Processo Civil Facilitado Litisconsorcio
Processo Civil Facilitado Litisconsorcio
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DO LITISCONSÓRCIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAS
A relação processual de direito material dentro de um processo pode favorecer
a cumulação subjetiva dos elementos da demanda, ou seja, a existência de
pluralidade de autores, réus ou de ambos. Logo, a essa pluralidade dá-se o nome de
LITISCONSÓRCIO.
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a) Facultativo: possibilidade de formação fica adstrita à vontade das partes. Hipóteses
do art. 113, CPC/15.
O art. 113, incisos I, II, III, do Código de Processo Civil (2015) elenca um rol de
razões ou hipóteses taxativas pelas quais o litisconsórcio facultativo pode ser formado,
senão vejamos:
FIQUE LIGADO! A conexão é na verdade o fato gerador para que seja admissível
o litisconsórcio.
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exemplo, nas ações envolvendo direito reais imobiliários contra cônjuges casados no
regime da comunhão parcial de bens (art. 73, §1º, do CPC/15), ou formado pela
natureza incindível (indivisível) da relação jurídica de direito material (substancial).
Nesse caso, há uma força aglutinadora tão forte e intensa, que compulsoriamente
impõe a formação da relação litisconsorcial, pois só assim poderá o processo atingir
um resultado final de mérito (sentença) apto a ser eficaz. Para facilitar, bastar
entender alguns exemplos: imaginemos uma ação de anulação de casamento proposta
pelo MP em face dos cônjuges, não haveria possibilidade pela natureza da relação
jurídica indivisível (“casamento”), de promover “meia anulação do casamento” para
apenas um dos cônjuges, o que torna obrigatório a citação de ambos para figurar no
polo passivo da demanda. Note-se que igual raciocínio se aplica quando imóvel
alugado a dois colocatários tem-se um deles cometido um inadimplemento do quanto
firmado no contrato de aluguel, mesmo sem conhecimento do outro. Assim, proposta
ação de despejo pelo locador, a sentença de mérito que julgar procedente a demanda
e determinar a desocupação do bem imóvel, atingirá a ambos colocatários de maneira
incindível. Logo, necessário à presença dos dois locatários no polo passivo da ação.
Outras situações similares: ação reivindicatória quando imóvel estiver registrado em
nome de diversas pessoas, na ação de dissolução de sociedade quando deve ser
proposta contra todos os sócios.
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É preciso analisar se no caso concreto está se discutindo uma ou mais relações
jurídicas de direito material e se essa relação é incindível. Sendo discutida mais de uma
relação jurídica e divisível o litisconsórcio, provavelmente, será simples, entretanto, se
essa relação for indivisível, o litisconsórcio será unitário. Ademais, verifica-se que no
litisconsórcio unitário há mais de um sujeito discutindo a mesma relação, portanto, há
legitimação concorrente (colegitimação).
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da relação jurídica substancial deduzida no processo; (2) a relação jurídica incindível é
responsável pelas consequências no que tange a formação e resultado da decisão, ou
seja, ao mesmo tempo, ela determina se a formação do litisconsórcio é obrigatória
para que se resolva o mérito da causa, bem como, se os litisconsortes terão uma
decisão uniforme para todos. Em resumo, poderíamos visualizar assim:
Quanto a formação:
Necessariedade
Relação jurídica material
incindível
Quanto ao regime de
tratamento:
Unitariedade
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Destarte, como é sabido, no ordenamento jurídico processual vigente, a
sentença transitada em julgado, produzindo coisa julgada (material ou formal) não
vincularia terceiros que não participaram do processo, nos termos do art. 506, CPC/15.
Contudo, em relação ao litisconsórcio, essa regra sofre certa relativização, como se
verá no quadro a seguir. Aqui, relevante lembrar que a analise das situações abaixo
devem ser feitas a partir do critério “quanto a formação (necessariedade) do
litisconsórcio” para “quanto o regime de tratamento (unitariedade) e não de forma
inversa, sob pena de implicar em graves equívoco, comprometendo o entendimento
sobre o tema:
LITISCONSÓRCIO*
Necessário e Unitário Necessário e Simples Facultativo e Unitário Facultativo e Simples
(em razão da natureza
jurídica incindível)
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3. DA DINÂMICA DO LITISCONSÓRCIO
A segunda parte do art. 117, diz que “(...) exceto no litisconsórcio unitário, caso
em que os atos e omissões de um não prejudicarão os outros, mas o poderão
beneficiar”. Assim, no litisconsórcio unitário (regime especial) os atos BENÉFICOS
praticados por um litisconsorte produzem efeitos quanto aos demais litisconsortes,
mas os atos MALÉFICOS praticados por um litisconsorte não produzem efeitos, nem
mesmo para quem os praticou.
4. DO LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO
Dessa forma, o art. 113, §1º, do CPC, possibilita que o juiz de ofício ou a
requerimento das partes promova a limitação do número de litisconsortes nos
respectivos polos ativo ou passivo. Nesse, caso o processo principal seria
desmembrado em pequenas frações, mantido perante o mesmo juízo (entendimento
majoritário).
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decisão que rejeita a limitação desafiará o recurso de agravo de instrumento, nos
termos do art. 1015, VIII, CPC/15 e doutrina majoritária.
FIQUE LIGADO! A norma processual não estabelece o que venha a ser um número
excessivo para aplicação da regra.
FIQUE LIGADO! O juiz pode provocar a limitação (de ofício), mas deve ofertar a parte o
direito de manifestação.
6. LITERATURA CONSULTADA
CÂMARA, Alexandre. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2017.
DIDIER Jr., Fredie. Curso de direito processual civil. Vol. I. Salvador: Jus Podivm, 2016
FREIRE, Rodrigo da Cunha Lima; Cunha, Maurício Ferreira. Novo Código de Processo Civil para
Concursos. Juspodium. 2017
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Direito Processual Civil Esquematizado. Saraiva.
2017.
LOURENÇO, Haroldo. Processo Civil Sistematizaddo. 2ªEd. São Paulo: Editora Método, 2017
SÁ, Renato Montans de. Manual de Direito Processual Civil. 3ª Ed. Saraiva, 2018.