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Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Centro de Estudos E Pesquisa em Agronegócios Programa de Pós-Graduação em Agronegócios

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISA EM AGRONEGÓCIOS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS

POSSIBILIDADES DE USO E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA


BLOCKCHAIN NO AGRONEGÓCIO

GENECI DA SILVA RIBEIRO ROCHA

Porto Alegre, RS
2020

1
GENECI DA SILVA RIBEIRO ROCHA

POSSIBILIDADES DE USO E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA


BLOCKCHAIN NO AGRONEGÓCIO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Agronegócios do Centro de
Estudos e Pesquisa em Agronegócios (CEPAN) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Agronegócios.

Orientadora: Profa. Dra. Letícia de Oliveira

Porto Alegre, RS
2020

2
GENECI DA SILVA RIBEIRO ROCHA

POSSIBILIDADES DE USO E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA


BLOCKCHAIN NO AGRONEGÓCIO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Agronegócios do Centro de
Estudos e Pesquisa em Agronegócios (CEPAN) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Agronegócios.

Orientadora: Profa. Dra. Letícia de Oliveira

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________
Prof. Dr. Adriano Lago - UFSM

____________________________________________
Prof. Dr. Edson Talamini - UFRGS

____________________________________________
Prof. Dr. Fabio Miguel Junges - UNISINOS

____________________________________________
Prof. Dr. Jéferson Campos Nobre - UFRGS

____________________________________________
Profa. Dra. Letícia de Oliveira – UFRGS - Orientadora

Porto Alegre, RS

2020
3
4
Dedico o presente trabalho à minha família, meu
esposo e nossa filha, que me ajudaram em todos os
momentos em que necessitei, sempre me
incentivando e motivando a ir em busca dos meus
sonhos.
Amo vocês.

5
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, por seu amor, misericórdia e providência em todos


os momentos desta caminhada, permitindo que, por sua graça, eu alcançasse mais esta vitória
ao longo da vida. Obrigada por me permitir errar, aprender e crescer.
Ao meu esposo, Patrício Duarte Rocha, pelo companheirismo e apoio despendido ao
longo desse processo difícil em nossa família, permitindo que mediante seu amor e
compreensão eu chegasse ao final desta luta vitoriosa. Agradeço à minha filha, Patrícia Ribeiro
Rocha, por todo o amor, carinho, dedicação e paciência que teve comigo, por ter sempre me
incentivado a ir em busca de meus objetivos. A vocês dois, dou todo o meu amor e gratidão,
pois estiveram comigo em todos os momentos tanto nas horas boas quanto nas difíceis.
Obrigada por sempre estarem disponíveis, por sempre me escutarem e apoiarem minhas
decisões, incentivando-me a seguir em frente.
Às amigas e colegas, Deise e Maielen, obrigada pela parceria, iniciadas lá na graduação;
pelos trabalhos elaborados em conjunto; pelas trocas de ideias; pelo convívio diário; por todas
as palavras de força e apoio; e por compartilharem inúmeros sentimentos de felicidade e de
angústia que a vida nos proporcionou durante esses últimos anos.
Ao Professor Dr. Adriano Lago, por ser meu grande incentivador para que eu
ingressasse no mestrado. Obrigada por acreditar em minha capacidade de seguir em frente na
vida acadêmica.
Agradeço, em especial, à minha orientadora, Professora Dra. Leticia de Oliveira, por
aceitar o desafio de me orientar neste trabalho, por acreditar em mim e em meu potencial.
Sempre disposta a me ouvir e auxiliar em todos os momentos que necessitei. Ademais, sem sua
orientação, possivelmente, eu não chegaria ao final desta trajetória. Seus conselhos foram
motivadores e de grande valia para eu seguir de cabeça erguida e me desafiar perante meus
objetivos. Obrigada pela paciência, insistência e competência demonstradas ao longo de todo
este processo de construção e aprendizado.
Agradeço imensamente à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pela
oportunidade de desenvolver e concretizar este estudo. Ao Programa de Pós-Graduação em
Agronegócios e Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios (CEPAN) da UFRGS, pela
possibilidade de realização do mestrado. À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio financeiro durante o mestrado.

6
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios e CEPAN, que
transmitiram seus conhecimentos de forma tão dedicada, colaborando para que este grande dia
chegasse.
Agradeço ao Professor Dr. Adriano Lago, ao Professor Dr. Edson Talamini, ao
Professor Dr. Fabio Miguel Junges e ao Professor Dr. Jéferson Campos Nobre, pelo aceite do
convite para composição da banca avaliadora, na certeza que trarão valorosas contribuições
para melhoria desta pesquisa.
Minha gratidão a todos os profissionais que aceitaram participar deste estudo e
disponibilizaram seu tempo para contribuir participando das entrevistas com valiosas
informações que foram de fundamental importância para a operacionalização e concretização
de minha dissertação. Obrigada por me receberem de portas, e pelas longas e preciosas
conversas.
Por fim, àqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização desta
pesquisa, meus sinceros agradecimentos.

7
Desejo que você

Não tenha medo da vida, tenha medo de não


vivê-la.
Não há céu sem tempestades, nem caminhos
sem acidentes.
Só é digno do pódio quem usa as derrotas
para alcançá-lo.
Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas
para irrigá-la.
Os frágeis usam a força; os fortes, a
inteligência.
Seja um sonhador, mas una seus sonhos com
disciplina, pois sonhos sem disciplina
produzem pessoas frustradas.
Seja um debatedor de ideias. Lute pelo que
você ama.

Augusto Cury

8
RESUMO

Blockchain tem sido vista como uma ferramenta tecnológica que pode ser aplicada em
diferentes setores, com o intuito de solucionar diversos problemas. Nesse sentido, para
responder à questão da pesquisa, optou-se por realizar um estudo quantitativo e qualitativo,
seguindo três etapas de execução. Primeiramente, realizou-se uma revisão sistemática da
literatura cientifica, tencionando responder o primeiro objetivo deste estudo. A análise
sistemática foi extraída dos documentos indexados nas plataformas Elsevier’s Scopus e Web of
Science (WoS) considerando a metodologia Prisma, da qual o conteúdo dos documentos
elegidos estão diretamente relacionados à temática. Foram selecionados 71 artigos para análise.
Na segunda etapa, aplicou-se técnicas de mineração de texto, o Text Mining, dos artigos
previamente selecionados. A análise de mineração de textos utilizada envolveu a recuperação
de informações, análise textual e extração de dados de estudos científicos. Para tanto, envolveu-
se diversas fases, entre elas, a primeira foi a seleção de 68 artigos dos 71 elegidos na primeira
etapa. A terceira etapa consistiu na elaboração de entrevistas com dez especialistas envolvidos
em projetos relacionados com a Tecnologia Blockchain, como: gestores, coordenadores,
desenvolvedores e participantes que tenham conhecimento de negócio e de
programação/estrutura dessa tecnologia. Buscou-se apontar, por meio dessas entrevistas, as
vantagens e desvantagens da utilização da tecnologia blockchain nos segmentos do agronegócio
e identificar seus desafios e barreiras. Quanto aos resultados obtidos, evidenciou-se o início das
publicações em 2016 na WoS e 2017 na Scopus, demonstrando que a temática é recente.
Ademais, a maior concentração das publicações ocorre em países da China e dos Estados
Unidos da América (EUA), com destaque nas áreas de Ciência da Computação e Engenharia.
Observou-se diversas lacunas para estudos futuros, com significativo valor para a ciência,
indústria e sociedade. Na análise sistemática, identificou-se os principais segmentos do
agronegócio em que a tecnologia está sendo utilizada, entre eles: financeiro, energia, logística,
meio ambiente, agrícola, pecuária e indústria. Constatou-se que a tecnologia traz inúmeros
benefícios quando utilizada nas cadeias produtivas do agronegócio. Contudo, a blockchain é
uma tecnologia em desenvolvimento nos diversos setores, com várias possibilidades de
aplicação e amplas vantagens, tais como: aumento da confiança, redução de riscos nas
transações, menor burocracia, redução dos custos em razão da eliminação de intermediários,
diminuição dos riscos e de fraudes e maior privacidade devido a controles rigorosos e com
muito mais segurança, pelo fato da imutabilidade dos dados. Conclui-se que a pesquisa sobre a
aplicabilidade e o uso da blockchain nos setores do agronegócio estão em estágio inicial,
9
incluindo a fase de testes e experimentação, uma vez que foram identificados, a partir das
análises, protótipos de laboratório em teste de aplicação. Para tanto, a tecnologia blockchain
está e será aplicada e usada em todos os segmentos da economia, promovendo maior
confiabilidade e agilidade nas informações e redução de custos.

Palavras chave. Inovação Tecnológica. Cadeia Produtiva. Agricultura. Pecuária.

10
ABSTRACT

Blockchain has been seen as a technological tool that can be applied in different sectors, in
order to solve various problems. In this sense, to answer the research question, it was decided
to carry out a quantitative and qualitative study following three stages of execution. At first, a
systematic review of the scientific literature was carried out to answer the first objective of the
study. The systematic analysis was extracted from documents indexed on the platforms
Elsevier’s Scopus and Web of Science (WoS) considering the Prisma methodology, whose
content of the chosen documents are directly related to the theme. 71 articles were selected for
analysis. In the second stage, text mining techniques, Text Mining, from previously selected
articles were used. The text mining analysis used involved information retrieval, textual
analysis and data extraction from scientific studies. To this end, several stages were involved,
in which 68 articles from the 71 selected in the first stage were first selected. In the third stage,
interviews were conducted with ten specialists involved in projects related to Blockchain
Technology, such as: managers, coordinators, developers and project participants who have
knowledge of the business and programming / structure of the technology. We sought to point
out, through these interviews, the advantages and disadvantages of using blockchain technology
in the agribusiness segments and to identify the challenges and barriers of technology in
agribusiness. As for the results obtained, the start of publications in 2016 in WoS and 2017 in
Scopus was evidenced, demonstrating that the theme is recent. In addition, the largest
concentration of publications occurs in the countries of China and the United States, especially
in the areas of Computer Science and Engineering. Several gaps were observed for future
studies, with significant value for science, industry and society. In the systematic analysis, the
main agribusiness segments in which the technology is being used were identified, including:
financial sector, energy, logistics, environment, agriculture, livestock and industry. It was found
that the technology brings numerous benefits when used in the agribusiness production chains.
However, blockchain is a technology under development in different sectors with several
possibilities of application and wide advantages, for example: increased confidence, reduced
risks in transactions, less bureaucracy, reduced costs due to the elimination of intermediaries,
reduced risks and fraud, greater privacy due to strict controls and with much more security due
to the immutability of data. It is concluded that research on the applicability and use of
blockchain in the agribusiness sectors is at an early stage, including the testing and
experimentation phase, since laboratory prototypes under application testing were identified

11
from the analyzes. Therefore, blockchain technology is and will be applied and used in all
segments of the economy, promoting greater reliability, agility in information and cost
reduction.

Key words. Technologic innovation. Productive chain. Agriculture. Livestock.

12
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Informações centralizadas versus descentralizadas .................................................. 23


Figura 2 - Características das redes blockchain........................................................................ 25
Figura 3 - Transações em Blockchain....................................................................................... 26
Figura 4 - Os Smart Contracts estão dentro das blockchains e todas as blockchains são
distributed ledges ...................................................................................................................... 27
Figura 5 - Busca nas bases de dados Scopus e Web of Science ................................................ 40
Figura 6 - Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para a revisão bibliométrica e
sistemática ................................................................................................................................ 41
Figura 7 - Evolução cronológica dos artigos sobre Blockchain no Agronegócio .................... 47
Figura 8 - Áreas com maior número de publicação em ambas as bases de dados ................... 49
Figura 9 - Páises com maior número de publicação em ambas as bases de dados ................... 50
Figura 10 - Principais palavras-chave mencionadas nos 71 estudos selecionados .................. 51
Figura 11 - Diferentes tipos de aplicação da blockchain nos setores do agronegócio ............. 52
Figura 12 - Frequência absoluta das palavras encontradas nos artigos analisados (selecionados
os termos com frequência superior a 1000) .............................................................................. 63
Figura 13 - Bigramas e seus respectivos valores de IT_IDF .................................................... 66
Figura 14 - Bigramas mais frequentes ...................................................................................... 67
Figura 15 - Network dos bigramas encontrados na mineração de texto ................................... 69
Figura 16 - Nuvem de palavras com os termos mais frequentes encontrados na mineração de
texto .......................................................................................................................................... 70
Figura 17 - Análise de cluster ................................................................................................... 71

13
LISTA DE TABELA

Tabela 1- Termos associados a “Blockchain” e sua respectiva correlação .............................. 65

14
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Princípios da Tecnologia Blockchain ..................................................................... 24


Quadro 2 - Etapas do Funcionamento da Blockchain............................................................... 28
Quadro 3 - Perfil dos Entrevistados .......................................................................................... 45
Quadro 4 - Quadro Síntese ....................................................................................................... 88

15
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................17
1.1 OBJETIVOS .............................................................................................................. 19

1.1.1 Objetivo Geral 19


1.1.2 Objetivos Específicos 19
1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................20

2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 22


2.1 CONCEITO DE BLOCKCHAIN ............................................................................... 22
2.2 FUNCIONAMENTO DA BLOCKCHAIN................................................................ 26
2.3 UTILIDADE DA BLOCKCHAIN ............................................................................. 29

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 39


3.1 ETAPA 1- REVISÃO SISTEMÁTICA ....................................................................39
3.2 ETAPA 2- TEXT MINING ........................................................................................ 42
3.3 ETAPA 3 - ENTREVISTA COM ESPECIALISTAS .............................................. 43

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................. 47


4.1 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA .................................................................................. 47
4.2 REVISÃO SISTEMÁTICA ...................................................................................... 52

4.2.1 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor Financeiro 53


4.2.2 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor de Energia 54
4.2.3 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor de Logístico 56
4.2.4 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Meio Ambiente 57
4.2.5 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor Agrícola 58
4.2.6 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor Pecuário 60
4.2.7 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor da Indústria 61
4.3 ANÁLISE TEXT MINING ........................................................................................ 62
4.4 ANÁLISES DAS ENTREVISTAS ...........................................................................73

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 90


REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 93
APÊNDICE A ................................................................................................................ 93

16
1. INTRODUÇÃO

Mudanças no âmbito social, ambiental e tecnológico vêm ocorrendo no Brasil e no


mundo, fazendo com que novas formas de gerir os negócios sejam necessárias para o
surgimento ou para a manutenção da organização frente às incertezas e aos riscos
(PRENDEBOM; SOUZA, 2012). Uma dessas formas é a inovação, que tem sido indispensável
às vantagens competitivas ao longo do tempo nas organizações. Segundo Pagés (2009), as
atividades de inovação têm muitas formas, como tecnologias embarcadas em produtos,
treinamentos e prestação de serviços tecnológicos, não se restringindo apenas às atividades de
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
De acordo com Bessant e Tidd (2009), a inovação é movida pela habilidade de criar
conexões e oportunidades e por conseguir tirar proveito delas. Schumpeter (1934) ressalta que
a essência do desenvolvimento econômico, em relação à inovação tecnológica, muda padrões
de produção e pode influenciar no desenvolvimento econômico de diferentes regiões e países.
Nesse contexto, gerar tecnologias que se traduzam em inovações e ganhos continuados
de produtividade e facilidade nas negociações é componente imprescindível para a
competitividade, em especial no agronegócio. Contudo, para que isso exista, é necessária
isonomia de condições frente aos principais competidores internacionais (EMBRAPA, 2014).
Para Vieira Filho e Silveira (2012), a performance da agricultura brasileira é resultante do
processo de inovação, e, nessa perspectiva, novos questionamentos seriam necessários para
ilustrar o crescimento agrícola, além da referência dos insumos modernos. É imprescindível
entender que a agricultura não é um campo residual da economia, já que engloba inovações
tecnológicas e um progresso técnico de maneira endógena.
Nas últimas décadas, a produtividade agrícola aumentou devido à tecnologia de ponta
que tem chegado ao agricultor na forma de maquinários, drones agrícolas, sistemas de irrigação,
embalagens automatizadas, monitoramento de satélites e Internet das Coisas (IoT), as quais
conquistaram o meio rural e vêm revolucionando o agronegócio. Este tem produtos como
milho, soja, arroz, feijão que necessitam passar por produção e processamento, transporte e
armazenamento, classificação de vendas e uma série de outros processos. No entanto, se uma
dessas etapas for fraudada, produzirá sérios riscos de segurança alimentar, que, além de
prejudicar a saúde das pessoas, mina também a confiança dos mercados de alimentos (TIAN,
2018).
Nesse cenário, maior atenção tem sido dada ao gerenciamento da cadeia de
fornecimento de alimentos, mostrando ser importante um controle das atividades nela
17
desempenhadas. Pesquisas em inovação tecnológica têm se intensificado, com destaque,
ultimamente, para a blockchain, devido à sua transparência, segurança e autenticidade, já que
fornece informações em tempo real a todos os atores de uma cadeia. Entende-se por blockchain
o novo sistema de informação descentralizada, que poderá fornecer uma plataforma de
informação para todos os envolvidos em uma cadeia (FAYE, 2017).
A tecnologia blockchain tem atraído o interesse de pesquisadores e empreendedores do
mundo todo, em função de indústrias, instituições financeiras e setores públicos e porque
substitui as aplicações que eram feitas por um intermediário confiável, que agora pode operar
de forma dissociada, transparente e segura, sem a necessidade de uma autoridade central.
Recentemente, essa tecnologia foi introduzida no setor de alimentos como uma ferramenta de
rastreabilidade (TIAN, 2018). Utilizando a IoT e a tecnologia blockchain, esse novo sistema de
informação poderá se tornar uma inovação disruptiva capaz de fornecer uma plataforma de
informações para todos os componentes da cadeia de abastecimento, abrangendo os
departamentos governamentais e reguladores, fundamentado na transparência, neutralidade,
confiança e garantia (TIAN, 2018).
Para Kaijun et al. (2018), o rápido crescimento e desenvolvimento da tecnologia da
informação, atribuído a uma plataforma de serviços públicos com a finalidade de melhorar a
gestão dos recursos e serviços distanciados, tornou-se a chave para resolver contradições entre
a procura e a oferta de produtos nas organizações. Nas palavras desses autores, a cadeia de
suprimento agrícola é um sistema complicado, já que exige maior atenção com a qualidade e a
segurança dos produtos. Destarte, blockchain é uma rede que pode ser compartilhada entre
todos os elos de uma rede distribuída, que elimina qualquer autoridade de confiança
centralizada em diferentes modelos de negócio.
Ao se abordar o tema blockchain, é comum que se pense em Criptomoedas,
especialmente os Bitcoins. Todavia, conhecedores de tecnologia e economia estão sinalizando
que essa pode ser uma área relevante na pesquisa de tecnologia, podendo ser usada em muitos
campos além dos Bitcoins (CASIANO et al., 2018). Muitas organizações foram integradas por
tecnologias que vêm mudando o ambiente e os mercados, trazendo mais facilidade no
desenvolvimento das atividades, favorecendo todo o processo, inclusive nos segmentos do
agronegócio, resultando em contribuições positivas para a cadeia produtiva agroalimentar.
A blockchain vem sendo considerada uma inovação tecnológica e, ultimamente, tem
recebido mais atenção devido à sua autonomia, anonimato e imutabilidade dos dados, tornando-
se um assunto emergente na ciência e nas organizações. Suas redes de comunicação possuem

18
dados armazenados de maneira distribuída, sendo cada nó coordenado sem um centro de dados
unificados, o que elimina qualquer autoridade de confiança centralizada, possibilitando que
esses possam ser compartilhados entre todos os elos daquela rede (ZOU et al., 2019).
Em um contexto de oportunidades e ameaças, no qual esta pesquisa está inserida, busca-
se como problemática a compreensão dos aspectos relacionados ao uso e à aplicação da
blockchain na infraestrutura de transação de dados e informações em cadeias produtivas. Para
tanto, este estudo é conduzido pela seguinte pergunta: qual o panorama do uso e da
aplicabilidade da blockchain nas cadeias produtivas do agronegócio?

1.1 OBJETIVOS

Os objetivos que norteiam a investigação proposta estão divididos conforme o nível de


abrangência e especificidade. Deste modo, definiu-se o objetivo geral e seus respectivos
objetivos específicos, apresentados nas próximas subseções.

1.1.1 Objetivo Geral

Identificar a possibilidade de uso e da aplicabilidade da tecnologia blockchain nos


segmentos do agronegócio.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Mapear o uso e a aplicabilidade da tecnologia blockchain nas atividades do agronegócio;


 Analisar as vantagens e desvantagens da utilização da blockchain no agronegócio; e
 Identificar os desafios e oportunidades da blockchain no agronegócio.

19
1.2 JUSTIFICATIVA

O agronegócio é um setor de suma importância para um país, seu potencial é resultante


de um conjunto de vários fatores, em especial dos investimentos em tecnologia e pesquisa, que
promovem o crescimento da produtividade. Ele é composto por cadeias produtivas que possuem
entre seus componentes os sistemas que operam em diferentes ecossistemas naturais. Em um
contexto de apoio, essas cadeias são formadas por instituições de crédito, pesquisa e assistência
técnica, que exercem uma forte influência no seu desempenho (JANK et al., 2005).
O aumento da produção agropecuária brasileira, nos últimos 40 anos, colocou o
agronegócio na posição de grande fornecedor de alimentos. Destaca-se que o país tem uma
diversidade de culturas adaptadas às regiões tropicais e um número cada vez mais alto de
produtores rurais comprometidos com suas responsabilidades no cuidado do meio ambiente,
tudo isso aliado à produção de alimentos. Esses agentes integram o setor produtivo mais
moderno do mundo, o qual vem modificando a economia brasileira (CNA, 2018).
As cadeias produtivas envolvem um conjunto de atividades econômicas e de produção
que se estruturam gradativamente, desde a elaboração até a comercialização de um produto e/ou
serviço. Diante disso, as cadeias produtivas do agronegócio brasileiro têm grande destaque em
todo o mundo, já que são complexas, diversificadas e dependem da organização de cada elo do
sistema produtivo e da relação entre eles.
Os produtores atuam em um sistema forte, participativo e abrangente, com uma
integração cada vez mais interligada dentro de uma imensa rede de negócios e cooperações,
onde todos os agentes agem em conjunto, criando uma ampla cadeia. Além do número de
transações, a complexidade dessas é crescente, considerando a infinidade de variáveis
econômicas, políticas, ambientais, sociais, culturais, legais e sanitários que cada país
importador possui (DURSKI, 2003).
Para Furlanetto e Cândido (2006), a cadeia produtiva é compreendida como operações
que envolvem desde a fabricação de insumos, a produção na fazenda, o processo de
transformação (industrialização), a distribuição e a comercialização, até chegar ao consumidor
final. Dentro dessa lógica, a empresa rural representa mais um elemento importante, integrado
em uma rede vinculada a outros sistemas como: infraestrutura, comercial, financeiro,
tecnologia, relações de trabalho e todo o aparato institucional público e privado, configurando
a cadeia produtiva.
Os diversos elos que compõem essa cadeia estabelecem relações de interação,
complementaridade e interdependência entre os atores envolvidos nessa lógica sequencial e
20
dinâmica. Tanto as instituições quanto as organizações perceberam que a eficiência do
agronegócio passou a se apoiar nos aspectos estruturais da cadeia produtiva, na medida em que
depende da capacidade de resposta à evolução da demanda vinculada pela grande distribuição
que exige novas formas de interação, para assegurar os fluxos e a qualidade da matéria prima
(FURLANETTO; CÂDIDO, 2006).
Portanto, para que se alcance um processo de gestão das cadeias produtivas, é preciso
torná-las mais transparentes, auditáveis e confiáveis, sendo necessária heterogeneidade entre os
atores envolvidos. Assim, a estrutura de uma blockchain fornecerá um sistema seguro de
armazenamento de dados com base na rede de sensores, com monitoramento dos produtos em
tempo real, garantindo sua segurança e confiabilidade.
As blockchains são estruturas em camadas que podem contar com dados tecnológicos
da IoT para conseguir transparência e auditabilidade dos registros armazenados. Por meio da
camada sensorial, obtêm-se, principalmente, o sensor de temperatura, umidade, aceleração e
pressão. E, com a tecnologia blockchain, esses dados rastreados são gravados em bloco de
forma segura e indefectível, haja vista que a segurança dos dados é a garantia da segurança dos
alimentos (XIE; SOL; LUO , 2017).
Logo, uma nova abordagem vem ocorrendo, pois não é mais possível planejar
setorialmente sem levar em consideração os deslocamentos ao longo da cadeia produtiva, em
especial no caso do agronegócio que é altamente dependente das diferentes exigências de
mercado. Dessa forma, considerando-se a relevância do agronegócio e de suas cadeias
produtivas para a economia de um país, justifica-se esta pesquisa, uma vez que busca identificar
as possibilidades de uso e a aplicabilidade da tecnologia blockchain no agronegócio, para
assegurar confiabilidade e transparência nas transações entre os elos da cadeia, além de reduzir
custos. Percebe-se a importância deste estudo, pois a pesquisa contribuirá oferecendo subsídios
à formulação de novas estratégias e ações de melhorias direcionadas às cadeias produtivas do
agronegócio.

21
2. REVISÃO DA LITERATURA

Apresenta-se, nesta seção, os principais eixos teóricos que norteiam este estudo.
Discorre-se sobre o que é uma blockchain, como funciona e para que serve.

2.1 CONCEITO DE BLOCKCHAIN

Blockchain é um sistema de dados distribuídos, que replica e compartilha informação


entre todos os membros de uma rede. Seu conceito foi introduzido em 2009 por Satoshi
Nakamoto, que criou os Bitcoins para resolver problemas de double spend. Os nós na rede
Bitcoin incorporam validações, mutuamente acordadas na blockchain, comportando as
transações no ledger, isto é, uma espécie de livro caixa que determina quem possui dados nessa
corrente (CHRISTIDIS; DEVETSIKIOTIS, 2016).
Para Laurence (2017), blockchain é uma inovação que vem da incorporação de
tecnologias já existentes. É uma base de dados distribuída, na qual um grupo de pessoas
controla, registra e compartilha informações e pode ser utilizada em diferentes tipos de
aplicações, interligada por meio de plataformas e hardwares em todo o mundo. Ela tem sido
apontada como uma tecnologia que tem o conceito baseado em protocolo inviolável à ação
humana e é fundamentada em três tecnologias subjacentes: redes peer-to-peer (P2P),
criptografia e algoritmos de consistência distribuídos. Além disso, ela é acompanhada de um
contrato inteligente, o qual não é parte necessária dos sistemas baseados em blockchain, mas
fornece suporte natural para as transações realizadas, utilizando a tecnologia (SIKORSKI;
HAUGHTON; KRAFT, 2017).
Cabe destacar que essa tecnologia pode ajudar a construir um sistema confiável, auto-
organizado e aberto, envolvendo todas as partes interessadas. Diferentemente dos modelos
tradicionais, as informações são centralizadas e as transações passam sempre por um ponto
central que pode alterá-las. Na descentralização, a integridade das informações é testada por
todos os usuários, caso um deles tente adulterar um dado já registrado, os demais ficarão
sabendo e rejeitarão a operação conforme apresentado na Figura 1.

22
Figura 1- Informações centralizadas versus descentralizadas
a) Centralizada b) Descentralizada

Fonte: adaptado de Herrero (2017).

Centralização versus descentralização: as informações armazenadas nessa cadeia de


blocos são decentralizadas, ou seja, não ficam sozinhas em um servidor se não forem
armazenadas em múltiplos servidores, nos quais estarão protegidas por diversos processos, o
que as torna impossíveis de alteração posteriormente (HERRERO, 2017). A tecnologia
blockchain é diferente da tecnologia de banco de dados on-line tradicional. Esta se situa em um
único local, acessado por uma rede de usuários, e essa tem uma relação invertida, é um banco
de dados descentralizados, distribuídos por meio de uma rede de usuários. Cada transação
contém provas de validade e autorização, eliminando a necessidade de verificação centralizada
(MANSKI, 2017).
Conforme Faye (2017), blockchain é um registro contábil de operações digitais
partilhado entre múltiplos stakeholders e só pode ser atualizada com um acordo entre a maior
parte dos participantes do sistema. É a informação que, uma vez escrita, nunca mais pode ser
sobrescrita, de tal modo que a blockchain contém um registro certo e verificável de cada
transação já realizada.
Tapscott e Tapscott (2016) afirmam que a blockchain representa um consenso de cada
operação que já aconteceu na rede. É como um World Wide Web de informações e um World
Wide Ledger de valor – é um livro razão distribuído que todos podem baixar e executar em seus
computadores. De acordo com Roman (2018), as blockchains se distinguem de outras
aplicações tecnológicas existentes nos mercados principalmente nos sistemas financeiros. No
Quadro 1, exemplifica-se seus princípios e definições da blockchain.

23
Quadro 1- Princípios da Tecnologia Blockchain
PRINCÍPIOS DEFINIÇÕES

Cada parte de uma blockchain tem acesso ao banco de dados inteiro e seu histórico
Banco de dados
completo. Nenhuma parte controla individualmente os dados ou as informações,
distribuído mas pode verificar os registros de seus parceiros de transação diretamente, sem
um intermediário.
Transmissão peer-
A comunicação ocorre diretamente entre os pares, e não por um nó central. Cada
to-peer nó armazena e envia informações para todos os outros nós.

Toda transação e seu valor associado são visíveis para qualquer pessoa com
Transparência acesso ao sistema. Cada nó ou usuário em uma blockchain tem um endereço
alfanumérico exclusivo de mais de 30 caracteres que o identifica. Os usuários
com o pseudônimo
podem optar por permanecer anônimos ou fornecer prova de sua identidade a
outras pessoas. As transações ocorrem entre endereços blockchain.

Depois que uma transação é inserida no banco de dados e as contas são


atualizadas, os registros não podem ser alterados, porque estão vinculados a todos
Irreversibilidade
os registros de transação que vieram antes deles (daí o termo ‘cadeia’). Vários
dos registros algoritmos e abordagens computacionais são implantados para garantir que a
gravação no banco de dados seja permanente, ordenada cronologicamente e
disponível para todos os usuários da rede.

A natureza digital do ledger (dados digitais replicados, compartilhados,


Lógica sincronizados e distribuídos) significa que as transações de blockchain podem ser
vinculadas à lógica computacional e, em essência, programadas. Assim, os
computacional
usuários podem configurar algoritmos e regras que acionam, automaticamente, as
transações entre os nós.
Fonte: adaptado de Roman (2018).

Beck et al. (2017) acrescentam que a blockchain é uma tecnologia de contabilidade


distribuída (DLTs) em forma de banco de dados, que permite o registro simultâneo de operações
econômicas entre várias organizações. Para Tian (2018), com essa tecnologia é possível se
estabelecer um sistema de informação que não depende da confiança de uma autoridade central,
dado que todas as informações dos produtos podem ser armazenadas em um sistema
compartilhado e transparente. Por exemplo, por meio de um grande banco de dados e suas redes
de negócios, as organizações possibilitam uma gama de informações aos seus fornecedores e
clientes, de forma individual ou para a rede como um todo.
Consoante Scott (2017), a informação sobre cada transação realizada é compartilhada e
fica disponível para todos os nós da rede, que são anônimos, gerando segurança na confirmação
das transações. A tecnologia blockchain é dividida em dois grupos de redes: as públicas de
acesso aberto (permissionless) e as privadas ou de acesso autorizado (permissioned). Na Figura
2, expõe-se algumas características dessas redes

24
Figura 2 - Características das redes blockchain

Fonte: adaptado de Scott (2017).

As blockchains são programas de computador replicados e executados por todos os nós


da rede ou por um conjunto predeterminado de nós denominados validadores. As aplicações
baseadas em contratos inteligentes são chamadas de decentralized applications ou Dapps. Nas
palavras de Green (2018), blockchain é uma inovação simples, uma nova maneira de
manutenção de registros e um mecanismo que é distribuído entre todos os usuários.
No entanto, terá efeitos sobre a economia mundial, pois os atuais sistemas de gestão de
registro estão sujeitos a fraudes e erros humanos e envolvem um monte de papel, além de tomar
muito tempo para a realização de processos. Com a blockchain, coisas de valor como moeda,
informações e contratos são imediatamente gravadas e transferidas com segurança.

25
2.2 FUNCIONAMENTO DA BLOCKCHAIN

Blockchain funciona com um hash que é um algoritmo ou código de programação, que,


ao ler um conjunto de dados de qualquer proporção, gera outro dado de tamanho preciso,
denominado “valor hash ou código hash”. Este foi introduzido na criptologia há 70 anos e é
utilizado como uma ferramenta para proteger a autenticidade das informações. Cada vez que
um novo bloco é acrescentado é feita a validação do bloco anterior pela adição de seu código
hash (BADEV, 2014). Na Figura 3, exemplifica-se esses atributos nas transações realizadas na
blockchain.

Figura 3 - Transações em Blockchain

Fonte: adaptado de Nakamoto (2008).

Após a verificação inicial da transação assinada, a equipe de participantes da rede


registra a transação na blockchain. Evidencia-se que, inicialmente, as transações do grupo são
transmitidas para a rede desde o último registro (BADEV, 2014). E quando uma função hash é
executada sobre um mesmo conjunto de dados, constituirá o mesmo código hash. Para tanto,
emprega-se esse processo de forma a garantir a autenticidade de determinada informação, ou
seja, se algum indivíduo precisar examinar a veracidade de um documento eletrônico salvo na
rede, basta operar a função hash e identificá-lo sem nenhuma alteração.
Consoante Amaro (2017), a tecnologia blockchain é baseada em fundamentos
compartilhados das transações (ledger), é o acordo para a verificação destas, um contrato que
determina suas regras de funcionamento e é criptografada, que é o alicerce de tudo. A Figura 4

26
exibe um panorama em que os Smart Contracts utilizam da blockchain para realizar as
transações e todas as blockchains são distributed ledges.

Figura 4 - Os Smart Contracts estão dentro das blockchains e todas as blockchains são
distributed ledges

• São dados digitais replicados, compartilhados, sincronizados e distribuídos,


geograficamente, em vários locais, países ou instituiçoes.
Distribuição • Distribuição de registros não possui um administrador central, é baseada em redes
Ledgers ponto a ponto com algorítimo de consenso.

• É uma distibuição ledger que mantém uma lista crescente de registros, chamados
blocos. Por definição, blockchain é inerentemente e resistente à modificação dos
dados. Uma vez registrados, em qualquer bloco, estes não podem ser alterados
retroativamente sem mudar todos os blocos subsequentes e sem um acordo da
Blockchain maioria da rede.

• São protocolos de computadores que facilitam, verificam ou reforçam a


negociação ou execução de um contrato, ou que evitam a necessidade de uma
cláusula contratual.
Smart Contracts

Fonte: elaborada pela autora (2019).

Quando se cria uma rede de negócios, define-se quais as transações e processos serão
utilizados como sustentação na blockchain. Amaro (2017) destaca como critérios básicos na
classificação dos processos elegíveis: extremamente complexos e lentos, de forma que
mantenham uma cadeia de validação em variáveis; transações que exijam rastreabilidade e
registros únicos inalteráveis; processo de identidade; criação de aumento da relação de
confiança entre os membros envolvidos em uma rede de negócios; e novos modelos de
negócios.
Dado que, uma vez eleito o processo, inclui-se a blockchain como camada de systems
of insight à camada de estrutura ligada, programa-se na blockchain o contrato (regras de negócio
aplicadas aos sistemas) chamado de chaincodes, no qual se acrescenta os níveis de acesso dos
membros da rede às informações contidas no ledger. A partir disso, todas as novas transações
serão registradas e operadas em concordância com o que foi programado (AMARO, 2017).

27
Para um melhor entendimento do funcionamento das blockchains, apresenta-se, no Quadro 2,
as sete etapas de suas transações (DELOITTE, 2018, p. 3).

Quadro 2- Etapas do Funcionamento da Blockchain

ETAPAS DEFINIÇÕES

TRANSAÇÃO: duas partes trocam dados; isso pode representar


dinheiro, contratos, escrituras, registros médicos, detalhes do cliente
ou qualquer outro ativo que possa ser descrito em formato digital.

VERIFICAÇÃO: dependendo dos parâmetros da rede, a transação é


verificada instantaneamente ou transcrita em um registro seguro e
colocado em uma fila de transações pendentes. Neste caso, nós - os
computadores ou servidores na rede - determinam se as transações são
válidas com base em um conjunto de regras acordadas pela rede.

ESTRUTURA: cada bloco é identificado por um hash, um número


de 256 bits, que foi criado com o uso de um algoritmo acordado pela
rede. Um bloco contém um cabeçalho, uma referência ao hash do
bloco anterior e um grupo de transações. A sequência de hashes
vinculados cria uma cadeia segura e interdependente.

VALIDAÇÃO: os blocos devem primeiro ser validados para serem


adicionados à blockchain. A forma mais aceita de validação para
open-source blockchain é uma prova de trabalho - a solução para um
problema matemático, um quebra-cabeça derivado do cabeçalho do
bloco.

MINERAÇÃO DE BLOCKCHAIN: mineradores tentam resolver o


bloco fazendo mudanças incrementais para uma variável, até que a
solução satisfaça um alvo de toda a rede. Isso é chamado de ‘prova de
trabalho’, porque respostas corretas não podem ser falsificadas;
soluções potenciais devem provar que o nível apropriado de poder de
computação foi drenado em resolver.

A CORRENTE: quando um bloco é validado, os mineiros que


resolveram o quebra-cabeça são recompensados e ele é distribuído
pela rede. Cada nó adiciona o bloco à cadeia maioritária, a blockchain
é imutável e aditável na rede.

DEFESA INTEGRADA: se um minerador malicioso tentar enviar


um bloco alterado para a cadeia, a função hash desse bloco e todos os
blocos seguintes mudariam. Os outros nós iriam detectar essas
mudanças e rejeitariam o bloco da cadeia maioritária, prevenindo a
corrupção.
Fonte: adaptado de Deloitte (2018, p. 3).

A blockchain comporta um gerenciamento seguro de ledger compartilhado, em que as


transações são examinadas e armazenadas em uma rede sem a autoridade central governante.

28
As blockchains podem ter diferentes configurações, desde redes públicas de códigos abertos até
blockchains privadas que exigem permissão explícita para ler e escrever. Salienta-se que a
ciência da computação e a matemática avançada, sob a forma de funções hash criptografadas,
fazem com que as blockchains funcionem, não apenas ativando as transações, mas também
protegendo as correntes (DELOITTE, 2018).
De acordo com Tian (2018), essa tecnologia permite estabelecer um sistema de
informação que não depende da confiança de uma autoridade central, todas as informações dos
produtos podem ser armazenadas em um sistema compartilhado e transparente para todos os
membros da cadeia. No entanto, é uma tecnologia que grava transações, permanentemente, de
maneira que não possam ser apagadas depois, podendo ser somente atualizadas
sequencialmente, o que permite manter um rastro histórico sem fim.

2.3 UTILIDADE DA BLOCKCHAIN

Inicialmente, a ideia das blockchains era fazer uma Criptomoeda, com uma aplicação
distribuída. O Bitcoin, criado por Satoshi Nakamoto em 2008, é um sistema de dinheiro
eletrônico utilizado de pessoa para pessoa para pagamentos on-line, sem passar por uma
instituição financeira, é a primeira aplicação envolvendo blockchain e a mais conhecida até os
dias de hoje. Com o desenvolvimento da tecnologia de rede, o pagamento on-line passou a ser
um importante meio de negociação, principalmente nas instituições financeiras, nas quais a
maioria dos métodos de pagamentos que existe é fundamentada na confiança com as
instituições e com o software (FU et al., 2017).
Green (2018) afirma que nas bitcoins a blockchain foi conceituada como um livro
distribuído, no qual a necessidade de um terceiro para fornecer confiança é eliminada, esta é
fornecida por meio de prova de criptografia, o que garante que as transações sejam autenticadas.
Szabo (1994, p. 1) definiu contrato inteligente “[...] como um protocolo de transação
computadorizado que executa os termos de um contrato”. Esse autor recomendou que as
cláusulas dos contratos poderiam ser transferidas para um código, diminuindo a necessidade de
intermediários nas transações entre as partes. Dessa forma, trata-se de um script armazenado
em uma blockchain e tem um endereço único (está em um bloco com um hash que o identifica).
Conforme Swan (2015), blockchain é uma tecnologia com potencial extremamente
disruptivo, com capacidade de reconfigurar todos os aspectos da sociedade e suas operações.
Por esta razão, ela propõe três categorias:

29
1. blockchain 1.0: são moedas digitais marcadas pelo surgimento da tecnologia e pelas
Criptomoedas virtuais;
2. blockchain 2.0: são contratos inteligentes que englobam todas as áreas financeiras e
econômicas, como: empréstimos, títulos, hipotecas, ações, títulos futuros e propriedade
elegante; e
3. blockchain 3.0: são as aplicações eficientes, além das Criptomoedas em economia,
mercados, ciências de forma geral e áreas governamentais.

A tecnologia blockchain pode se tornar a Internet do dinheiro conectando as finanças


da mesma forma que a IoT conecta as máquinas. A primeira categoria foi importantíssima para
criação do conceito de Criptomoedas virtuais, sendo essa a forma que atualmente são realizadas
as transações pela internet (SWAN, 2015). Para Deloitte (2018), existem três níveis de
utilização de blockchain:
1. armazenamento de registros digitais: para armazenar identidades digitais de indivíduos,
organizações, bens, títulos, direitos de voto e tudo o que pode ser representado
digitalmente;
2. troca de ativos digitais: executa transações peer-to-peer, sem intermediários de terceiros
confiáveis, reduzindo o tempo de compensação e liquidação e os custos relacionados; e
3. recordação e execução de contratos inteligentes: são códigos digitais que permitem a
execução automática de ações especificadas, alicerçadas nas condições contratuais com
validades para todas as partes.

Para Green (2018), os contratos inteligentes podem executar transações comerciais


recorrentes e têm potencial para ajudar a reduzir padrões contratuais. Eles são gravados em uma
blockchain e são imutáveis, e um código de alta qualidade é necessário para evitar erros e
fraudes. A blockchain é capaz de armazenar e rastrear qualquer coisa de valor, como dados e
informações pessoais, certificações e outros itens não-monetários e tem como consequência a
expansão dessas aplicações de forma significativa, gerando interesses para explorar seus efeitos
sobre diferentes moedas e serviços.
Munsing et al. (2017) apontam que a blockchain poderá transformar o mundo dos
negócios, a realidade dos mercados e o dia a dia das pessoas. Atualmente, as aplicações de
blockchain vão além das Criptomoedas, uma vez que está sendo explorada em outros setores,
principalmente no mercado financeiro. Porém, quando empregada nas Criptomoedas, ela utiliza

30
o protocolo e o software Bitcoins que são publicados abertamente e estão disponíveis para
qualquer desenvolvedor revisar ou fazer a sua própria versão modificada, utilizando os mesmos
softwares que os fornecedores de carteira eletrônica e de processamento de pagamentos entre
mineradores, empresas de seguros, dentre outros (MUNSING et al., 2017).
Para Sheng et al. (2018), o setor financeiro é o que mais tem investido na tecnologia
blockchain, com mais de 90 bancos discutindo a aplicação da tecnologia e seus impactos no
arcabouço legal regulatório. Espera-se que com o uso dessa tecnologia sejam gerados benefícios
como: simplificações da operação, diminuição de custo operacional, menor número de
intermediários, diminuição de custo propiciando redução da tensão entre os reguladores,
mitigação de fraudes e ofertas de novos serviços.
No setor financeiro, a tecnologia blockchain compreende pagamentos internacionais e
liquidação, instrumento de dados, identificação do cliente e antifraude, lavagem de dinheiro e
transações de ativos mobiliários. Ela tem sido utilizada em diferentes campos, como a
contabilidade e o e-commerce. As vantagens da contabilidade distribuída em blockchain é que
os documentos contábeis são mais creditáveis, já que sua modificação é impossível de
acontecer. Blockchain similarmente pode ser empregada na resolução de crédito no comércio
internacional e para a circulação de documentos mediante contratos inteligentes (SHENG et al.,
2018).
Tapscott e Tapscott (2017) avultam que as instituições financeiras estão testando provas
de conceito já usando a DLTs. Conforme esses autores, o interesse de muitas empresas em
DLTs emana das oportunidades de reduzir custos, já que pagamentos digitais ainda são
relativamente lentos e caros. Tripoli e Schmidhuber (2018) apontam que a blockchain é
usufruída por instituições financeiras para facilitar pagamentos de remessas instantâneas, uma
solução de pagamentos integrados para aumentar a liquidez em títulos privados e pagamentos
globais, usando DLTs. Por isso, ela pode ser aplicada no financiamento agrícola, pois as DLTs
têm o potencial de proporcionar uma maior inclusão financeira das micro, pequenas e médias
empresas e em países de baixa renda, permitindo que os atores da cadeia produtiva agrícola
invistam mais em seus negócios.
Algumas empresas estão utilizando DLTs para implantação de produtos de seguros
agrícolas. Com sede na Suíça, a empresa Etherisc Blockchain Startup está construindo uma
plataforma que utiliza DLTs para trazer o seguro agrícola aos países em desenvolvimento,
principalmente, à África. Recentemente, uma rede de seguros, Aigang e Skyph, fez uma parceria

31
para desenvolver um seguro agrícola utilizando Hardware Zangão, software GIS, blockchain e
contratos inteligentes (TRIPOLI; SCHMIDHUBER, 2018).
Países desenvolvidos como Reino Unido, Estados Unidos da América (EUA) e Japão
estão dando atenção especial ao desenvolvimento de blockchain, ao explorarem sua aplicação
em diversos campos. A China, a Rússia, a Índia, a África do Sul, entre outros países têm iniciado
pesquisas em tecnologia blockchain. No Brasil, o Banco Central (BC) divulgou a Plataforma
de Integração de Informações das Entidades Reguladoras (PIER) em blockchain, para troca de
dados com órgãos reguladores do sistema financeiro.
A PIER facilita a troca de dados entre BC e órgãos como a Superintendência de Seguros
Privados (SUSEP), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência Nacional
de Previdência Complementar (PREVIC). Primeiramente, ela será utilizada para troca de dados
referentes aos processos de autorização de uma instituição financeira, a qual compreende o
intercâmbio de informações sobre processos punitivos de atuação de administradores no
Sistema Financeiro Nacional (SFN) e de controle societário das entidades reguladas pelo BC
(2018).
Outra iniciativa de utilização da blockchain pelo setor bancário está sendo desenvolvida
em conjunto com Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), Sistema de
Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB), (Banco do Estado do Rio Grande do Sul
(BANRISUL) e Grupo Santander. Trata-se de um serviço de transferência baseado em
blockchain, chamado Sistema Financeiro Digital (SFD) que funciona 24h por dia, no qual os
correntistas poderão fazer transferências seguras entre pessoas, apenas selecionando o contato
da agenda telefônica do celular, um serviço P2P sem passar pela custódia de uma terceira parte
(CATARINO BRASILEIRO, 2018).
Logo, a blockchain fornecerá um seguro imutável, transparente e quase instantâneo em
uma transação entre duas ou mais partes, sendo que a necessidade de um terceiro é eliminada e
constitui um único livro de verdade imutável que é capaz de ser visto por todas as partes
relevantes, sem ser alterada por ninguém. Neste contexto, blockchain foi rapidamente aceita
pelas organizações mais conceituadas do mundo, incluindo empresas de tecnologia, como a
International Business Machines Corporation (IBM), Apple e instituições financeiras, como
Morgan Motor Company, Industrial and Commercial Bank of China Limited (ICBC), Welles,
Farg e Bank of América.
Referentemente à saúde, a blockchain poderá ser utilizada em convênios e em registros
médicos eletrônicos, em banco de doenças, históricos de pacientes e contratos como planos de

32
saúde. Manav (2017) afirma que nesta área é preciso ter sistemas mais eficientes e seguros no
gerenciamento dos registros médicos. Nos dias de hoje, os registros são mantidos em um centro
de dados e o acesso é limitado a redes de provedores das redes hospitalares, o que faz com que
a centralidade dessas informações seja vulnerável à violação. Em concordância com Mougayar
(2017, p. 123), blockchain poderá contribuir na área da saúde como:
a) uma combinação de processos com multiassinatura e QR codes, podendo dar acesso
específico aos registros médicos ou parte deles a profissionais de saúde autorizados;
b) compartilhar dados de pacientes de maneira agregada, mantendo-os anônimos para
garantir sua privacidade, auxiliando em pesquisa e em comparação de casos
similares;
c) relacionar e cronometrar procedimentos ou ocorrências médicas para reduzir fraude
de convênios e facilitar a verificação da conformidade dos serviços prestados;
d) registrar a manutenção de partes críticas de equipamentos médicos, como um
scanner de ressonância magnética, fornecendo um rastro aditável e permanente;
e) verificar a procedência de medicamentos para eliminar a manufatura ilegal de
drogas; e
f) casecoins: originar altcoins específicos que criam mercado de criptomoedas para a
resolução de uma doença específica, como a FoldingCoin, um projeto no qual os
participantes compartilham seu poder de processamento para ajudar na cura de uma
doença e recebem um token ativo.

Na blockchain, tem-se o histórico médico completo, com informações precisas para


cada paciente, com o controle dos pacientes, médicos, reguladores, hospitais e seguradoras.
Assim, ela possibilita um mecanismo para gravar e manter todos os dados, proporcionando
melhor eficiência na resolução dos sinistros de seguros, na prescrição de medicamentos, na
redução de tempo, etc. (GUPTA, 2017).
No que tange ao setor público, alguns governos estão implementando blockchain como
livros contábeis distribuídos para modificar as formas como as informações são armazenadas e
como as transações ocorrem, tencionando alcançar velocidade e segurança, diminuir os erros,
eliminar pontos centrais de ataques e falhas e ter menos custo. Governos do Reino Unido, EUA,
Nova Zelândia, Holanda, Israel, Dubai e Estônia possuem investimentos em aplicações da
blockchain no setor público. Mas os dois últimos têm se destacado em projetos sobre a aplicação
e o uso dessa tecnologia (TAPSCOTT; TAPSCOTT, 2016).

33
A Estônia é um dos países que mais tem investido em tecnologia no setor público nos
últimos anos, provendo serviços públicos disponíveis em meio digital. Informações no site de
seu Governo mostram que 99% dos serviços públicos estão acessíveis on-line 24 horas por dia,
sete dias por semana. Trata-se de um ecossistema digital seguro, conveniente e flexível, com
um nível sem precedentes de transparência no governo, com ampla confiança em sua sociedade
digital, resultando em eficiência nos serviços (HERNANDEZ, 2017).
Um dos cases de maior sucesso no uso da tecnologia blockchain pela Estônia é o seu
uso, que está em fase de teste, na infraestrutura de saúde digital. Em 2011, o país e a Guardtime,
empresa de segurança da informação, desenvolveram uma plataforma de assistência médica
baseada na tecnologia blockchain, a qual permite que os seus cidadãos, os prestadores de
cuidados de saúde ou as companhias de seguros, caso necessitem, recuperem todas as
informações sobre os tratamentos médicos realizados. Como os dados são armazenados
utilizando o Guardtime Blockchain, a Estônia provou, com essa plataforma, que tem uma
infraestrutura completa de saúde pública que pode ser operacionalizada utilizando a tecnologia
(METTLER, 2016).
Penning (2017) aponta que a Holanda é um dos cinco principais países do mundo que
se destaca em economias digitais e tem investido cada vez mais em tecnologia. Uma das grandes
apostas tecnológicas do Governo holandês é a tecnologia blockchain, considerada uma fonte de
confiança e segurança para cidadãos, sociedade e organizações de vários segmentos.
Verificando o potencial da tecnologia, o Ministério Holandês de Assuntos Econômicos criou a
Dutch Blockchain Coalition, uma iniciativa público-privada que busca estimular a implantação
em grande escala da tecnologia blockchain no país.
A Dutch Blockchain Coalition estabeleceu a Dutch Blockchain Action, a agenda de
desenvolvimento da tecnologia na Holanda. Ela se concentra em três linhas de ação:
identificação digital, que diz respeito à identificação de pessoas jurídicas e objetos; condições
para o uso da tecnologia blockchain, que prediz a criação de suporte e conscientização sobre o
uso da tecnologia blockchain, pois em uma aplicação de larga escala é necessário suporte
político, administrativo, legal, econômico e social; e a capacitação para o desenvolvimento e
uso da tecnologia, que determina que será realizado um esforço para disseminar o conhecimento
sobre ela (PENNING, 2017).
No Brasil, os investimentos na tecnologia blockchain no setor público e em diversos
outros setores ainda são iniciais e existem poucos eventos e discussões sobre a temática. Um
deles ocorreu em agosto de 2017, quando a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da

34
Câmara dos Deputados realizou uma audiência para discutir a possibilidade de uso da
tecnologia para controlar as contas públicas (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2017). Outro
evento foi a Conferência Blockchain: Criptomoedas e Segurança em IoT, organizada pela
Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão (SETIC/MP), em setembro de 2017 (MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO, 2017).
Para Tripoli e Schmidhuber (2018), uma das aplicações mais promissoras da blockchain
está em sua capacidade de rastrear toda a cadeia de abastecimento, desde a produção, transporte,
fabricação e venda por atacado, até o varejo. Questões de segurança alimentar têm se tornado
um problema de destaque no mundo todo e vêm despertando mais atenção do público por causa
de escândalos envolvendo a indústria alimentícia. Há pouco tempo, organizações como a IBM
e Walmart, juntamente com o varejista chinês JD e com a universidade de Tsinghua, têm
trabalhado em conjunto para uma maior adoção da tecnologia blockchain em cadeia produtiva.
Outra grande possibilidade de aplicação da blockchain é no registro de terras, uma vez
que o histórico de transações imutável e rastreável protege agricultores e proprietários de terras
contra a corrupção e a fraude, resolvendo disputas futuras, já que a terra é registrada. Isso
restaura a confiança, pois os proprietários terão acesso aos títulos de terras formais e poderão
usá-las como garantia para obtenção de crédito nas instituições financeiras. Pelo fato de ainda
existir desafios para o acesso e a manutenção dos direitos de propriedade em todo o mundo,
estima-se que 70% das pessoas não possuem acesso à titulação de terras (TRIPOLI;
SCHMIDHUBER, 2018).
Conforme Sylvester (2019), muitos países já estão implementando projetos para registro
de terras utilizando blockchain. O Programa das Nações Unidas (UNDP), na Índia, por
exemplo, está trabalhando em conjunto com parceiros para fazer cadastros mais confiáveis, o
projeto irá capturar e gravar cada transação da venda do imóvel. Na República da Geórgia, há
outro projeto em teste para validar transações governamentais relacionadas a propriedades. O
projeto piloto do governo Sueco trata de registro de terras usando blockchain, pois o sistema
fornece um modo seguro para deter os documentos originais, em formato digital, o que poderá
reduzir centenas de milhões de dólares de despesas dos cofres públicos (SYLVESTER, 2019).
No setor da agricultura, blockchain tem o potencial de ser usada por agricultores no
monitoramento ambiental, quando empregada com tecnologias de agricultura de precisão. Uma
vez que informações armazenadas na blockchain podem ser feitas de forma segura, privada e
imutável, ela servirá como a ferramenta perfeita para coleta, armazenamento e

35
compartilhamento de indicadores de desempenho ambiental. Por meio dela se pode identificar
que tipo de fertilizante foi usado em determinada produção, permitindo que essa informação
seja acessível a varejistas, auditores, governos, entre outros interessados na cadeia de
abastecimento, que a usarão para monitorar e verificar o desempenho ambiental (JANSSEN et
al., 2017).
A integração da tecnologia blockchain à agricultura de precisão permitirá uma fonte
confiável de informações. Isso ajudará governos e grandes empresas de alimentos a controlar e
averiguar o impacto ambiental causado pelos agricultores envolvidos em seus programas de
sustentabilidade. E oferecerá aos agricultores uma nova maneira de participar desses
programas, sem o custo e o tempo gastos com papel, monitoramento e auditoria de suas práticas
(JANSSEN et al., 2017).
Lin et al. (2017) acrescentam que a blockchain será testada na gestão ambiental,
monitorando dados essenciais, assim como o gerenciamento de ambientes agrícolas e controle
para segurança alimentar. De acordo com esses autores, um sistema modelo de rede blockchain
na agricultura e tecnologias da informação e comunicação (TIC) estão sendo implementados
em escala local e regional, o que pode aumentar a eficiência econômica, reduzir riscos e
incertezas, mediante um desenvolvimento agrícola sustentável.
Na Índia, a blockchain terá a possibilidade de ser utilizada para agilizar a distribuição
de pagamento dos subsídios de fertilizante aos agricultores, sem a necessidade de documentos,
de múltiplas verificações e autorizações com papéis passando por vários escritórios
(SYLVESTER, 2019). A tecnologia blockchain pode garantir a qualidade do grão mediante a
rastreabilidade em tempo real. Conforme análise preliminar do estudo de Percival et al. (2018),
conclui-se que a certificação de qualidade baseada em blockchain pode aumentar a exportação
de grãos em 15% no contexto brasileiro.
A Blockchain tem a capacidade de rastrear um produto alimentar em segundos, ao invés
de dias, e tem grande alcance nas implicações da segurança alimentar. Conhecer a origem do
produto permitirá que os reguladores de segurança alimentar consigam identificar um produto
contaminado em poucas horas. Nesse sentido, Dubai anunciou planos para digitalizar a
segurança alimentar com um projeto que se concentrará primeiro em alimentos de alto risco,
com a intenção de gravar todos os produtos alimentares em uma blockchain pública (RESHMA,
2018).
Wang et al. (2019) afirmam que no setor de energia a blockchain está em fase de teste
para gerar confiança entre os governos, usuários e empresas de energia. Para resolver problemas

36
de confiança, são utilizados contratos inteligentes para o desenvolvimento de um sistema de
distribuição de energia. O contrato é um protocolo de computador inteligente destinado a se
espalhar digitalmente, com a intenção de verificar ou fazer cumprir a negociação.
Cita-se como exemplo os usuários que participam especificamente no sistema do
consumidor com um mediador inteligente associado a ele. O sistema de negociação fornece
assessores robôs para avisar aos usuários sobre os esquemas de preferências mais adequadas
para maximizar os lucros, constituindo um mercado de energia privada, decentralizada e
gratuita.
O desenvolvimento do comércio de energia fundamentada em blockchain tem evoluído
e está amadurecendo gradualmente. Experiências têm mostrado que a arquitetura do sistema
distribuído é empregada por blockchain e pode trazer maior flexibilidade e melhor desempenho
para o mercado de comercialização de energia. Tendo como forma mais comum de aplicação
da tecnologia blockchain no comercio de energia, a estrutura do sistema é a que desempenha
um papel importante no armazenamento de dados das transações e garante a segurança (WANG
et al., 2019).
Iniciativas como os serviços de monitoramento (Web energia) estão trabalhando em um
open-source, plataforma blockchain escalável que irá fornecer uma infraestrutura digital para
soluções de energia. Ledger é uma criptomoeda de energia – trang, plataforma fundamentada
em blockchain australiano que permite a venda decentralizada de compra de energia renovável
(SYLVESTER, 2019).
Outra aplicação em teste com uso da blockchain é na silvicultura. Uma empresa
chamada Hangzhou Yi Shu Blockchain Technology Co, Ltd, chinesa, pretende usar a tecnologia
para o desenvolvimento econômico nessa área e na redução da pobreza rural. O Ministério da
Agricultura, Pesca e Alimentação Espanhol também pretende aplicá-la para desenvolver a
indústria florestal. O grupo Chain Wood tem a intenção de melhorar a rastreabilidade e a
eficiência do fornecimento de madeira na Espanha implementando-a na logística da indústria.
O grupo desenvolverá um software com base na nuvem que melhorará a transparência dos
seguintes processos florestais: criação de madeira maciça, de desintegração, de pasta de
celulose e de biomassa (SYLVESTER 2019).
De acordo com Penning (2017), a blockchain proporcionará inúmeras possibilidades
para novos processos sociais, podendo gerar economia compartilhada, aumentar a
transparência, facilitar o fornecimento de informações das pegadas de carbono e origem dos
materiais, reforçar a autonomia e a privacidade dos cidadãos, aumentar a segurança cibernética

37
e renovar a forma de planejamento e controle do negócios. Acredita-se que, com o uso da
blockchain, poderá se alcançar uma economia mais eficiente, segura e compatível.
Assim, blockchain serve para inúmeros modelos de negócios e pode ser utilizada de
diversas maneiras com outras tecnologias já existentes. Ela facilita a criação de redes
descentralizadas, permite aos participantes a troca de dados e serve como uma camada de
controle de acesso. A tecnologia blockchain pode atuar como um livro-razão público que
imutavelmente armazena registros de transações, uma vez que esta propriedade poderá ser
aproveitada para implementar o gerenciamento transparente que incentiva o compartilhamento
de informações dentro das redes de negócios, os quais não perdem a individualidade do registro
das transações, mas afetarão governos e organizações nas suas operações de atividades diárias.

38
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção, apresenta-se as etapas e as técnicas utilizadas para alcançar o objetivo desta
pesquisa. Destaca-se que este estudo é exploratório, caracteriza-se como quali-quantitativo e
tem por finalidade apresentar e detalhar os procedimentos e a estrutura da pesquisa realizada.
Deste modo, evidencia-se o tipo de pesquisa, como foram realizadas a coleta a as análises dos
dados, bem como os resultados encontrados.
Para Gil (2008), pesquisas exploratórias tendem a aproximar o estudo científico do
problema a ser pesquisado. Vergara (2009) afirma que a pesquisa exploratória é pertinente
quando existe pouco conhecimento na área pesquisada. Para solucionar a questão deste estudo,
a metodologia foi dívida em três etapas: no que diz respeito ao primeiro objetivo específico, foi
realizada uma revisão sistemática da literatura, com base nos artigos indexados nas bases de
dados Elsevier’s Scopus e Web of Science (WoS); e, com relação ao segundo e ao terceiro
objetivos específicos, fez-se um ‘text mining’ dos artigos previamente selecionados. Foram
aplicadas entrevistas com especialistas envolvidos em projetos relacionados com a tecnologia
blockchain.

3.1 ETAPA 1- REVISÃO SISTEMÁTICA

Na revisão sistemática, buscou-se artigos científicos nas plataformas Elsevier’s Scopus


e WoS, no dia cinco de julho de 2019, sem restrição de data de publicação. Foram selecionados
estudos relevantes e de qualidade, considerando a seleção dos bancos de dados e o fato de eles
incluírem o topo da ciência, apresentando uma amplitude de revistas e anais de conferências
indexados em ambas as plataformas.
Realizou-se uma revisão bibliométrica, com análise sistemática do conteúdo dos artigos,
seguindo o protocolo Prisma. Araújo (2006) configura a bibliometria como uma técnica
quantitativa e estatística de medição de índices de produção de forma sistematizada,
contribuindo com a temática no meio acadêmico, caracterizando-se por medir a influência dos
periódicos, dos pesquisadores e suas tendências. O protocolo Prisma auxilia os pesquisadores
a melhorar o relato das revisões sistemáticas ou meta-análises, já que tem como base uma
pergunta objetiva, utiliza métodos detalhados e compreensíveis e permite identificar, selecionar
e avaliar de forma crítica as pesquisas mais relevantes sobre o assunto pesquisado (MOHER et
al., 2015).

39
A revisão sistemática é apresentada nas seguintes etapas: formular a pergunta de
pesquisa; definir critérios de inclusão ou exclusão; selecionar e avaliar a qualidade da literatura
incluída no estudo; e analisar, sintetizar e divulgar os resultados (CRONIN et al., 2008). Essa
escolha se deu devido à sua confiabilidade acrescida do rigor metodológico necessário para
desenvolvê-la. Do mesmo modo, sua abrangência permite uma análise geral do conteúdo
estudado e consente em uma estruturação clara das informações encontradas (TRANFIELD et
al., 2003). A análise segue com duas fases de procedimentos operacionais:
A) primeira fase: definiu-se as bases de dados da pesquisa para a busca dos artigos,
utilizando-se a Elsevier’s Scopus e a WoS. Recorreu-se a dois sistemas de busca, tencionando
identificar um número maior de estudos e apresentar resultados discrepantes na quantidade de
documentos. Inseriu-se as palavras-chave, em idioma inglês, no mecanismo de busca: no título,
no resumo e nas palavras-chave, escolhendo o tipo de documento “artigo”.
Iniciou-se utilizando os seguintes termos (Agr* and “Blockchain” or “Block chain” or
“Block-chain”), retornando 82 artigos na Scopus e 221 na WoS, o que resultou em um total de
303 estudos. Em um segundo momento, realizou-se a busca com a palavra “Blockchain” e uma
sub-busca, inserindo a palavra “Agr*”, foram encontrados 266 estudos na Scopus e 160 na WoS,
identificando um total de 426 artigos, conforme exposto na Figura 5.

Figura 5 - Busca nas bases de dados Scopus e Web of Science

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Ao concluir esse procedimento, foram encontrados 729 artigos. Na sequência, aplicou-


se a metodologia do protocolo Prisma, conforme exposto na Figura 6.

40
Figura 6 - Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para a revisão bibliométrica e
sistemática

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Nota-se que, na Figura 6, dos 729 artigos encontrados na pesquisa, apenas 71 atenderam
às quatro etapas do fluxograma: identificação, seleção, elegibilidade e inclusão. Eliminou-se os
artigos que não tinham como objetivo de estudo o agronegócio, os que não disponibilizaram o
seu texto completo na web e os que tratavam de ensaios teóricos, trabalhos bibliométricos,
revisão sistemática e análise da literatura. Porém, os artigos excluídos contribuíram para uma
melhor compressão da pesquisadora sobre a temática em estudo, uma vez que se tratavam de
revisões sobre a tecnologia blockchain. Deste modo, durante esta etapa, exigiu-se que o tema

41
central para a inclusão do artigo fosse blockchain e o agronegócio, sendo selecionados artigos
que abordavam aplicações da blockchain em algum segmento do agronegócio.
B) segunda fase: definiu-se os principais indicadores bibliométricos: evoluções
cronológicas, áreas do conhecimento, números de publicações por país, instituições que
publicaram sobre a temática e principais autores e nuvem de palavras. E os assuntos mais
importantes da revisão sistemática: objetivos, procedimentos metodológicos, segmentos de
estudo, tipos de aplicação e países de realização do estudo. A análise e a discussão dos
resultados foram desenvolvidas por meio de uma análise quali-quantitativa, fazendo-se uma
revisão sistemática dos artigos que iniciou com a releitura de cada um deles, extraindo
fragmentos de seus estudos.

3.2 ETAPA 2- TEXT MINING

Nesta etapa, utilizou-se técnicas de mineração de texto, o Text Mining, que é um


processo de descoberta de conhecimento que consiste em analisar e extrair dados de textos não
estruturados (ROMERO; VENTURA, 2010; ZAFRA; ZENG et al., 2012). Envolve a aplicação
de algoritmos computacionais que processam textos e extraem informações importantes, as
quais não poderiam ser recuperadas com métodos habituais de investigação (MORAIS;
AMBRÓSIO, 2007). Essa mineração envolveu a recuperação de informações, a análise textual
e a extração de informações de estudos científicos. Primeiramente, foram selecionados 68 dos
71 artigos elegidos na primeira etapa desta pesquisa, que foram salvos em “TXT.RAR” e
utilizados na integra. Excluiu-se três deles por não estarem no idioma inglês.
Em um segundo momento, foi realizado o preparo dos textos, empregando-se o software
R 3.6.1, (2019), para limpeza e tratamento dos dados. Retirou-se os caracteres especiais,
pontuações, números, excluindo “stopwords” (palavras sem valor para a análise, como “the”,
“of”, “but”, entre outras). No terceiro momento, a fim de identificar os termos mais utilizados
na literatura, a mineração de texto foi realizada nos artigos selecionados, seguindo critérios e
restituído os seguintes valores de parâmetros para cada um dos termos que se encontram nos
estudos:
(i) frequência (número de vezes que ocorreu um termo) - foi calculada a frequência
absoluta das palavras encontradas nos artigos, limitando-se a apresentar, no corpo do trabalho,
as palavras com frequência maior ou igual a 1.000. Verificou-se os vocábulos mais associados
ao termo “blockchain”, indicando a correlação maior ou igual 0,6 de cada termo com a
blockchain;
42
(ii) exibição por cento (percentagem relativa da frequência de termos e o número total
de palavras no documento);
(iii) por cento dos casos (percentagem de casos em que ocorreu o termo);
(iv) foram representados os bigramas com frequência maior ou igual a 100; e
(v) foram calculados os bigramas e seus respectivos TF_IDF, sendo representados os
bigramas com TF_IDF maior ou igual a 0,05. O valor TF–IDF é uma medida estatística que
indica a importância que uma palavra em um documento tem em relação a uma coleção de
documentos, sendo frequentemente utilizada como fator de ponderação na recuperação de
informações e na mineração de dados.
Elaborou-se um gráfico com a rede de palavras dos bigramas (network), com
frequências maiores de 50, que permite a visualização de todos os relacionamentos entre
palavras, simultaneamente. Para o agrupamento de palavras (cluster) dos artigos analisados,
utilizou-se a matriz de termos com seus vocábulos mais frequentes.
Para eliminação das palavras menos frequentes, fez-se uso da função chamada ‘sparse’,
mantendo uma esparsidade máxima de 0,15. Após, foi calculada a matriz de distâncias entre as
palavras e, com a aplicação do método de Ward, foram feitos os cluster, que foram agrupados
em oito grupos, tendo em cada um as palavras mais próximas (MAECHLER et al., 2019).

3.3 ETAPA 3 - ENTREVISTA COM ESPECIALISTAS

Esta etapa de natureza qualitativa, por se tratar de uma pesquisa que busca a
compreensão dos fatos. Kauark, Manhães e Medeiros (2010, p.26) salientam que a pesquisa
qualitativa "[...] não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a
fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave”. Para a coleta de dados,
utilizou-se entrevista semiestruturada com conhecedores e especialistas em tecnologia
blockchain.
Para Marconi e Lakatos (2011, p. 279), entrevista semiestruturada é “[...] quando o
entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere
adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente a questão em estudo”. Utilizou-se
de um roteiro de entrevista semiestruturado, elaborado com base na revisão da literatura e na
revisão sistemática, buscando identificar as vantagens e desvantagens da utilização da
tecnologia blockchain nos segmentos do agronegócio, identificando os desafios e oportunidades
da tecnologia no agronegócio. Para tanto, os respondentes precisavam entender tanto da
tecnologia quanto de sua estrutura.
43
A tecnologia blockchain está em seu estágio inicial no Brasil, e a existência de
especialistas na temática e de empresas do segmento do agronegócio que utilizam essa
tecnologia ainda é restrita. Diante disso, especialistas brasileiros foram escolhidos por serem
desbravadores em suas áreas de especialização na pesquisa sobre blockchain, em função da
acessibilidade, entre eles: gestores, coordenadores, desenvolvedores e participantes que tenham
conhecimento de negócio e de programação/estrutura da tecnologia.
Na aplicação do roteiro de entrevista, foram selecionados respondentes das empresas:
IBM, Hub de Inovação (ParkHub), ONE Percent Software Innovation Studio, Instituto
Colaborativo de Blockchain (ICoLab) e Satisfied Vagabonds, todas envolvidas com
implementação e desenvolvimento de blockchain. Foram selecionados, igualmente,
especialistas pesquisadores que estão desenvolvendo estudos científicos sobre a temática em
estudo. No Quadro 3, exibe-se o perfil dos especialistas entrevistados, como: formação, área
e local de atuação. As entrevistas foram realizadas com dez especialistas, seis pessoalmente e
quatro via web conferência (Skype).

44
Quadro 3- Perfil dos entrevistados
Especialistas Formação Área de Atuação Local de Atuação

Especialista Engenheiro Elétrico, Mestre e Doutor em UFRGS, Instituto de Informática e Programa de Pós-
Rede de Computadores e Segurança.
1 Computação. Graduação em Computação.

Economista, Especialista em Gestão de Risco,


Especialista Apoio Multidisciplinar ao grupo formado
Comércio Exterior e Negócios Internacionais, ICoLab.
2 por diferentes especialistas.
Energia Alternativa, Mestre em Gestão de Empresas.

Especialista Contador, Mestre e Doutor em Administração, ênfase


Contabilidade e Sistema de Informação. UFRGS, Departamento de Contabilidade.
3 em Gestão de Sistemas e Tecnologia da Informação.

Especialista Economista e Doutor em Desenvolvimento Universidade Federal do Paraná, Departamento de


Economia Aplicada.
4 Econômico, Espaço e Meio Ambiente. Economia.
Advogado em Porto Alegre e Rio de Janeiro,
Direito Internacional Público, Direito
Especialista Advogado, Mestre em Direito e Doutorando em Professor de Direito Penal e Direito Internacional da
Internacional Econômico, Direito Penal
5 Direito. Ulbra e Programa de Pós Graduação Lato Sensu da
Econômico, Direito Penal Internacional.
UniRitter na Área de Direito Penal e Processo Penal.
Especialista Bacharel, Mestre Matemática Computacional e
Pesquisador de Blockchain. Laboratório da IBM em São Paulo.
6 Doutorando em Ciência da Computação.
Especialista Graduado em Processamento de Dados, Mestrado em Park Hub e ONE Percent Software Innovation
Empreendedor de Inovação e Tecnologia.
7 Informática Aplicada. Studio, no RS e Brasil.
Especialista Contador, Mestre e Doutor em Administração, ênfase Custos e Pesquisa em Sistemas de UFRGS, Escola de Administração e Faculdade de
8 em Sistema de Informações e Apoio à Decisão. Informações Gerenciais. Economia

Especialista Transformação Digital, Mobilidade UNISINOS, UniRitter, UFRGS, Feevale, ICoLab e


Administrador, Mestre e Doutor em Administração.
9 Empresarial, Criptomoedas e Blockchain. ONE Percent Software Innovation Studio.

Ecólogo, Mestre em Engenharia Civil (Recursos Professor Colaborador do Instituto de


Especialista Hídricos), Doutor em Economia, Pós-doutor em Economia da Unicamp e Empreendedor. Unicamp, Brasil e Co-Founder na Satisfied
10 Design de Criptomoedas e Sistemas Econômicos Vagabonds, Costa Rica.
Alternativos para Regeneração do Planeta.

Fonte: elaborada pela autora (2020).

45
As entrevistas foram realizadas nos meses de dezembro de 2019 e janeiro de 2020, tendo
duração média de 50 minutos. Foram gravadas (com a permissão dos entrevistados) e,
posteriormente, transcritas em um editor de texto para, na sequência, serem analisadas.
Considerando a finalidade da pesquisa e a forma da coleta de dados, a análise de conteúdo foi
utilizada para ponderar as respostas dos entrevistados. De acordo com Bardin (2011), quatro
etapas foram consideradas: análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos
resultados.
Na próxima seção, são apresentadas as análises dos resultados, as análises
bibliométricas e a revisão sistemática da literatura. E, iniciando com a análise de cada artigo,
serão expostos o uso e as aplicabilidades identificadas em cada um. Posteriormente, expõe-se
os resultados da mineração de texto e a análise das entrevistas realizadas com os especialistas.

46
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na busca por resultados em relação aos possíveis usos e aplicações da blockchain nos
segmentos do agronegócio, fez-se uso de análise bibliométrica, revisão sistemática da literatura,
mineração de texto e entrevistas com especialistas. Nas próximas subseções, estão delineadas
as análises que contribuem para uma discussão crítica e científica, revelando vantagens e
desvantagens e desafios e oportunidades da implementação da tecnologia blockchain no
agronegócio.

4.1 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA

Nesta seção, esboça-se os resultados bibliométricos dos artigos obtidos nas bases de
dados Elsevier’s Scopus e WoS, em diferentes parâmetros de desempenho, como: evolução
cronológica, principais áreas de publicação, países e instituições que publicaram sobre o tema,
autores que publicaram em ambas as bases e uma nuvem de palavras com as palavras-chave
evidenciadas nos documentos. Inicialmente, foi analisada a evolução cronológica dos artigos,
conforme exemplificado na Figura 7.

Figura 7 - Evolução cronológica dos artigos sobre Blockchain no Agronegócio


35
30
25
20
15
10
5
0
2016 2017 2018 2019

Elsevier's Scopus Web of Science

Fonte: elaborada pela autora (2020)

Na Figura 7, nota-se que as publicações iniciaram na WoS em 2016 com um artigo, e a


base de dados Scopus não apresentou nenhuma pesquisa sobre blockchain no agronegócio. Em
2017 foram identificados dois estudos na Scopus e cinco na WoS e, em 2018, a Scopus

47
apresentou oito publicações e a WoS 13. Em 2019, houve um aumento substancial para 32
documentos na Scopus e dez na WoS, demonstrando que a temática é recente. Os artigos
duplicados totalizaram 233, os quais ficaram na base WoS.
A partir das publicações analisadas, identificou-se que as aplicações da blockchain no
segmento do agronegócio são atuais, pois os primeiros artigos foram publicados em 2016. No
entanto, observou-se que a maioria dos documentos aparecem em 2019, e a plataforma Scopus
sobressai nos números de publicações. Deduz-se que as pesquisas sobre a temática têm crescido
expressivamente nos últimos três anos.
Esta tendência ascendente ressalta a natureza emergente da tecnologia blockchain e um
vasto interesse de pesquisadores, universidades e organizações, embora ela tenha sido inserida
somente em 2009 com a tecnologia núcleo dos Bitcoins. A comunidade acadêmica, após alguns
anos, identificou o potencial da blockchain e de suas possíveis aplicações.
Pode-se identificar na literatura que a tecnologia blockchain foi mencionada como
sinônimo dos Bitcoins, sendo anteriormente utilizada somente para fins de aplicação nas
Criptomoedas. As primeiras publicações no agronegócio surgiram em 2016, demonstrando que
o tema ainda está em fase de exploração. Referentemente às áreas do conhecimento que
publicaram sobre a temática em ambas as bases de dados, reparou-se que as mais evidentes na
Scopus são: Engenharia, com 25%; Ciência da Computação, 24%; e Ciências Sociais, com 12%.
Na WoS, destaca-se: Ciência da Computação, com 32%; Telecomunicações, com 17%;
Engenharia e Ciência Ambiental, com 12%. Na Figura 8, evidencia-se as áreas dos artigos
selecionados.

48
Figura 8 - Áreas com maior número de publicação em ambas as bases de dados

Bioquímica, Genética e Biológica


3% Físisca e Astronomia
Energia 3%
Telecomunicações 4%
6%
Ciência da
Computação
28%
Ciência de
Materiais
7%

Ciência
Ambiental
7%
Engenharia
Negócios, Gestão e 22%
Contabilidade
10%
Ciências Sociais
11%

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Na Figura 8, constata-se que a grande maioria das publicações está concentrada nas
áreas de Ciência da Computação (28%) e Engenharia (22%). Isso se justifica pelo fato de a
temática blockchain ser uma tecnologia que necessita de desenvolvedores de softwares para
criar modelos que se adaptem às necessidades. Do mesmo modo, a tecnologia se encontra em
discussão de funcionamento e desenvolvimento e, no que diz respeito ao seu processo de
aplicação, ela está ainda muito restrita.
Averiguou-se uma grande heterogeneidade nas áreas de pesquisa, o que enriquece o
tema, já que alguns estudos são classificados em mais de uma área do conhecimento, o que
confirma a relação de interdisciplinaridade entre eles. Para Bispo et al. (2014), a
interdisciplinaridade é o encontro de diferentes disciplinas, para a construção de um novo saber,
seja no ponto de vista pedagógico, seja no ponto de vista epistemológico.
No que se refere aos países que publicaram sobre a temática, identificou-se, na Scopus
e na WoS, que a China lidera o ranking com 30% e 41% das publicações, respectivamente,
seguida dos EUA, com 24% e 18%, nesta ordem. O Brasil apresentou publicações somente na
Scopus nas áreas da Ciência da Computação e das Ciências Sociais, mostrando que a tecnologia
blockchain se faz presente no agronegócio brasileiro. Outrossim, na Figura 9, está exposto o
percentual de concentração das publicações, indicando os dez países mais produtivos em termos
de números.
49
Figura 9 - Total das duas bases, dos países que publicam sobre a temática em estudo

Espanha
3% Brasil
3%
Alemanha
5%
Itália
5%

Reino Unido China


5% 39%

Fínlândia
5%

África do Sul
5%

Austrália Estados Unidos


5% 25%

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Na Figura 9, destaca-se os 10 principais países, sendo a China a líder em índice de


publicações, com 39%; e os EUA, com 25%. Quanto aos outros países: Austrália, África do
Sul, Finlândia, Reino Unido, Itália e Alemanha, com 5%; e Espanha e Brasil têm 3%. Ressalta-
se que nesses países em destaque se encontram as instituições que possuem pesquisas
relacionadas com a temática e que realizaram investimentos significativos na área de
tecnologia, além de serem referência mundial em inovação tecnológica (TAPSCOTT;
TAPSCOTT, 2016).
As principais instituições que se destacam em números de publicações sobre blockchain
no agronegócio, são: Worcester Polytechnique Institute, Beijing Technology & Business
University com três artigos publicados cada, China Agricultural University, National Institute
of Industrial Engineering, California State University, Bakersfield, Lancaster University,
Shanghai University, Karlsruhe Institute of Technology, Purdue University, Purdue University
Syste com dois artigos cada. As duas primeiras universidades vêm ao encontro dos países que
se sobressaíram nas pesquisas, por estarem localizadas nos EUA (Massachusetts) e na China
(Pequim) e por serem destaque em investimentos em pesquisa.
Os autores que se sobressaíram, em números de publicações na Scopus, foram: Hao Z;
Kouhizadeh, M; Mao, D; Wang, F., com três publicações, e na WoS o autor Xie, C., com dois
documentos. Destaca-se que somente o autor Alcarria, R. apareceu em ambas as bases de dados,
50
com uma publicação em cada plataforma, e os demais se concentram em somente uma das
bases. Na Figura 10, mostra-se o último indicador bibliométrico deste estudo, que teve como
objetivo gerar uma nuvem de palavras com as principais palavras-chave citadas nos 71 artigos.

Figura 10 - Principais palavras-chave mencionadas nos 71 estudos selecionados

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Para a nuvem de palavras, considerou-se as 692 palavras-chave extraídas dos 71 artigos


avaliados. Foi possível identificar que as expressões que obtiveram maior frequência são:
Blockchain, Technology, Food, Energy, Smart, Supply Chain, Management, Traceabilitty,
System e Agricultural. Constata-se que são palavras relacionadas ao agronegócio, o que
corrobora o objetivo deste estudo. Na sequência, apresenta-se a análise sistemática dos 71
estudos relacionados.

51
4.2 REVISÃO SISTEMÁTICA

De acordo com a literatura, autores como Swan (2015) e Haferkorn e Quintana (2015)
apontaram aplicações da tecnologia em diversos setores, dentre eles as Criptomoedas, que
correspondem a uma porcentagem significativa das redes que formam e utilizam a Blockchain
1.0. Outros autores categorizam conforme as versões ‘2.0 e 3.0’, que são contratos inteligentes
que englobam todas as áreas financeiras e econômicas, com aplicações eficientes em economia,
mercados, ciências gerais e áreas governamentais (PETERS; PANAYI, 2016; DORRIE et
al.,2017; PAECH, P. 2017; CASIANO et al., 2018). A partir da leitura e da análise dos artigos
selecionados, construiu-se um perfil dos usos e aplicações da blockchain no agronegócio. A
Figura 11 esquematiza essa representação.

Figura 11 - Diferentes tipos de aplicação da blockchain nos setores do agronegócio

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Na Figura 11, tem-se os diversos setores de aplicação da tecnologia blockchain no


agronegócio: Financeiro, Energia, Logística, Meio Ambiente, Agrícola, Pecuária, Indústria, e
seus respectivos usos dentro de cada segmento. Cabe destacar que em algumas cadeias
produtivas, identificou-se a existência de implementação da tecnologia blockchain, mas são
protótipos ainda em fase de aplicação e testes de laboratórios, os quais são relatados e
exemplificados na próxima subseção.

52
4.2.1 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor Financeiro

A tecnologia blockchain está sendo aplicada em diversos campos, principalmente no


setor financeiro, pois desempenha um papel eficaz no desenvolvimento da economia global,
apresentando inúmeros benefícios para o sistema bancário e para a sociedade em geral,
facilitando pagamentos de remessas instantâneas (TRIPOLI; SCHMIDHUBER, 2018). Tripoli
e Schmidhuber (2018) afirmam que foi lançada, recentemente, uma solução de pagamentos
integrados para aumentar a liquidez em títulos privados e pagamentos globais usando uma DLT,
aplicada no financiamento e nos seguros agrícolas por meio de contratos inteligentes.
Hu et al. (2019) citam o estudo aplicado no pagamento tolerante a atrasos, focado em
vilas rurais remotas da Índia, essas possuem estações administradas por comunidades, como o
Nokia Kuha, conectadas à internet pública por meio de links de satélite não confiáveis. Mao et
al. (2019) implementaram um sistema de avaliação de crédito que adota a tecnologia blockchain
para fortalecer a supervisão e a gestão de comerciantes na cadeia de suprimento de alimentos,
em que todo o fluxo e a logística do processamento são dados por contratos inteligentes.
Os Smart Contracts são programações que combinam protocolos computacionais da
interface dos usuários para executar os termos de um contrato. Uma vez que com a blockchain
todo o processo se torna mais simplificado, não havendo mais a necessidade de intermediários
envolvidos em contratos de ativos, esses controlam os danos das propriedades, tangíveis ou
intangíveis, mediante compartilhamento dos dados de acesso (NOFER et al., 2017).
Evidencia-se que a adoção da blockchain pelo setor financeiro irá expandir a economia
de custos em áreas centrais de finanças, de negócios, atendimento, operações centralizadas,
entre outras. Portanto, tornará menos burocratizado o cotidiano dos negócios, na medida em
que descentralizará as operações. Desse modo, as organizações financeiras e os produtores
rurais poderão obter benefícios adicionais com a implementação da tecnologia.

53
4.2.2 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor de Energia

As aplicações potenciais no setor de energia têm um grande impacto, tanto em termos


de processos como em plataformas: reduzir os custos, a complexidade do sistema, a segurança
de dados e de propriedade e a geração de novos modelos de negócios. Além disso, atuam na
melhora da confiança e na transparência do sistema no mercado de energia, garantem a
prestação de contas e a preservação dos requisitos de privacidade, proporcionando uma
estrutura eficiente nos processos de faturamento e de operações de energia.
Brilliantov e Thurner (2019) exploraram o potencial da blockchain na exclusão de
intermediários entre a geração de eletricidade e o consumo, reduzindo o papel dos serviços
públicos e dos atacadistas no mercado de energia. Associando a blockchain na habilitação da
integração de veículos elétricos, novos princípios práticos são criados pelos sistemas de
hardware que requerem novas soluções de dados para a troca de energia e fluxo de eletricidade,
sem a necessidade de administrador central.
Haudhary, Jindal e Aujla (2019) pesquisaram o comércio seguro de energia baseado em
blockchain no sistema de transporte inteligente habilitado para Software Defined Networking
(SDN). Eles desenvolveram um esquema seguro de comercialização de energia para veículos
elétricos (EV). Buth, Wieczorek e Verbong (2019) investigaram como essa tecnologia pode
influenciar a configuração do sistema de eletricidade nos Países Baixos e propuseram capacitar
mercados locais descentralizados de eletricidade, remodelando o sistema de energia elétrica
existente.
Zhang, Wang e Ding (2019) apresentaram um esquema de assinatura keyless
descentralizada, baseada em uma blockchain de consórcio, para realizar com mais eficiência o
gerenciamento de chaves-seguro, por meio de um sistema composto pelos seguintes elementos:
um conjunto de Microsoft Certified Technology Specialist (MCTs) remoto; uma rede peer-to-
peer ligada a múltiplos Picture Parameter Set (SPs); e uma infraestrutura de dispositivo de
assinatura.
Escrever a sigla por extenso (SM), nas palavras de Zhang, Wang e Ding (2019), é um
dispositivo programável de estado sólido que recolhe dados de sensores, como: o consumo e a
carga de eletricidade em tempo real, para o SPs correspondente. Esses autores projetaram um
mecanismo de consenso seguro descentralizado, no qual a plataforma blockchain é a gerente de
controle de acesso automatizado que não requer um trusted third party (TTP) de confiança
(âncora), assim os SPs do esquema proposto podem se manter recíprocos, usando a blockchain.

54
Outro modo de utilização da tecnologia é a emissão de certificados de origem,
assessorando a produção de energia verde e a fonte de energias renováveis para desenvolver
peer-to-peer em regime de transações, estabelecendo os sistemas de gestão de energia para
veículos elétricos. Além disso, blockchain é entendida como um descarbonizador energético
promovendo a sua transição para fontes de energia descentralizadas.
Huh e Kim (2019) desenvolveram a aplicação da blockchain em um sistema de gestão
de energia transparente e justa, medindo energias novas e renováveis. Eles criaram um
algoritmo de consenso active entre técnicas de encadeamento de bloco incorporando o Hyper,
delegaram a prova de aleatoriedade (HDPoR), que é o algoritmo baseado na computação em
paralelo por meio de várias simulações.
Outrossim, Huh e Kim (2019) proporcionaram um modelo melhorado, no qual os
contratos inteligentes podem ser concluídos entre produtores e consumidores. Eles utilizaram a
tecnologia para a verificação de energia renovável, propondo um método para avaliar a
confiabilidade dos nós suspeitos ou maliciosos que são frequentemente encontrados nas redes
e destacaram que em redes peer-to-peer a informação é transmitida aos nós de forma
sequencial.
Knirsch, Unterwegere e Engel (2019) demonstraram a aplicação da blockchain em
propriedades compartilhadas de usinas de energia fotovoltaica, como aquelas comumente
encontradas em apartamentos de aluguel multipartidárias, em que os clientes podem trocar
partes de sua produção de energia com os vizinhos. Os autores descrevem o caso de utilização,
o design e a implementação final, com os resultados em detalhes e conceitos fundamentais da
tecnologia. Eles investigaram um caso de uso do mundo real mediante o domínio de energia,
em que os consumidores trocam porções de sua usina de energia fotovoltaica utilizando uma
rede blockchain.
Alcarria et al. (2018) propõem um sistema de aquisição de energia baseado em
blockchain para o monitoramento de informações produzidas pelas redes de dispositivos
inteligentes instalados em comunidades. Para esses autores, a proposta é implementada e
validada em cenários de aplicativos, comprovando a adequação do mecanismo de consenso.
Eles definem a confiabilidade no nível de segurança fornecido para monitoramento,
representação e redução no consumo de recursos.
As aplicações de blockchain no setor de energia têm incentivado os usuários a aderirem
ao sistema de energia renovável, sendo que a maioria ainda é projeto-piloto, que tem tido
resultados consideráveis na capacitação de produtores e distribuidores. A tecnologia atua

55
também como facilitadora na negociação, trazendo maior flexibilidade, desempenhando papel
importante no armazenamento de dados, garantido segurança nas transações e na
comercialização de energia.

4.2.3 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor de Logístico

A tecnologia blockchain tem o potencial de facilitar e agilizar processos logísticos nas


cadeias produtivas do agronegócio. Sendo que esses processos podem ser reproduzidos em
tempo real devido à digitalização completa e à sua automação. E, com o auxílio dos contratos
inteligentes, a transferência financeira pode ser otimizada, tornando-os mais simples (MAO, D
et al., 2019, RASKIN, 2017; TIAN, 2016). Para esses autores, isso gera uma garantia de rede
direta entre entrada e saída de mercadorias, e as operações de pagamento podem ser realizadas
com mais autonomia e eficiência. As faturas que são atualmente criadas em papel podem ser
enviadas pelos correios, tornando-se desnecessárias com a utilização da tecnologia.
Choi et al. (2019) aplicaram um modelo de média variância para avaliar a sensibilidade
ao risco dos tomadores de decisão, examinando as transações e os dados anteriores, usando
registros na tecnologia blockchain. Eles concluíram que esta pode facilitar o uso da informação
e ajudar no conhecimento sobre a demanda dos produtos, além de ser acompanhada pelos
contratos inteligentes, podendo ser automatizada ao mecanismo de contratação, melhorando a
eficiência dos processos.
Chang et al. (2019) elaboraram um projeto alternativo de cadeia privada para aumentar
a transparência e a colaboração da distribuição de processos dos produtos. O projeto notifica
alterações de status em partes interessadas que estão especificadas no registro dos contratos
inteligentes, essas são captadas em tempo real e as alterações das informações são conseguidas
por meio de um impulso. Esse sistema de tecnologia, proposto na blockchain, alcança um
melhor nível de eficiência para a logística e para as operações. Os participantes da cadeia de
suprimentos podem reduzir custos associados às operações manuais para a confirmação de
rastreabilidade, com instalações de sistemas caros de compartilhamento de informações, como
o Electronic Data Interchange (EDI) e o Enterprise Resource Planning (ERP).
Cabe destacar que a tecnologia blockchain pode ser utilizada na logística, na
identificação dos produtos, na formulação de contratos e na diminuição de papel. Ela permite
melhor visualização das transações entre compradores e vendedores, sem a intervenção de
intermediários. O uso de aplicações fundamentadas na blockchain em redes de abastecimento
pode garantir a segurança e a indução na construção de uma gestão de contratos mais
56
consistentes entre as partes interessadas. Isso melhora a gestão de desempenho das cadeias
complexas de fornecimentos e aperfeiçoa o serviço ao cliente e os sistemas de transportes com
novas arquiteturas descentralizadas.

4.2.4 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Meio Ambiente

A tecnologia blockchain é capaz de desempenhar um papel fundamental no meio


ambiente, devido à sua capacidade de monitoramento de dados. Pesquisas sugerem que a sua
adoção pode facilitar as práticas ecológicas e sustentáveis nas cadeias produtivas
(KOUHIZADEH; SARKIS, 2019 & SABERI et al., 2019).
Lin et al. (2017) apresentam uma ferramenta de avaliação com requisitos técnicos e
sociais aplicando a blockchain em sistemas de TIC na agricultura, utilizando uma interface para
visualizar a aplicação em seu funcionamento. Estra pode promover melhor desenvolvimento e
incorporação de dados no clima local, uso de energia, pesticidas, qualidade do solo, custos de
produção e conservação da biodiversidade.
Spreng e Spreng (2019) propuseram estudar os avanços em Tecnologia da Informação
(TI) nas mídias sociais, identificando as opções viáveis para uma política climática
transnacional global alternativa. Incluíram na pesquisa consumidores, indústrias de
combustíveis fósseis, organizações não governamentais (ONGs) ambientais, indústrias de
seguros, empresas de TI, representantes das administrações públicas e agências da ONU. O
rótulo mostra com precisão a confiabilidade do impacto climático e o total da energia
incorporada a bens e serviços finais. E, uma vez que o sistema de monitoramento é transparente,
os consumidores têm mais veracidade no rótulo.
Paiva Sobrinho et al. (2019) apresentam uma proposta de gestão para a Bacia
Hidrográfica do Rio Jundiaí, baseada na adoção de uma moeda complementar, criada com o
suporte da blockchain. A inovação da tecnologia, como esquemas de pagamentos por serviços
ambientais (PSA), não depende do sistema financeiro tradicional. Portanto, está imune às crises
econômicas porque sua criação e gestão são independentes dos bancos, sendo as recompensas
pagas aos realizadores em forma de Criptomoedas.
Figorilli et al. (2018) implementaram um protótipo de blockchain para a rastreabilidade
eletrônica de código aberto da madeira, com a utilização da Tecnologia Radio-Frequency
Identification (RFID), na qual o processo acontece desde a árvore em pé até o usuário final. Em
um primeiro momento, a árvore é identificada na floresta e essa primeira tarja é associada às

57
informações na base de dados: data da marcação, ponto Global Positioning System (GPS) da
árvore, espécie, diâmetro e altura.
Outras informações como corte, etiquetas, empilhamento e fluxos de produção são
detectadas por uma antena onde as informações são associadas à base de dados. Logo, na
produção e na venda ocorre a aplicação de etiquetas nos produtos finais, com destino ao
consumidor final.
Identificou-se que a utilização da blockchain no meio ambiente está voltada,
essencialmente, para pagamentos de serviços ambientais, mapeamento das florestas,
rastreabilidade e controle do clima e do solo. No entanto, ela tem potencial para ser explorada
em diversas outras formas, inclusive elucidando problemas de mudanças climáticas e sequestro
de carbono.

4.2.5 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor Agrícola

A agricultura é um dos campos mais relevantes de um país, uma vez que a produção
proporciona a segurança alimentar, nutricional e a saúde da população, além de maximizar a
economia. Nos últimos anos, o setor agrícola está adotando diferentes tecnologias, como IoT e
Blockchain, tendo em vista o alcance de maiores rendimentos nos processos produtivos.
Autores como Tian (2016), Penning (2017), Yu e Lin et al. (2017) e Mondal et al. (2019) têm
se dedicado a pesquisar o uso da blockchain na agricultura, direcionados, essencialmente, para
a rastreabilidade da produção.
Yu et al. (2017) propuseram um produto agrícola baseado em blockchain e arquitetura
lógica na cadeia de suprimentos, buscando o envolvimento e a adesão de agricultores a
tecnologias, com o intuito de minimizar o problema de confiança mútua. Esses autores
apresentaram um sistema de rastreabilidade de segurança alimentar baseado na blockchain e no
Electronic Product Code (EPC) Information Services. Eles desenvolveram um protótipo para
rastrear os alimentos da propriedade até o consumidor final.
Tao et al. (2019) sugeriram um sistema de rastreabilidade colaborativo, baseado em
blockchain e Electronic Product Code Information Services (EPCIS). Este sistema adota um
contrato inteligente de nível empresarial inovador para resolver as questões de divulgação de
informações sensíveis à adulteração de dados e de confiabilidade.
Kamble et al. (2019) analisaram contratos inteligentes e o uso da tecnologia blockchain
em frutas e legumes na Índia, abordando questões de sustentabilidade nas relações humanas
entre facilitadores e praticantes do ASC. A intenção era convencer as organizações a adotarem
58
a technology blockchain (BCT) em suas cadeias de fornecimento, para rastreamento da
produção das fazendas até o consumidor final.
Tian (2016) e Mondal et al. (2019) criaram uma blockchain inspirada na IoT, isto é,
uma arquitetura para criar uma cadeia de abastecimento alimentar transparente. Para tanto,
utilizaram termos de indexação Blockchain, IoT e RFID. De acordo com os autores, a
modalidade sensing foi integrada com a identificação para rastreamento e monitoramento da
qualidade das embalagens, sendo que os alimentos são digitalizados em diferentes momentos
de seu percurso, e os dados do sensor são atualizados, em tempo real, em uma blockchain,
fornecendo uma história digital à prova de falsificação. À vista disso, qualquer consumidor
pode verificar, na contabilidade pública, as informações sobre os pacotes de alimentos.
Santos et al. (2018) propuseram um protótipo para certificação e rastreabilidade dos
produtos alimentares, eles visaram rastrear as origens das matérias-primas sem revelar as
informações confidenciais dos negócios. Utilizaram o código dentro do TESTNET Rinkeby
blockchain, aplicando-o a exemplos práticos, entre eles: amendoim, cacau e suco de maçã, os
quais são ingredientes-base de receitas. Assim, demonstrando a viabilidade de utilizar o
Ingredient Token101302 (IGR) como uma figura metodológica de certificação de ingredientes
do agricultor até o consumidor final, sem expor a fórmula da mistura do produto.
Patil et al. (2018) apresentaram uma proposta para a agricultura com estufas
inteligentes, baseadas em atividades que são gerenciadas por uma blockchain, que funcionam
por meio de dispositivos da IoT. No projeto, os autores exibiram esse modelo para alcançar
segurança, privacidade leve e descentralizada, otimizando os recursos e o consumo de energia.
Munir, Bajwa e Cheema (2019) esboçaram um projeto alicerçado em um sistema de
IoT, usado para monitorar jardins, controlado de qualquer lugar usando um smartphone. O
sistema usa os dados de entrada coletados, em tempo real, por sensores que orientam os
agricultores e jardineiros em um aplicativo móvel que exibe uma lista de plantas sugeridas, de
acordo com o clima de uma determinada região.
Scuderi et al. (2019) demonstraram a aplicação da blockchain à produção de cítricos na
Itália, especificamente a referente ao Near Field Communication (NFC), na qual as fases do
processo envolvendo o suco de laranja são: produção, processamento, distribuição e vendas,
com registros em um perfil digital. Conforme os autores, as informações-chave sobre as
fazendas de citros são armazenadas em perfis digitais que incluem o ambiente e o cultivo, o
solo, a água, a área, a estação, a qualidade da planta, as condições de crescimento, a época de
plantio e as informações sobre fertilizantes e pesticidas usados para o cultivo das laranjas. Em

59
seguida, o produto é comercializado após a assinatura de um contrato digital que é armazenado
em uma blockchain.
Diego e Juan (2019) testaram um sistema de rastreabilidade da cadeia de abastecimento
alimentar com o uso da tecnologia blockchain, ajudando as cooperativas agropecuárias a
melhorarem a transparência sobre a origem e sobre os processos incorporados aos produtos.
Eles desenvolveram um modelo de blockchain à Prova de Conceito (PoC) no domínio
agroalimentar para a rastreabilidade da cadeia de fornecimento, provando a origem da produção
de bagas e personalizando os papéis de cada ator na cadeia de abastecimento.
Para Diego e Juan (2019), a blockchain desenvolvida com o conceito PoC está sendo
implementada e testada em uma Cooperativa Agrícola Espanhola que utiliza um livro com
permissão (hyperledger), baseado em contrato inteligente. A demonstração teve como base uma
análise anterior da cadeia de bagas e as interações entre os agricultores, cooperativa, seus
certificadores, fornecedores e os supermercados, a fim de permitir a representação digital de
um lote de bagas para ser associada a uma única certificação digital.
Salah et al. (2019) sugeriram um sistema de diagramas de sequência baseado na
blockchain para rastreabilidade da soja. Além disso, criaram um modelo de algoritmo para
venda da soja entre os vários participantes, empregando contratos inteligentes para rastrear e
controlar todas as interações e transações dos participantes envolvidos no ecossistema da cadeia
de suprimentos.
Infere-se que a blockchain está sendo utilizada no setor agrícola para melhorar a
segurança alimentar, o processo de produção, o processamento e o transporte. Além de estar
sendo aplicada em sistemas de gestão da cadeia de fornecimento para prover transparência,
segurança, neutralidade e confiabilidade em todas as operações das cadeias de suprimentos. A
tecnologia blockchain, em conjunto com a IoT, contribui para a resolução de desafios
relacionados à segurança das operações, à certificação da qualidade e à origem dos produtos.

4.2.6 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor Pecuário

O setor pecuário está em constante evolução, necessitando contar com alternativas


eficazes para o seu processo e gerenciamento. Os avanços nas tecnologias de transporte e
comunicação promovem o desenvolvimento de mercados mundiais e facilitam o
estabelecimento de unidades de produção animal. Nesse contexto, diversos autores vêm
discutindo o uso e a possibilidade da aplicação da blockchain nesse setor.

60
Liu, Li e Qi (2019) salientam a aplicação da tecnologia blockchain na cadeia produtiva
de carne suína abordando a sua influência sobre o compartilhamento de informações e
afirmaram que ela resolve problemas de correspondência entre a oferta e a procura na cadeia
de fornecimento. Acrescentaram que os custos de transação entre os atores envolvidos podem
ser reduzidos, trazendo diversos benefícios: tempo, dinheiro e melhoramento para toda a cadeia,
por meio de uma gestão eficiente das fazendas.
Sittón-Candanedo et al. (2019) implementaram uma plataforma blockchain em uma
fazenda de gado leiteiro para minimizar custos, pela qual foi possível identificar e utilizar os
recursos disponíveis de maneira mais eficiente. Além de tornar possível a localização dos
animais e monitorar as condições de saúde em tempo real.
Sander, Semeijn e Mahr (2018) projetaram um estudo sobre a aceitação da tecnologia
blockchain na rastreabilidade e na transparência da cadeia de fornecimento de carnes. Eles
destacaram as diferentes perspectivas e opiniões das partes interessadas, investigando TTSs da
certificação e a percepção dos clientes quanto ao potencial da tecnologia na rastreabilidade.
Percebe-se que são promissores os resultados da adoção da tecnologia como uma solução para
atuais problemas que afetam a cadeia produtiva de carnes em diversos países, inclusive no
Brasil.

4.2.7 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor da Indústria

A tecnologia blockchain pode ser usada na indústria de alimentos em diferentes ações,


uma vez que a produção passa pelo processamento e embalagem final com destino ao
consumidor. Várias pesquisas foram realizadas com foco nesse setor, utilizando essa
tecnologia, como o código de barras bidimensional - QR Code, por exemplo, que já pode ser
visualizado em muitas embalagens de produtos, uma vez que tornou possível salvar uma
variedade de dados em um espaço mínimo. O consumidor final pode visualizar todo o histórico
do produto, desde a produção, processamento e embalagem final em seu smartphone (ESTEKI
et al., 2019; IGINI & CONTI, 2017).
As primeiras aplicações já estão em fase de teste em empresas varejistas. A Walmart,
em parceria com a IBM, está utilizando a tecnologia na rastreabilidade da manga e da carne
suína, já que é possível rastrear toda a cadeia de fornecimento dentro de poucos segundos. Além
disso, com a blockchain, há chances de se identificar produtos contaminados e eliminá-los com
rapidez e eficiência (YIANNAS, 2018).

61
Behnke e Janssen (2019) pesquisaram quatro diferentes indústrias de laticínios com
características distintas, eles investigaram cada processo da cadeia de fornecimento, desde a
produção em massa até pequenos lotes de produto. E identificaram as condições das
informações que garantem melhorias na rastreabilidade dos lotes.
Kouhizadeh, Sarkis e Zhu (2019) propõem a aplicação da blockchain em um contexto
de pesquisa na economia circular. Os autores identificaram as várias maneiras em que essas
áreas interagem entre pesquisas gerenciais e as implicações de cada uma, melhorando a
economia do país e o meio ambiente. Realizaram o estudo com iniciativas da economia circular
em três níveis: macro, meso e micro. Por conseguinte, identificaram como a tecnologia pode
contribuir com o produto, a sua supressão e suas sinergias.
Zhu e Kouhizadeh (2019) expuseram um estudo de caso com indústrias para rastrear o
desempenho de vendas de seus produtos utilizando a blockchain na perspectiva de fornecer os
seguintes esforços de sustentabilidade na cadeia: gestão, reaproveitamento do produto
(reciclagem), regeneração, manufatura e gestão de resíduos, que podem ser rastreados para a
tomada de decisão e eliminação do produto. A blockchain é capaz de rastrear as informações
das partes interessadas, como varejistas e clientes.
Tallyn et al. (2019) desenvolveram um protótipo Bitbarista com o objetivo de
oportunizar a criação de sistemas autônomos que visam contribuir com as organizações mais
independentes e transparentes. Esta pesquisa apresentou um estudo realizado em três ambientes
de escritório, por um mês, explorando o impacto de uma máquina de café autônoma na atividade
cotidiana do consumo de café. O Bitbarista mede o consumo deste utilizando processos
autônomos na blockchain, apresentando dados de proveniência no momento da compra,
enquanto tenta reduzir os intermediários no comércio deste produto. O relatório de interações
com o Bitbarista e em torno dele, explora as implicações para a vida cotidiana, suas estruturas
e valores sociais.
Identificou-se que a tecnologia pode ser implementada com sucesso em diversos setores
e departamentos de uma indústria, o que permite compreender como aplicar blockchain no
desenvolvimento das atividades diárias dentro de uma indústria. Após essa análise sistemática,
apresenta-se as verificações de mineração de texto.

4.3 ANÁLISE TEXT MINING

Nesta seção, apresenta-se os resultados de mineração de texto dos artigos selecionados,


realizada a partir das bases de dados Elsevier’s Scopus e WoS, em diferentes parâmetros de
62
desempenho, tais como: frequência absoluta das palavras encontradas nos artigos analisados,
vocábulos associados ao termo “Blockchain” e sua respectiva correlação, bigramas e seus
respectivos valores de IT*IDF, esses mais frequentes e network dos que foram encontrados,
uma nuvem de palavras com as palavras-chave evidenciadas nos documentos e um
agrupamento dos artigos utilizados na mineração de texto.
Os termos foram associados em clusters, sendo que se aplicou o método de agrupamento
hierárquico via método de Ward. Inicialmente, foi verificada a frequência absoluta das palavras
encontradas nos artigos, conforme Figura 12.

Figura 12 - Frequência absoluta das palavras encontradas nos artigos analisados (selecionados
os termos com frequência superior a 1000)

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Na Figura 12, tem-se as principais palavras encontradas na mineração de texto, sendo


que “blockchain” foi a mais frequente, uma vez que é uma das palavras principais na busca dos
artigos e é o tema principal desta pesquisa. Depois dela, aparecem os termos System, Use, Chain
e Information, seguidos pelas demais palavras.
Nota-se a importância da informação na blockchain pela frequência dos termos
“information” e “data”, haja vista que o objetivo do uso dessa tecnologia é construir um sistema
de informação que não seja baseado na confiança de uma autoridade central, mas em um
princípio de informação descentralizada. Ela pode se tornar uma inovação comum a todos os
agentes envolvidos em uma cadeia produtiva, incluindo reguladores e agências governamentais,

63
formando uma plataforma fundamentada em transparência, neutralidade, confiabilidade e
segurança.
Verifica-se que um dos termos em destaque é “energy”, por causa das várias aplicações
da tecnologia no setor de energia. Essas aplicações podem ajudar a atingir um gerenciamento
mais eficiente na distribuição em microtransações com baixo custo e criar mercados
secundários nesse setor.
Mougayar (2017) cita diferentes organizações do ramo de energia que estão
desenvolvendo protótipos ainda em teste de aplicação. A empresa alemã Rheinisch-
Westfälisches Elektrizitätswerk (RWE), por exemplo, está tentando conectar estações de
carregamento de veículos em uma blockchain pelo Slok.it, na Ethereun. Esse serviço permite
aos usuários que carreguem seus carros e paguem em microtransaçoes. O Trans Active Grid
está desenvolvendo um modelo que entrega medição de geração de energia local em tempo real,
capacitando os habitantes a comprarem e venderem energia renovável para seus vizinhos.
A Accenture está com uma proposta de prova de conceito do protótipo Plug, que
funciona com outros dispositivos domésticos que monitoram o uso de energia utilizando a
blockchain. Ele verifica quando a demanda está alta ou baixa, trocando os fornecedores ao
encontrar preços mais baratos. A Grid Singularity está testando a blockchain na autenticação
de transações de energia solar, sua intenção é criar uma plataforma que possa ser aplicada a
qualquer tipo de transação (MOUGAYAR, 2017).
Percebe-se, também na Figura 12, a elevada frequência de termos que remetem a
transações comerciais e rede de trabalho como: Smart Contracts, Processe e Network. Há
utilização da tecnologia em diversas negociações por meio de contratos inteligentes, que podem
não só autoexecutar transações comerciais recorrentes, como têm o potencial para ajudar a
reduzir padrões contratuais. Eles estão em uma blockchain e são imutáveis, além de disporem
de um o código de alta qualidade que evita erros e fraudes (GREEN, 2018).
Momo (2019) afirma que o uso da blockchain poderá permitir negociações com uma
maior quantidade de atores econômicos, que não eram considerados, pois não tinham uma
terceira parte que atestasse a certeza e legitimasse a transação. A blockchain poderá validar uma
variedade de transações ligadas a valores ou contratos, ela mantém um controle das transações
que mais tarde podem ser verificadas, já que é uma plataforma de transações gigantesca, capaz
de lidar com as microtransações e transações de elevada importância em termos de valores
(MOUGAYAR, 2017).

64
Há casos em que não são tomadas as melhores decisões nas organizações, devido ao
fator confiança e à não possibilidade de mapear todas as vantagens e desvantagens que esta
decisão poderia gerar à organização. Nessa conjuntura, a blockchain poderá representar esse
mecanismo de confiança, com suas características e sem a necessidade de uma terceira parte
envolvida (MOMO, 2019).
A versatilidade de aplicação da blockchain possibilita que empresas do setor do
agronegócio possam desenvolver suas atividades, no intuito de solucionar diversos gargalos no
segmento. O agronegócio é considerado um dos campos emergentes para a blockchain, assim,
foi possível identificar aplicações relacionadas ao tempo de vida dos produtos ou serviços,
tendo como maior destaque as aplicações em contratos, seguros e rastreabilidades de produtos.
Na Tabela 1, destaca-se os termos e suas correlações.

Tabela 1- Termos associados a “Blockchain” e sua respectiva correlação

BLOCKCHAIN CORRELAÇÃO

Opportunity 0,68
Technology 0,67
Contractual 0,61
Improve 0,61
Markus 0,61
Phenomena 0,61
Velocity 0,61
Fonte: elaborado pela autora (2020).

Expõe-se, na Tabela 1, os termos que se associam à palavra blockchain, sendo que as


que se destacaram nas publicações foram: Opportunity, Technology e Contractual, o que
demonstra uma forte ligação entre elas, pois remetem à utilização da tecnologia na realização
de negociações contratuais. Com o desenvolvimento da tecnologia blockchain, é possível
constatar que ela será ideal para suportar contratos inteligentes (REYNA et al., 2018). A
implementação de soluções com base blockchain poderá resolver várias questões, como o alto
custo de manutenção de abordagens centralizadas. Dessa forma, um modelo P2P
descentralizado poderá aumentar a segurança das relações contratuais.
Observa-se que não houve diferença significativa entre os termos em evidência, mas se
ressalva que são expressões que têm uma relação, por meio da transparência e imutabilidade
dos dados presentes, com características nas blockchains que podem garantir a qualidade e a

65
veracidade das informações. A Figura 13 contém os bigramas e seus respectivos valores de
IT*IDF.

Figura 13 - Bigramas e seus respectivos valores de IT*IDF

Fonte: elaborado pela autora (2020).

A Figura 13, indica a importância das palavras encontradas na mineração de texto, tendo
sido considerado o texto completo dos 68 artigos identificados nesta pesquisa. As palavras que
mais apareceram foram “Rout Node, Credit Evaluation, rural tourism, Oil gas” demonstrando
que são diretamente ligadas a possíveis aplicações da blockchain nos segmentos do
agronegócio.
Nesse contexto, Liu, (2019) se propôs a analisar os recursos turísticos naturais e os
humanistas em áreas rurais, os quais constituem a base para o desenvolvimento da indústria do
turismo. Por certos meios tecnológicos de produção, esses são transformados em produtos e
serviços turísticos, colocados no respectivo mercado pela operação e pelos canais de vendas,
que utilizam a tecnologia blockchain.
Schuetz e Venkatesh (2019) analisaram como as blockchain poderão resolver o
problema da exclusão financeira na Índia rural, proporcionando uma solução para os índios
rurais e explore como a tecnologia irá ajudar a superar os desafios de inclusão financeira
enfrentados pelo país, de modo a atingir as redes de cadeia de fornecimento global. Lu et al.
(2019) demonstraram a aplicação da blockchain na indústria de petróleo e de gás, sendo que o
campo de aplicação foi dividido em quatro partes: negociação, gestão, tomada de decisão,
supervisão e segurança cibernética.

66
Para tanto, evidencia-se a possibilidade do uso da blockchain para casos de ativos
específicos que necessitem melhor acompanhamento nos registros de suas particularidades
durante todo o processo, o que poderia gerar maior confiança na realização de transações entre
agentes econômicos, como o agronegócio e a exportação de grãos (LUCENA et al., 2018).
Logo, uma solução de identidade digital com a tecnologia blockchain permitirá a simplificação
de processos e maior segurança das partes envolvidas em uma transação. Outrossim, na Figura
14, apresenta-se os bigramas mais frequentes.

Figura 14 - Bigramas mais frequentes

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Na Figura 14, identificou-se os bigramas mais frequentes encontrados na mineração de


texto, com destaque para os termos “Supply Chain, Blockchain Technology, Smart Contract”.
Constata-se a forte relação existente entre os três principais termos em destaque, considerando
que, com a tecnologia blockchain, os custos de transação entre os membros da cadeia de
suprimentos podem ser reduzidos e o compartilhamento de informações realizado, ou seja, ela
é capaz de trazer benefícios e melhoramento para toda cadeia.
A blockchain pode ser usada para criar registros permanentes dos processos logísticos
de um determinado produto, sendo possível compartilhar todos os momentos do percurso até o
consumidor final. Desse modo, proporcionará a rastreabilidade, autenticidade e legitimidade
por meio de sua cadeia de suprimento (WANG et al., 2019).

67
A tecnologia é uma inovação disruptiva com amplas possibilidades de aplicação, como
os contratos autoexecutáveis, registro e operacionalização de transações de assinatura múltipla
e rastreabilidade de ativos. Consequentemente, ela tem o potencial de delinear as interações nas
negociações dos diversos setores da economia, inclusive nos segmentos do agronegócio
(ATZORI, 2015). A tecnologia blockchain não está limitada a moedas descentralizadas, mas
envolve a criação de contratos digitais inteligentes que podem ser monitorados pela internet.
Além de possibilitar o desenvolvimento de novos modelos de governança, proporciona uma
tomada de decisão mais eficiente e modelos de negócios descentralizados, operando pelas redes
de computadores (WRIGHT; FILIPPI, 2015).
Os Smart Contracts são programas de computadores que se utilizam e são executados
pelas blockchains, o que torna a tecnologia aplicável em diversos setores, incluindo o
agronegócio, não ficando restrito somente no financeiro, uma vez que um acordo entre duas ou
mais pessoas forma um código de computador. Eles são executados em uma blockchain e
armazenados em um banco de dados público e não podem ser alterados. As transações que
acontecem em um contrato inteligente são ajustadas pela blockchain, mas, para que a
implementação de aplicações seja possível, é necessário ter uma blockchain que seja projetada
para suportar transações em um nível genérico (BECK et al., 2016).
A tecnologia blockchain nos contratos inteligentes é utilizada para reduzir a incerteza
nas trocas de valores entre as organizações ou entre os membros de uma cadeia produtiva. Ela
apresenta uma perspectiva de que os contratos podem ser usados para diminuir a complexidade
dos processos e garantir a confiabilidade, uma vez que, com o seu uso, pode-se consultar o
status da transação em tempo real e saber o que está acontecendo. Os Smart Contracts podem
realizar operações, como execução de transações financeiras ou autenticação de documentos
em comum acordo legal. A Figura 15 apresenta a network dos bigramas encontrados na
mineração de texto.

68
Figura 15 - Network dos bigramas encontrados na mineração de texto

Fonte: elaborada pela autora (2020).

Na Figura 15, é possível visualizar os relacionamentos dos termos encontrados na


mineração de texto. Para esta análise, escolheu-se como ponto de corte bigramas com
frequência absoluta maior que 50. Os termos “information, data, chain, systems, supplements”
entre outros, estão relacionados ao uso da tecnologia.
A blockchain é um modelo descentralizado que tem a possibilidade de várias redes
centralizadas conversarem entre si e trocarem informações. É uma corrente de blocos, que
comporta uma grande quantidade de armazenamentos de registros. É utilizada para tratar a
questão da confiança, garantindo que nenhum dado inserido possa ser posteriormente apagado
ou modificado, assim como sua distribuição e reconhecimento por todos os demais nós da rede.
Essas são características essenciais para o funcionamento das cadeias produtivas do
agronegócio. Sabendo-se que na produção agrícola ocorre uma quase inexistência de registro,
a recuperação de informações das operações e do custo produtivo se torna um exercício penoso
(CASTRO, 2011). Todavia, com a blockchain é possível a formação de bases de dados que
possibilitem gerar indicadores, tais como: estatísticas de mercado internacional e doméstico,
preços, volume de produção, rendimento produtivo, variação de consumo, entre outros, para
todos os elos da cadeia produtiva.
É possível identificar que “Blockchain e Energy” são os termos com maior centralidade,
os quais estão relacionados a caso de uso e aplicação da tecnologia blockchain, e estão em fase

69
de teste, entre eles está o de energia em países que foram destaque nesta pesquisa. Na Figura
16, exibe-se uma nuvem de palavras com os temos mais frequentes encontrados na mineração
de texto.

Figura 16 - Nuvem de palavras com os termos mais frequentes encontrados na mineração de


texto

Fonte: elaborada pela autora (2020).

A nuvem de palavras é a representação gráfica, na qual quanto maior o peso da palavra


maior é o seu destaque. Foram mensuradas 100 palavras-chave mais frequentes, encontradas na
mineração de texto dos 68 artigos avaliados nesta pesquisa. Diferentemente do que foi
considerado na nuvem de palavras da revisão sistemática, a qual evidenciou 692 palavras-chave
dos autores, extraídas dos 71 artigos.
Verifica-se que na nuvem da Figura 16 se destacam três grupos de palavras, sendo a que
mais se sobressaiu foi blockchain. No primeiro grupo, apareceram “System, use, chain"; no
segundo, “Data, Product, Transact Supply, information e Technology”; e no terceiro, “Node,
Process, Smart, Network, Energy e Contract”. Todas são palavras-chave que retratam os
produtos e serviços que estão utilizando a tecnologia blockchain e os aspectos positivos de seu
uso.
Conclui-se que são vocábulos que vão ao encontro da tecnologia blockchain, com as
principais possibilidades de aplicações associadas à sua utilização nos diversos segmentos do
agronegócio, como nos registros das informações na rede. Na Figura 17, faz-se uma análise de
cluster.
70
Figura 17 - Análise de cluster

Fonte: elaborada pela autora (2020).

71
A análise de cluster teve como objetivo agrupar textos e palavras similares, sendo que
foi realizada uma avaliação hierárquica de agrupamento de Fellows (2018), por meio do Método
de Ward. Buscou-se formar grupos de maneira a atingir sempre o menor erro interno entre as
palavras que compõem cada grupo, ou seja, o método busca o mínimo desvio-padrão entre os
dados.
A escolha da quantidade de grupos foi feita a partir do dendograma, que é uma
ferramenta correta para definir o número de grupos, uma vez que uma boa classificação pode
ser obtida ao se cortar o dendograma em uma zona onde as separações entre classes
correspondam a grandes distâncias. Para tanto, formou-se oito grupos estreitamente
relacionados, cada um composto pelas palavras que têm mais similaridade entre si: quanto mais
próximo de 1, maior a semelhança entre os termos. Assim, vocábulos que tendem a aparecer
juntos são combinados e se relacionam entre eles mesmos, e aqueles que são independentes,
tendem a ser combinados no final do processo de agrupamento.
As palavras mais frequentes do estudo são “Blockchain e System”, as quais não são
agrupadas a nenhum outro termo devido à sua alta frequência entre os textos. No entanto, é
interessante notar que elas aparecem sozinhas, mas estão diretamente relacionadas com os
demais grupos. A tecnologia blockchain é um software formado por componentes de um
computador ou um sistema de processamento de dados, no qual todas as informações são
inseridas e validadas por mineradores, fornecendo um sistema transparente e eficiente.
Logo, pode-se registrar e analisar dados de forma automática, disponibilizando um
banco de dados seguro e imutável, em que cada bloco de uma blockchain possui Data, Hash e
Previous Hash que evitam a falsificação de documentos. Ela utiliza, similarmente, a
criptografia aplicada como um elemento de ligação entre os blocos.
Tem-se um conjunto de expressões com maior semelhança, que consistem nos termos
como Transact, Block, Network, os quais estão mais próximas, mostrando uma forte relação
entre si, posto que a tecnologia necessita de uma rede de organizações para que possa ser
implementada. Todavia, não é possível sua aplicação em uma única organização ou
empreendimento.
O conjunto de termos com as palavras Chain, Use, Information, Technology está
relacionado aos fatores de uso da aplicabilidade da tecnologia blockchain. Compreende-se que
esta encontra nas cadeias produtivas do agronegócio um enorme potencial de aplicação, em
virtude de ser composta por partes: bloco, corrente e rede. Em cada bloco, registra-se todas as
transações, e cada cadeia de bloco é um hash que liga um bloco a outro.

72
Tendo em vista, a análise de dados realizada, identificou-se que a blockchain impacta
positivamente nas cadeias produtivas do agronegócio, posto que a mesma é uma plataforma de
gerenciamento de informações. Para tanto, o uso da tecnologia torna mais simplificadas as
operações para os participantes das cadeias produtivas dos diversos segmentos do agronegócio,
podendo identificar e dimensionar investimentos e ter mais controle dos registros de cada elo
da cadeia. Por fim, essa relação de negócios baseados em uma blockchain, trará maiores ganhos,
menores custos e redução do tempo, já que as informações são processadas em tempo real. Na
próxima seção, expõe-se as análises das entrevistas realizadas com especialistas.

4.4 ANÁLISES DAS ENTREVISTAS

Esta seção apresenta os resultados obtidos mediante entrevistas realizadas com


especialistas, tem-se o intuito de responder ao problema e aos objetivos propostos nesta
pesquisa. Os dados coletados foram verificados por intermédio da análise de conteúdo que,
segundo Bardin (2011), fundamenta-se no desmembramento do documento em categoriais
agrupadas analogicamente. A escolha por essa análise, constituiu-se no fato de que é a melhor
opção quando se quer pesquisar opiniões, atitudes, crenças e valores por meio de métodos
qualitativos.
Inicialmente, apresenta-se uma visão geral do que seria uma blockchain e seu impacto
na economia, na percepção dos especialistas. Na sequência, são discutidas as principais
possibilidades de aplicações dessa tecnologia nas cadeias produtivas do agronegócio,
destacando as vantagens e desvantagens de seu uso. A percepção dos entrevistados é de que ela
está modificando as finanças, a economia e o dinheiro, na medida em que sua força tecnológica
cresce. Comparando-a com a internet, em seus primeiros dias, ela obteve como resultado um
desenvolvimento de software impressionante (ESPECIALISTA 7)
De acordo com a Especialista 3, a tecnologia blockchain surgiu como uma grande
possibilidade de disrupção, de mudar a forma como se está tratando a informação. Como por
exemplo, dá-se mais confiança e autonomia aos grupos em que essas informações transitam, o
que é a peça chave da blockchain. Então, ela tem uma possibilidade de impacto muito grande
no país e no mundo, fundamentalmente, em termos econômicos.

O impacto econômico da tecnologia pode ser dividido em duas partes: primeiramente,


as Criptomoedas não precisam fazer conversões de dinheiro, o que torna a blockchain
muito importante. Já por outro lado, é que a tecnologia também nos permite, por
exemplo, o armazenamento de informações com segurança, reduzindo os custos de
transações entre as organizações, dado que as transações financeiras não irão exigir

73
papel para serem realizadas. Outro grande impacto na economia é voltado ao
agronegócio, com rastreabilidade dos produtos, o qual vai ser de suma importância
para toda a cadeia produtiva (ESPECIALISTA 1).

O Especialista 4 acredita que a tecnologia vai mudar a forma como os agentes


econômicos se relacionam, transformando o fluxo e a troca de informações e os contratos tanto
no país quanto no mundo. Nas cadeias produtivas do agronegócio, precisa-se de uma grande
quantidade de contratos e de intermediários, como advogados e cartórios. Com a blockchain,
todos esses processos serão eliminados, serão digitais e padronizados, aumentando o grau de
confiança nas inovações contratuais.
Considerando a fala do Especialista 4, é possível verificar os indícios de confiança nas
relações contratuais, desde que a informação na rede seja verificada por todos os participantes
dela, o que elimina a necessidade de uma terceira parte confiável. Para tanto, a tecnologia
blockchain torna as cadeias produtivas mais transparentes e com fluxo mais eficiente entre os
elos.

Hoje, o impacto da economia é um traço em tecnologia, especialmente na blockchain.


Mas, se tirar a Criptomoeda da conta, o impacto é nenhum. Contudo, ela tem um
potencial gigante em termos de conseguir suportar novos modelos de ciclos
econômicos, novas gerações de valor. E, aí vejo a blockchain como um suporte as
microeconomias, dando automatização para processos que hoje não existem, as quais
tem que cair em moeda fiduciária. Algumas comunidades simplesmente não têm
acesso a dados digitalizados, processos que hoje ainda são feitos de maneira
rudimentar. Eu vejo um potencial grande no futuro de impacto na economia
alavancado por blockchain, não só pelo movimento das Criptomoedas. Dado que ela
dialoga muito bem com os movimentos econômicos que estão acontecendo na
economia colaborativa, gerando novas moedas de valor em um contexto mais global
(ESPECIALISTA 7).

Na percepção do Especialista 9, a blockchain tem uma capacidade de transformar


modelos de negócios e criar novos. “Talvez da maneira como a internet fez na década de 1990,
como plataformas digitais fizeram nessa última década, por exemplo, todas essas grandes
plataformas de Makis Place, Amazon, Apple, Google, e os subprodutos dessas plataformas
como a Netflix, Uber, entre outras”. Então, elas mudaram a economia, a sociedade e a maneira
de como as pessoas consomem os produtos e os serviços, como as empresas produzem e como
monetizam.
Para o Especialista 8, blockchain é software de integração de dados, uma solução
tecnológica que está disponível na economia. “Tem empresas que desenvolvem e se estruturam
para outras empresas, ela é uma tecnologia nova e por isso ainda está sendo vista a melhor
forma de incorporá-la aos negócios, isso não está 100% definido. A blockchain não é uma
tecnologia clássica, em virtude de que serve mais para uns negócios de que para outros”. Para
74
tanto, há ainda incertezas dos reais impactos que essa tecnologia poderá gerar em um âmbito
geral na economia.
Assim, diante das respostas apresentadas pelos entrevistados, é possível observar que a
tecnologia blockchain ainda está em seu estágio inicial e seu impacto na economia ainda não
está evidente. Com relação às dificuldades no desenvolvimento da blockchain, os especialistas
apontam a necessidade de mão de obra especializada, como engenheiros de software
específicos, os quais são importantes para o avanço e disseminação da blockchain.
Existe um déficit grande de profissionais, tanto na área de TI quanto na de Gestão da
Tecnologia. E há um alto custo para a implementação da tecnologia, no armazenamento das
informações, na operacionalização das atividades e na sua manutenção.

As próprias plataformas criadas, estão sendo disseminadas e existe um processo de


evangelização em curso. Mas, a formação de developers é algo que ultimamente tem
uma série de necessidades de experimentação para absorver essa tecnologia, havendo
de fato um recurso humano adequado para essa tecnologia. Por outro lado, sabemos
que não é só a ausência ou insuficiência de developer que atenderá isso. Nosso
conceito, por exemplo, na filosofia do ICoLab, considera multidisciplinaridade como
sendo algo fundamental para o desenvolvimento da tecnologia. Ou seja, não é um
assunto só de TI, na verdade não está se trabalhando efetivamente uma solução para
um problema que não é conhecido totalmente, na maioria das organizações. No
entanto, certamente envolverá boa parte da governança das organizações para poder
de fato superar essa dificuldade que é inicial (ESPECIALISTA 2).

Outras dificuldades citadas pelo Especialista 1 estão nas áreas que não conseguem
migrar para blockchain. Ele cita os cartões de crédito, nos quais não se consegue colocar todas
as bandeiras, uma vez que a blockchain ainda não tem um desempenho suficiente. Além da
eficiência energética, ela consome muita energia para realizar as operações, considerando as
provas de trabalhos realizadas e apresenta um desempenho inferior aos bancos de dados
tradicionais. Esses são os desafios encontrados nas aplicações em Bitcoins, onde se tem
aplicações mais consistentes da tecnologia.
Contudo, esses são alguns dos desafios de programação, há igualmente obstáculos de
inserção nos negócios. Para o Especialista 5, a grande dificuldade é romper com velhos
paradigmas, uma vez que a blockchain é uma tecnologia disruptiva, que rompe com os padrões
existentes na sociedade. Mais do que uma questão de tecnologia, ela é uma rede que tem que
estar em comum acordo com as regras de negócio, com as condições dos parceiros que atuarão
na rede, principalmente no momento do compartilhamento das informações, nas relações
contratuais e com as questões de transações e de responsabilidade (ESPECIALISTA 6).

75
O Especialista 3 disse que a maior dificuldade no desenvolvimento da tecnologia, muitas
vezes está nas empresas menores, como as startups, que precisam encontrar um lugar onde
consigam aplicar e fazer com que alguma instituição abra suas portas para desenvolver um pré-
teste de algo que esteja sendo desenvolvido. Grandes empresas como a IBM e Microsoft
possuem um núcleo de aplicações maiores, pois formam parcerias com outras empresas e se
desenvolvem bem mais em termos de aplicação da blockchain.
Na percepção do Especialista 9, um grande limitador do desenvolvimento da tecnologia
é a inexistência de uma plataforma vencedora, o que existe são projetos pilotos em fase inicial
de aplicação, como Blockchain IOT, Blockchain do Bitcoins, Blockchain Rapper Ledger,
Blockchain Corda. Não se encontra uma plataforma robusta e global que se destaque
definitivamente. A tecnologia nasceu de uma lógica de ser distribuída, descentralizada e não
controlada, isso quer dizer que ela é um enigma a ser vencido por esses modelos que estão
sendo criados.

Hoje, o desenvolvimento da tecnologia sofre com a questão de ausência de padrões.


Uma vez que existe várias tentativas e iniciativas e, cada uma com suas características
positivas, alguns desafios e tecnicamente colocando os componentes básicos em
prática, cada um à sua maneira. No entanto, acredito que a blockchain irá se integrar
melhor nos processos já existentes, apesar de estar engatinhando ainda. A dificuldade
maior, é em desenvolver uma blockchain, é necessário crescer coisas ao redor da
solução de blockchain que tu escolheste. É muito difícil pegar algo que já existe,
mesmo em processo de negócio e encaixar blockchain, e desenvolver negócio. O que
se tem ainda é pouco, não dá para afirmar que já está plenamente desenvolvida, ainda
é algo que está em desenvolvimento em uma velocidade bacana. Entretanto, irá
acontecer no futuro, algum nível de padronização de interoperacionalidade para poder
fazer com que esse custo operacional e de manutenção diminua (ESPECIALISTA 7).

Os entrevistados salientam que, para a blockchain se desenvolver e se fortalecer, ela


deve ser usada para a finalidade a qual serve, que é um banco de dados em que se registra
informações. Não existe mais a necessidade de se saber como a tecnologia funciona e sim, em
como ela será aplicada nos modelos de negócios. Com relação ao seu potencial de aplicação
nas cadeias produtivas do agronegócio, os entrevistados afirmaram um avanço promissor, posto
que as cadeias produtivas envolvem uma grande quantidade de intermediários e de contratos
em suas relações de negócios e elas surgem como um dos setores de grande aderência da
blockchain.
O potencial de aplicação está associado à capacidade da tecnologia em fazer registros e
não os mudar, sendo que após inseridas as informações na rede, elas ficam visíveis a todos os
participantes. Com a blockchain, consegue-se percorrer toda a cadeia e saber que aqueles dados
não foram adulterados.

76
Para o Especialista 4, a tecnologia pode ser aplicada em todas as cadeias produtivas,
uma vez que todas elas envolvem contratos. “Pensando no caso da avicultura que tem uma série
de contratos de integração, contratos de vendas, contrato com fornecedores, contrato com
manutenção, tudo isso pode ser feito a partir da tecnologia blockchain”.
Conforme o Especialista 2, nos cases de sucesso que estão surgindo, pode-se observar
que boa parte das aplicações da blockchain já estão nas cadeias de suprimentos, as quais
envolvem a logística e a rastreabilidade e estão diretamente relacionadas ao setor do
agronegócio. Há, em muitos casos, a combinação da tecnologia blockchain com outras
tecnologias, como a IOT, o que está em experimentação. Seu próprio sistema de drones, que
hoje auxiliam na avaliação e evolução da produção rural, são tecnologias que se complementam
automaticamente junto à blockchain.
Para o Especialista 3, o Brasil se destaca pelo agronegócio e é reconhecido no exterior
pela produção e exportação agrícolas, as quais movimentam a economia do país.

O que se precisa, é agregar valor a seus produtos, não só em forma de agricultura de


precisão, que faz com que a terra produza mais, e sim fazer com que o grão chegue ao
destino com um maior ganho possível. Nesse sentido, já existe diversas iniciativas de
utilização da blockchain para esses trek de translado, entender o que acontece com o
grão em todo o seu transporte, tem-se como exemplo, a Bela Agrícola que em parceria
com a IBM, testaram juntamente com a IOT para fazer translado da soja. Eles
evidenciaram que a soja pegava umidade nos portos e chegava nos Estados Unidos
com uma qualidade inadequada e, com isso, o preço diminuía, logo eles queriam
agregar valor. Com todo esse condicionamento até o acertamento dos contratos com
os portos, neste caso, conseguiram um controle maior e, a responsabilidade também
ficava dentro dos portos caso acontecesse uma mudança ali dentro dos containers, eles
checavam a qualidade da integração do sistema. Contudo, eles conseguiam entregar
um grão de melhor qualidade e ganhar muito mais com isso. Ademais, esta aplicação
ainda está em fase teste, ou seja, estão trabalhando no piloto . (ESPECIALISTA 3).

O Especialista 8 informa que a cadeia produtiva da soja tem maior potencial para a
aplicação da blockchain devido a sua logística e distribuição, sendo que em cada etapa da cadeia
é feita uma série de testes químicos no grão. Com o uso da tecnologia, vai ser possível
identificar qual foi o desempenho em cada etapa do processo, podendo se saber em que
momento do percurso ela perdeu propriedade, permitindo que se investigue a partir desse
momento de modo a corrigir o problema. Isso quer dizer que, com a blockchain se consegue ter
uma visão de toda a cadeia produtiva, identificando o problema e solucionando-o com maior
rapidez.

Outra forma de utilizar a blockchain, não sendo só na qualidade do produto, é testar


se realmente aquele produto veio de determinado lugar. Hoje em dia, está muito em
moda os QR code nos produtos. O café, um grande exemplo disso, é a região cafeeira
77
de Minas no Cerrado Mineiro, eles têm um selo específico, ele te diz qual é a safra,
qual fazenda, no caso, conta toda a história e o que aconteceu. A forma de
funcionamento desse selo é uma por associação, ou seja, a associação vai até o
produtor que quer se cadastrar, observa-se se está realmente na região do Cerrado
Mineiro, faz-se algumas visitas na propriedade e verifica-se a produção e, por fim,
entrega-se um selo ao produtor, afirmando que realmente possui uma determinada
qualidade no café. Porém, nem toda safra que sairá de determinada fazenda é
conferida, a qualidade do grão em nenhuma safra é igual a outra, ou seja, o solo pode
mudar. Para isso, serviria a blockchain, para dar mais confiança ao produto na
aplicação. Ademais, a tecnologia também pode ser utilizada nas cadeias produtivas de
produtos orgânicos, que são um grande potencial de expansão da blockchain, pois, são
produtos que o consumidor não tem certeza do selo, bem como o selo do café
(Especialista 3).

O Especialista 4 cita o potencial de aplicação da blockchain na certificação em


fazendas de gado.

O fazendeiro coloca chips em uma criação de gado, esses chips darão um localizador
e ele saberá onde estará cada boi. Dentro dessa rede distribuída, se considera cada
equipamento conectado nela, como um nó da rede, assim, se cada boi que tiver um
chip, consegue-se acessar pelo celular e saber qual a idade de cada um deles e,
também, saber todos os dados de origem. Isso tudo fica armazenado dentro rede, na
qual é possível todos acessarem e se tem a certificação. Isso irá quebrar os
intermediários que existem, o criador de gado poderá, também, conseguir a
certificação necessária para comprovar para China que certo boi está livre febre aftosa,
por exemplo. Dessa forma, todos irão querer fiscalizar, sem precisar de toda a
burocracia existente, um modelo disso, é que a Anvisa poderá ver e controlar, a partir
disso, essa rede amplia-se na capacidade de processamento de todos os dados
(ESPECIALISTA 4).

O grande impacto da tecnologia no agronegócio, segundo o Especialista 2, vai ser na


questão sanitária e de certificação. Consegue-se atrair a confiança dos consumidores, sendo que
eles irão ter todas as informações dos produtos que estão adquirindo, por isso o produto poderá
ter um alto valor agregado. Para o Especialista 6, o Brasil é um grande exportador de
commodities, mas, diversos mercados ainda são fechados para os produtos brasileiros por
questões cúmplices, isto é, dificuldades em saber que tipo de processo se segue na produção.
O Especialista 6 aponta, como exemplo, a exportação e a importação de açúcar para um
determinado país, no qual a cadeia se encontra em grande dificuldade para exportar sua
produção. A partir do momento que se tem um processo que é reconhecido e um produto que é
certificado, a abertura de novos negócios é facilitada, o que é importante para não depender de
um único país. “A partir da existência desses padrões globais, têm-se mercados mais globais,
reduzindo dependências de um único mercado, isso, teoricamente, facilita o preço em que se
possa exportar para mais de um país e com flexibilidade em termos de negociação”.
Para tanto, é importante que se tenha redes que possam ter processos negociáveis, o
diferencial é a padronização nos processos de produção. A tecnologia blockchain é uma aliada
78
na diferenciação do produto e no favorecimento de abertura de novos mercados. Os
especialistas mencionam o agronegócio como um setor de grandes possibilidades de aplicação
da blockchain em termos técnicos para gerar valor ao produto. No entanto, vai depender do
modelo de negócio e do tipo de cadeia produtiva. Agronegócio é um segmento que adota
tecnologia em menor velocidade, o que torna o setor mais lento na adoção da tecnologia.
Quanto à inovação das cadeias produtivas com a utilização da blockchain, segundo os
especialistas, vai acontecer na medida em que os bancos de dados vão sendo ampliados, aos
quais o comprador, o intermediário e o consumidor final tenham acesso em toda a cadeia
produtiva. Isso quando as cadeias produtivas pensarem de forma descentralizada e incluírem
seus clientes dentro de seus modelos de negócio, mediante incorporações autônomas e
decentralizadas. A tecnologia blockchain tem a ver com a não fraude dos dados, ela permite
uma maior transparência das informações, evitando a corrupção e qualquer adulteração das
informações (ESPECIALISTAS 5, 7, 9 e 10).
O Especialista 10 deu como exemplo a cadeia do vinho internacional, que perde milhões
de dólares anuais devido a fraudes e adulterações na qualidade, desde seu ponto de origem até
o consumidor final. Com o uso da blockchain, isso poderá ser evitado, uma vez que a tecnologia
gera mais segurança à cadeia produtiva.

As cadeias produtivas podem inovar com o sistema de rastreamento, ou seja,


rastreabilidade da origem do produto, na qual a tecnologia blockchain, permite que
você crie um sistema para identificar. Já existe algum estudo de caso com aplicação
de rastreabilidade, em que o consumidor com o seu celular, pode fazer uma leitura
com QR code do produto, no qual ele irá visualizar todo o histórico, dependendo do
tipo de produto e, ao mesmo tempo, checar o nome do produtor responsável pela
produção. Isso facilita, também, a certificação. Hoje, nós temos a certificação de ISO
e certificação orgânica, ou seja, contribuem para a própria confiabilidade da origem
dos produtos, já que todos os participantes do bloco serão parceiros, sendo assim,
obterão um maior grau de confiança nas informações inseridas no sistema. A proteção
é inerente e é dada pela tecnologia que até o momento é tratada como inviolável.
Como exemplos, são os casos dos contratos, sejam de compra ou de serviços e bens
finais, também podem ser utilizados direto na comercialização desses produtos, no
qual pode ter uma mudança na redução dos custos na comercialização de insumos,
nas questões ambientais, na certificação e outras áreas, na agricultura de precisão que
podem ser feitos com base na tecnologia blockchain (ESPECIALISTA 4).

As cadeias produtivas precisam estar muito mais integradas e, a blockchain auxiliará


com que o processo todo, desde o produtor até chegar à mesa do consumidor, seja
integrado. Acredito que a inovação é necessária para diminuir o desperdício, para
aumentar a qualidade e a segurança do consumidor em relação ao produto, embora, a
blockchain poderá ser, também, para cadeias curtas. Em pouco tempo, conseguirá ser
utilizada por pequenos produtores, fazendo com que gere um acolhimento entre eles.
O pequeno produtor, utilizará a tecnologia para ter uma margem de segurança, um
exemplo, é que na cadeia leiteira, o pequeno produtor vende para o grande produtor,
dessa forma, nesse trajeto precisa-se de uma maior segurança. Talvez a implantação
para pequenos produtores ainda demora, no entanto, ela irá acontecer
(ESPECIALISTA 3).
79
Para os especialistas, a abertura de novos mercados é uma oportunidade que a
blockchain oportuniza paras cadeias produtivas do agronegócio, em virtude de a tecnologia
proporcionar garantias no produto final, em termos de transparência e certificação de sua
origem. Existe um grau de fragilidade muito grande nas cadeias produtivas de um modo geral,
uma vez que sempre estão tendo problemas com algum tipo de alimento, como o leite, a carne,
o queijo e mais recentemente, com a cerveja.
Para o Especialista 9, “embora os alimentos serem a essência básica de qualquer
sociedade e que mantém as pessoas vivas, não se tem absolutamente nenhuma certeza da origem
e da qualidade dos produtos que estão sendo consumidos.” Contudo, existe uma possibilidade
gigantesca de algumas empresas e de indústrias agroalimentares se destacarem no quesito
garantia de qualidade de seus produtos por meio da tecnologia blockchain.
Referentemente aos tipos de cadeias produtivas que estão propensas à adoção pela
blockchain, cita-se a cadeia de grãos, por ela ter um grande volume de produção e por ser um
dos principais vetores de geração de renda no Brasil. Eles também apontam aquelas que, de
alguma forma, trabalham com produtos diferenciados e de alto valor agregado, essas são as
primeiras que estão sendo embarcadas, considerando-as pelo investimento, desde o momento
em que se tem uma diferenciação no produto.
Todas as cadeias produtivas, para os Especialistas 6 e 4, estão aptas a adotar a
tecnologia, pois são uma cadeia com um sistema produtivo muito mais organizado e integrado,
tanto da parte do produtor quanto dos provedores de insumos e dos próprios clientes. Elas estão
muito mais articuladas do que outros modelos de negócios. O que vai mudar com o uso da
blockchain é a forma de relacionamento desses agentes, e o fluxo de informações vai se tornar
mais rápido, seguro e transparente.
Blockchain é uma ferramenta que poderá facilitar todas as transações existentes nas
cadeias produtivas do agronegócio, beneficiando-as com aumento nos valores. Essas cadeias
têm muitos atores envolvidos, com níveis de incertezas e de capacidade de comportamentos
oportunistas acentuados, necessitando de mais registros e controles. Desse modo, a tecnologia
proporcionará mais garantia nos registros que estarão inseridos na rede.
Consoante os especialistas, muitos produtos derivados da tecnologia blockchain estão
sendo desenvolvidos, da mesma forma como estão surgindo serviços nos setores do
agronegócio, tais como rastreabilidade e armazenamento de informações. Igualmente, estão
sendo realizados testes com a tecnologia como ferramenta para o controle dos produtos até

80
chegar ao consumidor final. Outros produtos citados foram os contratos inteligentes e o uso de
Criptoativos (Criptomoedas), para os quais já existem iniciativas no agronegócio.
Nas palavras do Especialista 6, uma série de produtos e serviços estão disponíveis para
o segmento do agronegócio.

Sobre produtos e serviços, é destacado o termo rede, e cada rede é feito para um dado
conjunto de participantes com objetivos em comum. Dessa forma, tem-se a rede de
Food-trust, que talvez seja a nossa maior rede global de alimentos, existem centenas
de produtos cadastrados, diversos tipos de produtos, desde hortaliças até carnes
congeladas, ou seja, são produtos advindos do agro. A Farmer Connect é uma rede
específica para produtores de café, é dado uma nova experiência, na qual o cliente
pode dar uma nota para o café que ele recebeu, como se faz com vinho, podendo
contribuir com projetos sociais e ver a rastreabilidade do produto. Existem, também,
as correntes, que estão montando as suas próprias redes de bloqueio, além disso, são
encontradas outras redes que não foram desenvolvidas pela IBM, que estão sendo
usadas para fins específicos, isto é, algum tipo de produto ou mercadoria em que já
existem concorrentes (ESPECIALISTA 6).

Na Satisfied Vagabonds é feito algo diferente, envolve-se a traçabilidade, entretanto,


nós fazemos o seguinte: criamos as redes descentralizadas e autônomas, integrando o
consumidor e o agricultor dentro dessa cadeia de negócios, de maneira que um
consumidor poderá receber parte do lucro de todo esse negócio, ou seja, ele também
será o dono desse sistema, então, não será apenas um consumidor passivo. Além disso,
criamos moedas sociais semelhantes as milhas aéreas, que servem para incentivar
determinadas ações para alcançar o objetivo do sistema, estamos fazendo isso na área
da agricultura regenerativa, algo que é mais além da agricultura orgânica, ou seja,
estamos criando novos modelos de negócio descentralizados (ESPECIALISTA 10).

A maioria dos projetos que estão em desenvolvimento com o uso da tecnologia


blockchain confirma os tipos de aplicações encontrados nos estudos científicos analisados nesta
pesquisa. Nesse sentido, todas as soluções que estão sendo desenvolvidas contribuem para
geração de transparência e segurança das informações, tornando o processo de negociação dos
segmentos do agronegócio muito mais rápido. Atualmente, as transações ainda são bastante
lentas devido à quantidade de atores envolvidos no processo. Então, diante do exposto, a
blockchain possui uma forte possibilidade de aplicação nas cadeias produtivas do agronegócio.
Com relação ao desenvolvimento e à comercialização da blockchain, os especialistas
salientam que existem muitos cases que estão sendo explorados e colocados à disposição de
interessados em implementá-los. Faz-se uma exposição de seus benefícios, os quais dependem
de uma série de atividades. É necessário ter uma concepção de redes descentralizadas
envolvidas com um objetivo em comum, para que se possa adotar a tecnologia de forma
compartilhada.

Então, são etapas dentro do desenvolvimento de uma solução que requer alguma
avaliação mais criteriosa de solução para implementação da tecnologia. blockchain

81
não é um pacote na prateleira, ela depende de uma série de avaliações preliminares,
antes de efetivamente ter um projeto executivo. Nós já estamos aí criando, temos a
nossa metodologia própria. A primeira etapa é para se avaliar efetivamente, se tem
sentido ou não o uso da tecnologia; se de fato, a tecnologia vai contribuir e como que
ela pode contribuir para o que está sendo buscado. A partir dessa primeira etapa que
envolve uma análise de aderência e aplicabilidade, pode se ter o desenvolvimento de
uma prova de conceito, isto é, a arquitetura, que está sendo analisada. Arquitetura de
blockchain combinada com uma arquitetura de solução, ou seja, é fazer uma conexão
de banco de dados que requer condição de alguns APIS. Tudo isso pode ser trabalhado
dentro da segunda etapa, a partir da prova do conceito. Uma vez que isso é observado
de fato, e se tem certa lógica do que está sendo pretendido, parte-se para a terceira
etapa, na qual é se faz a elaboração dos projetos executivos e como isso vai ser
implantado. Os executivos envolvem tanto a parte de TI como todos os itens de
necessidade, que serão trabalhados dentro dos setores executivos. A quarta etapa é
parte de implantação que prevê se possui uma tecnologia meio integrada com outra,
nessa etapa faz-se a implantação. A quinta etapa, seria o acompanhamento e
monitoramento, como vai evoluir dentro de certo tempo e qual é a necessidade de
aperfeiçoamento do que pode ser feito, isso seria uma solução complementar
(ESPECIALISTA 2).

Conforme a Especialista 3, estão surgindo estartupes com ideias para implementação


da blockchain, elas se aproximam de empresas do agronegócio em feiras e congressos. Têm,
similarmente, grandes empresas como a IBM, Microsoft e SAP que possuem seus próprios
laboratórios, contatam todos os clientes apresentando uma proposta de implementação de uma
blockchain e formam uma parceria para testar um projeto piloto da tecnologia.

Temos como exemplo, o caso do Food-trust, você entra no Website e dependendo do


seu tipo de problema vai existir um plano específico para você. Se você é um pequeno
produtor, talvez possa colocar suas informações de graça, colocando uma planilha
num dado formato. E, se você for uma grande cooperativa, é um outro plano, pois terá
uma quantidade maior de dados, com outros tipos de problemas para serem resolvidos.
Já existem esses perfis de negócios, quando você acessa site da IBM Food- trust, se
você resolve embarcar sozinho e se quiser reduzir os custos com todos os tutoriais, ou
você pode comprar um plano que tem um consultor e fora a tecnologia, vai ter alguém
que vai estar te ajudando a entender os processos e fazer embarcar e utilizar a
solução. A Food-trust é uma rede que já está madura e que está aberta para você
acessar e usar, no entanto, existem outras que estão sendo desenvolvidas no estágio
inicial, como a Farmer Connect, que estão trabalhando ainda com alguns produtores
de café, mas que está aberta e no futuro abrirá para outras marcas e para outros
produtores (ESPECIALISTA 6).

Para que ocorra esse desenvolvimento e a comercialização da blockchain, segundo os


especialistas, são necessárias algumas etapas preliminares de exposição desses benefícios, de
maneira que a adesão seja espontânea, e não é necessariamente levar uma solução para um
problema desconhecido. Contudo, o que está sendo proposto é na parte de instrução de análise
de aderência ou uma prova de conceito para implantação dessa tecnologia no agronegócio.
Para que a blockchain transforme o modo de como se faz negócios, considerando suas
características, confiabilidade, auditabilidade, imutabilidade e autenticidade dos dados, é
preciso, consoante os especialistas, que ocorra uma inovação nos modelos de negócios
82
existentes, o que dependerá de uma mudança cultural e comportamental de todos os agentes
envolvidos no processo.
No que salienta a Especialista 3, “todos os agentes estão acostumados a registrar todas
as ações e as informações em papéis e, com a tecnologia blockchain isso não será necessário,
não vai existir”. A blockchain é compreendida como um sistema de base de dados, mantido de
modo descentralizado, em que todos são responsáveis por armazenar ou manter as informações
(RIBEIRO 2017).
Para o Especialista 2, a inovação nos modelos de negócios se diferencia na medida em
há conectividade em todas as partes envolvidas no processo. “As cadeias produtivas do
agronegócio, tem que ter uma modelagem de conexão com todos os setores que dão suporte,
sejam eles financeiros ou ligados a extensão rural ou adoção tecnológica e aquisição de
insumos, entre outros”.
A blockchain necessita que os atores sejam cada vez mais integrados em um modelo de
negócio ou de uma cadeia produtiva. Condiz com um pensamento muito mais amplo nos
modelos de negócios existentes e, caso isso não ocorra, a blockchain não vai ser utilizada como
deveria. O modelo de negócio tem que estar adaptado à tecnologia que se absorve, não só na
questão da blockchain, mas em qualquer outra (ESPECIALISTA 4).
O uso e a utilização da blockchain vai depender da inovação, ela só vai acontecer se
houver uma inovação de modelo de negócio. Um exemplo é a tecnologia que tem em uma
plataforma de streaming de música ou de filmes, como Netflix e Spotify, ela é diferente. Assim,
tecnologia por tecnologia tem de todos os sabores, o problema não é ela em si, pois se tem de
forma abundante e disponível, os problemas são os modelos de negócios (ESPECIALISTA 9).
Conforme o que foi apontado pelos especialistas, fica evidente que, para utilizar a
blockchain, é preciso mudança nos modelos de negócio. Não é diferente no agronegócio, pois
as cadeias produtivas terão que repensar o seu modo de fazer seus registros, nos quais a
blockchain poderá ser uma importante aliada no armazenamento e na segurança dos dados,
facilitando todo o processo de gestão nas transações realizadas. Nesse contexto, deve-se
repensar esses modelos, discutindo as relações de confiança entre os atores, as oportunidades
de digitalização da cadeia e as necessidades de redução de custos e eficiência dos fluxos.
No que tange à percepção dos especialistas quanto às possíveis estratégias de redução
dos custos transacionais com o uso da blockchain, é salientado que esses custos serão reduzidos
pelas características da tecnologia, já que ela proporciona uma maior confiança, transparência

83
e imutabilidade dos dados. Destarte, seu uso proporciona maior otimização dos processos e,
consequentemente, a redução dos custos, devido à melhor governança das informações.

A própria tecnologia já faz a redução dos custos de transação, o que talvez você tenha,
na verdade, não seria o custo de transação, mas o custo de entrada. Os agricultores
não estão preparados para isso e para ligar todos os agentes que participam das cadeias
produtivas do agronegócio, tem um custo de entrada, o qual seria relativamente alto
nesse momento, pois é a aprendizagem da tecnologia. Um exemplo seria o custo de
melhoramento da estrutura da área rural, precisa-se de um bom acesso à internet, mas
o que a tecnologia vai fazer é a redução dos custos de transação dos negócios em todas
as ações e transações realizadas (ESPECIALISTA 4).

Na blockchain, quando a gente compartilha informação, a gente tem os processos mais


rápidos e você tem menos pessoas trabalhando. É um processo de automação, se é
preciso mandar um documento impresso de parte para parte, não é necessário mais de
uma pessoa para ficar checando aquilo, as transações de compra e venda se tornam
mais simples com menos trabalho, mais rápido e mais barato, por exemplo. A parte
também de rastreabilidade de fazer os processos compliance, os quais são bastante
custosos. A partir do momento que você tem assinaturas digitais, é mais fácil e mais
barato ao invés de ser manualmente, com uma pessoa checando um pedaço de papel
(ESPECIALISTA 6).

São dois pontos interessantes, quando se fala sobre estratégia, eu penso sobre
governança por conveniência, isso significa que no primeiro passo, cada parte
envolvida não precisa compartilhar integralmente todas as suas informações ou todos
os seus dados, mas sim, exclusivamente aquilo que interessa e com cada
necessidade. Outra estratégia que eu acho interessante, é a questão de flexibilização,
ou seja, a livre entrada e saída de qualquer indivíduo dentro de uma rede que envolve
uma blockchain pública e uma blockchain privada, acredito que essa facilitação de
entrada e saída, é uma estratégia que deixa todo muito mais seguro a participar de uma
rede de blockchain (ESPECIALISTA 2).

No que diz respeito aos custos de transações, a Especialista 3 destaca que não são só
diminuídos os custos de produção, mas todo o periférico em volta das negociações. Segundo
ela, os custos diminuem em virtude de que todo o processamento de entrada e saída das
negociações tem muito mais segurança para tomada de decisão, por ter um ambiente de
confiança criado em função do uso da blockchain.
Outrossim, essa tecnologia coloca uma camada de confiança e transparência nas
relações contratuais, que ainda são realizadas por contratos de verificação e comprovações mais
burocráticas. Vive-se momentos em que a sociedade quer mais agilidade e praticidade, ou seja,
incorporar tecnologias, poderá fornecer velocidade aos processos que levam em média três dias
para serem concluídos, com a blockchain eles poderão ser realizados em um dia
(ESPECIALISTA 9).
Na compreensão dos especialistas, os custos de transação diminuem no momento em
que ocorre uma melhor governança das informações. A tecnologia blockchain propicia essa
governança entre os atores envolvidos nas negociações. Para tanto, as cadeias produtivas
84
integradas possibilitam um melhor fluxo de informações, redução dos custos e maior valor
agregado aos produtos, em função da veracidade das informações e da eliminação de
intermediários.
A estratégia para reduzir custos de transações entre os membros é digitalizar a cadeia
produtiva desde a saída, para que haja transparência e auditabilidade dos dados e, por
conseguinte, maiores ganhos. Identificou-se que a blockchain influencia positivamente a
Governança da Informação e os Custos Transacionais de qualquer negócio, devido às suas
características que permitem maior garantia e transparência da informação e pela possibilidade
de modificar diferentes processos transacionais, tornando-os mais simples e rápidos. Ela
permite melhorias na eficiência econômica e na governança.
No tocante ao acesso do agricultor à tecnologia blockchain, os especialistas salientam
que ela vai chegar até ele, seja pelo meio público, seja pela grande empresa, seja pelas
cooperativas, as quais fazem parte dos segmentos do agronegócio. Segundo o Especialista 5,
“os produtores precisam enxergar que às vezes agindo no coletivo é mais vantajoso que agindo
individualmente.”
O agricultor conectado a uma cooperativa, a outro consórcio, a um condomínio ou a
tudo aquilo que envolve algum tipo de associação, terá essa tecnologia para melhorar, facilitar
e dar maior transparência ao processo de governança. As cooperativas têm poder de negociação
com os mercados interno e externo, favorecendo os pequenos agricultores. O Especialista 6
avulta os modelos desenvolvidos que estão em funcionamento e que, dependendo do produto,
basta o agricultor se cadastrar na rede.

Eu falo que existe duas pontas, de um lado os agricultores e do outro os consumidores,


e quem movimenta a cadeia é o pessoal do meio, ou seja, os varejistas e as indústrias
alimentícias. Dessa forma, se for um agricultor que quer algum diferencial em seu
produto, ele poderá entrar numa dessas redes já pronta e acessar, fazer o plano
gratuito, ou ele irá entrar porque a cadeia ou o fornecedor está pedindo para entrar
nessa rede, ou é por questão de compliance. No caso, ele vai entrar porque a cadeia
dele faz parte ou ele quer ter algum diferencial e, no site basta apenas entrar e assinar,
ver todo o processo de como é feito; as informações do produto terão que ser digitadas
para essa rede. Um outro exemplo, é através da cooperativa, a que tenho é a Bela
Agrícola do Paraná (ESPECIALISTA 4).

O agricultor poderá ter acesso a tecnologia blockchain da melhor maneira possível, a


ideia que tenho é criar aplicativos em que a usabilidade, a experiência do usuário seja
mais fácil, ou seja, da maneira que o agricultor nem se dê conta de que está utilizando
a tecnologia blockchain. Nós temos um produto em que por exemplo, as pequenas e
microempresas da Costa Rica estão utilizando e nem percebem que é a tecnologia. O
que está por trás disso é uma moeda social em blockchain, que serve para incentivar
e fazer com que eles aprendam a gerenciar seus negócios. Para o setor agrícola é a
mesma coisa, você tem que criar aplicações para que os usuários usem como se tivesse
usando o WhatsApp ou Facebook, ou outra coisa que ele esteja habituado, sem ter

85
dificuldade para fazer o login, sem ter dificuldades para fazer as transações, as quais
geralmente não são tão fáceis como alguns (ESPECIALISTA 10).

Os especialistas mencionam que os agricultores que desejarem fazer negócios utilizando


a blockchain, poderão se destacar entre os demais, conquistando vários clientes, devido a
transparência, integridade e qualidade dos produtos. Essa poderá auxiliar no compartilhamento
das informações, proporcionando segurança na realização das transações, tendo todos os
direitos preservados e assegurando a privacidade dos atores envolvidos na rede (SWAN, 2015;
TAPSCOTT & TAPSCOTT, 2016; YERMACK, 2017).
Para os especialistas, é possível criar novos modelos de negócios que permitam ao
agricultor transferir o produto para o consumidor sem intermediários. A adoção da plataforma
blockchain dará velocidade aos processos, maior qualidade nos registros e reduzirá os custos
transacionais, a otimização dos recursos e aumentará a lucratividade.
A tecnologia também propicia a expansão de mercados, devido à rastreabilidade da
produção e à certificação dos produtos. Entretanto, essas formas de ganhos são reais, mas não
são garantidas. Deste modo, adotá-la custa dinheiro, e o foco tem que ser transformar esses
processos de adoção em um resultado real e prático em longo prazo. No tocante às vantagens
da utilização da blockchain, os especialistas salientam que seu uso reduzirá os custos
transacionais, trará maior agilidade nos processos de comercialização dos produtos, e maior
confiança e transparência nas transações realizadas nos diversos segmentos do agronegócio.
O Especialista 7 afirma que utilizar a tecnologia no agronegócio já comprovou que traz
benefícios, e com a plataforma blockchain se conseguirá automatizar todos os processos,
aumentar a padronização e a qualidade dos produtos e aumentar o diferencial competitivo. O
Especialista 2 argumenta “que as vantagens não são iguais para todo mundo que decide adotar
a tecnologia, pois dependerá do modelo de negócio e tipo de blockchain que será utilizada”.

Não existe uma vantagem única para todo mundo, cada situação é diferente, irá da
análise da aderência e aplicabilidade da tecnologia, pois todos os sistemas existentes
requerem uma conexão. Como exemplo, é a questão da interoperabilidade, isto é a
conexão das blockchains, algo que ainda está sendo avaliado em qual é a melhor forma
de fazer essa interoperação entre as blockchains, e de alguma maneira elas irão se
encontrar, seja nas cadeias de logística, em cadeias produtivas ou em cooperativas.
Um outro ponto que me parece chave para fazer esse comparativo, é a integração entre
outras tecnologias, a qual é preciso avaliar o custo comparado com os benefícios que
estas tecnologias podem trazer integradas (ESPECIALISTA 2 ).

86
Entender que a blockchain tem características específicas vantajosas depende do uso
que se faz das informações registradas e da qualidade das informações inseridas na rede. E, o
mais importante é que esse registro pode ser disponibilizado publicamente (RIBEIRO, 2017).
No que tange às desvantagens, os especialistas destacam o alto custo da
implementação de todo o sistema e da sua manutenção. A tecnologia ainda é instável por não
estar padronizada, pois ainda há uma interoperacionalidade. O ingresso de uma nova tecnologia
permite repensar os processos de negócios associados à anterior, uma vez que a maior parte dos
ganhos advindos dessa introdução não surge imediatamente, assim como os processos que a
utilizam precisam ser repensados (ROBLEH et al., 2014).
Outra desvantagem é que alguns setores dentro do agronegócio terão que deixar de
existir, e determinados intermediários irão desaparecer, haja vista que a tecnologia tem como
característica eliminá-los. A blockchain segue os princípios originados pela implementação das
Bitcoins, ela é pública e de livre acesso, sendo que o maior ganho com o seu uso está associado
ao acesso aberto e à remoção dos intermediários dos processos (TAPSCOT; TAPSCOT, 2016).
É importante entender que a blockchain tem características específicas que podem ser
vantajosas, mas dependem muito do uso que se faz dos dados registrados, bem como os
tipos de informações inseridas em uma plataforma blockchain. Enquanto os bancos de dados
tradicionais guardam, organizam e disponibilizam informações de todo tipo, ela tem um caráter
voltado para a comprovação de que determinado fato realmente aconteceu, e
o mais relevante é que esse registro é disponibilizado publicamente, de forma anônima, dando
um cunho de auditoria ao sistema.
Diante do exposto, nota-se que a tecnologia apresenta mais vantagens do que
desvantagens, ela é descrita como fenômeno de inovação disruptiva que oferece um ambiente
seguro, confiável e transparente. Ela é referenciada por muitos especialistas como a possível
solução para a eficiência econômica e de governança. Porém, o papel que irá desenvolver
dependerá de novos modelos de negócios e do tipo de informação inserida na rede.
Considerando as diversas áreas do conhecimento e de formação dos entrevistados, foi
possível identificar que não há divergências de opiniões entre eles, o que comprova o foco no
desenvolvimento, aprimoramento e uso da tecnologia como base para os registros de
informações, que pode auxiliar no desenvolvimento de serviços compartilhados.
Fundamentando-se nas análises de mineração de texto e nas entrevistas com os especialistas,
construiu-se uma síntese com os desafios e oportunidades, vantagens e desvantagens da
utilização da blockchain, exposta no Quadro 4.

87
Quadro 4 - Quadro síntese

Síntese

Desafios Oportunidades

 Eliminar intermediários;  Digitalização de toda a cadeia produtiva;


 Geração de novos modelos de negócios;  Abertura de novos mercados internos e
 Mão de obra especializada; externos;
 Romper com os velhos paradigmas;  Rastreabilidade e certificação do produto;
 Inexistência de uma plataforma vencedora;  Padronização do produto
 Ausência de padrões.  Diferenciação do produto;
 A forma como os dados da cadeia serão  Diferencial competitivo;
 Coletados, tratados e guardados;
 Integração com novas tecnologias;
 Qualidade da informação inserida na rede.
 Simetria de informações.

Vantagens Desvantagens

 Redução dos custos de transação;  Alto custo de implementação da tecnologia;


 Elimina intermediários;  Alto custo de manutenção;
 Redução tempo;  Eliminar intermediários;
 Otimização dos recursos;  Inexistência de uma plataforma vencedora;
 Maior lucratividade;  Ausência de padrões;
 Informações inseridas na rede ficam visíveis a  Qualidade da informação inserida na rede.
todos os participantes;
 As informações na rede não podem ser
alteradas;
 Garantia nos registros;
 Descentralização;
 Confiança, transparência e imutabilidade dos
dados;
 Melhor governança de informação;
 Melhor fluxo de informação;
 Otimização dos processos;
 Desburocratização dos processos;
 Mais segurança de toda cadeia produtiva;
 Certeza da origem e da qualidade dos produtos
que estão sendo consumidos;
 Contratos digitais inteligentes;
 Confiança nas relações contratuais.
 Integração com novas tecnologias.

Elabora pela autora (2020).

Como exposto no Quadro 4, nota-se que a tecnologia blockchain apresenta muitas


vantagens e oportunidades para os diversos segmentos do agronegócio, principalmente quando
utilizados nas cadeias produtivas, pois envolvem uma grande quantidade de intermediários e de
contratos em suas relações de negócios. O potencial de aplicação da blockchain está associado
à capacidade da tecnologia em gerar registros e não os alterar, sendo que após inseridas as
informações na rede, ficam visíveis a todos os participantes, para que façam a verificação e a
validação da informação.

88
Além disso, a tecnologia blockchain pode diminuir a distância de comunicação entre
pessoas, principalmente nas cadeias produtivas agrícolas, onde existem muitos elos, como
processamento, armazenagem, logística e pós-venda, que precisam de uma maior veracidade
das informações. A utilização da blockchain poderá auxiliar na segurança de dados e na redução
da assimetria informacional, que reflete na diminuição de custos transacionais. Para Roman
(2018), essa está relacionada ao aumento dos riscos e à perda do valor de mercado de um
determinado produto ou organização, dado que a tecnologia está baseada na descentralização
do controle das informações.
Ademais, se todas as transações realizadas em uma cadeia produtiva forem colocadas
em uma blockchain, essas informações não seriam assimétricas para nenhum elo da cadeia, que
poderiam visualizá-las em tempo real. Logo, a blockchain pode ser vista como uma
oportunidade de registro de dados com melhor confiabilidade.
Como desafios para a implementação da tecnologia, segundo as entrevistas realizadas,
são a ausência de padrão da blockchain e o rompimento dos velhos paradigmas e veracidade da
informação inserida na rede, o que causa uma demora em sua aceitação. Como desvantagem,
destaca-se o alto custo de implementação e de manutenção da tecnologia blockchain.
Mesmo a tecnologia blockchain parecendo uma solução para diversos modelos de
negócios realizarem suas transações, ela ainda tem desafios e limitações técnicas que precisam
ser verificadas e testadas. Além disso, há lacunas no conhecimento desta tecnologia, uma vez
que existem poucos estudos que relatam as principais possibilidades de usos e benefícios, dado
que a grande maioria dos estudos está em teste de aplicação.

89
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou identificar o uso e a aplicabilidade da tecnologia blockchain nos


segmentos do agronegócio. Seus objetivos específicos foram mapear esse uso e essa
aplicabilidade; analisar as vantagens e desvantagens da utilização da blockchain no
agronegócio; e identificar seus desafios e oportunidades.
Para responder à questão de pesquisa e cumprir com o objetivo proposto, utilizou-se a
metodologia exploratória de cunho quali-quantitativo, estruturada em três etapas.
Primeiramente, realizou-se uma análise bibliométrica e uma revisão sistemática da literatura.
Na sequência, fez-se o “text mining” dos artigos previamente selecionados e se aplicou
entrevistas com especialistas envolvidos em projetos relacionados com a tecnologia blockchain.
Diante das análises dos dados coletados e das informações obtidas, pode-se concluir que os
objetivos propostos foram alcançados. E a metodologia utilizada propiciou identificar o uso e
a aplicabilidade da blockchain no agronegócio.
No que se refere aos resultados apresentados, com base nas análises bibliométricas,
verificou-se que o tema é crescente na academia nos últimos anos. No entanto, com relação à
análise dos estudos, foi possível aferir, que, embora a tecnologia blockchain tenha surgido há
mais de dez anos, a discussão sobre sua aplicação no contexto do agronegócio ainda é muito
recente, em virtude de que todos os artigos encontrados foram publicados a partir de 2016.
Constatou-se que a grande maioria das publicações está concentrada nas áreas de
Ciência da Computação e Engenharia, o que se justifica pelo fato de a blockchain ser uma
tecnologia que necessita de desenvolvedores de softwares para criar modelos que se adaptem
às necessidades demandadas. Quanto aos países líderes em pesquisa, a China se destacou,
ficando em primeiro lugar em índice de publicações (39%), seguida dos EUA (25%). Ressalta-
se que o destaque desses países se deu porque neles se encontram as instituições que possuem
pesquisas relacionadas e é neles que são feitos investimentos significativos na área de
tecnologia, além de serem referência mundial em inovação.
É relevante registrar que a pesquisa sobre o uso da blockchain nos segmentos do
agronegócio ainda está em estágio inicial, incluindo sua experimentação. No caso deste estudo,
encontrou-se, nas análises dos artigos e das entrevistas com especialistas em blockchain,
protótipos de laboratório que estão em teste de aplicação. Há diversas aplicações da tecnologia
em fase de “prova de conceito” e poucas implementadas em grande escala. Existem outras
possibilidades de aplicação, uma vez que seu potencial no momento pode não ser corretamente
estimado, por ainda ser uma tecnologia emergente.
90
Mediante a pesquisa de campo, foi possível verificar que a blockchain tem despertado
o interesse dos especialistas em explorar a tecnologia. Identificou-se, em suas falas que diversas
empresas ligadas ao agronegócio tanto no Brasil quanto em outros países estão com projetos
em teste com o uso dessa tecnologia, isso corrobora a disseminação da blockchain. Foram
identificadas evidências de que ela traz inúmeros benefícios quando utilizada nas cadeias
produtivas do agronegócio, diminuindo intermediários, reduzindo custos transacionais e
melhorando os processos como um todo.
É possível concluir, com base nas palavras dos especialistas, que existem influências
positivas para a governança de informações e redução nos custos transacionais,
independentemente da estrutura de blockchain utilizada, por causa de suas características que
comportam maior transparência e maior segurança de informação. Além disso, ela possibilita a
transformação de diferentes processos transacionais, tornando-os mais simples e rápidos.
Diante disso, o uso da blockchain nas cadeias produtivas do agronegócio poderá facilitar a
colaboração de forma segura e confiável entre os participantes envolvidos nas redes de
negócios.
A blockchain é uma tecnologia em desenvolvimento nos diversos setores, com várias
possibilidades de aplicação e vastas vantagens, como: o aumento da confiança, a redução de
riscos nas transações, menor burocracia, redução dos custos em razão da eliminação de
intermediários, diminuição dos riscos e de fraudes e maior privacidade devido aos controles
rigorosos que são feitos com muito mais segurança, pelo fato da imutabilidade dos dados. Cada
bloco é interligado ao bloco anterior por processos criptográficos, todos os dados são públicos
e qualquer usuário poderá adicionar dados a ele na forma de uma transação.
É importante salientar que os resultados apresentados nesta pesquisa são limitados a
estudos científicos e as entrevistas com especialistas em blockchain. As escolhas dos artigos
foram feitas por aqueles que continham as palavras-chave estipuladas pela pesquisadora em
apenas duas bases de dados, a Scopus e a WoS, que foram escolhidas por serem plataformas de
relevância e com maior número de periódicos indexados. Apresentou-se, então, resultados
distintos, já que não foram considerados todos os tipos de documentos e outras bases de dados.
Os dez especialistas que participaram da pesquisa foram de grande importância para o
estudo, pois estavam de alguma forma envolvidos com a pesquisa, com o desenvolvimento e a
implementação da tecnologia blockchain. Foram destacadas por eles questões importantes,
validando os achados na análise bibliométrica, sistemática e na mineração de texto. Pelos
resultados, determina-se que a temática é crescente, apesar de ainda ser pouco discutida no meio

91
acadêmico. Alguns pesquisadores vêm abordando o assunto, mas restritos a rastreabilidade e
contratos inteligentes, como evidenciado nas análises, sendo necessárias diferentes
investigações sobre o tema.
Sugere-se, para estudos futuros, que se explore questões como: custos de transação,
governança da informação, novos modelos de negócios, assimetria de informação e utilização
da tecnologia blockchain como ferramenta de gestão nos setores do agronegócio. Outro item
que pode ser investigado é o custo de implementação dessa tecnologia.
Evidencia-se que as contribuições desta pesquisa estão alinhadas com o fato de que
adoção da tecnologia blockchain pelos segmentos do agronegócio estão associadas a segurança
e confiança das informações registradas na rede. Este estudo contribui com indicadores
acadêmicos sobre a blockchain e seus impactos no agronegócio e na economia como um todo,
originando afirmativas sobre as possibilidades de uso, aplicações da blockchain nos setores do
agronegócio analisados na literatura cientifica e na entrevista com especialistas. Enfim, é
esperado que os achados desta pesquisa proporcionem contribuições para sociedade e para a
academia, podendo servir de referência para posteriores estudos.

92
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102
APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AGRONEGÓCIOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS
Mestranda Geneci da Silva Ribeiro Rocha

Roteiro de Entrevista com Especialistas em Blockchain

Nome:........................................................................................................................
Formação:................................................................................................................
Área de atuação:.......................................................................................................
Local de atuação:......................................................................................................

1. Qual o impacto da tecnologia blockchain na economia do país e no mundo?

2. Qual a maior dificuldade no desenvolvimento da tecnologia da blockchain?

3. Qual o potencial de aplicação da blockchain nas cadeias produtivas do agronegócio no


Brasil?

4. Como as cadeias produtivas do agronegócio poderão inovar utilizando a tecnologia


blockchain?

5. Quais cadeias produtivas estão mais propensas a adoção e utilização da tecnologia


blockchain?

6. Qual o impacto da tecnologia blockchain no agronegócio no Brasil?

7. Quais setores do agronegócio estão mais propensos a adoção da tecnologia blockchain?

8. Que produtos e/ou serviços, têm sido desenvolvidos por empresas e/ou instituições de
pesquisa, para o agronegócio, com a utilização da tecnologia blockchain?

9. Quais são os desafios e barreiras para o desenvolvimento, comercialização e utilização da


tecnologia blockchain no agronegócio Brasileiro?

10. Quais são as oportunidades e contribuições da tecnologia blockchain para os setores do


agronegócio?

11. Como é feito o desenvolvimento, comercialização da tecnologia blockchain para os


setores agronegócio?

12. Quais são as iniciativas mais promissoras na adoção da tecnologia blockchain em uma
maior escala no agronegócio?

103
13. Qual é o perfil de setores do agronegócio que estão aderindo a blockchain?

14. O verdadeiro papel da blockchain dependerá da inovação nos modelos de negócios nos
setores do agronegócio?

15. Quais estratégias serão possíveis com a blockchain para minimizar os custos de transação
entre os membros das cadeias produtivas do agronegócio?

16. Como o agricultor poderá ter acesso a tecnologia blockchain?

17. Quais reais formas de ganho para o agricultor com a adoção da tecnologia blockchain?

18. Quais vantagens e desvantagens da utilização da tecnologia blockchain nos setores


agronegócio?

104

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