A Pesquisa em Ensino de Física e A Sala de Aula 2 Hoje
A Pesquisa em Ensino de Física e A Sala de Aula 2 Hoje
A Pesquisa em Ensino de Física e A Sala de Aula 2 Hoje
Fábio L. A. Pena1
Aurino Ribeiro Filho2
1
Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia - CEFET-BA/Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia
e História das Ciências (UFBA, UEFS) ♦ , fabiopena@cefetba.br
2
Instituto de Física (UFBA)/Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA,
UEFS), ribfilho@ufba.br
Resumo
Abstract
INTRODUÇÃO
♣
Perspectiva de levar à sala de aula as informações baseadas em resultados de pesquisa em Ensino de Física.
♠
Perspective of taking to the classroom the pieces of information basead on the results in Physics Teaching’s
research.
♦
Universidade Federal da Bahia, Universidade Estadual de Feira de Santana.
1
Antes disso, na década de sessenta do século XX, o PSSC (Physical Science Study Commitee) foi o projeto
estrangeiro (Norte-Americano) de ensino de Física de grande repercussão no Brasil (PENA e FREIRE JR, 2003).
alternativas, logo após o período dos projetos curriculares nacionais 2 para o ensino de Física na
escola média, período classificado como paradigma dos projetos (MOREIRA, 2000). Para o
referido autor, o motivo da passagem relativamente efêmera deste paradigma 3 parece que foi a
falta de uma concepção de aprendizagem destes projetos, ou seja, eles foram muito claros em
dizer como se deveria ensinar a Física (experimentos, demonstrações, História da Física,...), mas
pouco ou nada disseram sobre como aprendê-la. Segundo o mesmo autor, a pesquisa sobre como
aprender Física (a questão da aprendizagem) nos levou a outro paradigma, o da pesquisa em
Ensino de Física, consolidado na década de oitenta, do século XX, com as investigações sobre
mudança conceitual e em pleno vigor com um grande número de trabalhos e pesquisas bastante
diversificados, no final do citado século, incluindo as linhas temáticas de pesquisa: concepções
espontâneas, mudança conceitual, resolução de problemas, representações mentais dos alunos e
formação inicial e permanente de professores. Nesta retrospectiva, sobre o ensino de Física, em
escola de nível médio, são também mencionadas as linhas “Física do cotidiano”, “Equipamento
de baixo custo”, “Ciência, Tecnologia e Sociedade”, História e Filosofia da Ciência e,
recentemente 4 , “Física Contemporânea” e “Novas Tecnologias”.
Ainda na década de setenta do mesmo século, surgiram o Simpósio Nacional de Ensino
de Física – SNEF, 1970; a Revista Brasileira de Física 5 – RBF, 1971 (até 1982 com a seção
Ensino – Teaching); as primeiras dissertações e teses em Ensino de Física no Brasil, 1972; e a
Revista de Ensino de Física 6 ,1979, hoje (desde 1992), Revista Brasileira de Ensino de Física -
RBEF, que se tornou um dos grandes veículos de divulgação e de publicação de trabalhos
científicos e didáticos relativos ao Ensino de Física, até então, não havia uma revista brasileira
especializada nesta área (PENA e FREIRE JR, 2003). Nos anos oitenta, do século passado,
surgiram o Caderno Catarinense de Ensino de Física 7 , 1984, hoje (desde 2002), Caderno
Brasileiro de Ensino de Física - CBEF – que também se tornou um dos grandes desaguadores e
referência para a pesquisa em Ensino de Física no Brasil – e, em 1986, o Encontro de Pesquisa
em Ensino de Física – EPEF. Mais tarde, a partir da década de noventa do século XX, surgiram a
Revista Ciência & Educação 8 , 1995; Revista Investigações em Ensino de Ciências 9 , 1996; o
Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – ENPEC, 1997; Revista Ensaio –
Pesquisa em Educação em Ciências 10 , 1999; a Física na Escola 11 - FnE, 2000; Revista Brasileira
de Pesquisa em Educação em Ciências - RBPEC 12 , 2001. Periódicos e referido evento que,
juntamente com os SNEFs, RBEF, CBEF e EPEFs, vêm sendo os principais disseminadores dos
resultados da pesquisa em Ensino de Ciências no Brasil.
2
Projeto de Ensino de Física – PEF (IFUSP), Física Auto-Instrutiva – FAI (Grupo de Estudos em Tecnologia de
Ensino de Física – GETEF, USP) e Projeto Brasileiro para o Ensino de Física – PBEF (Fundação Brasileira para o
Desenvolvimento do Ensino de Ciências – FUNBEC).
3
Conforme Megid e Pacheco (2004), projetos como: Física – PSSC, PEF, PBEF, FAI, IPS (Introductory Physical
Science), que pretenderam sanar as deficiências do ensino de Física, mostraram-se inviáveis à realidade educacional
(inadequação ao sistema educacional brasileiro) àquela época - inclusive os nacionais - praticamente desapareceram
de circulação e uso. Após alguns anos de utilização pouca ou nenhuma difusão foi constatada na rede escolar, a não
ser na rede escolar paulista, onde tiveram maior repercussão e difusão.
4
Trabalho apresentado na mesa redonda “Retrospectiva e Perspectiva de Ensino e Pesquisa” integrante do seminário
“Ciências Exatas no Brasil: Retrospectiva, Perspectiva de Ensino, Pesquisa e Fomento”, Universidade de Brasília, 9
e 10 de novembro de 1999.
5
Publicação da Sociedade Brasileira de Física – SBF.
6
Publicação da Sociedade Brasileira de Física – SBF.
7
Publicação do Departamento de Física da UFSC.
8
Publicação do Curso de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, UNESP/Bauru.
9
Editada com o apoio do Instituto de Física da UFRGS.
10
Publicação do Centro de Ensino de Ciências e Matemática da UFMG.
11
Publicação da Sociedade Brasileira de Física – SBF.
12
Publicação da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências - ABRAPEC, Bauru - SP
Apesar do grande avanço da pesquisa acadêmica sobre Ensino de Física no Brasil, no
sentido da compreensão dos problemas relativos ao ensino dessa Ciência, e da existência de
mecanismos de formação e de divulgação (periódicos, eventos, dissertações, teses, programas de
pós-graduação, Sociedades científicas, comitê específico da área na CAPES 13 , linhas temáticas,
publicações, projetos, grupos de pesquisa, etc), ainda há pouca aplicação desses resultados em
sala de aula. Isto pode ser observado no trabalho de Megid e Pacheco (2004) no qual mencionam
que não basta simplesmente transferir os resultados de pesquisa para o professor da escola de
Ensinos Médio e Fundamental, é preciso que o professor circunstancie e transforme tais
resultados frente a sua realidade escolar, à realidade de seus alunos, às suas convicções
metodológicas, políticas e ideológicas, às suas idiossincrasias, caso não tenha participado
efetivamente da produção e análise desses resultados. Questão já sinalizada no relato de Nardi et
al. (1994) referente à V Conferência Interamericana em Educação em Física, quando contam que
dentre os problemas identificados pelo grupo de trabalho (dos dez participantes, quatro eram do
Brasil) sobre a pesquisa em Ensino de Física e a formação de professores de Física estão: a
ausência de resultados da investigação em Ensino de Física, falta de avaliação de sua efetividade
e impacto e, com relação à participação em outros eventos de melhoria dos docentes em alguns
países se realizam encontros periódicos (simpósios, congressos...) onde os professores de Física
de Ensino Médio têm contato com os pesquisadores em Ensino de Física e os resultados de
pesquisa, entretanto, não se tem conhecimento de seu impacto na atuação do professor em sala
de aula.
Mortimer (1996) revela que um tipo de problema que vem sendo apontado nas estratégias
de ensino construtivista é a dificuldade na preparação de professores para atuar segundo essa
perspectiva, e que a aplicação dessas estratégias em sala de aula tem resultado numa relação de
custo-benefício altamente desfavorável, gastando-se muito tempo com poucos conceitos, e
muitas vezes não resultando na construção de conceitos científicos, mas na reafirmação do senso
comum. Vale ressaltar também o trabalho de Carvalho e Vannuchi (1996) em que chamam a
atenção sobre a assimetria encontrada entre a significativa incidência de proposições no sentido
do uso da História e Filosofia da Ciência no ensino de Ciências, e o pequeno número de
experiências em sala de aula com essa abordagem.
Para Rosa (1999) parece necessário o desenvolvimento de pesquisas que nos indiquem
que conhecimentos a pesquisa em Ensino de Ciências conseguiu gerar até o momento, e que
podem ser traduzidos na forma de instruções para o ensino das diversas Ciências.
Moreira (2000), por sua vez, alerta que não se pode esperar que a pesquisa em Ensino
de Física aponte soluções milagrosas, ou panacéias, para o ensino em sala de aula, alegando que
boa parte da pesquisa em Ensino de Física é básica e não visa a aplicabilidade imediata em sala
de aula. Já Studart (2001) 14 discute o tema realçando pontos como a definição de critérios que
permitam ao docente avaliar a utilidade e o possível impacto da pesquisa na melhoria da
qualidade do processo de ensino/aprendizagem, a diferença entre pesquisa em Ensino de Física e
a pesquisa em Física, e o preconceito, por parte dos não pesquisadores em Ensino de Física,
contra qualquer mudança substancial no ensino.
Conforme Delizoicov et al. (2002), a disseminação dos resultados entre os pares
pesquisadores tem sido considerada satisfatória, dado o número de congressos, revistas para
publicação e de referências mútuas utilizadas. Para esses autores mesmo levando em conta os
avanços obtidos nas instituições universitárias, onde há grupos de pesquisa em Ensino de
Ciências e cursos de pós-graduação, não obstante reduzidos, e o relativo sucesso alcançado por
algumas iniciativas desses grupos, junto a coletivos de professores, persiste certa perplexidade
diante das dificuldades de aproximação entre pesquisa em Ensino de Ciências e o ensino de
Ciências, ou seja, a apropriação, a reconstrução e o debate sistemático dos resultados de pesquisa
13
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
14
Editorial.
na sala de aula e na prática docente dos professores dos três níveis são sofríveis. Carvalho (2002)
argumenta que as pesquisas sobre a escola e sobre a reflexão dos professores, ao contrário, são
realizadas por mestrandos e doutorandos, visando a produção de conhecimento científico, dentro
dos referenciais definidos pela sociedade científica, e assim a sua divulgação se dá nos
encontros, congressos e simpósios organizados pelas sociedades científicas, e os resultados são
publicados, primeiramente, em atas de congressos, depois de uma revisão, em revistas
especializadas e após algumas modificações são transformados em livros, quase sempre dirigidos
a outros pesquisadores.
Mesmo com a crescente produção da pesquisa em Ensino de Ciências e da ampliação do
número de experiências que incorporam os resultados das pesquisas do campo educacional, tais
resultados ainda encontram resistências à sua aplicação na prática pedagógica, visto que a prática
concreta dos professores na área ainda é marcada por perspectivas tradicionais de ensino e
aprendizagem, seja por motivos políticos e econômicos da própria educação, seja por problemas
na própria formação do professor de Ciências, afirma Marandino (2003).
Grandini e Grandini (2004) advertem que apesar do curso ser de Licenciatura em Física,
grande parte dos formandos segue uma carreira acadêmica de pesquisa em Física Básica ou
aplicada, em detrimento ao Ensino de Física, pois, os docentes em sua maioria trabalham com
pesquisas em áreas puras e aplicadas da Física e poucos pesquisam na área de Ensino de Física, o
que termina contagiando os estudantes. A formação em Física é quase sempre responsabilidade
dos físicos que não fazem pesquisa em Ensino de Física (NARDI et al., 1994).
Segundo Castro (2004), pode–se dizer que todo o imenso esforço de investigação e
experimentação que conduziu às revoluções científicas nos últimos séculos, poucas vezes tem
sido usado na prática escolar.
METODOLOGIA
De acordo com Greca (2002) o pesquisador tem um leque grande de decisões a adotar
no momento de fazer suas escolhas técnicas, cujas decisões, sejam quais forem, devem implicar
na constituição de um sistema coerente, que por sua vez, deve ficar claro para os leitores de sua
pesquisa, isto é: discutir de forma explícita a metodologia utilizada, mostrar a relação entre o
referencial teórico adotado, ou seja, o referencial a partir do qual são formuladas as questões
sobre o objeto de estudo e a metodologia utilizada para dar respostas a essas perguntas, e a
15
Editorial.
16
Encontro, realizado nos dias 11 e 12 de agosto de 2005 na Universidade de Brasília promovido pelo MEC e SBF,
de físicos, educadores e representantes do governo para discutir a situação da educação científica no país, com foco
no ensino de Física.
discussão da fidedignidade e validade tanto dos instrumentos de coleta quanto dos dados e
resultados obtidos. Dentro desta linha e do objetivo do presente trabalho, tomamos como sujeitos
de pesquisa cinco egressos, até 2006, pesquisadores em Ensino de Física, do Programa de Pós-
Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS) 17 , sobre o acesso à
pesquisa em Ensino de Física na formação inicial, a perspectiva da utilização dos resultados de
seus trabalhos de pesquisa em sala de aula, bem como a influência desses trabalhos na sua
prática pedagógica. O que envolveu desde a construção do instrumento de pesquisa (entrevista
semi-estruturada 18 – roteiro de entrevista 19 ), entrevista piloto, análise, reestruturação e ajuste do
instrumento, registro dos dados (gravação, transcrição 20 ) e a análise de conteúdo 21 e discussão
das informações coletadas.
Com base nos referenciais estudados e nos relatos de experiências pedagógicas (Pena
2007), montamos e caracterizamos o instrumento de pesquisa (entrevista semi-estruturada),
entretanto, a partir da entrevista piloto, avaliamos, reestruturamos e/ou ajustamos o referido
instrumento, promovendo algumas modificações e/ou ajustes no roteiro de entrevista.
ALGUNS RESULTADOS
“Bom... eu sou Licenciado aqui pela UFBA pelo Instituto mesmo... desde a
graduação que eu me interessei que eu decidi mesmo... metade do curso mais ou
menos que eu me decidi a fazer Licenciatura mesmo de início e... comecei a fazer
trabalho com pesquisa na área de Física já na Licenciatura também... eu fiz trabalho
em iniciação científica dois trabalhos em iniciação científica... a maioria no Ensino
de Física... trabalhando sempre na área de... Ensino de Física e História e Filosofia da
Ciência (...) ”(Entrevistado 1)
17
O Programa de Pós-Graduação em Ensino, História e Filosofia das Ciências surgiu em 1999 com o curso de
Mestrado (1ª turma), instalando-se oficialmente em 2000 e hoje, desde de 2005, com o curso de Doutorado. Os
cinco egressos submeteram-se a entrevista semi-estruturada cientes de que estavam participando de uma pesquisa.
18
Série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma ordem prevista, mas na qual o entrevistador pode
acrescentar perguntas de esclarecimento (LAVILLE E DIONNE, 1999, p. 186). A entrevista abarcou questões
referentes à perspectiva do uso de seus resultados de pesquisa em sala de aula e a influência na sua prática
pedagógica, bem como o acesso à pesquisa em Ensino de Física na formação inicial.
19
Em anexo.
20
As transcrições foram fiéis às falas, as reticências foram utilizadas para marcar qualquer tipo de pausa, houve
supressão de palavras repetidas, mas não houve substituição de termos e nem correções gramaticais.
21
A idéia de análise de conteúdo a que nos referimos corrobora com a de Laville e Dionne (1999): (...) Parece-nos
mais claro e também mais justo vincularmos mais de perto ao sentido do termo análise, sem, por outra parte,
restringir o termo conteúdo só ao material apresentado sob a forma de documentos escritos (LAVILLE e DIONNE,
1999, p. 225). O trabalho de análise consistiu em identificar nas transcrições das entrevistas as falas dos egressos
quanto a perspectiva do uso de seus resultados de pesquisa em sala de aula e a influência na sua prática pedagógica,
bem como o acesso à pesquisa em Ensino de Física na formação inicial.
“(...) eu tive alguma coisa durante a disciplina de Metodologia com o professor
Felippe e com Cristina 22 ... eu li alguma coisa... algumas tendências de tentar
estruturar o próprio GREF e durante o Mestrado eu... li bastante sobre o “Projeto
Mão na Massa” 23 que era uma coisa bem paralela ao que eu queria fazer (...)”
(Entrevistado 3)
“(...) na minha época também não tinha ainda a Internet pra você chegar e acessar...
você ter as revistas fáceis... você tinha que fazer a assinatura... muitas vezes você
nem sempre você tá com dinheiro pra fazer a assinatura pra comprar então não tinha
contato com as produções que estavam sendo realizadas sobre Ensino de Física... eu
só vim realmente ter mais contato de fato no Mestrado ao fazer o Mestrado por ter
feito esta escolha eu precisei justamente verificar aí fui olhar pegar as revistas de
Física fazer um levantamento pra ver quais as revistas e quando elas discutiam o
problema da Física Moderna (...)” (Entrevistado 4)
“(...) o meu primeiro contato com a pesquisa... foi num projeto de iniciação científica
início da década de noventa e três aproximadamente noventa e quatro... eu era aluno
de Física II do professor Olival Freire Jr 24 que foi quem orientou minha dissertação
de Mestrado... meu amigo... e na época ele me convidou... para inicialmente
analisar... a... conveniência e a viabilidade de introduzir a Mecânica Quântica no
Ensino Médio... essa foi a primeira bolsa... respondendo agora de maneira mais
objetiva a sua pergunta... meu primeiro contato com a pesquisa foi num momento da
vida quando eu ainda era aluno de Engenharia (...) (Entrevistado 5)
“Certo... bom é... ela foi incorporada diretamente porque... é porque já foi feita no
local no âmbito da sala de aula (...) meu trabalho de Mestrado foi focado na natureza
da ciência... da concepção da natureza da ciência... na medida em que... esse tipo de
abordagem histórica você tá influenciando é... na mudança das concepções da
natureza da ciência dos alunos (...)”(Entrevistado 1)
22
Luiz Felippe Perret Serpa (Faculdade de Educação/UFBA) e Maria Cristina Martins (Instituto de Física/UFBA).
23
“ABC na Educação científica – A Mão na Massa” (ABC refere-se à Academia Brasileira de Ciências e à
alfabetização) é um programa baseado na articulação entre a experimentação e o desenvolvimento da expressão oral
e escrita, aplicado a crianças de 5 a 12 anos (SCHIEL, 2007).
24
Professor do Instituto de Física da UFBA e do Programa de Pós-Graduação em Ensino, História e Filosofia das
Ciências (UFBA, UEFS).
conseguirem entender que tipo... material é produzido ele tá dentro de que
historiografia por exemplo... ter uma noção... ele não vai ser um historiador e nem
um filósofo não é essa idéia mas eu acho que ele tem que ter condições mínimas pra
poder ter mais autonomia na hora de trabalhar (...)” (Entrevistado 2)
“(...) eu ensinei por três semestres basicamente dois anos é o período que a gente fica
na condição de professor substituto nesse mesmo tempo aproximadamente foi
quando eu ingressei no Mestrado... ingressei... e... novamente voltei minhas atenções
do ponto de vista da pesquisa para o ensino de Mecânica Quântica... bom nesse o
que... mudou do início da década de noventa... nesse período de noventa e cinco pra
dois mil e sete eu publiquei com o próprio Olival um artigo nos Estados Unidos num
congresso de História da Ciência... nós relatamos... que tinha observado no Colégio
Antônio Vieira... enfim tudo isso me deu um certo amadurecimento pra enfrentar um
problema que eu achei que já era a hora deu enfrentar no Mestrado... qual foi o
problema... que eu me pus a resolver... que estratégia didática poderia para o alunado
do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Antonio Vieira... que tipo de estratégia
poderia facilitar a aprendizagem significativa desse alunado em torno do aspecto
preditivo da Mecânica Clássica e da Mecânica Quântica... ponto de interrogação (...)”
(Entrevistado 5)
“Não... porque aqui na UFBA o que é que acontecia eu estava no Mestrado então eu
estava fazendo pesquisa já era um ambiente que favorecia tá lendo estudando sobre
essas coisas... eu acabava utilizando e os alunos (...)” (Entrevistado 2)
“Eu vim aplicar isso no Estado um pouco e principalmente na Jorge Amado 25 ... na
Jorge Amado realmente meu público... isso que eu elaborei lá foi basicamente em
cima do trabalho que eu fiz na minha tese... na verdade era o meu diferencial era o
espaço que eu tava precisando”. (Entrevistado 3)
“(...) não adianta o que o pessoal está fazendo realmente eu tive acesso eles...
comentam determinadas práticas pra você fazer é... eu realmente... eu cheguei a dar
aulas de Hidrostática toda fazendo experiência mostrando cada passo mas vi que
existia uma improdutividade no que tava sendo feito que eu tinha em sala cinqüenta
alunos e tinha que dar o conteúdo para um exame vestibular então isso acaba
atrapalhando... você consegue é trazer... pois é pra minha aula hoje porque agora eu
estou ensinando o terceiro ano... a minha aula hoje eu trago buscando a História e
não como os livros didáticos apresentam então eu tento mostrar pro aluno que as
coisas são simples quando você aprende ela... o princípio que ela surgiu você quando
vê a coisa pronta parece difícil complicada mas quando você vê do início você se
pergunta como alguns dizem... mas é só isso... foi justamente... falta esta parte... o
livro didático não tem isso e as pessoas levam para a sala de aula o que está no livro
didático... com o Mestrado eu pude sair dessa idéia (...)” (Entrevistado 4)
“(...) se você enquanto pesquisador... não vamos dizer... vamos assim no melhor
sentido da palavra... não se profissionalizar tomando o ensino como objeto de
pesquisa... na minha opinião é... as suas chances de contribuir para o aprendizado do
aluno ficam cada vez mais reduzidas então essa história de dizer que a pesquisa esta
distante... pelo contrário... eu acho quem não está pesquisando... na verdade ele não
tem nem como verdadeiramente se preocupar com o aprendizado do aluno dele né
(...) (Entrevistado 5)
25
Faculdade Jorge Amado, Salvador-BA.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E ALGUMAS CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
26
Editorial (2001).
27
Dos cinco egressos, dois são professores efetivos da UEFS, Entrevistados 1 e 4 (este também do Ensino Médio),
um é professora visitante da UEFS (Entrevistado 2), um é professor da Faculdade Jorge Amado (Salvador-BA) e do
Ensino Médio (Entrevistado 3) e um é professor do Ensino Médio e substituto da UFBA (entrevistado 5).
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ANEXO
Roteiro de Entrevista
Apresentação
Entrevista
1. Você poderia fazer um panorama da sua formação inicial e da sua experiência em sala de
aula (Ensinos Fundamental, Médio e/ou Superior)?
2. Durante a sua formação inicial você teve acesso a algum(uns) resultado(s) da pesquisa em
Ensino de Física?
4. Você utilizou (ou utiliza) algum resultado de sua pesquisa em sala de aula (na sua prática
docente)?