Estatutos Da Ordem Dos Advogados de Angola
Estatutos Da Ordem Dos Advogados de Angola
Estatutos Da Ordem Dos Advogados de Angola
Texto integral
incluindo as alterações introduzidas pelo Decreto nº 56/05, de 13 de Maio
TÍTULO I
DA ORDEM DOS ADVOGADOS
CAPITULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 1º
(Denominação, natureza e sede)
1. A Ordem dos Advogados é a instituição representativa dos licenciados em Direito que,
em conformidade com os preceitos do presente Estatuto e demais disposições legais
aplicáveis, exercem a advocacia.
2. A Ordem é independente dos Órgãos do Estado, sendo livre e autónoma nas suas regras
e funcionamento.
3. A Ordem tem personalidade jurídica e goza de autonomia administrativa, financeira e
patrimonial.
4. A Ordem tem a sua sede em Luanda.
ARTIGO 2º
(Âmbito)
1. A Ordem é de âmbito nacional e está internamente estruturada em conselhos
provinciais e delegações.
2. Sempre que o número de advogados de algumas províncias não permita a constituição
de conselhos provinciais, o Conselho Nacional pode, por deliberação, criar conselhos
interprovinciais, de carácter provisório, que abranjam duas ou mais províncias, aos quais
serão aplicáveis, com as devidas adaptações, os artigos 37º e 38º dos presentes estatutos,
e cujas regras específicas de funcionamento serão fixadas na deliberação do Conselho
Nacional que os cria.
ARTIGO 3º
(Atribuições)
Constituem atribuições da Ordem:
a) Colaborar na administração da Justiça, pugnar pela defesa do Estado democrático de
direito e defender os direitos, liberdades e garantias individuais dos cidadãos;
b) Atribuir o titulo profissional de advogado e de advogado estagiário e regulamentar o
exercício da respectiva profissão;
c) Zelar pela função social, dignidade e prestigio da profissão de advogado e promover o
respeito pelos respectivos princípios deontológicos;
d) Defender os interesses, direitos, prerrogativas e imunidades dos seus membros;
e) Reforçar a solidariedade entre os seus membros;
f) Exercer jurisdição disciplinar exclusiva sobre os advogados e advogados estagiários;
g) Promover o acesso ao conhecimento e aplicação do direito e contribuir para o
desenvolvimento da cultura jurídica;
h) Contribuir para o aperfeiçoamento da elaboração do direito, devendo ser ouvida sobre
os projectos de diplomas legislativos que interessem ao exercício da advocacia e à
aplicação da justiça e ao patrocínio judiciário em geral;
i) Contribuir para o estreitamento das relações com organismos congéneres estrangeiros;
j) Exercer as demais funções que resultem das disposições deste Estatuto ou de outros
preceitos legais.
ARTIGO 4º
(Representação da Ordem)
1. A Ordem é representada em juízo e fora dele pelo Bastonário.
2. Para defesa dos seus membros em todos os assuntos relativos ao exercício da profissão
ou desempenho de cargos nos órgãos da Ordem quer se trate de responsabilidades que
lhes sejam exigidas, quer de ofensas contra eles praticadas, pode a Ordem exercer os
direitos de assistente ou conceder patrocínio em processos de qualquer natureza.
3. A Ordem, quando intervenha como assistente em processo penal, pode ser representada
por advogado diferente do constituído pelos restantes assistentes, havendo-os.
ARTIGO 5º
(Recursos)
1. Sem prejuízo do disposto no número 2 do artigo 77º dos presentes Estatutos, os actos
praticados pela Ordem no exercício das suas atribuições admitem os recursos hierárquicos
previstos no presente Estatuto.
2. O prazo de interposição do recurso é de oito dias, quando outro especial não seja
assinado.
3. Dos actos definitivos e executórios dos órgãos da Ordem cabe recurso contencioso nos
termos gerais de direito.
ARTIGO 6º
(Correspondência e requisição oficial de documentos)
1. No exercício das suas atribuições, podem os órgãos da Ordem corresponder-se com
quaisquer entidades públicas e tribunais e, bem assim, requisitar, sem pagamento de
despesas, cópias, certidões, informações e esclarecimentos, incluindo a remessa de
processo em confiança, nos mesmos termos em que os organismos oficiais devem
satisfazer as requisições dos tribunais judiciais.
2. Os particulares têm o dever de colaborar com a Ordem no exercício das suas
atribuições.
CAPITULO II
ÓRGÃOS DA ORDEM DOS ADVOGADOS
SECÇÁO I
Disposições Gerais
ARTIGO 7º
(Órgãos)
1. A Ordem prossegue as atribuições que lhe são conferidas nestes Estatutos e demais
legislação através dos seus órgãos.
2. Sem prejuízo do disposto no nº 2 do artigo 2º, são órgãos da Ordem:
a) A Assembleia Geral;
b) O Bastonário;
c) O Conselho Nacional;
d) As Assembleias Provinciais;
e) Os Conselhos Provinciais;
f) Os Delegados.
g) A Comissão de Ética e Disciplina
h) O Centro de Estudos e Formação
ARTIGO 8º
(Carácter electivo e temporário dos cargos sociais)
1. Sem prejuízo do estabelecido no artigo 39º, os titulares dos órgãos da Ordem são eleitos
por um período de três anos civis.
2. Não é admitida a reeleição do Bastonário para um terceiro mandato consecutivo.
ARTIGO 9º
(Elegibilidade)
1. Só podem ser eleitos ou designados para os órgãos da Ordem os Advogados com
inscrição em vigor e sem qualquer punição de carácter disciplinar superior à de
advertência.
2. Só podem ser eleitos para o cargo de Bastonário os advogados com pelo menos oito
anos de exercício da profissão.
3. Para efeitos do disposto no número 1 deste artigo, considera-se que têm a sua inscrição
em vigor os advogados que não se encontrem numa situação de incompatibilidade ou
impedimento e tenham as suas quotas em dia.
ARTIGO 10º
(Apresentação de candidaturas)
1. A eleição para os órgãos da Ordem dos Advogados depende da apresentação de
propostas de candidaturas, que devem ser efectuadas perante o Bastonário em exercício
até 31 de Outubro do ano imediatamente anterior ao do inicio do triénio subsequente.
2. As propostas são subscritas por um mínimo de quinze advogados com inscrição em
vigor, quanto às candidaturas para Bastonário e para o Conselho Nacional, por um
mínimo de dez advogados, quanto às candidaturas para o Conselho Provincial de Luanda,
e por um mínimo de dois advogados, quanto às candidaturas para os restantes Conselhos
Provinciais.
3. As propostas de candidaturas para Bastonário e para o Conselho Nacional deverão ser
apresentadas em conjunto, acompanhadas das linhas gerais do respectivo programa.
4. As propostas de candidatura para os Conselhos Provinciais devem indicar o candidato
a presidente do respectivo Órgão.
5. As propostas de candidatura devem conter a declaração de aceitação de todos os
candidatos.
6. Quando não seja apresentada qualquer candidatura, o Bastonário declara sem efeito a
convocatória da assembleia ou o respectivo ponto de ordem do dia e, concomitantemente,
designa data para nova convocação da respectiva assembleia entre 90 e 120 dias após o
dia anteriormente indicado para a eleição. A apresentação de candidaturas terá lugar até
trinta dias antes da data designada para a reunião.
7. Na hipótese prevista no número anterior, os membros até então em exercício continuam
em funções até à tomada de posse dos novos membros eleitos.
8. Se não for apresentada qualquer lista, o órgão cessante deverá apresentar uma, com
dispensa do estabelecido nos n.º 2 e 5 do presente artigo, no prazo de 8 dias após o termo
do prazo para a apresentação das listas nos termos gerais.
ARTIGO 11º
(Data das eleições)
1. A eleição para os diversos órgãos da Ordem dos Advogados realizar-se-á até 30 de
Abril, na data que for designada pelo Bastonário.
2. As eleições para Bastonário, Conselho Nacional e Conselho Provincial de Luanda têm
sempre lugar na mesma data.
3. A tomada de posse dos órgãos sociais eleitos tem lugar até um mês após a respectiva
eleição
ARTIGO 12º
(Voto)
1. Apenas têm direito a voto os advogados com inscrição em vigor.
2. O voto é secreto e obrigatório, podendo ser exercido pessoalmente ou por
correspondência, dirigida, conforme for o caso, ao Bastonário ou ao Presidente do
Conselho Provincial.
3. No caso do voto por correspondência, o boletim é encerrado em subscrito acompanhado
de carta assinada pelo votante.
4. O advogado que deixar de votar sem motivo justificado pagará multa de montante igual
a três vezes o valor da quotização mensal, que reverterá a favor da Ordem.
5. A justificação da falta deverá ser apresentada pelo interessado, sem dependência de
qualquer notificação, no prazo de 15 dias, a partir da data de eleição, em carta dirigida ao
Conselho Provincial respectivo ou ao Conselho Nacional, no caso de aquele não existir.
ARTIGO 13º
(Obrigatoriedade de exercício de funções)
1. Constitui dever do advogado o exercício, nos órgãos da Ordem, das funções para que
tenha sido eleito ou designado, constituindo falta disciplinar a recusa de tomada de posse,
salvo no caso de escusa fundamentada, aceite pelo Conselho Provincial respectivo ou pelo
Conselho Nacional, no caso de aquele não existir.
2. A recusa injustificada de exercício das funções por quem tenha sido eleito ou designado
é punível com suspensão do exercício da profissão por um período de 18 meses.
ARTIGO 14º
(Renúncia ao cargo e suspensão temporária do exercício de funções)
Quando sobrevenha motivo relevante, pode o advogado titular de cargo em órgãos da
Ordem dos Advogados solicitar ao conselho Nacional a aceitação da sua renúncia ou a
suspensão temporária do exercício de funções.
ARTIGO 15º
(Perda de cargos)
1. O advogado eleito ou designado para o exercício de funções em órgãos da Ordem deve
desempenhá-las com assiduidade e diligência.
2. Perde o cargo o advogado que, sem motivo justificado, não exerça as respectivas
funções com assiduidade e diligência ou dificulte o funcionamento do órgão a que
pertença.
3. A perda do cargo nos termos deste artigo será determinada pelo próprio Órgão,
mediante deliberação tomada por três quartos dos votos dos respectivos membros.
4. A perda do cargo de Delegado depende de deliberação do Conselho Nacional, tomada
por três quartos dos votos dos respectivos membros.
ARTIGO 16º
(Efeitos das penas disciplinares)
1. O mandato para o exercício de qualquer cargo electivo na Ordem caduca quando o
respectivo titular seja punido disciplinarmente com pena superior à de advertência e por
efeito do trânsito em julgado da respectiva decisão.
2. Em caso de suspensão preventiva ou de decisão disciplinar de que seja interposto
recurso, o titular punido fica suspenso do exercício de funções até decisão com trânsito
em julgado.
ARTIGO 17º
(Substituição do Bastonário)
1. No caso de escusa, renúncia, perda ou caducidade do mandato por motivo disciplinar
ou por morte e, ainda, nos casos de impedimento permanente do Bastonário, o Vice-
Presidente do Conselho Nacional convoca, para os 15 dias posteriores à verificação do
facto, uma reunião do Conselho Nacional, o qual elege, de entre os seus membros, um
novo Bastonário.
2. Até à posse do novo Bastonário e em todos os casos de impedimento temporário, exerce
as respectivas funções o membro designado para o efeito pelo Conselho Nacional.
ARTIGO 18º
(Substituição dos Presidentes)
1. No caso de escusa, renúncia, perda ou cessação do mandato, por motivo disciplinar ou
por morte e ainda nos casos de impedimento permanente dos Presidentes dos órgãos
colegiais da Ordem, o respectivo órgão elege, na primeira sessão ordinária subsequente
ao facto, de entre os seus membros, um novo presidente e, de entre os advogados elegíveis
inscritos nos competentes quadros da Ordem, designa um novo membro do referido
órgão.
2. Até à posse do novo Presidente eleito e em todos os casos de impedimento temporário,
exerce as funções de presidente o vice-presidente e, na sua falta, o membro mais antigo
no exercício da profissão.
ARTIGO 19º
(Substituição dos restantes membros)
No caso de recusa, renúncia, perda ou cessação do mandato por motivo disciplinar ou por
morte e ainda nos casos de impedimento permanente dos membros dos órgãos colegiais
da Ordem, á excepção dos Presidentes, são os substitutos designados pelos restantes
membros em exercício do respectivo órgão de entre os advogados elegíveis inscritos nos
respectivos quadros.
ARTIGO 20º
(Impedimento temporário)
1. No caso de impedimento temporário de algum membro de órgãos colegiais, o Órgão a
que pertence o impedido decide sobre a verificação do impedimento e sobre a sua
substituição.
2. A substituição do Bastonário e dos presidentes dos órgãos colegiais processa-se pela
forma estabelecida, respectivamente, no n.º 2 do artigo 17º e no n.º 2 do artigo 18º; a
substituição dos restantes membros com cargo especifico é determinada pelos respectivos
órgãos quando necessária.
ARTIGO 21º
(Mandato dos substitutos)
1. Nos casos previstos nos artigos 17º, 18º e 19º, os membros eleitos ou designados em
substituição exercem funções até ao termo do mandato do respectivo antecessor.
2. Nos casos de impedimento temporário, os substitutos exercem funções pelo tempo do
impedimento.
ARTIGO 22º
(Honras e tratamentos)
1. Nas cerimónias oficiais, o Bastonário da Ordem tem honras e tratamento idênticos aos
devidos ao Procurador Geral da República, sendo colocado imediatamente á sua
esquerda.
2. Para os mesmos efeitos do número anterior, os membros do Conselho Nacional são
equiparados aos juizes conselheiros; os membros dos Conselhos Provinciais, os
delegados e os restantes advogados, aos juizes de direito.
3. O advogado que exerça ou haja exercido cargos nos órgãos da Ordem tem direito a
usar a insígnia correspondente, nos termos do respectivo regulamento.
4. O advogado que desempenhe ou tenha desempenhado funções nos conselhos da
Ordem, enquanto se encontre em serviço do cargo, fica isento de prestar quaisquer
serviços de nomeação oficiosa.
5. Em caso de justificada necessidade, o respectivo Conselho pode fazer cessar a isenção
prevista no número anterior.
ARTIGO 23º
(Títulos honoríficos)
O advogado que tenha exercido cargos nos órgãos da Ordem dos Advogados conserva,
honorariamente, a designação correspondente ao cargo mais alto que haja ocupado.
SECÇÃO II
Da Assembleia Geral da Ordem
ARTIGO 24º
(Composição e competência)
1. A Assembleia Geral da Ordem é constituída por todos os advogados com a inscrição
em vigor.
2. Á Assembleia cabe deliberar sobre todos os assuntos que não estejam compreendidos
nas competências especificas dos restantes órgãos da Ordem dos Advogados.
ARTIGO 25º
(Reuniões da Assembleia Geral)
1. A Assembleia Geral reúne ordinariamente para a eleição do Bastonário e do Conselho
Nacional, para a discussão e aprovação do orçamento do Conselho Nacional e para
discussão e votação do relatório e contas deste conselho.
2. A Assembleia Geral reúne extraordinariamente quando os interesses superiores da
Ordem dos Advogados o aconselhem e o Bastonário a convoque.
3. O Bastonário deve convocar a Assembleia Geral Extraordinária se lhe for solicitado
pelo Conselho Nacional ou pela quinta parte dos advogados com a inscrição em vigor,
desde que seja legal o objecto da convocação e conexo com os interesses da profissão.
ARTIGO 26º
(Reuniões da Assembleia Geral)
1. A Assembleia Geral Ordinária para a eleição do Bastonário e do Conselho Nacional,
reúne nos termos previstos no artigo 10º.
2. A Assembleia Geral destinada á discussão do orçamento do Conselho Nacional reúne
no mês de Dezembro do ano anterior ao do exercício a que disser respeito.
3. A Assembleia Geral destinada à discussão e votação do relatório e contas do Conselho
Nacional realiza-se no mês de Fevereiro do ano imediatamente a seguir ao do exercício
ao do exercício respectivo.
ARTIGO 27º
(Convocatória)
1. As Assembleias Gerais serão convocadas pelo Bastonário por meio de anúncios, dos
quais conste a ordem dos trabalhos, publicados num jornal diário de grande circulação e
difundidos através da Rádio Nacional com, pelo menos, 20 dias de antecedência em
relação à data designada para reunião da assembleia, a qual, se possível, se realiza na sede
da Ordem dos Advogados.
2. Até 15 dias antes da data designada para a realização das assembleias a que se referem
os nºs 2 e 3 do artigo 26º, são enviados para as sedes dos Conselhos Provinciais ou
delegados, ou escritórios de todos os advogados com inscrição em vigor, exemplares do
orçamento e do relatório e contas.
3. Para efeito de validade das deliberações da assembleia só são consideradas essenciais
as formalidades da convocatória referidas no nº 1 deste artigo.
ARTIGO 28º
(Do voto)
O voto nas Assembleias Gerais Extraordinárias, salvo se para fins electivos, e nas
ordinárias, de que trata o nº 2 do artigo 26º, é facultativo e não pode ser exercido por
correspondência, sendo, no entanto, admissível o voto por procuração a favor de outro
advogado com a inscrição em vigor.
ARTIGO 29º
(Executoriedade das deliberações)
Não serão executórias as deliberações das assembleias gerais quando as despesas a que
derem lugar não tiverem cabimento em orçamento ou crédito extraordinário devidamente
aprovado.
SECÇÃO III
Do Bastonário
ARTIGO 30º
(Presidente da Ordem dos Advogados)
O Bastonário é o presidente da Ordem dos Advogados e, por inerência, Presidente
da Assembleia Geral e do Conselho Nacional.
ARTIGO 31º
(Competência)
1. Compete ao Bastonário:
a) Representar a Ordem dos Advogados em juízo e fora dele, designadamente perante os
órgãos de soberania;
b) Representar os institutos integrados na Ordem dos Advogados;
c) Dirigir os serviços da Ordem dos Advogados de âmbito nacional;
d) Velar pelo cumprimento da legislação respeitante à Ordem dos Advogados e
respectivos regulamentos e zelar pela realização das atribuições que lhe são conferidas;
e) Fazer executar as deliberações da Assembleia Geral e do Conselho Nacional;
f) Promover a cobrança das receitas da Ordem dos Advogados, autorizar as despesas
orçamentais e promover a abertura de créditos extraordinários, quando necessários;
g) Apresentar anualmente ao Conselho Nacional o Projecto de Orçamento para o ano civil
seguinte, as contas do ano civil anterior e o relatório sobre as actividades anuais;
h) Promover, por iniciativa própria ou a solicitação dos conselhos da Ordem dos
Advogados, os actos necessários ao patrocínio dos advogados, ou para que a Ordem se
constitua assistente, nos termos previstos no nº2 do artigo 4º;
i) Cometer a qualquer órgão executivo da Ordem dos Advogados a elaboração de
pareceres sobre quaisquer matérias que interessem às atribuições da Ordem;
j) Promover a edição da revista da Ordem dos Advogados e de outras publicações;
k) Assistir, querendo, às reuniões de todos os órgãos colegiais da Ordem dos Advogados,
só tendo, porém, direito a voto nas reuniões da Assembleia Geral e do Conselho Nacional;
l) Usar o voto de qualidade em caso de empate, em todos os órgãos colegiais a que presida
com direito a voto;
m) Interpor recurso para o Conselho Nacional das deliberações de todos os órgãos da
Ordem dos Advogados que julgue contrárias ás leis e regulamentos ou aos interesses da
Ordem dos Advogados ou dos seus membros;
n) Exercer as atribuições do Conselho Nacional nos casos em que, por motivo de
urgência, não seja possível reunir o Conselho,
o) Exercer as demais atribuições que as leis e regulamentos lhe confiram.
ARTIGO 32º
(Composição)
1. O Conselho Nacional é composto pelo Bastonário que o preside e por oito vogais
eleitos directamente pela Assembleia Geral.
2. Na 1º sessão de cada triénio o Conselho Nacional elege, de entre os seus membros, um
vice-presidente, um secretário e um tesoureiro.
3. O Bastonário pode, quando julgar aconselhável, convocar para as reuniões do Conselho
Nacional os presidentes dos Conselhos Provinciais, os quais terão direito a voto, e os
delegados.
4. No exercício da sua função jurisdicional disciplinar, o Conselho Nacional reúne por
secções, em pleno e, em conjunto com os Presidentes dos Conselhos Provinciais, em
Conselho Disciplinar Especial.
ARTIGO 33º
(Competência)
2. O Conselho Nacional pode cometer a alguns dos seus membros qualquer uma das
atribuições indicadas no número antecedente.
ARTIGO 34º
(Reuniões)
O Conselho Nacional reúne quando convocado pelo Bastonário, por sua iniciativa ou a
solicitação, por escrito, da maioria absoluta dos seus membros, pelo menos uma vez por
mês.
SECÇÃO V
Das Assembleias Provinciais
ARTIGO 35º
(Assembleias Provinciais)
ARTIGO 36º
(Reuniões das Assembleias Provinciais)
1. As Assembleias Provinciais reúnem ordinariamente para a eleição do respectivo
Conselho Provincial, para discussão e aprovação do orçamento do Conselho Provincial e
para discussão e votação do respectivo relatório e contas.
2. As Assembleias Provinciais são convocadas e presididas pelo Presidente do Conselho
Provincial aplicando-se-lhes, com as necessárias adaptações, o regime estabelecido nos
artigos 25º a 27º
SECÇÃO VI
Dos Conselhos Provinciais
ARTIGO 37º
(Composição)
1. Em cada província com mais de oito advogados funciona um Conselho Provincial,
constituído por um número de membros a fixar pelo Conselho Nacional, de acordo com
o número de advogados inscritos na província.
2. Na primeira sessão do triénio, cada Conselho Provincial elege os membros do Conselho
que desempenharão os cargos de vice-presidente, secretário e tesoureiro.
ARTIGO 38º
(Competências)
SECÇÃO VII
Dos Delegados da Ordem dos Advogados
ARTIGO 39º
(Delegados da Ordem dos Advogados)
Nas províncias em que o número de advogados inscritos seja igual ou inferior a oito,
haverá um Delegado da Ordem dos Advogados nomeado pelo Bastonário da Ordem, sob
proposta do Conselho Nacional, de entre os advogados inscritos por essa província.
ARTIGO 40º
(Competência dos Delegados)
CAPITULO III
GARANTIAS DO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA
SECÇÃO I
Disposições Gerais
ARTIGO 41º
(Exercício da Advocacia em território nacional)
ARTIGO 42º
(Mandato judicial e representação por Advogado)
1. O mandato judicial, a representação e assistência por advogado são sempre admissíveis
e não podem ser impedidos perante qualquer jurisdição, autoridade ou entidade pública
ou privada, nomeadamente para a defesa de direitos, patrocínio de relações jurídicas
controvertidas, composição de interesses ou em processos de mera averiguação, ainda
que administrativa, oficiosa ou de qualquer outra natureza.
2. O mandato judicial não pode ser objecto, por qualquer forma, de medida ou acordo que
impeça ou limite a escolha directa e livre do mandatário pelo mandante.
ARTIGO 43º
(Contrato de trabalho)
O contrato de trabalho celebrado pelo advogado não pode afectar a sua plena isenção e
independência técnica e científica perante a entidade patronal, nem violar o presentes
Estatutos.
ARTIGO 44º
(Escritório de Procuradoria ou de Consulta Jurídica)
ARTIGO 45º
(Direitos perante a Ordem dos Advogados)
Os advogados têm direito de requerer a intervenção da Ordem dos Advogados para
defesa dos seus direitos ou dos legítimos interesses da classe, nos termos previstos nestes
Estatutos.
ARTIGO 46º
(Das garantias em geral)
1. Os magistrados, agentes de autoridade e funcionários públicos devem assegurar aos
advogados, quando no exercício da sua profissão, tratamento compatível com a dignidade
da advocacia e condições adequadas para o cabal desempenho do mandato.
2. Nas audiências de julgamento, os advogados dispõem de bancada própria e têm o
direito de falar sentados.
ARTIGO 47º
(Imposição de selos, arrolamentos e buscas em escritórios de advogados)
ARTIGO 49º
(Reclamação)
ARTIGO 5Oº
(Direito de comunicação)
Os advogados têm direito, nos termos da lei, de comunicar, pessoal e reservadamente,
com os seus patrocinados, mesmo quando estes se achem presos ou detidos em
estabelecimento civil ou militar.
ARTIGO 51º
(lnformação, exame de processo e pedido de certidão)
1. No exercício da sua profissão, o advogado pode solicitar em qualquer tribunal ou
repartição pública o exame de processo, livros ou documentos que não tenham carácter
reservado ou secreto, bem como requerer, verbalmente ou por escrito, a passagem de
certidões, sem necessidade de exibir procuração.
2. Os advogados, quando no exercício da sua profissão, têm preferência para ser
atendidos por quaisquer funcionários a quem devam dirigir-se e têm o direito de ingresso
nas secretarias judiciais.
ARTIGO 52º
(Direito de protesto)
SECÇÃO II
Honorários
ARTIGO 53º
(Honorários: Limite e forma de pagamento)
ARTIGO 54º
("Quota Litis" e Divisão de honorários)
É proibido ao advogado:
a) Exigir, a título de honorários, uma parte do objecto da divida ou de outra pretensão;
b) Repartir honorários, excepto com colegas que tenham prestado colaboração;
c) Estabelecer que o pagamento de honorários fique exclusivamente dependente dos
resultados da demanda ou negócio.
ARTIGO 55º
(Preparos e custas)
O advogado não pode ser responsabilizado pela falta de pagamento de custas ou quaisquer
despesas se, tendo pedido ao cliente as importâncias para tal necessárias, as não tiver
recebido, e não é obrigado a dispor, para aquele efeito, das provisões que tenha recebido
para honorários.
CAPITULO IV
INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
ARTIGO 56º
(Âmbito das incompatibilidades)
Não podem exercer a advocacia os que, por virtude da actividade ou função que exerçam,
estejam em alguma das situações de incompatibilidade ou impedimento previstas na lei.
ARTIGO 57º
(Verificação da existência de incompatibilidade)
ARTIGO 58º
(Solicitadores)
É proibida a inscrição cumulativa na Ordem dos Advogados e na instituição
representativa dos solicitadores.
ARTIGO 59º
(Exercício ilegítimo do patrocínio)
Os Magistrados devem comunicar à Ordem dos Advogados o exercício ilegal do
patrocínio judiciário.
CAPÍTULO V
DEONTOLOGIA PROFISSIONAL
ARTIGO 60º
(Independência e isenção)
1. O advogado deve, no exercício da profissão e fora dela, considerar-se um servidor da
justiça e do direito e, como tal, mostrar-se digno da honra e das responsabilidades que lhe
são inerentes.
2. No exercício da profissão, o advogado manterá sempre e em quaisquer circunstâncias
a maior independência e isenção, não se servindo do mandato para prosseguir objectivos
que não sejam meramente profissionais.
3. O advogado cumprirá pontual e escrupulosamente os deveres consignados neste
Estatuto e todos aqueles que a Lei, usos, costumes e tradições lhe imponham para com
outros advogados, a magistratura, os clientes e quaisquer entidades públicas e privadas.
ARTIGO 61º
(Traje Profissional)
É obrigatório para os advogados e advogados estagiários, quando pleiteiem oralmente, o
uso de toga, cujo modelo, bem como qualquer outro acessório do trajo profissional, é o
definido pelo Conselho Nacional.
ARTIGO 62º
(Deveres do Advogado para com a comunidade)
Constituem deveres do Advogado para com a comunidade:
a) Pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo
aperfeiçoamento das instituições jurídicas;
b) Não advogar contra lei expressa, não usar de meios ou expedientes ilegais, nem
promover diligências reconhecidamente dilatórias, inúteis ou prejudicais para a correcta
aplicação da lei ou a descoberta da verdade;
c) Recusar o patrocínio a questões que considere manifestamente injustas;
d) Colaborar no acesso ao direito e aceitar nomeações oficiosas nas condições fixadas na
lei e pela Ordem;
e) Protestar contra as violações dos direitos humanos e combater as arbitrariedades de que
tiver conhecimento no exercício da profissão;
f) Não solicitar nem angariar clientes por si nem por interposta pessoa;
g) Não aceitar mandato ou prestação de serviços profissionais que, em qualquer
circunstância, não resulte de escolha directa e livre pelo mandante ou interessado.
ARTIGO 63º
(Deveres do Advogado para com a Ordem dos Advogados)
ARTIGO 64º
(Publicidade)
1. É vedada ao advogado toda a espécie de publicidade por circulares, anúncios, meios
de comunicação social ou qualquer outra forma directa ou indirecta de publicidade
profissional, designadamente divulgando o nome dos seus clientes.
2. Os advogados não devem fomentar, nem autorizar a publicação de notícias referentes
a causas judiciais ou outras questões profissionais a si confiadas.
3. Não constitui publicidade a indicação de títulos académicos, a menção de cargos
exercidos na Ordem ou a referência a sociedade civil profissional de que o advogado seja
sócio.
4. Não constitui também publicidade o uso de tabuletas afixadas no exterior dos
escritórios ou em publicações desde que com simples menção do nome do advogado,
endereço do escritório e horas de expediente.
5. Nas publicações especializadas de advogados pode ainda inserir-se curriculum vitae
académico e profissional do advogado e eventual referência à sua especialização, se
previamente reconhecida pela Ordem dos Advogados.
6. Não é considerada publicidade vedada, para efeitos deste artigo:
a) a informação directa, sem divulgação pública, a futuros clientes que o solicitem, da
lista dos principais clientes dos advogados.
b) a colocação de um site na Internet que apenas refira os nomes dos advogados, sua
especialidade e endereço de escritório.
ARTIGO 65º
(Segredo profissional)
a) A factos referentes a assuntos profissionais que lhe tenham sido revelados pelos
clientes ou por sua ordem ou conhecidos no exercício da profissão;
b) A factos que, por virtude de cargos desempenhados na Ordem qualquer colega,
obrigado quanto aos mesmos factos ao segredo profissional, lhe tenha comunicado;
c) A factos comunicados, por co-autor, co-réu ou co-interessado do cliente ou pelo
respectivo representante;
d) A factos de que a parte contrária do cliente ou respectivo representante lhe tenha dado
conhecimento durante negociações para acordo amigável e que sejam relativos à
pendência.
ARTIGO 66º
(Discussão pública)
1. O advogado não deve discutir, ou contribuir para a discussão, em público ou nos meios
de comunicação social, de questões pendentes ou a instaurar perante os tribunais ou outros
órgãos do Estado, salvo se o Conselho Provincial concordar fundadamente com a
necessidade de uma explicação pública, e nesse caso nos precisos termos autorizados pelo
Conselho Provincial.
2. O advogado não deve tentar influir de forma maliciosa ou censurável na resolução de
pleitos judiciais ou outras questões pendentes em órgãos do Estado.
ARTIGO 67º
(Deveres do Advogado para com o cliente)
ARTIGO 68º
(Documentos e valores do cliente)
ARTIGO 69º
(Recusa do patrocínio)
1. O advogado não deve, sem motivo justificado, recusar o patrocínio oficioso.
2. A justificação é feita perante o juiz da causa.
3. Se o procedimento do advogado não for considerado justificado, o juiz comunicará o
facto ao presidente do Conselho Provincial respectivo para eventuais efeitos disciplinares.
ARTIGO 70º
(Deveres recíprocos dos Advogados)
1. O advogado deve, sempre sem prejuízo da sua independência, tratar os juizes com o
respeito devido à função que exercem e abster-se de intervir nas suas decisões, quer
directamente, em conversa ou por escrito, quer por interposta pessoa sendo como tal
considerada a própria parte.
2. É especialmente vedado aos advogados enviar ou fazer enviar aos juizes quaisquer
memoriais ou recorrer a processos desleais de defesa dos interesses das partes.
ARTIGO 72º
(Patrocínio contra os advogados e magistrados)
ARTIGO 73º
(Dever geral de urbanidade)
No exercício da profissão, deve o advogado proceder com urbanidade, nomeadamente
para com os outros advogados, magistrados, funcionários de cartórios, peritos,
intérpretes, testemunhas e outros intervenientes nos processos.
CAPITULO VI
ACÇÃO DISCIPLINAR
SECÇÃO I
Disposições gerais
ARTIGO 74º
(Jurisdição disciplinar)
Os advogados estão sujeitos à jurisdição disciplinar exclusiva dos órgãos da Ordem dos
Advogados, nos termos previstos nestes Estatutos e nos respectivos regulamentos.
ARTIGO 75º
(Infracção Disciplinar)
Comete infracção disciplinar o Advogado que, por acção ou omissão, violar dolosa ou
culposamente algum dos deveres decorrentes destes Estatutos, dos regulamentos internos
ou das demais disposições aplicáveis.
ARTIGO 76º
(Competência disciplinar dos Conselhos Provinciais)
ARTIGO 77º
(Competência disciplinar do Conselho Nacional)
ARTIGO 78º
(Instauração do processo disciplinar)
ARTIGO 79º
(Participação pelo Tribunal e outras entidades)
ARTIGO 80º
(Responsabilidade simultaneamente disciplinar e criminal)
ARTIGO 81º
(Legitimidade)
As pessoas com interesse directo relativamente aos factos participados podem intervir no
processo, requerendo e alegando o que tiverem por conveniente.
ARTIGO 82º
(Natureza secreta do processo)
ARTIGO 84º
(Efeitos do cancelamento ou suspensão da inscrição)
ARTIGO 85º
(Desistência do procedimento disciplinar)
SECÇÃO II
Das Penas
ARTIGO 86º
(Penas Disciplinares)
ARTIGO 87º
(Restituição de quantias e documentos e perda de honorários)
Cumulativamente com qualquer das penas, pode ser imposta a restituição de quantias,
documentos ou objectos e, conjunta ou separadamente, a perda de honorários.
ARTIGO 88º
(Medida de graduação da pena)
Na aplicação das penas deve atender-se aos antecedentes profissionais e disciplinares do
arguido, ao grau de culpabilidade, às consequências da infracção e a todas as demais
circunstâncias agravantes ou atenuantes.
ARTIGO 89º
(Aplicação da pena de suspensão por mais de 2 anos)
As penas previstas nas alíneas f) e g) do artigo 86º só podem ser aplicadas por infracção
disciplinar que afecte gravemente a dignidade e o prestígio profissional, mediante decisão
que obtenha dois terços dos votos de todos os membros do conselho competente.
ARTIGO 90º
(Publicidade das penas)
SECÇÃO III
Do Processo Disciplinar
ARTIGO 91º
(Normas de procedimento disciplinar)
CAPÍTULO VII
CENTRO DE ESTUDOS
ARTIGO 92º
(Centro de Estudos e Formação. Seus fins)
1. O Centro de Cstudos e Formação é um organismo que tem por fim o estudo e debate
dos problemas jurídicos e sociais conexos com a profissão de advogado e com a técnica
e a deontologia profissionais, bem como organizar acções de formação e de
especialização para advogados estagiários.
2. O Centro de Estudos e Formação inclui, obrigatoriamente, para os Conselhos
Provinciais, actividades dedicadas à preparação dos advogados e, facultativa mente,
outras actividades.
3. O Conselho Nacional aprovará o regulamento do Centro de Estudos e Formação.
CAPITULO VIII
RECEITAS E DESPESAS
ARTIGO 93º
(Receitas)
Constituem receitas da Ordem dos Advogados:
a) As quotas pagas pelos advogados;
b) As receitas provenientes dos actos praticados e serviços prestados pela Ordem;
c) Quaisquer outras receitas, nomeadamente as provenientes de doações, heranças,
legados ou subsídios a favor da Ordem dos Advogados.
ARTIGO 94º
(Quotas para a Ordem. Seu destino)
1. Os advogados com inscrição em vigor são obrigados a contribuir para a Ordem dos
Advogados com a quota mensal que for fixada pelo Conselho Nacional.
2. O produto das quotas é dividido em partes iguais entre o Conselho Nacional e o
Conselho Provincial ou Delegação respectiva.
3. O Conselho Nacional entregará aos Conselhos Provinciais e Delegações a parte que
lhes competir no produto da cobrança das quotas, depois de aprovadas as contas do ano a
que respeitem. Os Conselhos Provinciais e Delegações devem reclamar a parte que lhes
competir no prazo de 3 meses, contados da aprovação das suas contas, sob pena de ser
considerada como saldo sujeito a distribuição nos termos do número seguinte.
4. Os saldos das receitas ordinárias dos Conselhos Nacional e Provincial e das Delegações
revertem, na proporção de dois terços, para estes órgãos e um terço para o fundo de
reserva, o qual se destina a ocorrer a despesas extraordinárias autorizadas directamente
pelo Bastonário.
5. O Conselho Nacional pode abonar mensalmente aos Conselhos Provinciais ou
Delegações uma importância, por conta da parte que lhes cabe no produto da cobrança
das quotas, bem como prestar-lhes, dentro das suas possibilidades, auxílio financeiro
quando devidamente justificada a sua necessidade.
ARTIGO 95º
(Encerramento)
ARTIGO 96º
(Processos e papéis da Ordem, selos, custas e imposto de justiça)
1. Não dão lugar a custas ou imposto de justiça e não serão sujeitos a imposto de selo as
certidões expedidas pela Ordem, os requerimentos e petições a ela dirigidos e os
processos que nela corram ou em que tenha intervenção.
2. A Ordem pode requerer e alegar em papel não selado e está isenta de custas, preparos
e imposto de justiça em processo em que intervenha.
ARTIGO 97º
(Reuniões nos Tribunais)
Os órgãos da Ordem podem reunir-se, nas circunscrições judiciais em que não tenham
instalação própria, nas salas dos tribunais indicados pelos respectivos juizes e a horas em
que não prejudiquem os serviços judiciais.
TÍTULO II
ADVOGADOS E ADVOGADOS ESTAGIÁRIOS
CAPITULO I
INSCRIÇÕES
ARTIGO 98º
(Inscrições)
ARTIGO 99º
(Restrições ao direito de inscrição)
ARTIGO 100º
(Procedimentos de inscrição)
1. A inscrição deve ser requerida no Conselho Provincial da área do domicílio escolhido
pelo requerente como centro da sua vida profissional, a quem compete a instrução dos
processos de inscrição e a emissão de parecer, e feita pelo Conselho Nacional.
2. Todas as comunicações previstas neste Estatuto e nos regulamentos da Ordem dos
Advogados devem ser feitas para o domicílio profissional, salvo disposição expressa em
contrário.
3. O domicílio profissional do advogado estagiário é o do seu patrono.
4. O requerimento deve ser acompanhado de cópia do bilhete de identidade, carta de
licenciatura, original ou pública-forma, certificado de registo criminal e boletins
preenchidos nos termos regulamentares assinados pelo interessado e acompanhado de três
fotografias.
5. No requerimento pode o interessado indicar o uso do nome abreviado, que não será
admitido se susceptível de provocar confusão com outro anteriormente requerido ou
inscrito, excepto se o possuidor deste com isso tenha concordado, e que após a inscrição
poderá usar no exercício de profissão.
ARTIGO 101º
(Cédula profissional)
1. A cada advogado ou advogado estagiário inscrito será entregue a respectiva cédula
profissional, a qual servirá de prova da inscrição na Ordem dos Advogados.
2. As cédulas são passadas pelo Conselho Nacional e firmadas pelo Bastonário.
3. Podem os tribunais exigir sempre a apresentação da cédula, como prova da inscrição,
aos advogados e advogados estagiários que perante eles se apresentem no exercício das
respectivas funções.
4. Far-se-ão nas cédulas profissionais os averbamentos constantes da inscrição, devendo
os mesmos ser rubricados pelo Bastonário.
5.O advogado suspenso ou com a inscrição cancelada deve restituir a cédula profissional
ao Conselho Provincial em que esteja inscrito e, se o não fizer no prazo de 15 dias, poderá
a Ordem proceder à respectiva apreensão judicial.
6. Pela expedição de cada cédula profissional cobrarão os Conselhos a quantia que for
fixada pelo Conselho Nacional e que constitui receita daqueles conselhos.
7. Às reinscrições correspondem novas cédulas.
ARTIGO 102º
(Exercício da Advocacia por não inscritos)
1. Os que transgridam o preceituado no artigo 410 nº1, serão, salvo nomeação judicial e
sem prejuízo das disposições penais aplicáveis, excluídos por despacho do juiz, proferido
oficiosamente, a reclamação dos Conselhos ou Delegações da Ordem ou a requerimentos
dos interessados.
2. Deve o juiz, no seu prudente arbitrio, acautelar no seu despacho dano irreparável dos
legítimos interesses das partes.
3. Se a hipótese neste artigo se der na pendência da lide, o transgressor será inibido de
nela continuar a intervir e, desde logo, o juiz nomeará
advogado oficioso que represente os interessados, até que estes provejam dentro do prazo
que lhes for marcado sob pena de, findo o prazo, cessar de pleno direito a nomeação.
CAPITULO II
ESTÁGIO
ARTIGO 103º
(Estagiários e a sua orientação)
1.O estágio tem a duração de dezoito meses e é realizado sob a direcção de um advogado
com pelo menos cinco anos de efectivo exercício da advocacia.
2. As disposições deste Estatuto, com as necessárias adaptações, aplicam-se aos
advogados estagiários, à excepção das que se referem ao exercício do direito de voto.
3. A organização geral do estágio cabe à Ordem dos Advogados.
4. Os patronos poderão, através de informação escrita, devidamente fundamentada,
dirigida ao conselho provincial, renunciar ao patrocínio de estagiários.
ARTIGO 104º
(Período de estágio)
1.O estágio divide-se em dois períodos distintos, o primeiro com a duração de 6 meses e
o segundo com a de 12 meses.
2. O primeiro período do estágio destina-se a um aprofundamento, de natureza
essencialmente prática, dos estudos ministrados nas Universidades e ao relacionamento
com as matérias directamente ligadas à prática da advocacia.
3. O segundo período do estágio destina-se a uma apreensão da vivência da advocacia,
através do contacto pessoal com o normal funcionamento de um escritório de advocacia,
dos tribunais e dos outros serviços relacionados com a aplicação da justiça e do exercício
efectivo dos conhecimentos previamente adquiridos.
4. Todo o estágio tem por fim familiarizar o advogado estagiário com os actos e termos
mais usuais da prática forense e, bem assim, inteirá-lo dos direitos e deveres dos
advogados.
5. O período máximo para a conclusão de estágio é de 3 anos, findos os quais o estagiário
tem de iniciar novo estágio.
ARTIGO 105º
(Competência dos estagiários)
1. Durante o primeiro período de estágio, o estagiário não pode praticar actos próprios
das profissões de advogado ou de solicitador judicial senão em causa própria ou do seu
cônjuge, ascendentes ou descendentes.
2. Durante o segundo período do estágio, o estagiário pode exercer quaisquer actos da
competência dos solicitadores e, bem assim:
a) Exercer a advocacia em qualquer processo, por nomeação oficiosa;
b) Exercer a advocacia em processos penais;
c) Exercer a advocacia em processos não penais cujo valor caiba na alçada dos tribunais
de lª instância e ainda nos processos dos tribunais de menores;
d) Dar consulta jurídica.
3. O estagiário deve indicar sempre a sua qualidade quando intervenha em qualquer acto
de natureza profissional.
ARTIGO 106º
(Nomeações oficiosas e assistência judiciária)
ARTIGO 107º
(Magistrados)
O exercício de funções de magistrado judicial ou do ministério público, com boas
informações, por período de tempo igual ou superior ao do estágio equivale a realização
de estágio.
ARTIGO 108º
(Dispensa de estágio)
São dispensados do estágio os docentes com a categoria de professores e antigos
professores das faculdades que leccionem disciplinas de direito e os doutores em direito,
em qualquer dos casos com pelo menos cinco anos de exercício da docência.
TÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ARTIGO 109º
(Sociedades de Advogados)
Lei especial regulamentará a criação e funcionamento das sociedades de advogados.
ARTIGO 110º
(Eleições para a constituição da Ordem)
1. A eleição dos diversos órgãos da Ordem dos Advogados para o primeiro triénio,
realizar-se-á no prazo de 45 dias subsequentes ao da entrada em vigor do presente diploma
e na data que for designada pelo Conselho Nacional de Advocacia, previsto pela Lei n0
1195, de 6 de Janeiro.
2. As propostas de candidaturas deverão ser apresentadas perante o Conselho Nacional
de Advocacia dentro dos 20 dias posteriores ao início da vigência deste diploma.
3. Os poderes atribuídos neste Estatuto ao Conselho Nacional e ao Bastonário, em matéria
eleitoral, serão exercidas, na preparação das primeiras eleições, pelo Conselho Nacional
de Advocacia e seu Presidente, respectivamente.
4. Nas eleições para o primeiro triénio, serão elegíveis para o cargo de Bastonário,
advogados com pelo menos cinco anos de exercício da profissão.
5. O primeiro mandato dos titulares dos órgãos da Ordem dos Advogados terá a duração
necessária para que as eleições seguintes se verifiquem na data prevista no artigo 110 do
presente estatuto.
6. No primeiro mandato os Conselhos Provinciais serão constituídos, em regra, por três
membros e, por cinco membros, nas províncias onde houver mais do que vinte advogados.
ARTIGO 111º
(Normas de processo disciplinar)
PREÂMBULO
É um dado adquirido que a Ordem dos Advogados tem natureza de associação privada de
interesse profissional e prossegue um interesse público. É uma entidade híbrida pois, por
um lado, é uma associação mas, por outro lado, é uma autarquia institucional ou ente
público menor (menor por oposição ao Estado). Como tal, a Ordem dos Advogados
assegura a prossecução de interesses colectivos, mediante poderes públicos que por lei
lhe estão atribuídos, mas está também sujeita a restrições de natureza pública. Para ela, o
Estado transfere a administração de certos interesses seus, aqueles que lhe não convém
prosseguir sob a forma de administração directa. Por isso, escolhe uma entidade dotada
de autonomia com substrato de associação e funções de autoridade colocada nas mãos
dos próprios profissionais colectivamente organizados. Uma verdadeira associação
pública de entidades privadas.
A Lei reconhece aos profissionais da advocacia capacidade para, com base nos seus
interesses particulares e mediante órgãos por si mesmos eleitos, prosseguir essa missão
de interesse público.
Por isso, a eles Advogados são impostos deveres e obrigações múltiplos, por vezes com
aparência contraditória entre si, quanto ao cliente, aos tribunais e outras autoridades
perante os quais o Advogado assiste ou representa o cliente, a profissão em geral e cada
colega, em particular, ao público, para o qual a existência da profissão livre e
independente vincula ao respeito pelas regras que ela própria criou, já que é um meio
essencial de salvaguarda dos direitos humanos face ao Estado e aos demais poderes.
2. Carácter das regras deontológicas
As regras deontológicas servem para garantir, mediante livre aceitação pelos membros da
Ordem dos Advogados de Angola, o cumprimento perfeito, por cada Advogado nela
inscrito, de uma missão reconhecida como essencial na sociedade. A inobservância dessas
regras pelo Advogado deve, em princípio, conduzir à aplicação de uma sanção disciplinar.
3. Âmbito de aplicação
CAPÍTULO I
Artigo 1º
(Deveres éticos e deontológicos)
Artigo 2º
(Independência e isenção)
Artigo 3º
(Confiança e integridade)
A relação entre o cliente e o seu Advogado baseia-se na confiança. Por isso, exige deste
uma conduta profissional íntegra, que seja honrada, leal e diligente.
O Advogado está obrigado a não defraudar a confiança que o seu cliente nele depositou
e a não defender interesses em conflito com os daquele.
No caso de exercício colectivo de advocacia ou em colaboração com outros profissionais,
o Advogado terá o direito e a obrigação de rejeitar qualquer intervenção que possa
contrariar os referidos princípios de confiança e de integridade ou que impliquem conflito
de interesses com clientes de outro membro do colectivo.
Artigo 4º
(Segredo profissional)
Artigo 5º
(Impedimentos)
Artigo 6º
(Incompatibilidades)
1. O exercício da advocacia é incompatível com as funções e actividades seguintes:
a) Membro do Governo;
b) Magistrado Judicial e do Ministério Público;
c) Assessores Populares;
d) Funcionário dos Tribunais, das Polícias e Serviços equiparados;
e) Provedor de Justiça;
f) Governadores e Vice-Governadores Provinciais;
g) Governadores e Vice-Governadores do Banco Nacional de Angola;
h) Quaisquer outros que por lei especial sejam considerados incompatíveis com o
exercício da advocacia.
2. As incompatibilidades não se aplicam a quantos estejam na situação de aposentados,
de inactividade, de licença ilimitada ou de reserva.
3. Igualmente não estão abrangidos pelas incompatibilidades os funcionários e agentes
administrativos providos em cargos com funções exclusivas de mera consulta jurídica e
os contratados para o mesmo efeito.
4. O Advogado em situação de incompatibilidade absoluta para o exercício da
advocacia, deve solicitar a suspensão da sua inscrição. O prazo para o pedido é de um
mês contado da data da ocorrência da incompatibilidade.
5. O Advogado em situação de incompatibilidade em relação a um assunto ou tipo se
assuntos, deve abster-se de nele(s) intervir. No caso de a incompatibilidade ocorrer depois
do início do mandato, o Advogado deve cessá-la imediatamente e realizar todas as
diligências no sentido da transferência do mandato, a fim de que a causa ou assunto não
fique sem defesa.
6. No caso de exercício colectivo ou em colaboração da advocacia, as
incompatibilidades de um dos membros do colectivo ou do quadro da colaboração,
estende-se aos demais.
Artigo 7º
(Publicidade)
1. O Advogado pode realizar publicidade que seja digna, leal e condizente com os seus
serviços profissionais, desde que em absoluto respeito pela dignidade das pessoas, pela
legislação em vigor e pelas normas do presente código.
2. Em particular é vedado ao Advogado:
a) Revelar, directa ou indirectamente, factos, dados ou situações sujeitas ao segredo
profissional como as referentes a causas judiciais ou outras questões profissionais a si
confiadas;
b) Revelar situações que afectem a sua independência;
c) Prometer a obtenção de resultados que não dependam exclusivamente da actividade
do próprio Advogado que faz a publicidade;
d) Fazer referência directa ou indirecta, pelos meios de comunicação social ou por
qualquer outra forma, nomeadamente circulares e anúncios, a clientes que utilizam os
serviços do próprio Advogado, divulgando os nomes, os assuntos por estes levados, os
êxitos e respectivos resultados;
e) Dirigir-se, directamente ou por terceiros, a vítimas, pessoais ou colectivas, seus
herdeiros ou pessoas com esses relacionadas, de catástrofes naturais, de acidentes ou
outras situações calamitosas que necessitem de plena liberdade para decidir da escolha de
um Advogado e não o possam fazer em virtude da situação em que se encontram;
f) Estabelecer comparações públicas com a actividade de outros Advogados em
concreto ou através de afirmações infundadas;
g) Utilizar no exercício da advocacia cartões ou títulos que derivem de outras funções
ou actividades de que o Advogado seja também titular.
h) Utilizar para sua identificação emblemas, símbolos ou outros indicativos colectivos
relativos à Ordem dos Advogados de Angola que possam pela semelhança induzir à
confusão, uma vez que apenas podem ser utilizados para publicidade institucional;
i) Incitar genérica ou concretamente à litigância e ao conflito;
j) Utilizar meios ou conteúdos contrários à dignidade das pessoas, da advocacia e da
Justiça:
3. Não constitui publicidade a indicação de títulos académicos, a menção de cargos
exercidos na Ordem dos Advogados de Angola ou a referência à sociedade civil de que o
Advogado seja sócio.
4. Não constitui também publicidade o uso de tabuletas afixadas no exterior dos
escritórios ou em publicações desde que com simples menção do nome do Advogado,
endereço do escritório e horas de expediente.
5. Nas publicações especializadas de Advogados pode ainda inserir-se curriculum vitae
académico e profissional do Advogado e eventual referência à sua especialização, se esta
estiver previamente reconhecida pela Ordem dos Advogados de Angola.
Artigo 8º
(Concorrência desleal)
Artigo 9º
(Substituição de Advogado)
CAPÍTULO II
DOS DEVERES DO ADVOGADO
Artigo 10º
(Deveres do Advogado para com a comunidade)
Artigo 11º
(Deveres do Advogado para com a Ordem dos Advogados de Angola)
Artigo 12º
(Deveres para com os julgadores)
Artigo 13º
(Deveres recíprocos dos Advogados)
Artigo 14º
(Deveres do Advogado para com o cliente)
A relação entre Advogado e cliente deve basear-se na confiança recíproca, que fica
facilitada se for por ambos subscrita uma proposta de honorários.
Nas relações com o cliente constituem deveres do advogado:
a) Recusar mandato, nomeação oficiosa ou prestação de serviços em questão em que
já tenha intervindo em qualquer outra qualidade ou seja conexa com outra em que
represente ou tenha representado a parte contrária;
b) Recusar mandato contra quem noutra causa seja seu mandante;
c) Dar ao cliente a sua opinião conscienciosa sobre o merecimento do direito ou
pretensão que este invoca, assim como prestar, sempre que lhe for pedida, informação
sobre o andamento das questões que lhe foram confiadas, nomeadamente:
- dar opinião sobre as possibilidades da pretensão do cliente e resultado previsível;
- indicar valor aproximado dos honorários ou bases para a sua determinação;
- informar, vistas as condições económicas e pessoais do cliente, da possibilidade
de requerer assistência judiciária;
- informar o cliente de todas as situações que possam afectar a sua independência,
como relações familiares, de amizade, económicas ou financeiras com a parte contrária
ou seus representantes;
- relatar ao cliente a evolução do assunto apresentado, e informá-lo a respeito da
possível solução, eventuais recursos, possibilidades de transacção por acordo extra-
judicial ou outras formas alternativas de resolução de litígios,
d) Estudar com cuidado e tratar com zelo a questão de que seja incumbido, utilizando,
para o efeito, todos os recursos da sua experiência saber e actividade;
e) Guardar segredo profissional;
f) Aconselhar toda a composição que ache justa e equitativa;
g) Dar conta ao cliente de todos os dinheiros que deste tenha recebido, qualquer que
seja a sua proveniência, e apresentar nota de honorários e despesas quando solicitada;
h) Dar a aplicação devida a valores, documentos ou objectos que lhe tenham sido
confiados;
i) Não celebrar, em proveito próprio, contratos sobre o objecto das questões confiadas
ou, por qualquer forma, solicitar ou aceitar participação nos resultados da causa;
j) Não abandonar o patrocínio do constituinte ou o acompanhamento das questões
que lhe estão cometidas sem motivo justificado.
O Advogado não deve aceitar a defesa de interesses incompatíveis com outros que esteja
a defender, ou com interesses do próprio advogado. Em caso de conflito de interesses
entre dois clientes do mesmo advogado, este deve renunciar à defesa de ambos, a não ser
que um dos clientes expressamente autorize a intervenção no interesse do outro.
Não está vedada ao Advogado a intervenção no interesse de todas as partes, desde que na
função de mediador, na preparação e elaboração de contratos devendo, contudo, observar
a mais estrita objectividade.
O Advogado não deve aceitar assuntos relacionados com um conjunto de clientes,
sobretudo se isso representar a possibilidade de se desencadear um conflito de interesses
entre eles, envolver risco de violação de segredo profissional ou de afectar a sua liberdade
e independência.
As normas referidas nos números 3, 4, e 5 são aplicáveis quando os Advogados trabalhem
em escritório colectivo ou em colaboração.
Artigo 15º
(Documentos e valores do cliente)
Artigo 16º
(Recusa de patrocínio)
Artigo 17º
(Patrocínio contra os Advogados e Magistrados)
Artigo 18º
(Discussão pública)
O Advogado não deve discutir, ou contribuir para a discussão, em público ou nos meios
de comunicação social, de questões pendentes ou a instaurar perante os tribunais ou outros
órgãos do Estado, salvo se o Conselho Provincial, face a um pedido fundamentado,
concordar com a necessidade de uma explicação pública, devendo, neste caso, ser
respeitados os precisos termos da autorização dada pelo Conselho Provincial.
O Advogado não deve tentar influir de forma maliciosa ou censurável na resolução de
pleitos judiciais ou outras questões pendentes em órgãos do Estado.
Artigo 19º
(Honorários)
O Advogado tem o direito de receber uma retribuição ou honorários pela sua actuação
profissional, assim como ser reintegrado de gastos que com a causa tenha efectuado. O
montante e o regime do pagamento dos honorários é livremente estabelecido entre o
cliente e o advogado, mas sempre com respeito pelas regras estabelecidas no Estatuto da
Ordem dos Advogados de Angola.
Na falta de um regime expresso entre cliente e Advogado, os honorários são ajustados de
acordo com as normas estabelecidas pela Ordem dos Advogados de Angola e os usos e
costumes da profissão, estes sempre de carácter supletivo.
Para efeito de preservação da dignidade do Advogado, os honorários devem ser
percebidos pelo advogado que tenha a direcção efectiva do assunto.
A repartição ou distribuição de honorários entre advogados deve ocorrer quando:
a) Respeite a uma colaboração jurídica;
b) Exista entre os advogados o exercício em colectivo de acordo com qualquer das
formas de associação admitidas pelo estatuto da Ordem dos Advogados de Angola;
c) Se trate de uma compensação a um colega que se tenha afastado do escritório
colectivo;
Está igualmente vedado ao advogado dividir os seus honorários com pessoas alheias à
profissão, salvo se resultar de acordos de colaboração com profissionais de outras áreas,
celebrados com base em normas aprovadas pela Ordem dos Advogados de Angola.
Artigo 20º
(Limite e forma de pagamento de honorários)
Artigo 21º
(“Quota litis”)
Artigo 22º
(Impugnação de honorários)
O advogado não pode ser responsabilizado pela falta de pagamento de custas ou quaisquer
despesas se, tendo pedido ao cliente as importâncias para tal necessárias, as não tiver
recebido, e não é obrigado a dispor, para aquele efeito, das provisões que tenha recebido
para honorários.
Artigo 24º
(Pagamento por angariamento de clientes)
O advogado não pode pagar, aceitar ou exigir comissão nem outro tipo de compensação
de outro advogado, nem de nenhuma pessoa por esta lhe ter enviado um cliente ou o ter
recomendado a possíveis futuros clientes.
Artigo 25º
(Tratamento de fundos alheios)
Artigo 26º
(Traje profissional)
Nos termos dos artg.ºs 33 n.º 1 al. e) e 91.º do Estatuto da Ordem dos Advogados,
aprovado pelo Decreto n.º 28/96, de 13 de Setembro, o Conselho Nacional delibera a
aprovação do seguinte
REGULAMENTO DISCIPLINAR DOS ADVOGADOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 1º
(Legislação aplicável)
1. A acção disciplinar da Ordem dos Advogados rege-se pelo disposto no Estatuto da
Ordem dos Advogados de Angola e no presente Regulamento.
2. Os casos omissos serão resolvidos de harmonia com as disposições do Código de
Processo Penal e as instruções do Conselho Nacional.
ARTIGO 2º
(Competência)
1. A acção disciplinar é exercida pelo Conselho Nacional e suas Secções e pelos
Conselhos Provinciais, nos termos dos artigos 15º e seguintes.
2. O procedimento disciplinar terá por base decisão do Bastonário, ou deliberação do
Conselho Nacional ou dos Conselhos Provinciais da Ordem.
ARTIGO 3º
(Participação)
1. O procedimento disciplinar será instaurado com fundamento em participação dos
Tribunais, de qualquer autoridade ou pessoa com conhecimento de factos susceptíveis de
integrarem infracção disciplinar ou certidão, recebida do Ministério Público ou de
entidades com poderes de investigação criminal ou policial, das participações
apresentadas contra advogados.
2. O Bastonário e os Conselhos Nacional e Provinciais da Ordem podem,
independentemente de participação, ordenar a instauração de procedimento disciplinar ou
inquérito preliminar.
3. Quando apresentada por escrito e por pessoa que não seja advogado ou entidade
oficial, a assinatura do participante deverá ser reconhecida pelos meios legalmente
admissíveis ou confirmada em declarações; se a participação for verbal, deverá ser
reduzida a escrito pela pessoa perante quem foi apresentada.
ARTIGO 4º
(Indeferimento)
1. O Bastonário e os Presidentes dos Conselhos Provinciais indeferirão, liminarmente
ou após diligências preliminares e por decisão fundamentada, as participações que
julguem manifestamente inviáveis.
2. Desta decisão de indeferimento, se tiver sido exercida pelo Presidente do Conselho
Provincial, caberá recurso para o Conselho Provincial; se tiver sido exercida pelo
Bastonário, caberá recurso para o Conselho Nacional, reunido em pleno.
ARTIGO 5º
(Intervenções de terceiros)
As pessoas com interesse directo relativamente aos factos participados são
admitidas a intervir no processo, por si ou por intermédio de advogado especialmente
mandatado para o efeito.
ARTIGO 6º
(Responsabilidade civil e criminal)
1. A responsabilidade disciplinar é independente da civil ou criminal.
2. Pode, porém, ser ordenada pela Secção ou Conselho competente, sob proposta do
instrutor, oficiosamente ou a requerimento do interessado ou arguido, a suspensão do
procedimento disciplinar até decisão a proferir em processo judicial, desde que esta seja
imprescindível à apreciação da questão disciplinar.
ARTIGO 7º
(Desistência do interessado)
1. A desistência do procedimento disciplinar pelo titular do interesse directo nos factos
participados extingue a responsabilidade disciplinar, excepto se a falta imputada afectar
a dignidade do visado, ou o prestígio da Ordem ou da profissão.
2. Para efeito do disposto no número anterior, a desistência deve ser notificada ao
advogado visado e ao órgão competente da Ordem que, no prazo de oito dias, poderão
requerer, com algum daqueles fundamentos, o prosseguimento do procedimento
disciplinar.
ARTIGO 8º
(Instrução)
1. A instrução do processo disciplinar é sumária e, através dela, deve o instrutor tentar
atingir a verdade material, remover os obstáculos ao seu regular e rápido andamento e
recusar o que for impertinente, inútil ou dilatório.
2. A forma dos actos, quando não esteja expressamente regulada, deve ajustar-se ao fim
em vista e limitar-se ao indispensável para o atingir.
ARTIGO 9º
(Sigilo e consulta do processo)
1. A natureza secreta do processo, até ao despacho de acusação, não impede a sua
consulta pelo titular do interesse directo nos factos participados, pelo arguido ou seu
advogado, quando autorizada pelo instrutor, caso não exista inconveniente para a
instrução.
2. Pode ainda o instrutor, no interesse da instrução, fornecer ao titular do interesse
directo nos factos participados e ao arguido cópia de peças do processo a fim de sobre
elas se pronunciarem.
3. A passagem de certidões só pode ser autorizada por deliberação do Conselho,
mediante requerimento em que se indique o fim a que se destinam.
4. Só serão passadas certidões destinadas à defesa de interesses legítimos do requerente,
podendo o seu uso ser condicionado.
5. O arguido e o titular do interesse directo nos factos participados que não respeitem a
natureza secreta do processo, quando advogado, incorrem em responsabilidade
disciplinar.
ARTIGO 10º
(Acumulação de processos)
1. Se contra o mesmo arguido penderem vários processos disciplinares, ainda que em
Conselhos diversos, serão todos apensados ao mais antigo, de forma a ser proferida uma
só decisão.
2. Porém, a apensação não será efectuada se dela resultarem inconvenientes manifestos,
designadamente se os novos processos forem instaurados depois de proferida acusação
no mais antigo.
3. Instaurado o primeiro processo fica fixada a competência do Conselho, mesmo que
o arguido transfira a sua inscrição para província diferente.
ARTIGO 11º
(Forma dos actos)
1. Os actos processuais devem ser assinados e rubricados por quem presidir à diligência
e por quem os escreva. O participante, o interessado e o acusado, quando intervenham,
devem também assiná-los e rubricá-los.
2. Todos os actos e termos do processo, incluindo os despachos e decisões, podem ser
dactilografados e, quando o não sejam, deverá a letra ser perfeitamente legível.
3. Preferencialmente, e sempre que possível, deverão ser utilizados modelos impressos,
a completar por quem os deve escrever.
4. Nos termos, autos e certidões os espaços em branco devem ser inutilizados e as
entrelinhas, rasuras e emendas ressalvadas.
ARTIGO 12º
(Prazos dos actos)
1. Na falta de disposição especial, será de sete dias o prazo para a prática dos actos
processuais.
2. Este prazo, tal como os demais especialmente previstos neste Regulamento, conta-se
pela forma estabelecida na legislação processual civil.
ARTIGO 13º
(Guarda de processos)
ARTIGO 14º
(Comunicações)
Quando outra formalidade não seja expressamente exigida, as comunicações dos
actos processuais e as notificações dos mesmos serão feitas pessoalmente ou por correio,
com aviso de recepção, na pessoa de qualquer empregado do escritório, por telefax,
correio electrónico (e.mail), ou outro meio similar, desde que os respectivos números
estejam registados na Ordem ou sejam publicitados pelos advogados, ou ainda nos termos
permitidos pela legislação processual civil; podem ainda as notificações ser feitas por
qualquer das formas previstas no art. 48º, sempre que razões ponderosas o justifiquem
objectivamente.
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIA DISCIPLINAR
ARTIGO 15º
(Conselhos Provinciais)
1. Os Conselhos Provinciais exercem o poder disciplinar relativamente aos advogados
com domicílio na respectiva província, com excepção dos antigos ou actuais membros
dos Conselhos da Ordem.
2. A competência dos Conselhos Provinciais é determinada pelo domicílio profissional
do advogado visado, à data dos actos participados.
ARTIGO 16º
(Conselho Nacional)
1. O Conselho Nacional exerce o poder disciplinar relativamente ao Bastonário e aos
antigod e actuais membros do Conselho Nacional e dos Conselhos Provinciais.
2. Compete às Secções do Conselho Nacional:
a) Decidir, em última instância, os recursos interpostos das decisões dos Conselhos
Provinciais;
b) Instruir e decidir, em primeira instância, os processos em que sejam arguidos
os antigos e actuais membros dos Conselhos Provinciais;
c) Instruir os processos em que sejam arguidos o Bastonário e os antigos e actuais
membros do Conselho Nacional.
3. Compete ao Conselho Nacional reunido em pleno:
a) Decidir, em última instância, os recursos interpostos das decisões das suas
Secções;
b) Decidir, em última instância, os recursos interpostos das decisões dos Conselhos
Provinciais que apliquem as penas de suspensão de dois a oito anos e de proibição
definitiva do exercício da advocacia ou proferidas em processos em que essas penas
tenham sido propostas;
c) Decidir, em primeira instância, os processos em que sejam arguidos o Bastonário
e os antigos e actuais membros do Conselho Nacional;
d) A revisão das decisões com trânsito em julgado.
4. Compete ao Conselho Nacional, constituído em Conselho Disciplinar Especial, decidir,
em última instância, os recursos interpostos das decisões tomadas em primeira instância
pelo órgão reunido em pleno.
5. Nos casos previstos na alínea b) do número 3, os recursos são obrigatórios e os
processos subirão oficiosamente para o órgão competente para a decisão em última
instância.
CAPÍTULO III
FORMA DO PROCESSO
ARTIGO 17º
(Processo disciplinar)
1. O processo disciplinar terá lugar sempre que a qualquer advogado ou advogado
estagiário seja imputada falta determinada.
2. A forma do processo disciplinar é a constante dos capítulo IV e seguintes do presente
Regulamento.
ARTIGO 18º
(Inquérito preliminar)
1. Sempre que, ou por não ser concretizada a falta ou por não ser conhecido o infractor,
não seja possível instaurar o processo disciplinar, o órgão com competência disciplinar
poderá ordenar a realização de um inquérito para se proceder a averiguações destinadas
ao esclarecimento dos factos.
2. O processo de inquérito a que se refere o número anterior é regulado pelas normas
aplicáveis ao processo disciplinar em tudo o que não esteja especialmente previsto.
3. São, nomeadamente, aplicáveis ao processo de inquérito as seguintes regras:
a) Para além das diligências normais que considere necessárias, o inquiridor poderá
chamar a depor - por meio de anúncios - as pessoas que tenham conhecimento de factos
respeitantes à matéria a averiguar;
b) Finda a instrução, o inquiridor emitirá parecer fundamentado em que proporá
ou o prosseguimento do processo como disciplinar, ou o seu arquivamento, consoante
considere existirem, ou não, indícios bastantes da prática de infracção disciplinar;
c) O parecer a que se refere o número anterior será apreciado na primeira sessão
do Conselho ou da Secção, que deliberará (i) se o processo deve prosseguir como
disciplinar, (ii) se deve ser arquivado ou (iii) se deverão ser realizadas diligências
complementares de prova;
d) Caso o processo prossiga como disciplinar, o até então processado valerá como
corpo de delito;
e) Se o parecer não obtiver aprovação, poderá ser designado novo instrutor.
CAPÍTULO IV
ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO
ARTIGO 19º
(Instrução)
1. Mandado instaurar o procedimento disciplinar, as participações ou queixas serão
distribuídas na primeira sessão do Conselho posterior à sua apresentação, sem prejuízo
de delegação dessa tarefa em qualquer dos seus membros.
2. A instrução do processo cabe a um ou mais instrutores que serão nomeados de entre
os advogados inscritos na Ordem.
3. O instrutor poderá ser coadjuvado por um secretário, advogado ou não, por si
nomeado.
4. Em caso de impedimento temporário do instrutor ou secretário, sempre que as
circunstâncias o justifiquem e, ainda, quando o Conselho aceite a sua escusa, será feita
nova distribuição.
ARTIGO 20º
(Local da instrução)
A instrução do processo realiza-se na sede do Conselho competente ou no
escritório do instrutor ou em qualquer outro local condigno que o instrutor designe.
ARTIGO 21º
(Prestação de juramento)
· peritos, tradutores, intérpretes, declarantes e testemunhas prestarão compromisso,
sob juramento legal, de desempenharem conscientemente os deveres do cargo e de
dizerem a verdade.
CAPÍTULO V
FASE INSTRUTÓRIA
ARTIGO 22º
(Definição)
1. Entende-se por fase instrutória o conjunto de diligências destinadas à organização do
processo, até ser proferido o despacho de acusação.
2. Na fase de instrução são admissíveis todos os meios de prova permitidos em direito.
ARTIGO 23º
(Audição do participante, de testemunhas e do arguido e outras diligências)
1. O instrutor, para além de ouvir o participante, o titular do interesse directo nos factos
participados e as testemunhas por estes indicadas, deverá sempre notificar o arguido para
responder, querendo, à matéria da participação ou queixa.
2. O instrutor poderá também ordenar exames, fazer juntar documentos, requisitar
processos e, de um modo geral, proceder a todas as diligências susceptíveis de contribuir
para o apuramento da verdade.
3. O instrutor poderá requisitar quaisquer diligências, por ofício ou telegrama precatório,
dirigido ao órgão competente, com indicação do prazo para cumprimento e da matéria
sobre que deverão incidir; sempre que o instrutor entender que não tem competência para
requerer directamente quaisquer diligências, solicitará ao órgão competente da Ordem
que o faça.
4. Expirado o prazo fixado pelo instrutor para o cumprimento das diligências, o processo
seguirá os termos normais, juntando-se o precatório logo que devolvido.
5. Se, porém, o instrutor entender ser indispensável para a descoberta da verdade a
realização prévia das diligências deprecadas, o processo aguadará o cumprimento e
devolução do precatório.
ARTIGO 24º
(Diligências requeridas pelos interessados)
1. Por sua vez, o participante, o titular de interesse directo nos factos participados e o
arguido podem requerer ao instrutor, nesta fase do processo, a realização das diligências
de prova que considerem necessárias ao apuramento da verdade.
2. Porém, só será dado deferimento a esse requerimento se lhe for reconhecida utilidade
e pertinência mas serão mandados juntar aos autos todos os papéis recebidos de um e
outro, que respeitem ao processo.
3. O participante e o arguido não podem recusar-se a estar pessoalmente presentes nos
casos em que o instrutor o ordene.
SECÇÃO I
Prova documental
ARTIGO 25º
(Junção de documentos)
1. Com a participação ou queixa serão juntos os documentos destinados à prova dos
factos em que assenta a arguição.
2. Será todavia, admitida a junção, até às alegações, de qualquer documento que não
tenha sido possível obter anteriormente ou quando, por razões atendíveis, tenha sido
prorrogado o prazo para a sua junção.
3. O instrutor poderá oficiosamente determinar a junção de documentos até à sessão de
julgamento.
ARTIGO 26º
(Apresentação de documentos por declarantes ou testemunhas)
Se qualquer declarante ou testemunha, ao ser ouvido, apresentar algum documento para
corroborar as suas afirmações, o instrutor ordenará a sua junção aos autos.
SECÇÃO II
Exames
ARTIGO 27º
(Prazo)
Os exames serão requeridos até ao encerramento da fase instrutória e efectuados
nos termos e com as formalidades estabelecidas no Código de Processo Penal.
SECÇÃO III
Prova testemunhal
ARTIGO 28º
(Inibições)
1. Não podem ser admitidas como testemunhas as pessoas inábeis para depor nos termos
da lei processual civil e as mencionadas no artº 216º do Código de Processo Penal; e não
são obrigadas a depor, nem a prestar declarações, as pessoas a que se refere o artº 217º do
mesmo Código.
2. As pessoas inábeis para depor podem, se o desejarem e o instrutor assim o entender,
ser ouvidas como declarantes.
ARTIGO 29º
(Número de testemunhas)
1. Na fase de instrução do processo, o número de testemunhas a inquirir será o que o
instrutor entender necessário à descoberta da verdade.
2. É aplicável à inquirição de testemunhas o disposto nos n.os 1 e 2 do artº 24º deste
Regulamento.
ARTIGO 30º
(Audição)
As testemunhas e declarantes serão notificados do dia, hora e local em que devem
comparecer para serem ouvidos; mas o instrutor poderá, também, ouvir outras pessoas
que, porventura, se encontrem presentes.
ARTIGO 31º
(Depoimentos e declarações)
1. Os depoimentos e declarações devem ser reduzidos a escrito, competindo a sua
redacção aos próprios declarantes; se, porém, não quiserem ou não puderem usar desse
direito ou o fizerem por forma defeituosa ou inconveniente, os depoimentos e declarações
serão redigidos pelo instrutor.
2. O participante, o titular do interesse directo nos factos participados e o arguido ou o
seu advogado, quando presentes, poderão, findo o interrogatório, requerer ao instrutor
que formule novas perguntas tendentes ao completo esclarecimento do depoimento ou
declarações prestadas.
3. No final, os depoimentos e declarações serão lidos a quem os produziu, que os
assinará e rubricará.
ARTIGO 32º
(Acareações, impugnações e contraditas)
1. São admitidas acareações entre testemunhas, declarantes, participantes, titular de
interesse directo nos factos participados e arguidos e entre uns e outros.
2. Podem, também, ser deduzidas impugnações e contraditas, com os fundamentos e
nos termos do Código do Processo Penal.
ARTIGO 33º
(Conclusão)
1. Finda a instrução, o instrutor:
a) profere despacho de acusação ou,
b) emite parecer fundamentado a propor o arquivamento do processo, ou
c) propõe que o processo aguarde produção de melhor prova.
2. Não sendo proferido despacho de acusação, o processo com o parecer do instrutor será
apresentado à primeira sessão do Conselho ou da Secção para deliberação, se o parecer
não obtiver aprovação, é aplicável o disposto na alínea e) do nº 3 do artigo 18º, podendo
ser ou não ordenadas diligências complementares de prova.
CAPÍTULO V
INCIDENTES
ARTIGO 34º
(Enumeração)
1. São incidentes em processo disciplinar:
a) A suspensão preventiva do exercício profissional pelo arguido;
b) Os impedimentos dos que devem instruir ou julgar os processos;
c) A falsidade.
2. Os incidentes são autuados por apenso ao processo em que forem deduzidos.
SECÇÃO I
Suspensão preventiva
ARTIGO 35º
(Suspensão preventiva do arguido)
1. Instaurado o processo disciplinar, pode ser ordenada a suspensão preventiva do
exercício profissional pelo arguido, nos seguintes casos:
a) Se se verificar a possibilidade de prática de novas e graves infracções
disciplinares susceptíveis de, nos termos do Estatuto da Ordem, serem sancionadas com
as penas de suspensão ou de proibição do exercício da advocacia ou a tentativa de
perturbar o andamento da instrução do processo;
b) Se o arguido tiver sido pronunciado criminalmente por crime cometido no
exercício da profissão ou por crime a que corresponda pena maior.
2. Para esse efeito, e se considerar que se verifica qualquer dessas circunstâncias, deve o
instrutor propor a suspensão.
3. A suspensão preventiva não pode exceder 3 meses e deve ser deliberada por dois terços
dos membros do Conselho onde o processo correr os seus termos, independentemente de
proposta do instrutor.
4. O Bastonário pode, mediante proposta aprovada por dois terços dos membros do
Conselho onde o processo correr termos, prorrogar por mais 3 meses a suspensão.
5. A suspensão preventiva é sempre descontada nas penas de suspensão.
6. A deliberação de suspensão será notificada ao arguido, pelos meios previstos no art.º
14.º, com entrega da cópia respectiva e a advertência de que, a partir dessa notificação,
se deverá abster da prática de qualquer acto profissional, sob pena de ser dada publicidade
à suspensão e sem prejuízo de procedimento criminal.
7. A suspensão será comunicada ao Tribunal da província onde o advogado arguido se
encontre inscrito e ao Tribunal Supremo e instâncias judiciais autónomas.
ARTIGO 36º
(Preferências dos processos com arguidos suspensos)
SECÇÃO II
Impedimentos
ARTIGO 37º
(Impedimentos)
ARTIGO 38º
(Declarações de impedimento)
1. Quem se considerar impedido por alguma destas causas, assim o declarará no
processo, logo que deste tenha conhecimento.
2. O que for indicado como testemunha deve declarar nos autos, sob juramento legal,
se tem conhecimento de factos que possam influir na decisão do processo e só em caso
afirmativo se admitirá o impedimento.
ARTIGO 39º
(Dedução de impedimentos)
1. Os impedimentos podem ser deduzidos pelas partes em qualquer altura do processo
em simples requerimento dirigido ao Presidente do Conselho, com imediato oferecimento
de provas.
2. Recebido o requerimento será ouvido o visado que responderá, por escrito, no prazo
que lhe for fixado, entre cinco a oito dias.
3. Se confessar o impedimento, o incidente é considerado findo e o visado substituído,
se tal se mostrar necessário; no caso contrário, serão produzidas as provas e o julgamento
do incidente far-se-á dentro dos oito dias seguintes.
ARTIGO 40º
(Decisão sobre o incidente)
Compete ao Presidente do Conselho a decisão sobre o incidente, e da sua decisão cabe
recurso para o Conselho, com efeito meramente devolutivo sobre o andamento do
processo principal.
ARTIGO 41º
(Outros impedimentos)
1. Qualquer outra razão que pareça de natureza impeditiva deverá ser exposta
verbalmente ao Presidente do Conselho, que resolverá.
2. Se o Presidente o considerar necessário ou conveniente poderá levar o assunto à
primeira sessão da Secção ou do Conselho e colher a opinião dos seus membros antes de
decidir.
3. No caso de o Presidente julgar que existe razão impeditiva lavrará despacho, que não
necessita de ser fundamentado, no processo.
SECÇÃO III
Falsidade
ARTIGO 42º
(Admissibilidade)
1. O incidente da falsidade apenas pode ser deduzido contra documento que influa no
julgamento, e no prazo de oito dias a contar da notificação da sua junção aos autos.
2. Quando admitido, o incidente será instruído e decidido com o processo principal.
CAPÍTULO VII
EXCEPÇÕES
ARTIGO 43º
(Enumeração; dedução)
1. São excepções em processo disciplinar:
a) A incompetência do Conselho por ofensa do disposto nos artºs 76º e 77º do Estatuto
da Ordem dos Advogados de Angola e dos artigos 15º e 16º deste Regulamento;
b) A ilegitimidade;
c) A litispendência;
d) O caso julgado;
e) A prescrição.
2. Estas excepções são todas de conhecimento oficioso, e podem ser deduzidas em
qualquer altura do processo, até às alegações finais, através de simples requerimento com
indicação dos factos que os fundamentam e de prova respectiva.
3. Antes da decisão será cumprido o disposto no nº 2 do artº 39º deste Regulamento, em
relação à parte contrária.
4. Não poderão ser indicadas mais de três testemunhas por cada parte para prova dos
factos justificativos das excepções.
ARTIGO 44º
(Prescrição)
1. O procedimento disciplinar prescreve no prazo de dois anos contados a partir da data
em que a falta tiver sido cometida ou daquela em que cesse a consumação dos factos, ou
da prática do último deles.
2. As infracções disciplinares que também constituam ilícito penal prescrevem no
mesmo prazo do procedimento criminal, se superior.
ARTIGO 45º
(Continuação do processo a requerimento do arguido)
O arguido que beneficiar da decisão da prescrição do procedimento disciplinar poderá,
quando notificado, requerer que o processo continue os seus termos.
CAPÍTULO VIII
NULIDADES
ARTIGO 46º
(Enumeração; efeito)
1. Em processo disciplinar apenas constituem nulidade:
a) A falta de audiência do arguido, nos termos do nº 1 do artº 23º deste Regulamento;
b) A falta ou insuficiência de diligências essenciais para a descoberta da verdade;
c) A falta de número de votos necessários para a tomada das decisões;
d) O incumprimento do disposto nos artºs 47º e 48º.
2. As nulidades das alíneas a) e b) determinam a anulação de todo o processado posterior,
devendo, porém, considerar-se sanadas quando não arguidas no prazo de oito dias a contar
de qualquer intervenção posterior nos autos de parte com legitimidade para a sua
arguição, ou da sua notificação para qualquer termo processual posterior à sua
verificação.
3. A nulidade da alínea c) impõe a anulação do julgamento e a sua repetição, ficando sem
efeito quanto se tenha praticado posteriormente, salvo se se dever considerar sanada por
falta de arguição nos termos da parte final do anterior nº 2.
4. A nulidade da alínea d) é insuprível, determina a anulação de todo o processado
posterior e pode ser arguida ou conhecida oficiosamente a todo o tempo, até ao trânsito
em julgado da decisão, devendo o instrutor praticar os respectivos actos.
5. Sem prejuízo das competências próprias dos Conselhos e suas secções para a
declaração das nulidades, compete ao instrutor praticar os actos cuja omissão determinou
as previstas nas al. a), b) e d) do n.º 1 do presente art.º.
CAPÍTULO IX
ACUSAÇÃO
ARTIGO 47º
(Despacho)
Quando da instrução resultarem indícios suficientes da existência de falta disciplinar, o
instrutor solicitará e juntará aos autos extracto do registo disciplinar do arguido e redigirá
despacho de acusação devidamente fundamentado, em que especificará:
a) A identidade do acusado;
b) A descrição do facto ou factos imputados, bem como as circunstâncias da sua prática
e as demais que possam servir para uma completa apreciação do comportamento do
arguido;
c) As normas legais e regulamentares infringidas;
d) A proposta de pena disciplinar a aplicar;
e) O prazo, não inferior a dez nem superior a trinta dias, para apresentação da defesa;
f) O local para apresentação de requerimentos, quando este não seja a secretaria do
Conselho Provincial ou da Ordem dos Advogados.
ARTIGO 48º
(Notificação)
1. Do despacho de acusação será extraída, no prazo de 48 horas, a cópia, que será
entregue ao arguido mediante notificação pessoal ou por carta registada com aviso de
recepção, conforme for mais rápido e conveniente.
2. A notificação, desde que feita nos termos do número anterior, não deixa de produzir
efeitos pelo facto de a cópia do despacho de acusação ser devolvida ou de se não mostrar
assinado o aviso de recepção, considerando-se feita na data da respectiva devolução.
3. No caso do arguido se ter ausentado do País ou da província, ou se for desconhecido
o seu paradeiro, será notificado por edital afixado na porta do seu escritório ou da última
residência conhecida, ou ainda, quando manifestamente não for possível fazê-lo por
qualquer dessas formas, na sede do Conselho Provincial, o qual conterá um resumo da
acusação e o prazo referido na alínea d) do artigo anterior, fixado de trinta a sessenta dias.
4. No entanto, se o arguido se tiver ausentado do país ou da província, tendo comunicado
previamente o seu endereço e período de permanência no local para onde se deslocar, só
deverá recorrer-se à notificação edital, se a notificação por via postal não se mostrar
possível ou, objectiva e fundamentadamente, comportar inconvenientes sérios para o
normal prosseguimento do processo.
CAPÍTULO X
DEFESA
ARTIGO 49º
(Prazo)
1. O prazo para apresentar a defesa é peremptório e só em caso de justo impedimento
poderá ser excedido, cabendo ao instrutor, através de despacho fundamentado, deferir ou
indeferir o respectivo requerimento, cabendo recurso para o Conselho.
2. A notificação para apresentar a defesa vale como audiência efectiva do arguido e a
falta de resposta, dentro do prazo marcado, torna o arguido revel.
ARTIGO 50º
(Defesa por advogado ou curador)
1. O arguido pode organizar a sua defesa pessoalmente ou nomear advogado para esse
efeito.
2. Se estiver impossibilitado de exercer esse direito por motivo devidamente
comprovado, o instrutor nomear-lhe-á um curador, que pode constituir advogado para o
efeito, preferindo a pessoa a quem competiria a tutela, no caso de interdição.
3. A nomeação nos termos dos números anteriores dá ao mandatário ou curador o direito
de usar de todos os meios de defesa facultados ao arguido.
ARTIGO 51º
(Consulta do processo)
1. Durante o prazo para a apresentação da defesa, o processo pode ser consultado na
secretaria do local da instrução, ou confiado ao arguido ou a advogado constituído para
exame no seu escritório.
2. Compete à secretaria a confiança do processo, mediante recibo assinado em que
claramente se assuma a obrigação de o devolver, dentro do prazo da defesa.
3. A falta de cumprimento da obrigação referida no número anterior, para além de
procedimento criminal, acarretará a instauração de procedimento disciplinar.
ARTIGO 52º
(Local de apresentação da defesa)
A defesa, na qual devem expor-se clara e concisamente os factos e as razões que
a fundamentam, será apresentada na secretaria do Conselho competente, se o instrutor
não tiver indicado outro local, nos termos do art. 47º, al. e).
ARTIGO 53º
(Prova)
1. Com a defesa será oferecido o rol de testemunhas, juntos os documentos de que o
arguido já possa dispor e requeridas quaisquer diligências de prova.
2. Não podem ser indicadas mais de cinco testemunhas por cada facto e o seu total não
pode exceder o número de vinte.
3. O arguido deve precisar os factos sobre os quais incidirá a prova oferecida, sendo
convidado a fazê-lo, sob pena de indeferimento, na falta de indicação.
4. As testemunhas domiciliadas fora da sede do Conselho deverão ser apresentadas pelo
arguido. Porém, em caso de impossibilidade devidamente fundamentada, poderá ele
requerer a sua inquirição por ofício precatório.
5. Os documentos supervenientes poderão ser juntos ao processo nos termos do artº 25º,
nºs 2 e 3.
6. Serão recusadas as provas e diligências manifestamente impertinentes ou
desnecessárias à descoberta da verdade dos factos podendo ser mandados desentranhar
os documentos nessas condições.
ARTIGO 54º
(Expressões desrespeitosas)
Da defesa que contiver expressões desrespeitosas será extraída cópia,
devidamente autenticada, para efeitos disciplinares e criminais.
ARTIGO 55º
(Diligências de prova suplementares)
Finda a produção da prova da defesa, o instrutor pode, através de despacho
fundamentado, proceder a novas diligências que considere necessárias ao esclarecimento
da verdade.
ARTIGO 56º
(Recurso)
Das decisões do instrutor cabe recurso para a Secção ou para o Conselho,
conforme os casos.
CAPÍTULO XI
DECISÃO
ARTIGO 57º
(Apresentação)
Findo o prazo para a defesa ou as diligências de prova, o instrutor remeterá os
autos para a Secção ou Conselho competente, o qual o poderá convocar para, na primeira
sessão que se realizar, fazer uma exposição sobre o processo, designadamente no aspecto
de falta disciplinar, sua qualificação, gravidade, e sanção pertinente.
ARTIGO 58º
(Deliberação)
Presente o processo e feita a exposição pelo instrutor, a Secção ou Conselho decidirá se
há ou não outras diligências de prova, necessárias ou convenientes, a produzir.
ARTIGO 59º
(Elaboração de acórdão)
1. O acórdão será lavrado por um relator designado entre os membros que tenham
concordado com a decisão.
2. Os votos de vencido devem ser fundamentados.
3. O acórdão poderá consistir na parte decisória, precedida da identificação das partes
e da fundamentação sumária do julgado, que poderá incuir a adesão aos termos da
acusação.
ARTIGO 60º
(Assinaturas)
1. Os acórdãos serão assinados pelo Presidente da Secção ou do Conselho e pelos
membros presentes que o tenham votado.
ARTIGO 61º
(Suspensão por mais de dois anos e proibição definitiva do exercício da advocacia)
1. Quando numa sessão tenha havido deliberação em processo em que haja sido proposta
ou votada pena das alíneas f) e g) do artº 86º do E.O.A.A., o processo será imediatamente
concluso ao Presidente do Conselho Nacional.
2. Este, de seguida, convocará a sessão plenária do Conselho e aí apresentará o processo
para o fim previsto no nº 5 do artº 77º do mesmo diploma e da alínea b) do número 3 do
artigo 16º do presente Regulamento.
ARTIGO 62º
(Notificação)
1. As decisões serão notificadas ao arguido, ao participante, aos titulares do interesse
directo nos factos participados e ao Bastonário.
2. Se a participação tiver sido feita por magistrado judicial ou do Ministério Público, a
decisão final é-lhe notificada, ainda que não tenha interesse directo no processo.
3. A notificação ao arguido será efectuada nos termos do artº 49º deste Regulamento.
ARTIGO 63º
(Registo)
As decisões finais serão levadas ao registo disciplinar do advogado punido,
competindo às secretarias dos Conselhos Provinciais manter actualizados esses
documentos.
CAPÍTULO XII
RECURSOS
ARTIGO 64º
(Legitimidade e decisões recorríveis)
1. Das decisões dos Conselhos Provinciais, cabe recurso para o Conselho Nacional e
podem interpô-lo, o arguido, os interessados e o Bastonário.
2. Não são susceptíveis de recurso as decisões do Conselho Nacional, sem prejuizo do
disposto no nº 4 do artigo 77º, do E.O.A..
3. Não admitem recurso, em qualquer instância, as decisões de mero expediente.
4. São igualmente irrecorríveis as decisões que respeitem a diligências de prova
determinadas oficiosamente pelo instrutor, pela Secção ou pelo Conselho.
ARTIGO 65º
(Proibição de renúncia ao recurso)
Não é permitida a renúncia ao recurso antes do conhecimento da decisão.
ARTIGO 66º
(Prazo do recurso)
ARTIGO 67º
(Regime e efeito dos recursos)
ARTIGO 68º
(Alegações)
3. Mesmo que participante, o Bastonário não tem de responder a alegações, pois não é
em caso algum recorrido.
4. Nos recursos interpostos pelo Bastonário, e sem prejuizo do disposto no art. 66º, nº
3, só o recorrido pode apresentar alegações para o que será notificado.
ARTIGO 69º
(Julgamento e Baixa do processo)
ARTIGO 70º
(Procedimento)
CAPÍTULO XIII
REVISÃO
ARTIGO 71º
(Competência)
ARTIGO 72º
(Casos de revisão)
b) Quando uma outra decisão, transitada em julgado, declarar falsos quaisquer elementos
de prova susceptíveis de terem determinado o sentido da decisão anterior.
ARTIGO 73º
(Procedimentos)
ARTIGO 74º
(Discussão)
3. Se o relator ficar vencido ou se, contra o seu parecer for ordenada a realização de
novas diligências, será efectuada nova distribuição do processo a um dos membros que
tenha votado nesse sentido.
ARTIGO 75º
(Decisão)
ARTIGO 76º
(Processo de revisão)
ARTIGO 77º
(Competência do Conselho Provincial)
ARTIGO 78º
(Publicidade)
2. As restantes penas não são tornadas públicas, excepto quando o contrário for
determinado pelas decisões que as apliquem.
3. A publicidade é feita por edital, com referência aos preceitos infrigidos, afixado nas
instalações do Conselho Provincial e publicado no Boletim da Ordem dos Advogados, e
comunicado a todos os tribunais.
ARTIGO 79º
(Cumprimento das penas)
ARTIGO 80º
(Não cumprimento de penas pecuniárias)
1. Em caso de não cumprimento das penas pecuniárias a que se refere a alínea c) do art.
86º e 87º do Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola, no prazo de 15 dias se outro
não for fixado, poderá ser determinada a suspensão do advogado arguido até ao seu
cumprimento.
2. O prazo para pagamento das penas pecuniárias pode, a pedido do interessado, e por
decisão fundamentada, ser prorrogado até ao limite máximo de 90 dias.
3. A pedido de quaisquer interessados que mostrem ter legitimidade para tal, serão
passadas certidões da pendência do processo disciplinar ou das decisões finais, para
efeitos judiciais.
CAPÍTULO XV
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ARTIGO 81º
(Procedimento Disciplinar nas Províncias onde não existem Conselhos)
1. Nas províncias onde não existem Conselhos Provinciais são adoptadas as seguintes
regras:
a) Em caso de infracção disciplinar de qualquer advogado inscrito na província, o
respectivo Delegado ou o interessado directo comunicará os factos ao Conselho Nacional
que nomeará como instrutor qualquer dos seus membros ou outro advogado inscrito na
Ordem;
b) Ao Conselho Nacional ou suas Secções caberá decidir sobre os processos em
que sejam arguidos os advogado inscritos nessas províncias, bem como os respectivos
Delegados.
2. Aos processos a que se refere este artigo são aplicáveis as disposições processuais
constantes deste Regulamento, adaptando-se, sempre que necessário, os respectivos
prazos.
ARTIGO 82.º
(Entrada em vigor)
O presente regulamento entra imediatamente em vigor e aplica-se aos actos processuais
futuros praticados nos processos pendentes e a instaurar.
O BASTONÁRIO
Manuel Gonçalves
ORDEM DOS ADVOGADOS DE ANGOLA
CONSELHO NACIONAL
REGULAMENTO SOBRE ESTÁGIO
O Estatuto da Ordem dos Advogados estabelece as grandes linhas de acção que devem
nortear a actividade dos estagiários e a forma de organização e desenvolvimento dos
estágios como mecanismo de aprofundamento dos conhecimentos adquiridos nas
instituições de ensino e de preparação dos jovens advogados para a vida prática.
O estagiário, como se frisa no Estatuto da Ordem dos Advogados, " tem por fim
familiarizar o advogado estagiário com os actos e termos mais usuais da prática forense
e, bem assim, inteirá-lo dos direitos e deveres dos advogados".
A Ordem dos Advogados, como órgão responsável pela organização geral dos estágios,
tem vindo a definir a regulamentação que servirá de base à sua estruturação,
estabelecendo a metodologia e a forma do seu desenvolvimento, quer na sua parte teórica
como na parte prática.
Nestes termos, ao abrigo do estabelecido nos artigos 103º e seguintes do Estatuto da
Ordem dos Advogados e da competência que lhe é atribuída pela alínea e) do artigo 33º
do Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola, o Conselho Nacional delibera o
seguinte :
CAPÍTULO I
Objecto , Duração e Conteúdo
Artigo 1º
( Do estágio )
1.Está sujeito a estágio o Advogado Estagiário inscrito nos termos do Artigo 98º e
seguintes do Estatuto da Ordem dos Advogados.
2. O exercício de funções de Magistrado Judicial e do Ministério Público com boa
informação por um período igual ou superior ao do estágio equivale à realização do
estágio.
3. São dispensados do estágio os docentes e antigos docentes do ensino Superior de
direito e os doutores em direito.
Artigo 2º
( Objectivo do Estágio)
O estágio tem por fim familiarizar o advogado estagiário com os actos e termos mais
usuais da prática forense e, bem assim, inteirá-lodos direitos e deveres dos advogados.
Artigo 3º
( Duração e Direcção do Estágio)
1. O estágio tem a duração de dezoito meses e é realizado sob direcção de um advogado
com pelo menos cinco anos de efectivo exercício da advocacia.
2. Sem prejuízo do que se dispõe no número anterior o estágio tem a duração de seis
meses para os Advogados que tenham realizado o seu estágio no sistema de direito Anglo-
saxónico e de três meses para os que tenham efectuado o estágio no sistema de direito
Romano Germânico.
3. Durante o período de estágio o advogado estagiário é obrigado a prestar em média
, um serviço mínimo de três horas diárias no escritório do patrono.
Artigo 4º
( Conteúdo do Estágio)
1. Durante o primeiro período de estágio , o estagiário não pode praticar actos próprios
das profissões de advogados ou de solicitador judicial senão em causa própria ou de
cônjuge, ascendente ou descendente.
2. Durante o segundo período de estágio, o estagiário pode exercer quaisquer actos da
competência dos solicitadores e, bem assim:
a) Exercer a advocacia em qualquer processo , por nomeação oficiosa;
b) Exercer a advocacia em processos penais;
c) Exercer a advocacia em processos não penais cujo valor caiba na alçada dos tribunais
da 1a instância e ainda nos processos dos tribunais de menores;
d) Dar consulta jurídica
3. Para efeitos das alíneas a) e b) do número anterior o Advogado estagiário deve
realizar um mínimo de quinze intervenções processuais de natureza penal sendo sete em
processos em fase de instrução e oito em fase de julgamento.
4. Em matéria não penal prevista na alínea c) do número 2 do presente artigo, o
Advogado estagiário deve realizar um mínimo de doze intervenções processuais .
5. O Advogado estagiário organiza um processo completo com cópias dos articulados,
cartas e actas de reuniões que produzir, bem como de requerimentos e alegações que fizer,
procedendo à sua entrega à Ordem dos Advogados, no final do estágio, anexo ao relatório
do Patrono previsto o artigo 9º do presente regulamento .
Artigo 5º
( Trabalho sobre Ética e Deontologia)
O Advogado estagiário deve apresentar no final do estágio, um trabalho de dissertação
,escrito, sobre ética e deontologia, com um mínimo de 15 páginas e de acordo com as
regras de apresentação que constarão de anexo ao presente regulamento.
CAPÍTULO II
Sobre o Patrono
Artigo 6º
( Função do Patrono)
1. Compete ao patrono orientar e dirigir a actividade profissional do estagiário,
iniciando-o no exercício efectivo da advocacia e na sua actuação dentro do cumprimento
das regras deontológicas da profissão.
2. Ao patrono cabe ainda apreciar a idoneidade moral , ética e deontológica do estagiário
para o exercício da profissão.
Artigo 7º
( Sobre a Escolha do Patrono)
O patrono pode ser proposto pelos Advogados estagiários ou escolhido pela Ordem dos
Advogados de Angola, devendo , em qualquer dos casos, haver a anuência do advogado
que servirá de patrono.
Artigo 8º
( Deveres do Patrono)
Ao aceitar um estagiário o Advogado-Patrono fica vinculado perante a Ordem dos
Advogados e durante o período de estágio a:
a) Permitir ao estagiário o acesso ao seu escritório e a utilização deste nas condições e
com as limitações que venham a estabelecer;
b) Aconselhar e apoiar o estagiário na sua actividade profissional;
c) Fazer-se acompanhar do estagiário em diligências judiciais, pelo manos quando este
o solicita ou o interesse das questões debatidas o recomende;
d) Permitir ao estagiário a utilização dos serviços do escritório designadamente de
dactilografia, telefones, telex, telefax, computadores e outros, nas condições e com as
limitações que venha a determinar;
e) Permitir a aposição da assinatura do estagiário , por si ou em conjunto coma do Patrono
, em todos os trabalhos por aqueles realizados, no âmbito da sua competência.
Artigo 9º
( Escusa do Patrono)
1. O patrono pode a todo o tempo pedir escusa da continuação do patrocínio a um
estágio, por violação de qualquer dos deveres impostos a estes ou qualquer outro motivo
fundamentado.
2. O pedido de escusa do patrocínio deve ser dirigido ao Conselho Provincial
competente, segundo o regime do artigo 106º, do estatuto da Ordem dos Advogados, com
a exposição dos factos que o justificam, podendo , sendo o caso, ser instaurado
procedimento disciplinar contra o estagiário faltoso.
Artigo 10º
( Relatório do Patrono)
No termo do período de estágio o Patrono elabora um relatório sumário da actividade
exercida pelo estagiário que incluirá a sua opinião sobre o trabalho de ética e deontologia
e concluirá por um parecer fundamentado sobre a aptidão ou inaptidão do estagiário para
o exercício da profissão.
CAPÍTULO III
Deveres do Estagiário
Artigo 11º
( Deveres do Estagiário)
São deveres específicos do estagiário durante o período de exercício da actividade com
o patrono:
a) Observar escrupulosamente as regras, condições e limitações de
utilização do escritório do patrono.
b) Guardar respeito e lealdade para com o patrono;
c) Colaborar com o patrono sempre que este o solicite e efectuar os trabalhos que lhe
sejam determinados, desde que compatíveis com a actividade e dignidade de Advogado
Estagiário.
d) Guardar absoluto sigilo profissional
Artigo 12º
( Indicação da Qualidade de Estagiário)
O Advogado Estagiário deve identificar-se sempre nessa qualidade quando se apresente
ou intervenha em qualquer acto de natureza profissional.
Artigo 13º
( Nomeações Oficiosas e Assistência Judiciária)
1. Nos processo de nomeação oficiosa ou quando o requerente de assistência judiciária
não indicar advogado, solicitador ou advogado estagiário e não haja motivos excepcionais
que determinem a imediata nomeação de advogado ou solicitador, deverão os juizes
remeter ,ao Conselho Provincial da Ordem dos Advogados ou Delegado da área, os
pedidos de nomeação de patrono ou defensor oficioso respeitante a processos
compreendidos na competência própria dos estagiários.
2. O Advogado estagiário é notificado , atrevés do escritório do seu patrono , para
intervir na assistência judiciária, nos termos da alínea c) do artigo 7º do Decreto-lei
n.º15/95 , de 10 de Novembro.
3. Para efeitos do número anterior o Presidente do Conselho Provincial envia uma lista
nominal dos Advogados Estagiários quer ao Presidente do Tribunal Provincial quer ao
Director Provincial da Investigação Criminal.
4. Do estado dos processos acima referidos o Advogado Estagiário dá conhecimento
por escrito ao Patrono.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 14º
( Resolução de Dúvidas)
As dúvidas surgidas na interpretação e aplicação do presente instrutivo são resolvidas
pelo Conselho Nacional da Ordem dos Advogados.
Artigo 15º
( Entrada em Vigor )
O presente Instrutivo entra em vigor na data da sua publicação.
O Bastonário
Manuel Gonçalves