Paulo SOusa Mendes, Efeito À Distância, RMPRS N 74
Paulo SOusa Mendes, Efeito À Distância, RMPRS N 74
Paulo SOusa Mendes, Efeito À Distância, RMPRS N 74
Introdução
*
Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
1
A palavra inglesa ‘doctrine’ é, como se costuma dizer, um falso amigo, já que, na realidade, deve
ser traduzida por ‘jurisprudência’ e não por ‘doutrina’.
2
Costa Andrade, 1992: 170, Meireis, 1999: 233-234 e Morão, 2006: 577.
3
Costa Andrade, 1992: 175-176.
4
A expressão ‘efeito-à-distância’ é a tradução portuguesa consagrada da palavra alemã ‘Fernwirkung’.
5
251 U.S. 385, 40 S.Ct. 182, 64 L.Ed. 319 (1920).
Revista do Ministério Público do RS Porto Alegre n. 74 jul. 2013 – dez. 2013 p. 219-228
Paulo de Sousa Mendes
2 O efeito-à-distância e as exceções
6
LaFave, 2004 (vol. 6): 256.
7
Apud LaFave, 2004 (vol. 6): 256.
8
308 U.S. 338, 60 S.Ct. 266, 84 L.Ed. 307 (1939).
9
Morão, 2006: 577-578.
220 Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013
O efeito-à-distância das proibições de prova
10
LaFave, 2004 (vol. 6): 261.
11
487 U.S. 533, 108 S.Ct. 2529, 101 L.Ed.2d 472 (1988).
12
Apud LaFave, 2004 (vol. 6): 256.
13
371 U.S. 471, 83 S.Ct. 407, 9 L.Ed.2d 441 (1963).
14
Apud LaFave, 2004 (vol. 6): 258.
15
Apud LaFave, 2004 (vol. 6): 258.
16
467 U.S. 431, 104 S.Ct. 2501, 81 L.Ed.2d 377 (1984).
17
Apud LaFave, 2004 (vol. 6): 265.
18
651 N.W.2d 710 (S.D. 2002).
Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013 221
Paulo de Sousa Mendes
19
92 Nev. 603, 555 P.2d 840 (1976).
20
LaFave, 2004 (vol. 6): 268-285.
21
LaFave, 2004 (vol. 6): 275-276.
22
502 F.2d 959 (6th Cir.1974).
23
LaFave, 2004 (vol. 6): 270.
24
Entre outros, Grünwald, 1966: 495-497, Wolter, 1984: 277, Rogall, 1988: 391-393, Reinecke,
1990: 204-216 e Kelnhofer, 1994: 301-303. Contra a heurística dos percursos de investigação hi-
potéticos, entre outros, Haffke, 1973: 80-82, Dencker, 1977: 80-82 e Jäger, 20031: 229-233 (=
Jäger, 20032: 102).
25
Rogall, 1988: 389-390, Reinecke, 1990: 210, ns. 2 e 3, e Jäger, 2003: 107, n. 22.
26
Wolter, 1984: 277 e Kelnhofer, 1994: 22-45.
222 Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013
O efeito-à-distância das proibições de prova
Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013 223
Paulo de Sousa Mendes
em critérios racionais, exijam a projeção do mesmo valor que afeta o ato ante-
rior”.34 Finalmente, o TC decidiu que “o entendimento do art. 122º, nº 1 do
CPP, subjacente à decisão recorrida, segundo o qual este abre a possibilidade
de ponderação do sentido das provas subsequentes, não declarando a invalida-
de destas, quando estiverem em causa declarações de natureza confessória,
mostra-se constitucionalmente conforme, não comportando qualquer sobreposi-
ção interpretativa a essa norma que comporte ofensa ao disposto nos preceitos
constitucionais invocados”.35
224 Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013
O efeito-à-distância das proibições de prova
42
Elementos de estudo, 2010: 663.
43
Morão, 2006: 596-601.
Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013 225
Paulo de Sousa Mendes
226 Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013
O efeito-à-distância das proibições de prova
que: “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando
não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as deriva-
das puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras”. Portanto,
o ordenamento jurídico brasileiro acolheu expressamente a doutrina do efeito-
-à-distância e as suas limitações.
Interessa ao tema a definição de ‘fonte independente’ que é oferecida pelo
legislador brasileiro no parágrafo 2º do mesmo artigo, a saber: “Considera-se
fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de pra-
xe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao
facto objeto da prova”. É bem de ver, porém, que a definição legal não corres-
ponde materialmente à doutrina da ‘fonte independente’, mas antes à doutrina
da ‘descoberta inevitável’.48
Importa ainda mencionar que a inovação trazida pela Lei nº 11.690/08,
no que toca ao desentranhamento do processo das provas ilícitas (art. 157º,
caput), ainda se encontra em fase de assimilação pela jurisprudência brasileira,
já que dantes a regra era a manutenção da prova no processo, embora a even-
tual tomada em consideração desta prova pelo Tribunal pudesse ser atacada por
via de arguição de nulidade, nos termos dos arts. 563º a 573º do CPP brasi-
leiro. A atual solução legal obriga, desde logo, o Tribunal a decidir oficiosa-
mente a questão da prova ilícita.
Bibliografia
AA.VV.
Elementos de estudo – Direito Processual Penal (coord.: Paulo de Sousa Mendes), 1ª reimp.,
Lisboa: AAFDL, 2010 (1ª ed., 2009).
ALBUQUERQUE, Paulo Pinto de
Comentário do Código de Processo Penal à luz da Constituição da República e da Convenção
Europeia dos Direitos do Homem, 4ª ed., Lisboa: Universidade Católica Editora, 2011 (1ª ed.,
2007).
ANDRADE, Manuel da Costa
Sobre as proibições de prova em proceso penal, 1ª reimp., Coimbra: Coimbra Editora, 2006 (1ª
ed., 1992).
DENCKER, Friedrich
Verwertungsverbote im Strafprozeß, Köln / Berlin / Bonn / München: Carl Heymann, 1977.
DIAS, Jorge de Figueiredo
“Para uma reforma global do processo penal português – Da sua necessidade e de algumas
orientações fundamentais”, in: AA.VV., Para uma nova justiça penal (org.: Conselho Distrital
do Porto da OA), Coimbra: Almedina, 1983, pp. 189-242.
48
Gomes Filho, 2010: 393 ss. e Grinover et al., 2011: 136.
Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013 227
Paulo de Sousa Mendes
228 Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 74, jul. 2013 – dez. 2013