Processo de Formação Político-Ideológica
Processo de Formação Político-Ideológica
Processo de Formação Político-Ideológica
Eliane Pereira
Eliane Pereira
Ao meu sogro Christian, pela postura ética, por ser fiel aos ideais de
luta, justiça e igualdade. Obrigada por todo carinho.
Aos amigos, João Carlos (Jonka), Jéssica, Jéssica Laís, Diana, Renan,
Tiago, Helber, Kátia, Rodrigo, Rodrigo (Teta), Jaqueline, Alberto,
Jussara, Elisangela (Zanza), Sandy, Osmar e Anderson, pelo carinho e
paciência, ao entenderem minha ausência. Meus dias são muito mais
felizes com a presença de vocês.
AD – Análise do Discurso
ADJG – Assentamento Dom José Gomes
ALN – Ação Libertadora Nacional
ANAA – Atividades Não Agrícolas e Auto Abastecimento
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesquisa em Nível
Superior
CEBs – Comunidades Eclesiais de Base
CDI – Cadernos do Iterra
CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
CEOM – Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
CEPAF – Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar
CETREC – Centro de Treinamento de Chapecó
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
COOPTRASC – Cooperativa dos Trabalhadores da Reforma Agrária de
Santa Catarina
COOTAP – Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de
Porto Alegre
CPT – Comissão Pastoral da Terra
CRESOL – CREDI CHAPECÓ – Sistema de Cooperativa de Créditos
Rural com Interação Solidária – Cooperativa de Economia e Crédito
Mútuo dos Servidores Públicos de Chapecó e Região
EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
Santa Catarina
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
ITCP – Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da
Unochapecó
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
MASTER– Movimento dos Agricultores Sem Terra
MDA– Ministério do Desenvolvimento Agrário
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
NMS – Novos Movimentos Sociais
PAA – Programa de Aquisição de Alimentos
PARFOR – Plano Nacional de Formação de Professores da Educação
Básica
PDA – Projeto de Desenvolvimento do Assentamento
PPGE – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação
PRONAF Mulher – Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar Mulher
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro
SC – Santa Catarina
SIGRA ATER – Sistema Integrado de Gestão Rural de Assistência
Técnica e Extensão Rural
SINPROESTE – Sindicato dos Professores do Oeste de Santa Catarina
UFFS – Universidade Federal da Fronteira Sul
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ULTABs – União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil
UNOCHAPECÓ – Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOESC – Universidade do Oeste de Santa Catarina
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................... 27
1.1 CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA .............................. 27
1.2 ESCOLHENDO O OBJETO, OU SENDO ESCOLHIDO
POR ELE? ...............................................................................29
1.3 PESQUISAS CONSULTADAS SOBRE O MST ................. 32
1.4 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................ 34
2 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA
DA PESQUISA ..................................................................... 39
2.1 FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS ............................ 39
2.2 CAMINHOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS . 44
2.2.1 Caracterização da pesquisa e categorias analíticas ........... 45
2.3 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA .................................. 48
2.4 ETAPAS DA PESQUISA E TÉCNICAS DE
COLETA DE DADOS ............................................................ 49
2.4.1 1ª etapa: pesquisa exploratória ........................................... 49
2.4.2 2ª etapa: pesquisa de campo ................................................ 52
2.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS .............. 55
2.6 UNIVERSO DE PESQUISA: ASSENTAMENTO DOM
JOSÉ GOMES – CHAPECÓ (SC) ......................................... 60
2.6.1 Caracterização da amostra e dos sujeitos entrevistados ... 66
1 INTRODUÇÃO
1
Consideramos como práticas educativas não formais, todos os processos formativos que
ocorrem no âmbito do assentamento ou fora dele, sejam atividades familiares, religiosas,
sociais, políticas, econômicas, entre outros. Elencamos as práticas educativas como objeto de
estudo, por ser um processo de prover indivíduos de conhecimentos e experiências culturais
que os tornam aptos a atuar e transformar o meio social em que vivem (LIBÂNEO, 1994).
2
Reflexões a partir da obra Os 500 anos de dominação e resistência (UCZAI, 2001).
28
3
Fazenda ocupada por famílias camponesas, na cidade de Chapecó – SC. Na noite de 23 de
abril de 2002 aproximadamente 200 famílias ocuparam as terras da Fazenda Seringa,
localizada na Linha Água Amarela, no meio rural desta cidade (CHAGAS, 2009).
30
4
Pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso realizada sob orientação do professor Dr.
Odilon Luiz Poli. O trabalho apresentou como problema de pesquisa: como se caracterizam os
processos educativos desenvolvidos pela Cooperativa Credi Chapecó? Para maiores
informações consultar, Educação e Cooperação em Empreendimentos Econômicos e Solidários
(PEREIRA, 2010). Atualmente, a referida cooperativa denomina-se Sistema de Cooperativa de
Créditos Rural com Interação Solidária – Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos
Servidores Públicos de Chapecó e Região (CRESOL – CREDI CHAPECÓ).
32
5
Informação disponível em: https://www.unochapeco.edu.br/educacao/info/linhas-de-
pesquisa-2. Acesso em: 10 mar. 2015.
33
6
Palestra realizada no dia 31 de março de 2014 nas dependências da UNOCHAPECÓ.
36
percebi que havia uma necessidade e lacuna ainda pouco explorada nas
dissertações e teses investigadas, além é claro, das minhas próprias
inquietações acerca da temática formação política. Neste momento,
compreendi que meu problema havia sido delineado naquilo que
Gamboa tem chamado de “pergunta de partida, ou pergunta-síntese”.
Se “A pergunta deve conter uma tensão interna, ou seja, estar
calcada no mundo das necessidades humanas, contradições,
concreticidade e possibilidades de mudanças, tanto na academia quanto
na vida cotidiana” (GAMBOA, 2013, p. 20), meu problema de pesquisa
definiu-se da seguinte forma: como se caracteriza a relação entre
formação político-ideológica e práticas educativas não formais no
processo de conquista pela terra e organização atual do
Assentamento Dom José Gomes em Chapecó, SC?
A partir do problema exposto, delimitamos como objetivo geral:
analisar a relação entre formação político-ideológica e práticas
educativas não formais no processo de conquista pela terra e
organização atual do Assentamento Dom José Gomes em Chapecó, SC.
Considerando a pergunta-síntese e o objetivo geral, foram
definidos os seguintes objetivos específicos:
a) identificar e caracterizar aspectos da formação político-
ideológica do MST que orientaram o processo de conquista pela terra e
orientam atualmente a organização do Assentamento Dom José Gomes;
b) identificar como a formação de base militante proposta pelo
MST tem sido apropriada e ressignificada pelos sujeitos sociais do
assentamento pesquisado;
c) verificar a existência de práticas educativas não formais
experienciadas pelos sujeitos investigados no assentamento e fora dele;
d) Apreender situações e experiências da vida cotidiana dos
sujeitos sociais do assentamento pesquisado que expressem elementos
de formação política do MST e em que medida contribuem com o
processo de transformação social e política das condições de vida dos
assentados.
7
Dentre os autores abordados, encontram-se principalmente historiadores e pesquisadores da
educação, a saber: Célia Regina Vendramini (1992; 1998; 1999; 2004; 2012), Sidnei José
Munhoz (2012) e Ricardo Gaspar Müller (2012).
40
8
Trabalho disponível em:
<http://editora.unoesc.edu.br/index.php/coloquiointernacional/issue/current/showToc>. Acesso
em: 07 jun. 2015.
9
Fotografias disponibilizadas pelo assentamento em questão, pelo Centro de Memória do
Oeste de Santa Catarina (CEOM) da UNOCHAPECÓ.
52
10
Segundo Maingueneau (1993), a Análise do Discurso surgiu na década de 1960 associada a
uma tradicional prática escolar francesa: a explicação de textos. Enquanto metodologia,
privilegia a interdisciplinaridade, articulando pressupostos teóricos da Linguística, do
Materialismo Histórico e da Psicanálise.
56
o discurso não opera sobre a realidade das coisas, mas sobre outros
discursos. Embora não haja consenso entre os vários linguistas sobre o
significado do termo discurso, há em comum entre todas as correntes o
ideário de análise não focalizada no funcionamento linguístico, e sim na
relação que o sujeito e esse funcionamento estabelecem reciprocamente.
Ou seja, o objeto de estudo de qualquer análise do discurso não se trata
tão somente da língua, mas o que há por meio dela: relações de poder,
institucionalização de identidades sociais, processos de inconsciência
ideológica, enfim, diversas manifestações humanas (MAINGUENEAU,
2005).
Nessa mesma linha de pensamento, Gill (2002) afirma que uma
análise deve ser realizada com muito cuidado, que ao realizá-la deve ser
observado o texto em seu contexto, a fim de interpretá-lo
detalhadamente em sua simbologia. Destarte, cabe compreender que
todo discurso é ideologicamente marcado não por um sujeito individual,
mas coletivo. Entre os principais objetivos da AD, está o de identificar
os processos de reprodução social do poder hegemônico através da
linguagem e suas principais bases epistemológicas. A hipótese que nos
envereda é a ideia de que nenhum indivíduo por si só é dono do seu
discurso, mais assujeitado por ele. Logo, quando um sujeito interioriza a
construção coletiva, tornando-se porta-voz daquele discurso, é
representante de um ideal.
Assim sendo, julgamos ser necessário apresentar alguns conceitos
que instrumentalizam nosso dispositivo de análise. Dentre eles, o
discurso e a ideologia são imprescindíveis para que possamos realizar a
análise pretendida.
Sabendo-se que o discurso é uma das práticas em que a ideologia
se materializa, cabe esclarecer a relação estabelecida entre discurso e
ideologia. Assim, faz-se necessário destacar os conceitos de formação
ideológica e formação discursiva.
Na compreensão de Pêcheux (1995), “[...] a instância ideológica é
determinada pela instância econômica - o ideológico é uma das formas
de reprodução, transformação da base econômica, mais precisamente
das relações de produção que compõem essa base econômica.” (p. 143).
Seria a partir desta compreensão que o autor reconheceria a
exterioridade e representação da língua. Para este autor, nesta
reprodução das relações de produção a formação ideológica acontece
inconscientemente, ou seja, ocorre na “interpelação ou assujeitamento”
59
11
As informações apresentadas neste item foram coletadas nas seguintes fontes: a) Trabalho de
Conclusão de Curso, intitulado Assentamento Dom José Gomes: uma história de luta,
organização, e conquista (CHAGAS, 2009); b) PDA - Plano de Desenvolvimento do
Assentamento Dom José Gomes, Chapecó – Santa Catarina (COOPERATIVA DOS
TRABALHADORES DA REFORMA AGRÁRIA DE SANTA CATARINA, 2009), cuja
elaboração foi feira por uma equipe multidisciplinar coordenada pela Cooperativa dos
Trabalhadores da Reforma Agrária de Santa Catarina (COOPTRASC); c) informações obtidas
através de diálogos com assentados e lideranças, durante o percurso de pesquisa.
61
12
Dom José Gomes foi um bispo católico da Diocese de Chapecó. Embora natural de Erechim,
no Rio Grande do Sul, conhecia todo o extremo-oeste catarinense, estando à frente de muitos
trabalhos ligados às questões sociais. Dom José, assim chamado pelos fiéis, acompanhou e
organizou grupos de resistência na luta pela liberdade durante todo o período da Ditadura
Militar no Brasil. Em tempos de ditadura e lutas populares, o bispo foi presidente nacional da
Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão da Conferência Nacional dos Bispos de Brasil
(CNBB) (UCZAI, 2002).
62
Assentamento
13
Fala coletada em setembro de 2013.
66
14
Cabe esclarecer que os lotes estão divididos em três núcleos de 10 famílias e mais um lote
para a família do antigo caseiro da Fazenda Seringa, atual Assentamento. Área média das
parcelas são: três lotes de 40,0 hectares de áreas de cultivo e 14,1692 hectares de pastagens.
Total de área média por família é de 5,4169 hectares.
15
No sentido de pessoas que não pertencem ao núcleo familiar original, ou seja, que não
possuem nenhum grau de parentesco, mas que com este residem.
69
Função
Identificação da Faixa Desde que período é
Gênero Escolaridade Profissão Religião desenvolvida
liderança Etária liderança no MST
liderança
Liderança nacional
Maria Feminino 55 anos 4ª Primário Agricultora Católica 1984
do MST
16
O MASTER surge no Estado do Rio Grande do Sul, entre 1960 e 1964. Iniciativa de algumas
lideranças ligadas ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que lutavam pela reforma agrária.
(POLI, 2008).
75
17
Para maiores esclarecimentos e aprofundamento ver Costa (2002) e Gohn (2011).
18
O surgimento do latifúndio no Brasil, uma das bases da estrutura de produção colonial, não
está relacionada apenas à exigência de produção em larga escala, geradora dos lucros com a
exportação, mas também a determinados fatores históricos. Compreende-se por latifúndio,
grande extensão de terras, utilização de farta mão-de-obra, técnica precária e baixa
produtividade. O latifúndio é a grande propriedade, predominante no Brasil ainda nos dias de
hoje (CHIAVENATO, 1998).
19
Para maiores esclarecimentos, ver estudos do sociólogo Inácio Werner.
76
20
Revolução Verde foi um pacote tecnológico composto de sementes melhoradas,
mecanização, insumos químicos e biológicos que prometia viabilizar a modernização de
qualquer país, acelerando a produção agrícola através de sua padronização em bases
industriais. Implantado na agricultura norte-americana desde a década de 30. Esse modelo foi
parcialmente aplicado no mundo inteiro (MARTINE; BESKOW, 1987, p. 20).
77
21
Para esta revisão nos valeremos especialmente das reflexões de Maria da Glória Gohn (1999;
2000; 2003; 2006; 2012) e Ilse Scherer-Warren (1984; 1993;1996; 2005; 2012).
78
22
Dados disponíveis em: <http://reforma-agraria-no-brail.info/>. Acesso em: 08 jun. 2015.
90
23
Palestra ocorrida na UNOCHAPECÓ, no dia 11 dez. 2013.
91
24
Ciclo de debates dos 51 anos da Ditadura Militar, atividade desenvolvida pelo Centro
Acadêmico de Ciências Sociais da UFFS, pela Diocese de Chapecó e por movimentos sociais.
25
O filme Batismo de Sangue (2007) é inspirado no livro homônimo escrito por Frei Betto. O
enredo conta a história dos frades dominicanos Oswaldo, Tito, Fernando, Ivo e Betto. A
trajetória marca o final da década de 1960, em que os frades, auxiliaram a ALN (Ação
Libertadora Nacional), liderada pelo guerrilheiro Carlos Marighella “[...] um dos principais
líderes da resistência armada contra os militares que tomaram o poder no Brasil a partir de
1964, com o Golpe Militar.”. Dirigido por Helvécio Ratton, o filme chama a atenção porque
mostra a face mais cruel da Ditadura no Brasil: a tortura institucionalizada pelos aparelhos
repressivos, que vitimou milhares de pessoas e deixou marcas irreparáveis. Dados disponíveis
em: <http://www.academiabrasileiradecinema.com.br> Acesso em: 05 maio 2015.
93
26
Dados obtidos por meio do filme Batismo de Sangue.
95
27
A reflexão realizada pela autora sobre os motivos de não ter ocorrido a reforma agrária são
interpretações de textos observados nas cartilhas de formação de base do MST: “Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra: Lutas e Conquistas da Reforma Agrária: Por justiça
Social e Soberania Popular”, (2010); e “Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra:
Programa Agrário do MST – Lutar! Construir a Reforma Agrária Popular”, (2014).
98
28
Para o entendimento do conceito de contra hegemonia, é preciso considerar que todo
processo hegemônico produz outro contra hegemônico no interior do qual são elaboradas
formas econômicas, políticas e morais alternativas (SANTOS, 2002).
99
29
Fala coletada no vídeo intitulado “As conversas do mundo”, do Projeto Alice, dirigido por
Boaventura de Souza Santos no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
101
30
São responsáveis pela execução da Proposta Pedagógica nas Escolas Itinerantes:
“Representantes dos MST: a Direção Estadual, as Direções do Ensino Acampamentos, as
Equipes de Educação dos Acampamentos e o Setor de Educação; e pela Secretaria Estadual de
Educação: a Divisão do Ensino Fundamental, Departamento Pedagógico, assessorada pela
Comissão Interinstitucional de Educação nos Acampamentos e Assentamentos”.
(MOVIMENTOS DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA, 1998, p. 15).
109
31
A utilização deste conceito caracteriza a função social designada ao processo de
alfabetização almejada pelo Movimento. O letramento exige ir além da alfabetização funcional
(denominação dada às pessoas que foram alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da escrita).
Para Soares (1998), letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um
contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno.
110
32
“Cultura Popular é todo processo de democratização da cultura que visa neutralizar o
distanciamento, o desnível anormal e antinatural entre as duas culturas através da abertura a
todos os homens [...]. Fazer, Cultura Popular, portanto, é democratizar a cultura.” (MACIEL,
1963, p. 143-144).
114
33
Alguns pensadores e pesquisadores da Educação Popular: Freire (1974; 1985; 1987), Paludo
(2001), Caldart (2012), Fávero (2006), Peixoto (2007) e Gadotti (2007).
115
34
A atividade foi realizada na cidade de Chapecó, em parceria com Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), Centro de Pesquisa para
Agricultura Familiar (CEPAF); Centro de Treinamento de Chapecó (CETREC) e Atividades
Não Agrícolas e Auto Abastecimento (ANAA).
121
35
Dados coletados com auxílio de gravação de áudio e diário de campo, durante realização do
encontro.
36
Idem.
125
37
O documentário do diretor Silvio Tendler trata do consumo excessivo de agrotóxicos no
mundo, principalmente na mesa dos brasileiros. O enredo apresenta alternativas viáveis de
produção de alimentos saudáveis, que respeitam a natureza, os trabalhadores rurais e os
consumidores.
126
38
Todos os dados apresentados foram coletados com auxílio de diário de campo e gravação de
áudio das apresentações, durante a realização do evento.
39
O Grupo Gestor do Arroz Agroecológico é composto por coordenadores, técnicos e
representantes das famílias assentadas na região metropolitana de Porto Alegre.
127
40
O Grupo Costurando Sonhos é resultado de um projeto encaminhado ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), que contou com a liberação do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf Mulher), em que nove assentadas foram
associadas a fim de desenvolverem oficinas de corte e costura, no Assentamento Dom José
Gomes.
131
43
Informações disponíveis em: <http://www.mst.org.br/content/curiosidades-sobre-bandeira-
do-mst>. Acesso em: 09 abr. 2014.
138
ACAMPAMENTO ASSENTAMENTO
- “Tudo mundo opinava. [...] Quando - “Hoje é decisão coletiva ainda. Que
a liderança chegava pra propor nem assim, vai ter uma formação pra
alguma coisa, todo mundo falava e aprender fazer chinelos, todo mundo
tinha que chegar a um consenso. Não faz a votação, que a maioria querer, a
era colocado uma coisa louca lá, sem atividade acontece.” (Assentada
antes ter um fundamento, né.” Dandara).
(Assentado João). - “Teve momentos que era mais
- “Iam nos barraco e chamavam todo intenso, mas ainda acontece. A direção
mundo.” (Assentada Ana). organiza ainda atividades com outros
- “[...] no início se intensifica muito os parceiros.” (Assentado Ulisses).
momentos de formação política. - “Hoje em dia, eu diria que ainda tem,
Faziam reuniões e definia todo mundo com menos frequência, mais ainda
junto.” (Assentada Olga). acontece. Mas isso porque as famílias
- “[...] no começo de tudo era para estão saindo do Assentamento pra
organicidade do grupo.” (Assentado trabalhar e daí acaba não indo todos,
Carlos). vai um só pra representar.” (Assentada
- No início era mais organização pra Isabel).
nós pressionar a decisão do INCRA, - “Hoje tem mais formação prática
dos governos, né. Aí a gente tinha a mesmo. Nós temos os técnicos que
reunião pra definir as datas e os trazem o curso, aí a gente junta um
chamados de luta, pra ir pras grupo e participa.” (Assentada Joana).
marchas.” (Assentada Helena).
- “Então, a gente sempre estava na
base. E assim, o pessoal estava tudo
num mesmo espaço, ficava mais fácil
pra mobilizar. Eu lembro que nós
tinha uma pá que ficava escorada num
tronco de uma árvore bem no meio e
quando alguém queria convocar uma
assembleia, ou uma reunião, batia
aquela pá na árvore e todo mundo
vinha. Era o nosso chamado.”
(Assentada Isabel).
Fonte: elaboração da autora. * Os nomes utilizados são fictícios.
44
Disponível em: <http://www.mst.org.br/2015/02/19/para-mst-2015-sera-o-ano-da-formacao-
politica.html)>. Acesso em: 23 fev. 2015.
181
tanto um ato político, quanto um ato político é educativo.” (p. 19). Não é
possível negar, de um lado, a politicidade da educação e, de outro, a
educabilidade do ato político. Esta reflexão remete aos princípios
pedagógicos que orientam um processo de formação que pretende ser
libertador e emancipatório, como o proposto pelo MST.
Para este autor, “[...] o princípio de toda formação político-
ideológica está no fato de estar com o povo e não simplesmente para ele
e jamais sobre ele” (PELOSO, 2009, p. 18), isso é o que caracteriza a
postura libertadora. Nesta perspectiva, o autor propõe pensar sobre a
relação entre os discursos e as práticas, na medida em que “Não é o
discurso que diz se a prática é válida; é a pratica que diz se o discurso é
válido ou não.” (p. 19).
O depoimento seguinte, da liderança nacional, Maria, revela as
dificuldades encontradas pelo Movimento na construção de um projeto
coletivo mais amplo que possa transformar o modelo econômico e
político vigente, bem como pensar e concretizar esta proposta no âmbito
do próprio MST.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
______. Sem Terra, ONGs e cidadania. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
______. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2011.
______. Origens Sociais dos trabalhadores rurais sem terra. In: VIII
Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra, 16 a 18
de setembro de 2004. Disponível em:
<http://www.ces.uc.pt/lab2004/pdfs/CeliaVendramini.pdf>. Acesso em:
05 jun. 2015.
APÊNDICES
212
213
Local: _________________________________________
Data ____/______/_______.
______________________________________
Assinatura do sujeito de pesquisa
215
Eu, _______________________________________________________
permito que o pesquisador relacionado acima obtenha fotografia e
gravação de voz de minha pessoa para fins de pesquisa científica/
educacional.
Concordo que o material e as informações obtidas relacionadas a
minha pessoa possam ser publicados em aulas, congressos, eventos
científicos, palestras ou periódicos científicos. Porém, minha pessoa não
deve ser identificada, tanto quanto possível, por nome ou qualquer outra
forma.
As gravações de áudio ficarão sob a propriedade do grupo de
pesquisadores pertinentes ao estudo e sob sua guarda.
__________________________________
Assinatura do Sujeito de Pesquisa
216
____________________________________
Ciência do responsável do Assentamento:
____________________________________
Assinatura do pesquisador responsável:
Questões gerais
ANEXOS
222
223
45
Fotos disponibilizadas pela COOPTRASC e CHAGAS (2009).
225
Assembleia – ADJG