Efeito Da Nanossílica em Matrizes Cimentícias de Ultra Alta Resistência
Efeito Da Nanossílica em Matrizes Cimentícias de Ultra Alta Resistência
Efeito Da Nanossílica em Matrizes Cimentícias de Ultra Alta Resistência
Florianópolis
2016
3
Comissão Examinadora:
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Os concretos de ultra alta resistência são materiais com elevada
eficiência estrutural, os quais permitem a execução de estruturas mais
leves. Pesquisas recentes têm demonstrado que o uso de nanossílica
contribui para o ganho de desempenho destes materiais cimentícios. O
objetivo desta Tese é avaliar o efeito da nanossílica em matrizes
cimentícias de ultra alta resistência. Foram analisadas a resistência à
compressão, a resistência à tração na flexão e o módulo de elasticidade
dinâmico. A cinética de reação foi analisada por meio de calorimetria
isotérmica de condução, e o comportamento reológico foi avaliado por
meio dos ensaios de reometria rotacional e mini slump. A distribuição
do tamanho dos poros das matrizes foi determinada por porosimetria de
intrusão de mercúrio. Os produtos de hidratação foram identificados e
quantificados por meio dos ensaios de difratometria de raios-X e
termogravimetria. A microestrutura foi avaliada por meio de
microscopia eletrônica de varredura. Os resultados demonstram que
nanossílica reduz o tempo de indução, acelerando o processo de
hidratação em função do teor de nanossílica. A fluidez das matrizes se
reduz pela utilização da nanossílica, em decorrência do aumento da
viscosidade e da tensão de escoamento das suspensões. Para teores de
0,2% de nanossílica em massa, foram obtidos ganhos na resistência à
compressão. Todavia para teores em massa superiores a 0,8% de
nanossílica, tem-se uma perda de desempenho das matrizes. Verificou-
se o aumento na porosidade aberta das misturas. A utilização da
nanossílica aumenta o consumo dos silicatos dicálcicos e tricálcicos do
cimento, conforme atestaram os resultados de difratometria de raios-X.
Pôde-se observar também um aumento na quantidade dos produtos de
hidratação para as amostras formuladas com nanossílica: silicatos e
aluminatos de cálcio hidratados, assim como do hidróxido de cálcio. A
aglomeração das nanopartículas de sílica foi observada por meio de
microscopia eletrônica de varredura. Pode-se concluir que, dependendo
do teor utilizado, a nanossílica contribui para o ganho de resistência,
sem comprometer o comportamento reológico e a cinética de reação das
matrizes cimentícias. A nucleação e pozolanicidade são os principais
efeitos da nanossílica na microestrutura das matrizes cimentíceas de
ultra alta resistência.
Palavras-chave: nanossílica, matrizes cimentícias, ultra alta resistência,
cinética de reação, reologia, microestrutura.
7
ABSTRACT
Ultra high performance concretes are estrutural composites,
which exhibit a higher structural efficiency, allowing the
implementation of lighter structures. Recent researchies have
demonstrated that the use of nanossílica contributes to the gain on
mechanical performance of these cementiteous materials. This thesis
evaluated the effect of nanossílica in ultra high strength matrix, for
which mechanical properties were measured, such as: compression
strength, flexura strength and dynamic elastic modulus. The reaction
kinetics was analyzed using adiabatic calorimetry and rheological
behavior of suspensions was evaluated throught rotational rheometry
and mini-slump tests. The pore size distribution was measured by
mercury intrusion porosimetry. And the hydration products were
identified and quantified by X-ray diffractometry and thermogravimetry.
Scanning Electron Microscopy was employed in order to evaluate the
microstrucuture of matrix and chemical analysis was obtained using
backscattered electron probe. The results show that nano-silica changes
the reaction kinetics of mixtures, reducing induction period and
accelerating the hydration process according to the content of nano-
silica. The rheological behavior of mixtures was also influencied by the
use of nano-silica, reducing the paste spread due to the increased
viscosity and yield stress of suspensions. For mixtures containing 0,2%
of nano-silica, gains ranging from 12 to 16% were obtained on
compression strength. However, for nano-silica content exceeding 0,8%,
a reduction in mechanical performance was achivied. It was found that
nano-silica increases the open porosity of the mixtures. Hydration of
cimentiteous matrix also changes due the incorporation of nano-silica,
increasing the consumption of di and tri-calcium silicates of Portland
cement, measured through X-ray diffraction. As consequence, an
increasing on aluminates and silicates calcium hydrates, and calcium
hydroxide can be observed for mixtures formulated with nanoparticles
of silica. It can be conclued that, depending on content used, nano-silica
contributes to the resistance gain, without compromissing rheological
behavior and reaction kinetics of cementitious matrix. Nuccleation and
pozzolanic are the main effects of nano-silica on microstructure of ultra
high strenght cementiteous matrix.
keywords: nano-silica, cimentiteous matrix, ultra high strength, reaction
kinetics, rheology, microstructure.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mars Hill Bridge, Iowa, USA. Fonte: Lafarge, 2012. ...... 20
Figura 2 - Resistência mecânica de concretos em função da relação
água/aglomerante. Aictin (2000)....................................................... 22
Figura 3 - Resistência mecânica de concretos em função da relação
água/cimento. Adaptado de Sobolev (2004). .................................... 23
Figura 4 - Resistência mecânica de concretos em função da razão
microssílica/cimento. Adaptado de Park (2008) ............................... 24
Figura 5 - Resistência mecânica de concretos em função da razão
fíler/cimento. Adaptado de Park (2008) ............................................ 24
Figura 6 – Representação esquemática da distância inter planar dos
silicatos de cálcio hidratados. Fonte: Bannacorsi et al. (2005) ......... 25
Figura 7 – Efeito da nanossílica na resistência à compressão de
concretos. Fonte: Qing et al. 2007 e Saloma et al. (2013) ................ 28
Figura 8 – Efeito da nanossílica na resistência à compressão de
concretos. Fonte: Yu et al. (2014) e Amin e El-hassan (2015). ........ 29
Figura 9 – Efeito da nanossílica na cinética de reação. Adaptado de
Rong et al. (2015) ............................................................................. 32
Figura 10 – Efeito da nanossílica na hidratação das fases C3A e
C4AF. Adaptado de Land e Stephan (2012) ...................................... 33
Figura 11 - Efeito da nanossílica na (a) tensão de escoamento e (b)
espalhamento (flow-table) de argamassas ......................................... 34
Figura 12 - Efeito da nanossílica no ar incorporado e na densidade
aparente de concretos de ultra alta resistência. Adaptado de Sennf. et
al. (2009) ........................................................................................... 35
Figura 13 – Efeito da nanossílica no consumo de aditivo dispersante
........................................................................................................... 36
Figura 14 – Efeito da nanossílica na porosidade aberta de concretos
de ultra alta resistência ...................................................................... 37
Figura 15 – Efeito da nanossílica na porosidade aberta e absorção de
água de concretos de ultra alta resistência ........................................ 38
Figura 16 – Porosimetria de concretos de ultra alta resistência.
Adaptado de Korpa e Trettrin (2004) ................................................ 39
9
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SÍMBOLOS
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ........................................................................ 17
1.1
JUSTIFICATIVA ................................................................ 18
1.2
ORIGINALIDADE ............................................................. 18
1.3
OBJETIVO GERAL ............................................................ 18
1.4
OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................. 18
1.5
ESTRUTURA DA TESE .................................................... 18
2
REVISÃO DE LITERATURA................................................ 20
2.1
CONCRETO DE ULTRA ALTA RESISTÊNCIA ............. 20
2.2
MATRIZ CIMENTÍCIA DE ULTRA ALTA RESISTÊNCIA
21
2.3
EFEITO DA NANOSSÍLICA NAS PROPRIEDADES
MECÂNICAS ............................................................................... 26
2.4
EFEITO DA NANOSSÍLICA NO CALOR DE
HIDRATAÇÃO ............................................................................ 31
2.5
EFEITO DA NANOSSÍLICA NO ESTADO FRESCO ...... 34
2.6
EFEITO DA NANOSSÍLICA NA MICROESTRUTURA . 36
3
PROGRAMA EXPERIMENTAL .............................................. 44
3.1
MATERIAIS ....................................................................... 44
3.1.1
Caracterização física ................................................... 45
3.1.2
Caracterização química e mineralógica ...................... 48
3.2
MÉTODOS .......................................................................... 54
3.2.1
Composição e preparo das matrizes ............................ 55
3.2.2
Calorimetria ................................................................. 56
3.2.3
Comportamento reológico ............................................ 57
3.2.4
Propriedades mecânicas .............................................. 58
3.2.5
Microestrutura ............................................................. 59
4
RESULTADOS .......................................................................... 62
4.1
CALORIMETRIA ............................................................... 62
4.2
COMPORTAMENTO REOLÓGICO................................. 68
4.3
PROPRIEDADES MECÂNICAS ....................................... 76
16
4.4
MICROESTRUTURA......................................................... 82
4.4.1
Porosimetria de intrusão de mercúrio.......................... 82
4.4.2
Densidade aparente, absorção de água e porosidade . 85
4.4.3
Termogravimetria ......................................................... 87
4.4.4
Difração de raios-X ...................................................... 92
4.4.5
Microscopia eletrônica de varredura ......................... 100
5
CONCLUSÕES ........................................................................ 106
6
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................... 107
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................... 108
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 ORIGINALIDADE
2 REVISÃO DE LITERATURA
Dados%
Experimentais%
água/cimento
microssílica/cimento
fíler/cimento
105
100
95
90
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
nanossílica (%)
135
125
115
105
95
85
75
0 1 2 3 4 5
nanossílica (%)
! rangi
flow/(W/g)
NS1
1% nanossílica ! 140!
! NS3
0.004 ! In or
NS5
calor
intru
de heat
cube
3% nanossílica
ceme
Normalized
0.002 48 h
Fluxo
at 50
0% nanossílica
Fo
speci
5% nanossílica
0.000 was
0 10 20 30 40 50 60 70 80 Then
Time/hours grind
Tempo (horas)
make
Fig. 4. Heat evolution of UHPCCs with the addition of nano-SiO2 particles.
Na Figura 10, são apresentadas as curvas de calorimetria
publicadas por Land e Stephan (2012). Para composições diferentes 3. Re
teores de nanossílica e com relação água/cimento de 0,50. Neste
Table 3
trabalho,
Quantitative os autores
analysis utilizaram
results of UHPCC cimento
with the branco com ofbaixo
addition teor de
Nano-SiO ferro,
2 at different
3.1. E
0,16%
curing times. de Fe O
2 3 e 4,48% de Al O
2 3 , conforme composição química
determinada por fluorescência de raios-X. De acordo com a composição Th
Ages (d) Mineral composition
química, o teor da fase C3A, calculado pelas equações propostas por and 9
Bogue (Gobbo,C32003),
S Cé2Sde [(2,65*Al
C3A C4O AF Ca(OH)2
2 3) + (1,692*Fe
Amorphous phase
2O3)] = 12,14%. obser
N0 Todavia,
3 os autores
10.38 demonstram
5.48 0.83 que
2.79 a nanossílica
4.16 apresenta uma
54.69 the n
7 5.39 5.21 0.93 2.08 3.97 57.43
influência direta na hidratação das fases C3A. Comparando o efeito de the c
28
nanopartículas 5.07
de 5.19e alumina,
quartzo 0.47 1.43
Land e 3.88 58.79apresentam
Stephan (2015) mum
NS1um3 efeito diferente
10.52 na cinética
5.18 0.83de 2.71
reação 3.40
para estas 54.19
nanopartículas. and 1
7 o efeito da
Logo, 5.28 4.53
nanossílica 0.93 2.18 de3.27
na cinética 58.38 ao efeito
não se restringe
28observado 4.92 4.28 0.64 inertes.
2.01 2.97 59.03 90 da
fíler, para nanopartículas
the fl
NS3 3 Para concretos de ultra alta resistência formulados sem
10.08 4.98 1.12 2.65 3.22 54.69
7 5.13 0,4.16 1.164 1.94 Th
microssílica, com 1, 3, e 5% 3.13 58.21
de nanossílica, relação
28 4.59 4.56 0.84 1.86 2.70 59.42 main
água/aglomerante 0,40, e cerca de 10% de aditivo a base de
NS5policarboxilato.
3 7.73 5.06
Os resultados 0.87 2.4
de calorimetria 3.68 53.75
publicados por Yu et al.
7 5.07 4.63 0.88 1.99 2.83
(2014), demonstram que a elevada quantidade de aditivo 57.95dispersante, 30
28 4.27 4.22 0.68 2.09 2.58 58.89
altera significativamente a cinética de reação das misturas. Como
consequência, o período de indução da matriz sem nanossílica é superior 25
the powders were dried in oven at 50 !C for 48 h. Finally analyti-
cally pure a-Al2O3 and pre-specimen powers were mixed uni- 20
formly under the mass proportion of 1:9 for the quantitative
15
analysis. The target-anode of X-ray diffraction was copper, and
33
J Figura 10 –(2012)
Mater Sci Efeito47:1011–1017
da nanossílica na hidratação das fases C3A e
C4AF. Adaptado de Land e Stephan (2012)
5% nanossílica
Fluxo de calor (mW/g)
10% nanossílica !
1% nanossílica 0%
! 0,5%
! 1,0%
!
5,0%
0% nanossílica
!
10%
!
Tempo (h)
Fig. 3 Calorimetry of cement hydration with admixture of nano- Fig. 4
Frente
silica of 86 nmaoinexposto, pode-se concluir que a nanossílica apresenta
diameter silica o
uma influência direta na cinética de reação das matrizes cimentíceas.
Considerando
consumptionos ofresultados
C3S, thedeformation
calorimetria,
of fica evidente
Ca(OH) que as
2 and the The se
nanopartículas
C–S–H-phase, the hydration rate of C3S is increased sig- a
de sílica reduzem o período de indução, aceleram earlier
formação dos with
nificantly produtos de hidratação,
increasing e alteram
silica a reação
surface. This das
is fases C3A,
in total the sh
C4accordance
AF e da etringita.
with our estimation that the acceleration of C3S paste
hydration should increase because the more the C–S–H- of the
seeds can be formed the larger the total silica surface is. sulpha
The second maximum of heat evolution, which is allo- cemen
cated to the formation of sulphate-type AFm-phase, shows a indica
significant shift in time when silica is added to the paste. The sulpha
larger the silica dosage, the earlier the formation of the If t
monosulphate occurs. Kuzel [32] examined the position of by hig
this peak as a function of sulphate concentration in Portland using
cement. He found that the peak shifts to earlier times the achiev
lower the sulphate concentration is. One possible mecha- mass p
34
0 min
15 min
3) 3
(g/cm
aparete (g/cm )
Ar incorporado (%)
Densidade aparente
Densidade
nanossílica (%)
Para concretos auto-adensáveis, com 0,75 e 1,5% de nanossílica
em substituição à massa de cimento, e relações água/aglomerante 0,35,
0,30 e 0,25. O consumo de aditivo dispersante a base de policarboxilato
variou entre 0,2 e 2,3% da massa de cimento, como pode ser visto na
36
2
Khaloo, Mobini e
Hosseini (2016)
1
Gesoglu et al. (2016)
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
nanossílica (%)
15
14
Porosidade (%)
13
12
11
10
Rong et al. (2015)
9
Said et al. (2012)
8
0 1 2 3 4 5 6
nanossílica (%)
27 7,8
7,6
Absorção de água (%)
26
7,4
25 7,2
Porosidade (%)
24 7
23 6,8
6,6
22
Ghafari, et al 2014 6,4
21 6,2
Rao, Silva e Brito (2015)
20 6
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
nanossílica (%)
(b)
2
3
dT
Weigh
-0.2
40 -20
-24
as nanopartículas podem atuar como pontos de nucleação, favorecendo a
-28 -0.3
formação de cristais de hidróxido de cálcio.
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Figura 17 - Análise termogravimétrica.
T (ºC) Adaptado de Senff et al.
(b) (2009)
0
0
-4
(%)
dTG%/t(%/oC)
-8
loss (%)
-0.1
de massa
Derivada
nS+SF (2+10.25)
-16
Weight
-0.2
Perda
-20
-24
-28 -0.3
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura
T (ºC) ( C) o
(c)
Fig. 3 Weight Aloss (%)19
Figura and dTGoscurves
ilustra of pastes
resultados (a) SF
publicados por (b) nSet(c)al.
Rong
nS+SF,o after
(2014), empregando método7 days curing.
de Ritveld para quantificar as fases
presentes. Nesta Figura, são apresentadas as quantidades das fases
silicato de dicálcico e tricálcico (C2S+C3S), aluminato tricálcico e ferro
aluminato tetracálcico (C3A+C4AF). Após 28 dias de hidratação,
verifica-se a redução na quantidade das fases C2S+C3S em função do
teor de nanossílica. E que o consumo das fases C3A e C4AF é contido
pela presença das nanopartículas de sílica. Convergindo com a hipótese
levantada por Land & Stephan (2012), a partir dos dados de
calorimetria. Segundo estes autores, as nanopartículas de sílica
adsorvem os íons sulfato em suspensão, modificando a reação desta
fases, e alterando assim o pico secundário de hidratação das matrizes.
41
Misturas
10 2,5 C3A+C4AF(%)
C3S+C2S (%)
9 2
C3S+C2S
C3A+C4AF
8 1,5
0 1 2 3 4 5
nanossílica (%)
3 58
CH
Fase amorfa
2,5 57
0 1 2 3 4 5
nanossílica (%)
Fine
C-S-HC-S-H
Fine C-S-H
Fino
1010m m
Ca(OH)
Ca(OH)2 2
(a) (b)
3 PROGRAMA EXPERIMENTAL
3.1 MATERIAIS
- cimento puro (CP): optou-se por trabalhar com o clínquer puro para
anular a variabilidade do fosfogesso, controlando a pega com o aditivo
dispersante. Evitar as alterações nas propriedades físicas e químicas do
cimento em função do tempo, empregando-se uma única batelada. E
atenuar o consumo da água pela formação da etringita. O cimento puro
foi obtido a partir da moagem de 10 kg de clínquer fornecido pela
empresa Votorantim Cimentos. A moagem foi realizada em moinho de
bolas, com esferas de aço, durante 90 minutos. Do material obtido, foi
descartada a fração retida na malha 1,2 mm. A fração passante na malha
com abertura de 1,2 mm, foi submetida a peneiramento na malha 200
(0,075 mm).
- fíler de quartzo (FQ): optou-se pelo emprego do quartzo a outros
minerais como basalto ou calcário, pela disponibilidade desta matéria-
prima em qualquer região. Para evitar a sobreposição de picos na análise
difratométrica, e a decomposição do carbonato ou de argilominerais nos
ensaios de termogravimetria. A obtenção desta matéria-prima se deu a
partir de areia fina de quartzo, empregando o mesmo procedimento
moagem e peneiramento utilizado para o clínquer.
- microssílica (MS): dentre os materiais cimentícios suplementares
comumente utilizados na formulação de concretos de ultra alta
resistência, como cinza volante, escória ou pozolana. Optou-se em
trabalhar com a microssílica, por sua elevada reatividade. Além de
apresentar uma maior homogeneidade, frente aos outros materiais
cimentícios suplementares.
- nanossílica (nS): optou-se em trabalhar com a nanossílica na forma de
suspensão, por ser esta a condição de fornecimento do material pelo
fabricante (Akzo-Nobel). Dentre os produtos disponíveis, foram
selecionadas três nanossílicas: Cembinder 8, Cembinder 30 e Cembinder
75, denominadas nanossílica 1 (nS1), nanossílica 2 (nS2) e nanossílica 3
(nS3), respectivamente. Com área superficial específica de 80, 300 e 750
m2/g, conforme a especificação do fabricante.
- superplastificante a base de policarboxilato (PC): este foi o aditivo
utilizado por Rao, Silva e Brito (2016), Yu et al. (2014), Gesoglu et al.
(2016), Amin e el-Hassan (2015) e Kalhoo et al. (2016).
45
10 nS2
nS3
8
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro da partícula (µm)
cujos diâmetros variam entre 0,1 µm (100 nm) e 0,01 µm (10 nm), e
outra com partículas entre 0,01 e 0,001 µm (1 nm).
A densidade do superplastificante foi determinada pela pesagem
de 50 ml do aditivo a 23oC, com balança de precisão de 0,01g e provetas
de vidro de 50 ml. O teor de sólidos do aditivo, foi determinado pela
pesagem do aditivo antes e após a secagem a 120oC durante 24 horas.
Os valores informados na Tabela 4, referem-se a média de três
determinações. A Figura 23, apresenta a distribuição do tamanho das
partículas do aditivo superplastificante à base de policarboxilato.
Composta por uma população de partículas maiores do que 1 µm, e uma
população de partículas menores do que 1 µm.
25
20
Frequência (%)
15
10
0
0,1 1 10
Diâmetro das partículas (µm)
48
10000
7838
7500 6513
6168
5540
5000 4419
2500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
1400 C4AF
1200 Al2O3
1000
800
600
400
200
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
20000
19330
Quartzo
17500
Intensidade (contagens/s)
Al2O3
15000
12500
10000
7500
5000
2500 833
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
51
1000
750
500
250
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
1000
800
600
400
200
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
52
1000
800
600
400
200
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
1000
800
600
400
200
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
Transmitância (%)
60
50
821 40
30
949
1458
1643
1250
1346
20
1732
2924
2877
10
1100
3375
0
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Comprimento de onda (cm-1)
54
3.2 MÉTODOS
!! ! − !! !
!"#$ = ! !
!! ! − !! !
Equação 1
onde:
3.2.2 Calorimetria
Equação 2
onde:
(a) (b)
3.2.5 Microestrutura
−!!! cos !
!" =! + 4! cos !!
!
Equação 3
onde:
4 RESULTADOS
4.1 CALORIMETRIA
1,8 M6-0,8nS
1,6 M7-1,7nS
M8-3,2nS
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 6 12 18 24 30 36 42 48
Tempo (horas)
1,8 M6-0,8nS
1,6 M7-1,7nS
M8-3,2nS
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 6 12 18 24 30 36 42 48
Tempo (horas)
reduzindo assim o tempo de indução. Para Rong et al. (2015) este efeito
se torna perceptível para um teor de 5% de nanossílica, enquanto para
Wu et al. (2016) e Yu et al. (2014) a nanossílica reduz o período de
indução, para teores acima de 1%. Estas diferenças podem ser atribuídas
principalmente ao tipo e a condição de uso das nanossílicas, suspensão
ou pó, e consequentemente à área específica das nanopartículas de sílica.
M08-3,2nS 0,30
1,6
M7-1,7nS 0,25
1,4
M8-3,2nS 0,25
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 6 12 18 24 30 36 42 48
Tempo (horas)
Ca2
+%
Si2+% Ca2
+% Si2+%
Si2+% Si2+% 2+%
Ca2 Si2+% Ca2 Si2+% Si
+%
2 +% Si2+%
Ca Si2+%
Si2+% Ca2 +%
+%
Ca2
+%
distância%
δx%
distância%
(a)$ (b)$
τ = τ 0 + ηγ
Equação 4
onde:
τ – é a tensão cisalhante (Pa);
τ0 – é a tensão de escoamento aparente (Pa);
γ - é a taxa de cisalhamento da amostras (1/s);
η - é a viscosidade plástica da suspensão (Pa.s);
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Taxa (1/s)
500
400
300
200
100
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Taxa (1/s)
Na Tabela 8 estão listados os valores da tensão de escoamento
aparente (τ0) e da viscosidade (η), calculados a partir do modelo de
Bingham. Também são apresentados o espalhamento, obtido pelo ensaio
70
VSA = SSA x dS
Equação 5
onde:
Equação 6
onde:
FVDW = A0/(12s2)
Equação 7
onde:
Viscosidade
300
2,5
Viscosidade (Pa.s)
250
2
200
1,5
150
1
100
50 0,5
0 0
30 35 40 45 50
IPS (nm)
IPS$
IPS$
(a)
(b)
140
120
100
80 y = -26,879x + 163,07
60 R² = 0,88779
40
20
0
0 0,4 0,8 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2
nanossílica (%)
Figura 42 – Efeito da nanossílica no ar incorporado e na densidade
aparente das matrizes
2,05 3,5
a/f = 0,30
a/f = 0,25 3
Densidade da matriz (g/cm3)
Ar incorporado (%)
2,5
2
2
1,5
1,95
1
0,5
1,9 0
0 0,4 0,8 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2
nanossílica (%)
76
120
fc (MPa)
110
100
90
80
70
0 0,4 0,8 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2
nanossílica (%)
15
ft (MPa)
10
5
0 0,4 0,8 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2
nanossílica (%)
79
26
25
Ed (GPa)
24
23
22
21 a/f = 0,30
a/f = 0,25
20
0,0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8 3,2
nanossílica (%)
i i i
j j j
4.4 MICROESTRUTURA
4
M8-3,2nS a/f = 0,25
M9-6,4nS a/f = 0,25
3
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro do poro (µm)
8
M8-3,2nS a/f = 0,30
7
M9-6,4nS a/f = 0,30
6
5
4
3
2
1
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro do poro (µm)
84
120
110 y = 129,47e-0,026x
R² = 0,6329
100
90
80
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Porosidade (%)
4.4.3 Termogravimetria
-0,01
10
-0,01
Perda de massa (%)
Derivada (%/oC)
M1 - 0nS -0,02
M6 - 0,8nS
6 -0,02
M7 - 1,7 nS
M8 - 3,2nS -0,03
4
DTG
-0,03
2
-0,04
0 -0,04
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (oC)
Equação 8
onde:
Equação 9
onde:
12 -0,01
-0,01
10
Perda de massa (%)
Derivada (%/oC)
M1 - 0nS
-0,02
8 M6 - 0,8nS
M7 - 1,7nS -0,02
6 M8 - 3,2nS
DTG -0,03
4
-0,03
2 -0,04
0 -0,04
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (oC)
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
807
1000 743
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
775 731
1000
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
95
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
773
1000 792
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
735
1000 770
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
96
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
756
1000
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
709 863
1000
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
97
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
952
722
1000
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
Figura 59 – Difratograma da matriz hidratada M7-1,7nS com
relação água/finos 0,30
4500
Quartzo
4000 C3S
3342
Intensidade (contagens/s)
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
701
1000 673
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
98
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
3500 C2S
Al2O3
3000
2500
2000
1500
706 781
1000
500
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2θ (graus)
99
5 CONCLUSÕES
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS