DISSERTAÇÃO Vanessa Gabriela Barbosa de Mendonça-5
DISSERTAÇÃO Vanessa Gabriela Barbosa de Mendonça-5
DISSERTAÇÃO Vanessa Gabriela Barbosa de Mendonça-5
P
P DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
‘
Q
PPEQ - Programa de Pós-Graduação
Orientador: Maurício Alves da Motta Sobrinho
em Engenharia Química
Cidade Universitária- Recife – PE Recife
CEP. 50640-901
Telefax: 0-xx-81- 21267289 2017
VANESSA GABRIELA BARBOSA DE MENDONÇA
Recife
2017
Catalogação na fonte
Bibliotecária: Rosineide Mesquita Gonçalves Luz / CRB4-1361 (BCTG)
_________________________________________________
Prof. Dr. Maurício Alves da Motta Sobrinho/DEQ-UFPE
(Orientador)
_________________________________________________
Profa. Dra. Joelma Morais Ferreira/TEC.SUCROALCOOLEIRA-UFPB
(Coorientadora)
_________________________________________________
Prof. Dr. Flávio Luiz Honorato da Silva/DEQ-UFPB
(Examinador Externo)
_________________________________________________
Prof. Dr. Jorge Vinicius Fernandes Lima Cavalcanti/DEQ-UFPE
(Examinador Externo)
_________________________________________________
Prof. Dr. Mohand Benachour/DEQ-UFPE
(Examinador Interno)
DEDICATÓRIA
Ao meu marido Alexsandro Araújo, pelo companheirismo, pela amizade e pelo amor oferecido.
Aos meus orientadores Prof. Dr. Maurício Motta e Profa. Dra. Joelma Ferreira, pela confiança e
apoio, sem os quais não seria possível concluir a pesquisa.
Aos colegas Romero Assis, Levy Paiva e Josemar Guerra, pela ajuda e pelo tempo dedicado no
esclarecimento das minhas dúvidas.
Os problemas ambientais associados a crise de falta de água tem se tornado cada vez mais
frequentes, e suas consequências são alarmantes. A indústria têxtil é responsável pela geração de
grandes volumes de águas residuais, os quais são muitas vezes lançados nos corpos hídricos sem
tratamento adequado. Além do efeito visual, a presença de corantes têxteis nos efluentes é tóxica
aos seres vivos e aos organismos marinhos, dificultando a penetração da luz solar e interfer indo
na atividade fotossintética. Processos de tratamento por adsorção são aplicados na remoção de
corantes nos efluentes provenientes das industrias do setor têxtil. Pesquisas por novos adsorventes
buscam materiais eficientes. O objetivo desse trabalho consiste em avaliar a remoção do corante
têxtil Indosol Escarlate por adsorção com macroalgas verdes Halimeda opuntia pertencente à
ordem Bryopsidales (Chlorophyta). Inicialmente foi realizado tratamento ácido na alga in natura.
Após permanecer imersa na solução ácida (H2 SO4 concentração 0,5 mol.L-1 ) por 5 minutos, a
biomassa foi lavada e seca em estufa à 60 ºC por 24 horas. As micrografias comprovaram eficácia
do tratamento com ácido, sendo observado maior agrupamento entre as partículas. A análise de
superfície específica e porosidade (BET) evidenciou aumento percentual de 103,92% na área
superficial do material adsorvente após este ser calcinado à temperatura de 1000ºC por 10 horas.
O material adsorvente tratado revelou possuir área superficial grande (127 m².g-1 ) se comparado
com outros organismos. A espécie é amplamente encontrada no litoral de Pernambuco. Estudos
preliminares alcançaram capacidade adsortiva de aproximadamente 22 mg.g-1 ainda nos primeiros
7 minutos de adsorção (CA0 = 50 mg.L-1 ; Volume = 25mL; Massa = 0,05g; 400 rpm, T = 27,8 ºC).
Apesar disso, o estudo do equilíbrio foi realizado em 120 minutos para garantir total
aproveitamento. Os experimentos foram realizados em batelada e os resultados dos planejamentos
fatoriais foram: Todos os efeitos analisados demonstram-se estatisticamente significativos em
relação à capacidade adsortiva. As variáveis analisadas foram a velocidade de agitação (rpm), a
granulometria, a temperatura e o tempo de calcinação. As isotermas de adsorção seguiram o
modelo de Langmuir-Freundlich (30ºC, 45ºC e 65ºC), com capacidade adsortiva máxima (q máx ) à
65ºC igual a 145,67 mg.g-1 . O estudo termodinâmico mostrou que a reação de adsorção é
espontânea, visto que a variação da energia livre de Gibbs foi negativa. O valor positivo da
variação da entalpia sugeriu que a reação é endotérmica. No estudo da cinética, os resultados
apresentaram melhor ajuste ao modelo de pseudo-segunda ordem, e as simulações dinâmicas
demonstraram o decaimento da concentração do corante e o aumento da capacidade de adsorção
ao longo do tempo. Concluiu-se que as algas Halimeda opuntia podem ser consideradas como
bons candidatos para serem adsorventes do corante Indosol Escarlate.
Palavras-chave: Adsorção. Halimeda opuntia. Algas Verdes. Corantes Têxteis. Indosol Escarlate.
ABSTRACT
The environmental problems associated with the lack of water has become increasingly
common, and its consequences are alarming. The textile industry produces large amounts of waste,
which are often not adequately treatments. In addition to the visual effect, the presence of dye in
the effluent is toxic to marine organisms, interfering with the penetration of sunlight thereby
impairing the photosynthetic activity. Searches are conducted to find new, more efficient materials.
In this paper, the technique of adsorption were used for removal of Indosol Escarlate textile dye
with green macroalgae Halimeda opuntia belonging to Bryopsidales order (Chlorophyta). Initia lly,
acid treatment was carried out in the algae in natura. After remaining immersed in the acid solution
(H2 SO 4 concentration 1N) for 5 minutes, the biomass was washed and oven dried at 60 °C for 24
hours. The micrographs confirmed the efficacy of the treatment with acid, so that larger grouping
was observed among the particles. The analysis of specific surface and porosity (BET) evidenced
a percentage increase of 103.92% in the surface area of the adsorbent material after it was calcined
at 1000ºC for 3 hours. The treated adsorbent material revealed to have a large surface area (127
m².g-1 ) when compared to other organisms. The species is widely found on the coast of
Pernambuco. Preliminary studies reached adsorption capacity of approximately 22 mg.g-1 in the
first 7 minutes of adsorption (CA0 = 50 mg.L-1 ; V= 25mL; M = 0,05g; 400 rpm, T = 27,8 ºC).
Nevertheless, the balance study was conducted in 120 minutes to ensure complete recovery. The
experiments were conducted in batches and the best conditions found by technique of factorial
design were: The effects of the agitation speed (rpm), the calcinatio n temperature (ºC) and the size
(µm) of the adsorbent material were statistically significant in relation to the adsorptive capacity.
The effect of the calcination time (h) was not significant within the studied range. The adsorption
isotherms followed the model of Langmuir-Freundlich (30°C, 45°C and 65°C), and maximum
adsorption capacity (65°C) was 145.67 mg.g-1 . The thermodynamic study showed that the process
was spontaneous (∆G < 0). The positive value of enthalpy (∆H > 0) suggests that the reaction is
endothermic. In kinetic studies, the results showed better adjustment to the model of pseudo-second
order, and dynamic simulations have shown the decrease of the dye concentration and the increase
in adsorption capacity over time. It was concluded that Halimeda opuntia algae can be considered
as good candidates to be adsorbent of the Indosol Scarlet dye.
MM Massa Molar
OD Oxigênio Dissolvido
n Parâmetro de heterogeneidade -
R² Coeficiente de correlação -
t Tempo [s]
LISTA DE SÍMBOLOS GREGOS
β Expoente de Redlich-Peterson -
π Orbital -
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................... 21
2.1 INDÚSTRIA TÊXTIL........................................................................................ 21
2.1.1 Efluentes têxteis ................................................................................................ 22
2.1.1.1 Tratamentos para os efluentes têxteis ................................................................ 24
2.1.2 Sustentabilidade e legislação ambiental........................................................ 26
2.2 CORANTES TÊXTEIS....................................................................................... 27
2.2.1 Corantes reativos............................................................................................... 28
2.2.2 Corantes diretos................................................................................................. 29
2.2.3 Corantes azóicos................................................................................................ 29
2.2.4 Corantes ácidos.................................................................................................. 30
2.2.5 Corantes a cuba................................................................................................. 31
2.2.6 Corantes dispersivos.......................................................................................... 31
2.2.7 Corantes pré-metalizados................................................................................. 32
2.2.8 Corantes branqueadores................................................................................... 32
2.3 ADSORÇÃO....................................................................................................... 33
2.3.1 Adsorção física e adsorção química................................................................. 34
2.3.2 Cálculo da capacidade adsortiva e da eficiência de remoção........................ 34
2.3.3 Isotermas de adsorção....................................................................................... 35
2.3.3.1 Classificação das isotermas segundo os modelos empíricos de adsorção......... 36
2.3.4 Equilíbrio de adsorção...................................................................................... 38
2.3.4.1 Isoterma de Langmuir......................................................................................... 38
2.3.4.2 Isoterma de Freundlich....................................................................................... 39
2.3.4.3 Isoterma de Langmuir- Freundlich..................................................................... 40
2.3.5 Estudo termodinâmico de equilíbrio de adsorção.......................................... 40
2.3.6 Cinética de adsorção......................................................................................... 42
2.3.6.1 Balanço de massa global..................................................................................... 42
2.3.6.2 Modelo de pseudo-primeira ordem..................................................................... 44
2.3.6.3 Modelo de pseudo-segunda ordem...................................................................... 45
2.3.6.4 Modelo de difusão intrapartícula........................................................................ 46
2.4 ADSORVENTES................................................................................................ 46
2.4.1 Processos adsortivos com biomassa composta por algas marinhas.............. 52
3 METODOLOGIA............................................................................................. 56
3.1 ADSORVATO.................................................................................................... 56
3.2 ADSORVENTE.................................................................................................. 56
3.2.1 Tratamento ácido.............................................................................................. 57
3.2.2 Caracterização do adsorvente.......................................................................... 58
3.2.2.1 Análise por difração de raios-X.......................................................................... 59
3.2.2.2 Avaliação da superfície específica e volume de poros........................................ 59
3.2.2.3 Microscopia eletrônica de varredura.................................................................. 60
3.2.2.4 Determinação do ponto de carga zero................................................................ 60
3.2.3 Estudos Preliminares........................................................................................ 61
3.2.3.1 Interferência do papel de filtro........................................................................... 61
3.2.3.2 Efeito da relação entre massa de adsorvente e o volume inicial da solução do
adsorvato............................................................................................................. 61
3.2.3.3 Efeito do tempo de contato.................................................................................. 62
3.2.3.4 Efeito da granulometria sobre a capacidade de remoção total.......................... 63
3.2.3.5 Efeito do pH inicial............................................................................................. 63
3.2.3.6 Efeito do aquecimento e perda de massa de adsorvente..................................... 63
1 INTRODUÇÃO
A crise hídrica e seus efeitos nas diversas atividades produtivas tem sido um dos temas mais
debatidos na sociedade atual. Apesar de ser o recurso natural mais abundante do planeta, o
percentual de água doce adequada ao consumo humano é reduzido. Com a poluição antropogênica
que provoca efeitos como o aquecimento global e a poluição hídrica, a crise de abastecimento tende
a aumentar. Em 2015, a Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas
(UNESCO) publicou o relatório “Água para um Mundo Sustentável” sobre o desenvolvimento dos
recursos hídricos, no qual afirmou que o uso sustentável da água deve ser visto de forma especial.
Segundo a pesquisa, caso não haja uma mudança dramática no uso, gerenciamento e
compartilhamento do recurso, o mundo enfrentará um déficit de 40% no abastecimento em 2030
(SILVA et al., 2016).
Dentre as diversas atividades produtivas, o setor têxtil possui destaque pela geração de
grandes volumes de águas residuais. Em 2013, estimava-se uma produção mundial de
aproximadamente 270 mil metros cúbicos de efluente por ano, com diferentes tipos de corantes e
pigmentos sendo utilizados pelas indústrias no mundo (KHANDEGAR e SAROHA, 2013).
A poluição dos corpos hídricos tem sido intensificada pelas práticas destrutivas por parte dos
grandes parques industriais, fato que evidencia a necessidade de maior rigidez na fiscalização por
parte dos órgãos públicos específicos.
Neste contexto, a indústria têxtil representa grande parte do poder poluidor na geração de
resíduos, tendo em vista seu grande volume de produção. Os efluentes têxteis caracterizam-se por
serem altamente coloridos e, em sua grande maioria, não biodegradáveis (RÊGO et al., 2013).
20
Assim, os corantes sintéticos, caso sejam descartados sem o devido tratamento prévio, representam
uma ameaça ao equilíbrio ambiental e à saúde do homem.
Nesse sentido, o trabalho teve como objetivo estudar o processo de biossorção do corante
têxtil Indosol escarlate em macroalgas verdes Halimeda opuntia pertencentes à Ordem
Bryopsidales (Chlorophyta), com diferentes tratamentos. A abundância e a natureza calcária do
material foram fatores determinantes para escolha do mesmo como adsorvente para o corante têxtil
Indosol escarlate.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Fonte: Patel; Patel (2013); Valenzuela et al. (2013); Dogar et al. (2010).
O contato com corantes sintéticos tóxicos pode causar desde asma e sensibilização da pele,
até câncer de bexiga. Mas o diagnóstico preciso está relacionado ao modo e tempo de exposição,
ingestão oral, sensibilização da pele e sensibilização das vias respiratórias (CIARDELLI e
RANIERI, 2001). Os efeitos tóxicos crônicos, gerados especialmente por corantes insolúveis em
água, apresentam significativa importância, visto que esses corantes e seus intermediá r ios
demonstram propriedades carcinogênicas e mutagênicas (PATEL e PATEL, 2013).
Os resíduos gerados ao longo de todos os processos nas indústrias têxteis devem ser tratados
adequadamente, para que, após a descontaminação, estes fluidos possam seguir para reciclo
programado dentro do fluxograma produtivo ou para lançamentos em corpos hídricos (SLIMANI
et al., 2014).
24
Ogunlaja e Aemere (2009) citaram que os processos mais utilizados para tratamento de
efluentes na indústria têxtil são os métodos físico-químicos tradicionais por coagulação/floculação
e os métodos biológicos com aeração para redução da DBO 5 e da DQO, cloração e ozonização com
ou sem radiação ultravioleta. As vantagens e desvantagens de diferentes processos para
descontaminação de efluentes têxteis estão apresentados na Tabela 2.
Os efluentes têxteis possuem características que tornam difícil a sua reutilização ou mesmo
o correto enquadramento na legislação (Resolução nº 430/11) para o seu descarte em corpos
hídricos. Dentre as razões para esta dificuldade, Ogunlaja e Aemere (2009) destacaram ainda a
recalcitrância natural dos corantes presentes nos efluentes e a elevada concentração da Demanda
Química de Oxigênio (DQO), da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e de Sólidos Totais
Dissolvidos (STD).
O efluente é composto fundamentalmente pelo resíduo do que não foi absorvido pelas fibras
têxteis e pelas das fibras liberadas para o meio líquido. Em uma receita para tingimento de 1 kg de
algodão com corantes reativos, por exemplo, são utilizados 0,6 a 0,8 kg de NaCl, 30 a 60 g de
corantes, para uma quantidade de aproximadamente mil litros de água (CHAKRABORTY et al.,
2005).
25
Gümüs e Akbal (2011) citaram que, dentre as tipologias industriais, o setor têxtil é um dos
mais poluentes em termos ambientais, não só pelo aspecto qualitativo (composição do efluente)
como quantitativo (volume descartado).
Osibanjo e Adie (2014) relataram a toxicidade e periculosidade dos efluentes têxteis, os
quais provocam um potencial impacto ambiental pelo descarte inadequado. Ressalta-se que tais
efluentes podem provocar danos a biota aquática e aos humanos pelo seu efeito mutagênico e
carcinogênico.
A atual crise hídrica tem sido motivo de pesquisas e diversas abordagens sobre o uso
sustentável dos mananciais, bem como o tratamento dos efluentes gerados em processos industr ia is
para posterior reutilização. A necessidade por associar as atividades produtivas, sem, entretanto,
destruir ou prejudicar os recursos naturais, é o maior desafio enfrentado pela humanidade
(EBRAHIMI et al., 2016).
Apesar da necessidade de melhoria em termos de controle e combate à degradação
ambiental, as autoridades governamentais tem se preocupado cada vez mais com o consumo
sustentável dos recursos naturais. Ações têm sido tomadas no sentido de controlar e fiscalizar as
empresas quanto ao tratamento dos resíduos gerados através de leis que possuem caráter de
fiscalização e imposição de penalidades em caso de descumprimento (XU; PODUSKA, 2014).
A utilização dos corantes é observada ao longo dos anos, para coloração de tecidos, cerâmicas
e couros. São encontradas pinturas em cavernas que podem ter milhares de anos. Os egípcios, por
exemplo, decoravam o interior dos palácios com pinturas e até mesmo usavam maquiagens de
pigmentos extraídos da natureza (SERRANO et al., 2016).
Algumas cores específicas como o vermelho, por exemplo, foram consideradas durante
muito tempo como símbolo associado à realeza. Ao longo dos anos, a procura por novas cores e a
curiosidade do homem fez com que ele buscasse novos corantes de mais fácil acesso. Dessa forma,
surgiram os conhecidos corantes sintéticos, hoje vastamente utilizados em diversos setores
produtivos (FERREIRA et al, 2014).
Sem dúvida, os corantes são muito importantes para a civilização. Os corantes sintéticos
são extensivamente utilizados na indústria têxtil, gráfica, fotográfica e como aditivos em derivados
de petróleo. Milhares de diferentes corantes e pigmentos são usados industrialmente. Mas, torna-
se necessário adquirir responsabilidade ambiental quanto ao consumo e ao descarte de tais
substâncias. Entre os diversos ramos de atividades industriais, os corantes sintéticos representam
um dos mais nocivos produtos químicos (DOGAR et al., 2010). Os resíduos gerados em processos
industriais que utilizam corantes necessitam ser especialmente tratados e destinados ao descarte
final adequado. Infelizmente, a humanidade vivencia uma época em que esta ainda não é uma
realidade em muitos países do mundo (HOLKAR et al., 2016).
Quimicamente, os corantes têxteis são compostos orgânicos com características de conferir
diferentes cores às fibras em condições e processos controlados. A escolha do corante específico
depende da finalidade desejada. Características técnicas como resistência à luz, à fricção e a
substâncias químicas ácidas ou básicas, por exemplo, são alguns dos parâmetros levados em
consideração na escolha do corante (VILAR et al., 2007).
Os corantes podem ser classificados pelo modo de fixação e de acordo com a capacidade
de seus grupamentos moleculares de absorver seletivamente uma determinada faixa do
comprimento de luz visível. Os principais grupos são os corantes reativos, diretos, azoicos, ácidos,
corantes a cuba, dispersivos, pré-metalizados e branqueadores (FORGAS et al., 2004).
Em sua organização química, os corantes possuem os grupos funcionais, que possibilita m
interação com o tecido, e os grupos cromóforos, responsáveis pela cor. O grupo azo é um exemplo
de cromóforo, a qual se caracteriza pela presença do grupo -N=N-, ligado a sistemas aromáticos
28
𝑂𝐻 −
𝑅 − 𝑆𝑂2 − 𝐶𝐻2 − 𝐶𝐻2 − 𝑂𝑆𝑂3 𝑁𝑎 → 𝑅 − 𝑆𝑂2 − 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻2 + 𝑁𝑎2 𝑆𝑂4 (1)
𝑂𝐻 −
𝑅 − 𝑆𝑂2 − 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻2 + 𝑂 − 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑜𝑠𝑒 → 𝑅 − 𝑆𝑂2 − 𝐶𝐻2 − 𝐶𝐻2 − 𝑂 − 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑜𝑠𝑒 (2)
Os corantes reativos são aplicados em substratos como lã, algodão, seda e nylon (YAGUB
et al., 2014). Os principais corantes reativos contêm a função azo e antraquinona. Como exemplo
de corantes reativos com grupos azo, pode-se encontrar o preto remazol B, o alaranjado remazol
3R e o amarelo ouro remazol RNL (Figura 2) (ZOU et al., 2014).
Figura 2 - Estruturas dos corantes: (a) preto remazol B; (b) alaranjado remazol 3R; (c) amarelo
ouro remazol RNL.
Fonte: Zou et al. (2014).
29
De acordo com ZOU et al. (2014), os corantes reativos são solúveis em água e possuem alta
estabilidade na cor do tecido tingido, através da formação de uma ligação covalente entre o corante
e a fibra que possibilita maior interação entre os compostos químicos.
Os corantes diretos também são compostos solúveis em água. Muitos possuem mais de um
grupo azo em sua estrutura. Através da Figura 3, por exemplo, é possível observar a estrutura do
vermelho congo, um corante direto constituído por dois grupos azo. A vantagem desta classe de
corantes é o baixo desperdício e a consequente diminuição do conteúdo do corante nas águas de
rejeito (GUARATINI; ZANONI, 2000).
Os corantes ácidos são assim denominados devido aos grupos sulfônicos presentes na
estrutura molecular do corante. No processo de tintura, o corante previamente neutralizado se liga
à fibra através de uma troca iônica envolvendo o par de elétrons livres dos grupos amino e
carboxilato das fibras proteicas, na forma não-protonada. Estes corantes caracterizam-se por
substâncias com estrutura química baseada em compostos azo, antraquinona, triarilmetano, azina,
xanteno, ketonimina, nitro e nitroso (CISNEROS et al., 2002). Um exemplo de estrutura molecular
do corante ácido violeta está apresentado na Figura 5.
(3)
Os corantes dispersivos são aplicados em fibras de celulose e outras fibras hidrofób icas
através de suspensão. O processo de tintura ocorre na presença de agentes dispersantes com longas
cadeias que normalmente estabilizam a suspensão do corante facilitando o contato entre o corante
e a fibra hidrofóbica. São frequentemente aplicados para tinturas de fibras sintéticas, tais como
acetato de celulose, náilon, poliéster e poliacrilonitrila (VIMONSES et al., 2010). A Equação 4
mostra um exemplo de corante solubilizado temporariamente através de reação de hidrólise (V -
Corante Vermelho de lonamina KA).
(4)
32
(5)
Figura 6 - Exemplo de corante branqueador ((VIII) corante fluorescente 32) contendo o grupo
triazina usado no branqueador de algodão, poliamida, lã e papel.
Fonte: Guaratini e Zanoni (2000).
Tendo sido apresentada as características e classificação dos corantes, assim como sobre a
geração do efluente têxtil, com a exposição dos diversos tratamentos (Tabela 2), será agora
detalhado o tratamento empregado nesta estudo, a adsorção.
2.3 ADSORÇÃO
A adsorção consiste em um fenômeno de transferência entre duas fases distintas, uma sólida
e outra fluida. O material adsorvente possui capacidade de capturar o soluto em sua superfície, de
maneira que a solução final possui concentração menor de partículas dispersas. A substância no
estado adsorvido é chamada de adsorvato, enquanto que o material sobre o qual o adsorvato se
adere ao longo da reação é chamado de adsorvente (TIAN et al., 2016).
Os tratamentos de efluentes industriais empregam a adsorção na remoção de impure zas,
sendo que o fluido é posto em contato com sólidos possuidores de sítios ativos em sua superfíc ie .
O carvão ativado, por exemplo, é largamente utilizado na indústria como adsorvente
(MEZOHEGYI et al., 2012). A natureza da interação entre adsorvente e adsorvato é determina nte
para o estudo da natureza do processo, podendo esta apresentar característica predominanteme nte
química ou apenas física (JAYAKUMAR et al., 2015).
34
Segundo CHEN et al. (2011), é possível calcular a capacidade adsortiva de adsorvato pelo
material adsorvente (q) através da Equação 6:
( 𝐶𝐴0 −𝐶𝐴 )
𝑞= 𝑥𝑉 (6)
𝑀𝑆
( 𝐶𝐴0 −𝐶𝐴 )
𝑒 (%) = 𝑥 100 (7)
𝐶𝐴0
Uma vez definida a capacidade adsortiva e a eficiência de remoção, parte-se então para o
conceito, tipos e modelos de isotermas de adsorção, na qual se estuda o equilíbrio de adsorção entre
a fase fluída e o sólido adsorvente.
Dogar et al. (2010) citam que as isotermas em fase aquosa podem ser classificadas
qualitativamente segundo os grupos S, L, H e C. Os números 1, 2 3, 4 e 5 descritos ao longo do
eixo das ordenadas representam a quantidade de moléculas adsorvidas. Assim, as isotermas
dispostas no número 5 possuem maior capacidade adsortiva em relação às relacionadas aos
números 1, 2, 3 ou 4 (Figura 8).
37
𝑞 𝑚á𝑥 𝐾𝐴 𝐶𝐴𝑒
𝑞𝑒𝑞 = (8)
1+𝐾𝐴 𝐶𝐴𝑒
em que:
qeq: capacidade adsortiva no equilíbrio (mg.g-1 );
K A: constante de equilíbrio de adsorção de Langmuir (L.mg-1 );
39
1/𝑛
𝑞𝑒𝑞 = 𝐾𝐴𝑑 𝐶𝐴𝑒 (9)
em que:
A Equação 9 pode ser reescrita na forma linear, obtendo-se assim a Equação 10:
1
𝑙𝑛(𝑞𝑒𝑞 ) = 𝑙𝑛(𝐾𝐴𝑑 ) + 𝑙𝑛(𝐶𝐴𝑒 ) (10)
𝑛
Também conhecida como Isoterma de Sips (1948), o modelo de Langmuir- Freundlich une
a equação de Langmuir com o modelo de potência de Freundlich, para tentar representar da melhor
forma possível os dados experimentais. A Equação 11 representa a interação entre
contaminante/adsorvente:
𝑛
𝑞 𝑚á𝑥 .𝐾𝐴 .𝐶𝐴𝑒
𝑞𝑒𝑞 = 𝑛 (11)
1+𝐾𝐴 .𝐶𝐴𝑒
𝑞 𝑒𝑞
𝐾𝑒 = (12)
𝐶𝐴𝑒
Como resultado da transição energética sofrida pelo sistema, também é possível avaliar a
variação do grau de desordem ocorrida no processo, através da variação da entropia de adsorção
(AKBARI et al., 2002). A magnitude da variação da entropia de adsorção indica o nível de
desordenação sofrida na interface sólido-líquido ocorrido durante o processo. No caso da adsorção
sólido-líquido espera-se observar a espontaneidade do processo no sentido da diminuição da
41
energia livre de Gibbs, onde a variação da energia livre de Gibbs se relaciona com Ke através da
Equação 13 (ARAVINDHAN et al., 2009).
sendo ΔGads a variação da energia livre de Gibbs (kJ.mol-1 ), R a constantes universal dos gases
(J.K -1 .mol-1 ) e T é a temperatura (K).
A partir da definição termodinâmica da energia livre de Gibbs, a equação de Van’t Hoff pode
ser reescrita relacionando a energia livre de Gibbs com a constante de equilíbrio (Equações 14 e
15).
∆𝐺 = ∆𝐻 − 𝑇∆𝑆 (14)
∆𝑆 ∆𝐻 1
𝑙𝑛𝐾𝑒 = − [𝑇 ] (15)
𝑅 𝑅
O gráfico de Van’t Hoff pode ser construído a partir dos dados experimentais das constantes
de equilíbrio para cada região de temperatura investigada (Figura 9). A inclinação da curva indica
o valor da variação da entalpia, e a entropia pode ser obtida pela interseção do gráfico com o eixo
das abscissas (YAO et al., 2011).
42
Segundo Torbati et al. (2014), a Equação 16 mostra a expressão do balanço de massa para
um processo adsortivo genérico.
43
sendo que:
O valor de Mreação é nulo já que não ocorre reação química no processo de adsorção. Da
mesma forma, os valores de Mentra e Msai também são nulos já que o processo ocorre em batelada
(SRINIVASAN; VIRARAGHAVAN, 2010). Assim, a Equação 17 é reduzida a Equação 18:
𝑑𝐶 𝐴 𝑑𝑞 𝑡
− = (18)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Em uma análise dimensional, nota-se que o lado esquerdo da Equação 19 possui unidades de
mg.L-1 .h-1 , enquanto que o lado direito possui unidade de mg.g-1 .h-1 . Para que ambos os lados da
equação fiquem em unidades de massa, multiplica-se o lado esquerdo pelo elemento de volume (V)
e o lado direito pelo elemento massa (Ms) (Equação 19).
𝑑𝐶 𝐴 𝑑𝑞 𝑡
− .𝑉 = . 𝑀𝑠 (19)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑞 𝑡
𝑑𝑡
= 𝑘1 (𝑞𝑒𝑞 − 𝑞𝑡 ) (20)
sendo t o tempo num determinado instante, qt a capacidade de adsorção do sistema num instante
de tempo qualquer (mg.g-1 ) e k1 a constante da taxa de adsorção do modelo pseudo-primeira ordem
(min.-1 ).
Substituindo na Equação 23 as expressões para qeq (Equação 9), obtém-se a Equação 21:
𝑑𝐶𝐴
− 𝑉 = −𝑘1 [𝑞𝑒𝑞 − 𝑞𝑡 ] 𝑀𝑆 (21)
𝑑𝑡
Após integrar e linearizar a Equação 21, são consideradas as condições iniciais nos pontos
t0 = 0, qt = 0 e t = t, qt = qt (Equação 22):
𝐾 𝑡
𝑙𝑜𝑔(𝑞𝑒𝑞 − 𝑞𝑡 ) = 𝑙𝑜𝑔(𝑞𝑒 ) − 2,303
1
(22)
sendo a constante K 1 calculada a partir da inclinação da reta do gráfico log (qe - qt ) versus t
(KOLYA; TRIPATHY, 2013).
45
𝑑𝑞 𝑡 2
= 𝐾2 (𝑞𝑒𝑞 − 𝑞𝑡 ) (23)
𝑑𝑡
Substituindo na Equação 26 as expressões para qeq (Equação 9), obtém-se a Equação 24:
2
𝑑𝐶𝐴 𝑀𝑆 𝑞 𝑚á𝑥 𝐾 𝐶𝐴𝑛
= −𝐾2 [ (1+ 𝐴𝐾 𝑛 ) − (𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴 )] (24)
𝑑𝑡 𝑉 𝐴 𝐶𝐴
Assumindo uma forma não linear e integrando a Equação 23, obtém-se a Equação 25.
Condições iniciais: t0 = 0, qt = 0 e t = t, qt = qt .
𝐾 𝑞 𝑒2𝑡
𝑞𝑒𝑞 = 1+𝑞2 (25)
𝑒𝐾2 𝑡
1 1 1
= 2 + 𝑡 (26)
𝑞 𝑒𝑞 𝐾2 𝑞 𝑒𝑞 𝑞𝑒
46
𝑞𝑡 = 𝐾𝑑𝑖 𝑡 𝑚 + 𝐶 (27)
sendo kdi a constante de difusão intrapartícula (mg.g-1 min0,5 ), C uma constante relacionada com a
resistência à difusão (mg.g-1 ) e m descreve o mecanismo adsortivo.
2.4 ADSORVENTES
que o processo de adsorção com nanofolhas de grafeno é uma alternativa para a remoção de corante
Direct Red 80.
Khandare e Govindwar (2015) avaliaram o uso das macrófitas Phragmites australis na
remoção do corante ácido laranja 7 presente em efluentes têxteis. Segundo os autores, as algas
possuem em sua composição enzimas que possuem a capacidade de degradar as estruturas
complexas de corantes. Dentre essas enzimas biodegradantes, encontra-se, por exemplo, a lignina
peroxidase, a lactase, a tirosinase, a azo redutase e a riboflavina redutase.
Oliveira et al. (2015) avaliaram as variáveis pH e massa com o objetivo de otimizar o
processo de remoção do corante Indosol azul escuro SF-BL SGR 240 utilizando lama vermelha e
argila esmectita como adsorventes. Os resultados mostraram que o processo de adsorção foi
influenciado pela quantidade de massa do adsorvente, pelo pH e pela interação entre pH e massa,
obtendo-se assim uma remoção de aproximadamente 0,110 e 0,119 mg.g-1 com lama vermelha e
argila esmectita respectivamente.
Medeiros et al. (2014) estudaram o processo de adsorção do corante têxtil Indosol azul
turquesa em conchas de mariscos Brachidontes solisianus calcinadas. Os resultados obtidos através
do planejamento experimental indicaram agitação constante de 300 rpm, massa (0.1 gramas) e
granulometria (60 mesh) para o material adsorvente. O marisco calcinado apresentou um bom
potencial como material adsorvente alternativo na remoção do corante Indosol azul turquesa,
apresentando remoção de cor superior a 99% em solução aquosa, atingindo o equilíbrio em 30
minutos.
Rêgo et al. (2013) avaliaram a remoção corantes azo em soluções aquosas através da
aplicação de filmes de quitosana. Foram estudados os parâmetros de pH e massa do adsorvente,
sendo que as condições mais adequadas para a adsorção dos corantes foi pH 2 e dosagem de 100
miligramas de adsorvente por litro de efluente.
Bao e You (2007) estudaram a remoção de corantes através da quitosana e de polímeros
aniônicos. Com a quitosana, a eficiência de adsorção foi de 93,5%, com tempo de equilíbrio de 12
horas. Com o polímero, a capacidade de adsorção máxima foi de 86,7 mg.g-1 .
Dotto et al. (2012) avaliaram a adsorção de corante alimentícios com nanopartículas da
cianobactéria Spirulina platensis, pertencente ao grupo Cyanobacterium. Foram realizados testes
para remoção dos corantes FD&C Vermelho nº 40 e Azul ácido nº 9. A capacidade de adsorção
máxima da biomassa composta pelo organismo Spirulina platensis para cada um dos corantes foi
48
de, respectivamente, 468,7 mg.g-1 e 1619,4 mg.g-1 . No estudo termodinâmico, o modelo que melhor
se adequou ao processo foi o de Sips, com os experimentos realizados em batelada (pH 4 e 298 K).
Belaid et al. (2013) investigaram a adsorção de corantes básicos e reativos sobre carvão
ativado granulado, com o efeito da concentração inicial e do tempo sobre o processo. O corante
reativo apresentou a menor taxa de remoção durante os primeiros minutos, enquanto que o corante
básico apresentou a maior capacidade de remoção devido a diferença de afinidade entre eles e a
superfície adsorvente.
Embora o carvão ativado seja o principal adsorvente no processo de adsorção, vários
estudos para remoção de corantes utilizando materiais alternativos são encontrados na literatura,
dentre eles: casca de ovo (SLIMANI et al., 2014), cascas de nozes (BRITO et al., 2010), argila
(CHAARI et al., 2009), cascas de amêndoas (ARDEJANI et al., 2008) e cascas de coco (TAN et
al., 2008).
Adicionalmente, a utilização de organismos biológicos como algas em estudos de remoção
de poluentes em matrizes de efluentes também tem alcançado destaque. A significativa capacidade
de adsorção dos organismos biológicos é um parâmetro importante, proporcionando eficiência aos
processos em desenvolvimento (Tabela 3).
49
Tabela 3 - Adsorventes investigados na adsorção de corantes com suas respectivas capacidades máximas de adsorção e
isotermas de adsorção. (Continua)
Indosol
Brachidontes Medeiros et al.
azul Aniônico 32 2,56 - 0,5 25 -
solisianus (2014)
turquesa
Spirulina
482,2 (SP) Cardoso et al.
platensis e RR-120 Aniônico 80 2 6 15 Liu
267,2 (AC) (2012)
Carvão Ativado
800 (RB)
Chlorella RB, RR e Langmuir e Aksu e Tezer
- 800 (RR) 419,5 5 24 25
vulgaris RNL Freundlich (2005)
200 (RNL)
Rubin et al.
Sargassum Azul de Langmuir e
Catiônico - 279.2 5 24 25 (2005)
muticum Metileno Freundlich
50
Tabela 3 - Adsorventes investigados na adsorção de corantes com suas respectivas capacidades máximas de adsorção e isotermas
de adsorção. (Continuação).
Azul de
Ulothrix sp. Catiônico - 86,1 7,9 0,5 20 Langmuir Dogar et al. (2010)
Metileno
51
No estudo desenvolvido por Ncibi et al. (2009) foi realizado o uso de algas verdes
(Enteromorpha spp.) para remoção de azul de metileno. A pesquisa demonstrou a boa capacidade
de adsorção da alga verde (274 mg.g-1 ), em um tempo de equilíbrio de três horas e com os
experimentos em um pH na faixa entre 6-10 e temperatura de 25 ºC. As isotermas de equilíbr io
foram descritas pelas isotermas de Langmuir.
O estudo desenvolvido por Vilar et al. (2007) avaliou a remoção do corante azul de metile no
(concentração inicial de 50 ppm) com as algas Gelidium sesquipedale. O trabalho revelou que a
biomassa morta é um material natural que pode remover poluentes de forma eficaz. As isotermas
de equilíbrio, descritas pelas isotermas de Langmuir, propõe remoção de 171 mg.g-1 para as algas
(Gelidium sesquipedale) em um tempo de equilíbrio de apenas 30 minutos.
Dogar et al. (2010) utilizaram algas verdes (Ulothrix sp.) na remoção do corante azul de
metileno. Foram estudados efeitos da concentração inicial de corante, tempo de contato, pH,
dosagem de biossorvente e da velocidade de mistura, de forma que os resultados apontam a
natureza exotérmica da adsorção. Verificou-se que 30 minutos é suficiente, a fim de atingir o
equilíbrio de adsorção. A quantidade de azul de metileno adsorvido em Ulothrix sp. aumentou com
o aumento do pH de equilíbrio e velocidade de mistura. Entretanto, a capacidade adsortiva diminui
com o aumento da temperatura e dosagem de adsorvente. O processo seguiu o modelo cinético de
pseudo- segunda ordem. Foram calculados os valores da entalpia (∆H = -11,8 kJ.mol-1 ) e da
entropia (∆S= 37,5 J.mol-1 K-1 ). Em sua conclusão, o estudo demonstrou que a remoção foi
satisfatória (86,1 mg.g-1 ), viabilizando sua utilização como um biossorvente econômico e eficaz.
O processo de biossorção apresenta-se como rota alternativa e inovadora para remoção dos
corantes. Visa contribuir com o desenvolvimento tecnológico e industrial promovendo a utilização
de materiais alternativos aos processos de remoção da cor convencionais (YAGUB et al., 2014).
De acordo com Ncibi et al. (2009), a constituição bioquímica das paredes celulares das algas
verdes é composta basicamente por carboidratos, proteínas, lipídios e minerais.
Um estudo publicado por Aguilera-Morales et al. (2005) cita que a constituição bioquímica
da alga verde Enteromorpha spp apresenta uma constituição de 30-32% de carboidratos, de 21%
de ácidos graxos, de 9-14% de proteínas e de 2-3.6% de outros minerais.
53
As algas são trazidas por correntes marinhas e são facilmente encontradas nas regiões de
praia. O material apresenta aparência verde-claro a esbranquiçada e são levemente calcificadas. De
acordo com Aravindhan et al. (2009), recomenda-se efetuar um pré-tratamento ácido. Segundo o
autor, a utilização do ácido sulfúrico em concentração igual a 0,5 mol.L-1 foi satisfatória no pré-
tratamento de algas verdes. Os auxiliares de pré-tratamento caracterizam-se por estabilizar as
cargas superficiais do adsorvente e preservar os sítios ativos, mantendo-os intactos. Quimicame nte,
a presença do ácido fornece cargas positivas que reagem com os pólos negativos da superfície da
alga verde.
Segundo Slimani et al. (2014), os organismos Halimeda J. V. Lamour. e Udotea J. V.
Lamour. (Bryopsidales – Chlorophyta) são exemplos de gêneros calcificados de algas verdes. Nos
mares tropicais, as espécies de talos calcificados estão entre os principais produtores primários em
recifes de corais e contribuem também na estrutura dos mesmos (LELIAERT et al., 2012).
56
3 METODOLOGIA
3.1 ADSORVATO
Foram utilizadas soluções do corante Indosol Escarlate, gentilmente cedidos pela Clariant.
3.2 ADSORVENTE
O material coletado foi separado manualmente das demais espécies. Depois, as algas foram
lavadas cinco vezes em água corrente e três vezes com água destilada para retirar impurezas e o
sal. O material foi seco em estufa SOLAB modelo SL-100 à 60ºC por 24 horas e, posteriorme nte,
armazenado em um recipiente hermético e em dessecador. A caracterização do material foi
realizada junto ao Laboratório de Compostos Orgânicos em Ecossistemas Costeiros e Marinhos
(OrganoMAR), no Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco.
Uma massa de 200 gramas de algas verdes foi imergida em 1 litro de solução de ácido
sulfúrico em concentração igual a 0,5 mol.L-1 por 5 minutos. Depois foi lavada três vezes em água
destilada e seca em estufa SOLAB modelo SL-100 à 60ºC por 24 horas. Segundo Aravindhan et
al. (2009), o tratamento ácido proporciona estabilização das cargas superficiais do adsorvente,
sendo satisfatória sua aplicação em algas verdes.
Em seguida, a biomassa foi triturada em um almofariz e com o auxílio de um pistilo o
material foi moído. Esse processo tem como objetivo possibilitar a classificação em peneiras da
série de Tyler de 20, 35 e 100 Mesh. Através da Figura 11 é possível observar o material adsorvente
composto pelas algas Halimeda sp. classificadas conforme as faixas granulométricas.
58
Figura 11 - Alga verde Halimeda opuntia classificadas de acordo com o diâmetro (D)
em micrômetros (µm) das partículas: (a) 495 < D < 841 (b) 149 < D < 495
(c) 99 < D < 149 (d) 58 < D < 99 e (e) 58 < D.
A biomassa de alga verde Halimeda opuntia sp. foi caracterizada pela análise de difração de
raios-X (DRX), realizada pelo Laboratório de Materiais do Instituto de Tecnologia de Pernambuco
(ITEP).
A análise de superfície específica foi baseada no método BET (Brunauer-Emmett-Teller), tendo
sido realizada no Centro de Tecnologia Estratégicas do Nordeste (CETENE), o que possibilitou a
determinação da área superficial, o volume poroso, assim como as isotermas de adsorção e
dessorção do N2 (g). Esta análise permitiu avaliar o efeito dos tratamentos térmico e químico nas
características superficiais do material.
A análise da Microscopia Eletrônica da Varredura (MEV) foi realizada no Departamento de
Química Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco.
59
Medidas dos ângulos de difração de raios-X cujos comprimentos de onda são conhecidos são
usadas para calcular o espaçamento interatômico num cristal e, assim, a estrutura cristalina do
mesmo pode ser deduzida (FOUST et al., 1982). Foi proposta uma relação entre a distância entre
camadas de átomos, o comprimento de onda da radiação x e o ângulo de difração, conhecida como
Equação de Bragg, dada pela Equação 29:
sendo que n é o número inteiro positivo, λ é o comprimento de onda do raio-x, d é distância entre
camadas adjacentes de átomos e θ é o ângulo entre o raio incidente e os planos refletidos. O raio
que corresponde a n igual a 1 é chamado raio difratado de primeira ordem, e é aquele no qual o
ângulo de difração é menor (FOUST et al., 1982).
Foram realizadas análises de difração de raios-X para o material in natura, acidificado e
tratado termicamente. O difratômetro Rigaku utiliza a radiação k-alfa do cobre, percorrendo a
região contínua entre 2º e 100º, com resolução de 0,02º e operando sob tensão de operação de 40
kV e corrente de 20 mA.
3.2.3.2 Efeito da relação entre massa de adsorvente e o volume inicial da solução do adsorvato
Neste estudo foi avaliada a capacidade de adsorção do macroalga verde Halimeda opuntia
após tratamentos ácido e térmico (Aac) nas faixas granulométricas descritas na Tabela 5 (Faixas
A, B, C e D).
O estudo do perfil cinético para as diferentes granulometrias foi realizado em tempos para
análise de 0,5;1;3;5;7;10;15;20;25; 30; 60, 90 e 120 minutos. Em Erlenmeyers de 125 mL foram
separadas alíquotas de 25 ml da solução corante Indosol Escarlate com concentração inicial 50
mg.L-1 . A massa de adsorvente foi de 0,05g. As amostras foram mantidas sob agitação em uma
mesa agitadora (modelo AG-200) com 400 rpm.
Foi avaliado o perfil dinâmico da capacidade de adsorção do material nas diferentes
granulometrias, de maneira que foram obtidos gráficos da concentração final de corante em função
do tempo (em minutos).
Este estudo teve como objetivo calcular a perda massa de adsorvente ao longo de diferentes
temperaturas. Foram pesadas três amostras de 10 g cada da alga Halimeda opuntia em pó, seca e
após acidificar (amostra Aa - Tabela 4) com granulometria 149 µm. Em seguida, as amostras foram
aquecidas durante três horas nas temperaturas de 200 ºC, 600 ºC, 1000 ºC e 1200 ºC. Após atingir
a temperatura ambiente, foi realizada a pesagem para avaliar a perda de massa sofrida durante o
processo de aquecimento.
64
O estudo teve como objetivo avaliar o comportamento da adsorção da alga seca in natura e
acidificada (Aa) em relação a diferentes meios reacionais, através da variação do pH inicial e da
granulometria do material. Foi elaborado um planejamento experimental fatorial 22 completo,
acrescentado de um ponto central em triplicata, totalizando 11 experimentos. Todos os
experimentos, exceto o ponto central, foram realizados em duplicata.
A variável de resposta avaliada foi a capacidade de adsorção em miligramas de corante por
grama de adsorvente. Na Tabela 6 encontram-se os níveis das variáveis estudadas.
Os resultados foram tratados com o auxílio do Software Statistica 7.0 e os dados foram
organizados em ordem não-randômica para facilitar o entendimento e interpretação.
Os níveis foram escolhidos em função dos resultados obtidos por Paiva (2015) e por Assis
Filho (2014). Os resultados foram tratados com o auxílio do Software Statistica 7.0 e os dados
foram organizados em ordem não-randômica para facilitar o entendimento e interpretação.
66
Devido a elevada remoção alcançada por este material, foram utilizadas concentrações
elevadas de corante (faixa entre 5 mg.L-1 e 15000 mg.L-1 ) com o objetivo de alcançar a saturação.
A modelagem do processo para construção das isotermas (30ºC, 45ºC e 65ºC) e os parâmetros para
obter os coeficientes de correlação foram feitos segundo os modelos de Langmuir, Freundlich e
Langmuir-Freundlich com o auxílio do Software MATLAB 2013a da Math Works.
Foram adicionadas alíquotas de 25 mL das soluções do corante Indosol Escarlate em frascos
erlenmeyers de 125 mL. A dosagem de material adsorvente foi de 2 mg.L-1 . A granulometria foi
de 0,149 µm da alga verde Halimeda opuntia calcinada à 1000 ºC por 10 horas. Na Tabela 8 estão
descritos os parâmetros experimentais deste estudo de equilíbrio.
O estudo adsortivo foi realizado numa incubadora Marconi Shaker MA-420, em temperaturas
controladas iguais a 30ºC, 45ºC e 65ºC sob agitação de 400 rpm por um tempo de adsorção de 120
minutos. Decorrido o tempo de adsorção, as amostras foram centrifugadas (SOLAB modelo SL-
699) a 400 rpm por 20 minutos. O sobrenadante foi filtrado em papel de filtro quantitativo faixa
azul e sua concentração final foi determinada em espectrofotômetro UV-Visível no comprime nto
de onda máximo do corante (493 nm). Os valores de temperatura e concentração foram baseados
nos estudos de Paiva (2015) e Assis Filho (2014).
67
Concentrações do 5, 15, 30, 50, 100, 150, 300, 500, 1000, mg.L-1
corante 2000, 5000, 10000, 15000
Após o planejamento II, foi refeito o estudo cinético para o adsorvente Aac e então partiu-
se para a modelagem do processo.
O software Matlab 2013a Math Works foi utilizado para realização da simulação dinâmica.
A avaliação computacional possibilitou avaliar o comportamento da concentração de adsorvato e
da capacidade adsortiva do adsorvente ao longo do tempo. Para resolução das equações
matemáticas, foi utilizada a função ode15s, com as equações transformadas em equações
diferenciais ordinárias dinâmicas. Esta função soluciona as equações pelo método Numerical
Differentiation Formula (NDF), sendo mais adequada para problemas do tipo stiff, isto é, casos em
que são necessários ajustes de dados cinéticos rígidos. A utilização de outras funções como a
função ode45, por exemplo, poderia gerar respostas instáveis e com evolução equivocada.
O sistema foi fechado e mantido em agitação constante em mesa agitadora Quimis (modelo
AG-200) a 400 rpm, temperatura de 30 ºC e pH neutro. Após 120 minutos, as amostras foram
centrifugadas (SOLAB modelo SL-699) a 400 rpm durante 5 minutos. As concentrações das
soluções resultantes foram determinadas por UV-VIS. Todos os experimentos foram realizados em
duplicata. A Figura 12 representa um esquema dos procedimentos experimentais descritos acima.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
picos bem resolvidos que identificam a presença do óxido de cálcio (CaO) na estrutura da biomassa
aquecida à 1000ºC. Além disso, os picos de CaCO 3 sob a forma de aragonita e calcita diminuíra m
de intensidade. O gráfico 4 da Figura 13 corresponde ao difratograma da Amostra Aacd (em pó,
seca, calcinado à 1000ºC por 3h e após adsorção). Da mesma forma como ocorre no gráfico 3, é
possível observar a presença de picos que identificaram a presença do óxido de cálcio (CaO)
Figura 13 - Difratograma de raios-X dos adsorventes obtidos a partir da alga Halimeda opuntia, com
granulometria 149 µm: 1) Amostra A, isto é, em pó, seca e in natura; 2) Amostra Aa,
isto é, em pó, seca e após acidificar; 3) Amostra Aac, isto é, em pó, seca e calcinado à
1000ºC por 3h; 4) Amostra Aacd, isto é, em pó, seca, calcinado à 1000ºC por 3h e após
adsorção. Identificação cristalográfica: a) aragonita; c) calcita; o) CaO.
71
Os resultados para área superficial e porosidade dos adsorventes obtidos a partir da alga verde
Halimeda opuntia estão apresentados na Tabela 10.
Conforme os resultados da Tabela 10, é possível observar que houve aumento percentual
de 103,92% na área superficial (m².g-1 ) do material adsorvente após tratamento com ácido sulfúr ico
com concentração de 0,5 mol.L-1 (subitem 3.2.1.1), com granulometria 149 µm.
72
É possível observar também que houve aumento percentual de 64,83 % na área superfic ia l
(m².g-1 ) do material adsorvente após este ser calcinado à temperatura de 1000ºC por 10 horas
(subitem 3.2.3.8), com granulometria 149 µm.
O adsorvente obtido da macroalga Halimeda opuntia revelou uma área superficial grande
(127 m².g-1 ) se comparado com outros organismos semelhantes, como visto a seguir. Em
Aravindhan et al. (2009), por exemplo, foi analisada a alga verde Caulerpa scalpelliformis, com
área superficial em seu estado in natura igual à 0,012 m².g-1 . Pela característica peculiar desta alga
apresentar calcificações em suas extremidades, bucou-se também na literatura trabalhos com
conchas. Em Paiva (2011), foram analisadas conchas de amêijoa, as quais possuem área superfic ia l
em seu estado in natura igual à 4,44 m².g-1 .
Através da Figura 14, é possível observar a micrografia da alga verde Halimeda opuntia com
granulometria 149 µm. As imagens obtidas através da técnica de microscopia eletrônica mostram
que o material in natura é desuniforme e sua morfologia é difusa. É possível observar elementos
em forma de bastão. A imagem foi obtida em magnitude de 5kx após ser metalizada com uma
camada de 20 nanômetros de ouro (Au). A morfologia difusa sugere a possibilidade de utilização
do material em granulometrias maiores, podendo obter melhores potenciais de remoção em
trabalhos futuros.
O pré-tratamento com ácido sulfúrico (H2 SO4 1N) sugerido por Aravindhan et al. (2009)
no subitem 3.2.1 proporcionou uma melhor compactação entre as partículas, resultando em maiores
áreas superficiais. A Figura 15 mostra a micrografia da alga verde in natura após passar pelo
tratamento com ácido. Foram observadas áreas com grande superfície, o que pode contribuir para
o processo adsortivo em relação à interação adsorvato/adsorvente.
Uma alíquota de cada solução nas concentrações 0,05; 0,1; 0,5; 1; 3; 5; 15; 40; 60; 80 e 100
mg.L-1 foi filtrada separadamente, e posteriormente feita a leitura no espectrofotômetro. Foi obtida
uma curva entre as variáveis absorbância e a concentração da solução de corante (APÊNDICE B).
A correlação obtida foi utilizada em todos os experimentos, de forma a minimizar os erros
associados aos processos de filtração e remover a possibilidade de falsos resultados.
4.2.2 Efeito da relação entre massa de adsorvente e o volume inicial da solução do adsorvato
O estudo teve como objetivo avaliar o efeito da relação entre a massa de adsorvente e o
volume inicial da solução do adsorvato na capacidade de remoção total.
75
30 100
Capacidade adsortiva q (mg.g-1 )
15 90
10
85
5
0 80
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Relação Massa/Volume (g.L -1 )
Através do gráfico da capacidade adsortiva (mg.g-1 ) da Figura 18, foi possível observar que
qeq é inversamente proporcional a massa de adsorvente. Houve uma queda exponencial dos valores
de qeq quando a massa foi aumentada.
Segundo Tian et al. (2016), o ponto de intersecção entre os dois gráficos da capacidade
adsortiva e da eficiência de remoção representa o ponto de melhor relação massa/volume, visto que
apresenta maior eficiência no processo. Através do resultado na Figura 18, é possível observar que
a intersecção ocorreu aproximadamente no ponto 3,4 g.L-1 . Isto significa que, em um volume fixo
de 25 mL de solução de adsorvato, a massa de adsorvente ideal para realização dos experime ntos
posteriores deveria ser de aproximadamente 0,085 gramas. Entretanto, visto que já haviam sido
obtidos resultados preliminares, foi mantida a massa inicial de 0,05 gramas.
30,0
25,0
20,0
qeq (mg/g)
15,0
10,0
5,0
0,0
0 20 40 60 80 100 120
tempo (minutos)
Os resultados mostram que o equilíbrio fora atingido, sugerindo um tempo de 120 minutos.
A remoção máxima foi de aproximadamente 30 mg.g-1 .
Este estudo teve como objetivo analisar o efeito da variação da granulometria da biomassa
composta pela alga verde Halimeda opuntia em ensaios de adsorção para remoção do corante têxtil
Indosol escarlate. Foi avaliado o perfil cinético para as faixas granulométricas: Faixa B, Faixa C e
Faixa D (Tabela 6). A Figura 20 representa o perfil cinético obtido através dos ensaios de adsorção
para cada faixa granulométrica avaliada.
78
30
20
15
10
0
0 30 60 90 120
Tempo (minutos)
Figura 20 - Perfil cinético de adsorção para a alga Halimeda opuntia nas faixas
granulométricas: Faixa B, Faixa C e Faixa D (CA0 = 50 mg.g-1 ;
Massa/ Volume = 2 g.L-1 ; pH = 7; 400 rpm, T = 27,8 ºC).
descrevem um procedimento conhecido como métodos dos “11 pontos” para determinação do
ponto de carga zero.
5
4
3
2
1
0
∆pH
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
-1
-2
-3
-4
-5
pH
Figura 21 - Determinação do ponto de carga zero (PCZ). Método dos “11 pontos”.
Segundo Ncibi et al. (2009), o pH da solução aquosa exerce profunda influência no processo
de adsorção. O estudo mostra que isso se deve provavelmente ao contato direto entre a superfíc ie
de ligação e sítios ativos com o meio reacional. Dessa interação podem surgir diferentes formas de
agregação entre o par adsorvato/adsorvente, provocando processos de ionização.
80
40
Capacidade adsortiva (mg.g-1)
35
30
25
20
15
10 6,5 < pH ideal < 7
5
0
1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
pH inicial
Conforme é possível observar pela Figura 22, a capacidade de remoção qeq (mg.g- 1 )
apresenta maior valor em meio controlado, com pH ideal entre 6,5 e 7. Nessa faixa de pH, a
eficiência máxima de remoção (e) do corante foi de aproximadamente 80% em relação à solução
inicial e capacidade adsortiva Qeq foi igual a 35,41 mg.g-1 (pH= 6,8; T= 22,8 ºC; 400 rpm). Nas
outras regiões do gráfico, isto é, fora da faixa ideal representada no gráfico, os valores da
capacidade de remoção foram menores. Esse efeito do pH sobre a adsorção pode ser atribuído a
mudanças no grau de ionização dos componentes. Segundo Rubin et al. (2005), as superfícies das
algas possuem pKa= 3,85 e em valores menores de pH o componente é neutro. Similarmente, o
Indosol Escarlate é um corante direto com caráter aniônico, e, na concentração de 50 mg.L-1 e na
temperatura média de 22,8 ºC, é levemente ácido (pH em torno de 6,4). Assim, os resultados
81
apontam que, em valores de pH não neutros (pH ≠ 7), os componentes carregados eletricame nte
ocupam os sítios ativos da alga dificultando a adsorção.
45
40
35
Perda de Massa (%)
30
25
20
15
10
5
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)
Na faixa de temperatura entre 200ºC e 600ºC, o percentual médio de perda de massa foi de
6,75%. Quando a temperatura chegou à 1000ºC, a perda de massa atingiu o percentual de 39%,
mantendo-se aproximadamente constante à 1200ºC (39,5%). Os resultados deste experime nto
82
indicaram que a faixa de temperatura compreendida entre 600 e 1000ºC é a principal faixa de
decomposição do material adsorvente.
A decomposição térmica do carbonato de cálcio (CaCO 3 ), sob a forma de calcário, foi
estudada por Silva et al. (2016) através da análise termogravimétrica. Segundo o estudo, não é
observada redução de massa significativa em temperaturas acima de 827ºC, indicando que todo o
material havia sido calcinado.
A massa de adsorvente para realização dos experimentos foi de 0,05 gramas para 25 mL de
solução do adsorvato Indosol escarlate com concentração 50 mg.L-1 .
Segundo estudo para determinação do ponto de carga zero (item 4.2.6), a biomassa composta
pela alga verde Halimeda opuntia apresenta maior capacidade adsortiva em pH neutro. De forma
semelhante, os resultados obtidos no estudo preliminar sobre os efeitos do pH inicial (item 4.2.7)
apontaram que a capacidade adsortiva qeq (mg.g-1 ) é maior quando o pH da solução inicial de
adsorvato é controlado e mantido na faixa de entre 6,5 e 7. Por isso, o pH da solução inicial do
corante Indosol escarlate foi corrigido e mantido na região da neutralidade (pH igual a 7).
O agrupamento dos dados referente ao experimento foi desenvolvido em dois blocos iguais
de quatro pontos cada, acrescidos de um ponto central em triplicata. Nesta disposição, foi calculado
o Teste F, o qual compara o grau de variabilidade entre dois grupos de dados. Neste estudo
empírico, por exemplo, foram analisadas as distribuições da capacidade adsortiva (qeq ) em
84
miligramas de corante por grama de adsorvente. Assim, é possível verificar se os dois blocos de
dados (série principal mais a duplicata) possuem um grau de distribuição semelhantes (Tabela 13).
Como o valor de F > 1 (1,24 > 1), a formulação das hipóteses H0 e H1 (uni-caudal à
esquerda) será descrita pelas Equações 1 e 2 (Anexo A). Como o valor do teste F é menor que o
Fcrítico (1,24 < 5,19), a hipótese H0 não deve ser rejeitada. Assim, pode-se concluir que as variânc ias
entre os dois blocos de dados não são iguais. Por isso, foi realizado o teste de hipótese para as
médias dos dois blocos de dados com variâncias equivalentes. Na Tabela 14 estão dispostos os
resultados da probabilidade associada ao teste t de Student.
Como o valor de Stat t > 0 (0,0337 > 0), a formulação das hipóteses (uni-caudal à esquerda)
será descrita pelas Equações 5 e 6 (Anexo B):
85
Foi demonstrado que, com 95% de confiança, a interação entre as duas variáveis também foi
significativa ao processo, com efeito relevante.
A Figura 25 comprova a forte influência da variável Granulometria (G), sendo que a
capacidade adsortiva máxima (qeq = 24,34 mg.g-1 ) é obtida em regiões de granulometria na Faixa
D (diâmetro menor que 149 micrometros). Da mesma forma, é possível observar a influência da
variável velocidade de agitação a qual o sistema adsortivo é submetido, de maneira a capacidade
adsortiva máxima é obtida em regiões com velocidade de agitação próximas a 200 rotações por
minuto. A interação entre as duas variáveis (velocidade e agitação e granulometria) também foi
significativa.
de agitação (desde 200 rpm até 400 rpm), foram obtidos valores mais baixos para a capacidade
adsortiva, próximos a 22 miligramas de corante por grama de adsorvente.
temperaturas diferentes (200ºC, 600ºC e 1000ºC). Na Figura 27 é possível observar a alga verde
Halimeda opuntia. antes e depois de ser aquecida à 1000ºC por 10 horas consecutivas.
Foi possível observar que o material calcinado é mais claro e mais fino, devido
principalmente à maior concentração de óxidos de cálcio (CaO) e pela menor concentração de
materiais orgânicos. O estabelecimento das temperaturas para este planejamento levou em
consideração o estudo apresentado no item 4.2.7, o qual determinou o ponto em que há uma
conversão máxima das partículas adsorventes em óxidos de cálcio (CaO). O estudo mostrou que a
perda de massa atingiu um percentual aproximadamente constante (39%) a partir de 1000ºC.
Por isso, foi montada uma matriz de planejamento experimental fatorial 2³ completa com
um ponto central em triplicata. As variáveis Temperatura (ºC), Tempo (horas) e Granulometr ia
(µm) foram consideradas no experimento. A Tabela 15 representa a matriz de planejamento com
os resultados obtidos da variável resposta (qeq) em cada combinação de níveis para as variáveis de
entrada, totalizando 19 ensaios de adsorção.
89
A maior eficiência de remoção foi alcançada no Ensaio nº 12, com capacidade adsortiva
(qeq) igual a 43,50 miligramas de adsorvato por grama de adsorvente. Os parâmetros referentes a
este ensaio foram Granulometria 149 µm, temperatura de calcinação de 1000ºC por três horas
consecutivas. Na Figura 28 é possível observar o sistema adsorvato - adsorvente antes e depois do
processo de adsorção.
90
Como o valor de F <= 1 (0,9028 <= 1), a formulação das hipóteses H0 e H1 (uni-caudal à
esquerda) será descrita conforme as Equações 3 e 4 (Anexo A). Como o valor de F > Fcrítico (0,9028
> 0,3096), a hipótese H0 deve ser rejeitada. Assim, pode-se concluir que a variância do bloco
principal (𝜎1 ) é menor em relação a variância do conjunto das duplicatas (𝜎2 ). Por isso, foi realizado
o teste de hipótese para as médias dos dois blocos de dados com variâncias diferentes.
Como o valor de Stat t < 0 (-0,0864 < 0), a formulação das hipóteses (uni-caudal à esquerda)
será descrita pelas Equações 7 e 8 (Anexo B).
Como pode ser observado na Figura 29, todos os efeitos principais foram estatisticame nte
significativos ao processo. Todos os efeitos de interação entre as variáveis também demonstraram
ser estatisticamente significativos ao processo.
Como se pode observar na Figura 30, a capacidade adsortiva é maior quando o material
adsorvente permanece em granulometrias e tempos de calcinação extremos.
A capacidade adsortiva (qmax) máxima obtida no estudo foi igual a 43,50 mg.g-1 . Nesse ponto, o
material adsorvente com granulometria 149 µm foi calcinado à 1000 ºC por 3 horas.
94
Como se pode observar na Figura 32, a capacidade adsortiva é maior quando o material
adsorvente permanece em granulometrias menores e temperaturas de calcinação elevadas.
Como se pode observar na Figura 34, a capacidade adsortiva é maior quando o material
adsorvente é calcinado em e intervalos de tempo menores e em temperaturas elevadas.
A Figura 35 representa o gráfico de superfície bidimensional para análise da interação entre
as variáveis Temperatura de calcinação (ºC) e Tempo de calcinação (h), ambas significativas ao
processo adsortivo.
97
Da mesma forma como foi observado na Figura 34, a capacidade adsortiva é maior quando
o material adsorvente é calcinado em intervalos de tempo menores e em temperaturas elevadas
(região inferior direita da Figura 35).
No estudo preliminar para avaliação do efeito do tempo de contato (item 4.2.3) foi observado
que, mesmo em tempos pequenos, o adsorvente já alcançara remoção satisfatória em valores
quantitativos. Os valores das capacidades de adsorção (qeq ) e a eficiência de remoção (e) referentes
ao estudo preliminar do efeito do tempo de contato estão apresentados na Tabela 19.
98
Como pode ser observado na Tabela 19, em um intervalo menor que 10 minutos a eficiênc ia
de remoção foi de aproximadamente 74%. Apesar disso, o estudo do equilíbrio foi desenvolvido
em tempos de 120 minutos para que atingir o equilíbrio de maneira completa.
O estudo do equilíbrio foi desenvolvido em concentrações do corante elevadas, com o
objetivo de saturar toda a área superficial do material adsorvente, isto é, de maneira a atingir o
ponto de saturação. Foram obtidas amostras em pó, secas, acidificadas e calcinadas à 1000ºC
durante 10 horas (Amostra Aac - Tabela 4) da alga verde Halimeda opuntia. A granulometria do
material adsorvente foi de 149 µm. A Figura 36 representa algumas das soluções utilizadas.
O valor de 1/ qeq foi dado pela interseção do gráfico com o eixo das ordenadas quando f (x)
= 0, e o valor de 1/ (K A. qmáx ) foi igual a inclinação da reta. A capacidade adsortiva máxima foi
obtida à 65ºC, sendo que qmáx = 149,23 mg.g-1 .
Com base na Equação 9 (item 2.3.4.2), foi obtido o gráfico com os valores experimenta is
dada por f[ln (C A)] = ln (qeq), isto é, um gráfico de ln (qeq) em função de ln (C A). A Tabela 21
mostra os valores obtidos para as constantes KAd e n.
102
O valor de ln (K Ad) foi dado pelo coeficiente linear, enquanto que o valor de 1/n foi igual a
inclinação da reta. A capacidade adsortiva máxima foi obtida à 65ºC, sendo que q máx = 188,69
mg.g-1 . É possível observar que o valor de K Ad sofreu aumento à medida que mais calor foi
fornecido ao sistema (temperaturas maiores). O modelo empírico de Freundlich considera energias
superficiais distintas entre regiões diferentes da superfície de contato, com crescimento da
quantidade adsorvida na superfície à medida que ocorre aumento na concentração do adsorvato.
Através dos resultados obtidos na Tabela 22, é possível observar que os valores das
constantes de equilíbrio de adsorção (K A) aumentam com o incremento da temperatura, indicando
que a adsorção é mais pronunciada em temperaturas maiores. Segundo Angelova et al. (2016),
quanto maior for o valor de K A, maior será a capacidade de adsorção do sólido. Os valores da
capacidade máxima de adsorção (qmáx) aumentaram com a temperatura, indicando que a reação
estudada é endotérmica (∆H > 0). A capacidade de adsorção máxima do corante foi de 145,67
mg.g-1 na temperatura de 65ºC. Segundo Sevim et al. (2011), a natureza da adsorção em processos
endotérmicos é atribuída à quimiossorção. Apesar de não serem muito comuns, os processos
endotérmicos podem apresentar vantagens. Fatores externos controlados podem otimizar o
processo adsortivo, de forma a obter melhores resultados para a remoção. Em seus estudos
termodinâmicos sobre a adsorção da piridina em carvão ativado granular, Lataye et al. (2008)
concluíram que se tratava de um processo endotérmico visto que observaram aumento da
capacidade de adsorção com a temperatura.
Com os valores de Ke foi possível determinar os valores variação da energia livre de Gibbs
(∆G), através da Equação 14 (item 2.3.5), com os cálculos descritos a seguir:
Na temperatura de 30ºC (303,15 K), o valore da energia livre de Gibbs está representado
através das Equações 30 e 31:
𝐽
∆𝐺 = − (8,314 ) (303,15 𝐾)(𝑙𝑛𝐾𝑒 ) (30)
𝑚𝑜𝑙 .𝐾
𝐽
∆𝐺 = −6,39.103 (31)
𝑚𝑜𝑙
Na temperatura de 45ºC (318,15 K), o valore da energia livre de Gibbs está representado
através das Equações 32 e 33:
𝐽
∆𝐺 = − (8,314 𝑚𝑜𝑙 .𝐾) (318,15 𝐾)(𝑙𝑛𝐾𝑒 ) (32)
𝐽
∆𝐺 = −9,31.103 𝑚𝑜𝑙 (33)
Na temperatura de 65ºC (338,15 K), o valore da energia livre de Gibbs está representado
através das Equações 34 e 35:
𝐽
∆𝐺 = − (8,314 𝑚𝑜𝑙 .𝐾) (338,15 𝐾)(𝑙𝑛𝐾𝑒 ) (34)
𝐽
∆𝐺 = −10,55.103 𝑚𝑜𝑙 (35)
O cálculo da variação da entalpia (∆H) e a variação da entropia (∆S) foi realizado conforme
item 2.3.5, através da Equações 16 e 17. A equação de Van’t Hoff pode ser reescrita, de forma que
105
descreve uma relação entre a energia livre de Gibbs e a constante de equilíbrio. Plotando o gráfico
da ln (Ke) versus 1/T é possível obter os valores da entalpia e da entropia (Figura 38).
1
𝑙𝑛 (𝐾𝑒 ) = −3483,7 + 14,183 (36)
𝑇
𝐽
∆𝐻 = 3483,7. (8,314) = 28,963.103 𝑚𝑜𝑙 .𝐾 (37)
𝐽
∆𝑆 = 14,183. (8,314) = 117,92 𝑚𝑜𝑙 .𝐾 (38)
106
Conforme é possível observar através da Tabela 24, os valores negativos da energia livre de
Gibbs indicam que a reação é espontânea. Os valores em módulo foram crescentes ao longo da
temperatura. O valor positivo da entropia de adsorção indicou aumento do grau de desordem na
interface do sistema.
O valor da variação da entalpia foi positivo (∆H = 28,963 kJ.mol-1 .K-1 ), confirmando que a
reação de adsorção para remoção do corante Indosol com as algas verdes Halimeda opuntia é
endotérmica, sendo favorecida em temperaturas mais elevadas. A biomassa obtida ao final do
processo pode ser aproveitada em processos de geração de energia, em processos de oxidação
controlada. Segundo Buekens e Cen (2011), a oxidação de resíduos tem se tornado cada vez mais
necessária diante do grande volume de rejeitos resultantes de processos industriais.
Segundo Sevim et al. (2011), a natureza da adsorção em processos endotérmicos é atribuída
somente quimiossorção (adsorção química). Nesse tipo de adsorção ocorre a troca de elétrons entre
os componentes da reação, podendo esta ser caracterizada como irreversível.
A biomassa final obtida após a adsorção com o material proposto neste trabalho composto
por algas Halimeda opuntia e por moléculas do corante Indosol escarlate pode ser aproveitado na
geração energética em processos futuros.
Neste estudo foi avaliado o comportamento cinético da reação de adsorção do corante têxtil
Indosol Escarlate com algas verdes Halimeda opuntia. Para avaliar o comportamento de interação
entre os componentes, foram aplicados os modelos cinéticos de pseudo-primeira ordem e pseudo-
segunda ordem. A solução das equações numéricas resultantes do balanço de massa foi realizada
107
em termos dos parâmetros obtidos no estudo do equilíbrio, sendo que a capacidade de adsorção no
equilíbrio foi determinada em termos da equação de Langmuir-Freundlich.
A Figura 39 representa o perfil ajustado em termos do modelo de pseudo-segunda ordem. A
adsorção foi avaliada em termos do comportamento da concentração do adsorvato e da capacidade
adsortiva ao longo do tempo.
Estudos têm sido desenvolvidos no sentido de propor novos materiais para o tratamento de
águas residuais e remoção de poluentes. A precipitação química através de cal hidratada é uma das
alternativas de tratamento de que vem sendo estudada. Ismail et al. (2012) estudaram a combinação
entre os processos de coagulação, floculação e sedimentação em unidades de pré-tratamento para
o tratamento de efluentes domésticos através da precipitação química com cal hidratada. Outros
agentes precipitantes também foram testados, dentre eles o alúmen, sulfato férrico e sulfato ferroso.
Segundo Birungi e Chirwa (2015), o organismo Halimeda sp. é uma alga calcária e é
caracterizado pela sua morfologia complexa. Por isso, o aquecimento desse material elimina a
matéria orgânica e proporciona a formação de moléculas de óxido de cálcio. As moléculas óxido
de cálcio em água por sua vez liberam os íons hidroxila, os quais são responsáveis pelo aumento
do potencial hidrogeniônico. Os íons são liberados no meio a partir do hidróxido de cálcio formado
pela reação de hidratação da CaO em excesso, segundo a Equação 39.
70
Eficiência de remoção (e)
69,5
69
68,5
68
0 100 200 300 400 500 600 700
Concentração inicial do adsorvato (mg.L-1 )
5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
5.1 CONCLUSÕES
A seguir serão abordados alguns temas, através dos quais podem ser obtidos resultados
relevantes sob o ponto de vista do desenvolvimento científico em trabalhos futuros.
Estudo da aplicação da alga verde Halimeda opuntia na remoção de outros corantes têxteis;
Estudo e pesquisa por outras espécies de algas marinhas com potencial adsortivo no
tratamento de efluentes;
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123
APÊNCICES
124
𝑦 = 0,37498. 𝑥 (1)
R² = 0,99
125
R²= 0,99
126
APÊNDICE C – Tabela de condições operacionais do método de caracterização da alga Halimeda sp. pelo método BET
Condição Operacional
Relatório 9:26:19AM
Análise adsortiva N2
Intervalo de equilíbrio 5s
127
ANEXOS
128
Estatística
𝐻0 : 𝜎12 = 𝜎22
F <= 1 Formulação das hipóteses
𝐻1 : 𝜎12 < 𝜎22
𝐻0 : 𝜎12 = 𝜎22
F>1 Formulação das hipóteses
𝐻1 : 𝜎12 > 𝜎22
𝛼𝑑 < 𝛼 → 𝑟𝑒𝑗𝑒𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝐻0
P (F <= f) = αd Nível descritivo
𝛼𝑑 < 𝛼 → 𝑟𝑒𝑗𝑒𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝐻0
Segundo a tabela acima, quando o teste F é maior que um (F > 1), as formulações de hipóteses serão dadas pelas Equações 1 e 2:
Segundo a tabela acima, quando o teste F é menor ou igual a um (F <= 1), as formulações de hipóteses serão dadas pelas
Equações 3 e 4:
ANEXO B – Tabela do teste t de Student (Teste de Hipóteses para as médias de duas populações independentes e com variâncias iguais)
Estatística
𝐻0 : 𝜇1 = 𝜇0
Stat t < 0 Formulação das hipóteses
𝐻1 : 𝜇1 < 𝜇0
𝐻0 : 𝜇1 = 𝜇0
Stat t > 0 Formulação das Hipóteses
𝐻1 : 𝜇1 > 𝜇0
𝐻0 : 𝜇1 = 𝜇0
- Formulação das Hipóteses
𝐻1 : 𝜇1 ≠ 𝜇0
𝛼𝑑 < 𝛼 → 𝑅𝑒𝑗𝑒𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝐻0
P (T <= t) = αd Nível descritivo
𝛼𝑑 > 𝛼 → 𝑅𝑒𝑗𝑒𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝐻0
Segundo a tabela acima, quando o teste t de Student é maior que zero (Stat t > 0), as formulações de hipóteses serão dadas pelas
Equações 5 e 6:
𝐻0 : µ1 = µ0 (5)
𝐻0 : µ1 > µ0 (6)
Segundo a tabela acima, quando o teste t de Student é maior que zero (Stat t < 0), as formulações de hipóteses serão dadas pelas
Equações 7 e 8:
𝐻0 : µ1 = µ0 (7)
𝐻0 : µ1 < µ0 (8)