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Canola 3 Maio

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Ministério da Agricultura, ISSN 1518-6490

Pecuária e Abastecimento
Efeito de épocas de semeadura sobre o
desempenho de genótipos de canola em Três de
Maio, RS

17
Aspecto geral do experimento de épocas de semeadura em 5 de Julho de 2003.

Introdução
A cultura de canola constitui lucrativa e vantajosa
alternativa de cultivo de inverno no norte do Rio Grande do
Sul. Entretanto, em 2000, a doença canela-preta, causada
Passo Fundo, RS pelo fungo Leptosphaeria maculans/Phoma lingam, começou a
Novembro, 2004
Autores
Gilberto Omar Tomm
causar prejuízos em determinadas regiões do Rio Grande
Engenheiro Agrônomo, Ph.D.,
Pesquisador. Rua Lava-Pés,
527/301, CEP 99010-170,
do Sul, limitando acentuadamente o rendimento de grãos
Passo Fundo, RS. E-mail:
tomm@cnpt.embrapa.br da cultura em determinadas lavouras
Marcos Garrafa
Professor da Sociedade
Educacional Três de Maio (http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_co58.htm).
(SETREM). CEP 98910-000,
Três de Maio, RS. Fone: (55)
3535-1011. E-mail:
Desde o ano de 2000 a empresa CAMERA
marcosgarrafa@setrem.com.br
Valdir Benetti AGROALIMENTOS S.A. e sua associada CELENA
Engenheiro Agrônomo,
Professor da Sociedade
Educacional Três de Maio ALIMENTOS S. A. vêm investindo em pesquisas que
(SETREM) - CEP 98910-000 -
Três de Maio, RS. Fone: (55)
3535-1011. E-mail: permitiram, em 2002, a seleção e o registro, no Brasil, dos
marcosgarrafa@setrem.com.br
Alvírio Adriano Wolbolt
Técnico Agrícola, Celena híbridos Hyola 43 e Hyola 60, desenvolvidos na Austrália.
Alimentos. Rua Nolar Kruel,
235 - CEP 98900-000 - Santa
Rosa, RS. Fone: (55) 3512 - Esses híbridos de canola, além de resistência à principal
5503. E-mail:
alvirio.adriano.wollbolt@camer
a.ind.br doença da cultura, apresentam maior potencial de
Emílio Figer
Diretor da Celena Alimentos.
Rua Nolar Kruel, 235 - CEP
rendimento de grãos que os híbridos suscetíveis em uso. Já
98900-000 - Santa Rosa, RS.
Fone: (55) 3512 - 5503. E-
mail: efiger@uninet.com.br
em 2003, os agricultores do RS começaram a se beneficiar
desses híbridos, que propiciam maior segurança e possuem
maior potencial de rendimento, criando nova perspectiva
para a produção de canola. Entretanto, para aumentar o
rendimento de grãos, é necessário identificar práticas de manejo, visando ao
aproveitamento do potencial genético desses híbridos de canola gerados e
disponibilizados recentemente. O uso da melhor época de semeadura é um dos
mais importantes aspectos de manejo e visa a explorar melhor os recursos
ambientais e os recursos genéticos disponibilizados pelos novos híbridos.

Objetivo
O objetivo do experimento foi identificar períodos de semeadura mais
indicados para os dois novos híbridos introduzidos para cultivo comercial no RS,
em 2003, Hyola 43 e Hyola 60, e da cultivar de polinização aberta Global.
Secundariamente, a análise da resposta desses genótipos às variações de
temperatura e fotoperíodo, obtidas pela semeadura em diversas épocas, objetiva
avaliar a sensibilidade dos mesmos as variações ambientais que ocorrem entre
safras, e a provável adaptabilidade desses genótipos a outras regiões de cultivo.

Método
A avaliação dos três genótipos de canola foi realizada usando-se
delineamento de blocos ao acaso, com três repetições. O experimento foi
conduzido, em 2003, na Sociedade Educacional Três de Maio, em Três de Maio,
RS, (Latitude 270 47’2'' S, Longitude 540 14’
55'' W, altitude de 333 m acima
do nível do mar, em solo classificado como Latossolo Roxo distrófico. A
semeadura, visando a obtenção de 40 plantas/m2, foi realizada em sete épocas,
espaçadas 14 dias entre si, tendo a primeira época sido semeada em 14/4.
As parcelas foram constituídas de 6 fileiras de plantas, com espaçamento
de 0,34 m entre as linhas e 5 m de comprimento, perfazendo área de 10,2 m2.
Para evitar a interferência entre épocas, foram deixados espaços de 1 m entre as
parcelas.
Como adubação de base, foram aplicados 300 kg/ha da fórmula 8-28-20.
A adubação de cobertura de 83 kg de sulfato de amônio/ha + 104 kg de
uréia/ha foi aplicada em 3/6, 11/6, 19/6, 30/6, 7/7, 28/7 e 18/8,
respectivamente para as semeaduras realizadas em 14/4, 28/4, 12/5, 26/5, 9/6,
23/6 e 7/7.
As operações de semeadura e de colheita foram realizadas manualmente.
Para a determinação do rendimento de grãos, foram colhidos 4 metros centrais
de 4 fileiras de plantas, espaçadas 0,34 m, perfazendo 5,44 m2 .
Nas parcelas semeadas em 14/4 e 28/4, foi realizada irrigação manual,
logo após a semeadura, para viabilizar a emergência de plantas, tendo em vista a
escassez hídrica na ocasião (Tabela 1). Visando a minimizar danos por pássaros,
no fim do ciclo das plantas, foram usados fogos de artifício e espantalhos e a
colheita foi realizada na maturação fisiológica, seguida imediatamente de
secagem em local coberto.
As observações fenológicas foram realizadas de acordo com as definições
que seguem. Data de emergência: data em que 50% das plântulas da parcela
emergiram. Início da floração: data em que 50% das plantas tinham pelo menos
uma flor. Fim da floração: data em que não restavam mais flores, exceto em
plantas atípicas. Estatura de planta: distância da superfície do solo até a
extremidade superior dos ramos com síliquas. Data de maturação: data em que
50% das sementes mudaram para cor escura nas síliquas localizadas sobre o
meio do rácimo principal das plantas.

Tabela 1. Precipitação pluvial (mm) ocorrida no período de condução do


experimento, em Três de Maio, RS, 2003
Decêndio Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro

1º 82 0 38 36 23 43 73 0
2º 40 0 82 90 15 3 23 30
3º 113 17 0 14 38 16 51 12
Total 235 17 120 140 76 62 147 42
Fonte: Departamento Agropecuário SETREM.
Resultados
O desenvolvimento de plantas, evidenciado pela estatura das mesmas, o
número de dias da emergência até o início da floração e até a maturação, e o
rendimento de grãos decresceram das primeiras épocas de semeadura, em abril,
para as últimas épocas de semeadura, em julho (Tabela 2). Via de conseqüência,
todas as equações de regressão descrevendo os resultados determinam valores
decrescentes para as semeaduras realizadas após 14 de abril.

Dias para emergência de plantas:


Foi observada interação significativa entre as épocas de semeadura e os
três genótipos relativamente ao número de dias entre a semeadura e a
emergência de plantas, tendo a média do experimento sido de 7 dias (CV=6%).
Na média das épocas de semeadura, as variações entre cultivares foram de 6,5 a
7,4 dias. Como as variações foram inferiores a um dia, as diferenças entre
genótipos para o número de dias entre a semeadura e a emergência foram
consideradas agronômicamente irrelevantes.
O número de dias para emergir apresentou variação maior entre épocas.
Na média das três cultivares, a emergência ocorreu 10, 9, 8, 6, 6, 5 e 10 dias
após a semeadura, respectivamente para as semeaduras realizadas em 14/4,
28/4, 12/5, 26/5, 9/6, 23/6 e 7/7. Essas variações provavelmente estiveram
mais associadas à disponibilidade de umidade no solo do que à época de
semeadura, tendo em vista que a primeira e a última época de semeadura foram
as que apresentaram os maiores períodos de tempo até a emergência.

Dias da emergência de plantas ao início da floração:


Foi observada interação significativa entre as épocas de semeadura e os
três genótipos relativamente ao número de dias entre a emergência de plantas e
o início da floração, tendo a média do experimento sido de 77 dias (C.V.=5 %).
Os três genótipos evidenciaram características genéticas distintas em
reação às temperaturas e ao fotoperíodo da região de avaliação. O número de
dias da emergência até o início da floração do híbrido Hyola 43 foi, em média, de
63 dias, e é apresentada apenas a média, pois não variou com a época de
semeadura (Tabela 2). O híbrido Hyola 60 iniciou a floração entre 63 e 75 dias
após a emergência, de forma aleatória, em função da época de semeadura. O
número de dias da emergência até o início da floração da cultivar Global
apresentou padrão decrescente, sendo superior a 100 dias nas semeaduras entre
14/4 e 26/5, decrescendo a até 83 dias na semeadura realizada em 7/7.
As equações de regressão que descrevem o número de dias da emergência
de plantas ao início da floração são:
Hyola 43 = 60,9 - 0,06 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,19)
Hyola 60 = 69,6 - 0,03 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,03)
Global =112,3 - 0,32 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,75)

Dias da emergência de plantas à maturação (ciclo):


Foi observada interação altamente significativa entre as épocas de
semeadura e os três genótipos relativamente ao número de dias entre a
emergência de plantas e a maturação para colheita de grãos, tendo a média do
experimento sido de 131 dias (CV=4%).
O ciclo de todos os genótipos diminuiu à medida que foram semeados
mais tarde, em relação à data inicial, 14/4, de 133 para 102 dias, de 140 para
110 dias e de 169 para 107 dias, respectivamente para Hyola 43, Hyola 60 e
Global.
As equações de regressão que descrevem o ciclo, em dias da emergência
de plantas à maturação, são:
Hyola 43 =132,7 - 0,32 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,75)
Hyola 60 =145,5 - 0,39 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,80)
Global =170,5 - 0,65 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,92)
Tabela 2. Características de genótipos de canola em sete épocas de semeadura,
Três de Maio, RS, 2003
Época de semeadura Emergência ao Emergência Estatura de Rendimento de
início da floração à maturação planta grãos
Dia/mês Dias após 14/4 (dias) (dias) (cm) (kg/ha)
Hyola 43
14/4 0 -- 133 147 1.348
28/4 14 -- 120 149 1.789
12/5 28 -- 127 161 2.096
26/5 42 -- 125 157 2.019
9/6 56 -- 119 152 1.287
23/6 70 -- 110 131 1.192
7/7 84 -- 102 113 922
Média 63 119 144 1.522
CV (%) 5 2 9 16
Pr>F 0, 49 <0, 01 0, 02 <0, 01
Correlação com o rendimento de grãos de canola
r2 0, 37 0, 32 0, 50 --
Pr>F 0, 06 <0, 01 <0, 01 --
Hyola 60
14/4 0 75 140 167 1.976
28/4 14 66 141 164 2.261
12/5 28 63 140 169 1.835
26/5 42 67 131 161 1.566
9/6 56 71 125 146 1.137
23/6 70 68 117 134 1.336
7/7 84 67 110 102 968
Média 68 129 149 1.583
CV (%) 6 4 4 11
Pr>F 0, 02 <0, 01 <0, 01 <0, 01
Correlação com o rendimento de grãos de canola
r2 <0, 01 0, 75 0, 58 --
Pr>F 0, 86 <0, 01 <0, 01 --
Global
14/4 0 106 168 169 1.088
28/4 14 108 159 171 1.023
12/5 28 110 157 159 849
26/5 42 101 147 153 1.255
9/6 56 96 135 147 889
23/6 70 89 122 131 882
7/7 84 83 115 107 579
Média 99 143 148 938
CV (%) 4 4 9 25
Pr>F <0, 01 <0, 01 <0, 01 0, 12
Correlação com o rendimento de grãos de canola
r2 0, 14 0, 30 0, 24 --
Pr>F 0, 09 0, 01 0, 03 --
Estatura de planta:
Não foi observada diferença significativa entre os três genótipos
relativamente à estatura de planta, a qual foi, na média geral do experimento, de
147 cm (CV=7%). Também não foi observada interação entre as épocas de
semeadura e genótipos.
Entretanto, as épocas de semeadura tiveram efeito altamente significativo sobre
a estatura de planta. A estatura de planta foi de 161, 161, 163, 157, 148, 132
e 107 cm, respectivamente nas semeaduras realizadas em 14/4, 28/4, 12/5,
26/5, 9/6, 23/6 e 7/7.
As equações de regressão que descrevem a estatura de planta na
maturação são:
Hyola 43 =159,7 - 0,37 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,29)
Hyola 60 =178,8 - 0,71 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,75)
Global =177,7 - 0,71 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,71)

Rendimento de grãos:
Foi observada interação significativa entre as épocas de semeadura e os
três genótipos, tendo o rendimento de grãos médio de 1.347 kg/ha (CV=16%).
Os maiores rendimentos de grãos de Hyola 43 foram obtidos nas
semeaduras realizadas em maio. Os maiores rendimentos de Hyola 60 foram
obtidos nas semeaduras realizadas em abril. Os maiores rendimentos com a
cultivar Global foram obtidos nas semeaduras realizadas em 26/5, e nas duas
épocas de abril.
As equações de regressão que descrevem o rendimento de grãos são:
kg/ha de Hyola 43 = 1.873 - 8,4 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,26)
kg/ha de Hyola 60 = 2.180 - 14,2 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,76)
kg/ha de Global = 1.127 - 4,5 x (no de dias semeado após 14 de abril (r2=0,22)

Não houve incidência de canela-preta, causada pelo fungo Leptosphaeria


maculans, o qual tem Phoma lingam (Tode) ex. Shaw. Desm. na forma conidial,
em 2003, como nos anos anteriores, pela ausência de condições ambientais
adequadas ao desenvolvimento dessa doença na safra de 2003.

Conclusões
Os maiores rendimentos de grãos, em valores absolutos, de Hyola 43
foram obtidos nas semeaduras realizadas no mês de maio. Em valores absolutos,
os maiores rendimentos de grãos de Hyola 60 foram obtidos em semeaduras
realizadas no mês de abril.
Os resultados sugerem que o potencial de rendimento de grãos do híbrido
Hyola 60 (2.180 kg/ha) pode ser superior ao do híbrido Hyola 43 (1.873 kg/ha),
e esse por sua vez, é superior ao da cultivar Global, quando semeados no início
do período avaliado.

Circular Embrapa Trigo Expediente Comitê de Publicações


Caixa Postal, 451, CEP 99001-970 Presidente: João Carlos Haas
Técnica Online, 17 Passo Fundo, RS
Membros: Beatriz M. Emygdio, Gilberto O. Tomm, José
Fone: (54) 311 3444
Fax: (54) 311 3617 Maurício C. Fernandes, Luiz Eichelberger, Martha Z. de
E-mail: sac@cnpt.embrapa.br Miranda, Sandra P. Brammer, Silvio Tulio Spera
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento Referências bibliográficas: Maria Regina Martins
Editoração eletrônica: Márcia Barrocas Moreira Pimentel

TOMM, G. O.; GARRAFA, M.; BENETTI, V.; WOLBOLT, A. A.; FIGER, E. Efeito
de épocas de semeadura sobre o desempenho de genótipos de canola em Três
de Maio, RS. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2004. 11 p. html. (Circular Técnica,
17). Disponível: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/ci/p_ci17.htm

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