Tema 1 - Ferramentas de Analise de Circuitos
Tema 1 - Ferramentas de Analise de Circuitos
Tema 1 - Ferramentas de Analise de Circuitos
História de Electrónica
Define-se Electrónica como sendo a ciência que estuda o controle de energia eléctrica, utilizando
sistemas eléctricos de baixas correntes e que tem como componentes principais os
semicondutores.
A electrónica divide-se em duas áreas, nomeadamente Electrónica Analógica e Electrónica
Digital.
A Electrónica Analógica estuda o processamento de sinais analógicos, isto é, sinais que podem
assumir valores infinitos de amplitude ao longo do tempo.
A Electrónica Digital estuda o processamento de sinais digitais que são sinais que podem assumir
valores predeterminados de amplitude ao longo do tempo.
As unidades das grandezas acima referidas podem ser muito maiores ou muito menores,
dependendo do tipo da grandeza a ser expressa. Para o uso racional das mesmas são aplicados
factores de escala, alguns deles representadas na tabela que se segue.
A carga elétrica representa excesso ou défice de cargas num condutor eléctrico. A carga électrica
relaciona-se com os electrões da seguinte maneira:
𝑄' 𝑥𝑄*
𝐹=
4𝜋𝜀+ 𝑟 *
,!
Em que 𝜀+ = 8,854𝑥10&'* -./, chama-se permeabilidade do vácuo.
𝑄
𝐼=
𝑡
Onde I – é a Intensidade da Corrente Eléctrica; Q – é a carga eléctrica e t – é o tempo.
2"
𝑄 = E 𝑖𝑑𝑡
2#
b) Corrente Alternada (AC) – o seu valor varia com o tempo, assumindo alternadamente
valores positivos e negativos.
i(t)
i(t)
i(t)
Como foi visto anteriormente, a corrente eléctrica é a sequência de cargas ou potenciais nos
terminais de um condutor. Esta sequência acontece devido à desigualdade das cargas nos
terminais dos condutores e à essa diferença dá-se o nome de Tensão Eléctrica, que tem a
capacidade de realizar trabalho, podendo se definir então como trabalho necessário para mover
uma carga de um terminal para o outro, ou seja:
𝑊
𝑈34 =
𝑄
Onde 𝑈34 – é a tensão eléctrics entre os pontos a e b; W – trabalho realizado sobre as cargas, Q
– são as cargas movimentadas.
A tensão eléctrica também é denominada queda de tensão porque cada elemento de um circuito
eléctrico diminui a tensão total aplicada nesse mesmo circuito, isto é, há queda de tensão nos
elementos de um circuito eléctrico. Assim:
𝑈34 = 𝑈3 − 𝑈4
Para que a corrente flua permanentemente num circuito eléctrico é necessário que haja um
agente responsável pela manutenção da diferença de potencial entre as extremidades do
circuito, apesar de a corrente tender a eliminar essa diferença. A esse elemento responsável pela
manutenção da diferença de potencial entre as extremidades de um circuito eléctrico chama-se
Força Electromotriz (f.e.m) que na verdade é uma diferença de potencial que funciona como uma
“bomba de electrões”. Então pode se concluir que:
𝑊(𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜)
𝑄𝑢𝑒𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 𝑈 =
𝑄
+ +
+
U=E
E
-
-
a) b)
I I I
+
E E E -
a) b) c)
Gerador Electroquímico (pilha)
Forma geral
1.2.4.4. Sentido da queda de tensão
I R
𝑈 = 𝑅. 𝐼
Onde R é a constante de proporcionalidade, chamada RESISTÊNCIA.
Neste caso, está-se perante uma nova grandeza chamada condutância, cuja relação com a
resistência é:
1
𝑅=
𝐺
A unidade da Condutância é Siemens (S).
A lei de OHM pode ser expressa através das 3 diferentes expressões que se seguem:
! !
𝑈 = 𝑅. 𝐼 ; 𝐼 = ; 𝑅=
" #
A resistência pode ser representada através de dois símbolos, sendo um americano e outro
europeu.
R R
a) Americano b) Europeu
56
Na prática nem sempre a resistência é constante, podendo ser expressa da seguinte forma: 57 =
!
𝑟. Não havendo variação, chega-se a fórmula 𝑅 =
#
que é comumente usada para a
análise.
𝑙
𝑅=𝜌
𝑆
Onde r - é a constante de proporcionalidade chamada Resistividade ou Resistência Específica.
Ω. 𝑚*
𝜌=\ ]
𝑚
Condutância específica:
1 𝑙
𝜌= ⟹𝑅=
𝜘 𝜘. 𝑆
1.3.2. Potência
Sempre que há corrente num material, há queda de tensão expressa por 𝑈 = 𝑅. 𝐼, o que significa
que durante um determinado tempo, t, transfere-se de um extremo para o outro uma
quantidade de carga expressa por 𝑄 = 𝐼. 𝑡. O trabalho realizado nesse mesmo tempo
considerado, por definição é:
𝑊 = 𝑈. 𝑄
𝑊
𝑃=
𝑡
Substituindo o trabalho pela sua expressão tem-se que”
𝑈. 𝑄
𝑃= ⟹ 𝑃 = 𝑈. 𝐼
𝑡
um Watt define-se como a potência dissipada num condutor que é percorrido por uma corrente
de intensidade 1A sob a tensão de de 1V.
Daí que:
𝑃 = 𝐼* 𝑅
Ou ainda:
!
Se 𝐼 =
"
, então:
𝑈
𝑃 = 𝑈.
𝑅
Daí que:
𝑈*
𝑃=
𝑅
1.3.3. Energia
A quantidade de energia fornecida a um circuito é igual ao trabalho executado por esse circuito
é representa-se por:
𝑊 = 𝐴 = 𝑈. 𝐼. 𝑡 = 𝑃. 𝑡
1𝐽 = 1𝑊. 𝑠
Na prática a energia mede-se por KWH que corresponde a energia dissipada durante uma hora
pela potência constante de 1KW. Isto porque 1W.s é o valor muito pequeno de energia que não
se utilizaria para absolutamente nada.
SEBENTA DE ELECTRÓNICA BÁSICA - 2022 ENGº ARLINDO MONDLANE 13
58
Se a corrente não for constante, ou seja, se se expressar por 𝑖 = 52
, tem-se que:
2! 2!
𝑤 = E 𝑝𝑑𝑡 = E 𝑈𝑖𝑑𝑡
2" 2"
Resultando em:
𝑃' = 𝑃 + 𝑃*
Rendimento
𝑃* 𝑃*
𝜂= 𝑜𝑢 𝜂 =
𝑃' 𝑃* + 𝑃
Quando uma corrente I circula num condutor de resistência R, liberta-se calor no condutor, isto
é, há transformação de energia elétrica em energia térmica (calorífica).
𝑊 = 𝑃. 𝑡 = 𝑅𝐼 * 𝑡
A fórmula acima chama-se expressão matemática do Efeito Joule.
a) Nó – é o ponto onde três ou mais elementos têm uma conexão comum. As figuras a baixo
ilustram nós em circuitos eléctricos.
Nó 1
Nó 1
R1 R1
R2 R3 R4 R2 R3 R4
E E
Nó 2
Nó 2
a) Circuito de dois nós b) Circuito de dois nós
R2 E2
Nó 1 Nó 3
Ramo
R1
R4 R4
R3
E1
R6
Ramo
Nó 2
A tensão eléctrica nos terminais de um circuito é a diferença de potencial que existe entre os
terminais desse ramo.
Exemplo: Seja um ramo composta apenas por uma resistência, como indicado na figura abaixo.
a I R b
Uab
𝜑3 = 𝜑4 + 𝐼𝑅
Assim, a diferença do potencial entre os pontos a e b, por definição é:
𝜑3 − 𝜑4 = 𝑈34
Desenvolvendo a expressão do potencial do terminal a, tem-se que:
𝜑3 − 𝜑4 = 𝐼𝑅
Ou seja:
SEBENTA DE ELECTRÓNICA BÁSICA - 2022 ENGº ARLINDO MONDLANE 16
𝑈34 = 𝐼𝑅
Este foi o caso em que o ramo tem apenas um elemento conversor. Seja um ramo composto por
fontes e cargas, como ilustrado no circuito abaixo.
a I R b c
Uac
𝜑4 = 𝜑9 ± 𝐸
Para o outro ramo, isto e, da parte a à b tem-se que:
𝜑3 = 𝜑4 + 𝐼𝑅
Note-se que b é comum para os dois ramos, assim, substituindo 𝜑4 pelo seu valor obtêm-se:
𝜑3 = 𝜑9 + 𝐼𝑅 ± 𝐸
𝜑3 − 𝜑9 = 𝐼𝑅 ± 𝐸
𝑈39 ∓ 𝐸
𝐼=
𝑅
“A soma das correntes que entram num nó e igual à soma das correntes que saem desse mesmo
nó”.
O enunciado matemático da 1ª lei de Kirchhoff é:
“A soma algébrica das correntes de um nó é igual a zero”.
I6
;
I1
j 𝐼: = 0
'
I2 I5
I4
I3
Exemplo: Seja um nó com correntes entrando e outros saindo, como ilustrado na figura acima. O
procedimento para definir a expressão do nó é:
§ Definir o sentido das correntes e convencionar que as correntes que entram no nó têm
sinal positivo e as que saem têm sinal negativo. Assim, a expressão do nó será:
“A tensão aplicada (f.e.m) a um circuito fechado é igual à soma das quedas de tensão nesse
mesmo circuito”.
; /
j 𝑢7 (𝑡) = j 𝑒@ (𝑡)
' '
j 𝑈A = 0
'
I2
R1
R2
E1 I1
a
c
R6
I3
I5
R3
R5
E3
R4 d
e I4
I1
R1 I2 R2
I3
E1 E2
I R3 II
III
Analisando o circuito acima vê-se que possui dois nós concorrentes, isto é, as correntes que
caracterizam um nó são as mesmas que caracterizam o outro nó. Assim, basta considerar apenas
um nó. Em termos de malhas, o circuito apresenta um total de 3 malhas cujos sentidos escolhidos
estão indicados pelas cores azul, verde e vermelho. As equações do nó e das malhas serão:
Equação do nó:
𝐼' + 𝐼* + 𝐼< = 0
SEBENTA DE ELECTRÓNICA BÁSICA - 2022 ENGº ARLINDO MONDLANE 20
Equação das Malhas:
Malha 1: 𝐸' = 𝐼' 𝑅' − 𝐼< 𝑅<
Malha 2: −𝐸* = 𝐼< 𝑅< − 𝐼* 𝑅*
Malha 3: 𝐸' − 𝐸* = 𝐼' 𝑅' − 𝐼* 𝑅*
U U
Ri = 0 Ri = 0
E E
Ri ≠ 0
I I
a) b)
Ri
E
U
𝑈 = 𝐸 − 𝐼. 𝑅7
Considerando a existência da carga, o circuito fica:
SEBENTA DE ELECTRÓNICA BÁSICA - 2022 ENGº ARLINDO MONDLANE 22
a
Ri
Rc U=I.Rc
E
𝐸
𝐸 = 𝐼𝑅7 + 𝐼𝑅9 ⟹ 𝐼 =
𝑅7 + 𝑅9
Considerando que a tensão nas juntas a e b é U, e é a queda de tensão na fonte ou na resistência
de carga, tem-se que:
𝑅9
𝑈=𝐸
𝑅7 + 𝑅9
Desta expressão, vários casos podem ser analisados, nomeadamente:
a) Curto – Circuito
Neste caso a resistência de carga é igual a zero.
𝐸
Ri 𝐼99 =
𝑅9
Icc
𝑈=0
E
Onde 𝐼99 – é corrente de curo circuito.
b b) Funcionamento em vazio
𝑈 = 𝑈6 = 𝐸
Ri
Uv
𝐼=0
E
𝑈6 – Tensão em vazio
b
c) Adapatação
O circuito considera-se adapatação se a resistência interna da fonte for igual à resistência
da carga.
a
Ri
U Para 𝑅9 = 𝑅7 , tem-se que:
Rc 𝐸 𝑈6
𝑈= =
E 2 2
𝐸 𝐸 𝐼99
𝐼= = =
2𝑅7 2𝑅9 2
b
As expressões do circuito da fonte real com carga podem produzir a seguinte relação de
potências:
𝑃9 = 𝐼 * 𝑅9
Substituindo a expressão da corrente tem -se:
𝐸* 𝑈*
𝑃9 = 𝑅 =
(𝑅7 + 𝑅9 )* 9 𝑅9
SEBENTA DE ELECTRÓNICA BÁSICA - 2022 ENGº ARLINDO MONDLANE 24
A expressão acima é a de potência útil do circuito, pois é a que se desenvolve na resistência de
carga.
𝑃7 = 𝐼 * 𝑅7
𝐸*
𝑃7 = 𝑅
(𝑅7 + 𝑅9 )* 7
𝐸* 𝐸*
𝑃2 = (𝑅 + 𝑅 ) =
(𝑅7 + 𝑅9 )* 7 9
𝑅7 + 𝑅9
𝐸*
𝑃2 = 𝑃7 + 𝑃9 =
𝑅7 + 𝑅9
2.1.3. Rendimento
𝑃9 𝑅9 1
𝜂= = =
𝑃2 𝑅7 + 𝑅9 1 + 𝑅7
𝑅 9
Com 𝑅9 = 𝑅7 :
E
$ G H
𝜂 = E FE = 0,5; G&
= 0,5; H$$
= 0,5
% $
R1 R2 Rn
... I
U Req
U1 U2 Un
𝑈' + 𝑈* + ⋯ + 𝑈; = 𝑈
Substituindo pelas respectivas expressões:
E3
R4 R3
Eeq Req
R5
E1 E2
R1 R2
/ ;
𝐸B8 = j 𝐸@ 𝑒 𝑅B8 = j 𝑅7
@ 7
O conjunto de resistências ligadas em série chama-se divisor de tensão porque pode-se obter
uma tensão nos terminais de cada resistência que é fracção da tensão total aplicada.
R1 U1
E
U
R2 U2
𝑈 𝑈' 𝑈* 𝑈' + 𝑈*
𝐼= = = =
𝑅' + 𝑅* 𝑅' 𝑅* 𝑅' + 𝑅*
“A razão das resistências é igual à razão das tensões das tensões sobre estas resistências” – este
enunciado é a regra de divisores de tensão.
Assim:
𝑅' 𝑅*
𝑈' = 𝑈 𝑈* = 𝑈
𝑅' + 𝑅* 𝑅' + 𝑅*
𝑅' 𝑅'
𝑈' = 𝑈 =𝑈
𝑅' + 𝑅* +. . . +𝑅; ∑ 𝑅7
Ou
𝑅7
𝑈7 = 𝑈
∑ 𝑅7
Do mesmo modo
I3
It I1 I2
It
U R1 R2 R3 U Req
𝐼2 = 𝐼' + 𝐼* + 𝐼<
Expressando as correntes em cada resistência através da tensão na respectiva resistência, tem-
se que:
𝑈' 𝑈* 𝑈<
𝐼' = ; 𝐼* = ; 𝐼< =
𝑅' 𝑅* 𝑅<
𝑈' 𝑈* 𝑈*
𝐼2 = + +
𝑅' 𝑅* 𝑅<
No circuito equivalente, a corrente total é:
𝑈
𝐼2 =
𝑅B8
𝑈 𝑈' 𝑈* 𝑈*
= + +
𝑅B8 𝑅' 𝑅* 𝑅<
Observando o circuito original vê-se a tensão total é igual a tensão em cada uma das resistências:
𝑈 = 𝑈' = 𝑈* = 𝑈<
Assim:
𝑈 1 1 1
= 𝑈o + + p
𝑅B8 𝑅' 𝑅* 𝑅<
1 1 1 1
= + +
𝑅B8 𝑅' 𝑅* 𝑅<
Em termos de condutância pode se escrever que:
1 1 1 1
= + + ⋯+
𝑅B8 𝑅' 𝑅* 𝑅;
𝐺B8 = 𝐺' + 𝐺* + ⋯ + 𝐺;
Numa associação em paralelo, a corrente total é dividida pelas resistências que compõem a
associação, sendo que a corrente em cada ramo é uma fracção da corrente total. Por isso, a
ligação em paralelo é chamada também de divisor de corrente.
Para análise, seja um circuito ilustrado na figura abaixo:
Rn
R1 R2
...
Analisando o circuito:
𝑈 = 𝑈' = 𝑈* = ⋯ = 𝑈;
Assim:
𝐼2 𝑅B8 = 𝐼* 𝑅* 𝑜𝑢 𝐼' 𝑅' = 𝐼* 𝑅* 𝑜𝑢 𝐼* 𝑅* = 𝐼; 𝑅;
Resulta que:
𝐼2 𝑅B8 𝐼' 𝐺'
𝐼* = ; =
𝑅* 𝐼* 𝐺*
𝐼2 𝑅B8
𝐼; =
𝑅;
Exemplo:
Duas resistências ligadas em paralelo, 𝑅' 𝑒 𝑅* , através de uma fonte, drenam uma corrente
total de 1.8A. A resistência 𝑅* dissipa duas vezes mais a potência que 𝑅' . Quais são os valores
das resistências?
E
R1 R2
Dados:
𝐸 = 120𝑉; 𝐼2 = 1.8𝐴; 𝑃* = 2 𝑃' ; 𝑅' −? 𝑒 𝑅* −?
Então:
𝑈*
𝑃* = 2
𝑅'
Ou ainda:
𝑈* 𝑈* 1 2
=2 ⟹ = ⟹ 𝑅' = 2𝑅*
𝑅* 𝑅' 𝑅* 𝑅'
Ainda do Circuito pode se dizer que:
𝑅' 𝑅* 2𝑅* 𝑅* 2𝑅* < 2 3 3 𝐸
𝑅B8 = = = ⟹ 𝑅B8 = 𝑅* ⟹ 𝑅* = 𝑅B8 = 𝑥
𝑅' + 𝑅* 2𝑅* + 𝑅* 3𝑅* 3 2 2 𝐼2
3 120
𝑅* = 𝑥 = 100Ω
2 1.8
SEBENTA DE ELECTRÓNICA BÁSICA - 2022 ENGº ARLINDO MONDLANE 32
𝑅' = 2𝑥100 = 200Ω
Nem sempre as resistências estão ligadas de modo a se aplicar directamente o cálculo das
resistências equivalentes em série ou em paralelo. Para isso, há necessidade de se fazer
transformação estrela – triângulo ou vice-versa, de modo a se encontrar as ligações comuns (em
série ou em paralelo). Para o efeito usam-se as seguintes fórmulas:
R1
a b
Rb
Ra
R3 R2
Rc
𝑅3 𝑅4 + 𝑅4 𝑅9 + 𝑅9 𝑅3 𝑅3 𝑅4 + 𝑅4 𝑅9 + 𝑅9 𝑅3 𝑅3 𝑅4 + 𝑅4 𝑅9 + 𝑅9 𝑅3
𝑅' = ; 𝑅* = ; 𝑅< =
𝑅9 𝑅3 𝑅4
De uma forma geral, analisar um circuito que contem uma ou mais fontes e duas ou mais junções
consiste em determinar o número de equações simultâneas, correspondentes ao número de
variáveis que que se pretende calcular, onde essas variáveis são as correntes que fluem em cada
ramo.
O algoritmo de análise pelas leis de Kirchhoff é o seguinte:
1. Determinar o número de nós e ramos no circuito.
2. Marcar o sentido das fontes de tensão por meio de setas
3. Escolher arbitrariamente os sentidos das correntes nos ramos
4. Marcar as malhas independentes e escolher arbitrariamente o sentido de circulação da
corrente nessas malhas.
5. Escrever o sistema de equações composto por:
a) Número de equações obtidas através da primeira lei de Kirchhoff (Lei de Nós)
b) Número de equações obtidas através da segunda lei de Kirchhoff (Lei de Malhas)
6. Resolver o sistema de equações obtido no ponto 5.
Exemplo:
Seja um circuito abaixo representado na figura com os seguintes valores: 𝑅' = 𝑅* = 𝑅< =
1Ω; 𝐸' = 3𝑉 𝑒 𝐸* = 4.5𝑉, determinar as correntes que fluem em cada uma das resistências.
III
R1 R2
I2
I1
I3
I R3 II
E1 E2
Solução:
a) Determinação do número de nós:
Nó:
𝐼' + 𝐼* − 𝐼< = 0
Malhas:
I: 𝐸' = 𝐼' 𝑅' + 𝐼< 𝑅<
II: 𝐸* = 𝐼* 𝑅* + 𝐼< 𝑅<
g) Substituir os valores e resolver o sistema de equações composto.
Num circuito em que existem apenas geradores de tensão, as trocas de energia entre esses
geradores e os elementos resistivos são regidos pela fórmula:
j II * R I = j E/ . I/
Em outras palavras, a energia fornecida ao circuito deve ser igual à energia dissipada no mesmo
circuito.
Note-se que se a corrente e a fonte tiverem o mesmo sentido a energia entra na equação com
sinal positivo, caso contrário, a fonte vai absorver energia e entra na equação com sinal negativo.
j II * R I = j E/ . I/ + j U34 . IA
Exemplo:
Para o circuito do exemplo anterior, fazer o balanção de potências.
Solução
O teorema de superposição num circuito eléctrico preconiza que se um circuito tiver mais do que
uma fonte, a tensão ou corrente nos componentes é devida a influência de cada uma das fontes,
podendo se obter somando algebricamente a tensão e/ou corrente resultantes de cada uma das
fontes, quando as outras estiverem isoladas. N
Note-se que o teorema de superposição ocorre quando os componentes forem lineares, isto é,
quando respeitarem a lei de Ohm.
Exemplo:
Usando o teorema de superposição, determine os valores das correntes nas resistências do
R1 R2 circuito a baixo com os
I2 seguintes valores: 𝑅' =
I1
I3 𝑅* = 𝑅< = 1Ω; 𝐸' =
R3
E1 E2 3𝑉 𝑒 𝐸* = 4.5𝑉
a) Calcula-se as correntes nas resistências (com outra designação) produzidas pela fonte 1,
quando a fonte 2 estiver eliminada. Por exemplo:
R1 R2
IB
IA
IC
R3
E1
𝑅* 𝑅< 1𝑥1
𝑅B8 = 𝑅' + =1+ = 1,5Ω
𝑅* + 𝑅< 1+1
𝐸' 3
𝐼K = = = 2𝐴
𝑅B8 1,5
A Tensão nos nós de circuito pode se calcular de várias formas, dentre elas, considerar que é a
queda de tensão nas resistências 2 e 3 que estão em paralelo. Assim:
𝑈*< = 𝐼K 𝑅*< = 2𝑥0,5 = 1𝑉
Com esta tensão é possível calcular as correntes nas resistências 2 e 3 da seguinte forma:
𝑈*< 1 𝑈*< 1
𝐼L = = = 1𝐴; 𝐼, = = = 1𝐴
𝑅* 1 𝑅< 1
Dar os sinais às correntes em função dos sentidos da fonte:
𝐼K = 2𝐴; 𝐼L = −1𝐴; 𝐼, = 1𝐴
R1 R2
Iy
Ix
Iz
R3
E2
𝐸* 4,5
𝐼M = = = 3𝐴
𝑅B8 1,5
A Tensão nos nós de circuito pode se calcular de várias formas, dentre elas, considerar que é a
queda de tensão nas resistências 2 e 3 que estão em paralelo. Assim:
Os circuitos eléctricos podem ser analisados considerando suas malhas independentes umas das
outras. Duas malhas são independentes se tiverem pelo menos um ramo não comum entre elas.
No caso de malhas independentes a análise procede-se da seguinte forma:
1. Definir uma corrente para cada uma das malhas
2. Definir arbitrariamente o percurso das malhas
3. O sentido da corrente da malha deve coincidir com o percurso da malha
4. Determinar o sistema de equações das correntes das malhas e resolvê-lo. Note que se um
elemento é comum para as duas malhas, na equação as correntes dessas malhas devem
ser reflectidas no elemento.
5. Calcular as correntes dos ramos como sendo a soma algébrica das correntes das malhas
que passam por esse ramo.
Exemplo:
Usando o método de malhas independentes, determine os valores das correntes nas resistências
do circuito a baixo com os seguintes valores: 𝑅' = 𝑅* = 𝑅< = 1Ω; 𝐸' = 3𝑉 𝑒 𝐸* = 4.5𝑉
R1 R2
I2
I1
I3
IA
R3 IB
E1 E2
A seguir resolve-se o sistema de equações composto pelas equações das duas malhas:
Para 𝐼< : A resistência 𝑅< é atravessada pelas duas correntes das malhas independentes no
mesmo sentido, o que significa que:
a a
+ +
RTH
Rede linear UTH Rede linear Rede externa
- b - b
a) b)
RTH
a
+
UTH
Rede externa
-
c)
+
E R2
-
R1 a
R2
Dos pontos a e b, vê-se que as resistências estão em paralelo. Assim a resistência equivalente
Thevenin será:
𝑅' 𝑅* 4𝑥6
𝑅OP = = = 2,4Ω
𝑅' + 𝑅* 4 + 6
+
E R2 UTH
-
b
a) Pelo método de divisor de tensão:
𝑅* 6
𝑈OP = 𝐸 = 10𝑥 = 6𝑉
𝑅' + 𝑅* 4+6
b) Pelas leis de Kirchhoff e Ohm
𝐸 10
𝐸 = 𝐼(𝑅' + 𝑅* ) ⟹ 𝐼 = = = 1𝐴
𝑅' + 𝑅* 4 + 6
𝑈* = 𝑅* 𝐼 = 6𝑥1 = 6𝑉
𝑈* = 𝑈OP = 6𝑉
UTH = 6V
Exemplo 2:
R1 a RTH a
+ UTH
E R2 RL Ou RL
-
b b
𝑈OP 6
𝐼= = = 1𝐴
𝑅OP + 𝑅Q 2,4 + 3,6
𝑅* 𝑅Q 6𝑥3,6 21,6
𝑅*Q = = = = 2,25Ω
𝑅* + 𝑅Q 6 + 3,6 9,6
+ a
- b
b
a) Circuito Linear
b) Circuito equivalente Norton
R1 a
+
E R2
-
R1
a
IN
R2
E
Uma vez estando em curto-circuito nos pontos a e b, na resistência 2 não passa corrente. Assim,
a corrente de Norton será:
𝐸 10
𝐼- = = = 2,5𝐴
𝑅' 4
R1 a
R2
Dos pontos a e b, vê-se que as resistências estão em paralelo. Assim a resistência equivalente
Norton será:
SEBENTA DE ELECTRÓNICA BÁSICA - 2022 ENGº ARLINDO MONDLANE 47
𝑅' 𝑅* 4𝑥6
𝑅- = = = 2,4Ω
𝑅' + 𝑅* 4 + 6
RN
IN
𝐼- = 2,5𝐴; 𝑅- = 2,4Ω
Exemplo 2:
Desejando-se se colocar uma resistência carga sobre este circuito, pode se utilizar o
circuito original ou o equivalente Norton, os resultados serão os mesmos, ou seja, a
corrente na resistência de carga será a mesma. Seja a resistência de carga de 3, 6 Ohms.
R1 a a
RN RL
ou IN
R2 RL
E
b
b
b) Circuito equivalente Norton
a) Circuito original com resistência com resistência de carga
de carga
𝑈34 3,6
𝐼= = = 1𝐴
𝑅Q 3,6
𝑅* 𝑅Q 6𝑥3,6 21,6
𝑅*Q = = = = 2,25Ω
𝑅* + 𝑅Q 6 + 3,6 9,6
𝑈*Q 3,6
𝐼= = = 1𝐴
𝑅Q 3,6
Exemplo 3:
Para o circuito abaixo, determinar o seu equivalente Norton, visto dos pontos a e b, considerando
os seguintes valores: 𝐼 = 2𝐴; 𝐸 = 12𝑉; 𝑅' = 4Ω; 𝑅* = 8Ω 𝑒 𝑅< = 5Ω .
R1
I R3
Solução.
R2 a
R1
IN
I1
I R3
𝐼' = 𝐼 = 2𝐴
20
𝐼- = = 1,67𝐴
12
SEBENTA DE ELECTRÓNICA BÁSICA - 2022 ENGº ARLINDO MONDLANE 50
Para o cálculo da resistência equivalente de Norton, abre-se a fonte de corrente e curto circuita-
se a fonte de tensão.
R2 a R2 a
R1 R1
R3 R3
b b
RN
IN
𝐼- = 1,67𝐴; 𝑅- = 3,53Ω