Historia Contemporânea
Historia Contemporânea
Historia Contemporânea
A mais comum
A mais generalizada
A mais antiga
Aquela sem a qual não compreendemos todas as outras famílias políticas
Está “geneticamente” ao centro, embora haja tendência para que o coloquem mais à
direita
Esta ideologia pode ser democrática ou não, e alarga-se à economia, à política, aos
valores, às culturas, moldando-se às mesmas
Ex: o Liberalismo em Portugal não é igual ao de Inglaterra
Não existe uma data nem um autor para a fundação da ideologia liberal, sendo que a
mesma surgiu primeiro nuns países e só depois noutros. A palavra liberalismo já existia
antes das revoluções, no entanto era apenas um comportamento e não uma opção
política. Só no seculo XVIII é que o liberalismo passa a designar uma corrente política
(um corpo de ideias mais ou menos fluídas, mas com uma definição mais compacta)
O primeiro grande sistematizador das ideias liberais foi John Locke, expondo ao mundo
de uma forma filosófica o que é o liberalismo – uma espécie de legitimação moral do
que havia acontecido após a revolução inglesa que termina em 1689
O objetivo de Locke foi atingir uma conceção cívica da sociedade – “civil society”.
Dividir para limitar o poder, para impedir que surjam usurpações ou absolutismos
(limite do poder pelo poder)
Na base, para Locke, está um estado de natureza, de onde parte a sociedade. Nesse
estado, os homens são intrinsecamente bons e vivem de forma totalmente livre, uma
vez que esse estado não é uma sociedade organizada. Locke sugere então uma
passagem desse estado de natureza (anarquia, violência e conflito) para um estado
político e social (Estado), através de um pacto social entre governantes e governados,
onde os governados abdicam de parte da sua liberdade em troca de segurança por
parte dos governantes.
O Estado somos todos nós, de responsabilidade limitada, visto que os poderes são
repartidos e limitados – executivo, legislativo e federativo (poder das relações
internacionais)
Martim Ghira Campos
Revolução Inglesa
A revolução inglesa não é feita para derrubar o absolutismo porque ele nunca existiu, é
feita para impedir que o absolutismo se instalasse em Inglaterra. A revolução inglesa
foi uma reação de defesa às tentativas de centralização do poder régio em Inglaterra.
A revolução inglesa não foi radical (sangrenta), mas sim reformista, para garantir que
os ingleses poderiam continuar a ser o que eram desde a Magna Carta, conservando as
Martim Ghira Campos
suas liberdades. A revolução não implementa garantias, apenas reafirma garantias que
os ingleses já tinham e que sentiram ameaçadas
Origem da Revolução
No princípio do século XVII, a última rainha da casa dos Tudor (Isabel I) morre sem
herdeiros. Posto isto, Jaime I da dinastia Stuart (Escócia) torna-se rei de Inglaterra. Os
Stuart eram católicos e tinham simpatias absolutistas.
Esta dinastia é marcada por uma constante guerra civil, onde o rei tenta centralizar o
poder régio, violando os princípios da Magna Carta e suscitando a revolta no povo
inglês
Em 1649, o rei Carlos Stuart é executado, sendo declarado ilegítimo, fora da lei
e violador dos princípios impostos pela Magna Carta
O poder passa para as mãos de Oliver Cromwell, um militar aristocrata que se destaca
porque defende a Inglaterra e durante 5 anos a Inglaterra passa a ser uma república
ditatorial, ainda que lhe tenha sido dada a oportunidade de ser Rei e iniciar uma nova
dinastia.
Quando este morre, não havendo outra hipótese, sobe ao trono Carlos II da dinastia
Stuart, sendo que este não tinha as pretensões absolutistas do pai, mas ainda assim
governava com receio.
A Carlos II sucede-lhe o irmão Jaime II por falta de sucessores, no entanto acaba por
ser condenado ao exilio
Posto isto, William e Mary de Orange dos Países Baixos, são convidados a assumir a
realeza em Inglaterra, algo que trouxe a assinatura do Bill of Rights (1688) – uma
expressão escrita de um contrato político e social entre a Câmara dos Comuns e a nova
dinastia de Orange (uma carta de direitos)
Martim Ghira Campos
Revolução Americana
A expressão revolução americana justifica-se, uma vez que não se trata apenas de um
conjunto de colónias que declara independência, mas também da fundação de um país
novo, com um modelo novo e uma sociedade/estado novos, com uma arquitetura
nova. Foi uma novidade radical no continente do Antigo Regime (Europa)
O modelo socioeconómico dos EUA não se identifica com o Europeu (sem feudalismo,
sem senhorialismo e sim um libertarismo que conduziu a um novo mundo de
oportunidades) e a própria sociedade americana, com o passar das gerações, acaba
por perder as suas raízes com a Europa, criando -se um novo espirito de identidade
comum de um “novo mundo”
Individualismo, Sem fronteiras, Liberdade religiosa e étnica...
No entanto apesar das rivalidades entre colónias, surgem uma noção de espaço
comum, língua comum, cultura comum e valores comuns, nomeadamente a política.
Martim Ghira Campos
Divisão cronológica
Em 1763 dá-se o fim da Guerra dos 7 anos entre a Inglaterra e a França, que se deu
devido a pretensões de expansão no território da América do Norte, com uma vitória
inglesa. No final da guerra, a França teve de ceder uma série de territórios à Inglaterra,
tornando-a numa grande potência continental no continente americano. Surge um
grande desafio para a Inglaterra, que acidentalmente irá dar origem à revolução
americana.
Este ano marca um ano de viragem, uma vez que é nele que se coloca um
desafio aos ingleses -> como continuar a governar um conjunto de colónias que
estavam a tornar-se, e tinham condições para se tornar, o centro do Império
Inglês. O centro estava acidentalmente a deslocar-se de londres para o
continente americano.
Para governar estas novas terras e desenvolver o império inglês na américa, eram
necessários fundos, no entanto a guerra trouxe vários custos e os contribuintes
ingleses não queriam contribuir para uma terra que não era deles.
Era necessário aumentar as receitas na América para poder gerir estes territórios ->
IMPOSTOS
1764 – Sugar Act – imposto sobre o açucar e outras matérias como o ferro, a madeira
e o algodão
1765 – Stamp Act – obrigava ao uso de papel selado inglês na documentação oficial e
ao pagamento de imposto do selo sobre os jornais e revistas que circulavam nas
colónias
Em 1773 dá-se a revolta do Boston Tea Party como resposta ao Tea Act, que obrigava
os americanos a comprar chá à Companhia das Indias Orientais, vendo-se impedidos
de o comercializar.
Federalistas (direita) – achavam que esses artigos tinham de ser revistos para
dar um passo em frente, no sentido de criar uma Constituição que desse
origem a um Estado acima dos estados
É uma constituição fundadora que vai definir a arquitetura da União Federal dos EUA.
É também uma das mais curtas do mundo, que faz o sistema federal funcionar num
“system of checks and balance”.
Martim Ghira Campos
A revolução Francesa
A Revolução francesa domina o conjunto das revoluções atlânticas, visto que a Europa
inteira vive um período de sucessivas revoluções. É a mais importante de todas e
começa em 1789
É à revolução francesa que devemos a maior parte das ideias políticas e até o
vocabulário político que ainda hoje utilizamos, não só os conceitos de constituição,
direitos e garantias, mas também a divisão entre direita e esquerda
Até ao século XX, contestar a revolução era contestar a herança (os ideais) deixada
pelos franceses, que ocupara grande parte do seculo XIX. A revolução francesa é um
episódio incontornável, porque é a origem de uma nova Europa liberal até finais desse
século
Segundo Hannah Arendt, foi a Revolução francesa que pôs o mundo em fogo e foi a
partir dela que a atual palavra “revolução” obteve as conotações em toda a parte
Luta política / resistência contra o próprio antigo regime que vinha de setores
mais ilustrados da sociedade (nomeadamente dos burgueses)
Ex: luta contra a censura a favor da liberdade de expressão, através de uma
esfera pública que contestava o Antigo Regime e eram censurados pelo mesmo
Forte impacto que o Iluminismo teve nas ideias políticas – corrente intelectual
que se espalha por toda a Europa a partir de França nos anos 40. Estas ideias
estavam ligadas a um núcleo de intelectuais que vão ser a voz desta revolução
O processo que vai conduzir a Revolução Francesa começa em 1789, quando o Rei
convoca os Estados Gerais em Versalhes (um ato em si mesmo revolucionário, porque
os estados não eram convocados há 140 anos). Era uma assembleia meramente
consultiva para Luis XVI ouvir o clero, a nobreza e o povo, no entanto mais tarde torna-
se uma assembleia revolucionária – Luis XVI, um monarca feudal, não tinha condições
para contrariar a conjuntura da França.
Luis XVI quis fazer reformas financeiras e anunciou aos Estados Gerais que a França
necessitaria de um empréstimo externo para aumentar a receita. Para além disso, era
necessário aumentar os impostos, sendo que devido a uma rivalidade entre o rei e a
aristocracia, o processo começa. Devido a essa rivalidade, o Rei começa a cobrar-lhes
impostos, uma vez que era o único sítio onde poderia ir buscar dinheiro. Posto isto,
Luis XVI começa a perder o apoio de uma boa parte da aristocracia.
Martim Ghira Campos
De seguida, Luis XVI pede aos seus súbditos para apresentarem as suas queixas aos
Estados Gerais, algo que perdeu o controlo pois os pedidos eram intermináveis.
A França enquanto nação, pedia ao rei quatro reivindicações-tipo, que este não
conseguia concretizar:
4) Noção do voto igualitário – o voto por representante, que daria um cariz liberal
aos Estados gerais e derrotaria facilmente as reformas de Luis XIV
Um mês depois o rei dissolve os Estados Gerais, algo que não vai ser aceite pela nação
francesa. Assim, dia 20 de Junho de 1789, os Estados Gerais autoproclamam-se
Assembleia Nacional Constituinte, impondo uma constituição ao Rei, de maneira a
legislar e desmantelar o Antigo Regime, representando uma pré-revolução. Nesta
proclamação, os constituintes juram não se separar ate formar uma constituição.
Este acontecimento podia ter levado a uma mera revolução liberal, mas no dia 14 de
Julho de 1789 dá-se a Tomada da Bastilha e é a partir daqui que a revolução começa a
escapar do debate político, tornando-se uma revolução social, anonima, sem rosto e
incontrolável.
Com esta Declaração, os franceses declaram independência faze ao rei Luis XVI, sendo
que a mesma é completada com a Constituição de 1791 (a primeira constituição
escrita da história da Europa), que consagra a soberania na nação francesa. O rei
mantinha-se, mas deixava de ser soberano e vivia de acordo com uma monarquia
constitucional. Existia apenas uma Câmara, a dos Deputados (representada pelo povo),
sendo que a nobreza, ao contrário de Inglaterra, era o “inimigo”.
não tem alternativa, no entanto não concorda com ela uma vez que tem ideias
absolutistas, dando continuidade á revolução.
Girondinos (moderados)
1) Um domínio cada vez maior dos Jacobinos – queriam mais liberdades, mais
direitos, mais conquistas e mais repressão sobre os inimigos da revolução
Em Julho de 1794 morre Robespierre. Entre 1792 e 1794, a França viveu um regime
violento e totalitário. Segue-se, após o período Jacobino, um novo período –
Terminador (o “dia 1” de uma nova república). O processo político é equilibrado e
Martim Ghira Campos
volta ao centro através dos girondinos, que tentam afastar os jacobinos do poder e
fundam uma nova constituição que traz um regime republicano – o “Diretório”.
Esta expressão deriva do facto de existir uma assembleia legislativa e o senado, com
uma nova forma de funcionamento de 5 diretores/políticos que detinham o poder
executivo. O Diretório tem como grande objetivo chegar à estabilidade política. Durou
4 anos (95-99) e foi marcado pelo afastamento das fações mais radicais bem como das
camadas populares ligadas à Convenção. Ascenderam os setores moderados, apoiados
pela burguesia que tinha como objetivo firmar as conquistas políticas e sociais
alcançadas com a Revolução e garantir o controlo do poder.
Este regime vigorou em França entre esse dia e 18 de maio de 1804. Numa França
cansada de revoluções, períodos de medo e terror, instabilidade económica, politica e
social, o Consulado (dirigido por 3 cônsules entre os quais se destacou Napoleão)
pretendeu garantir a pacificação e estabeleceu uma nova ordem jurídica e
constitucional
O império napoleónico
O que é o Bonapartismo?
O problema de Napoleão era o equilíbrio entre a paz e a guerra, visto que é um regime
que vive da dinâmica militar na Europa. A França napoleónica só esteve em paz
durante dois anos e o regime guiava-se pelas vitórias ou derrotas que conseguia.
Portugal tinha uma velha aliança com Inglaterra, criando-se então um dilema para
D.João VI:
É com o caso Ibérico que o Império napoleónico perde força. Napoleão perdeu milhões
de homens nos anos de guerra na Península Ibérica, sendo que as invasões francesas
foram o princípio e o fim das “Europas de Napoleão”.
Foi na Batalha do vimeiro que napoleão perde pela primeira vez
2ª Frequência
Estamos nos anos 70 (1871) e as décadas que se seguem são os anos que introduzem
uma nova época na história da Europa e do mundo. Essa época vai atingir o seu auge e
Martim Ghira Campos
O objetivo agora é compreender como é que uma civilização como a Europa, culta,
desenvolvida, economicamente sólida, que era o farol do mundo no final do século e
ainda no princípio do século XX, caminhou para a guerra e se deixou aniquilar na IGM.
Como é que o século XIX desemboca num muito mais difícil século XX?
Para estudar estes anos, é necessário elaborar um retrato geral da europa e do mundo
no final do século. A imagem que pode ser dada da Europa e do mundo é a de uma
sociedade com luzes e sombras, com contrastes fortes, com aspetos positivos e alguns
negativos e de incerteza que se começavam a sentir um tempo e uma sociedade de
contradições
Imperialismo e Colonialismo
Este imperialismo e colonialismo vão causar reações nos povos colonizados e refletir-
se na Europa através de novas rivalidades imperiais e nacionalistas O imperialismo
mostra a superioridade europeia, mas é também ele que reacende rivalidades entre
nações europeias, levando à criação de blocos de alianças
Existiam 4 Europas:
1) Grandes potências de liderança europeia (Reino Unido, Alemanha e França)
2) Nordeste europeu e Escandinávia
3) Europa do Sul
4) Europa de Leste
A IGM não acontece por causa disto, mas é necessário recuar às ultimas décadas do
século XIX para compreender como a Europa, aparentemente sólida, na verdade
estava a gerar tensões e desequilíbrios novos no seu interior. O progresso também
provoca dificuldades e tensões.
Aquilo a que hoje chamamos de aldeia global, teve a sua origem na Belle Époque, no
tempo da globalização. A 2ª Revolução Industrial acelerou imenso a globalização
económica.
A Europa mandava no mundo pela sua supremacia a vários níveis, no entanto, afirma-
se que a Europa já não estava sozinha no mundo, visto que este é o tempo em que
outras zonas não colonizadas pelos europeus, começam a ascender económica e
politicamente, começando a ter voz na agenda global, sendo o caso dos EUA e do
Japão – um mundo americano que renasce e um mundo asiático que começa a
afirmar-se.
Após a IGM, os EUA vão ascender como potência global até hoje. A Belle Époque é
muito europeia, mas é também a era da globalização e da ascensão de outras
potências.
A ascensão global dos EUA e do continente Asiático – importantes para os equilíbrios
políticos mundiais
Resolvida a Guerra Civil americana, começa-se a falar de uma “gilded age”, uma
espécie de Belle Époque americana, remetente para as décadas de acelerada expansão
económica, de industrialização, das ligações territoriais, bancária, agrícola, urbana, etc.
Surge nesta altura um sistema de negócios obscuros, uma ligação entre o
desenvolvimento e o lobbying político, que numa época de reconciliação interna,
suscita a ambição de ter um lugar na globalização e na geoestratégia política,
começando a contestação contra a ideia de eurocentrismo.
O Japão vai sofrer uma espécie de americanização, que apesar de ter uma grande
importância no seu desenvolvimento, faz com que perca um pouco da sua identidade.
A era Meiji, onde o Japão conheceu uma acelerada modernização, introduziu-o na
história da globalização, tornando-o numa potência mundial. Com esta ascensão do
Japão, dá-se uma mudança na geoestratégia asiática, verificando-se um declínio da
Rússia e da China.
Para além da guerra dos boxers, surge ainda uma guerra entre a Rússia e o Japão onde
se disputa a liderança asiática. O Japão vence e torna-se a potência máxima no
extremo oriente.
Vale a pena sistematizar as grandes causas ou razões que conduziram a Europa como
um todo, a lançar-se como um novo ciclo imperial. Porque é que esta é uma era de
império? Quatro grandes razões para a Era do Império:
4) Social O imperialismo era uma saída para diluir a conflitualidade social que
já se fazia sentir nas grandes cidades. Era uma válvula de escape chamada
emigração. O imperialismo permitiu diluir a agitação da questão social operária,
por exemplo.
Pelo conjunto destas razões, podemos afirmar que dos anos 70 até à guerra, existiu
uma guerra de impérios, onde se dá uma busca de novas áreas de implantação pelas
potências europeias, e acontecem tentativas de exercer um domínio formal ou
informal nessas áreas. Os confrontos eram feitos quer entre velhas potências, quer
entre novas potências, para se salvaguardarem em África, de maneira a se afirmarem
O final do Século XIX é fundamental para explicar o século XX. O imperialismo não é
novo, mas este é o último grande ciclo imperial até hoje, sendo fundamental para
explicar o desenho atual de África
Até á Era do Império, a África europeia era sobretudo terra incógnita, eram apenas
estações de abastecimento e não colónias.
Na Ata Final da conferência sai um novo DIP, passando a vigorar o direito de ocupação
efetiva (necessário ocupar efetivamente com recursos, ocupação militar,
desenvolvimento), deixando de vigorar o direito de descoberta e conquista
Cada potência que se dedicasse a ocupar qualquer território de África, deveria mostrar
a sua intenção e mostrar que tem condições para o fazer, para ocupar efetivamente.
Esta Conferência suou mal às velhas potências, as primeiras a conquistar a costa de
África. Da conferência sai um novo imperialismo
Isto conduz ao célebre Mapa Cor de Rosa, lançado pela Sociedade da Geografia
Portuguesa. Isto era uma pretensão de Portugal de exercer soberania sobre os
territórios entre Angola e Moçambique, ligando o Atlântico ao Indico. No entanto isto
colidia com os interesses ingleses de ligar o Cairo ao Cabo
Esta expansão foi mais complicada, porque o Oriente não era uma incógnita. A entrada
dos europeus no extremo e sudeste asiático é um fenómeno de colonialismo
negociado ou imperialismo económico, não tanto como aconteceu em África para a
exploração
O passado era certo, mas de repente esse mundo estava a ser revolucionado por
alterações sociais muito rápidas, novas ideias, acelerado desenvolvimento, etc.
Começam a surgir grandes ingredientes culturais como novos valores, novas culturas,
novas modas, dando um fim às velhas convenções e começando o interesse de
experimentar coisas novas
3) A urbanização massiva, com a explosão das cidades, que por um lado é positiva,
mas é também negativa, uma vez que vêm milhares de pessoas para a cidade,
contribuindo para uma desintegração do mundo novo.
Como é que os Europeus caminharam para esse “apocalipse”, sem disso terem
consciência?
Martim Ghira Campos
Bismarck nunca teria deixado a guerra acontecer, devido ao seu situacionismo, sendo
ele a garantia de paz na Europa (por exemplo, a organização da Conferência de
Berlim).
Sabia que tinha uma grande importância ter boas relações com a Áustria para construir
um eixo geoestratégico. Significa a reconciliação entre Berlim e Viena. Obviamente a
Áustria inclina-se para a Alemanha não só́ por solidariedade cultural, mas porque
também precisava de um “backup” do lado ocidental devido ás questões de rivalidade
e étnicas com a parte étnica do Imperio.
A Itália, também unificada pelo mesmo tipo de nacionalismo, tinha várias rivalidades
com ingleses e franceses no mediterrâneo e por isso também este pais vai em busca de
Martim Ghira Campos
Alemães e russos nunca se deram bem, nem se davam bem - por isso é uma espécie de
segunda Paz de Tilsit. Um acordo entre o kaiser e o czar, que garantia que a Rússia não
intervinha na área de influência da Alemanha e vice-versa. Garantia uma espécie de
afastamento da Rússia e consequentemente a centralização da Alemanha como pilar
fundamental do sistema europeu. Destinava-se a impedir que a Rússia viesse a ter
qualquer amizade diplomática com potências ocidentais. Eram ambas militaristas,
rivais e antissemitas, o que unia um pouco o pan-eslavismo e o pangermanismo.
Assim, conseguia uma centralidade na Europa. Ele era o homem por trás dos
imperadores e que garantia a unidade dos impérios.
A Europa pós-Bismarck
Quando Bismarck sai de cena, para azar da Europa, os seus sucessores não tinham o
mesmo talento diplomático. A saída de Bismarck introduz um antes e um depois,
porque a partir daí instaura-se a nova política do kaiser Guilherme II, com grandes
sonhos para uma nova Alemanha – a Weltpolitik. Para ele, o situacionismo era bom,
mas a Alemanha tinha muito mais para dar, podendo estar acima dos outros e não
apenas ao mesmo nível.
Este Kaiser rodeou-se de chanceleres fracos e esta nova Alemanha, mais expansionista,
vai mudar a Europa do século XIX e a diplomacia. Bismarck era quem garantia um
sistema de paciência e subtileza, sem ele, a política global passa a ser outra.
5) Áustria VS. Rússia VS. Império Otomano pelo controlo dos Balcãs
1894: França + Rússia O czar que sobe ao poder em 1894 pretendia ter uma
influência mais europeia. Esta aliança é diplomática e de potencial auxílio militar,
representando um grande pesadelo para a Alemanha (algo que Bismarck sempre
evitou. O que unia a França com a Rússia era o medo do novo kaiser aventureiro. É
uma aliança estratégica e não ideológica
O império Otomano e a Bulgária vão aproximar-se mais da Tríplice Aliança, o que vai
puxar os Balcãs (Sérvia) mais para a Tríplice Entente.
Devido a ameaças do Imperio Otomano, a Itália vai acabar por entrar na guerra do lado
da Tríplice Entente (Inglaterra, Rússia e França), dando uma imagem de a Itália ser
pouco confiável
A partir de 1907, a Europa fica dividida entre dois blocos antagónicos e no interior de
cada campo, as rivalidades estão atenuadas. No entanto, entre um campo e o outro, as
rivalidades estão mais violentas, ameaçando a paz europeia, gerando um clima de
desconfiança e inquietação.
É a primeira vez que assistimos à divisão ideológica da Europa em duas partes, num
alinhamento diplomático de tensão, de conflito político, de acumulação e investimento
em armamentos.
O problema é que estas potências eram cada vez menos razoáveis e dotadas de uma
agenda unilateral. A tensão diplomática que durante o século XIX fora solucionada, era
agora incapaz de ser resolvida, devido à Europa estar desarmada de capacidade de
dialogar com outras potências.
A partir de 1907, não se tinha a certeza se ia haver guerra, mas fica aberta a
possibilidade de esta acontecer, e não a inevitabilidade
Em 1905, o Kaiser Guilherme II visita a cidade de Tânger, que acaba na parte francesa
de Marrocos. Marrocos francês era uma área de supervisão francesa, e não uma
colónia, onde residia o islão e existiam bolsas de resistência muçulmana sobre a
Europa.
Existiam conflitos entre as autoridades francesas e essas bolsas de resistência à
presença francesa em Marrocos, e o kaiser, para enfraquecer a imagem francesa e
para ver até onde a França estava disposta a ir, demonstra a sua simpatia à
independência de Marrocos
Isto significa abrir uma espécie de guerra contra a França, embora esse não fosse o
objetivo, era apenas um jogo de teste). A questão resolveu-se com a conferência de
Algeciras em Espanha, que teve sucesso internacional. O mandato francês sobre
Marrocos vinha desde a Conferência de Berlim, que criou um status quo que o próprio
Bismarck tinha feito como obreiro da Europa de Viena. Apenas a Áustria apoiou o
kaiser, sendo que todas as vozes internacionais ficaram a favor dos franceses, sendo
que o kaiser é oficialmente vencido nesta conferência
Martim Ghira Campos
No entanto, ele não desistiu. Em 1911 sucede-se uma nova crise diplomática em
Agadir, quando o kaiser invade a cidade e diz que só liberta Agadir caso fosse
compensado, sendo que a França decide comprar a paz.
Estes dois episódios demonstram aquilo que era um clima de paz armada e de testes
de resistência. Agadir apenas atrasou a guerra, mas não a impediu.
A questão balcânica vai explodir em 1908 quando Viena decide, por meios militares,
anexar parte dos Balcãs, que era a Bósnia-Herzegovina, que era eslava, um pequeno
estado satélite da Sérvia, mas o seu controlo era fundamental para segurar a fronteira
Húngara do império, de maneira a evitar uma possível invasão. Era empurrar o
nacionalismo eslavo-sérvio mais para Leste, sendo que este foi o primeiro passo para
enfraquecer ou suprimir o pan-eslavismo dos Balcãs.
Desde logo, isto vai intensificar o clima de tensão naquela zona e, entretanto, dá-se a
guerra da Liga Balcânica (Sérvia, Montenegro, Bulgária e Grécia) contra o Império
Otomano em 1912. Oficialmente era um tratado defensivo, na medida em que os
estados integrantes se comprometiam a defender-se mutuamente em caso de
agressão, o que não invalidou a criação de uma cláusula secreta que estabelecia a
possibilidade de entrada em guerra caso o status quo dos Balcãs se visse ameaçado.
Estes vão abrir uma guerra com o Império Otomano da qual saem vencedores. A Liga
Balcânica via separar-se por tensões expansionistas entre a Sérvia e a Bulgária, sendo
que a Bulgária vai para o lado da Alemanha e a Sérvia dos aliados.
Este assassinato vai gerar um problema que não era apenas local, sendo que pela
primeira vez, uma grande potência era aspirada para o conflito dos Balcãs. É a partir
daqui que a tal engrenagem para o apocalipse se vai dar.
Martim Ghira Campos
O assassinato não era peculiar ou escandaloso, visto que se viviam uma moda de
assassinatos. Havia uma espécie de tensão internacional de atentados, sabotagens,
guerra social que já tinha vitimado diversos políticos.
Mas porque é que não foi apenas mais um assassinato? Isto vai acontecer porque em
1914 os decisores europeus estavam inclinados para a guerra e porque os próprios
mecanismos que anos anteriores tinham evitado a guerra, estavam fragilizados
A 5 de Julho, Berlim oferece ao imperador austríaco, seu aliado, aquilo que ficou
conhecido como o cheque em branco – “pode fazer o que quiser” em relação à Sérvia
e à Bósnia, que a Alemanha dará apoio à Áustria. A 22 de Julho, duas semanas depois
de Berlim ter declarado a sua solidariedade pública a Viena, o Imperador austríaco
envia à Servia um ultimato, nos termos do qual Belgrado devia entregar os regicidas e
todos os seus cúmplices à justiça austríaca, para serem julgados em Viena entregar
os conspiradores da “mão negra”, que significava o desmantelamento da organização
sérvia
A Rússia apoia a Sérvia, como seu irmão eslavo, e declara guerra à Áustria
Durante décadas, os historiadores têm vindo a debater sobre quem deve recair a
responsabilidade pela eclosão da IGM. Porém. Nenhum país pode ser responsabilizado
individualmente por essa louca caminhada para a catástrofe. Todas as grandes
potências contribuíram para isto, sendo que todas elas conseguiram contruir uma
Martim Ghira Campos
Epilogo
A história da decadência da Europa é uma história que começa com a guerra. Por fim,
o século XXI e as sociedades de hoje, têm muito a ver com este século XIX