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Introdução A Cartografia

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TOPOGRAFIA E CARTOGRAFIA

NOTAS DE AULA
INTRODUÇÃO A CARTOGRAFIA

CARTOGRAFIA – ciência que consiste em representar graficamente por meio de cartas e mapas
o conhecimento humano da superfície da terra.

MAPA – É a representação da terra nos seus aspectos geográficos naturais ou artificiais que se
destina a fins culturais ou ilustrativos. Não tem caráter cientifico especializado e geralmente é
construído em escala pequena cobrindo um território mais ou menos extenso.

CARTA – É a representação dos aspectos naturais ou artificiais da terra, destina-se a fins


práticos da atividade humana, permitindo a avaliação precisa de distancias e direções e
localização geográfica de pontos e detalhes.

PLANTA - é a representação em escala grande de áreas suficientemente pequenas que podem


ser tomadas por planas (a curvatura da Terra pode ser desconsiderada), sem erro sensível. A
aproximação (simplificação) não invalida o resultado (quantitativo ou qualitativo). Ex: planta de
um bairro

CROQUIS: É um esboço gráfico, geralmente sem escala , em breves traços, que facilita a
identificaçao de detalhes.

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO MAPA

Os mapas e cartas devem conter: título, orientação, legenda, fonte e escala.


Titulo – fala sobre o que se trata o mapa
Fonte – informa da onde as informações foram tiradas
Legenda – aquilo que nos queremos representar no mapa (descrição de cada elemento
representado no mapa)
Orientação – rosa dos ventos indica os pontos cardeais (norte, sul, este, oeste)
Escala – relação que existe entre a distância real e a distancia no mapa (a escala pode ser
numérica ou gráfica).

Exemplo de escala numérica: 1/500.000... Significa que 1 cm no mapa coresponde a 500.000 cm


no terreno. Quanto menor for o denominador, maior será a escala, portanto a área
representada será menor.

Escala gráfica: É usada para facilitar a leitura de uma planta, mapa ou carta. A escala gráfica é
um segmento de reta dividido de modos a mostrar a relação entre as dimensões do papel e do
terreno.
SISTEMA DE PROJEÇÕES
Queremos representar o mundo - de proporções quilométricas em traços desenhados em
proporções milimétricas; Para isto, construímos cartas e mapas. A construção de uma carta
exige o estabelecimento de um método; Este método deve obedecer à regra “a cada ponto da
superfície da Terra corresponde um ponto da carta e vice-versa”.

Diversos métodos podem ser empregados para se obter essa correspondência de pontos,
constituindo os chamados "sistemas de projeções“ (SP). SP é um conjunto de princípios e leis
que garantem a unicidade da correspondência “objeto (Terra) e imagem (mapa/carta)”. A
teoria das projeções compreende o estudo dos diferentes sistemas que se fundamentam em
princípios e leis matemáticas (Cartografia Matemática).

A correspondência entre a superfície da Terra e o mapa não pode ser exata (perfeita) por dois
motivos básicos:
1- Uma transformação de escala deve ocorrer: a correspondência 1/1 é fisicamente impossível
e durante o processo de redução das dimensões ocorre perda de informação (generalização);
2- A superfície curva da Terra não se ajusta a um plano sem a introdução de alguma espécie de
deformação ou distorção (esticar ou rasgar a superfície curva).

As projeções cartográficas permitem representar a superfície esférica da Terra em um plano, ou


seja, no mapa; elas são a base para a confecção de um mapa, constituindo uma rede
sistemática de paralelos e meridianos, permitindo que esses sejam desenhados.

As representações da superfície terrestre em mapas apresentam algumas distorções. As


diferentes projeções cartográficas foram desenvolvidas com o intuito de minimizar as
distorções ocorridas durante a produção de um mapa e, principalmente, fazer com que essas
distorções sejam conhecidas. Mas nenhuma delas é capaz de evitar a totalidade das
deformações.

As principais projeções cartográficas são.

PROJEÇÃO CILÍNDRICA: O plano da projeção é um cilindro envolvendo a esfera terrestre.


Após realizada a projeção dos paralelos e meridianos do globo para o cilindro, este é aberto ao
longo de um meridiano, tornando-se um plano sobre o qual será desenhado o mapa.
Projeção Cilíndrica

PROJEÇÃO CÔNICA: O plano da projeção é um cone envolvendo a esfera terrestre. Os paralelos


são círculos concêntricos e os meridianos retos convergem para o polo.

Projeção Cônica

Projeção Plana ou Azimutal: O plano da projeção é um plano tangente à esfera terrestre. Os


paralelos são círculos concêntricos e os meridianos retos irradiam-se do polo.

Projeção Plana ou Azimutal

CARTA INTERNACIONAL A MILIONÉSIMO


INTRODUÇAO A TOPOGRAFIA

GENERALIDADES

O homem sempre necessitou conhecer o meio em que vive, por questões de sobrevivência,
orientação, segurança, guerras, navegação, construção, etc. No princípio a representação do
espaço baseava-se na observação e descrição do meio. Cabe salientar que alguns historiadores
dizem que o homem já fazia mapas antes mesmo de desenvolver a escrita. Com o tempo
surgiram técnicas e equipamentos de medição que facilitaram a obtenção de dados para
posterior representação. A Topografia foi uma das ferramentas utilizadas para realizar estas
medições.

DEFINIÇÕES:

A palavra Topografia, origina-se do prefixo TOPOS, em grego que significa lugar e GRAPHEN
descrição, assim, de uma forma bastante simples, Topografia significa descrição do lugar. A
seguir são apresentadas algumas de suas definições:

“A Topografia tem por objetivo o estudo dos instrumentos e métodos utilizados para obter a
representação gráfica de uma porção do terreno sobre uma superfície plana”

O objetivo principal é efetuar o levantamento (executar medições de ângulos, distâncias e


desníveis) que permita representar uma porção da superfície terrestre em uma escala
adequada. Às operações efetuadas em campo, com o objetivo de coletar dados para a
posterior representação, denomina-se de levantamento topográfico.

A Topografia pode ser entendida como parte da Geodésia, ciência que tem por objetivo
determinar a forma e dimensões da Terra.

Na Topografia trabalha-se com medidas (lineares e angulares) realizadas sobre a superfície da


Terra e a partir destas medidas calculam-se coordenadas, áreas, volumes, etc. Além disto, estas
grandezas poderão ser representadas de forma gráfica através de mapas ou plantas. Para tanto
é necessário um sólido conhecimento sobre instrumentação, técnicas de medição, métodos de
cálculo e estimativa de precisão (KAHMEN; FAIG, 1988).

A Topografia é a base para diversos trabalhos de Engenharia, onde o conhecimento das formas
e dimensões do terreno é importante. Alguns exemplos de aplicação:
• Projetos e execução de estradas; • Grandes obras de engenharia, como pontes, túneis,
portos, etc.; • Locação de obras; • Trabalhos de terraplenagem; • Monitoramento de
estruturas; • Planejamento urbano; • Irrigação e drenagem; • Reflorestamentos; • Etc.
Tradicionalmente o levantamento topográfico pode ser dividido em duas partes: o
levantamento planimétrico, onde se procura determinar a posição planimétrica dos pontos
(coordenadas X e Y) e o levantamento altimétrico, onde o objetivo é determinar a cota ou
altitude de um ponto (coordenada Z). A realização simultânea dos dois levantamentos dá
origem ao chamado levantamento planialtimétrico.

SISTEMA DE COORDENADAS

Quando se posiciona um ponto nada mais está se fazendo do que atribuindo coordenadas ao
mesmo. Estas coordenadas por sua vez deverão estar referenciadas a um sistema de
coordenadas. Existem diversos sistemas de coordenadas, alguns amplamente empregados em
Geometria e Trigonometria, por exemplo. Estes sistemas normalmente representam um ponto
no espaço bidimensional ou tridimensional.

No espaço bidimensional, um sistema bastante utilizado é o sistema de coordenadas


retangulares ou cartesianas. Este é um sistema de eixos ortogonais no plano, constituído de
duas retas orientadas X e Y, perpendiculares entre si (figura). A origem deste sistema é o
cruzamento dos eixos X e Y.

Figura 1

Um ponto é definido neste sistema através de uma coordenada denominada abscissa


(coordenada X) e outra denominada ordenada (coordenada Y). Uma das notações P(x, y) ou P=
(x, y) é utilizada para denominar um ponto P com abscissa x e ordenada y.

Na figura 1 apresenta-se um sistema de coordenadas, cujas coordenadas da origem são O (0,0).


Nele estão representados os pontos A(10,10), B(15,25) e C(20,-15).

Figura 2
Um sistema de coordenadas cartesianas retangulares no espaço tridimensional é caracterizado
por um conjunto de três retas (X, Y, Z) denominadas de eixos coordenados, mutuamente
perpendiculares, as quais se interceptam em um único ponto, denominado de origem. A
posição de um ponto neste sistema de coordenadas é definida pelas coordenadas cartesianas
retangulares (x, y, z) de acordo com a figura

Figura 3

- MODELO ESFÉRICO.

Em diversas aplicações a Terra pode ser considerada uma esfera, como no caso da Astronomia.
Um ponto pode ser localizado sobre esta esfera através de sua latitude e longitude.

Paralelos – são as linhas imaginárias traçadas horizontalmente sobre o planeta ou


perpendiculares ao eixo de rotação terrestre. Os principais paralelos são a Linha do Equador, os
Trópicos de Câncer e Capricórnio e os Círculos Polares Ártico e Antártico. Todo paralelo da
Terra possui um valor específico de latitude, que pode variar de 0º a 90º para o sul ou para o
norte.
Meridianos – são as linhas imaginárias traçadas verticalmente sobre o planeta ou paralelas ao
eixo de rotação terrestre. O principal meridiano é o de Greenwich, estabelecido a partir de uma
convenção internacional. Todo meridiano da Terra possui um valor específico de longitude, que
pode variar entre 0º e 180º para o leste ou para o oeste.

Latitude (Φ): é o arco de meridiano contado desde o equador até o ponto considerado, sendo,
por convenção, positiva no hemisfério Norte e negativa no hemisfério Sul.

Longitude (Λ): é o arco de equador contado desde o meridiano de origem (Greenwich) até o
meridiano do ponto considerado. Por convenção a longitude varia de 0º a +180º no sentido
leste de Greenwich e de 0º a -180º por oeste de Greenwich.
CLASSIFICAÇÃO DOS ERROS DE OBSERVAÇÃO

Para representar a superfície da Terra são efetuadas medidas de grandezas como


direções, distâncias e desníveis. Estas observações inevitavelmente estarão afetadas por erros.
As fontes de erro poderão ser:

• Condições ambientais: causados pelas variações das condições ambientais, como


vento, temperatura, etc. Exemplo: variação do comprimento de uma trena com a variação da
temperatura.

• Condições Instrumentais: causados por problemas como a imperfeição na construção


de equipamento ou ajuste do mesmo. A maior parte dos erros instrumentais pode ser reduzida
adotando técnicas de verificação/retificação, calibração e classificação, além de técnicas
particulares de observação.

• Condições Pessoais: causados por falhas humanas, como falta de atenção ao executar
uma medição, cansaço, etc.

Os erros, causados por estes três elementos apresentados anteriormente, poderão ser
classificados em:

• Erros grosseiros
• Erros sistemáticos
• Erros aleatórios

- Erros Grosseiros: Causados por engano na medição, leitura errada nos instrumentos,
identificação de alvo, etc., normalmente relacionados com a desatenção do observador ou uma
falha no equipamento. Cabe ao observador cercar-se de cuidados para evitar a sua ocorrência
ou detectar a sua presença. A repetição de leituras é uma forma de evitar erros grosseiros.
Alguns exemplos de erros grosseiros:

• Anotar 196 ao invés de 169;

• Engano na contagem de lances durante a medição de uma distância com trena.

- Erros Sistemáticos: São aqueles erros cuja magnitude e sinal algébrico podem ser
determinados, seguindo leis matemáticas ou físicas. Pelo fato de serem produzidos por causas
conhecidas podem ser evitados através de técnicas particulares de observação ou mesmo
eliminados mediante a aplicação de fórmulas específicas. São erros que se acumulam ao longo
do trabalho. Exemplo de erros sistemáticos, que podem ser corrigidos através de fórmulas
específicas:
• Efeito da temperatura e pressão na medição de distâncias com medidor eletrônico de
distância;

• Correção do efeito de dilatação de uma trena em função da temperatura.

Um exemplo clássico apresentado na literatura, referente a diferentes formas de


eliminar e ou minimizar erros sistemáticos é o posicionamento do nível a igual distância entre
as miras durante o nivelamento geométrico pelo método das visadas iguais, o que proporciona
a minimização do efeito da curvatura terrestre no nivelamento e falta de paralelismo entre a
linha de visada e eixo do nível tubular.

- Erros Acidentais ou Aleatórios: São aqueles que permanecem após os erros anteriores
terem sido eliminados. São erros que não seguem nenhum tipo de lei e ora ocorrem num
sentido ora noutro, tendendo a se neutralizar quando o número de observações é grande.

De acordo com GEMAEL (1991, p.63), quando o tamanho de uma amostra é elevado, os
erros acidentais apresentam uma distribuição de freqüência que muito se aproxima da
distribuição normal.

1.4.3.1 - Peculiaridade dos Erros Acidentais

• Erros pequenos ocorrem mais freqüentemente do que os grandes, sendo mais


prováveis;

• Erros positivos e negativos do mesmo tamanho acontecem com igual freqüência, ou


são igualmente prováveis;

• A média dos resíduos é aproximadamente nula;

• Aumentando o número de observações, aumenta a probabilidade de se chegar


próximo ao valor real.

Exemplo de erros acidentais:

• Inclinação da baliza na hora de realizar a medida;

• Erro de pontaria na leitura de direções horizontais.


MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS

Medida Direta de Distâncias.

A medida de distâncias de forma direta ocorre quando a mesma é determinada a partir


da comparação com uma grandeza padrão, previamente estabelecida, através de trenas ou
diastímetros.

- Trena de Fibra de Vidro: A trena de fibra de vidro é feita de material resistente


(produto inorgânico obtido do próprio vidro por processos especiais). A figura ilustra alguns
modelos de trenas. Estes equipamentos podem ser encontrados com ou sem envólucro, os
quais podem ter o formato de uma cruzeta, ou forma circular e sempre apresentam distensores
(manoplas) nas suas extremidades. Seu comprimento varia de 20 a 50 m (com envólucro) e de
20 a 100 m (sem envólucro). Comparada à trena de lona, deforma menos com a temperatura e
a tensão, não se deteriora facilmente e é resistente à umidade e a produtos químicos, sendo
também bastante prática e segura.

- Modelos de trenas
Durante a medição de uma distância utilizando uma trena, é comum o uso de alguns
acessórios como: piquetes, estacas testemunhas, balizas e níveis de cantoneira.

- Piquetes

Os piquetes são necessários para marcar convenientemente os extremos do


alinhamento a ser medido. Estes apresentam as seguintes características:

- fabricados de madeira roliça ou de seção quadrada com a superfície no topo plana; -


assinalados (marcados) na sua parte superior com tachinhas de cobre, pregos ou outras formas
de marcações que sejam permanentes;

- comprimento variável de 15 a 30 cm (depende do tipo de terreno em que será


realizada a medição);

- diâmetro variando de 3 a 5 cm;

- é cravado no solo, porém, parte dele (cerca de 3 a 5 cm) deve permanecer visível,
sendo que sua principal função é a materialização de um ponto topográfico no terreno.

- Estacas Testemunhas

São utilizadas para facilitar a localização dos piquetes, indicando a sua posição
aproximada. Estas normalmente obedecem as seguintes características:

- cravadas próximas ao piquete, cerca de 30 a 50 cm;

- comprimento variável de 15 a 40 cm;

- diâmetro variável de 3 a 5 cm;

- chanfradas na parte superior para permitir uma inscrição, indicando o nome ou


número do piquete. Normalmente a parte chanfrada é cravada voltada para o piquete.
- Representação da implantação de um piquete e estaca testemunha.

- Balizas

São utilizadas para manter o alinhamento, na medição entre pontos, quando há


necessidade de se executar vários lances, figura. Características:

- construídas em madeira ou ferro, arredondado, sextavado ou oitavado;

- terminadas em ponta guarnecida de ferro;

- comprimento de 2 m;

- diâmetro variável de 16 a 20 mm; - pintadas em cores contrastantes (branco e


vermelho ou branco e preto) para permitir que sejam facilmente visualizadas à distância;
Devem ser mantidas na posição vertical, sobre o ponto marcado no piquete, com auxílio de um
nível de cantoneira.

- Exemplos de balizas.

- Nível de cantoneira.

- Nível de Cantoneira Equipamento em forma de cantoneira e dotado de bolha circular


que permite ao auxiliar segurar a baliza na posição vertical sobre o piquete ou sobre o
alinhamento a medir, figura 5.4.
Nível de cantoneira

- Cuidados na Medida Direta de Distâncias

A qualidade com que as distâncias são obtidas depende, principalmente de:

- acessórios;

- cuidados tomados durante a operação, tais como:

- manutenção do alinhamento a medir; - horizontalidade da trena;

- tensão uniforme nas extremidades.

A tabela abaixo apresenta a precisão que é obtida quando se utiliza trena em um


levantamento, considerando-se os efeitos da tensão, temperatura, horizontalidade e
alinhamento.

MÉTODOS DE MEDIDA COM TRENA

- Lance Único: Na medição da distância horizontal entre os pontos A e B, procura-se, na


realidade, medir a projeção de AB no plano horizontal, resultando na medição de A’B’

(I)

- Medida de distância em lance único.


Na figura abaixo é possível identificar a medição de uma distância horizontal utilizando
uma trena, bem como a distância inclinada e o desnível entre os mesmos pontos.

( II )

- Exemplo de medida direta de distância com trena.

- Vários Lances - Pontos Visíveis: Quando não é possível medir a distância entre dois
pontos utilizando somente uma medição com a trena (quando a distância entre os dois pontos
é maior que o comprimento da trena), costuma-se dividir a distância a ser medida em partes,
chamadas de lances. A distância final entre os dois pontos será a somatória das distâncias de
cada lance. A execução da medição utilizando lances é descrita a seguir. Analisando a figura
5.7, o balizeiro de ré (posicionado em A) orienta o balizeiro intermediário, cuja posição coincide
com o final da trena, para que este se mantenha no alinhamento AB.
( III )

- Medida de distância em vários lances.

Depois de executado o lance, o balizeiro intermediário marca o final da trena com uma
ficha (haste metálica com uma das extremidades em forma de cunha e a outra em forma
circular). O balizeiro de ré, então, ocupa a posição do balizeiro intermediário, e este, por sua
vez, ocupará nova posição ao final do diastímetro. Repete-se o processo de deslocamento das
balizas (ré e intermediária) e de marcação dos lances até que se chegue ao ponto B.

É de máxima importância que, durante a medição, os balizeiros se mantenham sobre o


alinhamento AB.

- MEDIÇÃO DE DIREÇÕES

- Ângulos Horizontais e Verticais

Uma das operações básicas em Topografia é a medição de ângulos horizontais e


verticais. Na realidade, no caso dos ângulos horizontais, direções são medidas em campo, e a
partir destas direções são calculados os ângulos. Para a realização destas medições emprega-se
um equipamento denominado de teodolito.

( IV )
Leitura de direções e cálculo do ângulo.

Algumas definições importantes:

• Ângulo horizontal (H): ângulo formado por dois planos verticais que contém as
direções formadas pelo ponto ocupado e os pontos visados. É medido sempre na horizontal,
razão pela qual o teodolito deve estar devidamente nivelado.

Ângulo horizontal.

Conforme pode ser visto na figura acima, o ângulo entre as direções AO-OB e CO-OD é o
mesmo, face que os pontos A e C estão no mesmo plano vertical π e B e D no plano π’.

• Ângulo vertical (V): é o ângulo formado entre a linha do horizonte (plano horizontal) e
a linha de visada, medido no plano vertical que contém os pontos (figura 6.4). Varia de 0º a +
90º (acima do horizonte) e 0º a - 90º (abaixo do horizonte).

Ângulo vertical.
• Ângulo zenital (Z): ângulo formado entre a vertical do lugar (zênite) e a linha de
visada (figura 6.5). Varia de 0º a 180º, sendo a origem da contagem o zênite.

Ângulo zenital.

A relação entre o ângulo zenital e vertical é dada pela equação Z+V = 90°

MEDIDAS INDIRETAS DE DISTÂNCIAS

Uma distância é medida de maneira indireta, quando no campo são observadas


grandezas que se relacionam com esta, através de modelos matemáticos previamente
conhecidos. Ou seja, é necessário realizar alguns cálculos sobre as medidas efetuadas em
campo, para se obter indiretamente o valor da distância.

Taqueometria ou estadimetria: As observações de campo são realizadas com o auxílio de


teodolitos. Com o teodolito realiza-se a medição do ângulo vertical ou ângulo zenital (figura), o
qual, em conjunto com as leituras efetuadas, será utilizado no cálculo da distância.
Figura - Exemplo de um teodolito.

As estádias, ou miras estadimétricas são réguas graduadas centimetricamente, ou seja,


cada espaço branco ou preto corresponde a um centímetro. Os decímetros são indicados ao
lado da escala centimétrica.

- ESTAÇÕES TOTAIS

De maneira geral pode-se dizer que uma estação total nada mais é do que um teodolito
eletrônico (medida angular), um distanciômetro eletrônico (medida linear) e um processador
matemático, associados em um só conjunto (figura ). A partir de informações medidas em
campo, como ângulos e distâncias, uma estação total permite obter outras informações como: -
Distância reduzida ao horizonte (distância horizontal); - Desnível entre os pontos (ponto “a”
equipamento, ponto “b”refletor); - Coordenadas dos pontos ocupados pelo refletor, a partir de
uma orientação prévia.

Além destas facilidades estes equipamentos permitem realizar correções no momento


da obtenção das medições ou até realizar uma programação prévia para aplicação automática
de determinados parâmetros como:

- Condições ambientais (temperatura e pressão atmosférica);

- Constante do prisma.

Além disto, é possível configurar o instrumento em função das necessidades do


levantamento, alterando valores como:

- Altura do instrumento;

- Altura do refletor;

- Unidade de medida angular;

- Unidade de medida de distância (metros, pés);

- Origem da medida do ângulo vertical (zenital, horizontal ou nadiral); Estação total.

- ORIENTAÇÃO

- NORTE MAGNÉTICO E GEOGRÁFICO

O planeta Terra pode ser considerado um gigantesco imã, devido à circulação da


corrente elétrica em seu núcleo formado de ferro e níquel em estado líquido. Estas correntes
criam um campo magnético, como pode ser visto na figura. Este campo magnético ao redor da
Terra tem a forma aproximada do campo magnético ao redor de um imã de barra simples
(figura). Tal campo exerce uma força de atração sobre a agulha da bússola, fazendo com que a
mesma entre em movimento e se estabilize quando sua ponta imantada estiver apontando
para o Norte magnético.

Campo magnético ao redor da Terra. Adaptado de: THE EARTHS MAGNETIC FIELD (2004).

A Terra, na sua rotação diária, gira em torno de um eixo. Os pontos de encontro deste eixo
com a superfície terrestre denominam-se de Pólo Norte e Pólo Sul verdadeiros ou geográficos.
O eixo magnético não coincide com o eixo geográfico. Esta diferença entre a indicação do Pólo
Norte magnético (dada pela bússola) e a posição do Pólo Norte geográfico denomina-se
declinação magnética.

- AZIMUTE E RUMO

- Azimute: O Azimute de uma direção é o ângulo formado entre a meridiana de origem


que contém os Pólos, magnéticos ou geográficos, e a direção considerada. É medido a partir do
Norte, no sentido horário e varia de 0º a 360º.
RUMO

Rumo: é o menor ângulo formado pela meridiana que materializa o alinhamento Norte
Sul e a direção considerada. Varia de 0º a 90º, sendo contado do Norte ou do Sul por leste e
oeste. Este sistema expressa o ângulo em função do quadrante em que se encontra. Além do
valor numérico do ângulo acrescenta-se uma sigla (NE, SE, SW, NW) cuja primeira letra indica a
origem a partir do qual se realiza a contagem e a segunda indica a direção do giro ou
quadrante.

- CÁLCULO DE COORDENADAS NA PLANIMETRIA

Nesta fase, será detalhado o desenvolvimento necessário para a determinação das


coordenadas planas, ou seja, as coordenadas x e y. A obtenção da coordenada z será discutida
quando da apresentação do conteúdo referente à altimetria. As projeções planas são obtidas
em função da distância entre os vértices de um alinhamento e o azimute ou rumo, magnético
ou geográfico, deste mesmo alinhamento. De uma forma mais simples, pode-se dizer que a
projeção em “X” é a representação da distância entre os dois vértices do alinhamento sobre o
eixo das abscissas e a projeção em “Y” a representação da mesma distância no eixo das
ordenadas.

Representação da projeção da distância D em X (∆X) e em Y (∆Y).


Sendo:

- d01: distância horizontal entre os vértices 0 e 1;

- A01: azimute da direção 0-1;

- ∆X: projeção da distância d01 sobre o eixo X ;

− ∆Y: projeção da distância d01sobre o eixo Y;

Considerando a figura acima e utilizando os conceitos de Trigonometria plana, é possível


calcular as projeções em “X” e “Y” da seguinte forma:

Representação de uma poligonal e suas respectivas projeções.

CÁLCULO DE AZIMUTES A PARTIR DE COORDENADAS PLANIMÉTRICAS DE DOIS PONTOS

Conhecendo-se as coordenadas planimétricas de dois pontos é possível calcular o


azimute da direção formada entre eles. Voltando à Figura, obtém-se:
DEFLEXÃO

É o ângulo formado pelo prolongamento do alinhamento anterior do caminhamento e o


novo alinhamento, pode ter sentido a direita ou a esquerda, cpnforme a direção do novo
alinhamento. Varia de 0° a 180°

Tendo o azimute de uma direção, é possivel calcular o azimutes da direção seguinte


usando a deflexão, conforme ilustra a figura abaixo:

Calculo dos azimutes posterior a partir da Deflexão e o azimute anterior

De acordo com a definição vista anteriormente, Azimute de uma direção é medido a


partir do Norte, no sentido horário, varia de 0º a 360º e consiste no ângulo formado entre a
meridiana de origem que contém os Pólos, magnéticos ou geográficos, e a direção considerada.
Para realizar posterior análise de quadrante, é importante que ∆X e ∆Y sejam obtidos fazendo-
se sempre a coordenada do segundo ponto menos a coordenada do primeiro.
Quadrantes do Azimute.

- EXERCÍCIOS
1) Calcular o azimute da direção 1-2 conhecendo-se as coordenadas:

X1 = 459,234m Y1 = 233,786 m

X2 = 778,546m Y2 = 451,263 m

- Representação do azimute da direção 1-2.

Neste caso ∆X e ∆Y são positivos, portanto, o azimute da direção 1-2 está no 1º


quadrante, entre 0º e 90º e é igual a 55º 44’ 31’’.

2) Calcular o azimute da direção 2-3 sendo:

X2 = 459,234 m Y2 = 233,786 m
X3 = 498,376 m Y3 = 102,872 m

Fazendo

∆X = X3 - X2 tem-se ∆X = + 39,142 m

∆Y = Y3 - Y2 tem-se ∆Y = - 130,914 m

Como ∆X é positivo e ∆Y é negativo, sabe-se que o azimute da direção 2-3 está no 2º


quadrante, ou seja, entre 90º e 180º, conforme ilustra a Figura abaixo.

Figura 8.7 - Representação do azimute da direção 2-3.

Para obter-se o azimute da direção 2-3 no 2º quadrante, extrai-se o arco-tangente do


módulo do quociente (∆X/∆Y), obtendo-se um arco no 1º. quadrante:

A 2-3 = 16º 38’ 46’’ (1º. quadrante)

A seguir, faz-se a redução ao 2º quadrante:

A 2-3 (2º Quadrante) = 180º - [arco (1º quadrante)]

A 2-3 (2º Quadrante) = 180º - 16º 38’ 46’’

A 2-3 (2º Quadrante) = 163º 21’ 14’’

3) Calcular o azimute da direção 3-4 sendo:

X3 = 459,234m Y3 = 233,786 m

X4 = 285,550 m Y4 = 99,459 m

Fazendo:

∆X = X4 - X3 tem-se ∆X = - 173,684 m

∆Y = Y4 - Y3 tem-se ∆Y = - 134,327 m
Como ∆X e ∆Y são negativos o azimute da direção 3-4 está no 3º quadrante, entre 180º e
270º, conforme ilustra a Figura abaixo.

- Representação do azimute da direção 3-4.

A 3-4 = 52º 16’ 54’’ (1º quadrante)

Reduzindo ao 3º quadrante:

A 3-4 (3º Quadrante) = 180º + [arco (1º quadrante)]

A 3-4 (3º Quadrante) = 180º + 52º 16’ 54’’

A 3-4 (3º Quadrante) = 232º 16’ 54’’

4) Calcular o azimute da direção 4-5 sendo:

X4 = 459,234m Y4 = 233,786 m

X5 = 301,459 m Y5 = 502,591 m

Neste caso, ∆X é negativo e ∆Y é positivo e o azimute da direção 4-5 está no 4º


quadrante, entre 270º e 360º, conforme ilustra a Figura abaixo.
- Representação do azimute da direção 4-5.

A 4-5 = 30º 24’ 39’’ (1º quadrante)

Fazendo-se a redução ao 4º quadrante:

A 4-5 (4º Quadrante) = 360º - [arco (1º quadrante)]

A 4-5 (4º Quadrante) = 360º - 30º 24’ 39’’

A 4-5 (4º Quadrante) = 329º 35’ 21’’

- TÉCNICAS DE LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO

A poligonação é um dos métodos mais empregados para a determinação de coordenadas


de pontos em Topografia, principalmente para a definição de pontos de apoio planimétricos.
Uma poligonal consiste em uma série de linhas consecutivas onde são conhecidos os
comprimentos e direções, obtidos através de medições em campo.

O levantamento de uma poligonal é realizado através do método de caminhamento,


percorrendo-se o contorno de um itinerário definido por uma série de pontos, medindo-se
todos os ângulos, lados e uma orientação inicial (figura ). A partir destes dados e de uma
coordenada de partida, é possível calcular as coordenadas de todos os pontos que formam esta
poligonal.
- Levantamento de uma poligonal.

Utilizando-se uma poligonal é possível definir uma série de pontos de apoio ao


levantamento topográfico, a partir dos quais serão determinadas coordenadas de outros
pontos, utilizando, por exemplo, o método de irradiação a ser visto posteriormente.

A NBR 13133 (ABNT, 1994) classifica as poligonais em principal, secundária e auxiliar:

• Poligonal principal: poligonal que determina os pontos de apoio topográfico de


primeira ordem;

• Poligonal secundária: aquela que, apoiada nos vértice da poligonal principal determina
os pontos de apoio topográfico de segunda ordem;

• Poligonal auxiliar: poligonal que, baseada nos pontos de apoio topográfico planimétrico,
tem seus vértices distribuídos na área ou faixa a ser levantada, de tal forma que seja possível
coletar, direta ou indiretamente, por irradiação, interseção ou ordenadas sobre uma linha de
base, os pontos de detalhes julgados importantes, que devem ser estabelecidos pela escala ou
nível de detalhamento do levantamento.

As poligonais levantadas em campo poderão ser fechadas, enquadradas ou abertas.

• Poligonal fechada: parte de um ponto com coordenadas conhecidas e retorna ao


mesmo ponto (figura 9.2). Sua principal vantagem é permitir a verificação de erro de
fechamento angular e linear.

- Poligonal fechada.
• Poligonal enquadrada: parte de dois pontos com coordenadas conhecidas e acaba em
outros dois pontos com coordenadas conhecidas (figura 9.3). Permite a verificação do erro de
fechamento angular e linear.

• Poligonal aberta: parte de um ponto com coordenadas conhecidas e acaba em um


ponto cujas coordenadas deseja-se determinar (figura 9.4). Não é possível determinar erros de
fechamento, portanto devem-se tomar todos os cuidados necessários durante o levantamento
de campo para evitá-los.

- Poligonal aberta.

Como visto anteriormente, para o levantamento de uma poligonal é necessário ter no


mínimo um ponto com coordenadas conhecidas e uma orientação. Segundo a NBR 13133
(ABNT, 1994 p.7), na hipótese do apoio topográfico vincular-se à rede geodésica (Sistema
Geodésico Brasileiro - SGB), a situação ideal é que pelo menos dois pontos de coordenadas
conhecidas sejam comuns (figura 9.5). Neste caso é possível, a partir dos dois pontos
determinar um azimute de partida para o levantamento da poligonal.

- Dois pontos com coordenadas conhecidas e vinculadas ao SGB comuns a poligonal.

- Estes dois pontos não necessitam ser os primeiros de uma poligonal, conforme é
ilustrado na figura.
- Pontos com coordenadas conhecidas entre pontos da poligonal.

- CÁLCULO DE COORDENADAS

A partir dos dados medidos em campo (ângulos e distâncias), orientação inicial e


coordenadas do ponto de partida é possível calcular as coordenadas de todos os pontos da
poligonal. Inicia-se o cálculo a partir do ponto de partida (costuma-se empregar a nomenclatura
OPP para designar o ponto de partida). A figura a seguir ilustra o processo de cálculo.

- Cálculo das coordenadas.

Onde:

Az: Azimute da direção OPP-P1;

d: distância horizontal entre os pontos OPP e P1;

Xo e Yo: Coordenadas do ponto OPP;

X1 e Y1: Coordenadas do ponto P1.

As coordenadas do ponto P1 serão dadas por

A partir da coordenada do ponto P1 será possível calcular a coordenada do próximo


ponto e assim por diante.
Fim

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