Aula 1e 2 de Portugues
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PORTUGUESA
Na prova de língua portuguesa, a leitura é cobrada praticamente por todas as bancas. Para isso,
é preciso desenvolver:
a) Habilidade de ler: exige compreensão do tema, das ideias principal e secundárias do texto;
b) Conhecer os traços dos textos: implica identificar como o texto é construído e que estratégias
discursivas adota;
c) Conhecer os gêneros: requer identificação dos traços de intencionalidade e composição de
cada estrutura participar de escrita (carta, ofício, meme, cartum etc);
d) Identificar a tipologia textual: associa-se à identificação da fora geral de estruturação do texto
(narração, descrição, dissertação, argumentação, injunção, etc)
e) Identificar a estrutura dos textos: requer a compreensão da forma como se dá a progressão
temática do texto e das partes que o constituem;
f) Apreender a intencionalidade do texto: implica identificar o objetivo de comunicação do autor do
texto bem como a sua intenção ao produzir o texto;
g) Analisar aspectos linguísticos e semânticos do texto: associa-se à análise de termos que
estabelecem coesão e coerência ao texto, assim como ao emprego de palavras, seu sentido no
texto e possibilidade de inserção, retirada ou mudança de expressões em um dado enunciado.
Habilidade de ler: exige compreensão do tema, das ideias principal e secundárias do texto.
Ler significa atribuir sentido ao texto. Para desenvolver uma leitura adequada, é preciso conseguir
responder à pergunta essencial sobre o texto: O que o texto quer dizer?
Para isso, algumas ações de leitura fundamentais:
a) Avaliar o contexto de produção: Quem escreveu o texto? Em que veículo foi publicado? Quanto
foi publicado?
b) Identificar conhecimento prévio sobre o tema;
c) Relacionar as informações novas do texto às conhecidas;
d) Marcar em cada parte do texto a informação ou ideia essencial.
Conhecer os traços dos textos: implica identificar como o texto é construído e que estratégias
discursivas adota.
Essas outras vozes citadas pelo autor podem ser vozes de concordância com seus
posicionamentos ou de discordância. E isso pode estar explícito ou não no texto.
Exemplo:
Desde os anos 1988, o Brasil assegura, por meio de sua Carta Magna, que
todos são iguais perante a lei, independentemente de cor, sexo, religião, gênero.
Entretanto, essa prerrogativa legal não tem sido vivenciada por um grupo social: os
negros. Estes ainda são objeto de zombaria e discriminação que mostra que o país
não é uma nação tão cordial como inicialmente se atestou. Aqui, matam-se mais
negros do que brancos, há mais vagas para estes em detrimento daqueles e, ainda,
os descendentes africanos têm menos espaço no mercado de trabalho embora sejam
maioria na sociedade brasileira. Tais observações são sinal claro de que os direitos
legais não são assegurados à parcela dos negros brasileiros, o que provoca
marginalização social e, também, fortalecimento do racismo.
Nessa perspectiva, é notório que o Brasil não tem conseguido dar à sua
população negra condições de vida dignas. Mesmo com a lei de cotas, que possibilitou
a entrada de mais negros e, também, pobres em universidades e concursos públicos,
ainda é menor o espaço deles em postos de trabalho, assim como lhes é dificultada a
formação qualificada, pois, infelizmente, a maioria da população negra é pobre. E,
quando se associam pobreza e cor, o quadro se torna mais desigual, pois dados do
Mapa da violência de 2015 atestam que a maioria dos crimes de homicídio no Brasil
e cometida contra pessoas negras. Inserção
Tal dado sinaliza o negro no Brasil é vítima de discriminação e exclusão social, de ideia de
o que permite compreender que ele vive uma situação de “cidadania de papel”. Este outro autor
termo, usado pelo sociólogo José Antônio Segatto, aponta para a ideia de que o país
Concordâ
é palco de desigualdades sociais gritantes e descumprimento – inclusive por parte do ncia autor
Estado – de leis fundamentais, como a que garante que todos no país devam ser do texto
com o
tratados como iguais. citado
A posição do autor é muito clara e adequada para se “ler” a realidade brasileira marcada
por exclusões e discriminações. Logo, fazer cumprir a lei assim dignificar a condição de ser negro
no país é medida que se impõe como urgente para que a cidadania possa ser real e não
ficcional.
Os textos que são apresentados na prova de língua portuguesa podem ser de vários tipos,
propósitos, formas:
Exemplo:
(...)
Às vezes eu falo com a vida
Às vezes é ela quem diz
Qual a paz que eu não quero
Conservar para tentar ser feliz
As grades do condomínio
São para trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que está nessa prisão
Me abrace e me dê um beijo
Faça um filho comigo
Mas não me deixe sentar
Na poltrona no dia de domingo.
(...) O Rappa. Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero). In: Álbum Lado B Lado A. Warner Music Group, 1999 (com
adaptações).
Texto constante na prova para Delegado de Polícia. CESPE - 2018 - PC-SE
Textos técnico-científicos: expõem resultados de pesquisas, teses; apresentam pontos de vista
sobre os mais variados temas; são normalmente escritos por pesquisadoras, cientistas,
intelectuais; abordam algum conceito ou teoria, amparando-se em conhecimento científico;
são produzidos com uso de linguagem científica.
Exemplo:
As crianças de hoje estão crescendo numa nova realidade, na qual estão conectadas mais
a máquinas e menos a pessoas, de uma maneira que jamais aconteceu na história da
humanidade. A nova safra de nativos do mundo digital pode ser muito hábil nos teclados, mas
encontra dificuldades quando se trata de interpretar comportamentos alheios frente a frente, em
tempo real. Um estudante universitário observa a solidão e o isolamento que acompanham uma
vida reclusa ao mundo virtual de atualizações de status e “postagens de fotos do meu jantar”. Ele
lembra que seus colegas estão perdendo a habilidade de manter uma conversa, sem falar nas
discussões profundas, capazes de enriquecer os anos de universidade. E acrescenta: “Nenhum
aniversário, show, encontro ou festa pode ser desfrutado sem que você se distancie do que está
fazendo”, para que aqueles no seu mundo virtual saibam instantaneamente como está se
divertindo. De algumas maneiras, as intermináveis horas que os jovens passam olhando fixamente
para aparelhos eletrônicos podem ajudá-los a adquirir habilidades cognitivas específicas. Mas há
preocupações e questões sobre como essas mesmas horas podem levar a déficits de habilidades
emocionais, sociais e cognitivas essenciais. Adaptado de: GOLEMAN, Daniel. Foco: a atenção e
seu papel fundamental para o sucesso. Trad. Cássia Zanon. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013, p. 29-
30)
Texto constante na prova para Técnico do judiciário - FCC - 2017 – TER – SP
Exemplos:
Texto 1
Texto 2
Um dos hábitos de Churcill era o de pintar telas a óleo como hobby, hábito que ele levou
muito a sério. Especialistas veem em seus quadros influências de Monet, Turner e Van Gogh.
Para ele, ainda que representasse diversão ou evasão da realidade, a arte era fundamental. E
como tinha língua afiada e pena precisa, ele mesmo escreveu a respeito de seu interesse pelas
artes plásticas: “A pintura é uma amiga que não faz exigências desmedidas, que não incita a
buscas exaustivas, que mantém marcha constante ainda que a passos lentos, e que ergue sua
tela como uma cortina entre nós e o olhar invejoso do tempo”.
Texto argumentativo
Texto 2
Texto 1
O patrimônio histórico de uma nação registra informações sobre a cultura, o povo, a formação
do país e é a principal memória física a ser resguardada. Nesse sentido, em alguns países,
existe política pública capaz de fomentar a preservação de museus, bibliotecas e memoriais
sob pena de não se perder a história de uma sociedade inteira.
Texto 2
O patrimônio histórico de uma nação registra informações sobre a cultura, o povo, a formação
do país e certamente é a principal memória física a ser resguardada. Tal cuidado deve ser
prioritário porque a omissão em relação à preservação da história de um povo impede a
compreensão de sua formação, de suas possibilidades de desenvolvimento social e cultural e,
sobretudo, de construção de uma memória sobre a própria identidade e evolução da pátria.
Nesse sentido, é imperativo haver política pública capaz de fomentar a preservação de
museus, bibliotecas e memoriais sob pena de não se perder a história de uma sociedade
inteira.
•
Operadores argumentativos
Operadores que assinalam o argumento mais forte em uma escala, e que levam ao
sentido de conclusão: INCLUSIVE - ATÉ MESMO – ATÉ – MESMO – AO MENOS – PELO
MENOS – NO MÍNIMO
Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem
tanto questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos
e fases para se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que
tornam mais difícil sua inserção em uma família nova. Nesse sentido, o poder público deve
atuar de forma mais efetiva para viabilizar a adoção e pode, até mesmo, avaliar a
possibilidade de flexibilizar regras para facilitar essa prática.
Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem
tanto questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos
e fases para se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que
tornam mais difícil sua inserção em uma família nova, como a predileção por crianças
pequenas e brancas. Além disso, outro impeditivo é a existência de crianças com vários
irmãos para adoção e a busca por famílias que possam adotar todos para favorecer a
manutenção de vínculos entre eles, o que torna mais escasso o perfil dos habilitados a
adotar.
Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem
tanto questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos
e fases para se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que
tornam mais difícil sua inserção em uma família nova. Por conseguinte, faz-se necessário
instituir revisão da polícia nacional de adoção a fim de favorecer que todo sujeito em
desenvolvimento possa sair de abrigos e ser acolhido em uma família nova.
Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem
tanto questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos
e fases para se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que
tornam mais difícil sua inserção em uma família nova. Por conseguinte, faz-se necessário
instituir revisão da polícia nacional de adoção a fim de favorecer que todo sujeito em
desenvolvimento possa sair de abrigos e ser acolhido em uma família nova. Ou então, as
casas de passagem de menores continuarão lotadas e as crianças e adolescentes, à
espera de pai ou mãe afetivos.
Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem
tanto questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos
e fases para se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que
tornam mais difícil sua inserção em uma família nova. Mais do que rever as regras e o
tempo do processo de adoção, é preciso instituir uma cultura de conscientização para esse
problema social a fim de tornar a adoção não um tabu, mas, sim, uma prática desejada por
muitas pessoas no país.
Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem
tanto questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos
e fases para se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que
tornam mais difícil sua inserção em uma família nova.
Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem
tanto questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos
e fases para se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que
tornam mais difícil sua inserção em uma família nova. Por conseguinte, faz-se necessário
instituir revisão da polícia nacional de adoção a fim de favorecer que todo sujeito em
desenvolvimento possa sair de abrigos e ser acolhido em uma família nova. No entanto,
não se observam ações do poder público nesse sentido, o que indica um futuro sombrio
para crianças e adolescentes que vivem em casas de passagem à espera de uma nova
família.
Operadores que tem por função introduzir no enunciado conteúdos pressupostos:
AINDA – JÁ – AGORA
Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem
tanto questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos
e fases para se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que
tornam mais difícil sua inserção em uma família nova. Em função disso, o poder público
agora propõe uma revisão da polícia nacional de adoção a fim de favorecer que todo sujeito
em desenvolvimento possa sair de abrigos e ser acolhido em uma família nova, ação ainda
em estudo, mas que pode ser útil para favorecer que milhares de crianças e adolescentes
tenham a chance de viver em uma família.
Relevo argumentativo
Modalizadores argumentativos
São elementos gramaticais ou lexicais que apontam determinadas atitudes e/ou posições
em relação a um conteúdo e/ou tema específicos abordados pelo autor em um texto
argumentativo.
→ →
→
→
Observe verbos que podem ser empregados na redação para indicar a exposição de seu ponto
de vista sobre os temas:
Exemplos:
• Para diminuir o número de crianças obesas, algumas medidas são adequadas.
• É necessário adotar medidas para diminuição do número de crianças obesas.
• A realidade das celas em grande parte do sistema carcerário brasileiro é vexatória, pois
coloca os apenados em situação degradante e desumana.
ELEMENTO DEFINIÇÃO
LINGUÍSTICO
Pressupostos Ideias implícitas nos enunciados
Questões
Óculos com luz e joia no rosto são novas armas contra reconhecimento facial
Letícia Naísa
A indústria fashion começa a oferecer produtos para quem não quer ser reconhecido por câmeras
de vigilância. Podem ser óculos que emitem luz, joias que confundem o scanner facial ou
máscaras que distorcem as feições. A rápida expansão da tecnologia de reconhecimento inspirou
a artista polonesa Ewa Nowak a criar máscaras para driblar as autoridades. Feitas de metal, as
joias prometem embaralhar os algoritmos e impedir que os rostos sejam reconhecidos por
câmeras.
O projeto foi chamado de "Incognito" e consiste em um tipo de óculos que cobre parte da testa e
das maçãs do rosto. "Este projeto foi precedido por um estudo de longo prazo sobre forma,
tamanho e localização dos elementos da máscara para que ela realmente cumprisse sua tarefa",
escreve Nowak em sua página. Segundo ela, a máscara foi testada no algoritmo DeepFace, do
Facebook, e passou na prova: seu rosto não foi reconhecido.
Ainda há muito debate e muita pesquisa em torno da eficiência da tecnologia de reconhecimento
facial, especialmente com os falsos positivos: a câmera diz que uma pessoa é, na verdade, outra.
Especialistas apontam que ainda há muitas falhas em reconhecer rostos fora do padrão de
homens brancos. "Se a gente aplica essas tecnologias de maneira errônea e ela indica que o meu
rosto é de uma pessoa suspeita, a tendência é que oficiais deem crédito ao equívoco, e abre-se
margem a abuso policial, porque tem indício de que você é uma pessoa suspeita e aí pode-se
inverter o princípio da inocência, que é fundamental", afirma Joana Varon, diretora executiva da
Coding Rights, organização de defesa dos direitos humanos na internet.
A preocupação com o reconhecimento facial tem crescido nos últimos anos, visto que a tecnologia
tem sido usada para fins de segurança pública e privada e de marketing. No Brasil, a novidade já
chegou. Durante o carnaval deste ano, um homem foi preso depois de ser reconhecido por uma
câmera, e a ViaQuatro do metrô paulista foi impedida de usar o reconhecimento facial. O debate
sobre a regulamentação da tecnologia está previsto na Lei Geral de Proteção de Dados, que
entrará em vigor em agosto de 2020.
Para Pollyana Ferrari, professora da PUC-SP e pesquisadora de mídias sociais, é preciso que os
governos regulamentem o uso de nossas "pegadas digitais", sejam likes, compras, navegação ou
biometria. "Os riscos da tecnologia são os usos não declarados; na maior pa rte das vezes, não
sabemos o que será feito da nossa biometria", diz. "Cada vez a driblamos menos", afirma.
Quanto à eficiência do Incognito, as especialistas ainda são céticas, mas Varon reconhece que há
uma tendência na tentativa de hackear o sistema de vigilância da tecnologia de reconhecimento
facial. O próprio "Incognito" foi inspirado em um projeto japonês que criou óculos com luzes que
impedem a tecnologia de reconhecer rostos. Em Hong Kong, durante a onda de protestos na
China, os jovens usaram máscaras, lenços e lasers para enganar as câmeras.
Para Varon, a via legislativa e moratórias para uso da tecnologia são vias eficientes. Nos Estados
Unidos, algumas cidades já baniram o uso de reconhecimento facial na segurança e impediram
empresas que desenvolvem softwares de venderem para esse fim. "O que funciona é ter uma
visão crítica e ampliar o debate sobre quão nocivo pode ser o uso dessa tecnologia, seja por
discriminação de pessoas, seja por coleta abusiva de expressões faciais, sentimentos, humores,
visando manipular mentes, e o debate sobre o guardo e o compartilhamento desses dados, que
são extremamente sensíveis", afirma.
Para Ferrari, o projeto enquanto artístico é válido. "O papel da arte sempre foi nos tirar da zona
de conforto. Então, esse movimento que se declara contra a vigilância governamental e
corporativa, com joias, óculos de LED e máscaras, é bem oportuno, pois nos alerta para algo que
já nos afeta diariamente", opina.
Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/10/30/artista -cria-mascara-anti-
reconhecimento-facial.htm. Acesso em: 27 jan. 2020. [Adaptado]
Projeto brasileiro pretende mapear genoma de 15 mil pessoas para prever e tratar doenças
Por Filipe Domingues, G1/ 10/12/2019 12h00
Um projeto liderado por uma cientista brasileira vai identificar as principais características
genéticas dos brasileiros para prever doenças e antecipar tratamentos. Lançada nesta terça-feira
(10), em São Paulo, a iniciativa "DNA do Brasil" quer mapear o genoma de 15 mil pessoas de 35
a 74 anos de idade e se tornar o maior levantamento do tipo já realizado no país. A ideia é que
em cinco anos já se tenham os primeiros resultados. "O desafio é entender quais variações
genéticas estão associadas a quais características das pessoas", disse a pesquisadora Lygia da
Veiga Pereira, da Universidade de São Paulo (USP), na abertura do projeto. "Nós somos o
resultado do nosso genoma mais o nosso estilo de vida. O genoma é a receita do nosso corpo."
Além da geneticista, estão envolvidos na parceria o Ministério da Saúde que oferecerá
dados epidemiológicos da população brasileira por meio do projeto ELSA Brasil; organizações
privadas como a Dasa, empresa da área de saúde, que financiará e realizará o sequenciamento
das primeiras 3 mil amostras; a Illumina que vai fornecer os insumos e a Google Cloud que fará o
armazenamento e proteção dos dados. As descobertas que os cientistas fizerem poderão ser
traduzidas em inovações tanto na área de pesquisa genética quanto nos diagnósticos e
tratamentos de doenças como o câncer, a hipertensão, o diabetes, depressão, esquizofrenia e
algumas doenças raras. Ao descobrir que determinada proteína presente no corpo de uma pessoa
permite manter o colesterol baixo, é possível "editar" o DNA do paciente para imitar o
comportamento deste elemento. [...]
O diretor médico da Dasa, Gustavo Campana, lembrou que 80% das 8 mil doenças
consideradas raras têm origem genética. Já os cânceres hereditários são de 5 a 12% dos casos.
Portanto, além da previsão de tais doenças, o mapeamento dos genes e sua associação com as
características da população brasileira podem permitir avanços em "terapêutica gênica", ou seja,
métodos de tratamento que atuam diretamente nos genes ± o mais famoso deles é o CRISPR, a
técnica de edição do DNA. "Esse projeto é um marco da genética populacional no Brasil," disse
Campana.[...]
3. IBFC - 2020 - TRE-PA - Técnico Judiciário - Administrativa
De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.
a) Há um projeto liderado por brasileiros que vai identificar as principais características genéticas
humanas, em pacientes da USP, para curar doenças hereditárias.
b) As descobertas poderão ser inovações tanto na área de empirismo genético quanto nos
diagnósticos e tratamentos de doenças.
c) A Illumina financiará e realizará o sequenciamento das primeiras 3 mil amostras dos dados
epidemiológicos da população.
d) O estudo será realizado em adultos e idosos com o intuito de reconhecer, pelo perfil genético,
a possibilidade de futuras doenças e preceder tratamentos.
O peso de Eurídice se estabilizou, assim como a rotina da família Gusmão Campelo. Antenor saía
para o trabalho, os filhos saíam para a escola e Eurídice ficava em casa, moendo carne e
remoendo os pensamentos estéreis que faziam da sua vida infeliz. Ela não tinha emprego, ela já
tinha ido para a escola, e como preencher as horas do dia depois de arrumar as camas, regar as
plantas, varrer a sala, lavar a roupa, temperar o feijão, refogar o arroz, preparar o suflê e fritar os
bifes? Porque Eurídice, vejam vocês, era uma mulher brilhante. Se lhe dessem cálculos
elaborados, ela projetaria pontes. Se lhe dessem um laboratório, ela inventaria vacinas. Se lhe
dessem páginas brancas, ela escreveria clássicos. No entanto, o que lhe deram foram cuecas
sujas, que Eurídice lavou muito rápido e muito bem, sentando-se em seguida no sofá, olhando as
unhas e pensando no que deveria pensar. E foi assim que concluiu que não deveria pensar, e
que, para não pensar, deveria se manter ocupada todas as horas do dia, e que a única atividade
caseira que oferecia tal benefício era aquela que apresentava o dom de ser quase infinita em suas
demandas diárias: a culinária. Eurídice jamais seria uma engenheira, nunca poria os pés em um
laboratório e não ousaria escrever versos, mas essa mulher se dedicou à única atividade permitida
que tinha um certo quê de engenharia, ciência e poesia. Todas as manhãs, depois de despertar,
preparar, alimentar e se livrar do marido e dos filhos, Eurídice abria o livro de receitas da Tia
Palmira.
Martha Batalha. A vida invisível de Eurídice Gusmão. 1.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
2016 (com adaptações)
Gabarito
1B
2A
3D
4D
5E
QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL SUPERIOR
GABARITO
1 Certo
2 Certo
3 Errado
4D
5E
1.3 Compreensão e interpretação de textos: linguagem e vocabulário
Exemplos:
Nível de linguagem
Linguagem regional
Linguagem regional: relaciona-se às variações ocorridas, principalmente na fala, nas mais
variadas comunidades linguísticas.
Exemplo:
Trezentas onças
Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o
pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira… e fui-me à água que nem
capincho!
Debaixo da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei
umas braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.
E solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei.
Daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de braça
e meia de sol.
-Ah!…esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui esperto
e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-me para acompanhar-me, e depois de sair a
porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu
lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.
Por sinal que uma noite...
Mas isto é outra cousa; vamos ao caso.
Durante a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e corria
pra trás, e olhava-me, olhava-me, e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; — parecia
que o bichinho estava me chamando!... Mas como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para dai a
pouco recomeçar.
- Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao
tempo que dava as — boas-tardes! — ao dono da casa, agüentei um tirão seco no coração... não
senti na cintura o peso da guaiaca!
Tinha perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.
(...)
João Simões Lopes Neto. Contos gauchescos. 1912.
Linguagem literária
Linguagem literária: empregada nos textos literários, marcada por plurissignificação, polissemia,
exploração de figuras de linguagem e conotação.
Exemplo:
Gíria
Gíria: estilo linguístico que está integrado à linguagem popular. Ela está relacionada ao cotidiano
de certos grupos sociais, em especial os estudantes, os esportistas e, também, os ladrões, por
exemplo. Utilizada como meio de expressão cotidiana, a gíria existe dentro de grupos para
diferenciá-los, pois só os inseridos naquele determinado contexto sabem o seu significado.
Linguagem técnica
Linguagem técnica: usada em textos técnicos, científicos, marcada por uso de vocabulário
específico de uma dada área.
Exemplo:
Exemplos:
Amor é fogo que arde sem se ver (Luís de Camões) Sentido conotativo
Sentido conotativo
Sentido conotativo
“(....)
É de laço e de nó
De gibeira o jiló
Dessa vida, cumprida a sol (....)”
(Renato Teixeira. Romaria. Kuarup Discos.
setembro de 1992.)
O amor é sentimento que une as pessoas. Sentido denotativo
A bateria do carro precisa ser substituída... O carro não Sentido denotativo
liga mais...
O Sol é uma estrela em torno da Terra. Sentido denotativo
Descrição da imagem: No texto, ao se referenciar a denotação, expõe-se uma imagem de um coração de
papel sendo cortado por uma tesoura. Ao se referenciar a conotação expõe-se uma imagem de um coração dividido
em duas partes e ao lado um rosto em forma de emoticon com indicativo de tristeza.
Denotação e conotação
Expressões similares:
• Sentido denotativo = sentido literal.
• Sentido conotativo = sentido figurado.
Nas provas de concurso, podem aparecer questões com foco em:
Questões
O mundo anda cada vez mais complicado, o que não é bom. O frágil corpo humano não foi
feito para competir com a máquina, conviver com a máquina e explorá-la. A cada adiantamento
técnico-científico, o conflito fica mais duro para o nosso lado.
Mas nesta semana vi na TV uma reportagem que me horrorizou como prova de que, a cada
dia, mais renunciamos às nossas prerrogativas de seres vivos e nos tornamos robotizados. Foi a
“praia artificial” no Japão (logo no Japão, arquipélago penetrado e cercado de mar por todos os
lados!).
É um galpão imenso, maior que qualquer aeroporto, coberto por uma espécie de cúpula
oblonga, de plástico. E filas à entrada, lá dentro um guichê, o pessoal paga a entrada, que é cara,
e some. Deve entrar no vestiário, ou antes, no despiário, pois surgem já convenientemente
seminus, como se faz na praia. Pois que debaixo daquele imenso teto de plástico está um mar,
com a sua praia. Mar que, na tela, aparece bem azul com ondas de verdade, coroadas de espuma
branca; ondas tão fortes que chegam a derrubar as pessoas e sobre as quais jovens atletas surfam
e rebolam. E um falso sol, de luz e calor graduáveis; e a praia é de areia composta por pedrinhas
de mármore.
Não sei se pelo comportamento dos figurantes, a gente tinha a impressão absoluta de que
assistia a uma cena de animação figurada em computador. A única presença viva, destacando-se
no elenco de bonecos, era a repórter, apresentadora do espetáculo. Já se viu! Se fosse uma
honesta piscina de água morna, tudo bem. Mas fingir as ondas, falsificar um sol bronzeando, de
trinta e cinco graus, e toda aquela gente se deitando com a simulação e depois voltando para a
rua vestida nos seus casacos! Me deu pena, horror, sei lá. Aquilo não pode deixar de ser pecado.
Falsificar com tanta impudência as criações da natureza, e pra quê!
(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 1994, edição
digital)
Alfabeto de emojis
“Paradoxalmente” — escreverá um historiador em 2218 — “foi a disseminação da escrita como
principal forma de comunicação o que criou as condições para a sua própria morte”. O alfabeto
latino, este fantástico conjunto de 26 letras que, combinadas infinitamente, podem nomear
realidades tão distintas quanto “sol”, “cunilingus”, “schadenfreud” e “Argamassa
Cimentcola Quartzolite”, começou sua lenta caminhada em direção ao brejo em setembro de
1982.
Foi ali, não muito depois da derrota do Brasil para a Itália de Paolo Rossi, que o cientista da
computação Scott Fahlman sugeriu a colegas de Carnegie Mellon University, com os quais se
comunicava online, usarem :-) para distinguirem as piadas dos assuntos sérios. Mal sabia o
tal Scott que aquela inocente boca de parêntese era o protótipo da goela que viria a engolir quase
3.000 anos de alfabeto como se fosse uma sopa de letrinhas.
Os emoticons se espalharam pelo mundo com o ICQ, os chats e, principalmente, os celulares,
mas nem todos os seres humanos aderiram imediatamente à moda. [...]
Emoticons foram o início do fim, mas só o início. O coaxar dos sapos no brejo começou a
incomodar mesmo com a chegada dos emojis. Confesso que, de novo, demorei pra entrar na
onda. Desta vez não por burrice, mas por senso do ridículo. Quando que um adulto como eu iria
mandar pra outro adulto um “smile” bicudo soltando um coração pelo canto da boca, como se
fosse uma bola de chiclete? Nunca! “Nunca”, no caso, revelou-se estar a apenas uns cinco anos
de distância da minha indignação.
Hoje eu mando coração pulsante pra contadora que me lembrou dos documentos do IR,
mando John Travolta de roxo pro amigo que me pergunta se está confirmado o jantar na quinta e,
se eu pagasse imposto sobre cada joia que envio daquele mãozão amarelo, não ia ter coração
pulsante capaz de fazer minha contadora resolver a situação.
“Em meados do século 21” — escreverá o historiador de 2218 — “a humanidade abandonou
o alfabeto e passou a se comunicar só por emojis”. A frase, claro, será toda escrita com emojis.
Haverá tantos, tão variados, que será possível citar Shakespeare usando apenas desenhinhos.
(Shakespeare, aliás, dá pra escrever. Imagem de milk-shake + duas chaves (keys) + pera
(pear). Shake + keys + pear).
Teremos voltado ao tempo dos hieróglifos e não me assombra se as condições de vida
regredirem às do antigo Egito, mas ninguém se importará, cada um de nós hipnotizado pela tela
que tantos apregoaram ser uma nova pedra de Roseta, capaz de traduzir o mundo em nossas
mãos, mas que no fim se revelou só um infernal e escravizante pergaminho. :-(
(Antônio Prata. Folha de S. Paulo, 15 de abril de 2018. Adaptado.)
No 1º§, o suposto enunciado a ser escrito por um historiador no futuro tem seu sentido estruturado
a) de modo exclusivamente conotativo.
b) de modo exclusivamente denotativo.
c) com base em um sentido denotativo e conotativo.
d) a partir de uma linguagem em que predomina o exagero.
5. CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade:
Ciências Contábeis
GABARITO
1.D
2.Certo
3.D
4.C
5. Certo
1.4 Pressupostos e subentendidos
Informações explícitas versus informações implícitas
Inferência
Exemplos:
João ainda não corrigiu as provas.
Inferência: ele deverá corrigir
Veja:
“O feriado de Páscoa foi menos violento este ano.” Conhecimento da realidade
Inferência 1 – houve campanhas de esclarecimento à brasileira e do contexto
população; sociocultural-econômico
Inferência 2 – o maior policiamento nas ruas evitou a contribui para a formulação
violência; de inferências
Inferência 3 – o governo se empenhou mais na proteção ao
cidadão etc.
Pressuposto
Um pressuposto é uma ideia clara que pode ser presumida, que é possível supor.
É uma informação implícita.
É uma informação prévia, autorizada pelo texto, verdadeira, irrefutável.
Exemplos:
• Maria está cansada de ser médica.
• O carro de Pedro parou de dar problema.
• João não está mais namorando.
• Até João foi à festa.
• Até João traiu o chefe.
• O professor continua estudando língua inglesa.
Atenção!
1) Os conteúdos veiculados em pressuposições correspondem, normalmente, a realidades já
conhecidas e admitidas pelo destinatário.
2) Informar o pressuposto é uma forma de explicitar o óbvio, o que está “dentro” do enunciado.
Exemplo:
João parou de bater na mulher.
• Posto: João parou de bater na mulher
• Pressuposto: João batia na mulher.
•
•
•
•
Nas provas de concurso, pode haver questões com diferentes tipos de cobranças, como
indicado a seguir:
Questões
EM SÍNTESE
QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL MÉDIO
Em busca do outro
Não é à toa que entendo os que buscam caminho. Como busquei arduamente o meu! E como
hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser, o meu atalho, já que não
ouso mais falar em caminho. Eu que tinha querido. O Caminho, com letra maiúscula, hoje me
agarro ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com sombras
refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja finalmente eu, isso não
encontrei. Mas sei de uma coisa: meu caminho não sou eu, é outro, é os outros. Quando eu puder
sentir plenamente o outro estarei salva e pensarei: eis o meu porto de chegada.
(LISPECTOR, Clarice. Aprendendo a viver. Rio de Janeiro, Rocco Digital, 2013, p. 48.)
Da leitura do texto, depreende-se que
(A) o homem não é responsável por suas escolhas.
(B) a liberdade leva ao isolamento do indivíduo.
(C) o destino dos seres humanos é predeterminado.
(D) a busca de si mesmo inclui a busca do outro.
(E) a emoção não deve interferir no exercício da razão.
Ao dizer que o livro sempre foi um repositório de conhecimento que circulava na época, a leitura
do texto nos permite concluir que:
(A) há sempre uma necessidade de renovação do livro em razão da contínua evolução dos
conhecimentos;
(B) permanece a procura por um livro didático ideal, já que todos são, por definição, deficientes;
(C) continua a valorização do livro didático antigo e já experimentado por se ter mostrado útil
através dos tempos;
(D) se trata de um material didático que se caracteriza por seu conservadorismo, por veicular
conhecimentos estabelecidos;
(E) traz a marca histórica de ter veiculado conhecimentos através dos tempos e, por isso, deve
preservar seus conteúdos.
GABARITO
1C
2D
3A
QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL SUPERIOR
Texto 1
“Nenhum dicionário, seja o mais exaustivo, poderá dar conta de todo um sistema de significação:
em primeiro lugar, porque os sistemas de significação não são estáticos; em segundo lugar,
porque estes, e principalmente os sistemas religiosos, se fazem mais de regras, isto é, de
gramáticas, que de vocabulários; em terceiro lugar, porque nem todos os elementos significativos
dos sistemas simbólicos se encontram cobertos por termos que os denotem e, finalmente, porque
os significados apreendidos pelos dicionários são apenas pontos de referência para se atingir
significados constantemente variáveis com os contextos em que os sistemas de significação
encontram existência concreta”. (Olga Gudolle Cacciatore, Dicionário de cultos afro-brasileiros, p.
11)
“...os significados apreendidos pelos dicionários são apenas pontos de referência para se atingir
significados constantemente variáveis com os contextos em que os sistemas de significação
encontram existência concreta” (texto 1).
Infere-se do segundo período do texto que, imediatamente após o artigo “as”, no trecho “as já
alcançadas” (L.5), está omitido o termo palavras.
Texto para as questões 4 e 5.
Crônicas contemporâneas
O gênero da crônica, entendida como um texto curto de periódico, que se aplica sobre um
acontecimento pessoal, um fato do dia, uma lembrança, um lance narrativo, uma reflexão, tem
movido escritores e leitores desde os primeiros periódicos. No pequeno espaço de uma crônica
pode caber muito, a depender do cronista. Se ele se chamar Rubem Braga, pode caber tudo: esse
mestre maior dotou a crônica de uma altura tal que pôde dedicar-se exclusivamente a ele
ocupando um lugar entre os nossos maiores escritores, de qualquer gênero.
Jovens cronistas de hoje, com colunas nos grandes jornais, vêm demonstrando muita garra,
equilibrando-se entre as miudezas quase inconfessáveis do cotidiano pessoal, às quais se
apegam sem pudor, e a uma espécie de investigação crítica que pretende ver nelas algo de
grandioso. É como se na padaria da esquina pudesse de repente representar-se uma cena de
Hamlet ou de alguma tragédia grega; é como se, no banheiro do apartamento, o espelhinho do
armário pudesse revelar a imagem-síntese dos brasileiros. Talvez esteja nesse difícil equilíbrio um
sinal dos tempos modernos, quando, como numa crônica, impõe-se combinar a condição mais
pessoal de cada um com a responsabilidade de uma consciência coletivista, que a todos nos
convoca. (Diógenes da Cruz, inédito)
Gabarito
1A
2A
3 ERRADO
4D
5A
1.5 Tipo textuais
Exemplo:
Texto descritivo
É aquele texto que apresenta “as características de uma pessoa, de um objeto ou de uma
situação qualquer, inscritos em um certo momento estático do tempo” (FIORIN; SAVIOLI, 2007,
p. 297). Não apresenta, como o texto narrativo, uma mudança de estado de pessoas ou coisas.
Exemplo:
O que é Mediação?
A mediação é um processo voluntário que oferece àqueles que estão vivenciando uma situação
de conflito a oportunidade e o espaço adequados para conseguir buscar uma solução que atenda
a todos os envolvidos.
Na mediação as partes expor seu pensamento e terão uma oportunidade de solucionar questões
importantes de um modo cooperativo e construtivo. O objetivo da mediação é prestar assistência
na obtenção de acordos, que poderá construir um modelo de conduta para futuras relações, num
ambiente colaborativo em que as partes possam dialogar produtivamente sobre seus interesses
e necessidades.
Fonte: http://www.tjrj.jus.br/web/guest/institucional/mediacao/estrutura-administrativa/o-que-e-
mediacao . Acesso: 29 abr. 2020.
* Para todos verem: esquema
Texto dissertativo
É “o tipo de texto que analisa e interpreta dados da realidade por meio de conceitos
abstratos” (FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 298). Ao explorar conceitos abstratos, o texto dissertativo
referencia o mundo real através de “conceitos amplos, de modelos genéricos, muitas vezes
abstraídos do tempo e do espaço” (FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 299). O texto dissertativo é bastante
frequente em discursos da ciência e da filosofia.
Exemplo:
Ócio: coligado à produção
O que dentro da Idade Contemporânea é visto, muitas das vezes, com olhos negativos,
como procrastinação e improdutividade, para filósofos gregos, como Aristóteles, o ócio era
entendido como o estado de um indivíduo livre da necessidade de trabalhar. Para eles, o trabalho
era muitas vezes visto como expressão da miséria humana, e por isso era desprezado pela elite,
deixando o ócio como um dado marcante na vida da elite grega.
“A perfeição do cidadão não qualifica o homem livre, mas só aquele que é isento das tarefas
necessárias das quais se incumbem servos, artesãos e trabalhadores não especializados; estes
últimos não serão cidadãos, se a constituição conceder os cargos públicos à virtude e ao mérito,
pois não se pode praticar a virtude levando-se uma vida de um trabalhador braçal.” Aristóteles.
Desse modo, a atividade dos homens livres era o ócio produtivo, que os permitia refletir
sobre a sociedade e o mundo, além de participarem da vida política, apresentando o ócio como
um trabalho intelectual necessário para a sociedade. Enquanto isso, como havia uma elite livre
para não trabalhar, quem fazia o trabalho braçal eram os escravos, inferiores a qualquer outra
parcela da população dentro da hierarquia.
Atualmente, diante desta visão pejorativa em relação ao tempo ocioso, o que nota-se é que
os indivíduos que se destacam em todos os âmbitos são aqueles que conseguem equacionar de
maneira inteligente a atividade profissional e o lazer, evitando, assim, uma sobrecarga mental.
Fonte: https://academiamedica.com.br/blog/ocio-coligada-da-producao . Acesso em: 28 maio
2020.
Importante saber!
Texto argumentativo
É o tipo de texto que tem como propósito central, com base em uma discussão com
apresentação de argumentos, formar opinião, objetivando que o outro acredite na tese defendida.
É focado na persuasão do leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto tratado e
embasado na defesa de uma tese fundamentada em argumentos.
Exemplo:
O erro da Oxfam
Os controles sobre a conduta ética dos funcionários falharam
EL PAÍS
14 FEV 2018 - 21:00 BRST
Há condutas que sempre são reprováveis, mas são ainda mais quando ocorrem no seio de uma
organização que tem como fundamento de sua existência os valores e princípios éticos. É
totalmente inaceitável que membros da Oxfam contratassem prostitutas e organizassem
orgias em 2011 enquanto estavam em missão humanitária no Haiti depois do terrível terremoto
que assolou a ilha. O fato é especialmente grave quando se leva em conta que o responsável pela
missão já havia tido uma conduta semelhante no Chade em 2006. A repetição indica que, pelo
menos nesse momento, os controles internos sobre a conduta ética do pessoal eram frágeis ou
inexistentes.
A organização expressa agora sua “tristeza, indignação e vergonha”, e é bom que entoe um mea
culpa sincero. E também que em consequência do escândalo tenham apresentado sua demissão
altos dirigentes da entidade. Mas o mais importante é garantir que algo assim nunca mais se
repita. Embora esteja claro que a conduta reprovável é imputável a uma ínfima parte de seus
10.000 trabalhadores, tem consequências devastadoras para todo o setor das ONG. Fatos como
esse não só afetam o prestígio de uma organização humanitária que opera em 90 países, tem
mais de 2.000 programas em curso e conta com milhões de voluntários; também causam um dano
direto irreparável aos milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade que podem beneficiar-
se da solidariedade internacional por intermédio desse tipo de organização.
Temos de aplaudir a determinação da Oxfam de recuperar a confiança dos cidadãos e celebrar
seu anúncio de que aplicará medidas de controle interno rigorosas e eficazes para evitar que fatos
tão graves se repitam. Isso vai requerer um grande esforço e muita transparência. Não há outro
caminho para recuperar a credibilidade de uma organização que, como as demais ONGs, é e
continuará sendo muito necessária.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/14/opinion/1518635280_270833.html Acesso: 20
fev. 2018.
É o tipo de texto que está focado na explicação para realização de uma ação, como a de
fazer um bolo, administrar um remédio ou instalar um equipamento doméstico. É o texto que
apresenta o método para realizar algo, é, portanto, um texto para instruir.
Exemplos:
Fonte: https://www.lg.com/br/products/documents/MFL59166617_BBTV_SERIES_REV00.pdf
Brigadeiro
INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
Em uma panela funda, acrescente o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó.
Cozinhe em fogo médio e mexa até que o brigadeiro comece a desgrudar da panela.
Deixe esfriar e faça pequenas bolas com a mão passando a massa no chocolate granulado.
Fonte: https://www.tudogostoso.com.br/receita/114-brigadeiro.html. Acesso em: 28 maio 2020.
Texto que tem a função de indicar uma previsão, dar uma informação sobre o futuro, de
forma a antecipar os eventos que, segundo o enunciador, deverão ocorrer.
Traços:
verbos de ação;
modos e tempos verbais: futuro do indicativo e imperativo;
exploração do verbo no tempo futuro;
forma de tratamento “você”, dado que o destinatário é o leitor e geral
Exemplo:
Fonte:
https://horoscopo.gshow.globo.com/signos/touro?utm_source=globo.com&utm_medium=widget&
utm_campaign=horoscopo.
Profecia de Nostradamus
O novo Nero fará jogar nos três fornos os jovens, para queimá-los vivos.
Feliz aquele que estiver longe desses atos.
Três do seu sangue o vigiarão para fazê-lo perecer.
(IX, 53)
Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/horoscopo/profecias-nostradamus/
Texto prescritivo
Texto que tem a função de prescrever algo, de indicar o que deve ser seguido à risca. Indica
uma ação obrigatória, sobre à qual se deve obediência.
Exemplo:
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Publicado em: 30/10/2019 | Edição: 210 | Seção: 1 | Página: 166
Órgão: Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais/Conselho Regional
de Educação Física da 11ª Região
PORTARIA Nº 172, DE 21 DE OUTUBRO DO 2019
Fonte: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-172-de-21-de-outubro-do-2019-224421488
Fiorin e Savioli (2007) destacam que não existe uma pureza na tipologia textual em uma
produção discursiva, já que um mesmo texto pode apresentar narração, descrição,
dissertação e argumentação:
É bem verdade que, na maioria das vezes, não encontramos um texto em estado puro, já
que o descritivo, o narrativo e o dissertativo podem interpolar-se num único texto.
(FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 289)
Questões
Piada/anedota
Trata-se de um texto narrativo simples em que geralmente há presença de enredo,
personagens, tempo, espaço.
É um texto popular que vai sendo contado em ambientes informais.
Geralmente não possui um autor.
Exemplo:
“O garoto apanhou da vizinha, e a mãe furiosa foi tomar satisfação: Por que a senhora bateu no
meu filho? Ele foi mal-educado, e me chamou de gorda. E a senhora acha que vai emagrecer
batendo nele?”
Fonte: https://www.todamateria.com.br/genero-textual-anedota/. Acesso em: 25 fev. 2019.
Receita culinária
Texto em que se explica, de forma objetiva e com passo a passo, como é o preparo de
receitas culinárias, como doces, bolos, pães, tortas, biscoitos, pratos salgados (lasanha, pizza,
macarrão ao pesto, etc)
Fonte: https://www.comidaereceitas.com.br/saladas/salada-tropical.html
Editorial
O texto editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente aparece no início das colunas.
Diferente dos outros textos que compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos
opinativos.
Embora sejam textos de caráter subjetivo, eles podem apresentar certa objetividade. Isso
porque são os editoriais que apresentam os assuntos que serão abordados em cada seção do
jornal, ou seja, Política, Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classificados, entre
outros.
Exemplo:
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/03/telemedicina-ja.shtml. Acesso em: 19 mar.
2020.
Artigo de opinião
Exemplo:
Texto constante na prova de língua portuguesa para cargo de Administrativo Financeiro – 2015 –
SERCOMTEL – CONSULPAM
Notícia
Texto informativo sobre um tema atual ou algum acontecimento real, sem indicar a opinião do
redator da notícia sobre o fato relatado.
Busca informar leitores e espectadores sobre temas atuais, buscando a objetividade e a
clareza na comunicação de informações.
Exemplo:
PRF em Minas Gerais apreende mais de 1 tonelada de cocaína
A apreensão ocorreu durante procedimento de fiscalização na altura do quilômetro 637, da
Rodovia Fernão Dias (BR 381)
Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou sua maior apreensão de cocaína deste ano. Mais de 1
tonelada da droga foi encontrada dentro de uma carreta estacionada no pátio de um posto de
combustível, na altura do quilômetro 637, da Rodovia Fernão Dias (BR 381), em Santo Antônio do
Amparo, em Minas Gerais, nessa segunda-feira (16).
A apreensão ocorreu durante procedimento de fiscalização, depois que os policiais rodoviários
desconfiaram de dois veículos com placas de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, que
faziam pernoite no local. Ao fazerem a abordagem dos condutores, os agentes perceberam várias
contradições nas informações repassadas, como o motivo do automóvel estar fazendo a viagem
junto com a carreta.
Ao vistoriarem o carro e a carreta, que transportava luvas para procedimentos cirúrgicos, os
policiais rodoviários localizaram no baú da carreta cerca de 1.120 tabletes de cocaína escondidos
dentro de 34 bolsas de viagem, com peso total de aproximadamente 1.120 kg da droga.
Após a identificação da droga os dois motoristas foram detidos e confessaram estar juntos porque
o automóvel fazia a escolta da carreta com intuito de informar sobre possíveis ações policiais no
decorrer da viagem, que saiu do interior de Santa Catarina e iria para a Itabuna, na Bahia.
A cocaína foi apreendida e os dois motoristas detidos e encaminhados para a Polícia Federal em
Belo Horizonte.
Com informações da Agência Brasil
Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/justica/1339040/prf-em-minas-gerais-apreende-
mais-de-1-tonelada-de-cocaina . Acesso: 5 abr.2019.
Cartaz publicitário
O objetivo do cartaz é estabelecer uma interação com o receptor da mensagem, é
comunicar algo a alguém, que pode ser simplesmente uma informação acerca de um evento -
nesse caso é utilizada a função informativa.
Objetiva convencer alguém, persuadir o receptor a adquirir um produto, por exemplo. Nesse
caso, é utilizada a função apelativa, muito comum na linguagem publicitária.
Exemplos:
Fonte: http://files.cantinhoevt.webnode.pt/200000115-360e836582/cartaz_loga_p.jpg
Acesso em: 19 mar. 2020.
http://www.ccms.saude.gov.br/revolta/images/cartazes/Cartaz-VacinacaoG.jpg
Acesso em: 19 mar. 2020.
Crônica
É uma narrativa que explora fatos do cotidiano para, a partir deles, imprimi uma reflexão
crítica, uma sátira ou uma visão irônica. Publicada especialmente em jornais e revistas, é um texto
breve, com linguagem simples e próxima da oralidade.
Exemplos:
Contra a pirataria
Moacyr Scliar
Dupla assalta joalheria e escolhe marcas de relógio para levar. Um dos ladrões abordou
uma vendedora de uma joalheria que inspecionava a vitrine; o assaltante levantou sua blusa,
mostrando uma arma à vendedora. Dentro da loja, outras vendedoras foram rendidas e obrigadas
a recolher relógios das marcas Breitling, Omega e Mont Blanc da vitrine.
Meme
É um gênero textual, na forma de vídeo, imagem, frase, ideia, música e etc, que se espalha
rapidamente na internet, alcançando muita popularidade. Meme é também uma forma de imitação.
Normalmente, explora humor e sátira.
Exemplo:
Charge
Fonte: http://clicfolha.com.br/charge/1093/manchas-de-petroleo-no-nordeste-podem-ser-da-
venezuela---cazo-2019
Tira
É um gênero textual apresentado em três ou quatro quadrinhos, normalmente mesclando
linguagem verbal e visual para abordar temas gerais. Normalmente, há recorrência de
personagens nas tiras. O tema pode ter tom humorístico, social ou político, metafísicas, ou até
erótico.
Exemplo:
Gêneros textuais: esfera acadêmica
Resumo
Exemplo:
Resenha
Fonte:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.ph
p/direitopub/article/view/36567/26696.
Acesso em: 29 abr. 2020.
Verbete
Texto de caráter informativo, registrado pela escrita, para explicar conceito, significado de
termo.
Exemplo:
Conto
É narrativa literária breve e concisa, contendo um só conflito, uma única ação (com espaço
ger. limitado a um ambiente), unidade de tempo, e número restrito de personagens.
Exemplo:
Feliz aniversário
A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam muito bem
vestidos porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana. A nora de Olaria
apareceu de azul-marinho, com enfeite de paetês e um drapeado disfarçando a barriga sem cinta.
O marido não veio por razões óbvias: não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher para
que nem todos os laços fossem cortados — e esta vinha com o seu melhor vestido para mostrar
que não precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de peito
nascendo, infantilizadas em babados cor-de-rosa e anáguas engomadas, e o menino acovardado
pelo terno novo e pela gravata.Tendo Zilda — a filha com quem a aniversariante morava —
disposto cadeiras unidas ao longo das paredes, como numa festa em que se vai dançar, a nora
de Olaria, depois de cumprimentar com cara fechada aos de casa, aboletou-se numa das cadeiras
e emudeceu, a boca em bico, mantendo sua posição de ultrajada. “Vim para não deixar de vir”,
dissera ela a Zilda, e em seguida sentara-se ofendida. As duas mocinhas de cor-de-rosa e o
menino, amarelos e de cabelo penteado, não sabiam bem que atitude tomar e ficaram de pé ao
lado da mãe, impressionados com seu vestido azul-marinho e com os paetês. (...)
— Oitenta e nove anos, sim senhor! disse José, filho mais velho agora que Jonga tinha
morrido. — Oitenta e nove anos, sim senhora! disse esfregando as mãos em admiração pública e
como sinal imperceptível para todos.
Todos se interromperam atentos e olharam a aniversariante de um modo mais oficial.
Alguns abanaram a cabeça em admiração como a um recorde. Cada ano vencido pela
aniversariante era uma vaga etapa da família toda. Sim senhor! disseram alguns sorrindo
timidamente.
(...)
Enquanto isso, lá em cima, sobre escadas e contingências, estava a aniversariante
sentada à cabeceira da mesa, erecta, definitiva, maior do que ela mesma. Será que hoje não vai
ter jantar, meditava ela. A morte era o seu mistério.
LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1960.
Carta
É um tipo de correspondência que pode ter linguagem variada, de acordo com a relação
entre emissões e receptor.
Assunto é amplo e também variado.
Exemplo:
Discurso
Exemplo:
“Como presidente dos Estados Unidos, eu fiz um apelo ao nosso Congresso para derrubar o
embargo. É um fardo antiquado para o povo cubano. É um fardo para os americanos que querem
trabalhar e fazer negócios ou investir aqui em Cuba. Chegou a hora de derrubar o embargo.
Deixei claro que os Estados Unidos não têm nem a capacidade, nem a intenção de impor
mudanças em Cuba. O que vai mudar vai depender do povo cubano. Não vamos impor nosso
sistema político e econômico em vocês. (...) Mas tendo removido a sombra da história da nossa
relação, devo falar honestamente sobre as coisas em que eu acredito – as coisas em que nós,
americanos, acreditamos. (...) Eu acredito que todo ser humano deve ser igual perante a lei. Que
toda criança merece a dignidade que vem da educação, e cuidados de saúde e comida na mesa
e teto sobre suas cabeças. Acredito que os cidadãos devem ser livres para falar o que pensam
sem medo – para se organizar, e para criticar seu governo, e para protestar pacificamente, e isso
não deve incluir detenções arbitrárias de pessoas que exercem seus direitos. Eu acredito que todo
ser humano deve ter a liberdade de praticar sua fé pacificamente e publicamente. E sim, eu
acredito que os eleitores devem ter o direito de escolher seus governos em votações livres e
democráticas.”
A história dos Estados Unidos e de Cuba abrange revolução e conflito; luta e sacrifício;
retribuição e, agora, reconciliação. É hora, agora, de deixarmos o passado para trás. É hora de
olharmos para o futuro juntos – um futuro de esperança. E não será fácil, e haverá contratempos.
Levará tempo. Mas meu tempo aqui em Cuba renova minha esperança e minha confiança no que
o povo cubano vai fazer. Podemos percorrer esse caminho como amigos, e como vizinhos, e como
uma família – juntos. ‘Si se puede’.
Questões
Eu me limito a sustentar, com base em dados estatísticos, que nós, que partimos de uma
sociedade onde uma grande parte da vida das pessoas adultas era dedicada ao trabalho, estamos
caminhando em direção a uma sociedade na qual grande parte do tempo será, e em parte já é,
dedicado a outra coisa. (....) Eu me limito a registrar que estamos caminhando em direção a uma
sociedade fundada não mais no trabalho, mas no tempo vago.
Além disso, sempre com base nas estatísticas, constato que, tanto no tempo em que se
trabalha quanto no tempo vago, nós, seres humanos, fazemos hoje sempre menos coisas com as
mãos e sempre mais coisas com o cérebro, ao contrário do que acontecia até agora, por milhões
de anos.
Mas aqui se dá mais uma passagem: entre as atividades que realizamos com o cérebro,
as mais apreciadas e mais valorizadas no mercado de trabalho são as atividades criativas. Porque
mesmo as atividades intelectuais, como as manuais, quando são repetitivas, podem ser delegadas
às máquinas. Assim sendo, acredito que o foco desta nossa conversa deva ser essa dupla
passagem da espécie humana: da atividade física à intelectual, da atividade repetitiva à criativa.
Essas duas trajetórias contam a passagem de uma sociedade que foi chamada de
“industrial” a uma sociedade nova. Podemos defini-la como quisermos. Eu, por comodidade, a
chamo de “pós-industrial”.
Quer uma imagem física dessa mudança? Nós, nestes milhões de anos, desenvolvemos
um corpo grande e uma cabeça pequena. Nos próximos séculos, provavelmente reduziremos o
corpo ao mínimo e expandiremos o cérebro. Um pouco como já acontece através do rádio, da
televisão, do computador – a extraordinária série de próteses com as quais aumentamos o poder
da nossa cabeça.
O resultado disso tudo não é o dolce far niente. Com frequência, não fazer nada é menos
doce do que um trabalho criativo.
Os gêneros textuais são textos produzidos em uma determinada situação de uso da linguagem e
que se definem por seus conteúdos, estilo, estrutura composicional e, sobretudo, em função dos
objetivos que cumprem na situação comunicativa. Considerando essa afirmação e o texto acima,
assinale a alternativa correta.
a) O texto possui a estrutura, o estilo e a função social do gênero textual resenha acadêmica.
b) O texto possui a estrutura composicional e o estilo de uma peça publicitária.
c) O texto possui a estrutura do gênero sinopse de livro, mas sua função é de resenha crítica.
d) O texto possui a estrutura do gênero resenha jornalística, mas sua função é de propaganda.
e) O texto possui a estrutura do gênero resenha descritiva, mas sua função é de propaganda
institucional.
Leia o texto a seguir para responder as questões 3 e 4.
A indústria do espírito
JORDI SOLER – 23 DEZ 2017 - 21:00
O filósofo Daniel Dennett propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: “Procure algo mais
importante que você e dedique sua vida a isso”.
Essa fórmula vai na contracorrente do que propõe a indústria do espírito no século XXI, que
nos diz que não há felicidade maior do que essa que sai de dentro de si mesmo, o que pode ser
verdade no caso de um monge tibetano, mas não para quem é o objeto da indústria do espírito, o
atribulado cidadão comum do Ocidente que costuma encontrar a felicidade do lado de fora, em
outra pessoa, no seu entorno familiar e social, em seu trabalho, em um passatempo, etc. [...]
A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso tempo,
cresceu exponencialmente nos últimos anos, é só ver a quantidade de instrutores e pupilos de
mindfulness e de ioga que existem ao nosso redor. Mindfulness e ioga em sua versão pop para o
Ocidente, não precisamente as antigas disciplinas praticadas pelos mestres orientais, mas um
produto prático e de rápida aprendizagem que conserva sua estética, seu merchandising e suas
toxinas culturais. [...]
Frente ao argumento de que a humanidade, finalmente, tomou consciência de sua vida
interior, por que demoramos tanto em alcançar esse degrau evolutivo?, proporia que, mais
exatamente, a burguesia ocidental é o objetivo de uma grande operação mercantil que tem mais
a ver com a economia do que com o espírito, a saúde e a felicidade da espécie humana. [...]
A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas em que as pessoas já
têm muito bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify.
Uma vez instalada no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a pessoa se
movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.
Esse crescente coletivo de pessoas que cavam em si mesmas buscando a felicidade já
conseguiu instalar um novo narcisismo, um egocentrismo new age, um egoísmo raivosamente
autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore
sano, desviando-o descaradamente para o corpo. [...]
Esse inovador egocentrismo new age encaixa divinamente nessa compulsão
contemporânea de cultivar o físico, não importa a idade, de se antepor o corpore à mens. Ao longo
da história da humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que se
envelhecia; os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação: os
idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos, e deixam a sabedoria
nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos. [...]
Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso, pagar a
alguém que nos diga o que fazer com nós mesmos e os passos que se deve seguir para viver
cada instante com plena consciência. Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal
dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito
que, sem seus milhões de subscritores, regressaria ao nível que tinha no século XX, aquela época
dourada do hedonismo suicida, em que o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era
praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.
(Adaptado de: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/26/opinion/1506452714_976157.html>.
Acesso em 27 mar. 2018)
GABARITO
1E
2D
3E
4C
5D
QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL SUPERIOR
GABARITO
1 ERRADO
2 CERTO
3C
4E