se, os mais ferozes, os mais predadores, os mais
violentos, os mais espertos — são os que conseguem vencer o desafio
evolutivo? Será uma natureza doentia? Óbvio que sim! Mas onde ela se
encontra residindo? No DNA que marca a todas as espécies da natureza
terrestre. Mas, quem criou esta natureza? Pouco importa mas seja lá quem
tenha sido o seu DNA que foi semeado na erra há 3,8 bilhões de anos atrás
é o detentor de todas as doenças que sempre marcaram e ainda marcam a
absolutamente tudo de vivo que venha a existir neste mundo. Se assim é,
para que existir um Jesus, um Sócrates, um Gandhi? Esses “derrotados de
sempre” que nem talento competitivo tinham para fazer frente aos mais
violentos, pois que sucumbiram diante de sua força e poder, para que eles
servem?

Será que estamos aqui nos defrontando com duas naturezas: uma de
ordem puramente animal via o DNA já referido e outra de cunho espiritual?
Será que, na primeira, somente ganham os mais habilitados à destruição? E
na segunda, somente são vitoriosos aqueles que paradoxalmente funcionam
durante as suas vidas de maneira oposta aos vitoriosos da natureza terrena,
pois que jamais destroem, são aparentemente ingênuos, perdoam sempre,
amam até aqueles que lhe fazem o mal? É mesmo curioso e tragicômico: na
Terra profundidade moral e filosófica é confundida com ingenuidade!

E quanto ao homem, será que pelo fato de ser na sua expressão corporal
um animal, traz na essência química do seu corpo a tendência à destruição,
e por isso quanto mais violento, forte e dominador ele for, melhor será para
ele? Será que é isso que devemos entender como sendo o significado da
vida na Terra? Será que os postulados de Charles Darwin servem também
para a espécie humana?

Mas o homem possui na sua realidade intrínseca um ser que pensa, que
através da forma com que reage diante da vida — o seu psiquismo —
envolve-se com as emoções e as sensações que determinam a explosão da
química corporal que o predispõe ao sexo, ao conflito e ao medo. Se há algo
que pensa no homem, e se é isto que o diferencia dos animais, não caberia a
essa faculdade singular, diante da natureza terrestre, arquitetar exatamente o
caminho oposto às tendências corporais para educar a sua natureza animal?

Se assim é, deverá ser por isso que alguns homens procuram, conforme a
ótica do mundo, perder quando podiam ganhar, sofrer para evitar o
sofrimento alheio, não esperar nada de ninguém preocupando-se somente
em dar, expressando durante as suas vidas um aparente contra-senso, uma
verdadeira violência com a sua aparente natureza animal que o predispõe
sempre à violência e à competição?

Mas se na Terra somente os mais egoístas e os mais espertos conseguem


levar vantagem para sobreviver, conforme o jogo das leis da Terra, como
pode alguém pretender ensinar o contrário disso, ou seja, a bondade, a
humildade e o amor? De que servirá tudo isso se na Terra para nada vale, a
não ser atrair todo tipo de problema para os que assim professam?

Neste mundo, todos sabemos, somente os mais habilitados na arte da


sobrevivência, ao custo da própria vida alheia, são os que vencem. No jogo
da vida, da forma que o exercitamos, não é um mais um, mas sim, um ou
outro. Se assim é, e de fato é, como podem Jesus e outros mestres
pretenderem que abramos mão da necessidade que temos de sobreviver e
deixemos de ser “um” para que os outros sejam “alguns”? “Perder para que
os outros ganhem quando eu poderia ganhar? – nem pensar”.
Esses grandes instrutores da humanidade pretendem fazer com que os
homens melhorem a si mesmos e que possam ou venham um dia a perceber
que, apesar de viverem na Terra, em um corpo transitório notadamente
animal, esforcem-se por ter a necessária consciência para perceber também
o espírito eterno que não pertence à natureza terrestre, mas sim a uma outra
ordem de fatores que nos escapam a percepção. Donde se conclui que,
segundo o que advogam, a vida na Terra é só uma passagem para o espírito
e, se este se entregar aos ditames das leis que valem para os corpos animais
“não-pensantes” da natureza terrestre, estará se vitimando naquilo que lhe é
mais caro: na essência da sua própria alma que evolui conforme o arbítrio
de outras leis que não aquelas da natureza terrena.

As leis que valem para a evolução deste espírito são completamente


inadequadas para quem vive na Terra já que pregam o altruísmo e a
solidariedade. Mas como ser altruísta e solidário se todo mundo ao redor é
esperto, hipócrita, falso e violento? É nesse ponto que reside o grande
desafio existencial para os nossos espíritos que, apesar de serem espécies de
deuses, vivem submetidos aos ditames de corpos animais e, como estes,
com as suas necessidades, suplantaram as discretas e aparentemente
escondidas possibilidades da nossa perspectiva espiritual, estamos, na
atualidade, vivendo de maneira tal que sequer os animais “não-pensantes”
terrenos ousariam. E tudo é considerado “normal e comum”.

Mas se somos espécies de deuses, por que estamos submetidos a este tipo
de vida animal?

Existem muitas explicações para isso, porém todas enquadradas em


questão de crença religiosa já que a ciência ainda não logrou descobrir as
explicações para o fato. Contudo, a chamada rebelião de Lúcifer — a
doutrina dos anjos decaídos — é uma boa pista.

Como ficamos então? Mesmo sem saber de muita coisa temos que viver.
Enquanto vivemos em um mundo cuja natureza impiedosamente nos
convida à barbárie, o que devemos fazer, entregarmo-nos ao caos e com ele
contribuir com as nossas atitudes mesquinhas, egoístas, violentas, a título de
sobrevivermos, ou simplesmente procurar, mesmo sabendo que por aqui
não se haverá de ganhar muita coisa, viver acima das circunstâncias,
amando quando muitos odeiam, dando quando muitos somente querem
receber, perdoando as agressões para ser mais e mais agredido como foi o
caso de Jesus? Em nome de quem e por que devo fazer isso?

O nosso planeta está dessa maneira — esta é somente uma das razões —
exatamente porque os que não têm um ideal, um sonho, uma utopia, um
projeto de vida, uma crença honesta, um padrão sincero de conduta
religiosa, são os que a tudo dominam, já que se transformam nos mais
ferozes dentre as feras pensantes desta natureza planetária. Recuso-me,
porém, a seguir os seus exemplos já que o mundo está assim por causa
deles. Prefiro perder sempre a ser um lobo feroz. Que seja. Comprazo-me
na simplicidade e na pequenez dos que a pouco se permitem na luta pela
sobrevivência. Agindo assim, dessa maneira, mesmo sem saber de muita
coisa ou mesmo de alguma coisa, mas da forma que sei, posso contribuir
para que a dignidade, a ética e a virtude possam caracterizar a vida na Terra.
Mais um perdedor? Que seja! Mas no que estarei falhando?

A raça humana precisa, primeiramente, ter consciência sobre o “x” da


questão da arte da vida. Sem que saibamos ao certo no que e onde estamos
flagrantemente falhando jamais resolveremos os problemas referentes à arte
do bem viver.

Jesus costumava se referir ao fato das pessoas simples aceitarem o seu


testemunho, o que não ocorria com os doutores da lei, o que era estranho,
pois estes, por estarem melhor informados, deveriam mais facilmente
perceberem a verdade. Contudo, os problemas do ego com base no orgulho
intelectual que normalmente dificultam a evolução pessoal têm também o
condão de limitar o indivíduo à estonteante escravidão ao brilho que
pensam ter, e assim a luz alheia sempre os incomoda.
Jesus pretendeu nos ensinar a sua doutrina de vida. Solicitou-nos que
prestássemos atenção à maneira como ele mesmo testemunhava a sua
prédica. Não se preocupou em nos legar qualquer religião, mas sim a sua
doutrina, o seu modo de vida. Contudo, a partir do seu legado, surgiu uma
religião que por questões institucionais jamais conseguiu homenagear a
doutrina de Jesus, a não ser através de exemplos individuais de alguns dos
seus abnegados servidores.

Dessa forma, o que de mais importava na missão do Mestre — o


testemunho da sua própria doutrina de amor — sempre foi relegado a
heróicas demonstrações individuais de fidelidade ao seu exemplo legado à
posteridade. Como Jesus, o que mais preocupou os grandes mestres que já
viveram na Terra, foi também a necessidade do exemplo pessoal através da
própria vida, dos ensinamentos redentores que traziam consigo. Quase
sempre foram derrotados pelas “forças do mundo”, mas depois seus ideais e
esclarecimentos permaneceram vitoriosos se por isso entendermos que são
luzes que permaneceram acesas ajudando a iluminar o trôpego caminho
desta humanidade na ausência das luzes acesas das próprias almas que as
compõem.

Jesus, Buda, Lao Tse, Confúcio e outros, jamais se preocuparam em


fundar religiões, mas sim em dar o testemunho da verdade que predicavam,
apesar de saberem ser inevitável, em alguns casos, o surgimento posterior
do aspecto religioso.

A equipe de seres e espíritos que orientam os trabalhos desenvolvidos por


este escrevente, já há algum tempo da presente convivência mediúnica,
afirma ser necessária a existência das religiões para mundos como o caso da
Terra. Isolados que estamos do intercâmbio cósmico desde há muito, e por
isso impedidos temporariamente de conhecer o que se situa além do
horizonte das possibilidades da percepção que é própria a esta humanidade,
somente restou aos campos da crença e da moral servirem como pontos de
sustentação ao desenvolvimento do homem. Daí a necessidade das religiões
que, em tese, deveriam promover a evolução humana a partir dos princípios
da filosofia, da moral e da crença em Deus e nos valores intrínsecos a esta
atitude psicológica. Contudo, fizeram do tema “existência de Deus” o único
motivo para impingir os valores de fidelidade formal, não aos
compromissos assumidos pelo crente em relação ao Pai Celestial, mas sim,
à obediência aos valores religiosos criados pelas organizações religiosas, o
que implica em algo muito diferente. Na verdade, tornou-se um campo
propicio à propagação da falsa moral eivada de todo tipo de esquisitice
psicologia e de patrulhamento, o que por si só atesta o seu baixo e ridículo
padrão de conduta.

Ocorreu, pois, dos próprios líderes religiosos, que se apoderaram do


legado dos fundadores, deturparem com as suas posturas, a prática
educativa prevista na prédica religiosa, e assim vem sendo até os dias
atuais, apesar da “moral” ainda ser o baluarte dos seus discursos. O triste e
curioso é que a pedofilia, o comércio em nome de Deus que parece jamais
ter visto “um centavo” do que em seu nome foi e vem sendo arrecadado, a
manipulação criminosa das mentes humanas desavisadas, a entronização do
ridículo e do esdrúxulo, toda essa pompa cheia de formalismos e mais
“ismos” aonde tem levado esta humanidade? E o rebanho caminha com
passos firmes e ritmados para o precipício da ignorância e da ausência de
qualquer luz. Ainda bem que seremos reintegrados ao contexto cósmico o
qual, apesar de complicado e cheios de mazelas também a serem resolvidas,
pelo menos forçosamente nos abrirá os horizontes da nossa limitada visão e
ótica planetárias.

Ainda assim, com toda sorte de equívocos inerentes à imperfeição


humana, as religiões são necessárias para a evolução do ser humano, no
estado em que ainda se encontra vivendo na Terra. E o serão ainda por
algum tempo, afirmam os mentores, caso se renovem para o progresso
espiritual. O que deverá mudar e para melhor, é a maturidade com que os
fiéis professarão o credo de sua preferência. No entanto, eles mesmos nos
orientam que, em mundos mais evoluídos, não existem religiões posto que
desnecessárias, se como tal entendermos os processos filosóficos de cunho
existencial que entronizam a crença em Deus — ou em deuses — como
sendo o centro de tudo mais, até porque, nesses mundos, a condição
intelectual das suas populações já permite que eles saibam e não mais
precisem acreditar. Nesses casos, a postura íntima do ser, diante da vida, do
universo, do criador, do “Pai Mãe Amantíssimo” e do próximo, é que se
torna religiosa no sentido se “religada ou ligada” indissoluvelmente a todos
esses aspectos inerentes à sua existência. Mas essa consciência somente
surge porque não mais movida pela crença e sim pela razão esclarecida.

Com o surgimento dos atuais padrões científicos erigidos a partir dos


últimos séculos, finalmente chegou para a humanidade — e com todos os
riscos que isso implica — a possibilidade de também desenvolvermos as
nossas potencialidades intelectuais, mais um dos pilares que dão suporte à
evolução humana. Entretanto, como ainda nos falta a devida condição
moral e espiritual para bem cuidar do progresso tecnológico é que o
processo de espiritualização do ser humano, promovido pelas religiões ou
mesmo independente das suas jurisdições, há de ser ofertado aos que vivem
na Terra pois, avanço científico sem a devida base moral e ética
normalmente tem se transformado em sinônimo de derrocada.

Por isso que a Espiritualidade Maior vem procurando semear na Terra a


importância do uso da razão e da consciência espiritual na construção das
estruturas que sustentam a vida no planeta. Somente assim haverá o
progresso de todos os que aqui vivem. Infelizmente, este objetivo até hoje
não foi devidamente compreendido, nem mesmo pelos que estão à frente
dos movimentos religiosos institucionalizados, na medida em que realçam o
acessório em detrimento do essencial.

E quase que a totalidade da humanidade conforma-se com esse estado de


coisas, na medida em que se submete comodamente, porém a um preço
terrível para a sua sensibilidade espiritual coletiva, ao jugo daqueles a quem
elegem como sendo os seus condutores. Transferem para estes a
responsabilidade e o trabalho que eles mesmos deveriam ter na condução
das próprias vidas. E é aqui onde falha toda a humanidade, já que se
permite servir como massa de manobra a uns poucos e assim surge a
“mentalidade de rebanho” referida por Nietzsche, dentre outros.
Submeter-se a alguma coisa, quando por gesto de humildade, é fator de
evolução. Contudo, submeter-se por comodidade psicológica e por preguiça
mental de buscar o conhecimento necessário para poder entender a vida é
anestesiar as potencialidades do próprio espírito.

Não é conveniente, portanto, para o exercício do nosso amadurecimento


espiritual, conformar-se pura e simplesmente com o mundo do jeito que ele
aí está. Precisamos crescer, enquanto cidadãos planetários, e somente o
faremos quando despertarmos em nós mesmos a importância que cada ser
humano tem no concerto da vida na Terra e isso sem nenhum tipo de
patrulhamento de uns sobre outros, posto que condutas desse tipo têm a ver
com religiões arrasadas e com posturas fascistas, jamais com condutas
esclarecidas e elevadas. Aqui requer a arte da ousadia espiritual, ainda com
riscos de se pagar preços indesejáveis. Mas parece não existir outro modo
no caso terráqueo, sendo óbvio que os excessos devem ser evitados sejam
em que campo for.

Precisamos sair da letargia espiritual que nos é imposta pelos inúmeros


convites a que nos conformemos com os atuais valores que imperam no
mundo. Se Buda, Jesus, Gandhi, Kardec e muitos outros, tivessem se
conformado com a inevitável herança que receberam dos paradigmas do
mundo que os rodeava na época em que viveram, se eles tivessem se
submetido aos ditames dos conceitos vigentes, não teriam conseguido dar as
suas contribuições para o progresso planetário.

Precisamos arquitetar sonhos, ideais, utopias, projetos de vida, o que seja.


A humanidade só se movimenta afastando-se da ignorância que a estagna
quando homens e mulheres fogem do trivial e criam e perseguem seus
sonhos, seus ideais, suas utopias.

Atribui-se à Martin Luther King, uma bela passagem em que defende o


direito ao exercício dos seus sonhos e dos seus ideais, afirmando que:
“É melhor tentar e falhar, que ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda em vão, que sentar-se
nada fazendo até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar que em dias tristes
em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco, que em
conformidade viver.”

Afastar-se da ignorância através do esforço intelectual que é próprio a


cada ser humano que pretenda evoluir, educar o ego com base na prática das
doutrinas espiritualizadas herdadas de mestres como Jesus e Buda, não se
conformando jamais enquanto houver um só ser humano na Terra sendo
desrespeitado na sua dignidade existencial, é padrão de conduta inadiável
para todos os cidadãos deste mundo. Precisamos, sim, ter consciência disso.
Urge que todos trabalhemos para que essa consciência possa ser despertada.

Precisamos exercitar a ousadia de sermos bondosos em um mundo que


nos convida à maldade, à esperteza e ao exercício da ferocidade.

O caminho da evolução espiritual da busca pela percepção de Deus —


para quem com isso se preocupa — mas principalmente, no caso dos
terráqueos, na construção do Ideal de Fraternidade entre os que aqui vivem
é processo pessoal e intransferível. Desconhecer esse preceito cósmico é
permanecer na ignorância. Conhecê-lo e não praticá-lo, é estagnar no
império promovido pelo orgulho espiritual do ego doentio que limita o
entendimento.

Tomemos a doutrina redentora e suave de Jesus e a pratiquemos com toda


a ousadia espiritual de que sejamos capazes. Afinal, o mundo nunca
precisou tanto de pessoas que fujam ao trivial e ousem ser amorosas,
esclarecidas e solidárias, que independente de caminharem sozinhas ou em
grupo, impregnem o ambiente com a fragrância de suas vibrações por onde
passem.
Convergência na Diversidade

"Quando Nietzsche escrevia que a bondade dos


macacos o fazia duvidar de que o homem
pudesse descender deles, ele se iludia sobre as
qualidades desses quadrúmanos ávidos, cruéis e
lúbricos. São mesmo os antepassados de que
precisávamos."

Jean Rostand

Não descendemos dos macacos, nossos irmãos de luta evolutiva na


natureza terrena. Pelo que penso, o que julgo ser a verdade é bem mais
diversa e interessante do que o pensamento humano hoje logra perceber. As
opiniões e crenças dos criacionistas e a dos evolucionistas — sim, os
evolucionistas também têm somente opiniões, pois faltam-lhe fósseis para
evidenciar as suas teses — são somente opiniões e disso vive a condição
humana.

Sobre este tema aqui não darei a que me é própria, pois a mesma
encontra-se longamente exposta no livro “O Drama Terreno de Javé”. O que
constato nestas reflexões é que, independente de quem sejam nossos
ancestrais no fluxo da vida cósmica, hoje vivemos de tal modo que até
envergonharíamos as demais espécies terrestres se estas nos pudessem
perceber o modo de vida: elas sofrem os seus efeitos, mas permanecem
puras e ingênuas quanto a algum julgamento dos seus “compatriotas
pensantes da natureza planetária”. Outros olhos nos julgam!

Na opinião dos mais desavisados, uma brutal ferida na ponta do pé não


representa maiores perigos para o todo do organismo: está muito longe dos
órgãos vitais do corpo humano. Esquecem-se, porém, de que se não for
devidamente tratada, poderá se transformar em poderosa doença que venha
a fazer sucumbir todo o organismo. Assim, os mais teimosos ainda se
iludirão pelo fato da doença encontrar-se lá longe, no pé, como se a
contaminação de todo o corpo não fosse uma questão de tempo.

Os homens e mulheres mais displicentes do mundo, ou não percebem ou


fecham os olhos e o entendimento para o que está acontecendo nas regiões
mais miseráveis do planeta. Os orgulhosos — notadamente os cidadãos dos
países mais desenvolvidos — se insensibilizam na tola ilusão de que os
problemas africanos, latino-americanos e de parte da Ásia e do Oriente,
nada tem a ver com eles. Esquece-se que um simples vírus ou bactéria pode
se movimentar no mundo moderno com uma rapidez espantosa. Hospedeiro
de corpos humanos que trafegam entre ambientes miseráveis e regiões
desenvolvidas, esse germe poderá gerar caos sob muitas formas.

A não ser que se crie uma espécie de “apartheid” entre partes do planeta,
para que não haja a mistura entre os miseráveis e os demais, é que essa
cegueira poderá descansar em paz e ter muitos dias de vida entre os que
vivem na Terra. Do jeito que certas posturas governamentais de algumas
nações estão “involuindo” será questão de dias alguém sugerir ideias desse
tipo.

Mas, esqueçamos os vírus e as bactérias. Lembremo-nos simplesmente


dos seres humanos.

E a fome que grassa por grande parte do planeta? As hordas de famintos


que, a todo momento se formam; e os grandes movimentos de massa
excluída, para onde irão os desesperados se não à procura da própria
sobrevivência? Ou queremos todos que eles simplesmente morram, a virem
nos incomodar nas nossas ilhas de conformismo estéril e inconsequente? E
o que ocorrerá em um mundo onde, em sua grande parte, a vida está se
tornando insuportável? Para que parte do planeta essas migrações tendem a
seguir?
A “zona de conforto” de muitos países está sendo “desagradavelmente”
invadida pelo fluxo de miseráveis que simplesmente não têm para onde ir.

Será que, em futuro próximo, os cidadãos de alguns países simplesmente


serão considerados párias em seu próprio planeta? Será que já não estão
sendo? Será que terão que ter marcado em suas frontes o sinal da pestilência
e da miséria, para não poderem adentrar os países mais desenvolvidos?
Onde terminam as fronteiras geopolíticas e começam as da ignorância e da
insensibilidade totais?

Quanto mais cedo as pessoas dos países ditos desenvolvidos entenderem


que é de seu interesse reduzir a pobreza no mundo mais rapidamente esse
problema se resolverá. Entretanto, enquanto estiverem cegas e promovendo
esse ciclo de consumismo repetitivo e estéril, maior se tornará o problema.
Se essa percepção demorar muito, essa bomba de miséria e pestilência
poderá se descontrolar e o planeta e a civilização que nele exista talvez não
sobrevivam pelo simples fato de que ela explodirá e depois da explosão já
não será possível “evitar coisa alguma”, mas somente cuidar dos seus
desdobramentos caóticos.

Na diversidade das sociedades terrenas haverá de um dia existir uma


convergência comum de esforços para resolver esse problema, e aqui não
estou me referindo a questões de multiculturalismo ou coisas do gênero. O
problema é muito pior! Para a terrível questão dos “párias do planeta”,
somente podem existir duas opções: enfrentar o problema de frente na
busca de alguma arquitetura lucida perante a inadiável questão ou,
possivelmente, seremos atropelados pelo problema.

Esse será um dos grandes desafios dos dois primeiros séculos do terceiro
milênio.

Será confuso — e mesmo algo vergonhoso — conviver com sociedades


cósmicas muito desenvolvidas tendo, na nossa própria retaguarda
existencial, questão de tamanha magnitude moral a ser resolvida. Mas é isso
mesmo que nos espera.

Temos, pois, que encontrar e/ou promover a convergência de intenções e


de esforços no âmbito da diversidade terrestre para que seja possível a
percepção do óbvio, ou seja, o fato de que, apesar de tudo, por miserável
que sejamos, somos uma só família planetária diante do cosmos e
precisamos agir como tal. Se não por nada, pelo menos como forma de
termos o respeito dos nossos pares siderais que se encontram na vanguarda
evolutiva deste universo.
Postura Política e Cidadania

"Sou concidadão de toda alma que pensa: a


verdade é meu país."

Lamartine

Certa feita, quando João Batista pregava o iminente advento do Cristo,


foi abordado por um grupo de compatriotas que lutavam pela independência
de suas terras do jugo romano, que passaram a questioná-lo a respeito de
alguns assuntos.

Os zelotes — grupo de judeus que eram fervorosos defensores da luta


armada contra a dominação romana — detestavam os publicanos tanto ou
mais que os próprios romanos, porquanto eram judeus que, em nome de
Cesar, cobravam e recolhiam impostos dos seus próprios irmãos de raça
para a grandeza de Roma. Eram tidos entre os judeus como traidores da
própria raça.

Perguntaram, então, a João Batista, precursor do Mestre Jesus, o que


deveria um publicano fazer para entrar no reino dos Céus, se é que tal era
possível?

Radicais que eram na sua justa revolta frente à dominação romana,


esperavam que João Batista, na resposta à pergunta que lhe fora endereçada,
“reduzisse a pó” os traidores” do povo judeu.

João Batista, na sua serena sabedoria, respondeu simplesmente: “que


cobre apenas o que é devido”. Ou seja, diríamos nós, que não fosse
corrupto; que mesmo ocupando um papel na sociedade judaica bastante
ingrato, antipático e antiético frente à ótica do povo judeu, cumprisse com o
seu trabalho de forma honrada, por mais detestável que pudesse ser frente
às leis que imperavam na região à época dos fatos aqui descritos.

A atitude de governar, o papel dos governantes, é algo difícil e ingrato,


mesmo quando os que estão no exercício do poder temporal procuram agir
de forma honrada e decente. Imaginemos quão brutal é o desgaste — e nós
latino-americanos não precisamos nos esforçar muito para isso — quando
os governantes se perdem na ilusão das disputas estéreis e dos desejos
menores, às vezes inconfessáveis.

Nós que estamos fora do exercício do poder não podemos faltar com o
respeito fraterno à sensibilidade dos que lá estão, em especial quando foram
votados, por mais hediondos e detestáveis que sejam os desvios cometidos.
Aplaudir tais atitudes é outra coisa!

A crítica é sempre fator de melhoramento, mesmo quando feita de forma


pouco recomendável. Mas, não faz parte do espírito cristão — leia-se
espírito de sabedoria e fraternidade em todos os momentos e frente a
quaisquer situações — atacar a honra e a dignidade das pessoas que ainda
produzem fatos difíceis de serem aceitos pelos cidadãos com um mínimo de
esclarecimento e de sensibilidade social.

A história dos erros, da profundidade e do peso dos mesmos, nas épocas


mais recentes da história das nações deste planeta é tão longa e complexa
que seria temeroso colocar todo o peso das irresponsabilidades e
inconsequências cometidas sobre os ombros de uns poucos.

Lastimo apenas que, frente à miséria das populações dos países pobres
para que estes possam superar a grave crise moral e material que ora
atravessam, os “poucos recursos disponíveis” sejam administrados
inadequadamente, desrespeitando o espírito de responsabilidade social e
política que deveria nortear os passos de qualquer governo. Sobre esse
assunto muito teríamos a comentar e, seguramente, a lamentar, mas não é
essa a nossa tarefa e nem é esse o objetivo principal de nossos escritos e
reflexões.

Muitos se enganam ao pensar que o Mestre Jesus pregava simplesmente a


revolta violenta frente aos erros e injustiças do mundo.

O que nos cabe dizer e ressaltar é que a mensagem do Mestre refere-se à


ideia maior de que, independente de como se viva, se na riqueza ou na
pobreza, no sucesso ou no anonimato, na doença ou na saúde, devemos
procurar manter um estado interior de equilíbrio, onde os alicerces da
humildade, da resignação construtiva, da boa luta e do bom combate em
busca da dignidade social, caracterizem uma sólida edificação da cidadania
personificada nos atos dos homens e mulheres de boa vontade. Para tanto,
não é necessário aplaudir a estupidez e a cretinice, apenas conviver com os
que a predicam e praticam do modo mais tolerante e amoroso possível, sem
que a estes venhamos a nos submeter além do que as próprias regras e leis
do mundo já nos obrigam.

Enfim, o Mestre nos orienta a observarmos certos comportamentos que,


mesmo frente a mais absurda e inconsequente corrupção, mantenhamos a
honestidade; diante do mais absoluto e doentio sentimento de ódio e
desamor, mantenhamos a serenidade do amor e da compreensão fraterna.
Assim, estaremos contribuindo e trabalhando com nossas pequenas
possibilidades para o engrandecimento da região ou país que nos serve de
berço terrestre a cada reencarnação. Este é o verdadeiro e grande papel da
cidadania fraterna.

Ser um grande país, uma grande nação, transcende à capacidade e à


potencialidade de uma simples equipe governamental temporária. Depende
de uma evolução conjunta de todos os seus cidadãos. Entretanto, será que
nós, os pretensos brasileiros, russos, paraguaios, angolanos, canadenses,
noruegueses, temos consciência desse processo?
Condições Ambientais

"Objetivo supremo da Medicina


desgraçadamente sequer projetado: tornar
contagiosa a saúde."

Walter Benevides

Quando do advento da República no Brasil, os governantes de então,


desejavam encontrar o caminho seguro para o desenvolvimento do trabalho
e da produção. Nesse contexto, era necessário o braço do imigrante para se
juntar ao dos antigos escravos que já eram livres.

Na busca desses objetivos, o governo brasileiro procurou resolver o


problema imigratório. Entretanto, as condições sanitárias do meio, a febre
amarela, a peste bubônica, a varíola e outros surtos epidêmicos,
afugentavam os trabalhadores estrangeiros, enfraquecendo e esvaziando as
possibilidades econômicas nacionais.

Aparece, então, o Dr. Vital Brasil, espírito sábio e valoroso, homem


digno e cientista dedicado que através do seu esforço e do mérito de suas
conquistas científicas, beneficiou enormemente as populações rurais
brasileiras as quais, dentre outros tantos sofrimentos, pagavam um pesado
tributo como vítimas das serpentes venenosas.

Graças ao trabalho e aos resultados consequentes ao esforço humano e


científico de Vital Brasil, os males que afligiam aquelas populações foram
de tal forma reduzidos nas suas proporções que possibilitaram a vinda de
grandes levas de imigrantes, antes temerosos de enfrentar o meio,
favorecendo, dessa maneira, o desenvolvimento industrial e técnico, a
ampliação das lavouras, enfim, dando início de forma decisiva ao surto
comercial e desenvolvimentista brasileiro no século XX.

Da mesma maneira, precisamos propiciar condições — a exemplo do que


fez o ilustre médico brasileiro no ambiente terreno — para que o ambiente
energético do planeta torne-se compatível à atuação de entidades de outros
orbes que aguardam por condições favoráveis para aqui virem e
impulsionar, através da ajuda e do acompanhamento fraterno, o espírito
terrestre na busca da convivência cósmica.

Como podemos contribuir para que os espíritos infelizes, que se


comprazem no atual campo vibratório psíquico do planeta, possam ser
ajudados até que se permitam serem levados para mundos compatíveis com
os seus estágios de evolução espiritual? Através da prece e do sentimento
fraterno para com todos os que sofrem nos ambientes espirituais da Terra,
como também, assumindo em nós próprios, a nova postura interior
necessária ao atual momento planetário de não mais aceitar qualquer tipo de
intolerância, de violência e de desamor, seja lá com que forma se apresente,
na convivência entre os seres terrestres.

Isto feito, tudo o mais será permitido porque a condição básica para a
reintegração da Terra à convivência cósmica estará atendida. Além disso, a
projeção mental positiva resultante da nova postura e das atitudes fraternas
de todos os habitantes no astral planetário, propiciará condições energéticas
tais que, a exemplo dos imigrantes que para as terras do Brasil vieram e
juntamente com os nativos brasileiros promoveram o grande surto
desenvolvimentista no início deste século, irmãos de outros orbes aqui virão
e, juntamente com seus irmãos terrestres, ajudarão a edificar na Terra os
alicerces do Reino dos Céus.

A partir disso, voltaremos a ter consciência da nossa cidadania cósmica.


O Ideal sobre o Real

"Idealista é quem, notando que uma rosa cheira


melhor que um repolho, conclui que é também
mais nutritiva."

Henry LouisMencken

Em 15 de abril de 1919 — dia tenebroso da história planetária — o


mundo assistiu à aparente derrota da nobre postura do presidente dos
Estados Unidos da América, Woodrow Wilson, que galhardamente vinha se
recusando a assinar o acordo da chamada “paz dura” em vez da “paz justa”.

O mundo saía estupefato de uma guerra que ninguém entendia apesar de


todos viverem as suas absurdas e horrendas consequências através da dor,
do sofrimento e da morte de irmãos planetários.

O “reino da lei e da dignificação humana”, baseado na consciência dos


governados e apoiado pela opinião organizada da coletividade terráquea,
não existia. Estava — como ainda está — por ser criado.

Dentro do desespero planetário, o grito dado pelo Presidente Wilson de


“não à guerra” — ainda que contra a vontade dos produtores armamentistas
dos próprios Estados Unidos — foi apoiado por parte da imprensa e da
opinião pública, para logo cair na vala comum das utopias e das bobagens
ingênuas.

Os conflitos que até então foram uma luta fútil e inconsequente por
matérias-primas, mercados e territórios, adquiriam, através do
posicionamento político do Presidente Wilson, um significado maior, como
se o sofrimento de toda uma geração tivesse ao menos servido para que
jamais outra guerra infame tornasse ao ambiente terrestre — essa era a sua
intenção.

O pagamento das indenizações ou reparações de guerra, a discriminação


das novas fronteiras, eram no entender do homem Woodrow, assuntos para
peritos e comissões que trabalhariam conforme os critérios acordados no
pós-guerra. O que os dirigentes das nações tinham a fazer era criar e
estabelecer a “paz perpétua”, ou seja, a “paz justa” e não a “paz dura”.

O mundo torcia para que a causa de Wilson encontrasse guarida na


postura política dos demais líderes mundiais. Se assim fosse feito, a estrada
da paz não mais passaria através do terror e da guerra, porque ela seria
garantida por acordo entre as partes e pela fé no grande reino da lei.

Mas as dificuldades e os melindres das conveniências políticas dos


detentores do poder temporal prevaleceram sobre a lucidez daquele homem
invulgar que queria que o direito prevalecesse sobre a força, o ideal sobre o
real, as expectativas do futuro sobre as conveniências menores do presente.

Acusado de sacrificar o mundo real a uma utopia particular, Wilson


recuou com o coração pesado e a consciência inquieta. A paz verdadeira
fora relegada à outros tempos.

O que fazer se o que é pretensamente real prevalece sempre sobre o


ideal?

Quantos homens deveríamos ter à frente das nações — com visão


semelhante à de Woodrow Wilson — para que a “paz justa” pudesse
prevalecer sobre a “paz armada” e convencional que entendemos como
realidade?
Quais dos atuais mandatários do mundo têm a visão maior onde o direito
prevalece sobre o poder? Quem de nós, cidadãos deste mundo, apoia e
aprova os conceitos de política externa que são aplicados na nossa vida
planetária? Assassinar pessoas, ainda que terroristas, em nome do Estado é
tão criminoso quanto liquidar inocentes por meio do terror. É quando o
terrorismo de estado e o do desespero se abraçam na mais criminosa
estupidez. O pior é ainda perceber como os dois tipos de terror são
aplaudidos pela cretinice que não respeita nacionalismo ou raça.

Sejamos sensatos e passemos a exigir dos nossos governantes que eles


executem suas políticas governamentais direcionadas à unidade planetária
que, em todas as instâncias e sob qualquer ótica que se observe, é o que nos
representa frente ao Cosmos. Não é o Brasil, os Estados Unidos da
América, a Alemanha, a Turquia ou o Congo que representa a Terra, mas
sim, toda a comunidade planetária voltada para a unidade terrestre — e isto
é claro para quem nos observa de fora.

Mas há homens que, mesmo inseridos nas preocupações e ilusões das


coisas do mundo conseguem observar essa realidade, o contexto maior que
nos rodeia, enquanto família planetária dividindo o único mundo que temos
para viver. Wilson era um deles.

Honrando a memória de todos os que, como o Presidente Wilson,


sonhavam serenamente com o futuro, elevemos pois as nossas atitudes a um
padrão de cidadania que dignifique a vida no planeta, a fim de preparar o
elemento terrestre para a convivência cósmica.

A “paz verdadeira” que havia sido relegada em outros tempos, faz-se


hoje — de forma imperiosa — necessidade primeira a ser atendida por
todas as nações do mundo, para que a unidade planetária torne-se clara para
os nossos irmãos de outras moradas planetárias, possibilitando condições
favoráveis para a visitação e o intercâmbio fraternos.
Que os nossos mandatários possam, a exemplo do Presidente Wilson,
perceber que semear a paz e o progresso, além de ser um sonho, um ideal, é
também real.
V

DE MIM E DE DEUS
Eterno Fora de Moda

"Os três maiores patetas temos sido Jesus


Cristo, Dom Quixote e... eu!"

Simon Bolívar

Cheguei a uma terrível conclusão: não consigo me enquadrar em


modas. Já vi e vivi tantas, mas, ao que parece, nunca fui visto ou abraçado
por nenhuma delas. Devo ser um eterno fora de moda. Eis aqui o meu
grande problema espiritual!

Gravatas estampadas com camisas listradas — dentro do que suponho


um dia ter apreendido das duras críticas recebidas do que era o bom e o mau
gosto pelas roupas vestidas — seria opção imperdoável à vista de
sensibilidade alheia. Hoje, modismo tão dogmático que, ai de quem, como
eu, preferir usar gravatas lisas, apesar de que, na verdade, gostaria mesmo é
de jamais ter de usá-las.

Certas filosofias aparecem, às vezes, como o marco zero da sabedoria.


Muitos correm na sua direção como novíssimo porto seguro em mar
revolto. Permaneço boiando nesse oceano — nem nadar sei — esperando
que uma boa brisa me aproxime da novidade. Enquanto isso, vou
observando, de longe, a pretensa verdade.

Estranho, esse, o meu destino. Por não estar presente em nenhuma moda,
posso até estar sendo acusado de ter criado alguma. Vejam só!

Na minha profissão paralela — escrevente de coisas estranhas do tipo


revelação cósmica, Javé, a estranha herança do DNA canceroso desta
humanidade — por alguns, sou tachado disso; por outros, daquilo. Não
sendo uma coisa nem outra até que gostaria de ser uma ou outra coisa,
desde que para alguma coisa servisse ser considerado isto ou aquilo. Mas,
nada posso ser porque, se intentar ser alguma coisa, estarei
descaracterizando o que deveria ser ou o que sou, ou seja, nada.

Por enquanto, caminho na plácida sensação de démodé, eterno fora de


moda que sou das coisas do mundo. Um dia ainda pioro.

Enquanto nada se define, continuo a existir, mesmo sem ser nada e sem
possuir pretensões de qualquer naipe, sei lá, continuo tentando me afastar
dos erros grosseiros e dos equívocos comuns à condição humana. Cuido da
minha cota. Por hora, é tudo o que posso fazer.
Eu e Deus

"Uns afirmam que Deus criou o homem,


outros garantem que foi o homem que criou
Deus;
o certo é que Deus está dentro do homem,
e o homem fora de Deus."

Júlio Camargo

Eu sou, independente de tudo o mais, ou estou sendo o que sou somente


porque de Deus herdei a existência?

Se sou, posso ser porque sou ou porque alguém ou algo me fez existir.

Se sou porque sou, não sendo obra de ninguém, devo ser obra de mim
mesmo ou do acaso. Se sou obra de mim mesmo sou a própria deidade, sem
disso ter consciência. Se sou porque sou obra do acaso, sou acidente e, se
acidente sou, faço-me deus criando o amor, a moral e a poesia, pois posso
até ser fruto de um acidente, porém, esses atributos, não podem, posto que
somente existem porque eu existo e os criei já que não têm sustentação
material.

Se sou porque de deus ou de alguma divindade herdei a existência de fato


sou filho dele apesar de não conhecê-lo, dentro do que permite o meu
cérebro conhecer. Em não o conhecendo, que tipo de filho sou ou, sob outra
ótica de analise, que tipo de pai ele é que não facilita as coisas?

Alguns que afirmam conhecê-lo, aparecem na Terra dizendo aqui terem


vindo a pedido dele — já que não podemos ir até onde ele está ou
descobrirmos outra maneira de o acharmos — para nos informar que, de
fato, temos diversos “pais e mães” pelo cosmos afora, e para além destes,
um Alguém muito especial, criador de divindades e dos demais seres, sob a
perspectiva espiritual. Porém, por sermos faltos de maior consciência e de
capacidade perceptiva, nos inabilitamos para conhecê-lo mais
objetivamente.

Assim, devemos concentrar a nossa atenção nos atributos que nos vem na
alma — herança deste Alguém especial — como também nas características
expressas na criação deste universo material e de tudo o que nele existe, que
seria herança de um outro ser. Haja histórias!

O fato é que o que de mais sofisticado existe em todas as “histórias” é a


existência de seres pensantes, responsáveis pelos próprios atos, ou seja, os
filhos e filhas criadas a partir da vontade de Alguém e/ou de alguns, mas
que disso não têm a devida consciência.

Em relação ao quesito “ter ou não consciência disso”, às vezes penso


saber onde me enquadro, outras não. Enquanto isso, me divirto como posso
tentando ver até onde vai a minha condição humana nessa história.

Será que preciso esforçar-me por escutar ainda mais para poder ouvir a
sua voz que, muda na minha garganta, faz-se escutar através da dos mais
habilitados? Será que é assim que este Alguém especial fala? Sempre
através dos seus filhos?

Será que preciso enxergar mais além para poder ver a sua luz que,
inexistente para este cego, brilha ante olhos mais aguçados?

Será que preciso sentir de modo superlativo para poder perceber a sua
presença que, ausente ante minha percepção, expressa-se perante os mais
capacitados?
Como habilitar a mim mesmo para poder ser um filho consciente da
existência desse pais e mães celestiais e de outros seres ainda mais
transcendentes à condição humana, e da minha ligação com todo esse
contexto?

A única pista que tenho é aprender e praticar o que orientam aqueles


habilitados que se disseram e demonstraram ser uno com alguns e com um
Alguém em especial, e que dele falaram com tanto amor e viveram como se
fossem o próprio, em plena Terra.

Ao que tudo indica, existo porque de alguém herdei a existência, pois sei
que não criei a mim mesmo e nem muito menos posso ser obra de um acaso
químico-biológico, já que posso amar.

Se assim sou, devo assumir essa identidade filial.

Mesmo sendo tão pequeno, serei como se fosse grande, ao longo dessa
busca, para despertá-Lo em mim mesmo, já que dele herdei, conforme
julgo, a natureza do que sou.

Mesmo sendo tão pouco, serei como se fosse muito, para que a minha
esforçada vontade de “ser com ele” transcenda a pouca habilidade que me
caracteriza.

Se e quando algum dia — ou em alguma vida — “encontrá-lo” para além


de mim mesmo, uma pergunta vou fazer: por que me criastes?
“Simplesmente porque te amo”, imagino, deva ser a resposta. Talvez essa
conversa até já tenha ocorrido no íntimo da minha alma e dela o meu
cérebro terreno nada saiba.

O que me questiono é quanto tenho ainda que viver para perceber algo
tão simples. Parece que é coisa só para os já habilitados na prática do amor
incondicional. Falta-me muito ainda. Mas, o que fazer?

Mãos à obra!
Instante na Madrugada

"Ó sono, ó gentil sono, ama da natureza,


que motivo de espanto em mim descobres,
para as pálpebras não me vires cerrar,
nem mergulhares meus sentidos no olvido?"

Shakespeare

Quantas horas, meu Deus,


à disposição da madrugada?

O sono esperando ao largo,


amigos siderais do lado,
os dias difíceis se ajuntando
nas manhãs que se seguem.

Quantas horas, meu Deus,


tendo a esperança como único combustível,
da necessidade de seguir adiante
com tantas averiguações?

Logo eu que não sou dado a esperanças!

Nunca quis e nem quero ser nada além do que


sou,
como pai, companheiro e amigo.
Se a tarefa com que me investes é tão importante,
como, porém, os poucos instrumentos e
condições para realizá-la?
A madrugada é meu berço,
onde renasço para o sono que virá.

Depois, ao acordar pela manhã,


espero novas madrugadas,
porque vivenciar os dias
tem se tornado exercício de amargura,
treinamento da esperança que nunca me falta,
mas, às vezes, é angustiante senti-la,
tão dura é a realidade.

Dia virá em que não mais sentirei esperanças.


Delas não preciso, apesar de estranhamente
senti-las.

Quase nunca consigo ter fé,


Carrego, sem querer, apenas a esperança e penso
que dela terei que me livrar,
para não ter ilusões – complexo de Pandora.

Tão pequeno sou, diante de coisas pequenas,


e menor ainda me torno, diante de tudo.

O todo da tarefa me atordoa,


fico contemplativo à toa,
tendo como instrumento a mim mesmo,
dentro das circunstâncias que me rodeiam.

Espíritos ali, seres acolá,


vida desorganizada, esperança, às vezes, cansada
livros prá cá, contas prá lá
mensagens, inspirações, superação para ajudar
os outros,
em pleno desespero de querer ser ajudado.

Como alguém tão pequeno


pode ser investido
de tarefa tão gigantesca?

Pesam-me os ombros... e também as pálpebras.

Como alguém tão cheio de erros


pode intentar trabalhar certo,
ante assunto tão elevado?

Pesa-me a sensibilidade... estranhamente não me


pesa a consciência.

Deve existir algo de muito errado ou de curioso


nisso tudo.
Um dia descubro.

Como pode Deus, ou alguém em seu nome,


ter escolhido a mim, homem menor da Terra,
para tratar de interesses celestes?

Pesa-me a reflexão...

Como pode ver o Mestre


condições em mim para tanto?
Sinceramente, não sei.

Pesa-me a incerteza...

Tudo o que sei é que, enquanto madrugada


houver
é sinal de que sobrevivi ao dia,
e estarei trabalhando, atrapalhando o sono,
divertindo-me com as sutilezas,
minhas únicas certezas.

Que seja, pois, não como eu quero,


mas, como parece que tem de ser,
pela vontade de quem pode ter vontade,
porque, a minha, é a de simplesmente dormir.
Sobre o Autor

Jan Val Ellam — pseudônimo usado pelo escritor natalense Rogério de


Almeida Freitas para escrever sobre pontos de convergência entre
o pensamento cristão, a doutrina de Allan Kardec e pesquisas relacionadas
à ufologia, no bojo do discurso do espiritualismo universalista e da
cidadania planetária.

Drama Cósmico de Javé — De forma contundente e esclarecedora "o


Drama Cósmico de Javé" revela o que antes se encontrava oculto: a história
da criação deste universo como também a do seu criador. São páginas
surpreendentes que encantam ao mesmo tempo em que obrigam o leitor a
refletir sobre os diversos painéis enfocados a respeito do Senhor Javé e da
sua obra majestosa, porém, complicada. Neste livro são abordados temas
pertinentes ao sofrimento pessoal do criador, à sua relação com aquele a
quem conhecemos como Jesus, aos níveis espirituais adjacentes à criação e
aos diversos tipos de seres que povoam a realidade universal que envolve a
vida na Terra.

Para mais informações sobre o autor e o tema, acesse:

Facebook
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Projeto Orbum
CRÉDITOS
Copyright © 2011 Jan Val Ellam

Editor: Juliana de Paula Pessôa


Coordenação: Tadashi Murakoshi
Diagramação: Krysamon Cavalcante
Capa: Luciana Lebel

Todos os direitos desta edição reservados à Conectar Editora, Distribuidora


e Livraria Ltda. Rua Açu 569 sala 6 — Tirol 59020-110 — Natal — RN
www.conectareditora.com.br

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

E43c

Ellam, Jan Val, 1959-


Crônicas de um novo tempo [recurso eletrônico] : introdução à era do
conhecimento e da espiritualidade / Jan Val Ellam. - Natal, RN : Conectar :
Varna Instituto, 2012.
recurso digital

Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-85-62411-13-7 (recurso eletrônico)

1. Ciência e espiritismo. 2. Criação. 3. Cosmologia. 4. Religião. 5. Deus. 6.


Livros eletrônicos. I. Título.

12-3407. | CDD: 113


CDD: 113
15.05.12 | 23.05.12 | 035544
ISBN 9788562411137
PROJETO ORBUM
FILIE-SE ESPIRITUALMENTE A ESTA IDÉIA

MANIFESTO

"DECLARAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CIDADANIA PLANETÁRIA."

Exerça plenamente a sua nacionalidade, mas não esqueça: somos todos


cidadãos planetários.

Por conseguinte, formamos uma só família ante o cosmos. É bom


recordar que, para quem nos vê de fora, nada mais somos do que uma
família vivendo em um berço planetário.

Se somos uma família, torna-se inconcebível a falta de indignação


diante do estado de miséria – tanto material quanto espiritual – em que vive
grande parcela dos irmãos e irmãs planetários.
Existe uma força política na sociedade que, quando estrategicamente
direcionada, exerce em toda sua plenitude o direito e o dever de cobrar das
forças estabelecidas o honroso cumprimento dos direitos humanos. Essa
“força íntima” é pacífica porém ativa; suave na tolerância, jamais violenta,
mas perene na exigência contínua de se construir a paz, a concórdia e a
inadiável consciência quanto à necessidade de se melhorar as condições do
nível de vida na Terra. Exercer essa força no cotidiano das nossas vidas,
agindo localmente com a atenção voltada para o aspecto maior planetário, é
dever de cada um e de todos.

Respeitar as forças políticas estabelecidas, os governos regionais e


nacionais; valorizar as organizações representativas de caráter mundial –
imprescindíveis para a evolução terrestre – mas, acima de tudo, pregar a
necessária consciência da unidade planetária perante o cosmo.

Na verdade, somos todos cidadãos cósmicos no exercício eventual de


uma cidadania planetária, como de resto o são todos os irmãos e irmãs
espalhados pelas muitas moradas do Universo.

Porém, devido ao atual estágio de percepção que caracteriza a quem


vive na Terra, buscar a consciência do exercício pleno da cidadania, seja em
que nível for, é a grande meta a ser atingida.

Se você concorda com os princípios e objetivos da cidadania planetária,


junte-se a nós em pensamento, intenção e atitudes. Assuma consigo mesmo
o compromisso maior de construir na Terra esta utopia, que foi e é o
objetivo de muitos que aqui vieram ensinar as noções do exercício pleno da
cidadania cósmica, testemunhando o amor como postura básica e essencial
na convivência entre os seres.
Propague esta idéia, em especial para as novas gerações.

Sonhe e trabalhe por um mundo melhor. E saiba que muitos estão


fazendo exatamente o mesmo.

Esta é uma mensagem de fé e de esperança na vida e na nossa


capacidade de dignificá-la cada vez mais.

JAN VAL ELLAM


WWW.ORBUM.ORG
Table of Contents
Título
Sumário
Esclarecimento
I. Da Vida
Verdade e Vida
Entronizaram a Insensatez
A quem interessar, possa
II. Da Filosofias e das Religiões
Existir, eis a Questão!
Ingenuidade e Ignorância
Ilusão de Grandeza
Sincronicidades
Antes de Crer, Compreender
Onde falham as Religiões
A Luz das Religiões
O Discreto Avatar do Ocidente
O Norte das Religiões
A Crença
III. Do Cosmos e da Espiritualidade
Revelação Cósmica
A Promessa de Jesus
A Volta do Mestre
Espíritos e Extraterrestres. Qual o Problema?
Meu Reino não é deste Mundo
Reintegração Cósmica
Nada Além do Horizonte
Efeitos da Maré Cósmica
O Limite das Possibilidades
A Chave do Apocalipse – Ano 2001
Sintonia e Vibração
IV. Da História e da Política
Os Demônios e as Queimas de Arquivos
As Lições do ano de 1999
Poder... Atração irresistível?
O Oriente e o Ocidente
Onde falham os Homens
Convergência na Diversidade
Postura Política e Cidadania
Condições Ambientais
O Ideal sobre o Real
V. De Mim e de Deus
Eterno Fora de Moda
Eu e Deus
Instante na Madrugada
Sobre o Autor
Créditos
Projeto Orbum

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