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Infecção Crurgica 2

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SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE 1

COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS - CCD


CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
“PROF. ALEXANDRE VRANJAC” – CVE
DIVISÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR
email: dvhosp@saude.sp.gov.br
telefone: 3066-8261 e 3081-7526 FAX: 3082-9359 e 3082-9395

INFECÇÃO EM SÍTIO CIRÚRGICO


As Infecções em Sítio Cirúrgico (ISC) são as maiores fontes de morbidade e mortalidade
entre os pacientes submetidos a cirurgias. Estima-se que as ISC prolonguem o tempo de
internação em média mais de sete dias e conseqüentemente o custo do procedimento. Sua
incidência pode variar, sendo em média de 2 a 5% para as cirurgias consideradas "limpas".
As ISC correspondem a aproximadamente 38% do total das infecções hospitalares em
pacientes cirúrgicos e 16% do total de infecções hospitalares.
Diversos fatores aumentam a incidência de ISC: alguns tipos de cirurgias, como cirurgias
cardíacas e queimados; cirurgias realizadas em grandes hospitais, pacientes adultos em
comparação com pediátricos e a quantidade de inóculo bacteriano introduzido no ato
cirúrgico. Com base em estudos que demonstraram a positividade de culturas do intra-
operatório como um preditor de infecção, as cirurgias são classicamente categorizadas
segundo o seu potencial de contaminação, com o objetivo de estimar a probabilidade da
ocorrência de ISC.

Cirurgias Limpas
Sítio cirúrgico sem sinais de inflamação, sem contato com trato respiratório,
alimentar genital e urinário. O fechamento deve ser primário com drenagem
quando necessária fechada.
Cirurgias Potencialmente Contaminadas
Sítio cirúrgico entra nos tratos respiratório, genital, gastrintestinal ou
urinário em condições controladas e sem contaminação acidental.
Cirurgias Contaminadas
Feridas abertas acidentalmente ou cirurgias com quebra importante de
técnica asséptica ou grande contaminação do trato gastrintestinal. Cirurgias que
entram no trato urinário com urina infecciosa ou trato biliar com bile infectada
ou cirurgias onde é achado tecido inflamatório agudo não purulento.
Cirurgias infectadas
Lesões traumáticas antigas com tecido desvitalizado, corpo estranho,
contaminação fecalóide, quando há perfuração inesperada de víscera.

Diagnóstico

Clinicamente, a ferida cirúrgica é considerada infectada quando existe presença de


drenagem purulenta pela cicatriz, esta pode estar associada à presença de eritema, edema,
calor rubor, deiscência e abscesso. Nos casos de infecções superficiais de pele, o exame da
ferida é a principal fonte de informação; em pacientes obesos ou com feridas profundas em
múltiplos planos (com após toracotomia) os sinais externos são mais tardios.
O diagnóstico epidemiológico das ISC deve ser o mais padronizado possível para permitir
a comparação ao longo do tempo em um determinado serviço e também a comparação entre
os diversos serviços e instituições. Para isto, o Center for Diseases Control and Prevention
(CDC), nos EUA, criou definições de ISC que são mundialmente usadas para vigilância
epidemiológica:
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Infecção de Sítio Cirúrgico Incisional Superficial


Deve ocorrer em 30 dias após o procedimento e envolver apenas pele e tecido
subcutâneo e apresentar pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:
1. Drenagem de secreção purulenta da incisão
2. Microrganismo isolado de maneira asséptica de secreção ou tecido
3. Pelo menos um dos sinais e sintomas e a abertura deliberada dos pontos pelo
cirurgião exceto se cultura negativa: dor, edema, eritema ou calor local.
4. Diagnóstico de infecção pelo médico que acompanha o paciente
Infecção do Sítio Cirúrgico Incisional Profunda
Deve ocorrer em 30 dias após o procedimento se não houver implante ou um ano
se houver implante. A infecção deve envolver os tecidos moles profundos (músculo
ou fascia) e apresentar pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:
1. Drenagem purulenta de incisão profunda
2. Incisão profunda com deiscência espontânea ou deliberadamente aberta pelo
cirurgião quando o paciente apresentar pelo menos um dos sinais ou
sintomas: febre, dor localizada, edema e rubor exceto se cultura negativa.
3. Abscesso ou outra evidencia de infecção envolvendo fascia ou músculo,
achada ao exame direto, re-operação, histopatológico ou radiológico.
4. Diagnóstico de infecção incisional profunda pelo médico que acompanha o
paciente.
Infecção de órgão/espaço
Deve ocorrer em 30 dias após o procedimento se não houver implante ou um
ano se houver implante. Envolver qualquer outra região anatômica do sitio cirúrgico
que não a incisão e apresentar pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:
1. Drenagem purulenta por dreno locado em órgão ou cavidade
2. Microrganismo isolado de maneira asséptica de secreção ou tecido de órgão
ou cavidade
3. Abscesso ou outra evidencia de infecção envolvendo órgão ou cavidade
achada ao exame direto, reoperação, histopatológico ou radiológico.
4. Diagnóstico de infecção de órgão/espaço pelo médico que acompanha o
paciente.
paciente.

Agentes Etiológicos

A fonte mais freqüente é a flora endógena do paciente; estima-se que após 24hs do
procedimento a ferida cirúrgica está selada e, portanto, protegida da contaminação
exógena. Infecções à distância podem ser fonte de microorganismos que contaminam a
ferida cirúrgica e devem ser pesquisados e tratados no pré-operatório de cirurgias eletivas.
Fontes exógenas podem ter importância durante o ato cirúrgico, portanto uma rigorosa
técnica asséptica deve ser mantida com intuito de prevenir a contaminação.
O ar pode ser veículo de transmissão de alguns patógenos em casos especiais, como por
exemplo, casos de infecção por Streptococcus do grupo A transmitida por pessoas da equipe
cirúrgica. Estratégias como as salas cirúrgicas com fluxo laminar e/ou radiação ultravioleta
só foram eficazes em reduzir as taxas de ISC em cirurgias para colocação de prótese de
quadril ou joelho.
Os agentes mais freqüentes de ISC são os contaminantes comuns da pele do paciente:
Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e outros Staphylococcus coagulase
negativa. Em cirurgias abdominais existe uma maior freqüência de enterobactérias e
Enterococcus sp. Na faixa etária pediátrica e em recém nascidos as enterobactérias são
mais freqüentemente encontradas do que em pacientes adultos. Em queimados, o S.aureus
é o agente mais comum seguido da Pseudomonas aeruginosa. A incidência de bactérias
Gram-negativas e Enterococcus sp aumenta com o tempo de internação. A incidência de
fungos vem crescendo devido ao grande número de pacientes imunodeprimidos, entre eles,
as espécies de Candida, principalmente albicans e tropicalis são os agentes mais comuns.

Fatores de Risco
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O risco de ocorrência de ISC é determinado por: a) dose do inóculo microbiano no sítio


cirúrgico; b) virulência do microrganismo; c) resistência imunológica do hospedeiro; d)
status fisiológico do sítio cirúrgico no final da cirurgia, que é influenciado pela quantidade
de tecido desvitalizado, técnica cirúrgica empregada e doença de base do paciente.
Os fatores de risco referentes ao hospedeiro são:
• Diabetes mellitus - um controle glicêmico adequado no pré-operatório e no intra-
operatório é recomendável; o controle glicêmico no pós-operatório facilita a cicatrização e
diminui o tempo de internação.
• Tabagismo – o paciente deve ser orientado no pré-operatório a parar de fumar ou
diminuir o uso de qualquer forma de consumo de tabaco
• Obesidade – dificulta a cicatrização e a concentração tecidual adequada do antibiótico
profilático
• Perda rápida e recente de peso - pode ser um fator de risco principalmente por estar
associada à desnutrição
• Desnutrição – se possível postergar a cirurgia para que o paciente melhore o estado
nutricional, a albumina pode ser um bom marcador para controle.
• Idade avançada
• Imunossupressão – secundária ao uso de corticóide ou outros imunossupressores ou a
doença de base, contudo, não existe consenso sobre a eficácia em reduzir a
imunossupressão para realização de procedimentos para controle de ISC.
• Infecções de sítios distantes - devem ser pesquisadas e tratadas no pré-operatório.
Os fatores de risco relacionados à assistência pré-operatoria são:
• Tempo de internação pré-operatório – principalmente se o paciente estiver em
Unidade de Terapia Intensiva. A internação pré-operatória prolongada favorece a
substituição da flora endógena do paciente, aumentando o risco de aquisição de
microrganismos multi-resistentes.
• Tricotomia extensa – principalmente se os pêlos forem raspados, pois este
procedimento produz micro lesões que aumentam a colonização da pele e dificultam a anti-
sepsia da mesma. Quanto mais precoce a tricotomia, maior o risco.
Os fatores relacionados ao intra-operatório são:
• Tempo intra-operatório prolongado – por aumentar o risco de contaminação da ferida,
aumentar a lesão tecidual, aumentar a imunossupressão por perda de sangue, diminuir o
efeito do antibiótico profilático quando não repicado e aumentar o número de suturas e uso
do cautério.
• Técnica cirúrgica como: manipulação intensa, abertura inadvertida de víscera,
controle inadequado de sangramento, espaço morto, quantidade de tecido desvitalizado.
• O uso de drenos – por permitir a migração retrógrada de bactérias da flora da pele

Prevenção

São três as principais estratégias para reduzir e prevenir as ISC:


• Diminuir o montante e o tipo de contaminação
• Melhorar as condições da ferida
• Melhorar as defesas do hospedeiro
A antibioticoprofilaxia deve ser realizada antes do inicio da cirurgia para que no
momento da incisão da pele exista concentração tecidual adequada. Como S.aureus é o
agente mais freqüente de infecção a profilaxia deve ser realizada com antibióticos com
atividade para este agente, geralmente cefalosporinas de primeira e segunda geração. Caso
a cirurgia seja prolongada, existe uma grande perda volêmica ou o paciente for obeso
mórbido é recomendável uma segunda dose intra-operatória. O uso de antibiótico
profilático que tem início no pós-operatório imediato e se estende por longos períodos não
previne nem cura a inflamação ou infecção.
Os mais atuais guias para prevenção das infecção hospitalar são baseados em evidências
científicas e categorizam as suas recomendações de acordo com a força destas evidências.
O CDC classifica suas recomendações de acordo com as seguintes categorias:
Categoria IA: são medidas fortemente recomendadas para implementação e
fortemente suportadas por estudos experimentais, clínicos ou epidemiológicos bem
desenhados.
Categoria IB: são medidas fortemente recomendadas para implementação e
suportadas por alguns estudos experimentais, clínicos ou epidemiológicos e com
forte razão teórica.
4

Categoria IC: são medidas determinadas por regulamentações, normas ou padrões


governamentais.
Categoria II: são medidas sugeridas para implementação e são suportadas por
estudos clínicos ou epidemiológicos indicativos e com uma razão teórica.
Tópicos não resolvidos ou sem recomendações: são medidas para as quais as
evidências científicas são insuficientes ou não há consenso relativo a sua eficácia.
As recomendações do CDC com os níveis de evidência IA, IB e II para prevenção de ISC
são apresentadas no quadro a seguir.

Recomendações do CDC para Prevenção de ISC


Recomendação Nível da
Recomendação
Preparação Pré-operatória do paciente
Diagnosticar e tratar infecções em sítios distantes antes do IA
procedimento
Internação pré-operatória mais breve possível IA
Se for necessário realizar a tricotomia, fazê-la imediatamente antes da IA
cirurgia, com o uso de tricotomizador.
Controle glicêmico adequado: manter glicemia do intraoperatório <200 IB
Recomendar parar de fumar no mínimo 30 dias antes do procedimento IB
Prescrever banho pré-operatório com anti-séptico na noite anterior e na IB
manhã da cirurgia
Lavar e limpar a pele ao redor da incisão para remover contaminação IB
grosseira antes de aplicar solução anti-séptica
Usar anti-séptico adequado para preparo da pele: Clorohexidine, PVPI IB
Aplicar anti-séptico em círculos concêntricos de dentro para fora, na IB
área da incisão, em possíveis novas incisões e na inserção de drenos.
Considerar postergar a cirurgia em caso de desnutrição severa, realizar II
controle pela albumina
Anti-sepsia das mãos e antebraço de toda equipe cirúrgica
Manter unhas curtas e não usar unhas artificiais IB
Realizar escovação até acima do cotovelo antes de tocar em campos ou IB
instrumentos estéril ou pele preparada do paciente
Limpar abaixo da unha antes da escovação IB
Realizar escovação de 3-5 minutos com anti-séptico adequado IB
Após escovação manter as mãos para cima, longe do corpo, enxugar com IB
toalha estéril e colocar avental e luvas estéreis.
Não usar adereços em braços e mãos II
Antibiótico Profilático
Selecionar antimicrobiano profilático baseado no agente mais comum IA
para o procedimento específico
Para Cesárea administrar imediatamente após o clampeamento do IA
cordão
Administrar antibiótico intravenoso, exceto nos casos de cirurgia colo- IA
retal, nesses casos associar antibiótico via oral.
Administrar antibiótico antes da cirurgia pra que haja concentração IA
adequada de antibiótico no momento da incisão da pele. Idealmente 30
minutos antes
Não estender a profilaxia no pós-operatório IB
Considerar doses adicionais no intra-operatório: se a cirurgia se estender IB
mais que a meia vida estimada do antibiótico; se houver grande perda de
sangue; se a operação for em obesos mórbidos.
Não usar vancomicina como profilaxia de rotina IB
Administrar antibiótico o mais próximo possível da indução anestésica II
Cuidados intra-operatórios
• Sala Cirúrgica
Não realizar limpeza ou desinfecção especial após cirurgias IA
contaminadas ou infectadas
Não usar tapetes na entrada da sala cirúrgica com objetivo de controlar IA
infecção
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Manter pressão positiva da ventilação da sala cirúrgica em relação ao IB


corredor e áreas adjacentes
Manter no mínimo 15 trocas de ar por hora sendo pelo menos 3 trocas IB
com renovação
Filtrar todo ar com filtrar apropriados e aprovados pelo órgão IB
competente
Introduzir todo ar pelo teto a exaustão pelo chão IB
Manter as portas da sala fechadas exceto para passagem de IB
equipamento, profissionais e pacientes.
Quando sujeira visível ou contaminação com sangue ou fluídos corporais IB
nos equipamentos durante a cirurgia, usar desinfetante registrado no
órgão competente, para limpeza antes da próxima cirurgia.
Realizar limpeza terminal na sala cirúrgica após a ultima cirurgia com IB
desinfetante registrado no órgão competente
Não realizar de rotina coleta de amostras ambientais da sala cirúrgica; IB
colher esse tipo de material apenas quando indicado como parte de uma
investigação epidemiológica.
Esterilizar todos os instrumentais cirúrgicos de acordo com as IB
recomendações da CCIH
Utilizar esterilização Flash para materiais que precisem ser esterilizados IB
com urgência
Não utilizar esterilização Flash rotineiramente pôr conveniência ou para IB
poupar tempo
• Curativos e campos cirúrgicos
Não usar propé com intuito de prevenir infecção IA
Trocar a paramentação quando visivelmente molhada, suja, contaminada IB
e ou permeada de sangue ou outros materiais potencialmente
infecciosos.
Usar máscara cirúrgica que cubra completamente a boca e o nariz IB
quando entrar na sala cirúrgica se o material estéril estiver exposto ou a
cirurgia já tiver começado. Usar máscara durante todo o procedimento
Toda a equipe cirúrgica deve usar luva estéril que deve ser colocada após IB
o avental estéril
O avental e campo cirúrgico devem ser de material impermeável IB
Usar propé que cubra o pé e tornozelo, quando risco de contaminação II
para o profissional for previsto.
• Anestesia
Toda a equipe anestésica deve seguir as recomendações para controle de IA
infecção durante a cirurgia
• Técnica Cirúrgica
Manipular os tecidos delicadamente, manter hemostasia efetiva, IB
minimizar tecidos desvitalizados e corpos estranhos, erradicar espaço
morto no sítio cirúrgico.
Postergar o fechamento primário ou deixar a incisão aberta para IB
fechamento por segunda intenção se o campo cirúrgico for severamente
contaminado
Se o dreno for necessário, usar dreno fechado de sucção. Colocar o dreno IB
em uma incisão separada e remover assim que possível
Cuidados pós-operatórios com a incisão
Manter a incisão fechada com curativo estéril pelas primeiras 24-48 IA
horas. Manter o curativo seco e não remover durante o banho
Lavar a mão com anti-séptico antes de manipular o curativo ou sítio IA
cirúrgico
Orientar o paciente e familiares como cuidar da cicatriz e identificar II
sinais e sintomas de infecção e a quem e onde reportar esses achados
Vigilância Epidemiológica
Usar as definições do CDC para identificar ISC IB
Para busca de casos utilizar a observação prospectiva direta, indireta ou IB
uma combinação das duas durante a internação. Utilizar um sistema de
vigilância pós-alta que seja compatível com os recursos e atenda a
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necessidade de obtenção de dados


Para os pacientes que realizaram cirurgias que foram escolhidos para IB
vigilância, registrar todas as variáveis que podem estar envolvidas em
um risco aumentado de ISC.
Após o final da cirurgia um membro da equipe cirúrgica deve definir o IB
potencial de contaminação da cirurgia
Periodicamente calcular as taxas de ISC por procedimento específico IB
estratificadas pelas variáveis que são preditivas de risco para ISC
Reportar, apropriadamente estratificadas, as taxas de ISC para cada IB
membro da equipe cirúrgica. O formato e a freqüência serão
determinados pelo volume cirúrgico e os objetivos locais
7

Tratamento

Em ISC restrita aos tecidos moles a terapêutica mais importante é a abertura da cicatriz,
retirada do material infectado e curativo contínuos até a cicatrização por segunda intenção.
Apesar da maioria dos pacientes receber antibióticos no início do diagnóstico de ISC,
esta prática tem pouco suporte em evidências científicas. Estudos com abscessos
subcutâneos não identificaram benefícios quando a antibioticoterapia foi usada junto com a
drenagem. A melhor conduta é abrir a cicatriz e tratar por via sistêmica quando os sinais
locais de inflamação são exuberantes ou o paciente possui sintomas e sinais sistêmicos.
Infecções potencialmente graves podem aparecer precocemente no pós-operatório,
alguns sintomas que sugerem estas patologias são: dor desproporcional aos achados do
exame físico, bolhas violáceas, hemorragia cutânea, amolecimento da pele, áreas de
parestesia e anestesia, rápida progressão e presença de ar em subcutâneo.
Fasceíte necrotizante - esta é uma infecção rara, porém grave geralmente
monobacteriana. O agente mais freqüente é o Streptococcus beta hemolítico do grupo A, no
entanto um quadro clínico semelhante pode ser causado por Vibrio vulnificus ou
Aeromonas hydrophilia. Mais freqüentemente em pós-operatório, este quadro pode ser
causado por uma flora polimicrobiana composta por Escherichia coli, Proteus sp,
Citrobacter freundii, Serratia marcescens e Enterobacter sp. O quadro clínico costuma ter
evolução rápida com poucos sinais locais. O diagnóstico é confirmado com achados do
intraoperatório, no qual o tecido subcutâneo apresenta-se acinzentado e a fascia do
músculo com estrias, edema e friável a manipulação.
Gangrena Gasosa – causada por Clostridium perfringens, Clostridium septicum,
Clostridium hystoliticum ou Clostridium novyi, o quando clínico é semelhante a fasceíte
necrotizante podendo ser diferenciado desta pela rotina de Gram do tecido. O tratamento
dessas duas síndromes é feito com debridamento cirúrgico e antibiótico sistêmico,
clindamicina e penicilina.
Síndrome do choque tóxico - é uma infecção causada pela toxina do S.aureus que age
como superantígeno provocando uma proliferação massiva de linfócitos T e produção de
citocinas com IL1 e TNF. O quadro clínico é de início rápido no pós-operatório com febre,
queda do estado geral, rash cutâneo, que evolui com necrose progressiva da pele podendo
surgir lesões bolhosas e áreas de gangrena, a infecção se estende a planos mais profundos
podendo envolver fascia e tecido subcutâneo, sendo semelhante a fasceíte necrotizante. O
tratamento é realizado com antibiótico com atividade anti-estafilocócica e terapia de
suporte. O debridamento deve ser realizado conforme avaliação clínica.

Bibliografia Recomendada

1. Dennis L. Stevens, Alan L. Bisno, Henry F. Chambers, E. Dale Everett, Patchen Dellinger,
Ellie J. C. Goldstein, Sherwood L. Gorbach, Jan V. Hirschmann, Edward L. Kaplan, Jose G.
Montoya, and James C. Wade. Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of
Skin and Soft-Tissue Infections. Clinical Infectious Diseases 2005;41:1373-1406

2. Alicia J. Mangram, MD; Teresa C. Horan, MPH, CIC; Michele L. Pearson, MD; Leah
Christine Silver, BS; William R. Jarvis, MD. GUIDELINE FOR PREVENTION OF SURGICAL
SITE INFECTION, 1999. Infect Control Hosp Epidemiol 1999; 20(4):247-278

3. Wong E. S. Surgical Site Infections. In: Mayhall C. G. Hospital Epidemiology and


Infection Control
3ª Ed. Philadelphia: Lippincott Williams 2004: 287-310

4. Donald E. Fry, MD. Surgical Site Infection: Pathogenesis and Prevention. Clinical Update,
Medscapehttp://www.medscape.com/viewprogram/2220

5. Upperman J S, Sheridan R L, Marshall J. Pediatric surgical site and soft tissue infections.
Pediatr Crit Care Med 2005; 6(3S):S36-41
8

ALGORITMO PARA MANEJO E TRATAMENTO DAS IFC INCISIONAIS

Cirurgia

Febre nas 1ª Febre > 4 dias


48 hs após a
operação
Baixa
probabilidade Eritema e/ou Ferida cirúrgica
de ISC enduração normal ao
exame

Doença Ausência de Abrir a ferida Procurar outros


sistêmica doença focos para
sistêmica febre

Não considerar T<38,5°C,


ISC, observar FC<100BPM e Trocar
Drenagem da eritema de curativo,
ferida <5cm manter sem
antibiótico
Coloração de
Gram para
T>38,5°C,
descartar
FC>100BPM
clostridium
ou eritema de
>5cm de
diâmetro da
Coloração de incisão com
Gram sem
bactérias
Coloração de
Gram positiva Ferida em
para qq dos Iniciar períneo, ou
Procurar outros
dois agentes antibiótico e cirurgia de
focos para
febre trocar curativo TGI ou trato
genital
feminino

Abrir a ferida, Ferida em


Iniciar terapia
realizar tronco, cabeça,
com
debridamento, pescoço e
ampicilina/sul
iniciar extremidades
bactan ou
penicilina ou
clindamicina
clindamicina

Iniciar
cefazolina,
oxacilina ou
clindamicina

Novembro de 2005

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