HISTÓRIA 8 Rev Indus
HISTÓRIA 8 Rev Indus
HISTÓRIA 8 Rev Indus
8º ANO
CAPÍTULO
REVOLUÇÃO FRANCESA
Definição de Revolução Francesa
Foi uma revolução sangrenta (de 1789 a 1799) que possibilitou a destruição da monarquia
francesa. Tinha caráter iluminista, liberal e anticatólico. Essa revolução espalhou a sua ideologia por
todo o mundo. O lema dos revolucionários era: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
“A Revolução (francesa) é inspirada pelo próprio Satã; seu objetivo é destruir da base ao topo o edifício do
cristianismo, e reconstruir sobre suas ruínas a ordem social do paganismo”. (BEATO PAPA PIO IX11)
“Se arrancando a sua máscara, pergunta-se à Revolução: ‘quem és tu?’ Ela dirá: ‘Eu não sou o que pensam. Muitos
falam de mim e poucos me conhecem. Não sou o carbonarismo, nem o motim, nem a troca da monarquia pela república, nem
a substituição de uma monarquia por outra, nem a perturbação momentânea da ordem pública. Eu não sou os latidos dos
jacobinos, nem os furores de Montaige, nem a guerrilha, nem a pilhagem, nem o incêndio, nem a reforma agrária, nem a
guilhotina, nem as execuções. Não sou nem Marat, nem Robespierre, nem Babeuf, nem Mazzini nem Kassuth. Esses homens
são os meus filhos, mas não eu. Essas coisas são minhas obras, mas não eu. Esses homens e essas coisas são passageiros, mas
eu sou permanente. Eu sou o ódio por toda ordem que não tenha sido estabelecida pelo homem e na qual ele não seja ao
mesmo tempo rei e deus. Sou a proclamação dos direitos do homem sem respeito pelos direitos de Deus. Sou Deus
destronado e homem posto no seu lugar. Eis porque me chamo Revolução, eis porque me chamo Subversão”.
(MONSENHOR GAUME)
A Revolução Francesa não foi um fenômeno espontâneo; pelo contrário, foi preparada tanto
política quanto ideologicamente pela Maçonaria através do Iluminismo. Para se chegar à tomada da
Bastilha no dia 14 de julho de 1789 (marco inicial da revolução), a burguesia francesa preparou toda a
sociedade ideologicamente para assumir os novos valores culturais, políticos, sociais e econômicos.
As causas da Revolução
1) A Reforma Protestante, cuja consequência última, em virtude de seus princípios, não pode
deixar de ser o socialismo e o comunismo na Sociedade, o idealismo na filosofia, o racionalismo na
religião.
2) O despotismo de Luís XIV, que abateu os nobres, deixou de convocar os Estados Gerais e pôs a
confusão na Igreja promovendo o cesarismo e o galicanismo.
3) O jansenismo, que, sob o pretexto de devoção, estragou a verdadeira devoção pervertendo
numerosos membros do clero, corrompendo os costumes de Luís XIV e da corte, introduzindo a
discórdia entre os dois poderes, propagando a imortalidade e perseguindo a Igreja Católica.
4) Os filósofos iluministas, que organizaram uma associação a fim de acabar com o trono e o altar.
Deu-lhes Voltaire a palavra de ordem dizendo: “Esmagai a infame”, isto é, Jesus ou a Igreja Católica,
que vem a ser o mesmo. Estabeleceram uma espécie de ditadura literária valendo-se da sátira e lançando
o ridículo sobre a religião, e seus ministros que acusavam de toda sorte de crimes, adulterando a história,
declamando contra os abusos, que parte fingiam, parte exageravam, e empregando, para enganar os
simples, muitas palavras em sentido novo capcioso. Estas palavras eram principalmente: fanatismo,
filosofismo, filantropia, espírito forte, preconceito, prevenção, progresso, atraso, civilização, ignorância,
instrução, liberdade, obscurantismo, tolerância, etc.
5) A ruína das finanças, devido ao dispêndio do dinheiro público.
6) A agitação geral do espírito exasperado pela imprensa e pelo teatro.
7) A falta de pessoa capazes de dominar a situação.
Os prelúdios da Revolução
Os prelúdios da revolução começaram logo nos primeiros anos do reinado de Luís XVI, neto de
Luís XV e casado com Maria Antonieta, filha de Maria Tereza da Áustria. Luís desejava sinceramente o
bem do seu povo, era dotado de ótimos costumes e de muita generosidade; mas de caráter tímido e
indeciso. Suas primeiras medidas, máxime o apoio prestado à revolução americana, serviram só para
aumentar o déficit e agitação geral. Empregou os maiores esforços a fim de melhorar as finanças, mas
inútil em tudo, recorreu à reunião do Estados Gerais (reunião dos representantes dos três estados), que
não haviam sido convocados desde 1614. Cometeu o erro de não influenciar os eleitores como o fizeram
com todo o afinco os que conspiravam contra o trono e o altar. Outro erro do monarca consistiu em
conceder ao terceiro estado o que até então nunca tivera, a saber: uma dupla representação, fazendo com
que o terceiro estado contasse com um número de votos maior que o da nobreza e do clero.
Os principais ministros de Luís XVI foram Maurepas, que aconselhou a reintegração dos
parlamentos; Turgot, que se declarou em favor do parlamento Maupeou, porém não alcançou que a sua
opinião prevalecesse; Lamoignon de Malesherbes era da opinião de Turgot; eivado, porém, como ele, do
espírito filosófico da época. Estes ministros levaram a efeito algumas reformas úteis, mas insuficientes;
outras imprudentes e até perigosas. Necker, por mais que fizesse para procurar dinheiro, só conseguiu
aumentar o medonho déficit. Havendo o rei decretado um imposto, foi-lhe recusado sem piedade. Tendo
anulado a revogação do Edito de Nantes (lei que concedia aos protestantes a garantia da liberdade
religiosa) para ver se ganhava a simpatia dos Protestantes, estes se revelaram seus maiores inimigos.
Maçonaria e a revolução
A Maçonaria é uma sociedade secreta que atua de forma variada conforme os países, as épocas e
circunstâncias em que se encontra, sempre dissimulando o seu verdadeiro objetivo até à maior parte de
seus adeptos. Estes colaboram, mais ou menos inconscientemente, para um fim que ignoram, dirigidos
por chefes invisíveis de cuja existência, muitas vezes, nem suspeitam.
O principal objetivo da Maçonaria é destruir a civilização cristã no mundo:
“O Gênero Humano, após sua miserável queda de Deus, o Criador e Doador dos dons celestes, "pela inveja do
demônio," separou-se em duas partes diferentes e opostas, das quais uma resolutamente luta pela verdade e virtude, e a outra
por aquelas coisas que são contrárias à virtude e à verdade. Uma é o reino de Deus na terra, a outra, a verdadeira Igreja de
Jesus Cristo; e aqueles que desejam em seus corações estar unidos a ela, de modo a receber a salvação, devem
necessariamente servir a Deus e Seu único Filho com toda a sua mente e com um desejo completo. A outra é o reino de
Satanás, em cuja possessão e controle estão todos e quaisquer que sigam o exemplo fatal de seu líder e de nossos primeiros
pais, aqueles que se recusam a obedecer à lei divina e eterna, e que têm muitos objetivos próprios em desprezo a Deus, e
também muitos objetivos contra Deus. Este reino dividido Sto. Agostinho penetrantemente discerniu e descreveu ao modo de
duas cidades, contrárias em suas leis porque lutando por objetivos contrários; e com sutil brevidade ele expressou a causa
eficiente de cada uma nessas palavras: "Dois amores formaram duas cidades: o amor de si mesmo, atingindo até o desprezo
de Deus, uma cidade terrena; e o amor de Deus, atingindo até o desprezo de si mesmo, uma cidade celestial." Em cada
período do tempo uma tem estado em conflito com a outra, com uma variedade e multiplicidade de armas e de batalhas,
embora nem sempre com igual ardor e assalto. Nesta época, entretanto, os guerrilheiros do mal parecem estar se reunindo, e
estar combatendo com veemência unida, liderados ou auxiliados por aquela sociedade fortemente organizada e difundida
chamada Maçonaria. Não mais fazendo qualquer segredo de seus propósitos, eles estão agora abruptamente levantando-se
contra o próprio Deus. Eles estão planejando a destruição da santa Igreja publicamente e abertamente, e isso com o propósito
estabelecido de despojar completamente as nações da Cristandade, se isso fosse possível, das bênçãos obtidas para nós
através de Jesus Cristo nosso Salvador”. (S.S. LEÃO XIII - HUMANUM GENUS, No 1 E 2)
Para alcançar seu objetivo, a Maçonaria iniciou seu ataque pela França no século XVIII. Para
destruir a França era necessário aniquilar sua principal força: a monarquia e o catolicismo. No período
da revolução, contudo, a monarquia vivia o vício do absolutismo e o catolicismo estava submisso à
monarquia absolutista, tratando-se, portanto, de galicanismo. Porém, era necessário modificar as
instituições, mesmo que estas estavam em crise. Privada destas bases, a sociedade francesa e,
posteriormente, a do mundo todo, ficaram indefesas, tornando-se possível abolir a hierarquia, a
disciplina, a família, a propriedade e a moral.
Como a Maçonaria não podia entrar em luta aberta com a Igreja, atacou os seus apoios naturais: a
monarquia e a nobreza. Portanto, o projeto maçônico não visava só a política, mas a religião, uma vez
que as bases da civilização cristã são a doutrina e a disciplina católica.
“É preciso mentir como um demônio. Não timidamente, nem só temporariamente, mas sempre e
com audácia”. (VOLTAIRE)
“Tudo é lícito para a vitória da Revolução”. (COLLOT D’HERBOIS)
A Maçonaria espalhava ideias “belas e sublimes”, como o lema revolucionário: Liberdade,
Igualdade e Fraternidade. No entanto, isso só era aparência, pois essas ideias eram uma terrível arma de
destruição. O essencial era dizer às massas uma frase cheia de belas promessas, e depois fazer o
contrário do prometido. Resumindo: a Revolução de 1789 não foi um movimento espontâneo de revolta
contra a tirania do antigo regime, nem um impulso sincero e entusiástico a favor das ideias novas de
liberdade, igualdade e fraternidade, como se quis acreditar. A Maçonaria foi a inspiradora do
movimento. Se não criou completamente a doutrina, cuja origem primeira é a Revolução Protestante,
elaborou os princípios de 1789, difundi-os nas massas, e contribuiu ativamente para a sua realização.
Contexto histórico da Revolução Francesa
A origem da França é o Reino Franco de Clóvis. A França pode ser considerada a “filha
primogênita da Igreja”, pois foi o primeiro reino que se declarou católico graças à conversão e ao
batismo de Clóvis em 496 depois de Cristo. Antes da revolução, a sociedade francesa era organizada em
três Estados (Ordens):
1o estado: clero católico.
2o estado: nobreza.
3o estado: burguesia, trabalhadores urbanos (sans-culottes) e rurais (camponeses).
A ideia dos revolucionários era quebrar a hierarquia e “democratizar” a sociedade francesa. As
ideias iluministas pouco a pouco penetraram vários membros dos três estados. De acordo com a tradição
medieval, o primeiro e segundo estados não pagavam impostos e possuíam diversos privilégios da parte
do governo. Esse fato foi duramente criticado por diversos membros da sociedade francesa,
especialmente a burguesia que queria o fim desses privilégios e posteriormente assumir o controle do
Estado francês. Na verdade, a intenção dos revolucionários era destruir a monarquia e o catolicismo. A
questão dos impostos foi apenas um pretexto.
Para tentar solucionar as críticas ao governo e uma crise econômica, o Rei Luís XVI convocou os
Estados Gerais, assembleia consultiva que reunia representantes dos três estados. A pauta da reunião era
se o primeiro e o segundo estado deveriam ou não pagar impostos ao governo.
Assembleia Nacional Constituinte
Um dia antes da assembleia (04/06/1789) foi celebrada uma missa soleníssima para que Deus
conduzisse os trabalhos por realizar. Porém, no dia 17/6, os membros do terceiro estado, junto com
dissidentes dos outros dois estados, reuniram-se em um salão à parte, o Salão da Pela, e juraram dar à
França uma nova constituição, formando assim a Assembleia Nacional Constituinte. No dia 14 de julho
de 1789, a população parisiense invadiu a Bastilha, símbolo do poder do rei. Esse evento ficou
conhecido como a Tomada da Bastilha e marcou o início da Revolução Francesa. Começou, então, o
confisco dos bens da Igreja, como conventos, universidades e hospitais, e deu-se fim aos direitos
feudais.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
No dia 26 de agosto foi publicada a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”. Essa
declaração, elaborada pela maçonaria, afirmava os direitos de todo francês à propriedade, à igualdade, à
liberdade e à educação. Além disso, a declaração tinha o intuito de afirmar os direitos dos homens sem
respeito à Lei de Deus.
Constituição Civil do Clero
No dia 12 de julho de 1790, a Assembleia decretou a Constituição Civil do Clero, que visava a
destruir a hierarquia da Igreja, tornando-a democrática e com características calvinistas. Essa
constituição quis criar uma igreja do Estado, sem obediência ao Papa e à Tradição da Igreja. Os padres
deveriam jurar essa constituição, caso contrário seriam destituídos. Muitos fugiram da França, outros,
infelizmente, juraram, tornando-se padres juramentados, separados da Igreja. Os padres que
permaneceram mas não fizeram o juramento eram considerados “padres refratários”, inimigos da Pátria,
e foram duramente perseguidos, presos e mortos, especialmente no evento conhecido como Massacre de
Setembro.
Cabia a Luís XVI a sanção ou o veto da constituição. Antes de a sancionar, o rei mandou uma
carta ao Santo Padre que dizia: “Se me recusar a sancionar a Constituição Civil do Clero, levantar-se-á
uma cruel perseguição, aumentará o número dos inimigos do trono e do altar, fornecerei pretexto para a
revolta, duplicarei os males da França. Se conceder minha sanção, que escândalo na Igreja!” Em
resposta, o Sumo Pontífice, Papa Pio VI, disse: “Nós vos declaramos do modo mais expresso que, se
aprovardes os decretos relativos ao Clero, lançareis, por isso mesmo, vossa nação inteira ao cisma (...).
Fizestes grandes sacrifícios para o bem de vossos povos, mas não tendes o direito de alienar, nem de
abandonar, em nenhuma medida, o que é devido a Deus e à Igreja, da qual sois o filho primogênito”.
Mesmo assim, o rei sancionou a lei, que, aplicada, trouxe para Igreja na França a perseguição religiosa e
a guerra civil, justamente os males que se pretendiam evitar. O Papa condenou tal constituição, o que foi
visto com maus olhos pelos revolucionários, que queimaram, junto com o documento de condenação,
um boneco do papa.
Constituição Francesa
Em setembro de 1791, foi decretada a Constituição Francesa, cujas características são:
➢ Monarquia constitucional;
➢ Em janeiro de 1793, executou-se ao rei Luís XVI, acusado de traição à Pátria e à sua família;
➢ Foi extinto o calendário cristão e adotado o calendário republicano, uma nova forma de calcular
o tempo baseada nos ciclos agrícolas;
➢ realizou diversas obras públicas: estradas, pontes etc. Essas medidas foram adotadas para fins
comerciais e militares.
Na política externa, Napoleão procurou expandir o regime e os domínios franceses pela Europa
por meio da GUERRA (1805-1809). O Império de Napoleão foi marcado por muitas guerras,
principalmente contra a Inglaterra e três importantes países: Prússia, Áustria e a Rússia. A Inglaterra
temia a concorrência da França no mercado europeu e os três países temiam a penetração das ideias
revolucionárias francesas em seus países.
Bloqueio Continental
A expansão napoleônica no território europeu foi bem-sucedida. Os franceses derrotaram os
austríacos e os prussianos em diversas batalhas, conquistando boa parte da Europa. Mas, ao tentar
invadir a Ilha Britânica, Napoleão foi derrotado pelo famoso Almirante Nelson, na conhecida Batalha
naval de Trafalgar, em 1805. Diante da derrota, Napoleão impôs à Inglaterra um embargo econômico
chamado Bloqueio Continental, pelos qual nenhum país europeu poderia comercializar com a ilha
inglesa. Portugal não respeitou o bloqueio e foi invadido pelas tropas napoleônicas, fato que levou a
família real portuguesa a vir para o Brasil em 1808.
Guerra contra a Rússia
A Rússia também não respeitou o bloqueio, e por isso Napoleão ordenou a invasão do território
russo com mais de 600 mil soldados. No entanto, a Rússia resistiu ao ataque francês através da Tática da
Terra Arrasada, ou seja, conforme as tropas francesas se aproximavam, os russos recuavam e
queimavam tudo o que poderia ser usado por elas. Isso aconteceu até que o inverno russo chegasse e
obrigasse Napoleão, agora sem recursos e sob um frio de -40 oC, a recuar. O exército francês voltou à
França reduzido a 30 mil homens, mortos pelo frio e pela fome.
Queda de Napoleão
Em razão da derrota na Rússia, dos conflitos nos países conquistados, especialmente a Espanha, e
da crise interna na França, pois a população se revoltou por causa da morte de centenas de milhares de
jovens na guerra, Napoleão perdeu força e foi atacado por uma grande coligação estrangeira formada
pela Inglaterra, pela Áustria, pela Prússia e pela Rússia. Em 1814, na Batalha de Leipzig, Napoleão foi
derrotado e obrigado a assinar sua renúncia no Tratado de Fontainebleau. Os vencedores lhe
concederam o governo de uma ilha francesa chamada Elba. O governo francês foi dado ao irmão do rei
guilhotinado, Luís XVIII.
Governo de Cem Dias
Em 1815, Napoleão fugiu da ilha e voltou à França com um pequeno contingente militar. Porém,
ao enviar o exército contra o antigo general, Luís XVIII foi surpreendido, pois seu próprio exército o
traiu e se uniu a Napoleão, que assumiu logo o governo. No entanto, esse governo não durou mais de
cem dias, já que se formou outra coligação estrangeira, com mais de 1 milhão de soldados, que venceu
as tropas napoleônicas na famosa Batalha de Waterloo, na Bélgica, em 1815. Napoleão foi preso na Ilha
de Santa Helena, posse inglesa, onde morreu em 1821.
Napoleão e a Igreja
Por Felipe Aquino
No final do século XVIII, parecia que Igreja estava chegando ao seu fim. O Papa Pio VI foi preso pelos franceses e
morreu devido aos maus tratos. A França, a “filha primogênita”, caíra na incredulidade; a Itália estava invadida e
convulsionada; a Alemanha, contaminada pelo Iluminismo; a Bélgica, incorporada à República francesa revolucionária; a
Polônia, retalhada por três potências vizinhas; a Espanha e Portugal eram governados por Ministros hostis à Igreja; na
Inglaterra e nos Países Baixos, os católicos eram minorias. Tudo levava a crer que Pio VI seria o último papa. Oradores
irônicos faziam a oração fúnebre da Igreja com frases blasfematórias. Apesar de tudo, o Conclave reuniu-se. Não em Roma
ocupada pelos franceses, mas em Veneza, território que os austríacos e os russos haviam conquistado aos franceses. Após
três meses e meio saiu eleito o Cardeal Barnabé Chiaramonti, monge beneditino, que tomou o nome de Pio VII (1800-23). Os
austríacos e os napolitanos conseguiram expulsar os franceses da maior parte da Itália, o que permitiu a Pio VII voltar a
Roma. Napoleão era deísta e, portanto, contrário a toda religião revelada. Através da Concordata, tentou reestabelecer o
relacionamento com a Igreja, mas sem sucesso, pois esse documento estava repleto da heresia galicana. Em 1804, Napoleão
convidou o Papa para o sagrar imperador da França. O Papa aceitou o convite e se dirigiu à França, mas quem colocou a
coroa sobre a cabeça do novo imperador foi ele próprio, em um gesto soberbo. Napoleão quis deter o Papa na França, porém
o Pontífice, prevendo o golpe, conseguiu voltar à Roma. Novos conflitos surgiram. Napoleão quis que o Pontífice dissolvesse
o casamento de seu irmão Jerônimo Bonaparte. Diante da recusa do Papa, mandou invadir o Estado Pontifício, inclusive a
cidade de Roma. Pio VII respondeu lançando a excomunhão contra os usurpadores, desde Napoleão até o último executor
das ordens imperiais. O monarca se inquietou com o fato, mas quis mostrar-se audacioso: na noite de 5 a 6 de julho de 1809
o Papa foi preso, duramente humilhado e levado a Savona (Itália do Norte); os Cardeais também foram presos, e vinte e seis
deles foram transportados para Paris, a fim de ser mais rigorosamente controlados. O Papa só foi libertado no dia 10/3/1814,
pois os aliados já se tinham apoderado de quase toda a Itália. Neste dia, o Pontífice pôs-se a caminho de Roma, onde entrou
aos 24 de maio, tendo passado por Savona. Ao deixar esta cidade, depositou uma coroa de ouro sobre uma imagem de Nossa
Senhora; e mais tarde instituiu a festa de Nossa Senhora Auxiliadora a ser celebrada aos 24/05, dia do seu regresso a Roma.
Após a derrota de Napoleão em Waterloo, o Papa empenhou-se nobremente em aliviar a sorte do ex-imperador exilado,
hospedando os familiares deste; venceu moralmente o inimigo da Igreja, adquirindo grande prestígio junto aos seus
contemporâneos.
Congresso de Viena
Após a derrota de Napoleão, foi realizado na cidade de Viena, capital da Áustria, um congresso
cujo objetivo era redefinir o mapa da Europa e reorganizar o poder nos Estados. Neste grande congresso
estiveram pessoalmente presentes os monarcas da Áustria, da Rússia e da Prússia com a maior parte dos
soberanos secundários da Alemanha. O Papa, inclusive, foi representado pelo Cardeal Gonsalvi. Ficou
decidido que o território da França seria reduzido às fronteiras de 1792, impôs-lhes a restituição das
obras primas que tirou a diversos países, restabeleceu o poder temporal do Papa, criou a confederação
germânica e reformou quase inteiramente o mapa da Europa. Foram adotados dois princípios: