Relatório de Intervenções Com Adolescentes (PSICOLOGIA)
Relatório de Intervenções Com Adolescentes (PSICOLOGIA)
Relatório de Intervenções Com Adolescentes (PSICOLOGIA)
PSICOLOGIA
CINTIA KAROLINE FERREIRA DOS SANTOS
EMILY CRISTINA DA SILVA
VINICIUS OCTÁVIO ARGUERE REZENDE
MICAELLA SILVA MUNIZ LOPES DE MENEZES
LEONARDO DE LIMA ZÓIA
RELATÓRIO DE PESQUISA
SÃO CARLOS
2023
RELATÓRIO DE PESQUISA
RESUMO
Introdução
A saúde mental e física na adolescência são pontuados por quatro problemas recorrente de
fácil desenvolvimento, a falta de atividade física, necessidade de sono em quantidade
adequada, transtornos de alimentação e abuso de drogas; estes fatores podem ser
desenvolvidos a partir de outra série de negligências ao indivíduo, relações familiares
negligentes, padrões corporais e comportamentais, baixo rendimento acadêmico, necessidade
e consumo atrelado ao fácil acesso à indução ao consumismo através de mídias e redes
sociais. As consequências ao adolescente contam com transtornos mentais, principalmente
ansiedade generalizada e depressão; maior risco de diabetes e obesidade pela baixa atividade
física e transtorno alimentar compulsório; irritabilidade; transtornos de atenção; baixa
motivação e alterações comportamentais, além do distúrbio de sono, distorção de imagem
podendo levar à bulimia e anorexia.
Segundo Kurt Lewin, somos seres naturalmente grupais, desde o nascimento estamos
inseridos em um grupo e conforme o crescimento somos inseridos em outros, o segundo
grupo citado por Lewin é o grupo escolar, entramos nesse grupo no início da infância e
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Para Lewin, o indivíduo nasce sem habilidades sociais, mas desenvolve e treina elas a
partir do convívio com o outro e de vivências ao decorrer da vida, uma das primeiras
habilidades sociais citada por Kurt é a comunicação, a comunicação é considerada uma “via
de mão dupla” a partir do entendimento básico de que a comunicação é composta por dois
elementos simples: fala e escuta. Porém, a comunicação é composta também por outros
elementos, existindo assim a comunicação verbal e a não verbal, a comunicação não verbal é
a primeira a ser utilizada a partir do nascimento e durante a vida seguimos utilizando-a.
Durante o trabalho desenvolvido com o grupo, será possível observar atos da adolescência e
de relações humanas grupais.
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Os estilos parentais, termo proposto por Diana Baumrind (1966), propôs a existência de
três modelos parentais distintos: o autoritário, o permissivo e o autoritativo. O comportamento
autoritário se caracteriza por ser extremamente rígido e com punições, e por conta disso tende
a prejudicar a relação familiar. O receio de ser transparente com os pais pode levar o
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Citando Piaget novamente, a fase operatório formal elaborada pelo próprio referente a
esse período, diz que o adolescente tende a formar opinião sobre a sociedade e sua relação
com o indivíduo, por conta disso suas opiniões tendem a ser críticas e repleto de um caráter
transformativo. Isso se interliga com as discussões sobre bullying que tivemos, onde os
participantes afirmaram considerar totalmente razoável a reação de excluir e aplicar um mau
tratamento se o comportamento de um sujeito não se adequar ao que o grupo achar correto. É
característico dessa fase que os adolescentes se envolvam em questões sociopolíticas, de fato
elas tendem a ser as mais engajadas em assuntos sobre intolerância e preconceito,
relacionando-se com problemáticas atuais com a ideia de que podem revolucionar o mundo.
No entanto, ao se posicionar, levando em consideração todo o contexto complexo que os
atravessam como a maturação do cérebro e mudanças hormonais intensas, ao temperamento e
a fatores ambientais, fazem com que esses posicionamentos não sejam realizados de forma
assertiva, mas muitas vezes agressivas e imutáveis.
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Planejamentos de intervenção
Planejamento 1
Dinâmica de apresentação: Fazer um crachá.
Fazer um crachá.
Adaptação
O grupo pretende realizar essa dinâmica entregando crachás com espaços predeterminados
para que coloquem as informações e para definirem a adolescência em uma palavra, logo após
os participantes preencherem os crachás, será embaralhado e sorteado de volta aos mesmos,
fazendo com que eles se apresentem como a pessoa inscrita no crachá, não terá o segmento da
conversa entre os sorteados, pois já existia uma convivência entre os participantes.
Como se sentiram apresentando outra pessoa como se fosse você; como se sentiram
apresentados por outra pessoa;
Dinâmica de aprendizagem: Minha história (relacionar adolescência na geração dos pais e dos
filhos)
Minha História
Palestra interativa com o tema "A família hoje", na qual enfatizamos as novas formas
familiares, o cotidiano, o relacionamento do casal, a paternidade e a maternidade
contemporânea e a adolescência. Os participantes ofereceram depoimentos e observações,
articulando as informações com suas vidas. Auxiliando a discussão com conceitos e dados de
pesquisas sobre o tema. Ao contar suas histórias, as pessoas recordaram suas experiências
como adolescentes e refletiram sobre seu papel de pais e mães, o que as aflige nessa mudança
de lugar, em uma época que a família mudou tanto.
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Adaptação
Trazer a palestra interativa com o mesmo tema, "A família hoje", articulando entre os
participantes a diferença entre a infância, adolescência e início da vida adulta. Comparar a
adolescência atual com a de seus pais e trazer temas direcionados sobre o ato de
amadurecimento e o envelhecimento que os cercam e esperam. Perguntar quais são os pontos
positivos e negativos da adolescência equiparando com outras fases da vida.
Planejamento 2
Ao iniciar a dinâmica será orientado a separação dos seguintes materiais, uma folha de
papel e uma caneta ou lápis. Depois da separação deste material, um dos coordenadores irá
pedir um voluntário. É importante que se não houver alguém que se disponha que os
coordenadores salientem que não será uma atividade difícil. Após o voluntário ser escolhido
um coordenador vai conversar em particular com ele passando as instruções:
- Apresentar a imagem para o participante; explicar que ele terá que ditar esse desenho
para a turma. O desenho deve ser mantido em segredo e não se deve mostrar aos outros
participantes; A explicação deve ser feita por partes e o voluntário vai repetir duas vezes e
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somente duas como cada parte deve ser feita. Ele também não deve responder nenhuma
pergunta dos seus colegas.
Outro coordenador irá apresentar as regras para a sala; o voluntário dará as informações
do que deve ser feito e irá repetir; após a repetição eles deverão fazer o que foi dito pelo
colega, sem fazer perguntas a qualquer pessoa.
Após o desenho ser feito por completo, será mostrado o desenho original para todos
verem.
- O que eles perceberam; por que acham que o resultado foi diferente; como se sentiram
durante a execução.
A dinâmica se inicia com cada integrante do grupo recebendo uma bexiga; será indicado o
enchimento de seu balão e a orientação de que se deve imaginar que este representa seus
valores éticos e morais, suas crenças individuais e a representação do seu caráter. Após isto os
alunos deverão andar pela sala mantendo o próprio balão no ar; também será avisado que não
tem problema ele cair; em seguida os participantes devem voltar aos seus lugares segurando
um balão e deverá ser repassado a próxima etapa, semelhante a etapa anterior; os participantes
devem manter os balões no ar independente se é o seu ou não. Ao finalizar esta parte,
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acontecerá a entrega de um palito para cada um e haverá somente a orientação de que cada um
proteja o seu balão. Depois de alguns minutos o coordenador irá encerrar a dinâmica.
Em conclusão haverá uma conversa sobre quais foram as orientações, qual foi o
movimento do grupo diante delas, o que foi percebido durante a execução, os sentimentos
sentidos e o motivo de agirem de uma forma; também haverá um debate sobre como se
comunicar de forma assertiva e não violenta. Tendo em vista que em grande parte das
discussões sobre o bullying, os motivos são desentendimentos entre grupos que têm diferentes
níveis de poder dentro de um espaço, atrelado a preconceitos com orientação sexual, religião,
peso corporal, condições econômicas ou raça.
Planejamento 3
Nesta dinâmica todos os participantes ficarão em pé, em círculo (voltados para dentro), de
mãos dadas. O coordenador dará a seguinte orientação: “Vocês devem ficar de costas para o
círculo, sem soltar as mãos e nem ficar com os braços cruzados. Durante as tentativas não
podem passar por cima dos braços”.
Solução: Um dos participantes deverá passar por baixo das mãos e seu colega à direita,
sendo que o grupo acompanhará, até que o círculo seja formado.
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Objetivo: Observar como os participantes lidam com situações problemas, como será a
comunicação entre eles, tendo em vista a dinâmica da semana anterior, e se irão trabalhar em
grupo, incluindo todos os participantes.
A dinâmica propõe a leitura e discussão do texto, “a águia que (quase) virou galinha”, em
subgrupos. Posteriormente, solicitar que cada subgrupo monte uma dramatização do que
compreendeu. Em seguida será feito comentários e os coordenadores irão efetuar o
processamento, com uma referência à construção deles, ou seja, vivencia-se o papel para,
posteriormente, compreender como é a formação do ser social e como nos tornamos sociais.
Além disso, o texto revela características de nossas conservas culturais sobre crença,
limitações e visão sobre um contexto, gerando uma mobilização dos alunos para uma
reflexão.
“O tempo está chegando quando o homem não mais lançará a flecha do seu desejo para
além de si mesmo e a corda do seu arco se esquecerá de como vibrar... O tempo está chegando
quando o homem não mais dará à luz uma estrela. O tempo do mais desprezível dos
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homens… (Nietzsche)
E foi aprendendo sobre o jeito galináceo de ser, de pensar, de ciscar a terra, de comer
milho, de dormir em poleiros...
Como não havia ninguém que lhe falasse destas coisas, e todas as galinhas cacarejassem
os mesmos catecismos, ela acabou por acreditar que ela não passava de uma galinha com
perturbação hormonal, tudo grande demais, aquele bico curvo, sinal de acromegalia, e
desejava muito que o seu cocô tivesse o mesmo cheiro certo do cocô das galinhas...
Um dia apareceu por lá um homem que vivera nas montanhas e vira o voo orgulhoso das
águias.
'Este é o meu lugar', ela respondeu. 'Todo mundo sabe que galinhas vivem em galinheiros,
comem milho, ciscam o chão, botam ovos e finalmente viram canja: nada se perde, utilidade
total...'
'De jeito nenhum. Águia voa alto. Eu nem sequer voar sei. Pra dizer a verdade, nem quero.
A altura me dá vertigens. É mais seguro ir andando, passo a passo...'
E não houve argumento que mudasse a cabeça da águia esquecida. Até que o homem, não
aguentando mais ver aquela coisa triste, uma águia transformada em galinha, agarrou a águia
à força, e a levou até o alto da montanha. A pobre águia começou a cacarejar de terror, mas o
homem não teve compaixão: jogou-a no vazio do abismo. Foi então que o pavor, misturado à
memória que ainda moravam em seu corpo, fez as asas baterem, a princípio em pânico, mas
pouco a pouco, com tranquila dignidade, até se abrirem confiantes, reconhecendo aquele
espaço imenso que lhe fora roubado. E ela finalmente compreendeu que o seu nome não era
galinha, mas águia…
O grupo será dividido em duplas, escolhidas pelos coordenadores, cada dupla irá escolher
um papel (um é condutor e o outro é o conduzido; o que será conduzido deverá permanecer de
olhos fechados e o que vai conduzir não poderá se comunicar verbalmente). Serão colocados
obstáculos na sala de aula e o condutor deve guiar o outro, fazendo com que este não tropece
ou se machuque; posteriormente os papéis serão trocados. Ao encerrar, será iniciada uma
conversa sobre como se sentiram.
O objetivo desta dinâmica é avaliar como o grupo expressa as suas emoções e trabalhar a
confiança deles.
Após o fechamento pediremos um feedback dos participantes sobre quais dinâmicas mais
se identificaram e qual a razão de as escolherem, também será solicitado um feedback sobre
os temas abordados.
Relatórios de intervenção
Relatório 1
O encontro teve duração de 1h30, com início às 7:30 e término às 9:00, sendo
desenvolvidas duas dinâmicas neste período. O grupo foi constituído por 16 participantes,
havendo interesse de todos os alunos presentes. As funções de coordenadores foram
desenvolvidas por Emily e Vinicius, a de observadora por Cintia e a de auxiliares por
Leonardo e Micaella.
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Ao chegarmos na instituição já havia uma sala separada e os alunos nos esperaram dentro
dela; houve pequenas dificuldades em fazê-los ficarem quietos e prestarem atenção. Após
uma rápida apresentação contendo nomes, faculdade, motivo de estarmos lá e objetivos,
fizemos combinados básicos de convivência, especificamos o que faríamos no dia e que havia
a escolha de participar ou somente observar; em seguida demos início à primeira dinâmica.
Para demonstrar aos participantes como seria a dinâmica os instrutores fizeram os seus
crachás com as mesmas orientações e em seguida sortearam entre si, de maneira que não
pegassem os próprios crachás, e apresentaram a pessoa que havia pegado como se fosse ele
mesmo e no final quem foi apresentado se identificou para que o grupo pudesse reconhecê-lo.
Os adolescentes fizeram o mesmo e, posteriormente, foi possível observar que todos os
presentes eram alunos do terceiro ano do colegial, na faixa etária de 16 a 18 anos.
Esta dinâmica teve como objetivo levantar assuntos considerados importantes para os
participantes e também observar o desenvolvimento humano na adolescência.
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A palestra se iniciou com a pergunta “quando você percebeu que não era mais criança?”
Alguns participantes relataram que não tiveram essa percepção de início da adolescência e fim
da infância, enquanto outros relataram que a percepção veio através das responsabilidades
com as suas famílias, principalmente financeira.
Quando questionados sobre quando começa a vida adulta, as respostas giraram em torno
de sustentar uma casa, ter um emprego e iniciar uma faculdade, durante a discussão alguns
participantes disseram que já se sentem “meio adultos” por terem responsabilidades iguais às
de seus pais. Ao entrar no assunto pais, perguntamos se eles sentem que a adolescência atual é
diferente ou parecida com a de seus pais; todos dizem que é diferente, é relatado que a criação
dos responsáveis foi oposta da que receberam e a religião não teve tanto peso quanto para os
pais, ainda abordando a convivência com os responsáveis os integrantes demonstram que
sentem uma falta de interesse dos pais em participar ou saber de suas vivências e não tem um
apoio emocional da parte deles, porém, ao questionarmos se mudariam alguma coisa na sua
própria criação, tivemos somente respostas dizendo que não. Os integrantes do grupo também
declaram que se sentem mais confortáveis em compartilhar conversas sobre o cotidiano,
sexualidade e incômodos com pares e entram em uma breve discussão se há ou não influência
dos pares em suas vidas.
nada a acrescentar até o momento, nos deixamos a disposição para conversas em particular e
foi registrado uma foto ao fim do encontro.
Foi possível observar que os alunos se dividiram em dois grupos dentro de suas próprias
interações e quando questionados, eles afirmaram que isso ocorre em aulas no cotidiano e em
qualquer outro tipo de interação, uma parte do grupo se mostrou mais quieta e retraída mesmo
com estímulo de falas. Houve dificuldades de comunicação durante a execução das duas
dinâmicas, conversas paralelas e interpretação errônea por falta de atenção foram recorrentes.
Para o grupo executante, com a experiência foi perceptível os pontos a serem melhorados
em nossa comunicação e no preparo de dinâmicas futuras. Percebemos que há algumas áreas
que precisam ser aprimoradas em relação à coordenação dos grupos, tais como comunicação
clara e assertiva e organização na transmissão das dinâmicas para o grupo. Acreditamos que é
fundamental trabalhar nesses pontos para garantir uma melhor execução das próximas
atividades. Além disso, é necessário enfatizar a importância da empatia e comunicação entre
os membros do grupo para promover um ambiente colaborativo e respeitoso. Portanto, nos
próximos encontros implementamos medidas para melhorar a comunicação e o trabalho em
equipe, e dinâmicas específicas, a fim de aprimorar essas habilidades.
Relatório 2
O encontro teve duração de 1h30, com início às 7:30 e término às 9:00; duas dinâmicas
foram desenvolvidas neste período. Tivemos a presença de 12 alunos; na primeira dinâmica
somente 9 participaram e na segunda dinâmica todos participaram. O grupo iniciou com uma
dificuldade maior de atenção e conversas paralelas; eles estavam em um dia de trote
estudantil. Após três tentativas de acalmá-los, conseguimos dar início a uma breve
apresentação de nomes dos coordenadores e observadores, dando início às dinâmicas. As
funções de coordenadores foram desenvolvidas por Emily, Micaella e Cintia; as funções de
observadores foram desenvolvidas por Leonardo e Vinicius.
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Para iniciar a dinâmica fizemos o pedido de que separassem uma folha e um lápis ou
caneta, para a próxima parte explicamos que era preciso um voluntário, houve um receio entre
eles, mas após reforçarmos que não seria difícil e era importante um voluntário, o presidente
do clube se dispôs a ajudar. Foi passado as informações para o voluntário de que ele deveria
descrever a imagem da forma que achava ser a correta, sem mostrar aos demais participantes,
falando uma vez e em seguida repetindo, enfatizamos que seria somente essas duas vezes e
assim ele poderia partir para a próxima descrição. Após o entendimento completo do
voluntário, explicamos as regras para os participantes, repassamos que o aluno iria descrever,
repetir somente duas vezes e eles iriam fazer o que foi pedido, também frisamos a importância
de não fazer perguntas e prestar atenção. A dinâmica iniciou e uma das primeiras
manifestações após a primeira descrição foram perguntas direcionadas ao voluntário;
cortamos as perguntas e relembramos que não podiam fazê-las; o voluntário retornou à
explicação e mais perguntas foram feitas; explicamos novamente que não era para fazer
perguntas e assim conseguiram continuar com a dinâmica. Foi perceptível a dificuldade de
entendimento do grupo, porém ao encerrar a dinâmica e mostrar qual era o desenho que havia
sido ditado, os participantes notaram que ninguém acertou. Ao iniciar as perguntas sobre o
porquê de eles não terem acertado e como eles poderiam ter chegado mais perto do pedido,
eles apontaram que o erro estava na descrição do voluntário.
Passamos a explicação que a comunicação é uma “via de mão dupla”, que o entendimento
está no que o outro nos comunica, no nosso entendimento e na atenção que dedicamos para
entender; descrevemos qual foi o comportamento deles de desatenção durante a explicação e
isso também levou a fazerem o que foi descrito pelo voluntário antes do tempo, tentar copiar
do colega ao lado e fazerem perguntas; repassamos a importância da comunicação no
momento atual da vida deles, mas também para as futuras profissões e, até mesmo, que isso
afeta a vida pessoal. Mesmo após toda a explicação, notamos que poucos alunos prestavam
atenção e faziam silêncio, não demonstrando muito interesse pela dinâmica.
Nesta intervenção foi possível observar que a influência de pares é constante em grupos
de adolescentes. Apesar da maioria ter discordado no encontro anterior que havia uma
influência de amigos e colegas, notamos que o comportamento deles é facilmente afetado
pelos pares; quando um colega distrai o grupo com conversa paralela não há relutância de
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participar e quando um colega chama a atenção dos demais por não fazer silêncio eles
também não relutam em fazer o que foi pedido. Os adolescentes têm uma facilidade maior em
respeitar pedidos do próprio grupo que está ali com eles no cotidiano do que em pessoas de
fora e com idades diferentes da deles. O grupo condutor notou que é preciso melhorar nas
formas de manter a atenção dos participantes, em como recitar as regras quando elas forem
descumpridas, ter uma direção e objetivo maior durante as falas e orientações.
Relatório 3
O encontro teve duração de 1h30, com início às 7:30 e término às 9:00; três dinâmicas
foram desenvolvidas neste período. Tivemos a presença de 9 alunos, contando com a
participação de todos em todas as dinâmicas.
Iniciamos a intervenção explicando aos alunos que na primeira dinâmica eles utilizariam o
corpo e o espaço ao redor deles. Orientamos que eles se levantassem e fossem ao centro da
sala, a partir disso o seguinte passo foi para formarem círculo e darem as mãos (fechando este
ciclo), apesar da leve agitação eles seguiram o que foi orientado sem precisar de repetições,
após isso foi passada a seguinte orientação: “Vocês devem ficar de costas para o círculo, sem
soltar as mãos e nem ficar com os braços cruzados. Durante as tentativas não podem passar
por cima dos braços ou conversar entre si”. Mesmo com a orientação para não se
comunicarem, os alunos continuaram conversando, reforçamos o pedido e diminuiu, porém,
não completamente. Notamos que ao instruir a não comunicação os participantes tiveram
dificuldades de interagir entre eles, tentando resolver de forma individual; ao liberar a
comunicação eles hesitaram e não sabiam como se comunicar, passado um tempo em silêncio,
os participantes começaram a conversar e buscaram formas de resolver. Como tempo foi
perceptível a animação diminuindo e a frustração se espalhando, alguns alunos pararam de
tentar e diziam ter desistido enquanto outros alunos permaneceram tentando, movimentando
somente uma parte do círculo; após o período de dez minutos, para não atrapalhar o
desenvolvimento das próximas dinâmicas, ocorreu a intervenção de um coordenador
apresentando a solução ao grupo, eles tentaram novamente e conseguiram.
Ao encerrar a dinâmica, abrimos uma roda de conversa sobre o que eles notaram, como se
sentiram e o objetivo da atividade; os participantes relataram que eles se sentiram frustrados
por não conseguirem chegar à solução, disseram que a comunicação foi importante e
contribuiu para as tentativas, segundo eles faltou dicas dos coordenadores, porém observaram
que deveriam ter escutado mais uns aos outros e que se tivessem conversado mais entre eles,
ouvindo todos os alunos, teriam chegado a solução sozinhos.
Visando a separação dos participantes em dois grupos, reunimos todos e fizemos uma
divisão de três subgrupos contendo três pessoas, escolhemos quem complementaria os
subgrupos e instruímos que eles se reunissem em carteiras, distribuímos o texto “a águia que
(quase) virou galinha” para cada grupo e orientamos a leitura juntamente com a solicitação de
que eles deveriam montar uma dramatização do que foi compreendido. Ao terminar a leitura e
o planejamento de qual seria a dramatização, o grupo 3 se demonstrou relutante na atividade,
o grupo 2 estava com dificuldades de interação (havendo interferência de participantes do
grupo 3 diretamente com alguns participantes do grupo 2) e o grupo 1 interagiu e solucionou
de forma rápida. No momento de dramatizar apenas o grupo 1 se dispôs a iniciar, os grupos
seguintes relutaram um pouco, mas fizeram e demonstraram divertimento durante a realização
da atividade. Notamos o movimento de repetição entre os alunos, seguindo o que foi feito
pelo primeiro grupo apresentado, sem modificação alguma.
que em cada dupla haveria um cego e um mudo e no trio haveria dois cegos e um mudo o
objetivo era que o mudo conduzisse o cego, zelando pelo seu bem estar; ao retornar para a
sala de aula os participantes com papel de cego já estavam de olhos fechados, orientamos que
eles deveriam andar pela sala e reforçamos a ideia de que o mudo não deveria falar, os alunos
demonstraram divertimento e animação durante a execução da dinâmica, ao pedir para
pararem e inverter os papéis tivemos algumas reações de espanto, mas seguiram com a
atividade sem complicações ou interferência dos coordenadores.
Para encerrar o encontro fizemos outra roda de conversa, inicialmente conversamos sobre
os sentimentos e entendimento da dinâmica; os alunos relataram que foi difícil estar em
ambos os papéis e não estavam esperando que ocorresse a inversão de papel, mas ao
perguntar qual impactou mais o grupo concordou entre si que foi insegurança ao ser guiado
pelo colega; citaram a responsabilidade que foi guiar alguém e estar responsável por essa
pessoa; explicaram que a falta de intimidade deixou mais difícil o processo de confiança;
alguns admitiram que em alguns momentos abriram os olhos e que a falta de comunicação era
difícil, pois ela facilitava o processo. Esclarecemos que o objetivo da dinâmica era observar
como eles se relacionavam entre si, o aprendizado de confiar no outro e como eles lidavam
com responsabilidades.
Explicamos que todas as dinâmicas utilizadas nos encontros que tivemos estavam
interligadas, relembramos eles do primeiro encontro e quais pontos eles destacaram e quais
percebemos que precisava ser trabalhado com eles (comunicação, relação de pares, relação
com os pais, preconceitos, integração da sala, empatia) a partir da dinâmica “minha história”,
citamos para eles que trabalhamos a comunicação, preconceito e relações de pares no segundo
encontro e nesse último encontro foi trabalhado a integração de sala, empatia,
relacionamentos e a comunicação. Os participantes demonstraram entendimento e disseram
sentir efeitos principalmente na comunicação e no relacionamento entre eles, perguntamos o
que eles mais gostaram de fazer e citaram a dinâmica do crachá (dinâmica de apresentação
realizada no primeiro encontro), do balão (dinâmica de aprendizagem realizada no segundo
encontro) e a do círculo (dinâmica de aquecimento realizada no terceiro encontro).
Resultados e Discussões
No decurso das dinâmicas era esperado que, baseado nos estudos de Piaget sobre a fase
operatório formal, houvesse um comprometimento e a tentativa de uma resolução lógica a
cada desafio imposto pelas dinâmicas, visando entender o objetivo proposto de cada uma.
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Esse comportamento era esperado por conta da capacidade de raciocinar logicamente sobre
coisas abstratas adquirida por essa fase, tendo o poder de manipular ideias complexas. Porém,
foi observado que os participantes se mostraram pouco interessados nas dinâmicas
inicialmente, se empenhando pouco para concluir o que era proposto. Este comportamento
teve destaque maior na segunda semana de intervenção.
Conclusão
intervenção foi possível para o grupo identificar falhas de comunicação e restabelecer laços,
além de uma grande reflexão sobre o ambiente familiar.
Como todo desenvolvimento, esse não foi linear, e apresentamos retrocessos até que
conseguíssemos aprender com as falhas. O grupo permitiu a construção de um ambiente
favorável à discussão de opiniões divergentes e o estabelecimento da colocação assertiva
entre os participantes. Nós, os coordenadores e observadores, durante todo o processo de
planejamento, discussão e aplicação das dinâmicas, adquirimos novas habilidades sociais
como a liderança, ao manter o grupo na direção correta, mantendo o monitoramento e dando
feedbacks, além de aprender a realizar um planejamento bem elaborado, estar prontos para os
imprevistos na execução, exercitando a flexibilidade e a criatividade nas aplicações.
Por fim, ressaltamos a importância de todo o processo para ambos os lados, partindo do
princípio de que não somos os mesmos do início do processo, cabendo a psicologia a
estabelecer contatos entre os adolescentes e os profissionais da saúde mental com fim de
entender melhor as angústias e elaborar soluções para melhorar a qualidade de vida.
Referências Bibliográficas
BESEN, Brani. Os estilos parentais e o desenvolvimento das crianças: “Aquilo com que
nascemos é substancialmente modificável; aquilo que recebemos quando somos criados…
Isso sim é bem mais difícil de mudar.” (MUNCHING; KATZ). SECCIONAL DA GRANDE
FLORIANÓPOLIS, [s. l.], 21 maio 2014. Disponível em:
https://escoladepaisgrandefloripa.org.br/os-estilos-parentais-e-o-desenvolvimento-das-
criancas/. Acesso em: 9 maio 2023.
PAPALIA, Diane E. et al. Desenvolvimento Humano. 12. ed. rev. [S. l.]: AMGH EDITORA
LTDA, 2013. 793 p. v. 12. Acesso em: 11 de maio 2023