Teorico IV
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Teorico IV
de Alimentos
Análise Microbiológica de Alimentos
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Análise Microbiológica de Alimentos
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Entender a importância dos microrganismos indicadores de contaminação para o monito-
ramento da qualidade da água e alimento;
• Conhecer os padrões microbiológicos de água e alimentos estabelecidos em legislação;
• Conhecer técnicas de contagem de microrganismos.
UNIDADE Análise Microbiológica de Alimentos
Contextualização
Os alimentos e a água são importantes veículos de transmissão de patógenos,
sendo responsáveis por diversos surtos de doenças. Fazer análise microbiológica
de alimentos/água é fundamental para garantir a segurança para o consumo.
No entanto, são vários os microrganismos patogênicos e é inviável a análise de
todos eles. Dessa forma, foram escolhidos alguns microrganismos indicadores de
qualidade microbiológica. Quer dizer que, se esse microrganismo indicador estiver
no alimento/água, sugere-se que as condições higiênico-sanitárias estão insatisfató-
rias; o processo de higienização foi ineficiente; pode ter ocorrido uma contaminação
pós-processamento; ou, ainda, condição higiênica inapropriada dos manipuladores.
Nesta unidade, você terá uma visão geral de como fazer as análises microbio-
lógicas em alimentos e água, e como interpretar os resultados de acordo com a
legislação pertinente.
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Microrganismos Indicadores de
Qualidade de Água e Alimentos
Microrganismos indicadores são grupos ou espécies de microrganismos que,
quando presentes em água/alimentos, podem fornecer indicações sobre as condições
higiênicas durante o processamento, produção ou armazenamento de alimentos; pro-
vável presença de patógenos; deterioração de alimentos; ocorrência de contaminação
de origem fecal, indicando condições higiênicas sanitárias inadequadas.
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sendo que não deve exceder 500 UFC/mL, segundo legislação (Portaria nº
2.914/2011);
• Contagem Total de Microrganismos Aeróbios Psicrotrófilos e Termófilos:
Os psicrotrófilos são os microrganismos que se multiplicam em alimentos refri-
gerados, podendo atingir a faixa de temperatura dos mesófilos. Essa contagem
fornece informações sobre o grau de deterioração de alimentos refrigerados.
Os termófilos são os microrganismos que crescem em temperaturas mais
elevadas. Essa contagem fornece informações sobre o grau de deterioração de
alimentos submetidos a tratamento térmico;
• Contagem de Bolores e Leveduras: Maioria dos bolores e leveduras é encon-
trada no solo e ar. Podem provocar deterioração e torna-se um perigo a saúde
pública devido à produção de micotoxinas pelos bolores. Em alimentos ácidos e
de baixa atividade de água, o crescimento do fungo é observado.
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• Contagem de Coliformes Termotolerantes e E. coli: São bactérias que con-
seguem fermentar lactose com produção de gás, quando incubadas a 44-45ºC.
É um grupo de bactérias mais restrito dentro dos coliformes totais. No início, os
coliformes termotolerantes eram chamados de coliformes fecais, para indicar
contaminação fecal. No entanto, sabemos que os termotolerantes incluem bac-
térias de origem não fecal. A pesquisa apenas de E. coli é utilizada também.
Ela fornece informações sobre as condições higiênico-sanitárias do produto,
já que seu habitat natural é o trato intestinal de animais de sangue quente,
mas também pode ser introduzida nos alimentos a partir de fontes de fecais.
Apesar de seu uso ser questionado por alguns autores, a legislação adota a
análise de E.coli para verificar qualidade de água e alimentos, principalmente,
alimentos in natura;
• Presença de Enterococos: Essas bactérias estão presentes no trato intestinal
como também em ambientes diferentes. Podem ser utilizadas como indicadores
de contaminação fecal, apesar de seu uso ser questionado. Indica práticas sani-
tárias inadequadas ou exposição do alimento a condições inadequadas.
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Figura 1
Fonte: Getty Images
Figura 2
Fonte: Getty Images
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Os meios de cultura semissólidos são utilizados, por exemplo, para verificar a
motilidade dos microrganismos, por causa do flagelo.
Figura 3
Fonte: Getty Images
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UNIDADE Análise Microbiológica de Alimentos
Para a coleta da amostra, vários cuidados devem ser tomados. Alimentos refrige-
rados devem ser mantidos em baixa temperatura até o momento da análise. Produtos
prontos, em embalagem fechada, devem ser mantidos na embalagem original.
Alimentos que estejam em embalagens abertas devem ser coletados com utensílios
esterilizados (conchas, espátulas) e acondicionados adequadamente para evitar con-
taminação do ambiente e do manipulador.
Figura 4
Fonte: Adaptado de Getty Images
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A contagem por plaqueamento é um método convencional, que consiste no
plaqueamento de quantidades (alíquotas) conhecidas da amostra líquida (previa-
mente diluída em caso de alimentos sólidos), nos meios de cultura selecionados de
acordo com o interesse da análise. O plaqueamento pode ocorrer na superfície do
meio de cultura (colocado numa placa de Petri), técnica conhecida como Spread
Plate ou plaqueamento em superfície, ou a amostra pode ser colocada numa
placa de Petri e, depois adicionada o meio de cultura, técnica Pour Plate, de
profundidade. Em seguida, as placas devem ficar acondicionadas em estufas com
temperatura controlada, normalmente em 36ºC, por 24 horas, para permitir o
crescimento dos microrganismos e formação das colônias. A partir daí, realiza-se
a contagem das colônias, como mostra a figura, e obtêm-se o resultado expresso
em Unidades Formadoras de Colônias (UFC/g ou mL).
Figura 5
Fonte: Getty Images
A imagem mostra a contagem manual das colônias (UFC), das bactérias que
estavam na amostra coletada. Lembrando que, quando se tem uma colônia,
é porque inicialmente havia uma célula microbiana, isto é, uma Unidade
Formadora de Colônia (UFC). Assim, contando as colônias, sabemos quantos
microrganismos tinham na amostra.
A contagem por Numero Mais Provável (NMP) é muito utilizada para estimar a
contagem de coliformes totais e Escherichia coli. Nela, as alíquotas das amostras
diluídas são adicionadas a uma série de tubos, contendo meio de cultura líquido.
Os tubos são incubados em estufa e espera-se o crescimento. A combinação da
quantidade de tubos que apresentaram crescimento é verificada e, por meio de uma
tabela específica, obtém-se o NMP.
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Para saber quais os microrganismos que deveriam ser estudados num alimento,
o ICMSF (International Commission on Microbiological Specifications for Food)
classificou os microrganismos em categorias diferentes, de acordo com os diferentes
graus de risco ao produtor e ao consumidor. Dessa forma, têm-se os microrganismos
que indicam:
• Alterações no alimento sem serem patogênicos que são os microrganismos,
sem risco direto à saúde, como bactérias aeróbias mesófilas e fungos;
• As condições higiênico-sanitárias do produto, que indicam a possível pre-
sença de outros microrganismos prejudiciais à saúde. Esses microrganismos
são os indicadores de contaminação fecal ou da qualidade higiênico-sanitá-
ria dos alimentos;
• Risco direto à saúde do consumidor como os microrganismos patogênicos de
interesse em alimentos.
Os critérios microbiológicos são de caráter obrigatório, que são aqueles que não
podem ser desobedecidos. O alimento que não estiver de acordo com esse critério
deve ser reprovado. Assim, o padrão microbiológico é um critério obrigatório, que faz
parte de uma lei ou regulamentação administrativa. O não atendimento ao padrão
microbiológico vigente constitui violação da lei.
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e o ICMSF (International Commission on Microbiological Specifications for
Food). Em nível federal, cada país tem os critérios que acha necessário. No Brasil,
os padrões microbiológicos são definidos pelo Ministério da Saúde e da Agricultura.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Análise Microbiológica de Alimentos: Importância do Plano de Amostragem
https://bit.ly/3bti9Px
Resolução – RDC nº 331, de 23 de dezembro de 2019
Dispõe sobre os padrões microbiológicos de alimentos e sua aplicação.
https://bit.ly/3cwxY9n
Instrução Normativa nº 60, de 23 de dezembro de 2019
Estabelece as listas de padrões microbiológicos para alimentos prontos para oferta
ao consumidor.
https://bit.ly/2WuCO1a
Avaliação da Presença de Microrganismos Indicadores Higiênico-Sanitários em Alimentos Servidos em
Escolas Públicas de Porto Alegre, Brasil
https://bit.ly/3dzyaVA
Análise Microbiológica de Esponjas de Uso Doméstico na Cidade de Teresina, PI
https://bit.ly/2WWiUeR
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Referências
SILVA, N. Manual de métodos de análises microbiológicas de alimentos e água.
5. ed. São Paulo: Blucher, 2017. (e-book)
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017. (e-book)
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