Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Centro de Estudos E Pesquisa em Agronegócios Programa de Pós-Graduação em Agronegócios
Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Centro de Estudos E Pesquisa em Agronegócios Programa de Pós-Graduação em Agronegócios
Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Centro de Estudos E Pesquisa em Agronegócios Programa de Pós-Graduação em Agronegócios
Porto Alegre, RS
2020
1
GENECI DA SILVA RIBEIRO ROCHA
Porto Alegre, RS
2020
2
GENECI DA SILVA RIBEIRO ROCHA
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Dr. Adriano Lago - UFSM
____________________________________________
Prof. Dr. Edson Talamini - UFRGS
____________________________________________
Prof. Dr. Fabio Miguel Junges - UNISINOS
____________________________________________
Prof. Dr. Jéferson Campos Nobre - UFRGS
____________________________________________
Profa. Dra. Letícia de Oliveira – UFRGS - Orientadora
Porto Alegre, RS
2020
3
4
Dedico o presente trabalho à minha família, meu
esposo e nossa filha, que me ajudaram em todos os
momentos em que necessitei, sempre me
incentivando e motivando a ir em busca dos meus
sonhos.
Amo vocês.
5
AGRADECIMENTOS
6
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios e CEPAN, que
transmitiram seus conhecimentos de forma tão dedicada, colaborando para que este grande dia
chegasse.
Agradeço ao Professor Dr. Adriano Lago, ao Professor Dr. Edson Talamini, ao
Professor Dr. Fabio Miguel Junges e ao Professor Dr. Jéferson Campos Nobre, pelo aceite do
convite para composição da banca avaliadora, na certeza que trarão valorosas contribuições
para melhoria desta pesquisa.
Minha gratidão a todos os profissionais que aceitaram participar deste estudo e
disponibilizaram seu tempo para contribuir participando das entrevistas com valiosas
informações que foram de fundamental importância para a operacionalização e concretização
de minha dissertação. Obrigada por me receberem de portas, e pelas longas e preciosas
conversas.
Por fim, àqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização desta
pesquisa, meus sinceros agradecimentos.
7
Desejo que você
Augusto Cury
8
RESUMO
Blockchain tem sido vista como uma ferramenta tecnológica que pode ser aplicada em
diferentes setores, com o intuito de solucionar diversos problemas. Nesse sentido, para
responder à questão da pesquisa, optou-se por realizar um estudo quantitativo e qualitativo,
seguindo três etapas de execução. Primeiramente, realizou-se uma revisão sistemática da
literatura cientifica, tencionando responder o primeiro objetivo deste estudo. A análise
sistemática foi extraída dos documentos indexados nas plataformas Elsevier’s Scopus e Web of
Science (WoS) considerando a metodologia Prisma, da qual o conteúdo dos documentos
elegidos estão diretamente relacionados à temática. Foram selecionados 71 artigos para análise.
Na segunda etapa, aplicou-se técnicas de mineração de texto, o Text Mining, dos artigos
previamente selecionados. A análise de mineração de textos utilizada envolveu a recuperação
de informações, análise textual e extração de dados de estudos científicos. Para tanto, envolveu-
se diversas fases, entre elas, a primeira foi a seleção de 68 artigos dos 71 elegidos na primeira
etapa. A terceira etapa consistiu na elaboração de entrevistas com dez especialistas envolvidos
em projetos relacionados com a Tecnologia Blockchain, como: gestores, coordenadores,
desenvolvedores e participantes que tenham conhecimento de negócio e de
programação/estrutura dessa tecnologia. Buscou-se apontar, por meio dessas entrevistas, as
vantagens e desvantagens da utilização da tecnologia blockchain nos segmentos do agronegócio
e identificar seus desafios e barreiras. Quanto aos resultados obtidos, evidenciou-se o início das
publicações em 2016 na WoS e 2017 na Scopus, demonstrando que a temática é recente.
Ademais, a maior concentração das publicações ocorre em países da China e dos Estados
Unidos da América (EUA), com destaque nas áreas de Ciência da Computação e Engenharia.
Observou-se diversas lacunas para estudos futuros, com significativo valor para a ciência,
indústria e sociedade. Na análise sistemática, identificou-se os principais segmentos do
agronegócio em que a tecnologia está sendo utilizada, entre eles: financeiro, energia, logística,
meio ambiente, agrícola, pecuária e indústria. Constatou-se que a tecnologia traz inúmeros
benefícios quando utilizada nas cadeias produtivas do agronegócio. Contudo, a blockchain é
uma tecnologia em desenvolvimento nos diversos setores, com várias possibilidades de
aplicação e amplas vantagens, tais como: aumento da confiança, redução de riscos nas
transações, menor burocracia, redução dos custos em razão da eliminação de intermediários,
diminuição dos riscos e de fraudes e maior privacidade devido a controles rigorosos e com
muito mais segurança, pelo fato da imutabilidade dos dados. Conclui-se que a pesquisa sobre a
aplicabilidade e o uso da blockchain nos setores do agronegócio estão em estágio inicial,
9
incluindo a fase de testes e experimentação, uma vez que foram identificados, a partir das
análises, protótipos de laboratório em teste de aplicação. Para tanto, a tecnologia blockchain
está e será aplicada e usada em todos os segmentos da economia, promovendo maior
confiabilidade e agilidade nas informações e redução de custos.
10
ABSTRACT
Blockchain has been seen as a technological tool that can be applied in different sectors, in
order to solve various problems. In this sense, to answer the research question, it was decided
to carry out a quantitative and qualitative study following three stages of execution. At first, a
systematic review of the scientific literature was carried out to answer the first objective of the
study. The systematic analysis was extracted from documents indexed on the platforms
Elsevier’s Scopus and Web of Science (WoS) considering the Prisma methodology, whose
content of the chosen documents are directly related to the theme. 71 articles were selected for
analysis. In the second stage, text mining techniques, Text Mining, from previously selected
articles were used. The text mining analysis used involved information retrieval, textual
analysis and data extraction from scientific studies. To this end, several stages were involved,
in which 68 articles from the 71 selected in the first stage were first selected. In the third stage,
interviews were conducted with ten specialists involved in projects related to Blockchain
Technology, such as: managers, coordinators, developers and project participants who have
knowledge of the business and programming / structure of the technology. We sought to point
out, through these interviews, the advantages and disadvantages of using blockchain technology
in the agribusiness segments and to identify the challenges and barriers of technology in
agribusiness. As for the results obtained, the start of publications in 2016 in WoS and 2017 in
Scopus was evidenced, demonstrating that the theme is recent. In addition, the largest
concentration of publications occurs in the countries of China and the United States, especially
in the areas of Computer Science and Engineering. Several gaps were observed for future
studies, with significant value for science, industry and society. In the systematic analysis, the
main agribusiness segments in which the technology is being used were identified, including:
financial sector, energy, logistics, environment, agriculture, livestock and industry. It was found
that the technology brings numerous benefits when used in the agribusiness production chains.
However, blockchain is a technology under development in different sectors with several
possibilities of application and wide advantages, for example: increased confidence, reduced
risks in transactions, less bureaucracy, reduced costs due to the elimination of intermediaries,
reduced risks and fraud, greater privacy due to strict controls and with much more security due
to the immutability of data. It is concluded that research on the applicability and use of
blockchain in the agribusiness sectors is at an early stage, including the testing and
experimentation phase, since laboratory prototypes under application testing were identified
11
from the analyzes. Therefore, blockchain technology is and will be applied and used in all
segments of the economy, promoting greater reliability, agility in information and cost
reduction.
12
LISTA DE FIGURAS
13
LISTA DE TABELA
14
LISTA DE QUADROS
15
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................17
1.1 OBJETIVOS .............................................................................................................. 19
16
1. INTRODUÇÃO
18
dados armazenados de maneira distribuída, sendo cada nó coordenado sem um centro de dados
unificados, o que elimina qualquer autoridade de confiança centralizada, possibilitando que
esses possam ser compartilhados entre todos os elos daquela rede (ZOU et al., 2019).
Em um contexto de oportunidades e ameaças, no qual esta pesquisa está inserida, busca-
se como problemática a compreensão dos aspectos relacionados ao uso e à aplicação da
blockchain na infraestrutura de transação de dados e informações em cadeias produtivas. Para
tanto, este estudo é conduzido pela seguinte pergunta: qual o panorama do uso e da
aplicabilidade da blockchain nas cadeias produtivas do agronegócio?
1.1 OBJETIVOS
19
1.2 JUSTIFICATIVA
21
2. REVISÃO DA LITERATURA
Apresenta-se, nesta seção, os principais eixos teóricos que norteiam este estudo.
Discorre-se sobre o que é uma blockchain, como funciona e para que serve.
22
Figura 1- Informações centralizadas versus descentralizadas
a) Centralizada b) Descentralizada
23
Quadro 1- Princípios da Tecnologia Blockchain
PRINCÍPIOS DEFINIÇÕES
Cada parte de uma blockchain tem acesso ao banco de dados inteiro e seu histórico
Banco de dados
completo. Nenhuma parte controla individualmente os dados ou as informações,
distribuído mas pode verificar os registros de seus parceiros de transação diretamente, sem
um intermediário.
Transmissão peer-
A comunicação ocorre diretamente entre os pares, e não por um nó central. Cada
to-peer nó armazena e envia informações para todos os outros nós.
Toda transação e seu valor associado são visíveis para qualquer pessoa com
Transparência acesso ao sistema. Cada nó ou usuário em uma blockchain tem um endereço
alfanumérico exclusivo de mais de 30 caracteres que o identifica. Os usuários
com o pseudônimo
podem optar por permanecer anônimos ou fornecer prova de sua identidade a
outras pessoas. As transações ocorrem entre endereços blockchain.
24
Figura 2 - Características das redes blockchain
25
2.2 FUNCIONAMENTO DA BLOCKCHAIN
26
exibe um panorama em que os Smart Contracts utilizam da blockchain para realizar as
transações e todas as blockchains são distributed ledges.
Figura 4 - Os Smart Contracts estão dentro das blockchains e todas as blockchains são
distributed ledges
• É uma distibuição ledger que mantém uma lista crescente de registros, chamados
blocos. Por definição, blockchain é inerentemente e resistente à modificação dos
dados. Uma vez registrados, em qualquer bloco, estes não podem ser alterados
retroativamente sem mudar todos os blocos subsequentes e sem um acordo da
Blockchain maioria da rede.
Quando se cria uma rede de negócios, define-se quais as transações e processos serão
utilizados como sustentação na blockchain. Amaro (2017) destaca como critérios básicos na
classificação dos processos elegíveis: extremamente complexos e lentos, de forma que
mantenham uma cadeia de validação em variáveis; transações que exijam rastreabilidade e
registros únicos inalteráveis; processo de identidade; criação de aumento da relação de
confiança entre os membros envolvidos em uma rede de negócios; e novos modelos de
negócios.
Dado que, uma vez eleito o processo, inclui-se a blockchain como camada de systems
of insight à camada de estrutura ligada, programa-se na blockchain o contrato (regras de negócio
aplicadas aos sistemas) chamado de chaincodes, no qual se acrescenta os níveis de acesso dos
membros da rede às informações contidas no ledger. A partir disso, todas as novas transações
serão registradas e operadas em concordância com o que foi programado (AMARO, 2017).
27
Para um melhor entendimento do funcionamento das blockchains, apresenta-se, no Quadro 2,
as sete etapas de suas transações (DELOITTE, 2018, p. 3).
ETAPAS DEFINIÇÕES
28
As blockchains podem ter diferentes configurações, desde redes públicas de códigos abertos até
blockchains privadas que exigem permissão explícita para ler e escrever. Salienta-se que a
ciência da computação e a matemática avançada, sob a forma de funções hash criptografadas,
fazem com que as blockchains funcionem, não apenas ativando as transações, mas também
protegendo as correntes (DELOITTE, 2018).
De acordo com Tian (2018), essa tecnologia permite estabelecer um sistema de
informação que não depende da confiança de uma autoridade central, todas as informações dos
produtos podem ser armazenadas em um sistema compartilhado e transparente para todos os
membros da cadeia. No entanto, é uma tecnologia que grava transações, permanentemente, de
maneira que não possam ser apagadas depois, podendo ser somente atualizadas
sequencialmente, o que permite manter um rastro histórico sem fim.
Inicialmente, a ideia das blockchains era fazer uma Criptomoeda, com uma aplicação
distribuída. O Bitcoin, criado por Satoshi Nakamoto em 2008, é um sistema de dinheiro
eletrônico utilizado de pessoa para pessoa para pagamentos on-line, sem passar por uma
instituição financeira, é a primeira aplicação envolvendo blockchain e a mais conhecida até os
dias de hoje. Com o desenvolvimento da tecnologia de rede, o pagamento on-line passou a ser
um importante meio de negociação, principalmente nas instituições financeiras, nas quais a
maioria dos métodos de pagamentos que existe é fundamentada na confiança com as
instituições e com o software (FU et al., 2017).
Green (2018) afirma que nas bitcoins a blockchain foi conceituada como um livro
distribuído, no qual a necessidade de um terceiro para fornecer confiança é eliminada, esta é
fornecida por meio de prova de criptografia, o que garante que as transações sejam autenticadas.
Szabo (1994, p. 1) definiu contrato inteligente “[...] como um protocolo de transação
computadorizado que executa os termos de um contrato”. Esse autor recomendou que as
cláusulas dos contratos poderiam ser transferidas para um código, diminuindo a necessidade de
intermediários nas transações entre as partes. Dessa forma, trata-se de um script armazenado
em uma blockchain e tem um endereço único (está em um bloco com um hash que o identifica).
Conforme Swan (2015), blockchain é uma tecnologia com potencial extremamente
disruptivo, com capacidade de reconfigurar todos os aspectos da sociedade e suas operações.
Por esta razão, ela propõe três categorias:
29
1. blockchain 1.0: são moedas digitais marcadas pelo surgimento da tecnologia e pelas
Criptomoedas virtuais;
2. blockchain 2.0: são contratos inteligentes que englobam todas as áreas financeiras e
econômicas, como: empréstimos, títulos, hipotecas, ações, títulos futuros e propriedade
elegante; e
3. blockchain 3.0: são as aplicações eficientes, além das Criptomoedas em economia,
mercados, ciências de forma geral e áreas governamentais.
30
o protocolo e o software Bitcoins que são publicados abertamente e estão disponíveis para
qualquer desenvolvedor revisar ou fazer a sua própria versão modificada, utilizando os mesmos
softwares que os fornecedores de carteira eletrônica e de processamento de pagamentos entre
mineradores, empresas de seguros, dentre outros (MUNSING et al., 2017).
Para Sheng et al. (2018), o setor financeiro é o que mais tem investido na tecnologia
blockchain, com mais de 90 bancos discutindo a aplicação da tecnologia e seus impactos no
arcabouço legal regulatório. Espera-se que com o uso dessa tecnologia sejam gerados benefícios
como: simplificações da operação, diminuição de custo operacional, menor número de
intermediários, diminuição de custo propiciando redução da tensão entre os reguladores,
mitigação de fraudes e ofertas de novos serviços.
No setor financeiro, a tecnologia blockchain compreende pagamentos internacionais e
liquidação, instrumento de dados, identificação do cliente e antifraude, lavagem de dinheiro e
transações de ativos mobiliários. Ela tem sido utilizada em diferentes campos, como a
contabilidade e o e-commerce. As vantagens da contabilidade distribuída em blockchain é que
os documentos contábeis são mais creditáveis, já que sua modificação é impossível de
acontecer. Blockchain similarmente pode ser empregada na resolução de crédito no comércio
internacional e para a circulação de documentos mediante contratos inteligentes (SHENG et al.,
2018).
Tapscott e Tapscott (2017) avultam que as instituições financeiras estão testando provas
de conceito já usando a DLTs. Conforme esses autores, o interesse de muitas empresas em
DLTs emana das oportunidades de reduzir custos, já que pagamentos digitais ainda são
relativamente lentos e caros. Tripoli e Schmidhuber (2018) apontam que a blockchain é
usufruída por instituições financeiras para facilitar pagamentos de remessas instantâneas, uma
solução de pagamentos integrados para aumentar a liquidez em títulos privados e pagamentos
globais, usando DLTs. Por isso, ela pode ser aplicada no financiamento agrícola, pois as DLTs
têm o potencial de proporcionar uma maior inclusão financeira das micro, pequenas e médias
empresas e em países de baixa renda, permitindo que os atores da cadeia produtiva agrícola
invistam mais em seus negócios.
Algumas empresas estão utilizando DLTs para implantação de produtos de seguros
agrícolas. Com sede na Suíça, a empresa Etherisc Blockchain Startup está construindo uma
plataforma que utiliza DLTs para trazer o seguro agrícola aos países em desenvolvimento,
principalmente, à África. Recentemente, uma rede de seguros, Aigang e Skyph, fez uma parceria
31
para desenvolver um seguro agrícola utilizando Hardware Zangão, software GIS, blockchain e
contratos inteligentes (TRIPOLI; SCHMIDHUBER, 2018).
Países desenvolvidos como Reino Unido, Estados Unidos da América (EUA) e Japão
estão dando atenção especial ao desenvolvimento de blockchain, ao explorarem sua aplicação
em diversos campos. A China, a Rússia, a Índia, a África do Sul, entre outros países têm iniciado
pesquisas em tecnologia blockchain. No Brasil, o Banco Central (BC) divulgou a Plataforma
de Integração de Informações das Entidades Reguladoras (PIER) em blockchain, para troca de
dados com órgãos reguladores do sistema financeiro.
A PIER facilita a troca de dados entre BC e órgãos como a Superintendência de Seguros
Privados (SUSEP), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência Nacional
de Previdência Complementar (PREVIC). Primeiramente, ela será utilizada para troca de dados
referentes aos processos de autorização de uma instituição financeira, a qual compreende o
intercâmbio de informações sobre processos punitivos de atuação de administradores no
Sistema Financeiro Nacional (SFN) e de controle societário das entidades reguladas pelo BC
(2018).
Outra iniciativa de utilização da blockchain pelo setor bancário está sendo desenvolvida
em conjunto com Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), Sistema de
Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB), (Banco do Estado do Rio Grande do Sul
(BANRISUL) e Grupo Santander. Trata-se de um serviço de transferência baseado em
blockchain, chamado Sistema Financeiro Digital (SFD) que funciona 24h por dia, no qual os
correntistas poderão fazer transferências seguras entre pessoas, apenas selecionando o contato
da agenda telefônica do celular, um serviço P2P sem passar pela custódia de uma terceira parte
(CATARINO BRASILEIRO, 2018).
Logo, a blockchain fornecerá um seguro imutável, transparente e quase instantâneo em
uma transação entre duas ou mais partes, sendo que a necessidade de um terceiro é eliminada e
constitui um único livro de verdade imutável que é capaz de ser visto por todas as partes
relevantes, sem ser alterada por ninguém. Neste contexto, blockchain foi rapidamente aceita
pelas organizações mais conceituadas do mundo, incluindo empresas de tecnologia, como a
International Business Machines Corporation (IBM), Apple e instituições financeiras, como
Morgan Motor Company, Industrial and Commercial Bank of China Limited (ICBC), Welles,
Farg e Bank of América.
Referentemente à saúde, a blockchain poderá ser utilizada em convênios e em registros
médicos eletrônicos, em banco de doenças, históricos de pacientes e contratos como planos de
32
saúde. Manav (2017) afirma que nesta área é preciso ter sistemas mais eficientes e seguros no
gerenciamento dos registros médicos. Nos dias de hoje, os registros são mantidos em um centro
de dados e o acesso é limitado a redes de provedores das redes hospitalares, o que faz com que
a centralidade dessas informações seja vulnerável à violação. Em concordância com Mougayar
(2017, p. 123), blockchain poderá contribuir na área da saúde como:
a) uma combinação de processos com multiassinatura e QR codes, podendo dar acesso
específico aos registros médicos ou parte deles a profissionais de saúde autorizados;
b) compartilhar dados de pacientes de maneira agregada, mantendo-os anônimos para
garantir sua privacidade, auxiliando em pesquisa e em comparação de casos
similares;
c) relacionar e cronometrar procedimentos ou ocorrências médicas para reduzir fraude
de convênios e facilitar a verificação da conformidade dos serviços prestados;
d) registrar a manutenção de partes críticas de equipamentos médicos, como um
scanner de ressonância magnética, fornecendo um rastro aditável e permanente;
e) verificar a procedência de medicamentos para eliminar a manufatura ilegal de
drogas; e
f) casecoins: originar altcoins específicos que criam mercado de criptomoedas para a
resolução de uma doença específica, como a FoldingCoin, um projeto no qual os
participantes compartilham seu poder de processamento para ajudar na cura de uma
doença e recebem um token ativo.
33
A Estônia é um dos países que mais tem investido em tecnologia no setor público nos
últimos anos, provendo serviços públicos disponíveis em meio digital. Informações no site de
seu Governo mostram que 99% dos serviços públicos estão acessíveis on-line 24 horas por dia,
sete dias por semana. Trata-se de um ecossistema digital seguro, conveniente e flexível, com
um nível sem precedentes de transparência no governo, com ampla confiança em sua sociedade
digital, resultando em eficiência nos serviços (HERNANDEZ, 2017).
Um dos cases de maior sucesso no uso da tecnologia blockchain pela Estônia é o seu
uso, que está em fase de teste, na infraestrutura de saúde digital. Em 2011, o país e a Guardtime,
empresa de segurança da informação, desenvolveram uma plataforma de assistência médica
baseada na tecnologia blockchain, a qual permite que os seus cidadãos, os prestadores de
cuidados de saúde ou as companhias de seguros, caso necessitem, recuperem todas as
informações sobre os tratamentos médicos realizados. Como os dados são armazenados
utilizando o Guardtime Blockchain, a Estônia provou, com essa plataforma, que tem uma
infraestrutura completa de saúde pública que pode ser operacionalizada utilizando a tecnologia
(METTLER, 2016).
Penning (2017) aponta que a Holanda é um dos cinco principais países do mundo que
se destaca em economias digitais e tem investido cada vez mais em tecnologia. Uma das grandes
apostas tecnológicas do Governo holandês é a tecnologia blockchain, considerada uma fonte de
confiança e segurança para cidadãos, sociedade e organizações de vários segmentos.
Verificando o potencial da tecnologia, o Ministério Holandês de Assuntos Econômicos criou a
Dutch Blockchain Coalition, uma iniciativa público-privada que busca estimular a implantação
em grande escala da tecnologia blockchain no país.
A Dutch Blockchain Coalition estabeleceu a Dutch Blockchain Action, a agenda de
desenvolvimento da tecnologia na Holanda. Ela se concentra em três linhas de ação:
identificação digital, que diz respeito à identificação de pessoas jurídicas e objetos; condições
para o uso da tecnologia blockchain, que prediz a criação de suporte e conscientização sobre o
uso da tecnologia blockchain, pois em uma aplicação de larga escala é necessário suporte
político, administrativo, legal, econômico e social; e a capacitação para o desenvolvimento e
uso da tecnologia, que determina que será realizado um esforço para disseminar o conhecimento
sobre ela (PENNING, 2017).
No Brasil, os investimentos na tecnologia blockchain no setor público e em diversos
outros setores ainda são iniciais e existem poucos eventos e discussões sobre a temática. Um
deles ocorreu em agosto de 2017, quando a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da
34
Câmara dos Deputados realizou uma audiência para discutir a possibilidade de uso da
tecnologia para controlar as contas públicas (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2017). Outro
evento foi a Conferência Blockchain: Criptomoedas e Segurança em IoT, organizada pela
Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão (SETIC/MP), em setembro de 2017 (MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO, 2017).
Para Tripoli e Schmidhuber (2018), uma das aplicações mais promissoras da blockchain
está em sua capacidade de rastrear toda a cadeia de abastecimento, desde a produção, transporte,
fabricação e venda por atacado, até o varejo. Questões de segurança alimentar têm se tornado
um problema de destaque no mundo todo e vêm despertando mais atenção do público por causa
de escândalos envolvendo a indústria alimentícia. Há pouco tempo, organizações como a IBM
e Walmart, juntamente com o varejista chinês JD e com a universidade de Tsinghua, têm
trabalhado em conjunto para uma maior adoção da tecnologia blockchain em cadeia produtiva.
Outra grande possibilidade de aplicação da blockchain é no registro de terras, uma vez
que o histórico de transações imutável e rastreável protege agricultores e proprietários de terras
contra a corrupção e a fraude, resolvendo disputas futuras, já que a terra é registrada. Isso
restaura a confiança, pois os proprietários terão acesso aos títulos de terras formais e poderão
usá-las como garantia para obtenção de crédito nas instituições financeiras. Pelo fato de ainda
existir desafios para o acesso e a manutenção dos direitos de propriedade em todo o mundo,
estima-se que 70% das pessoas não possuem acesso à titulação de terras (TRIPOLI;
SCHMIDHUBER, 2018).
Conforme Sylvester (2019), muitos países já estão implementando projetos para registro
de terras utilizando blockchain. O Programa das Nações Unidas (UNDP), na Índia, por
exemplo, está trabalhando em conjunto com parceiros para fazer cadastros mais confiáveis, o
projeto irá capturar e gravar cada transação da venda do imóvel. Na República da Geórgia, há
outro projeto em teste para validar transações governamentais relacionadas a propriedades. O
projeto piloto do governo Sueco trata de registro de terras usando blockchain, pois o sistema
fornece um modo seguro para deter os documentos originais, em formato digital, o que poderá
reduzir centenas de milhões de dólares de despesas dos cofres públicos (SYLVESTER, 2019).
No setor da agricultura, blockchain tem o potencial de ser usada por agricultores no
monitoramento ambiental, quando empregada com tecnologias de agricultura de precisão. Uma
vez que informações armazenadas na blockchain podem ser feitas de forma segura, privada e
imutável, ela servirá como a ferramenta perfeita para coleta, armazenamento e
35
compartilhamento de indicadores de desempenho ambiental. Por meio dela se pode identificar
que tipo de fertilizante foi usado em determinada produção, permitindo que essa informação
seja acessível a varejistas, auditores, governos, entre outros interessados na cadeia de
abastecimento, que a usarão para monitorar e verificar o desempenho ambiental (JANSSEN et
al., 2017).
A integração da tecnologia blockchain à agricultura de precisão permitirá uma fonte
confiável de informações. Isso ajudará governos e grandes empresas de alimentos a controlar e
averiguar o impacto ambiental causado pelos agricultores envolvidos em seus programas de
sustentabilidade. E oferecerá aos agricultores uma nova maneira de participar desses
programas, sem o custo e o tempo gastos com papel, monitoramento e auditoria de suas práticas
(JANSSEN et al., 2017).
Lin et al. (2017) acrescentam que a blockchain será testada na gestão ambiental,
monitorando dados essenciais, assim como o gerenciamento de ambientes agrícolas e controle
para segurança alimentar. De acordo com esses autores, um sistema modelo de rede blockchain
na agricultura e tecnologias da informação e comunicação (TIC) estão sendo implementados
em escala local e regional, o que pode aumentar a eficiência econômica, reduzir riscos e
incertezas, mediante um desenvolvimento agrícola sustentável.
Na Índia, a blockchain terá a possibilidade de ser utilizada para agilizar a distribuição
de pagamento dos subsídios de fertilizante aos agricultores, sem a necessidade de documentos,
de múltiplas verificações e autorizações com papéis passando por vários escritórios
(SYLVESTER, 2019). A tecnologia blockchain pode garantir a qualidade do grão mediante a
rastreabilidade em tempo real. Conforme análise preliminar do estudo de Percival et al. (2018),
conclui-se que a certificação de qualidade baseada em blockchain pode aumentar a exportação
de grãos em 15% no contexto brasileiro.
A Blockchain tem a capacidade de rastrear um produto alimentar em segundos, ao invés
de dias, e tem grande alcance nas implicações da segurança alimentar. Conhecer a origem do
produto permitirá que os reguladores de segurança alimentar consigam identificar um produto
contaminado em poucas horas. Nesse sentido, Dubai anunciou planos para digitalizar a
segurança alimentar com um projeto que se concentrará primeiro em alimentos de alto risco,
com a intenção de gravar todos os produtos alimentares em uma blockchain pública (RESHMA,
2018).
Wang et al. (2019) afirmam que no setor de energia a blockchain está em fase de teste
para gerar confiança entre os governos, usuários e empresas de energia. Para resolver problemas
36
de confiança, são utilizados contratos inteligentes para o desenvolvimento de um sistema de
distribuição de energia. O contrato é um protocolo de computador inteligente destinado a se
espalhar digitalmente, com a intenção de verificar ou fazer cumprir a negociação.
Cita-se como exemplo os usuários que participam especificamente no sistema do
consumidor com um mediador inteligente associado a ele. O sistema de negociação fornece
assessores robôs para avisar aos usuários sobre os esquemas de preferências mais adequadas
para maximizar os lucros, constituindo um mercado de energia privada, decentralizada e
gratuita.
O desenvolvimento do comércio de energia fundamentada em blockchain tem evoluído
e está amadurecendo gradualmente. Experiências têm mostrado que a arquitetura do sistema
distribuído é empregada por blockchain e pode trazer maior flexibilidade e melhor desempenho
para o mercado de comercialização de energia. Tendo como forma mais comum de aplicação
da tecnologia blockchain no comercio de energia, a estrutura do sistema é a que desempenha
um papel importante no armazenamento de dados das transações e garante a segurança (WANG
et al., 2019).
Iniciativas como os serviços de monitoramento (Web energia) estão trabalhando em um
open-source, plataforma blockchain escalável que irá fornecer uma infraestrutura digital para
soluções de energia. Ledger é uma criptomoeda de energia – trang, plataforma fundamentada
em blockchain australiano que permite a venda decentralizada de compra de energia renovável
(SYLVESTER, 2019).
Outra aplicação em teste com uso da blockchain é na silvicultura. Uma empresa
chamada Hangzhou Yi Shu Blockchain Technology Co, Ltd, chinesa, pretende usar a tecnologia
para o desenvolvimento econômico nessa área e na redução da pobreza rural. O Ministério da
Agricultura, Pesca e Alimentação Espanhol também pretende aplicá-la para desenvolver a
indústria florestal. O grupo Chain Wood tem a intenção de melhorar a rastreabilidade e a
eficiência do fornecimento de madeira na Espanha implementando-a na logística da indústria.
O grupo desenvolverá um software com base na nuvem que melhorará a transparência dos
seguintes processos florestais: criação de madeira maciça, de desintegração, de pasta de
celulose e de biomassa (SYLVESTER 2019).
De acordo com Penning (2017), a blockchain proporcionará inúmeras possibilidades
para novos processos sociais, podendo gerar economia compartilhada, aumentar a
transparência, facilitar o fornecimento de informações das pegadas de carbono e origem dos
materiais, reforçar a autonomia e a privacidade dos cidadãos, aumentar a segurança cibernética
37
e renovar a forma de planejamento e controle do negócios. Acredita-se que, com o uso da
blockchain, poderá se alcançar uma economia mais eficiente, segura e compatível.
Assim, blockchain serve para inúmeros modelos de negócios e pode ser utilizada de
diversas maneiras com outras tecnologias já existentes. Ela facilita a criação de redes
descentralizadas, permite aos participantes a troca de dados e serve como uma camada de
controle de acesso. A tecnologia blockchain pode atuar como um livro-razão público que
imutavelmente armazena registros de transações, uma vez que esta propriedade poderá ser
aproveitada para implementar o gerenciamento transparente que incentiva o compartilhamento
de informações dentro das redes de negócios, os quais não perdem a individualidade do registro
das transações, mas afetarão governos e organizações nas suas operações de atividades diárias.
38
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta seção, apresenta-se as etapas e as técnicas utilizadas para alcançar o objetivo desta
pesquisa. Destaca-se que este estudo é exploratório, caracteriza-se como quali-quantitativo e
tem por finalidade apresentar e detalhar os procedimentos e a estrutura da pesquisa realizada.
Deste modo, evidencia-se o tipo de pesquisa, como foram realizadas a coleta a as análises dos
dados, bem como os resultados encontrados.
Para Gil (2008), pesquisas exploratórias tendem a aproximar o estudo científico do
problema a ser pesquisado. Vergara (2009) afirma que a pesquisa exploratória é pertinente
quando existe pouco conhecimento na área pesquisada. Para solucionar a questão deste estudo,
a metodologia foi dívida em três etapas: no que diz respeito ao primeiro objetivo específico, foi
realizada uma revisão sistemática da literatura, com base nos artigos indexados nas bases de
dados Elsevier’s Scopus e Web of Science (WoS); e, com relação ao segundo e ao terceiro
objetivos específicos, fez-se um ‘text mining’ dos artigos previamente selecionados. Foram
aplicadas entrevistas com especialistas envolvidos em projetos relacionados com a tecnologia
blockchain.
39
A revisão sistemática é apresentada nas seguintes etapas: formular a pergunta de
pesquisa; definir critérios de inclusão ou exclusão; selecionar e avaliar a qualidade da literatura
incluída no estudo; e analisar, sintetizar e divulgar os resultados (CRONIN et al., 2008). Essa
escolha se deu devido à sua confiabilidade acrescida do rigor metodológico necessário para
desenvolvê-la. Do mesmo modo, sua abrangência permite uma análise geral do conteúdo
estudado e consente em uma estruturação clara das informações encontradas (TRANFIELD et
al., 2003). A análise segue com duas fases de procedimentos operacionais:
A) primeira fase: definiu-se as bases de dados da pesquisa para a busca dos artigos,
utilizando-se a Elsevier’s Scopus e a WoS. Recorreu-se a dois sistemas de busca, tencionando
identificar um número maior de estudos e apresentar resultados discrepantes na quantidade de
documentos. Inseriu-se as palavras-chave, em idioma inglês, no mecanismo de busca: no título,
no resumo e nas palavras-chave, escolhendo o tipo de documento “artigo”.
Iniciou-se utilizando os seguintes termos (Agr* and “Blockchain” or “Block chain” or
“Block-chain”), retornando 82 artigos na Scopus e 221 na WoS, o que resultou em um total de
303 estudos. Em um segundo momento, realizou-se a busca com a palavra “Blockchain” e uma
sub-busca, inserindo a palavra “Agr*”, foram encontrados 266 estudos na Scopus e 160 na WoS,
identificando um total de 426 artigos, conforme exposto na Figura 5.
40
Figura 6 - Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para a revisão bibliométrica e
sistemática
Nota-se que, na Figura 6, dos 729 artigos encontrados na pesquisa, apenas 71 atenderam
às quatro etapas do fluxograma: identificação, seleção, elegibilidade e inclusão. Eliminou-se os
artigos que não tinham como objetivo de estudo o agronegócio, os que não disponibilizaram o
seu texto completo na web e os que tratavam de ensaios teóricos, trabalhos bibliométricos,
revisão sistemática e análise da literatura. Porém, os artigos excluídos contribuíram para uma
melhor compressão da pesquisadora sobre a temática em estudo, uma vez que se tratavam de
revisões sobre a tecnologia blockchain. Deste modo, durante esta etapa, exigiu-se que o tema
41
central para a inclusão do artigo fosse blockchain e o agronegócio, sendo selecionados artigos
que abordavam aplicações da blockchain em algum segmento do agronegócio.
B) segunda fase: definiu-se os principais indicadores bibliométricos: evoluções
cronológicas, áreas do conhecimento, números de publicações por país, instituições que
publicaram sobre a temática e principais autores e nuvem de palavras. E os assuntos mais
importantes da revisão sistemática: objetivos, procedimentos metodológicos, segmentos de
estudo, tipos de aplicação e países de realização do estudo. A análise e a discussão dos
resultados foram desenvolvidas por meio de uma análise quali-quantitativa, fazendo-se uma
revisão sistemática dos artigos que iniciou com a releitura de cada um deles, extraindo
fragmentos de seus estudos.
Esta etapa de natureza qualitativa, por se tratar de uma pesquisa que busca a
compreensão dos fatos. Kauark, Manhães e Medeiros (2010, p.26) salientam que a pesquisa
qualitativa "[...] não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a
fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave”. Para a coleta de dados,
utilizou-se entrevista semiestruturada com conhecedores e especialistas em tecnologia
blockchain.
Para Marconi e Lakatos (2011, p. 279), entrevista semiestruturada é “[...] quando o
entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere
adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente a questão em estudo”. Utilizou-se
de um roteiro de entrevista semiestruturado, elaborado com base na revisão da literatura e na
revisão sistemática, buscando identificar as vantagens e desvantagens da utilização da
tecnologia blockchain nos segmentos do agronegócio, identificando os desafios e oportunidades
da tecnologia no agronegócio. Para tanto, os respondentes precisavam entender tanto da
tecnologia quanto de sua estrutura.
43
A tecnologia blockchain está em seu estágio inicial no Brasil, e a existência de
especialistas na temática e de empresas do segmento do agronegócio que utilizam essa
tecnologia ainda é restrita. Diante disso, especialistas brasileiros foram escolhidos por serem
desbravadores em suas áreas de especialização na pesquisa sobre blockchain, em função da
acessibilidade, entre eles: gestores, coordenadores, desenvolvedores e participantes que tenham
conhecimento de negócio e de programação/estrutura da tecnologia.
Na aplicação do roteiro de entrevista, foram selecionados respondentes das empresas:
IBM, Hub de Inovação (ParkHub), ONE Percent Software Innovation Studio, Instituto
Colaborativo de Blockchain (ICoLab) e Satisfied Vagabonds, todas envolvidas com
implementação e desenvolvimento de blockchain. Foram selecionados, igualmente,
especialistas pesquisadores que estão desenvolvendo estudos científicos sobre a temática em
estudo. No Quadro 3, exibe-se o perfil dos especialistas entrevistados, como: formação, área
e local de atuação. As entrevistas foram realizadas com dez especialistas, seis pessoalmente e
quatro via web conferência (Skype).
44
Quadro 3- Perfil dos entrevistados
Especialistas Formação Área de Atuação Local de Atuação
Especialista Engenheiro Elétrico, Mestre e Doutor em UFRGS, Instituto de Informática e Programa de Pós-
Rede de Computadores e Segurança.
1 Computação. Graduação em Computação.
45
As entrevistas foram realizadas nos meses de dezembro de 2019 e janeiro de 2020, tendo
duração média de 50 minutos. Foram gravadas (com a permissão dos entrevistados) e,
posteriormente, transcritas em um editor de texto para, na sequência, serem analisadas.
Considerando a finalidade da pesquisa e a forma da coleta de dados, a análise de conteúdo foi
utilizada para ponderar as respostas dos entrevistados. De acordo com Bardin (2011), quatro
etapas foram consideradas: análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos
resultados.
Na próxima seção, são apresentadas as análises dos resultados, as análises
bibliométricas e a revisão sistemática da literatura. E, iniciando com a análise de cada artigo,
serão expostos o uso e as aplicabilidades identificadas em cada um. Posteriormente, expõe-se
os resultados da mineração de texto e a análise das entrevistas realizadas com os especialistas.
46
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Na busca por resultados em relação aos possíveis usos e aplicações da blockchain nos
segmentos do agronegócio, fez-se uso de análise bibliométrica, revisão sistemática da literatura,
mineração de texto e entrevistas com especialistas. Nas próximas subseções, estão delineadas
as análises que contribuem para uma discussão crítica e científica, revelando vantagens e
desvantagens e desafios e oportunidades da implementação da tecnologia blockchain no
agronegócio.
Nesta seção, esboça-se os resultados bibliométricos dos artigos obtidos nas bases de
dados Elsevier’s Scopus e WoS, em diferentes parâmetros de desempenho, como: evolução
cronológica, principais áreas de publicação, países e instituições que publicaram sobre o tema,
autores que publicaram em ambas as bases e uma nuvem de palavras com as palavras-chave
evidenciadas nos documentos. Inicialmente, foi analisada a evolução cronológica dos artigos,
conforme exemplificado na Figura 7.
47
apresentou oito publicações e a WoS 13. Em 2019, houve um aumento substancial para 32
documentos na Scopus e dez na WoS, demonstrando que a temática é recente. Os artigos
duplicados totalizaram 233, os quais ficaram na base WoS.
A partir das publicações analisadas, identificou-se que as aplicações da blockchain no
segmento do agronegócio são atuais, pois os primeiros artigos foram publicados em 2016. No
entanto, observou-se que a maioria dos documentos aparecem em 2019, e a plataforma Scopus
sobressai nos números de publicações. Deduz-se que as pesquisas sobre a temática têm crescido
expressivamente nos últimos três anos.
Esta tendência ascendente ressalta a natureza emergente da tecnologia blockchain e um
vasto interesse de pesquisadores, universidades e organizações, embora ela tenha sido inserida
somente em 2009 com a tecnologia núcleo dos Bitcoins. A comunidade acadêmica, após alguns
anos, identificou o potencial da blockchain e de suas possíveis aplicações.
Pode-se identificar na literatura que a tecnologia blockchain foi mencionada como
sinônimo dos Bitcoins, sendo anteriormente utilizada somente para fins de aplicação nas
Criptomoedas. As primeiras publicações no agronegócio surgiram em 2016, demonstrando que
o tema ainda está em fase de exploração. Referentemente às áreas do conhecimento que
publicaram sobre a temática em ambas as bases de dados, reparou-se que as mais evidentes na
Scopus são: Engenharia, com 25%; Ciência da Computação, 24%; e Ciências Sociais, com 12%.
Na WoS, destaca-se: Ciência da Computação, com 32%; Telecomunicações, com 17%;
Engenharia e Ciência Ambiental, com 12%. Na Figura 8, evidencia-se as áreas dos artigos
selecionados.
48
Figura 8 - Áreas com maior número de publicação em ambas as bases de dados
Ciência
Ambiental
7%
Engenharia
Negócios, Gestão e 22%
Contabilidade
10%
Ciências Sociais
11%
Na Figura 8, constata-se que a grande maioria das publicações está concentrada nas
áreas de Ciência da Computação (28%) e Engenharia (22%). Isso se justifica pelo fato de a
temática blockchain ser uma tecnologia que necessita de desenvolvedores de softwares para
criar modelos que se adaptem às necessidades. Do mesmo modo, a tecnologia se encontra em
discussão de funcionamento e desenvolvimento e, no que diz respeito ao seu processo de
aplicação, ela está ainda muito restrita.
Averiguou-se uma grande heterogeneidade nas áreas de pesquisa, o que enriquece o
tema, já que alguns estudos são classificados em mais de uma área do conhecimento, o que
confirma a relação de interdisciplinaridade entre eles. Para Bispo et al. (2014), a
interdisciplinaridade é o encontro de diferentes disciplinas, para a construção de um novo saber,
seja no ponto de vista pedagógico, seja no ponto de vista epistemológico.
No que se refere aos países que publicaram sobre a temática, identificou-se, na Scopus
e na WoS, que a China lidera o ranking com 30% e 41% das publicações, respectivamente,
seguida dos EUA, com 24% e 18%, nesta ordem. O Brasil apresentou publicações somente na
Scopus nas áreas da Ciência da Computação e das Ciências Sociais, mostrando que a tecnologia
blockchain se faz presente no agronegócio brasileiro. Outrossim, na Figura 9, está exposto o
percentual de concentração das publicações, indicando os dez países mais produtivos em termos
de números.
49
Figura 9 - Total das duas bases, dos países que publicam sobre a temática em estudo
Espanha
3% Brasil
3%
Alemanha
5%
Itália
5%
Fínlândia
5%
África do Sul
5%
51
4.2 REVISÃO SISTEMÁTICA
De acordo com a literatura, autores como Swan (2015) e Haferkorn e Quintana (2015)
apontaram aplicações da tecnologia em diversos setores, dentre eles as Criptomoedas, que
correspondem a uma porcentagem significativa das redes que formam e utilizam a Blockchain
1.0. Outros autores categorizam conforme as versões ‘2.0 e 3.0’, que são contratos inteligentes
que englobam todas as áreas financeiras e econômicas, com aplicações eficientes em economia,
mercados, ciências gerais e áreas governamentais (PETERS; PANAYI, 2016; DORRIE et
al.,2017; PAECH, P. 2017; CASIANO et al., 2018). A partir da leitura e da análise dos artigos
selecionados, construiu-se um perfil dos usos e aplicações da blockchain no agronegócio. A
Figura 11 esquematiza essa representação.
52
4.2.1 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor Financeiro
53
4.2.2 Uso e Aplicabilidade da Blockchain no Setor de Energia
54
Outro modo de utilização da tecnologia é a emissão de certificados de origem,
assessorando a produção de energia verde e a fonte de energias renováveis para desenvolver
peer-to-peer em regime de transações, estabelecendo os sistemas de gestão de energia para
veículos elétricos. Além disso, blockchain é entendida como um descarbonizador energético
promovendo a sua transição para fontes de energia descentralizadas.
Huh e Kim (2019) desenvolveram a aplicação da blockchain em um sistema de gestão
de energia transparente e justa, medindo energias novas e renováveis. Eles criaram um
algoritmo de consenso active entre técnicas de encadeamento de bloco incorporando o Hyper,
delegaram a prova de aleatoriedade (HDPoR), que é o algoritmo baseado na computação em
paralelo por meio de várias simulações.
Outrossim, Huh e Kim (2019) proporcionaram um modelo melhorado, no qual os
contratos inteligentes podem ser concluídos entre produtores e consumidores. Eles utilizaram a
tecnologia para a verificação de energia renovável, propondo um método para avaliar a
confiabilidade dos nós suspeitos ou maliciosos que são frequentemente encontrados nas redes
e destacaram que em redes peer-to-peer a informação é transmitida aos nós de forma
sequencial.
Knirsch, Unterwegere e Engel (2019) demonstraram a aplicação da blockchain em
propriedades compartilhadas de usinas de energia fotovoltaica, como aquelas comumente
encontradas em apartamentos de aluguel multipartidárias, em que os clientes podem trocar
partes de sua produção de energia com os vizinhos. Os autores descrevem o caso de utilização,
o design e a implementação final, com os resultados em detalhes e conceitos fundamentais da
tecnologia. Eles investigaram um caso de uso do mundo real mediante o domínio de energia,
em que os consumidores trocam porções de sua usina de energia fotovoltaica utilizando uma
rede blockchain.
Alcarria et al. (2018) propõem um sistema de aquisição de energia baseado em
blockchain para o monitoramento de informações produzidas pelas redes de dispositivos
inteligentes instalados em comunidades. Para esses autores, a proposta é implementada e
validada em cenários de aplicativos, comprovando a adequação do mecanismo de consenso.
Eles definem a confiabilidade no nível de segurança fornecido para monitoramento,
representação e redução no consumo de recursos.
As aplicações de blockchain no setor de energia têm incentivado os usuários a aderirem
ao sistema de energia renovável, sendo que a maioria ainda é projeto-piloto, que tem tido
resultados consideráveis na capacitação de produtores e distribuidores. A tecnologia atua
55
também como facilitadora na negociação, trazendo maior flexibilidade, desempenhando papel
importante no armazenamento de dados, garantido segurança nas transações e na
comercialização de energia.
57
informações na base de dados: data da marcação, ponto Global Positioning System (GPS) da
árvore, espécie, diâmetro e altura.
Outras informações como corte, etiquetas, empilhamento e fluxos de produção são
detectadas por uma antena onde as informações são associadas à base de dados. Logo, na
produção e na venda ocorre a aplicação de etiquetas nos produtos finais, com destino ao
consumidor final.
Identificou-se que a utilização da blockchain no meio ambiente está voltada,
essencialmente, para pagamentos de serviços ambientais, mapeamento das florestas,
rastreabilidade e controle do clima e do solo. No entanto, ela tem potencial para ser explorada
em diversas outras formas, inclusive elucidando problemas de mudanças climáticas e sequestro
de carbono.
A agricultura é um dos campos mais relevantes de um país, uma vez que a produção
proporciona a segurança alimentar, nutricional e a saúde da população, além de maximizar a
economia. Nos últimos anos, o setor agrícola está adotando diferentes tecnologias, como IoT e
Blockchain, tendo em vista o alcance de maiores rendimentos nos processos produtivos.
Autores como Tian (2016), Penning (2017), Yu e Lin et al. (2017) e Mondal et al. (2019) têm
se dedicado a pesquisar o uso da blockchain na agricultura, direcionados, essencialmente, para
a rastreabilidade da produção.
Yu et al. (2017) propuseram um produto agrícola baseado em blockchain e arquitetura
lógica na cadeia de suprimentos, buscando o envolvimento e a adesão de agricultores a
tecnologias, com o intuito de minimizar o problema de confiança mútua. Esses autores
apresentaram um sistema de rastreabilidade de segurança alimentar baseado na blockchain e no
Electronic Product Code (EPC) Information Services. Eles desenvolveram um protótipo para
rastrear os alimentos da propriedade até o consumidor final.
Tao et al. (2019) sugeriram um sistema de rastreabilidade colaborativo, baseado em
blockchain e Electronic Product Code Information Services (EPCIS). Este sistema adota um
contrato inteligente de nível empresarial inovador para resolver as questões de divulgação de
informações sensíveis à adulteração de dados e de confiabilidade.
Kamble et al. (2019) analisaram contratos inteligentes e o uso da tecnologia blockchain
em frutas e legumes na Índia, abordando questões de sustentabilidade nas relações humanas
entre facilitadores e praticantes do ASC. A intenção era convencer as organizações a adotarem
58
a technology blockchain (BCT) em suas cadeias de fornecimento, para rastreamento da
produção das fazendas até o consumidor final.
Tian (2016) e Mondal et al. (2019) criaram uma blockchain inspirada na IoT, isto é,
uma arquitetura para criar uma cadeia de abastecimento alimentar transparente. Para tanto,
utilizaram termos de indexação Blockchain, IoT e RFID. De acordo com os autores, a
modalidade sensing foi integrada com a identificação para rastreamento e monitoramento da
qualidade das embalagens, sendo que os alimentos são digitalizados em diferentes momentos
de seu percurso, e os dados do sensor são atualizados, em tempo real, em uma blockchain,
fornecendo uma história digital à prova de falsificação. À vista disso, qualquer consumidor
pode verificar, na contabilidade pública, as informações sobre os pacotes de alimentos.
Santos et al. (2018) propuseram um protótipo para certificação e rastreabilidade dos
produtos alimentares, eles visaram rastrear as origens das matérias-primas sem revelar as
informações confidenciais dos negócios. Utilizaram o código dentro do TESTNET Rinkeby
blockchain, aplicando-o a exemplos práticos, entre eles: amendoim, cacau e suco de maçã, os
quais são ingredientes-base de receitas. Assim, demonstrando a viabilidade de utilizar o
Ingredient Token101302 (IGR) como uma figura metodológica de certificação de ingredientes
do agricultor até o consumidor final, sem expor a fórmula da mistura do produto.
Patil et al. (2018) apresentaram uma proposta para a agricultura com estufas
inteligentes, baseadas em atividades que são gerenciadas por uma blockchain, que funcionam
por meio de dispositivos da IoT. No projeto, os autores exibiram esse modelo para alcançar
segurança, privacidade leve e descentralizada, otimizando os recursos e o consumo de energia.
Munir, Bajwa e Cheema (2019) esboçaram um projeto alicerçado em um sistema de
IoT, usado para monitorar jardins, controlado de qualquer lugar usando um smartphone. O
sistema usa os dados de entrada coletados, em tempo real, por sensores que orientam os
agricultores e jardineiros em um aplicativo móvel que exibe uma lista de plantas sugeridas, de
acordo com o clima de uma determinada região.
Scuderi et al. (2019) demonstraram a aplicação da blockchain à produção de cítricos na
Itália, especificamente a referente ao Near Field Communication (NFC), na qual as fases do
processo envolvendo o suco de laranja são: produção, processamento, distribuição e vendas,
com registros em um perfil digital. Conforme os autores, as informações-chave sobre as
fazendas de citros são armazenadas em perfis digitais que incluem o ambiente e o cultivo, o
solo, a água, a área, a estação, a qualidade da planta, as condições de crescimento, a época de
plantio e as informações sobre fertilizantes e pesticidas usados para o cultivo das laranjas. Em
59
seguida, o produto é comercializado após a assinatura de um contrato digital que é armazenado
em uma blockchain.
Diego e Juan (2019) testaram um sistema de rastreabilidade da cadeia de abastecimento
alimentar com o uso da tecnologia blockchain, ajudando as cooperativas agropecuárias a
melhorarem a transparência sobre a origem e sobre os processos incorporados aos produtos.
Eles desenvolveram um modelo de blockchain à Prova de Conceito (PoC) no domínio
agroalimentar para a rastreabilidade da cadeia de fornecimento, provando a origem da produção
de bagas e personalizando os papéis de cada ator na cadeia de abastecimento.
Para Diego e Juan (2019), a blockchain desenvolvida com o conceito PoC está sendo
implementada e testada em uma Cooperativa Agrícola Espanhola que utiliza um livro com
permissão (hyperledger), baseado em contrato inteligente. A demonstração teve como base uma
análise anterior da cadeia de bagas e as interações entre os agricultores, cooperativa, seus
certificadores, fornecedores e os supermercados, a fim de permitir a representação digital de
um lote de bagas para ser associada a uma única certificação digital.
Salah et al. (2019) sugeriram um sistema de diagramas de sequência baseado na
blockchain para rastreabilidade da soja. Além disso, criaram um modelo de algoritmo para
venda da soja entre os vários participantes, empregando contratos inteligentes para rastrear e
controlar todas as interações e transações dos participantes envolvidos no ecossistema da cadeia
de suprimentos.
Infere-se que a blockchain está sendo utilizada no setor agrícola para melhorar a
segurança alimentar, o processo de produção, o processamento e o transporte. Além de estar
sendo aplicada em sistemas de gestão da cadeia de fornecimento para prover transparência,
segurança, neutralidade e confiabilidade em todas as operações das cadeias de suprimentos. A
tecnologia blockchain, em conjunto com a IoT, contribui para a resolução de desafios
relacionados à segurança das operações, à certificação da qualidade e à origem dos produtos.
60
Liu, Li e Qi (2019) salientam a aplicação da tecnologia blockchain na cadeia produtiva
de carne suína abordando a sua influência sobre o compartilhamento de informações e
afirmaram que ela resolve problemas de correspondência entre a oferta e a procura na cadeia
de fornecimento. Acrescentaram que os custos de transação entre os atores envolvidos podem
ser reduzidos, trazendo diversos benefícios: tempo, dinheiro e melhoramento para toda a cadeia,
por meio de uma gestão eficiente das fazendas.
Sittón-Candanedo et al. (2019) implementaram uma plataforma blockchain em uma
fazenda de gado leiteiro para minimizar custos, pela qual foi possível identificar e utilizar os
recursos disponíveis de maneira mais eficiente. Além de tornar possível a localização dos
animais e monitorar as condições de saúde em tempo real.
Sander, Semeijn e Mahr (2018) projetaram um estudo sobre a aceitação da tecnologia
blockchain na rastreabilidade e na transparência da cadeia de fornecimento de carnes. Eles
destacaram as diferentes perspectivas e opiniões das partes interessadas, investigando TTSs da
certificação e a percepção dos clientes quanto ao potencial da tecnologia na rastreabilidade.
Percebe-se que são promissores os resultados da adoção da tecnologia como uma solução para
atuais problemas que afetam a cadeia produtiva de carnes em diversos países, inclusive no
Brasil.
61
Behnke e Janssen (2019) pesquisaram quatro diferentes indústrias de laticínios com
características distintas, eles investigaram cada processo da cadeia de fornecimento, desde a
produção em massa até pequenos lotes de produto. E identificaram as condições das
informações que garantem melhorias na rastreabilidade dos lotes.
Kouhizadeh, Sarkis e Zhu (2019) propõem a aplicação da blockchain em um contexto
de pesquisa na economia circular. Os autores identificaram as várias maneiras em que essas
áreas interagem entre pesquisas gerenciais e as implicações de cada uma, melhorando a
economia do país e o meio ambiente. Realizaram o estudo com iniciativas da economia circular
em três níveis: macro, meso e micro. Por conseguinte, identificaram como a tecnologia pode
contribuir com o produto, a sua supressão e suas sinergias.
Zhu e Kouhizadeh (2019) expuseram um estudo de caso com indústrias para rastrear o
desempenho de vendas de seus produtos utilizando a blockchain na perspectiva de fornecer os
seguintes esforços de sustentabilidade na cadeia: gestão, reaproveitamento do produto
(reciclagem), regeneração, manufatura e gestão de resíduos, que podem ser rastreados para a
tomada de decisão e eliminação do produto. A blockchain é capaz de rastrear as informações
das partes interessadas, como varejistas e clientes.
Tallyn et al. (2019) desenvolveram um protótipo Bitbarista com o objetivo de
oportunizar a criação de sistemas autônomos que visam contribuir com as organizações mais
independentes e transparentes. Esta pesquisa apresentou um estudo realizado em três ambientes
de escritório, por um mês, explorando o impacto de uma máquina de café autônoma na atividade
cotidiana do consumo de café. O Bitbarista mede o consumo deste utilizando processos
autônomos na blockchain, apresentando dados de proveniência no momento da compra,
enquanto tenta reduzir os intermediários no comércio deste produto. O relatório de interações
com o Bitbarista e em torno dele, explora as implicações para a vida cotidiana, suas estruturas
e valores sociais.
Identificou-se que a tecnologia pode ser implementada com sucesso em diversos setores
e departamentos de uma indústria, o que permite compreender como aplicar blockchain no
desenvolvimento das atividades diárias dentro de uma indústria. Após essa análise sistemática,
apresenta-se as verificações de mineração de texto.
Figura 12 - Frequência absoluta das palavras encontradas nos artigos analisados (selecionados
os termos com frequência superior a 1000)
63
formando uma plataforma fundamentada em transparência, neutralidade, confiabilidade e
segurança.
Verifica-se que um dos termos em destaque é “energy”, por causa das várias aplicações
da tecnologia no setor de energia. Essas aplicações podem ajudar a atingir um gerenciamento
mais eficiente na distribuição em microtransações com baixo custo e criar mercados
secundários nesse setor.
Mougayar (2017) cita diferentes organizações do ramo de energia que estão
desenvolvendo protótipos ainda em teste de aplicação. A empresa alemã Rheinisch-
Westfälisches Elektrizitätswerk (RWE), por exemplo, está tentando conectar estações de
carregamento de veículos em uma blockchain pelo Slok.it, na Ethereun. Esse serviço permite
aos usuários que carreguem seus carros e paguem em microtransaçoes. O Trans Active Grid
está desenvolvendo um modelo que entrega medição de geração de energia local em tempo real,
capacitando os habitantes a comprarem e venderem energia renovável para seus vizinhos.
A Accenture está com uma proposta de prova de conceito do protótipo Plug, que
funciona com outros dispositivos domésticos que monitoram o uso de energia utilizando a
blockchain. Ele verifica quando a demanda está alta ou baixa, trocando os fornecedores ao
encontrar preços mais baratos. A Grid Singularity está testando a blockchain na autenticação
de transações de energia solar, sua intenção é criar uma plataforma que possa ser aplicada a
qualquer tipo de transação (MOUGAYAR, 2017).
Percebe-se, também na Figura 12, a elevada frequência de termos que remetem a
transações comerciais e rede de trabalho como: Smart Contracts, Processe e Network. Há
utilização da tecnologia em diversas negociações por meio de contratos inteligentes, que podem
não só autoexecutar transações comerciais recorrentes, como têm o potencial para ajudar a
reduzir padrões contratuais. Eles estão em uma blockchain e são imutáveis, além de disporem
de um o código de alta qualidade que evita erros e fraudes (GREEN, 2018).
Momo (2019) afirma que o uso da blockchain poderá permitir negociações com uma
maior quantidade de atores econômicos, que não eram considerados, pois não tinham uma
terceira parte que atestasse a certeza e legitimasse a transação. A blockchain poderá validar uma
variedade de transações ligadas a valores ou contratos, ela mantém um controle das transações
que mais tarde podem ser verificadas, já que é uma plataforma de transações gigantesca, capaz
de lidar com as microtransações e transações de elevada importância em termos de valores
(MOUGAYAR, 2017).
64
Há casos em que não são tomadas as melhores decisões nas organizações, devido ao
fator confiança e à não possibilidade de mapear todas as vantagens e desvantagens que esta
decisão poderia gerar à organização. Nessa conjuntura, a blockchain poderá representar esse
mecanismo de confiança, com suas características e sem a necessidade de uma terceira parte
envolvida (MOMO, 2019).
A versatilidade de aplicação da blockchain possibilita que empresas do setor do
agronegócio possam desenvolver suas atividades, no intuito de solucionar diversos gargalos no
segmento. O agronegócio é considerado um dos campos emergentes para a blockchain, assim,
foi possível identificar aplicações relacionadas ao tempo de vida dos produtos ou serviços,
tendo como maior destaque as aplicações em contratos, seguros e rastreabilidades de produtos.
Na Tabela 1, destaca-se os termos e suas correlações.
BLOCKCHAIN CORRELAÇÃO
Opportunity 0,68
Technology 0,67
Contractual 0,61
Improve 0,61
Markus 0,61
Phenomena 0,61
Velocity 0,61
Fonte: elaborado pela autora (2020).
65
veracidade das informações. A Figura 13 contém os bigramas e seus respectivos valores de
IT*IDF.
A Figura 13, indica a importância das palavras encontradas na mineração de texto, tendo
sido considerado o texto completo dos 68 artigos identificados nesta pesquisa. As palavras que
mais apareceram foram “Rout Node, Credit Evaluation, rural tourism, Oil gas” demonstrando
que são diretamente ligadas a possíveis aplicações da blockchain nos segmentos do
agronegócio.
Nesse contexto, Liu, (2019) se propôs a analisar os recursos turísticos naturais e os
humanistas em áreas rurais, os quais constituem a base para o desenvolvimento da indústria do
turismo. Por certos meios tecnológicos de produção, esses são transformados em produtos e
serviços turísticos, colocados no respectivo mercado pela operação e pelos canais de vendas,
que utilizam a tecnologia blockchain.
Schuetz e Venkatesh (2019) analisaram como as blockchain poderão resolver o
problema da exclusão financeira na Índia rural, proporcionando uma solução para os índios
rurais e explore como a tecnologia irá ajudar a superar os desafios de inclusão financeira
enfrentados pelo país, de modo a atingir as redes de cadeia de fornecimento global. Lu et al.
(2019) demonstraram a aplicação da blockchain na indústria de petróleo e de gás, sendo que o
campo de aplicação foi dividido em quatro partes: negociação, gestão, tomada de decisão,
supervisão e segurança cibernética.
66
Para tanto, evidencia-se a possibilidade do uso da blockchain para casos de ativos
específicos que necessitem melhor acompanhamento nos registros de suas particularidades
durante todo o processo, o que poderia gerar maior confiança na realização de transações entre
agentes econômicos, como o agronegócio e a exportação de grãos (LUCENA et al., 2018).
Logo, uma solução de identidade digital com a tecnologia blockchain permitirá a simplificação
de processos e maior segurança das partes envolvidas em uma transação. Outrossim, na Figura
14, apresenta-se os bigramas mais frequentes.
67
A tecnologia é uma inovação disruptiva com amplas possibilidades de aplicação, como
os contratos autoexecutáveis, registro e operacionalização de transações de assinatura múltipla
e rastreabilidade de ativos. Consequentemente, ela tem o potencial de delinear as interações nas
negociações dos diversos setores da economia, inclusive nos segmentos do agronegócio
(ATZORI, 2015). A tecnologia blockchain não está limitada a moedas descentralizadas, mas
envolve a criação de contratos digitais inteligentes que podem ser monitorados pela internet.
Além de possibilitar o desenvolvimento de novos modelos de governança, proporciona uma
tomada de decisão mais eficiente e modelos de negócios descentralizados, operando pelas redes
de computadores (WRIGHT; FILIPPI, 2015).
Os Smart Contracts são programas de computadores que se utilizam e são executados
pelas blockchains, o que torna a tecnologia aplicável em diversos setores, incluindo o
agronegócio, não ficando restrito somente no financeiro, uma vez que um acordo entre duas ou
mais pessoas forma um código de computador. Eles são executados em uma blockchain e
armazenados em um banco de dados público e não podem ser alterados. As transações que
acontecem em um contrato inteligente são ajustadas pela blockchain, mas, para que a
implementação de aplicações seja possível, é necessário ter uma blockchain que seja projetada
para suportar transações em um nível genérico (BECK et al., 2016).
A tecnologia blockchain nos contratos inteligentes é utilizada para reduzir a incerteza
nas trocas de valores entre as organizações ou entre os membros de uma cadeia produtiva. Ela
apresenta uma perspectiva de que os contratos podem ser usados para diminuir a complexidade
dos processos e garantir a confiabilidade, uma vez que, com o seu uso, pode-se consultar o
status da transação em tempo real e saber o que está acontecendo. Os Smart Contracts podem
realizar operações, como execução de transações financeiras ou autenticação de documentos
em comum acordo legal. A Figura 15 apresenta a network dos bigramas encontrados na
mineração de texto.
68
Figura 15 - Network dos bigramas encontrados na mineração de texto
69
de teste, entre eles está o de energia em países que foram destaque nesta pesquisa. Na Figura
16, exibe-se uma nuvem de palavras com os temos mais frequentes encontrados na mineração
de texto.
71
A análise de cluster teve como objetivo agrupar textos e palavras similares, sendo que
foi realizada uma avaliação hierárquica de agrupamento de Fellows (2018), por meio do Método
de Ward. Buscou-se formar grupos de maneira a atingir sempre o menor erro interno entre as
palavras que compõem cada grupo, ou seja, o método busca o mínimo desvio-padrão entre os
dados.
A escolha da quantidade de grupos foi feita a partir do dendograma, que é uma
ferramenta correta para definir o número de grupos, uma vez que uma boa classificação pode
ser obtida ao se cortar o dendograma em uma zona onde as separações entre classes
correspondam a grandes distâncias. Para tanto, formou-se oito grupos estreitamente
relacionados, cada um composto pelas palavras que têm mais similaridade entre si: quanto mais
próximo de 1, maior a semelhança entre os termos. Assim, vocábulos que tendem a aparecer
juntos são combinados e se relacionam entre eles mesmos, e aqueles que são independentes,
tendem a ser combinados no final do processo de agrupamento.
As palavras mais frequentes do estudo são “Blockchain e System”, as quais não são
agrupadas a nenhum outro termo devido à sua alta frequência entre os textos. No entanto, é
interessante notar que elas aparecem sozinhas, mas estão diretamente relacionadas com os
demais grupos. A tecnologia blockchain é um software formado por componentes de um
computador ou um sistema de processamento de dados, no qual todas as informações são
inseridas e validadas por mineradores, fornecendo um sistema transparente e eficiente.
Logo, pode-se registrar e analisar dados de forma automática, disponibilizando um
banco de dados seguro e imutável, em que cada bloco de uma blockchain possui Data, Hash e
Previous Hash que evitam a falsificação de documentos. Ela utiliza, similarmente, a
criptografia aplicada como um elemento de ligação entre os blocos.
Tem-se um conjunto de expressões com maior semelhança, que consistem nos termos
como Transact, Block, Network, os quais estão mais próximas, mostrando uma forte relação
entre si, posto que a tecnologia necessita de uma rede de organizações para que possa ser
implementada. Todavia, não é possível sua aplicação em uma única organização ou
empreendimento.
O conjunto de termos com as palavras Chain, Use, Information, Technology está
relacionado aos fatores de uso da aplicabilidade da tecnologia blockchain. Compreende-se que
esta encontra nas cadeias produtivas do agronegócio um enorme potencial de aplicação, em
virtude de ser composta por partes: bloco, corrente e rede. Em cada bloco, registra-se todas as
transações, e cada cadeia de bloco é um hash que liga um bloco a outro.
72
Tendo em vista, a análise de dados realizada, identificou-se que a blockchain impacta
positivamente nas cadeias produtivas do agronegócio, posto que a mesma é uma plataforma de
gerenciamento de informações. Para tanto, o uso da tecnologia torna mais simplificadas as
operações para os participantes das cadeias produtivas dos diversos segmentos do agronegócio,
podendo identificar e dimensionar investimentos e ter mais controle dos registros de cada elo
da cadeia. Por fim, essa relação de negócios baseados em uma blockchain, trará maiores ganhos,
menores custos e redução do tempo, já que as informações são processadas em tempo real. Na
próxima seção, expõe-se as análises das entrevistas realizadas com especialistas.
73
papel para serem realizadas. Outro grande impacto na economia é voltado ao
agronegócio, com rastreabilidade dos produtos, o qual vai ser de suma importância
para toda a cadeia produtiva (ESPECIALISTA 1).
Outras dificuldades citadas pelo Especialista 1 estão nas áreas que não conseguem
migrar para blockchain. Ele cita os cartões de crédito, nos quais não se consegue colocar todas
as bandeiras, uma vez que a blockchain ainda não tem um desempenho suficiente. Além da
eficiência energética, ela consome muita energia para realizar as operações, considerando as
provas de trabalhos realizadas e apresenta um desempenho inferior aos bancos de dados
tradicionais. Esses são os desafios encontrados nas aplicações em Bitcoins, onde se tem
aplicações mais consistentes da tecnologia.
Contudo, esses são alguns dos desafios de programação, há igualmente obstáculos de
inserção nos negócios. Para o Especialista 5, a grande dificuldade é romper com velhos
paradigmas, uma vez que a blockchain é uma tecnologia disruptiva, que rompe com os padrões
existentes na sociedade. Mais do que uma questão de tecnologia, ela é uma rede que tem que
estar em comum acordo com as regras de negócio, com as condições dos parceiros que atuarão
na rede, principalmente no momento do compartilhamento das informações, nas relações
contratuais e com as questões de transações e de responsabilidade (ESPECIALISTA 6).
75
O Especialista 3 disse que a maior dificuldade no desenvolvimento da tecnologia, muitas
vezes está nas empresas menores, como as startups, que precisam encontrar um lugar onde
consigam aplicar e fazer com que alguma instituição abra suas portas para desenvolver um pré-
teste de algo que esteja sendo desenvolvido. Grandes empresas como a IBM e Microsoft
possuem um núcleo de aplicações maiores, pois formam parcerias com outras empresas e se
desenvolvem bem mais em termos de aplicação da blockchain.
Na percepção do Especialista 9, um grande limitador do desenvolvimento da tecnologia
é a inexistência de uma plataforma vencedora, o que existe são projetos pilotos em fase inicial
de aplicação, como Blockchain IOT, Blockchain do Bitcoins, Blockchain Rapper Ledger,
Blockchain Corda. Não se encontra uma plataforma robusta e global que se destaque
definitivamente. A tecnologia nasceu de uma lógica de ser distribuída, descentralizada e não
controlada, isso quer dizer que ela é um enigma a ser vencido por esses modelos que estão
sendo criados.
76
Para o Especialista 4, a tecnologia pode ser aplicada em todas as cadeias produtivas,
uma vez que todas elas envolvem contratos. “Pensando no caso da avicultura que tem uma série
de contratos de integração, contratos de vendas, contrato com fornecedores, contrato com
manutenção, tudo isso pode ser feito a partir da tecnologia blockchain”.
Conforme o Especialista 2, nos cases de sucesso que estão surgindo, pode-se observar
que boa parte das aplicações da blockchain já estão nas cadeias de suprimentos, as quais
envolvem a logística e a rastreabilidade e estão diretamente relacionadas ao setor do
agronegócio. Há, em muitos casos, a combinação da tecnologia blockchain com outras
tecnologias, como a IOT, o que está em experimentação. Seu próprio sistema de drones, que
hoje auxiliam na avaliação e evolução da produção rural, são tecnologias que se complementam
automaticamente junto à blockchain.
Para o Especialista 3, o Brasil se destaca pelo agronegócio e é reconhecido no exterior
pela produção e exportação agrícolas, as quais movimentam a economia do país.
O Especialista 8 informa que a cadeia produtiva da soja tem maior potencial para a
aplicação da blockchain devido a sua logística e distribuição, sendo que em cada etapa da cadeia
é feita uma série de testes químicos no grão. Com o uso da tecnologia, vai ser possível
identificar qual foi o desempenho em cada etapa do processo, podendo se saber em que
momento do percurso ela perdeu propriedade, permitindo que se investigue a partir desse
momento de modo a corrigir o problema. Isso quer dizer que, com a blockchain se consegue ter
uma visão de toda a cadeia produtiva, identificando o problema e solucionando-o com maior
rapidez.
O fazendeiro coloca chips em uma criação de gado, esses chips darão um localizador
e ele saberá onde estará cada boi. Dentro dessa rede distribuída, se considera cada
equipamento conectado nela, como um nó da rede, assim, se cada boi que tiver um
chip, consegue-se acessar pelo celular e saber qual a idade de cada um deles e,
também, saber todos os dados de origem. Isso tudo fica armazenado dentro rede, na
qual é possível todos acessarem e se tem a certificação. Isso irá quebrar os
intermediários que existem, o criador de gado poderá, também, conseguir a
certificação necessária para comprovar para China que certo boi está livre febre aftosa,
por exemplo. Dessa forma, todos irão querer fiscalizar, sem precisar de toda a
burocracia existente, um modelo disso, é que a Anvisa poderá ver e controlar, a partir
disso, essa rede amplia-se na capacidade de processamento de todos os dados
(ESPECIALISTA 4).
80
chegar ao consumidor final. Outros produtos citados foram os contratos inteligentes e o uso de
Criptoativos (Criptomoedas), para os quais já existem iniciativas no agronegócio.
Nas palavras do Especialista 6, uma série de produtos e serviços estão disponíveis para
o segmento do agronegócio.
Sobre produtos e serviços, é destacado o termo rede, e cada rede é feito para um dado
conjunto de participantes com objetivos em comum. Dessa forma, tem-se a rede de
Food-trust, que talvez seja a nossa maior rede global de alimentos, existem centenas
de produtos cadastrados, diversos tipos de produtos, desde hortaliças até carnes
congeladas, ou seja, são produtos advindos do agro. A Farmer Connect é uma rede
específica para produtores de café, é dado uma nova experiência, na qual o cliente
pode dar uma nota para o café que ele recebeu, como se faz com vinho, podendo
contribuir com projetos sociais e ver a rastreabilidade do produto. Existem, também,
as correntes, que estão montando as suas próprias redes de bloqueio, além disso, são
encontradas outras redes que não foram desenvolvidas pela IBM, que estão sendo
usadas para fins específicos, isto é, algum tipo de produto ou mercadoria em que já
existem concorrentes (ESPECIALISTA 6).
Então, são etapas dentro do desenvolvimento de uma solução que requer alguma
avaliação mais criteriosa de solução para implementação da tecnologia. blockchain
81
não é um pacote na prateleira, ela depende de uma série de avaliações preliminares,
antes de efetivamente ter um projeto executivo. Nós já estamos aí criando, temos a
nossa metodologia própria. A primeira etapa é para se avaliar efetivamente, se tem
sentido ou não o uso da tecnologia; se de fato, a tecnologia vai contribuir e como que
ela pode contribuir para o que está sendo buscado. A partir dessa primeira etapa que
envolve uma análise de aderência e aplicabilidade, pode se ter o desenvolvimento de
uma prova de conceito, isto é, a arquitetura, que está sendo analisada. Arquitetura de
blockchain combinada com uma arquitetura de solução, ou seja, é fazer uma conexão
de banco de dados que requer condição de alguns APIS. Tudo isso pode ser trabalhado
dentro da segunda etapa, a partir da prova do conceito. Uma vez que isso é observado
de fato, e se tem certa lógica do que está sendo pretendido, parte-se para a terceira
etapa, na qual é se faz a elaboração dos projetos executivos e como isso vai ser
implantado. Os executivos envolvem tanto a parte de TI como todos os itens de
necessidade, que serão trabalhados dentro dos setores executivos. A quarta etapa é
parte de implantação que prevê se possui uma tecnologia meio integrada com outra,
nessa etapa faz-se a implantação. A quinta etapa, seria o acompanhamento e
monitoramento, como vai evoluir dentro de certo tempo e qual é a necessidade de
aperfeiçoamento do que pode ser feito, isso seria uma solução complementar
(ESPECIALISTA 2).
83
e imutabilidade dos dados. Destarte, seu uso proporciona maior otimização dos processos e,
consequentemente, a redução dos custos, devido à melhor governança das informações.
A própria tecnologia já faz a redução dos custos de transação, o que talvez você tenha,
na verdade, não seria o custo de transação, mas o custo de entrada. Os agricultores
não estão preparados para isso e para ligar todos os agentes que participam das cadeias
produtivas do agronegócio, tem um custo de entrada, o qual seria relativamente alto
nesse momento, pois é a aprendizagem da tecnologia. Um exemplo seria o custo de
melhoramento da estrutura da área rural, precisa-se de um bom acesso à internet, mas
o que a tecnologia vai fazer é a redução dos custos de transação dos negócios em todas
as ações e transações realizadas (ESPECIALISTA 4).
São dois pontos interessantes, quando se fala sobre estratégia, eu penso sobre
governança por conveniência, isso significa que no primeiro passo, cada parte
envolvida não precisa compartilhar integralmente todas as suas informações ou todos
os seus dados, mas sim, exclusivamente aquilo que interessa e com cada
necessidade. Outra estratégia que eu acho interessante, é a questão de flexibilização,
ou seja, a livre entrada e saída de qualquer indivíduo dentro de uma rede que envolve
uma blockchain pública e uma blockchain privada, acredito que essa facilitação de
entrada e saída, é uma estratégia que deixa todo muito mais seguro a participar de uma
rede de blockchain (ESPECIALISTA 2).
No que diz respeito aos custos de transações, a Especialista 3 destaca que não são só
diminuídos os custos de produção, mas todo o periférico em volta das negociações. Segundo
ela, os custos diminuem em virtude de que todo o processamento de entrada e saída das
negociações tem muito mais segurança para tomada de decisão, por ter um ambiente de
confiança criado em função do uso da blockchain.
Outrossim, essa tecnologia coloca uma camada de confiança e transparência nas
relações contratuais, que ainda são realizadas por contratos de verificação e comprovações mais
burocráticas. Vive-se momentos em que a sociedade quer mais agilidade e praticidade, ou seja,
incorporar tecnologias, poderá fornecer velocidade aos processos que levam em média três dias
para serem concluídos, com a blockchain eles poderão ser realizados em um dia
(ESPECIALISTA 9).
Na compreensão dos especialistas, os custos de transação diminuem no momento em
que ocorre uma melhor governança das informações. A tecnologia blockchain propicia essa
governança entre os atores envolvidos nas negociações. Para tanto, as cadeias produtivas
84
integradas possibilitam um melhor fluxo de informações, redução dos custos e maior valor
agregado aos produtos, em função da veracidade das informações e da eliminação de
intermediários.
A estratégia para reduzir custos de transações entre os membros é digitalizar a cadeia
produtiva desde a saída, para que haja transparência e auditabilidade dos dados e, por
conseguinte, maiores ganhos. Identificou-se que a blockchain influencia positivamente a
Governança da Informação e os Custos Transacionais de qualquer negócio, devido às suas
características que permitem maior garantia e transparência da informação e pela possibilidade
de modificar diferentes processos transacionais, tornando-os mais simples e rápidos. Ela
permite melhorias na eficiência econômica e na governança.
No tocante ao acesso do agricultor à tecnologia blockchain, os especialistas salientam
que ela vai chegar até ele, seja pelo meio público, seja pela grande empresa, seja pelas
cooperativas, as quais fazem parte dos segmentos do agronegócio. Segundo o Especialista 5,
“os produtores precisam enxergar que às vezes agindo no coletivo é mais vantajoso que agindo
individualmente.”
O agricultor conectado a uma cooperativa, a outro consórcio, a um condomínio ou a
tudo aquilo que envolve algum tipo de associação, terá essa tecnologia para melhorar, facilitar
e dar maior transparência ao processo de governança. As cooperativas têm poder de negociação
com os mercados interno e externo, favorecendo os pequenos agricultores. O Especialista 6
avulta os modelos desenvolvidos que estão em funcionamento e que, dependendo do produto,
basta o agricultor se cadastrar na rede.
85
dificuldade para fazer o login, sem ter dificuldades para fazer as transações, as quais
geralmente não são tão fáceis como alguns (ESPECIALISTA 10).
Não existe uma vantagem única para todo mundo, cada situação é diferente, irá da
análise da aderência e aplicabilidade da tecnologia, pois todos os sistemas existentes
requerem uma conexão. Como exemplo, é a questão da interoperabilidade, isto é a
conexão das blockchains, algo que ainda está sendo avaliado em qual é a melhor forma
de fazer essa interoperação entre as blockchains, e de alguma maneira elas irão se
encontrar, seja nas cadeias de logística, em cadeias produtivas ou em cooperativas.
Um outro ponto que me parece chave para fazer esse comparativo, é a integração entre
outras tecnologias, a qual é preciso avaliar o custo comparado com os benefícios que
estas tecnologias podem trazer integradas (ESPECIALISTA 2 ).
86
Entender que a blockchain tem características específicas vantajosas depende do uso
que se faz das informações registradas e da qualidade das informações inseridas na rede. E, o
mais importante é que esse registro pode ser disponibilizado publicamente (RIBEIRO, 2017).
No que tange às desvantagens, os especialistas destacam o alto custo da
implementação de todo o sistema e da sua manutenção. A tecnologia ainda é instável por não
estar padronizada, pois ainda há uma interoperacionalidade. O ingresso de uma nova tecnologia
permite repensar os processos de negócios associados à anterior, uma vez que a maior parte dos
ganhos advindos dessa introdução não surge imediatamente, assim como os processos que a
utilizam precisam ser repensados (ROBLEH et al., 2014).
Outra desvantagem é que alguns setores dentro do agronegócio terão que deixar de
existir, e determinados intermediários irão desaparecer, haja vista que a tecnologia tem como
característica eliminá-los. A blockchain segue os princípios originados pela implementação das
Bitcoins, ela é pública e de livre acesso, sendo que o maior ganho com o seu uso está associado
ao acesso aberto e à remoção dos intermediários dos processos (TAPSCOT; TAPSCOT, 2016).
É importante entender que a blockchain tem características específicas que podem ser
vantajosas, mas dependem muito do uso que se faz dos dados registrados, bem como os
tipos de informações inseridas em uma plataforma blockchain. Enquanto os bancos de dados
tradicionais guardam, organizam e disponibilizam informações de todo tipo, ela tem um caráter
voltado para a comprovação de que determinado fato realmente aconteceu, e
o mais relevante é que esse registro é disponibilizado publicamente, de forma anônima, dando
um cunho de auditoria ao sistema.
Diante do exposto, nota-se que a tecnologia apresenta mais vantagens do que
desvantagens, ela é descrita como fenômeno de inovação disruptiva que oferece um ambiente
seguro, confiável e transparente. Ela é referenciada por muitos especialistas como a possível
solução para a eficiência econômica e de governança. Porém, o papel que irá desenvolver
dependerá de novos modelos de negócios e do tipo de informação inserida na rede.
Considerando as diversas áreas do conhecimento e de formação dos entrevistados, foi
possível identificar que não há divergências de opiniões entre eles, o que comprova o foco no
desenvolvimento, aprimoramento e uso da tecnologia como base para os registros de
informações, que pode auxiliar no desenvolvimento de serviços compartilhados.
Fundamentando-se nas análises de mineração de texto e nas entrevistas com os especialistas,
construiu-se uma síntese com os desafios e oportunidades, vantagens e desvantagens da
utilização da blockchain, exposta no Quadro 4.
87
Quadro 4 - Quadro síntese
Síntese
Desafios Oportunidades
Vantagens Desvantagens
88
Além disso, a tecnologia blockchain pode diminuir a distância de comunicação entre
pessoas, principalmente nas cadeias produtivas agrícolas, onde existem muitos elos, como
processamento, armazenagem, logística e pós-venda, que precisam de uma maior veracidade
das informações. A utilização da blockchain poderá auxiliar na segurança de dados e na redução
da assimetria informacional, que reflete na diminuição de custos transacionais. Para Roman
(2018), essa está relacionada ao aumento dos riscos e à perda do valor de mercado de um
determinado produto ou organização, dado que a tecnologia está baseada na descentralização
do controle das informações.
Ademais, se todas as transações realizadas em uma cadeia produtiva forem colocadas
em uma blockchain, essas informações não seriam assimétricas para nenhum elo da cadeia, que
poderiam visualizá-las em tempo real. Logo, a blockchain pode ser vista como uma
oportunidade de registro de dados com melhor confiabilidade.
Como desafios para a implementação da tecnologia, segundo as entrevistas realizadas,
são a ausência de padrão da blockchain e o rompimento dos velhos paradigmas e veracidade da
informação inserida na rede, o que causa uma demora em sua aceitação. Como desvantagem,
destaca-se o alto custo de implementação e de manutenção da tecnologia blockchain.
Mesmo a tecnologia blockchain parecendo uma solução para diversos modelos de
negócios realizarem suas transações, ela ainda tem desafios e limitações técnicas que precisam
ser verificadas e testadas. Além disso, há lacunas no conhecimento desta tecnologia, uma vez
que existem poucos estudos que relatam as principais possibilidades de usos e benefícios, dado
que a grande maioria dos estudos está em teste de aplicação.
89
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
91
acadêmico. Alguns pesquisadores vêm abordando o assunto, mas restritos a rastreabilidade e
contratos inteligentes, como evidenciado nas análises, sendo necessárias diferentes
investigações sobre o tema.
Sugere-se, para estudos futuros, que se explore questões como: custos de transação,
governança da informação, novos modelos de negócios, assimetria de informação e utilização
da tecnologia blockchain como ferramenta de gestão nos setores do agronegócio. Outro item
que pode ser investigado é o custo de implementação dessa tecnologia.
Evidencia-se que as contribuições desta pesquisa estão alinhadas com o fato de que
adoção da tecnologia blockchain pelos segmentos do agronegócio estão associadas a segurança
e confiança das informações registradas na rede. Este estudo contribui com indicadores
acadêmicos sobre a blockchain e seus impactos no agronegócio e na economia como um todo,
originando afirmativas sobre as possibilidades de uso, aplicações da blockchain nos setores do
agronegócio analisados na literatura cientifica e na entrevista com especialistas. Enfim, é
esperado que os achados desta pesquisa proporcionem contribuições para sociedade e para a
academia, podendo servir de referência para posteriores estudos.
92
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102
APÊNDICE A
Nome:........................................................................................................................
Formação:................................................................................................................
Área de atuação:.......................................................................................................
Local de atuação:......................................................................................................
8. Que produtos e/ou serviços, têm sido desenvolvidos por empresas e/ou instituições de
pesquisa, para o agronegócio, com a utilização da tecnologia blockchain?
12. Quais são as iniciativas mais promissoras na adoção da tecnologia blockchain em uma
maior escala no agronegócio?
103
13. Qual é o perfil de setores do agronegócio que estão aderindo a blockchain?
14. O verdadeiro papel da blockchain dependerá da inovação nos modelos de negócios nos
setores do agronegócio?
15. Quais estratégias serão possíveis com a blockchain para minimizar os custos de transação
entre os membros das cadeias produtivas do agronegócio?
17. Quais reais formas de ganho para o agricultor com a adoção da tecnologia blockchain?
104