Tese Higor Castro UFMG
Tese Higor Castro UFMG
Tese Higor Castro UFMG
AVALIAÇÃO TERMO-HIDRÁULICA
EXPERIMENTAL DE GRADES
ESPAÇADORAS COMERCIAIS PARA
REATORES PWR E DE PROTÓTIPO
FABRICADO POR IMPRESSORA 3D
Brasil
Agosto de 2020
Higor Fabiano Pereira de Castro
Brasil
Agosto de 2020
Castro, Higor Fabiano Pereira de.
C355a Avaliação termo-hidráulica experimental de grades espaçadoras
comerciais para reatores PWR e de protótipo fabricado por impressora
3D [recurso eletrônico] / Higor Fabiano Pereira de Castro. – 2020.
1 recurso online (198 f. : il., color.) : pdf.
Anexos: f. 182-198.
Bibliografia: f. 176-180.
Exigências do sistema: Adobe Acrobat Reader.
CDU: 621.039(043)
Muitas mãos foram necessárias para que esta produção acadêmica fosse concluída.
Agradecimentos especiais são direcionados aos meus orientadores e amigos: Maria
Auxiliadora e André Campagnole. Embora pareça clichê, não poderia deixar de dizer que
faltam palavras para descrever o quanto sou grato pela orientação e amizade construídas
ao longo dessa trajetória.
Agradeço aos professores e funcionários do DEN/UFMG por todo conhecimento
compartilhado em especial à Aline Silva e Thales Santos pela dedicação e profissionalismo
ao resolver questões importantes recorrentes.
Agradeço aos servidores do SETRE/CDTN em especial ao Edson Ribeiro pela
dedicação e auxílio nas montagens das seções de testes e na fabricação da famigerada
grade impressa.
Ao Antônio Carlos Lopes por toda assistência prestada à solução dos problemas
relativos ao funcionamento da bomba hidráulica e do Chiller.
Ao José Augusto Ribeiro pela assistência técnica prestada ao equipamento de LDV
num momento crucial.
Ao Marlúcio Antônio pela ajuda com a usinagem das varetas utilizadas em uma
das seções de testes.
Agradeço aos meus amigos do laboratório de termo-hidráulica e neutrônica do
CDTN especialmente ao Tiago Vieira, Guilherme Vidal, Marcos Barroso, Márcio Pessoa,
Eduardo Salomão, Gabriel Caio, Wallen Ferreira, Rebeca Cabral e Ester Fiorillo por toda
ajuda na montagem da seção de testes, realização dos testes e auxílio com as análises dos
resultados obtidos. Ao Daniel Campolina, Graiciany Barros e Vitor Vasconcelos por toda
dedicação e experiência compartilhada que levarei comigo por toda a vida.
Aos preciosos comentários e sugestões gentilmente tecidos pelos membros da banca
de defesa em especial à Antonella Lombardi, Carlos Cabrera, Graiciany Barros, Márcio
Pessoa e Sérgio Hanriot.
Agradeço à CAPES pela bolsa de estudos, pois sem ela não teria sido possível me
dedicar nesse projeto.
À INB, em especial ao Diego Alvim que prestou assistência na usinagem de peças
fundamentais para a montagem de uma das seções de testes.
À FAPEMIG, CNPq e FINEP pelo subsídio financeiro que tornou possível a
conclusão desse projeto.
Agradeço à minha família e esposa que são o alicerce da minha vida e por todo
apoio que sempre me deram.
Peço desculpas caso eu tenha esquecido alguém, pois ao longo desses quatro anos e
meio, foram muitas pessoas envolvidas e que tornaram possível a realização desse trabalho.
Enfim, parafraseando Carl Sagan: "Diante da vastidão do tempo e da imen-
sidão do Universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma
época com vocês."
“Caminhante no hay caminho,
se hace caminho al andar.”
(Trecho do Poema “Cantares” de Antonio Machado.)
Resumo
As grades espaçadoras são importantes componentes presentes em elementos combustíveis
de reatores nucleares à água pressurizada, PWR – Pressurized Water Reator. Essas
grades são responsáveis por manter a integridade estrutural do elemento combustível
e contribuem com a melhoria da eficiência termo-hidráulica do reator. Com o objetivo
de desenvolver uma grade espaçadora nacional de alta eficiência, estudos com grades
espaçadoras comerciais e protótipos fabricados em impressora 3D têm sido realizados no
Laboratório de Termo-Hidráulica e Neutrônica – LTHN do Centro de Desenvolvimento da
Tecnologia Nuclear - CDTN. Neste trabalho foi avaliado o desempenho termo-hidráulico
de três grades espaçadoras, sendo dois tipos comerciais (aletadas e de canais) e de uma
grade impressa do tipo de canais. As grades foram testadas em elementos combustíveis
nucleares representativos de modelos comerciais distintos, porém constituídos por arranjos
quadrados de 5x5 varetas. Parâmetros de turbulência foram determinados a partir de
velocidades medidas a jusante das grades espaçadoras por meio da técnica de velocimetria
laser Doppler (LDV – Laser Doppler Velocimetry). Para a grade aletada foram avaliadas
cinco condições de escoamento para Reynolds (Re) na faixa de 18x103 a 54x103 . Os
resultados mostraram diferenças significativas no comportamento do escoamento para essa
faixa de Re. Os testes de comparação entre as três grades foram feitos para Re = 27x103 .
Os resultados de comparação entre as grades mostraram que sob o ponto de vista termo-
hidráulico, a grade espaçadora aletada é superior à grade comercial de canais e também
com relação à grade impressa avaliada. Entretanto a partir dos resultados obtidos para a
grade espaçadora impressa comprovou-se a viabilidade do uso da técnica de prototipagem
no desenvolvimento de novos elementos combustíveis nucleares. Foi criado e disponibilizado
um banco de dados experimental da grade impressa que poderá ser utilizado como dados
de entrada em códigos de simulação numérica e análise termo-hidráulica de subcanais e
para validar simulações de fluidodinâmica computacional (CFD – Computational Fluid
Dynamic).
Tabela 2.1 – Principais trabalhos que avaliaram seções de testes com múltiplos Re . 43
Tabela 3.1 – Dados das seções de testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Tabela 3.2 – Dados da medida dos elementos localizados no topo da grade impressa
e indicados na Fig. 3.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Tabela 3.3 – Dados da medida das espessuras das regiões da grade impressa indicadas
na Fig. 3.10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Tabela 3.4 – Transmissores diferenciais de pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Tabela 3.5 – Parâmetros para o cálculo de C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Tabela 3.6 – Ângulos associados ao procedimento de alinhamento da mesa-xyz com
a seção de testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Tabela 3.7 – Parâmetros do LDV para obtenção dos perfis de velocidade pela lateral
da seção de testes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Tabela 3.8 – Parâmetros do LDV para obtenção dos perfis de velocidade pelo topo
da seção de testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Tabela 4.1 – Condições experimentais para obtenção dos perfis de velocidade u e v
através do topo da ST1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Tabela 4.2 – Síntese da incerteza expandida normalizada de todos os parâmetros
avaliados para as alturas ao longo da posição y/p = 0. . . . . . . . . . 97
Tabela 4.3 – Condições experimentais para obtenção dos perfis de velocidade w e v
através da lateral da ST2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Tabela 4.4 – Condições experimentais para obtenção dos perfis de velocidade u e v
através do topo da ST2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Tabela 4.5 – Síntese da incerteza expandida normalizada dos principais parâmetros
avaliados para as alturas ao longo da posição y/p = 0 para a ST2 com
a grade comercial do tipo canais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Tabela 4.6 – Condições experimentais para obtenção dos perfis de velocidade u e v
através do topo da ST2 com a presença da grade impressa. . . . . . . . 99
Tabela 4.7 – Síntese da incerteza expandida normalizada de todos os parâmetros
avaliados para as alturas ao longo da posição y/p = 0 para a ST2 com
a grade impressa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Tabela 4.8 – Porcentagem de pontos cuja incerteza é menor (∆V - U ). . . . . . . . 119
Tabela B.1 – Resultados para a altura de z = 1, 22Dh a jusante da grade impressa
apresentados na Fig. 4.44. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
Tabela B.2 – Resultados para a altura de z = 2, 44Dh a jusante da grade impressa
apresentados na Fig. 4.44. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
Tabela B.3 – Resultados para a altura de z = 7, 33Dh a jusante da grade impressa
apresentados na Fig. 4.44. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Lista de abreviaturas e siglas
RANS Reynolds Averaged Navier Stokes - Navier Stokes Mediado por Reynolds
ST Seção de Testes
Dh Diâmetro hidráulico m
k Fator de abrangência -
N Número de franjas -
Re Número de Reynolds -
∆P Perda de pressão Pa
θ2 Ângulo de desalinhamento o
ωz vorticidade s−1
Sumário
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.1 Contextualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.1 Reatores Nucleares a Água Pressurizada (PWR) . . . . . . . . . . . 32
2.2 Elementos Combustíveis Nucleares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.3 Grades Espaçadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.4 Estado da arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.1 Descrição geral do experimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.1.1 O circuito hidráulico utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.1.2 Seções de testes 1 e 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.1.3 As grades espaçadoras utilizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.2 Instrumentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.2.1 Sistemas de medição da vazão, pressão e temperatura . . . . . . . . . . . 56
3.2.2 Sistema de medição da velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.3 Metodologia de medição dos perfis de velocidades pela lateral da
ST2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.3.1 Medição das componentes de velocidades w e v . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.3.2 Procedimento de alinhamento do LDV pela lateral da seção de testes . . . 64
3.3.3 Matriz experimental para medição de w e v pela lateral da ST2 . . . . . . 70
3.4 Metodologia de medição dos perfis de velocidades pelo topo da
seção de testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.4.1 Medição das componentes de velocidades u e v . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.4.2 Procedimento de alinhamento do LDV pelo topo das seções de testes . . . 72
3.4.3 Deslocamento da grade no feixe de varetas . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.4.4 Matriz experimental para medição de u e v pelo topo das ST1 e ST2 . . . 75
3.5 Procedimento de medição da velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.6 Metodologia de medição da perda de pressão . . . . . . . . . . . . . 81
3.7 Outras grandezas avaliadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.7.1 Proposta de avaliação de outras grandezas . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.8 Análise de incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.8.1 Análise de incerteza para os perfis de velocidades médias u e v . . . . . . 84
3.8.2 Avaliação da incerteza da velocidade média do escoamento < w > . . . . . 89
3.8.2.1 Incerteza expandida normalizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.8.3 Incerteza da posição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.8.4 Avaliação da Incerteza do escoamento secundário médio . . . . . . . . . . 91
3.8.5 Avaliação da Incerteza dos Tensores de Reynolds . . . . . . . . . . . . . . 91
3.9 Representação das incertezas experimentais nos gráficos . . . . . . . 92
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.1 Condições experimentais e síntese das incertezas experimentais ob-
tidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.1.1 Condições experimentais para ST1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.1.2 Condições experimentais para ST2 com grade comercial do tipo de canais . 97
4.1.3 Condições experimentais para ST2 com grade impressa . . . . . . . . . . . 98
4.2 Resultados da medição pelo topo da ST1 para múltiplos Re . . . . . 101
4.2.1 Análise dos tensores de Reynolds para múltiplos Re. . . . . . . . . . . . . 119
4.3 Lateral vs Topo para ST1 e ST2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
4.3.1 Comparação perfis de velocidade axial (w) para ST1 e ST2 . . . . . . . . . 138
4.3.2 Comparação perfis de velocidade lateral (v) para ST1 e ST2 . . . . . . . . 141
4.3.3 Perfis de velocidades lateral (v) e axial (w) a montante da grade comercial
de canais na ST2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
4.4 Tensores de Re obtidos através do topo das ST1 e ST2 para todas
as grades avaliadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
4.5 Campo de velocidades laterais (u) e (v) obtidas através do topo
das ST1 e ST2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
4.6 Resultado do SF a jusante das três grades avaliadas . . . . . . . . . 154
4.7 Resultados para o RMS das velocidades laterais (u) e (v) obtidas
através do topo das ST1 e ST2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
4.8 Resultado da Energia Cinética de Turbulência avaliada a jusante
das três grades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
4.9 Resultado da avaliação da perda de pressão ∆P obtida para as três
grades espaçadoras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
5.1 Trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
ANEXOS 181
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Os reatores nucleares de potência são máquinas térmicas resultantes de alto desen-
volvimento tecnológico agregado. Atualmente existem cerca de 451 reatores nucleares de
potência distribuídos em 34 países, dentre eles o Brasil. Os reatores mais comuns no mundo
são do tipo PWR (Pressurized Water Reactor - Reator a Água Pressurizada) como pode
ser observado na Fig. 1.1. Inclusive, os reatores nucleares que compõe a matriz energética
do Brasil, Angra 1 e Angra 2 são reatores do tipo PWR. Angra 3 juntamente com outros
54 reatores correspondem a 82% dos reatores em construção no mundo (IAEA, 2019).
Fonte:(IAEA, 2019)
1.2 Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é avaliar três grades espaçadoras, sendo 2 modelos
comerciais e um protótipo impresso, de reatores nucleares PWR, a partir de grandezas
termo-hidráulicas obtidas experimentalmente. Aplicar a metodologia desenvolvida para
verificar a viabilidade do uso de grades espaçadoras fabricadas por impressão 3D no
desenvolvimento tecnológico de grades espaçadoras nacionais. O principal instrumento de
medição utilizado será um LDV-2D.
Os objetivos específicos são:
1.3 Justificativa
Estudos do comportamento termofluidodinâmico em elementos combustíveis nu-
cleares têm recebido forte impulso nos últimos anos. Isto se deve ao desenvolvimento de
ferramentas computacionais, como os programas do tipo CFD, que detalham melhor o
comportamento de escoamentos em geometrias complexas, e de instrumentos de medição,
em especial, os medidores de velocidade locais não intrusivos, como os LDV e PIV. Como
consequência, estes estudos têm levado a consideráveis aperfeiçoamentos nos projetos dos
elementos combustíveis nucleares.
Dos dispositivos presentes no elemento combustível, as grades espaçadoras têm
recebido bastante atenção, devido a sua importante função estrutural e termo-hidráulica. A
compreensão de forma precisa e confiável do comportamento destes componentes, sob quais-
quer condições de escoamento, melhora a qualidade dos projetos dos elementos combustíveis.
A utilização da metodologia numérica com programas do tipo CFD tem sido extremamente
útil nestes estudos. Entretanto, é necessário que se estabeleçam procedimentos adequados
para sua utilização.
A demonstração da confiabilidade da metodologia e do procedimento numérico
deve ser realizada de maneira exaustiva antes da sua aceitação. Uma das etapas desse
processo é a validação dos modelos numéricos através de testes experimentais. Alguns
grupos têm realizado e disponibilizado dados de benchmarks experimentais como, por
exemplo, em Chang, Kim e Song (2014).
Devido ao avanço e redução de custos, o uso da técnica de fabricação aditiva ou
impressão em 3D para a prototipagem rápida de modelos gerados no computador estão
mais acessíveis. Geralmente os protótipos produzidos por impressões 3D têm limitações
relativas às propriedades mecânicas do material. Porém, o desenvolvimento da tecnologia
permite que atualmente, máquinas de custo reduzido sejam capazes de fabricar protótipos
com materiais de maior resistência que podem ser utilizados para testes funcionais. Isto é,
o protótipo poderá ser testado em condições reais de uso. No entanto, é necessário que
sejam feitas análises de viabilidade técnica no uso de peças fabricadas por este processo
para avaliações consistentes de engenharia. Alguns grupos no exterior têm utilizado tais
técnicas como, por exemplo, em Ylönen (2013) e In, Shin e Lee (2015) para estudos em
grades espaçadoras. No Brasil, entretanto, ainda não existem grupos que desempenhem
tais atividades. Por essa razão este trabalho se propõe a utilizar essa técnica como meio
de desenvolvimento tecnológico de uma grade espaçadora nacional.
32
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
água em seu interior transforma-se no vapor responsável por girar as turbinas acopladas
aos geradores de energia elétrica. O vapor remanescente na saída da turbina é condensado
no trocador de calor do circuito terciário.
Essa foi uma breve descrição sobre o funcionamento global de um reator nuclear
de potência do tipo PWR. A seguir serão fornecidos maiores detalhes sobre os principais
dispositivos presentes no núcleo de um reator de potência PWR, os elementos combustíveis
nucleares.
16x16 varetas ou 17x17 varetas. As grades espaçadoras são responsáveis por manter o
espaçamento entre as varetas e também contribuem para garantir a integridade estrutural
do ECN. Várias grades são dispostas axialmente ao longo do feixe de varetas. Portanto a
combinação destes dispositivos é denominada de ECN.
da perda de carga e de turbulência. Estes estudos têm contribuído tanto para a obtenção
da eficiência como também para garantir a segurança em uma central nuclear (CHUNG,
1998),(CARAGHIAUR; ANGLART; FRID, 2009),(NAVARRO; SANTOS, 2011),(HAN;
YANG; ZHA, 2018).
As grades fixam as varetas por meio de molas que possibilitam a expansão axial
diferencial entre as varetas. Dessa maneira as varetas podem deformar sem que haja tensão
excessiva devido à expansão.
Em um mesmo ECN pode haver diferentes tipos de grades espaçadoras. Algumas
dessas grades possuem elementos misturadores em suas estruturas que são responsáveis por
causar desvios no percurso do escoamento de água. Devido à esses desvios o escoamento
turbulento é intensificado e contribui para a melhoria da transferência de calor.
Na Fig. 2.3 adaptada do trabalho de Powell et al. (2018) é apresentado o compor-
tamento do escoamento de água após passar por uma grade espaçadora.
Figura 2.3 – Mistura cruzada e por rotação provocado pelas grades espaçadoras.
movimento cruzado que se desloca do subcanal 3 para 1 e outro de 2 para 4). Dois exemplos
de mistura por rotação estão representados em vermelho (no interior dos subcanais 2 e 4).
De acordo com a geometria, as grades podem ser divididas em dois grupos: aletadas
ou de canais. Na Fig. 2.4 podem ser vistos estes dois modelos.
Figura 2.4 – Grades espaçadoras com aletas (A) e sem aletas (B).
Em (A) está representado o modelo de grade com aletas, e em (B) está representado
um modelo de canais. As grades espaçadoras presentes nos ECN da usina de Angra 1 são
do tipo aletada, e as grades de Angra 2 são do tipo de canais. Na Fig. 2.5 são apresentados
alguns elementos que são semelhantes e outros que diferem esses dois tipos de grades
espaçadoras.
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 37
aletas são observados padrões elípticos e circulares dependendo da distância que se mede o
escoamento a partir da grade. Em diversos trabalhos é possível notar essas características,
como, por exemplo, nos trabalhos de In et al. (2015) e Chang, Kim e Song (2014).
Outros estudos investigaram padrões observados no escoamento a partir de técnicas
de medições diferentes do PIV ou LDV como por exemplo o WMS - Wire Mesh Sensor
- Sensores de Malha de Eletrodos utilizado por Ylönen (2013) e o LIF - Laser Induced
by Flourescence - Fluorescência Induzida por Laser, utilizado por Li et al. (2019). De
maneira bastante sucinta, o WMS é uma técnica de medição intrusiva, capaz de medir
efeitos de mistura no escoamento a partir de eletrodos introduzidos nele. O WMS é uma
evolução do HWA, pois é capaz de fornecer informações mais detalhadas do escoamento.
No caso do LIF se trata de uma técnica de medição não intrusiva que também é capaz de
fornecer informações sobre os efeitos de mistura no escoamento a partir de traçadores que
emitem radiação luminosa em frequências específicas do espectro quando são iluminadas
por laser. A radiação emitida pelos traçadores são captadas por uma câmera de alta
resolução. No WMS também são introduzidos traçadores no escoamento, porém eles
sofrem interferência física devido à presença de sensores no escoamento responsáveis pela
medição do comportamento dos mesmos. Essas técnicas possuem funcionamentos distintos
em relação ao PIV e LDV, porém fornecem informações do escoamento similares no que
se refere aos efeitos de mistura.
Mesmo nos trabalhos que apresentam dados completos do escoamento é possível
notar a necessidade de se avaliar regiões específicas, principalmente nas regiões próximas
às aletas, molas e dimples. Como exemplo, Li et al. (2019) perceberam que o movimento
induzido pelas aletas no escoamento nas suas proximidades não é uniforme. O escoamento
observado nas proximidades das molas é mais intenso do que o observado nas proximidade
dos dimples. A explicação dos autores está no fato de que os dimples oferecem uma
resistência maior ao escoamento por possuírem uma área maior comparada à das molas.
A grandeza mensurada pelos autores foi a concentração relativa (RC) e o coeficiente de
variação no espaço e tempo da mistura, ambas associadas à difusão do traçador a jusante
das grades espaçadoras.
O conhecimento das nuances presentes no escoamento permitem que projetos de
aprimoramento das grades espaçadoras sejam executados, assim como também caracte-
rísticas relacionadas com a disposição desses componentes nas seções de testes e como a
alteração dos mesmos poderá resultar em melhorias nos projetos.
No entanto não basta apenas ser capaz de realizar experimentos e simulações
numéricas em regiões específicas no escoamento. Também é necessário que as incertezas
das medições sejam apresentadas de maneira adequada. Nos últimos cinco anos percebeu-se
que os trabalhos passaram a mostrar de maneira detalhada as incertezas obtidas durante os
experimentos. Mas ainda são poucos os trabalhos que fornecem essa análise mais detalhada.
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 41
mente, o uso do LDV para caracterização do escoamento ainda tem se mostrado bastante
útil devido às suas vantagens em relação ao uso do PIV, por exemplo, em Kumara et al.
(2010). Inclusive um dos principais bancos de dados disponíveis para validação de códigos
de CFD foram fornecidos por medidas realizas com LDV.
No próximo capítulo será apresentada a metodologia utilizada para avaliação de
duas grades espaçadoras comerciais de reatores nucleares PWR a partir de medições
realizadas principalmente por meio de um LDV-2D. Essa metodologia será aplicada
para avaliar a viabilidade do uso de grades espaçadoras fabricadas por impressão 3D no
desenvolvimento tecnológico de grades espaçadoras nacionais.
Tabela 2.1 – Principais trabalhos que avaliaram seções de testes com múltiplos Re
Referência Fluido Re [103 ] Técnica Principais grandezas Tipo de grade
Rowe, Johnson e Knudsen Água 50, 100 e 200 LDV w e u0 Sem grade
(1974)
Nagayoshi e Nishida (1998) Ar 50, 80, 100 e 120 HWA w, v 0 e w0 convencional de BWR
Caraghiaur, Anglart e Frid Água 25, 32 e 42 LDV ∆P , w, v 0 e w0 com aletas
(2009)
Hosokawa et al. (2012) Água 12.5, 18.75 e 25 PIV / MIR w, w0 , kx,y,z Sem grade
Ylönen (2013) Água 9.8, 28, 40 e 51 WMS Ω com aletas (impressa)
Xiong et al. (2014) Água 15.2 e 29.9 LDV-3D 0
u , v 0 e w0 Sem aletas
Principais trabalhos realizados entre 2015 e 2020
3 METODOLOGIA
Uma representação simplificada do circuito utilizado pode ser visto na Fig. 3.3.
Nesse circuito, uma bomba de 15HP (50 m.c.a.) de potência foi utilizada para propelir
água de um reservatório de 1000 litros de capacidade para a seção de testes. Um inversor
de frequências foi ligado a essa bomba para permitir a variação da vazão e assim, obter Re
distintos durante os testes. As seções de testes utilizadas nesse circuito foram compostas
por um feixe de 5x5 varetas com quatro grades espaçadoras presentes ao longo de sua
estrutura. Para garantir que a temperatura da água fosse mantida à 25◦ C ± 1◦ C durante
a realização dos testes nesse circuito, foi utilizado um trocador de calor (Chiller).
Capítulo 3. METODOLOGIA 46
Na Fig. 3.7 estão representadas as principais dimensões utilizadas nas seções ST1 e
ST2. A Tab. 3.1 sintetiza tais informações.
1
Técnico e projetista no CDTN/CNEN.
Capítulo 3. METODOLOGIA 50
ST1 ST2
Dimensão Valor [mm] Incerteza [mm] Valor [mm] Incerteza [mm]
Lt 2350,0 1,0 2289,0 1,0
Lv 1850,0 1,0 1615,1 1,0
Lg 523,0 1,0 545,0 1,0
Lc 200,0 0,5 200,0 0,5
H 68,35 0,05 76,2 0,05
Fonte: Elaborado pelo autor.
diâmetro das varetas presentes na ST2 são 16,07% e 17,6% respectivamente maiores do
que as dimensões da ST1, isso resultou numa região de medição maior.
Outra diferença entre as duas montagens está no número de acessos disponíveis
(taps) nas laterais destinadas a conectar os engates rápidos dos transdutores diferenciais
de pressão utilizados. Na ST1, 19 orifícios foram feitos em uma das duas laterais de aço
inoxidável e na ST2 foram feitos 4 orifícios para medição das perdas de pressão em uma
lateral de acrílico.
Essa grade impressa foi elaborada para ser do mesmo modelo que a avaliada do
tipo canal. Um dos fatores que justificaram esse modelo de grade está relacionado com
a integridade estrutural dos dispositivos de mistura, pois, o modelo com aletas poderia
sofrer deformações, caso o material testado não fosse estruturalmente consistente. Então
foram testados dois tipos de técnicas para fabricação da grade espaçadora impressa, uma
direta e outra indireta.
A primeira técnica avaliada foi a FDM - Fused Deposition Modelling - Modelagem
por Fusão e Deposição através de uma impressora 3D. Consistiu na obtenção direta da
grade após ter sido confeccionada camada por camada através da fusão de filamento. Para
confecção dessa grade impressa, foram testados pelo menos quatro tipos de materiais sendo
eles, ABS, HIPS, PLA 1 e TRITAN 2 . O primeiro material testado foi o ABS Acrylonitrile
Butadiene Styrene - Acrilonitrila Butadieno Estireno, pois, alguns trabalhos na literatura
como, por exemplo, em Ylönen (2013) haviam utilizado esse mesmo material. No entanto,
o HIPS - High Impact Polystyrene - Poliestireno de Alto Impacto, foi o material que
melhor atendeu as exigências e por isso foi o escolhido para confecção da grade impressa.
Essa foi a técnica escolhida para fabricação do protótipo de grade impressa testada.
Após a escolha da técnica e dos materiais apropriados, a grade foi fabricada e em
seguida foram necessários outros cuidados com relação à possíveis defeitos de fabricação.
Por exemplo a deposição excessiva de material no interior dos canais da grade. Então, o
excesso foi lixado e com o auxílio de um projetor de perfil foi possível visualizar melhor esses
defeitos. Na Fig. 3.9 pode ser visto detalhes de estruturas presentes na grade, visualizadas
1
PLA - Polylactic Acid - Ácido Poliático
2
TRITAN é mais conhecido como Nylon
Capítulo 3. METODOLOGIA 53
Figura 3.10 – Mapeamento dos elementos da grade impressa nas proximidades da região
de medição.
Tabela 3.2 – Dados da medida dos elementos localizados no topo da grade impressa e
indicados na Fig. 3.10
Tabela 3.3 – Dados da medida das espessuras das regiões da grade impressa indicadas na
Fig. 3.10.
Uma segunda técnica foi avaliada para fabricação de grade utilizando impressão
3D. Essa segunda técnica consistiu na confecção de um molde construído em impressora
3D a ser preenchido por uma cola acrílica (do tipo S330) e posteriormente, esse molde foi
dissolvido em água. Na Fig. 3.11 é possível ver uma grade 2x2 fabricada com essa técnica.
3.2 Instrumentação
3.2.1 Sistemas de medição da vazão, pressão e temperatura
A vazão foi determinada através da perda de carga causada por uma placa de
orifício confeccionada segundo a norma ISO 5167-1 (5167-1, 1991) . Podem ser observados
na Fig. 3.12 os principais dados da placa de orifício utilizada. A partir da vazão, foram
determinados os números de Reynolds para cada teste específico.
Figura 3.12 – Principais dimensões da placa de orifício utilizada.
e a incerteza obtida foi de ±0, 48◦ C. Para monitoramento da temperatura ambiente foi
utilizado um termopar do tipo K cuja incerteza corresponde a ±2, 2◦ C . Esses termopares
foram calibrados seguindo procedimentos internos utilizados pelo laboratório (NAVARRO,
2012).
Os sinais provenientes da instrumentação utilizada para a aquisição de dados
relacionados com a pressão e temperatura foram captados por um sistema de amplificação
(placa PCLD-789D). Essa placa possui um ganho de 50 com ±0, 0244% da faixa. Foi
utilizado um sistema de conversão de sinal (PCL-818HD) com 1 ±0, 01% de ganho. Ambas
as placas utilizadas são Advantech. A conversão final de sinal para valores com as unidades
desejadas foi obtida por um programa escrito na linguagem BASIC desenvolvido pela equipe
do próprio laboratório. Esse programa recebeu o nome de FEIXE. Com esse programa
foi possível acompanhar em tempo real os parâmetros relacionados ao escoamento. Por
exemplo, as temperaturas nas regiões da seção de testes e placa de orifício, pressão
do sistema, vazão e perda de pressão obtida pelos transdutores de pressão. A tela de
monitoramento dessas grandezas é apresentada na Fig. 3.13.
Para medição das componentes de velocidade pela lateral da seção de testes foi
utilizada uma lente de distância focal igual a 400,7 mm e para medição das componentes
Capítulo 3. METODOLOGIA 59
de velocidade através do topo da seção de testes foi utilizada uma lente de distância focal
igual a 159,6 mm. Note que estas lentes possuem valores bem próximos aos apresentados
no Quadro 2.
Pode-se observar no quadro 2 que dependendo da lente escolhida as dimensões do
volume de medição também irão alterar.
As dimensões dx, dy, e dz do volume de medição podem ser obtidas a partir das
Eq. 3.1, Eq. 3.2 e Eq. 3.3 (ZHANG, 2010).
δy = 4F λ/πEDL (3.2)
n1
sen(β) = sen(α) (3.4)
n2
O índice de refração da água foi calculado a partir da Eq.3.5 de acordo com o
IAPWS - International Association for the Properties of Water and Steam (HARVEY;
GALLAGHER; SENGERS, 1998).
2ρC + 1
s
nágua = (3.5)
1 − ρC
Onde C é dado por,
a4 a5 a5
C = a0 + a1 ρ + a2 T + a3 λ 2 T + + 2 + 2 + a7 ρ 2 (3.6)
λ2 λ − λ UV
2 λ − λ2 IR
A Tab. 3.5 fornece os parâmetros necessários para serem utilizados na Eq. 3.5.
λ∗ = 589nm
Fonte: (HARVEY; GALLAGHER; SENGERS, 1998).
A Eq. 3.5 é válida para as condições cujos parâmetros possuem as seguintes faixas:
Dessa forma os feixes laser incidiram na seção de testes através de duas posições
distintas. Em (A) a sonda LDV-2D está posicionada pela lateral da seção de testes e em
(B) pelo topo. Na seção 3.3 e 3.4 será apresentada a matriz experimental definida para
ambos os posicionamentos (A) e (B).
Nas seções 3.3 e 3.4 serão descritos os procedimentos para medição dos perfis de
velocidade pela lateral e pelo topo da seção de testes respectivamente. Os resultados
referentes aos perfis de velocidades w e v apresentados para a sonda LDV-2D posicionada
pela lateral da ST1 foram obtidos do trabalho de Castro (2016). Esses resultados serão
comparados com as medições obtidas através do acoplamento da sonda pelo topo da ST1
e também com resultados na ST2.
18, 73Dh, onde Dh é o diâmetro hidráulico da seção de testes. Estes testes foram realizados
para Re = 27x103 . A componente de velocidade w está orientada ao longo da direção z
e a componente v na direção y. Esses eixos estão definidos na Fig. 3.19. A seguir serão
apresentados os passos para satisfazer essas condições.
Na fig 3.19 a) é apresentada a vista frontal da seção de testes e das regiões acima
da grade espaçadora por onde o relógio comparador se deslocou. O relógio comparador
se deslocou com auxílio da mesa-xyz em quatro alturas normalizadas: 1, 22Dh, 2, 44Dh,
7, 33Dh e 18, 73Dh. Essas alturas normalizadas foram escolhidas para a realização dos
testes. Inclusive foram as mesmas alturas mensuradas em Castro (2016). Porém, não foram
realizadas medições para a altura normalizada 18, 73Dh através do topo da ST1. Para
cada altura normalizada, o relógio se deslocou uma distância igual a 4, 89Dh ao longo do
eixo-y. Pelo eixo-z o relógio se deslocou 17, 51Dh. Nas Fig. 3.19 b) e c) estão representadas
as distâncias percorridas pelo relógio comparador, considerando os desalinhamentos a
serem corrigidos entre os planos-zx e yx com os eixos correspondentes aos da mesa-xyz.
Devido ao desalinhamento, foi possível detectar uma variação d em cada um desses pares
ordenados. Para cada uma das variações d mensuradas foram obtidos os ângulos θ1 e
Capítulo 3. METODOLOGIA 67
θ2 . De posse desse valor associado ao desalinhamento dos eixos foi possível corrigi-los na
mesa-xyz, pois a mesma possui um sistema de ajuste. Na Tab. 3.6 estão representados os
valores obtidos após ter sido realizado o ajuste na mesa-xyz.
z θ1 [◦ ] θ2 [◦ ] θmédio [◦ ]
1, 22Dh 0,019 0,031 0,025
2, 44Dh 0,19 0,0057 0,098
7, 33Dh 0,016 0,029 0,022
18, 73Dh 0,095 0,0023 0,049
Fonte: Elaborado pelo autor.
Além do alinhamento entre os eixos da meza-xyz com a seção de testes, foi necessário
verificar outros alinhamentos, como o do feixe de varetas com a grade espaçadora, conforme
pode ser observado na Fig. 3.20.
Após ter sido verificado o alinhamento entre os eixos da mesa-xyz com a seção de
testes e dos feixes de varetas com a grade espaçadora, o mesmo foi feito para alinhar os
feixes laser do LDV com a região de medição entre o feixe de varetas.
Com a sonda LDV fixada na mesa-xyz inicia-se a segunda parte dessa metodologia
de alinhamento. Nessa etapa, a principal tarefa consiste em utilizar a interferência dos
feixes do laser com três superfícies: 1) com o feixe de varetas, 2) com a parede interna do
acrílico e 3) com a grade espaçadora. Utilizou-se recurso visual e também os parâmetros
dos sinais coletados do laser no programa BSA FLOW ao acompanhar a movimentação da
mesa-xyz, onde a sonda LDV está acoplada. Foram necessários alguns cuidados durante
a realização do alinhamento por interferência, como por exemplo a utilização de óculos
Capítulo 3. METODOLOGIA 68
do foco dos feixes do LDV com a parede interna de acrílico. Então, a posição de referência
(0, y, z) é registrada quando o foco tangencia a parede interna do acrílico.
Figura 3.22 – Representação do encontro dos feixes do LDV com a parede de acrílico.
Para determinar o centro de cada subcanal foi preciso deslocar a mesa-xyz lateral-
mente, isto é, ao longo do eixo-y. Foi necessário deslocar a mesa-xyz para dois afastamentos
laterais máximos, à esquerda e à direita em cada subcanal. O ponto médio entre esses dois
deslocamentos máximos foi associado com a posição central do subcanal, ou seja, (x, 0, z).
Estão representadas na Fig. 3.23 duas fotografias tiradas em dois instantes distintos. A
primeira representa a passagem plena dos feixes do LDV no interior de um subcanal. A
segunda mostra o instante em que um dos feixes tangencia uma das varetas e portanto um
dos feixes fica com a sua intensidade reduzida ao ser projetado no anteparo posicionado
na parte posterior da seção de testes. Como serão três subcanais avaliados, para cada
subcanal terá um valor associado. O subcanal 1 foi escolhido como o subcanal de referência,
isto é, sua posição corresponde à (x, 0, z). Os subcanais 2 e 3 recebem os valores (x, 1p, z)
e (x, 2p, z) respectivamente.
Capítulo 3. METODOLOGIA 70
Na Fig. 3.24 está representado um esquema que utiliza esse efeito de interferência
dos feixes com as varetas para determinação do centro do subcanal.
da matriz experimental de pontos para ser lido pelo programa que controla o sistema de
deslocamento automático da mesa-xyz. Foram determinados dois limites, um próximo da
região da parede e outro onde os feixes laser tangenciam as varetas conforme pode ser
observado na Fig. 3.25. Para efeitos práticos após ter sido encontrada a posição (0, y, z)
correspondente à posição onde os feixes formam foco na parede interna de acrílico, foi
determinado um novo ponto de referência correspondente àquele entre o primeiro par
de varetas, isto é, (0, 77Dh, y, z). Portanto, essa região passou a ser a nova posição de
referência (0, y, z).
Figura 3.26 – Detalhe do posicionamento do LDV pelo topo das ST1 e ST2
A distância entre a sonda LDV e a placa de acrílico necessária para que a região de
medição ficasse a 0, 40Dh das extremidades das varetas foi de 5, 7Dh. A partir desse valor
foi realizado um posicionamento manual da grade ao longo do feixe de varetas. Maiores
detalhes sobre esse procedimento de deslocamento manual das grades poderá ser visto na
subseção 3.4.3.
Para determinar o eixo de referência correspondente a x = 0 utilizou-se a interfe-
rência dos feixes com a placa superior de aço inoxidável que serve de fixação das varetas.
Na Fig. 3.27 é representada uma das etapas para alinhar os dois pares de feixes laser com
a lateral da placa de aço inoxidável. Primeiramente os feixes são posicionados na lateral
da placa de inox e posteriormente, o eixo dos feixes são alinhados com essa lateral de
tal maneira que um dos pares fique paralelo com a lateral. Em seguida é realizada uma
movimentação em dois sentidos para determinação do centro dos feixes.
O eixo de referência y = 0 foi obtido após dois deslocamentos máximos dos feixes
do LDV ao longo do eixo − y. O ponto médio destes deslocamentos passou a ser o ponto
y = 0. Essas etapas para obter y = 0 podem ser vistas na Fig. 3.28.
grade por vez e as distâncias de interesse foram conferidas com auxílio de uma régua de
precisão e de um paquímetro. Ao final de cada deslocamento de grade, a ortogonalidade
das mesmas em relação ao feixe de varetas foi verificada, através de um esquadro também
de precisão. Foram realizados três conjuntos de medições com paquímetro para 10 posições
de referência. Esse procedimento foi realizado para garantir o correto posicionamento da
grade e para determinação da componente de incerteza em relação à região de medição e
à grade espaçadora.
Embora esse dispositivo não tenha sido utilizado para deslocar todas as grades de
maneira simultânea, ele possui algumas vantagens, tais como, realizar menos força para o
deslocamento reduzindo o risco de danos. As dimensões desse dispositivo permitem que o
mesmo seja utilizado para deslocar grades de diferentes dimensões.
3.4.4 Matriz experimental para medição de u e v pelo topo das ST1 e ST2
A matriz experimental construída para medições dos perfis de velocidade pelo topo
das seções de testes ST1 e ST2, seguiu procedimentos análogos aos utilizados para elaborar
a matriz para medir pela lateral. Ou seja, após os procedimentos de alinhamento, foram
obtidos os limites disponíveis na região de medição. Os testes foram realizados para as
mesmas quatro alturas a jusante da grade espaçadora utilizadas pela lateral (1, 22Dh,
2, 44Dh, 7, 33Dh e 18, 73Dh). Na Fig. 3.30 pode ser visto um esquema que representa a
posição da sonda LDV pelo topo da seção de testes.
Capítulo 3. METODOLOGIA 76
Figura 3.30 – Esquema das regiões de medição pelo topo das seções de testes ST1 e ST2
Para realizar essas medições de topo, a sonda LDV permaneceu em uma posição fixa
no eixo-z (altura) de maneira que o seu deslocamento automático, por meio da mesa-xyz,
só ocorreu ao longo de um plano. Na Fig. 3.31 são mostrados os limites de deslocamento
da sonda. Sendo, 0 ≤ x ≤ 2 no eixo-x e −0, 5 ≤ y ≤ 0, 5 no eixo-y.
A Fig. 3.31 representa a região de medição detalhada. Para a ST1 o plano foi
composto por 505 pontos sendo que desses, 51 pontos foram escolhidos ao longo do eixo
y/p = 0 e outros 25 pontos ao longo do eixo x/p = 1, 5.
A região de medição da ST2 contém uma quantidade maior de pontos do que a ST1
em virtude das dimensões da ST2 serem maiores do que as da ST1. Foram distribuídos
777 pontos ao longo de dois subcanais de centro para a ST2. Na ST1 foram utilizados 505
pontos.
O conjunto de pontos apresentados na região central (em vermelho) correspondente
a y/p = 0 corresponde à mesma região utilizada na medição pela lateral. Essa região
central corresponde ao subcanal 2 para a ST1 e para a ST2 é equivalente ao subcanal 1
devido à diferença de dimensões entre as seções de testes. Os demais pontos representados
em verde foram mensurados apenas pelo topo da seção de testes. Com isso, foi possível
comparar as medidas laterais com aquelas feitas pelo topo da seção de testes.
Figura 3.32 – Histogramas obtidos de um dos testes com boa qualidade de sinal
Tabela 3.7 – Parâmetros do LDV para obtenção dos perfis de velocidade pela lateral da
seção de testes.
Tabela 3.8 – Parâmetros do LDV para obtenção dos perfis de velocidade pelo topo da
seção de testes
Note que os valores ajustados para os perfis de velocidades laterais foram seme-
lhantes. No entanto, os valores obtidos pela lateral da seção de testes foram distintos.
Isso ocorre devido à diferença de magnitude entre os perfis de velocidade axial e lateral.
Esses parâmetros apresentaram ligeiras variações durante a realização dos experimentos.
No entanto esses valores apresentados na Tab. 3.8 foram os mais comuns. Alguns fatores
externos podem ter sido responsáveis pelas ligeiras alterações, como por exemplo a tempe-
ratura e umidade relativa do ar. Se a umidade relativa do ar, durante a realização dos
experimentos, estivesse próximo de 70% os sinais obtidos pelo LDV-2D eram afetados. A
temperatura interna do equipamento não poderia atingir uma temperatura acima de 35◦ C.
Por essa razão foi necessário manter o equipamento em um ambiente com temperatura e
umidade relativa do ar monitoradas por um higrômetro digital.
Essa aquisição de dados obtidos através do LDV-2D foi obtido de maneira simultâ-
nea com o sistema de aquisição de dados do regime do escoamento apresentado no final da
subseção 3.2.1 (Programa FEIXE).
Capítulo 3. METODOLOGIA 80
• Uma matriz de pontos correspondentes à região escolhida para realização das medições
foi inserida em cada um dos sistemas.
Esse procedimento se repete de maneira automática até que toda a matriz de pontos
seja concluída. A quantidade de pontos varia de acordo com a região a ser mensurada e
também de acordo com a seção de testes utilizada conforme foi explicado na subseção 3.1.2.
Os programas que realizaram a comunicação entre esses computadores foram desenvolvidos
no CDTN através da plataforma LabVIEW 3 .
Antes de iniciar a aquisição de dados, alguns procedimentos de verificação da
intensidade do laser gerado pelo LDV e do alinhamento do mesmo tiveram que ser
realizados. Se a intensidade de algum dos feixes estivesse fora das condições normais
de operação, era então necessário realizar um ajuste prévio. Percebeu-se que a umidade
relativa do ar deveria ser monitorada constantemente durante a realização dos testes,
pois valores de umidade relativa do ar acima de 70% afetava o funcionamento do LDV.
Em relação aos possíveis desalinhamentos, alguns procedimentos de alinhamento eram
realizados. Esses desalinhamentos serão explicados na próxima seção.
O programa FEIXE desenvolvido no ambiente DOS é o responsável por coletar e
registrar os dados do escoamento. Esse programa foi instalado em um terceiro computador
independente responsável por obter dados da temperatura, pressão e número de Reynolds.
O valor da velocidade média do escoamento na região da placa de orifício foi determinado
através da perda de carga em uma placa de orifício.
A gravação dos dados dos perfis de velocidade através do LDV-2D só foi iniciada após
ter sido confirmado que o escoamento alcançou um regime completamente desenvolvido.
3
https://www.ni.com/pt-br.html
Capítulo 3. METODOLOGIA 81
Figura 3.34 – Detalhe das posições para medição da perda de pressão na seção de testes.
2∆P
K= (3.7)
ρv 2
Onde, ∆P é a perda de pressão medida através dos transdutores de pressão, ρ
a densidade da água obtida através de dados de pressão e temperatura da água e v a
velocidade média do escoamento dado por hwi.
Capítulo 3. METODOLOGIA 82
√
u2 + v 2
SF = (3.8)
hwi
w0
Iw = (3.9)
hwi
Onde,
u0 (t) é a flutuação de velocidade, u(t) é a velocidade instantânea e u é a velocidade
média.
As misturas cruzada (cross-flow) e por rotação (swirl-flow) foram avaliadas qualita-
tivamente por meio da avaliação dos padrões observados no plano vetorial das componentes
de velocidades laterias u e v.
De acordo com Hosokawa et al. (2012), a energia cinética de turbulência pode ser
avaliada pela Eq. 3.11
k = kx + ky + kz (3.11)
1 1 1
kx = u02 , ky = v 02 , kz = w02 (3.12)
2 2 2
A turbulência foi considerada isotrópica, então a terceira componente kz foi estimada
como a média das outras duas componentes medidas kx e ky . Nesse caso a turbulência foi
calculada pela Eq. 3.13.
1.5(u02 + v 02 )
k= (3.13)
2
A vorticidade, de acordo com Chang, Kim e Song (2014) poderá ser avaliada pela
Eq. 3.14.
!
∂(v) ∂(u)
ωz = − (3.14)
∂(x) ∂(y)
∆(v) ∆(u)
!
ωz = − (3.15)
∆(x) ∆(y)
!
vi,j+1 − vi,j−1 ui+1,j − ui−1,j
ωz = − (3.16)
xi+1,j − xi−1,j yi,j+1 − yi,j−1
Na Fig. 3.35 pode ser visto de maneira simplificada, o procedimento utilizado para
determinação da vorticidade.
Capítulo 3. METODOLOGIA 84
λ
Vi = fD (3.17)
2sin(θ/2)
Onde,
Capítulo 3. METODOLOGIA 85
Figura 3.36 – Diagrama de causa e efeito para as principais fontes de incertezas dos perfis
de velocidade.
v
u !2 !2 !2
u ∂Vi ∂Vi ∂Vi
uc (Vi ) = t
u(λ) + u(sin(θ/2)) + u(fD ) (3.18)
∂λ 2∂sin(θ/2) ∂fD
Onde,
u(λ) é a incerteza relacionada com o comprimento de onda gerado pelo laser.
u(sin(θ/2)) é a incerteza relacionada com a metade do ângulo de encontro entre os feixes
do laser. u(fD ) é a incerteza relacionada com a frequência Doppler.
Então, a componente de incerteza combinada da velocidade uc (Vi ) pode ser expressa
como,
Capítulo 3. METODOLOGIA 86
v
u !2 !2 !2
u fD cos(θ/2)λfD λ
uc (Vi ) = t
u(λ) + − u(sin(θ/2) + u(fD )
2sin(θ/2) 4sin2 (θ/2) 2sin(θ/2)
(3.19)
Alguns estudos como, por exemplo, ITTC (2008) recomendam que a componente
de incerteza u(λ) pode ser negligenciada, por possuir pequena magnitude devido às
características ópticas de geração do laser. Sendo assim, restarão somente as componentes
relacionadas com o ângulo de encontro entre os feixes e a frequência Doppler. Na Eq.3.20
pode ser verificada esta consideração.
v
u !2 !2
u cos(θ/2)λfD λ
uc (Vi ) = t
− u(sin(θ/2) + u(fD ) (3.20)
4sin2 (θ/2) 2sin(θ/2)
v
u !2 !2
u ∂sin(θ/2) ∂sin(θ/2)
u(sin(θ/2)) = t
u(D) + u(F ) (3.21)
∂D ∂F
q
u(fD ) = (uσ (V i ))2 + (udes )2 (3.22)
onde,
uσ (V i ) é a incerteza padrão amostral do perfil de velocidade médio Vi para N
observações ou testes realizados e udes a incerteza relacionada com o desalinhamento entre
os eixos.
Os valores dos perfis de velocidades foram determinados a partir de observações
independentes, cujas variações foram de duas a oito. A componente (uσ (V i )) foi calculada
segundo a Eq.3.23 baseada na norma GUM (2008).
v
!2
S(V i )
u
u
uσ (V i ) = t √ (3.23)
N
cos(ψ) −sen(ψ) 0
RZ (ψ) = sen(ψ) cos(ψ) 0 (3.24)
0 0 1
1 0 0
Rx0 (θ) = 0 cos(θ) −sen(θ) (3.25)
0 sen(θ) cos(θ)
cos(φ) 0 −sen(φ)
Ry0 (φ) = 0 1 0 (3.26)
−sen(φ) 0 cos(φ)
Para cada eixo foi avaliada uma incerteza de desalinhamento do ângulo igual a
0, 25◦ . A incerteza combinada deste ângulo é apresentada na Eq. 3.27.
q
α= uψ 2 + uθ 2 + uφ 2 = 0, 433◦ (3.27)
cos2 (α) − sen3 (α) −cos(α)sen(α) cos(α)sen(α) + cos(α)sen2 (α)
Rzx0 y0 (α) = cos(α)sen(α) + cos(α)sen2 (α) cos2 (α) sen2 (α) − cos2 (α)sen(α)
−cos(α)sen(α) sen(α) cos2 (α)
(3.28)
→
−
Quando se aplica a matriz Rzx0 y0 (α) no vetor velocidade V (u, v, w), esse vetor por
sua vez será obtido em outro sistema de coordenadas. E a representação desse vetor nesse
→
−
novo sistema de coordenadas será V des (u, v, w). Esse sistema de coordenadas pode ser
observado na Eq.3.29.
→
− →
−
Rzx0 y0 V (u, v, w) = V des (u, v, w) (3.29)
→
−
O vetor velocidade V des (u, v, w) pode ser reescrito como,
(cos2 (α) − sen3 (α))u + (−cos(α)sen(α))v + (cos(α)sen(α) + cos(α)sen2 (α))w
Rzx0 y0 (α) = (cos(α)sen(α) + (cos(α)sen2 (α))u + (cos2 (α))v + (sen2 (α) − cos2 (α)sen(α))w
(−cos(α)sen(α))u + (sen(α))v + (cos2 (α))w
(3.30)
Capítulo 3. METODOLOGIA 89
→
−
Então a variação entre os vetores velocidade V (u, v, w) (sistema de coordenadas
→
−
original) e V des (u, v, w) (sistema de coordenadas rotacionado) corresponde à componente
de incerteza devido ao desalinhamento (udes ).
Note que na Eq.3.30 as únicas componentes de incerteza de desalinhamento consi-
deradas foram (u) e (v).
Reµ
< w >= (3.31)
ρDh
Figura 3.39 – Diagrama de causa e efeito para as principais fontes de incertezas da veloci-
dade média do escoamento.
A componente de incerteza combinada uc (< w >) pode ser obtida pela Eq. 3.32.
r 2 2 2 2
uc (< w >) = ∂<w>
∂Re
u(Re) + ∂<w>
∂µ
u(µ) + ∂<w>
∂ρ
u(ρ) + ∂<w>
∂DH
u(Dh)
(3.32)
Capítulo 3. METODOLOGIA 90
v
!2 !2
uc (Vi ) −Vi uc (< w >)
u
u
UN (V ) = k t
+ (3.33)
<w> < w >2
Figura 3.40 – Diagrama de causa e efeito para as principais fontes de incertezas da veloci-
dade média do escoamento.
q
U (z) = k (u(dz)2 + u(σ)2 + u(cal)2 (3.34)
Capítulo 3. METODOLOGIA 91
Onde,
u(dz) é o comprimento do volume de medição (mostrado na seção), u(σ) a incerteza
padrão e u(cal) a incerteza de calibração.
O nível de confiança considerado também foi igual a 95%.
r 2 2 2
U (SF ) = k ∂SF
∂u
u(u) + ∂SF
∂v
u(v) + ∂SF
∂<w>
u(< w >) (3.35)
v
!2 !2
∂u0 ∂u0
u
u
u(u ) =
0 t
u(u(t)) + u(u) (3.36)
∂u(t) ∂u
Então, a Eq. 3.36 poderá ser reescrita conforme apresentado na Eq. 3.37
q
u(u0 ) = (u(u(t))2 + (u(u))2 (3.37)
Onde,
u(u0 ) é a componente de incerteza da velocidade média e u(u(t)) é a componente
de incerteza da velocidade instantânea.
O procedimento de avaliação da incerteza foi o mesmo usado para obtenção dos
perfis de velocidades médias u e v. Santos et al. (2019) realizaram uma avaliação de
incerteza para os tensores de Re bastante similar.
De acordo com as relações uu0 u0 , uv0 v0 e uu0 v0 obteve-se a componente de incerteza
combinada U c como pode ser visto nas Eqs.3.38, 3.39 e 3.40.
Capítulo 3. METODOLOGIA 92
Uc (v 0 v 0 ) = 2v 0 U (v 0 ) (3.39)
q
Uc (u0 v 0 ) = (u0 U (v 0 ))2 + (v 0 U (v 0 ))2 (3.40)
r 2 2
∂u0 u0 /(<w>)2 ∂u0 u0 /(<w>)2
UN (u u ) = k
0 0
∂u0
Uc (u )
0 + ∂<w>
Uc (< w >) (3.41)
r 2 2
∂v 0 v 0 /(<w>)2 ∂v 0 v 0 /(<w>)2
UN (v v ) = k
0 0
∂v 0
Uc (v 0) + ∂<w>
Uc (< w >) (3.42)
r 2 2 2
∂u0 v 0 /(<w>)2 ∂u0 v 0 /(<w>)2 ∂u0 v 0 /(<w>)2
UN (u v ) = k
0 0
∂u 0 Uc (u 0) + ∂v 0 Uc (v 0) + ∂<w>
Uc (< w >)
(3.43)
Onde, k é o fator de abrangência escolhido para um intervalo de confiança de 95%.
2. Mapa de calor associado ao ponto que representa a incerteza, exemplo na Fig. 3.42
4 RESULTADOS e DISCUSSÃO
Tabela 4.1 – Condições experimentais para obtenção dos perfis de velocidade u e v através
do topo da ST1.
Cada parâmetro representado na Tab. 4.1 representa a média dos testes obtidos
para as três alturas a jusante da grade aletada na ST1. Para cada altura foram realizados
cerca de 6 testes. Isso corresponde à um total de 18 testes por Re avaliado, exceto para
Re = 53, 67x103 . Na seção 4.2 será apresentada a repetitividade e consistência dos perfis
de velocidade obtidos com essas condições.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 95
Para cada Re e altura avaliados foram obtidas uma quantidade de amostras distintas,
conforme pode ser visto nas Figs. 4.1, 4.2 e 4.3.
z/Dh = 1, 22 Re [103 ] Uu /< w > Uv / < w > Uu0 u0 / < w >2 Uv0 v0 / < w >2 Uu0 v0 / < w >2
18,08 0,022 0,048 0,003 0,003 0,004
27,20 0,019 0,035 0,003 0,003 0,004
36,27 0,016 0,032 0,003 0,004 0,002
54,17 0,016 0,032 0,002 0,002 0,003
z/Dh = 2, 44 Re [103 ] Uu /< w > Uv / < w > Uu0 u0 / < w >2 Uv0 v0 / < w >2 Uu0 v0 / < w >2
18,23 0,011 0,041 0,022 0,048 0,002
27,30 0,013 0,030 0,019 0,035 0,003
36,39 0,011 0,030 0,016 0,032 0,003
53,58 0,012 0,031 0,016 0,032 0,003
z/Dh = 7, 33 Re [10 ] Uu / < w >
3
Uv / < w > Uu0 u0 / < w >2 Uv0 v0 / < w >2 Uu0 v0 / < w >2
18,20 0,009 0,034 0,001 0,001 0,002
27,28 0,011 0,026 0,002 0,001 0,002
36,38 0,010 0,025 0,002 0,001 0,002
53,25 0,011 0,023 0,002 0,001 0,002
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 4.3 – Condições experimentais para obtenção dos perfis de velocidade w e v através
da lateral da ST2.
Tabela 4.4 – Condições experimentais para obtenção dos perfis de velocidade u e v através
do topo da ST2.
Tabela 4.5 – Síntese da incerteza expandida normalizada dos principais parâmetros avali-
ados para as alturas ao longo da posição y/p = 0 para a ST2 com a grade
comercial do tipo canais.
Tabela 4.6 – Condições experimentais para obtenção dos perfis de velocidade u e v através
do topo da ST2 com a presença da grade impressa.
encontro dos feixes u(θ) assim como a componente referente ao comprimento de onda
u(λ) também possui um valor passível de ser negligenciável, pois a ordem de grandeza
dessa componente é 10−4 . Na Fig.4.4 pode ser observada a influência das componentes de
incerteza u(θ) e u(fD ) para as duas componentes de velocidades médias u e v para todas
as alturas e grades espaçadoras avaliadas.
Note que a componente de velocidade representada por u(θ) na Fig.4.4 é a mesma
componente u(senθ/2) descrita na Fig.3.36, apenas reescrita com uma sintaxe diferente.
Percebe-se ainda que para todas as alturas e grades espaçadoras avaliadas a componente
com maior influência é u(fD ). Os valores de incerteza relativas U u /u e U u /v possuem
magnitudes cerca de 50% menores para a grade aletada em relação às grades de canais e
impressa. Além disso, com o afastamento em relação à grade a incerteza relativa tende a
aumentar também.
A influência das componentes de incerteza padrão u(σ(Vi ) e relacionada com o
desalinhamento dos eixos u(Des) que compõem u(fD ) pode ser observada na Fig.4.5.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 100
Três alturas a jusante da grade espaçadora comercial aletada foram escolhidas para
obtenção dos perfis de velocidades lateriais u e v. O eixo normalizado y/p = 0 presente
em cada uma dessas alturas escolhidas contem 51 pontos.
Histogramas semelhantes aos que podem ser observados na Fig. 4.8, foram gerados
para cada um desses pontos.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 103
Figura 4.8 – Histogramas obtidos na posição normalizada (0p, −0.5p), do primeiro teste
para Re = 27x103 na altura de 1, 22Dh a jusante da grade presente na ST1.
Figura 4.9 – Perfil de velocidade (u) normalizado pela velocidade média do escoamento
(< w >) para as três alturas a jusante da grade espaçadora ao longo do eixo
y/p = 0.
Figura 4.10 – Perfil de velocidade (v) normalizado pela velocidade média do escoamento
(< w >) para três alturas a jusante da grade espaçadora ao longo do eixo
y/p = 0.
de velocidade obtidos para Re diferentes, eles foram normalizados pela velocidade média
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 105
do escoamento como pode ser visto na Fig. 4.9 e Fig. 4.10. Os parâmetros utilizados para
obtenção de w foram apresentados na seção 3.3.
Os perfis de velocidade apresentados nas Figs. 4.9 e 4.10 mostram uma tendência
de similaridade apesar de terem sido realizados para regimes de escoamento distintos,
isto é, números de Re diferentes. A magnitude da ordem de grandeza apresentada pelos
números de Re foi a mesma. Pode ser observado que a magnitude dos perfis de velocidades
u/ < w > e v/ < w > decaem com o afastamento da grade espaçadora.
As incertezas expandidas normalizadas dos perfis de velocidades u/ < w > e
v/ < w > que foram obtidas para os números de Re de 18x103 à 54x103 estão representadas
nas Figs. 4.9 e 4.10 através de uma área que acompanha esses perfis de velocidade, conforme
explicado na seção 3.9. A incerteza expandida normalizada para altura z/Dh = 7, 33
apresentou maiores valores ao longo de x/p para Re = 54x103 .
Nota-se que para as duas alturas mais próximas da grade espaçadora, z/Dh = 1, 22
e 2, 44 o comportamento se mostrou mais consistente entre si em comparação com a posição
z/Dh = 7, 33. Para a altura z/Dh = 7, 33 da Fig. 4.9 é observado que a consistência
é verdadeira para as posições próximas de x/p = 0. Mas, após x/p = 1, 3 há diferença
entre os perfis de velocidade para diferentes Re, principalmente para Re = 54x103 . No
entanto, a região (x/p = 1, 3) apresentou uma característica distinta entre os Re avaliados.
Inicialmente, a hipótese levantada foi a de que os feixes do LDV tivessem captado mais
ruídos devido à proximidade dos seus feixes com as paredes das varetas. Porém, conforme
poderá ser visto a seguir, essas diferenças também foram obtidas nas medições de campo
completo pelo topo da ST1.
Essas componentes de velocidades laterais u/ < w > e v/ < w > foram avaliadas
através das medições de campo completo conforme pode ser visto na Fig. 4.11.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 106
Figura 4.11 – Detalhes das estruturas presentes nas medidas de campo completo obtidas
para z/p = 1, 22 a jusante da grade aletada.
Nas Figs. 4.12, 4.13, 4.14 e 4.15 são apresentadas medidas de campo vetorial
formado pela soma das componentes de velocidades laterais (u) e (v). O vetor resultante
médio V foi normalizado pela velocidade média do escoamento (< w >). Uma característica
comum à todos os regimes de escoamento avaliados foi o amortecimento da resultante das
velocidades no plano com o afastamento em relação à grade espaçadora. Os movimentos
cruzados e rotacionais também mudam suas características com esse distanciamento em
relação à grade. Em z/Dh = 1, 22 é possível notar nitidamente, vórtices secundários no
interior do primeiro subcanal, porém esses mesmos vórtices foram dissipados ao chegar
na altura z/Dh = 7, 33. Nessa altura, os movimentos cruzados são predominantes. Essas
características foram observadas em todos os Re avaliados. As incertezas expandidas
normalizadas também foram apresentadas nessas medidas de campo. Nota-se que essas
incertezas expandidas normalizadas aumentam com o aumento de Re. De maneira que a
incerteza obtida em Re = 18x103 é menor do que para Re = 54x103 .
De forma análoga à observada nas Figs. 4.9 e 4.10, foram observadas sutis diferenças
no comportamento do escoamento para Re distintos. Nas Figs. 4.16, 4.17 e 4.18 podem ser
melhor visualizados o campo de velocidades para as alturas normalizadas 1, 22Dh, 2, 44Dh
e 7, 33Dh respectivamente.
Figura 4.16 – Campo vetorial de velocidades para z/Dh = 1, 22. Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO
1
Observe a localização desses vórtices secundários na Fig. 4.17.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 118
Nas Fig. 4.22, 4.23 e 4.24 observou-se um padrão segundo o qual, quanto maior a
diferença entre os Re observados, maior também será a diferença no comportamento do
escoamento relacionado. A maior diferença observada foi entre Re = 54x103 e Re = 18x103
e a menor entre Re = 54x103 e Re = 36x103 . Uma síntese desses resultados é apresentado
na Tab. 4.8.
Figura 4.25 – Tensor de Reynolds (u0 u0 ) normalizado por (< w >2 ) para três alturas a
jusante da grade aletada ao longo do eixo y/p = 0.
Figura 4.26 – Tensor de Reynolds (v 0 v 0 ) normalizado por (< w >2 ) para três alturas a
jusante de uma grade aletada ao longo do eixo y/p = 0.
Figura 4.27 – Tensor de Reynolds (u0 v 0 ) normalizado por (< w >2 ) para três alturas a
jusante da grade aletada ao longo do eixo y/p = 0.
Após observar essas medidas dos tensores de Re obtidas para o campo completo
percebeu-se que de fato existem sutis diferenças ao avaliar Re distintos. Algumas dessas
diferenças estão na magnitude e em sutis deslocamentos dos máximos no interior do
subcanal.
Assim como observado nos perfis de velocidades, a magnitude de todos os tensores
de Reynolds avaliados no campo, sejam eles normais ou cisalhantes, também decaíram com
o afastamento em relação à grade. Os tensores normais (u0 u0 ) e (v 0 v 0 ) também apresentaram
diferenças para Re distintos, isto é, tanto para Re = 18x103 quanto Re = 54x103 . Os
tensores normais (u0 u0 ) e (v 0 v 0 ) apresentaram maior intensidade em subcanais distintos.
Para os tensores cisalhantes (u0 v 0 ) possuem magnitudes menores com relação aos tensores
normais (u0 u0 e v 0 v 0 ). Os tensores cisalhantes não apresentaram um viés de magnitude
preferencial por um subcanal específico. Com relação à incerteza expandida normalizada
dos tensores de Reynolds avaliados, percebe-se que a incerteza é maior nas alturas mais
próximas da grade assim como também foi observado nas medidas ao longo do eixo y/p = 0.
Como os tensores avaliados possuem ordem de grandeza baixa comparada com os perfis
de velocidade, eles são mais sensíveis ou suscetíveis às influências de turbulência. Ou seja,
quanto maior for a turbulência maior também será a sua incerteza.
Os resultados para energia cinética de turbulência (k) foram avaliados e podem ser
vistos nas Figs. 4.34, 4.35, 4.36 e 4.37. Essa avaliação tem como objetivo complementar
essa análise preliminar sobre o comportamento do regime de escoamento de água para
múltiplos Re e de sua influência em grandezas como perfis de velocidades e tensores de
Reynolds.
Figura 4.34 – Energia Cinética de Turbulência (k) obtida em três alturas a jusante da grade espaçadora para Re = 18x103 . Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO
Assim como foi observado nas demais grandezas avaliadas, perfis de velocidade (u
e v) e tensores de Reynolds (u0 u0 , v 0 v 0 e u0 v 0 ) a energia cinética de turbulência (k) também
decai com o afastamento em relação à grade. A incerteza expandida normalizada de (Uk ),
apresentou um comportamento similar ao obtido para os tensores, isto é, a incerteza é
tanto maior quanto for o valor de (k).
Ao final das três primeiras seções desse capítulo, pode ser notado que todas as
grandezas avaliadas, perfis de velocidade, tensores de Re e energia cinética de turbulência
apresentaram variações no seu comportamento relativas ao regime de escoamento. Ou
seja, essas grandezas, para a faixa de 18x103 ≤ Re ≤ 54x103 , apresentaram diferenças
significativas.
Figura 4.38 – Comparação dos perfis de velocidade lateral médio v obtidos pela lateral e
topo da ST1 para a altura de 1, 22Dh.
Figura 4.39 – Comparação dos perfis de velocidade lateral médio v obtidos pela lateral e
topo da ST1 para a altura de 2, 44Dh.
Figura 4.40 – Comparação dos perfis de velocidade lateral médio v obtidos pela lateral e
topo da ST1 para a altura de 7, 33Dh.
Figura 4.41 – Comparação dos perfis de velocidade lateral médio v obtidos pela lateral e
topo da ST2 para 4 alturas a jusante da grade espaçadora comercial do tipo
canais.
Na Fig. 4.41, algumas posições, como por exemplo a altura z = 1, 22Dh apresentou
um maior valor de incerteza expandida normalizada comparada com as demais alturas.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 136
Como essa altura é a mais próxima da grade pode ter sido um dos fatores responsáveis do
maior valor de incerteza expandida normalizada. Pois, quanto mais próximo das regiões de
parede, os ruídos que surgem no sinal do LDV coletado se mostraram mais significativos.
Na posição z = 2, 44Dh alguns pontos apareceram ligeiramente deslocados.
Percebe-se que a magnitude da componente lateral mensurada pela lateral da ST2
se aproxima mais de zero do que a mesma componente mensurada pela lateral da ST1.
Além do mais, outras diferenças relacionadas com a flutuação de velocidades puderam ser
notadas quando comparadas as duas componentes de velocidades laterais u e v medidas
pelo topo das ST1 e ST2, conforme pode ser visto nas Figs. 4.42 e 4.43 respectivamente.
foi observado nas Figs. 4.42 e 4.43 a magnitude da componente u/hwi é maior do que
v/hwi.
perfis foram mensurados em quatro alturas a jusante das grades avaliadas. A grade testada
na ST1 foi a comercial do tipo aletada e na ST2 a comercial de canais.
Essa avaliação pela lateral das seções de testes (ST1 e ST2) pôde comprovar
a diferença de magnitudes das componentes laterais v. Mas apenas pela avaliação de
uma das componentes laterais não é possível expôr de maneira conclusiva a respeito do
comportamento dos movimentos laterais do escoamento. Por isso, há a necessidade de se
avaliar um campo de velocidades pelo topo das seções de testes, assim como foi feito na
seção 4.2 para a grade aletada.
Figura 4.53 – Tensor normal de Reynolds (u0 u0 ) normalizado pela velocidade quadrática
média (< w >2 ) para alturas a jusante das três grades espaçadoras ao longo
do eixo y/p = 0, para Re = 27x103 .
Figura 4.55 – Tensor cisalhante de Reynolds (u0 v 0 ) normalizado pela velocidade quadrática
média (< w >2 ) para alturas a jusante das três grades espaçadoras ao longo
do eixo y/p = 0, para Re = 27x103 .
Figura 4.62 – Campo de velocidades laterais (u) e (v) obtidas à 18, 73Dh a jusante das
grades espaçadoras de canais e impressa.
A magnitude do vetor resultante (V~ )no plano, decai com o afastamento em relação
à grade. Essa característica está presente tanto nas grades comerciais quanto na grade
impressa.
Para a grade aletada, tanto a magnitude de (V /hwi quanto a sua incerteza expan-
dida normalizada (U(V /hwi) ) foram maiores do que das outras duas grades.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 154
Assim como foi possível observar nas seções anteriores, o movimento lateral médio
decai com o afastamento da grade. Observa-se que o movimento lateral apresentado para
a grade comercial aletada avaliada é maior do que as outras duas grades. O movimento
secundário observado para as grades comercial de canais e impressa não apresentaram
diferenças significativas. No entanto, a incerteza expandida obtida para a grade impressa
foi menor.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 155
4.7 Resultados para o RMS das velocidades laterais (u) e (v) ob-
tidas através do topo das ST1 e ST2
Os desvios quadráticos médios (RMS-Root Squared Mean) das componentes de
velocidades laterais (u) e (v), isto é, urms e v rms respectivamente, também foram avaliados
para as três grades espaçadoras. Conforme pode ser visto na Fig. 4.64. Nota-se que,
assim como foi observado com outras grandezas, há um amortecimento tanto de urms
quanto de v rms para todas as grades com o afastamento em relação a grade. As grades
de canais e impressa apresentaram comportamentos semelhantes para uma quarta altura
18, 73Dh a jusante da grade. Nota-se que no caso da grade aletada quando a componente
urms é máxima a outra é mínima. Comportamento semelhante ao que foi observado na
avaliação dos tensores de Re normais u0 u0 e v 0 v 0 . Tanto a grade aletada quanto a impressa
apresentaram amplitudes significativas ao longo desse eixo avaliado, porém para a grade
de canais a amplitude foi mais suave.
Figura 4.64 – RMS das componentes de velocidades laterais (u) e (v) das três grades
avaliadas.
longo de um eixo para o plano se torna uma tarefa mais árdua. Essas flutuações da
velocidade urms e v rms também foram obtidas para o campo completo conforme poderá
ser visto a seguir.
As Figs. 4.65, 4.66, 4.67 e 4.68 representam a componente normalizada urms e
Figs. 4.69, 4.70, 4.71 e 4.72 as componentes v rms ambas com as suas respectivas incertezas
expandidas normalizadas.
Figura 4.65 – Campo de RMS da componente de velocidade lateral (u) obtida à 1, 22Dh a jusante das grades espaçadoras. Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO
Figura 4.68 – Campo de RMS da componente de velocidade lateral (u) obtida à 18, 73Dh
a jusante das grades espaçadoras de canais e impressa.
Figura 4.72 – Campo de RMS da componente de velocidade lateral (v) obtida à 18, 73Dh
a jusante das grades espaçadoras de canais e impressa.
Figura 4.73 – Intensidade de Turbulência I obtida a jusante das três grades avaliadas
Figura 4.74 – Energia Cinética de Turbulência k obtida a jusante das três grades avaliadas
Essas medidas também foram realizadas para o eixo central y/p = 0 para quatro
alturas normalizadas pelo diâmetro hidráulico Dh compreendido na faixa de 1, 22 ≤ Dh ≤
18, 73.
Percebe-se que kN possui intensidade maior nas posições mais próximas das grades
e decai ao se afastar a jusante dela. A grade que apresenta uma maior magnitude de
energia cinética de turbulência é a impressa e a de menor é a grade comercial de canais.
Resultados de kN também foram obtidos para três alturas (1, 22Dh, 2, 44Dh e
7, 33Dh) a jusante das três grades avaliadas e podem ser vistos nas Figs. 4.75, 4.76 e 4.77.
Figura 4.75 – Energia Cinética de Turbulência k obtida à 1, 22Dh a jusante das grades espaçadoras. Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO
Figura 4.78 – Comparação do coeficiente de perda de pressão médio K obtido para as três
grades espaçadoras testadas.
Note que o coeficiente de perda de pressão médio obtido para grade impressa foi
maior do que os obtidos para as grades comerciais.
Capítulo 4. RESULTADOS e DISCUSSÃO 171
Após uma avaliação prévia dos parâmetros relacionados com o movimento secun-
dário para as três grades espaçadoras, percebeu-se que SF da grade aletada é superior
ao das outras duas grades avaliadas como foi verificado nos resultados apresentados na
Fig. 4.63. E ao mesmo tempo, conforme foi observado na Fig. 4.78, a perda de pressão
pela grade aletada é menor do que o valor obtido para as demais grades avaliadas.
Portanto sob o ponto de vista termo-hidráulico, a grade espaçadora comercial
aletada é superior à grade comercial de canais e também com relação à grade impressa
avaliada.
No entanto, poderíamos avaliar a grade impressa com algum material que fosse tão
liso ou mais delgado quanto os materiais das grades comerciais avaliadas. Pois, o aumento
da perda de carga na grade impressa é devido principalmente à maior espessura, e também
à rugosidade relativa.
172
5 Conclusões
Neste trabalho foi realizada uma investigação experimental das características termo-
hidráulicas do escoamento de água através de grades espaçadoras comerciais presentes
em ECN representativos de reatores PWR. Essa investigação foi uma continuação dos
trabalhos de Santos (2012) e Castro (2016).
Os experimentos foram conduzidos em duas seções de testes, ST1 e ST2, ambas
compostas por feixes de 5x5 varetas. Na ST1 foi avaliada uma grade espaçadora comercial
do tipo aletada e na ST2 uma do tipo de canais. Foram avaliados os fenômenos de
turbulência e perda de pressão no escoamento de água principalmente a jusante das
grades comerciais. Os principais instrumentos de medição utilizados foram um LDV-2D e
quatro transdutores diferenciais de pressão. As principais conclusões obtidas para os testes
realizados na ST1 e ST2 foram:
também foi aplicado nas medidas a jusante da grade comercial de canais presente na
ST2, onde as componentes de velocidades laterais obtidas pelo topo e lateral foram
comparadas e também apresentaram resultados concordantes.
• A partir dos resultados obtidos para esse protótipo comprovou-se que é viável a
utilização do uso de prototipagem no desenvolvimento de novos elementos com-
bustíveis nucleares. Pois as características de fabricação da grade corresponderam
às expectativas, provocando um efeito desejável no escoamento a jusante da grade
impressa.
• Por fim, foi gerado um banco de dados experimental que poderá ser utilizado nos
procedimentos de verificação e validação de simulações numéricas realizadas com
os códigos de CFD, como por exemplo o Ansys CFX ou códigos abertos como por
exemplo o OpenFOAM. Também podem ser utilizados em códigos de subcanais,
como o Pantera (VELOSO, 1985) ou COBRA-IV (WHEELER et al., 1976). A sua
utilização será possível, pois os resultados experimentais apresentaram uma boa
concordância experimental entre si.
1. Fabricar uma grade impressa cujo material escolhido seja tão liso ou delgado quanto
aos materiais das grades comerciais avaliadas, para que seja possível realizar uma
Capítulo 5. Conclusões 175
6. Realizar experimentos com varetas e grades pintadas para reduzir ruídos no sinal
de aquisição do LDV e também verificar se esse é de fato o fator responsável pelo
registro de maior incerteza nas proximidades da grade.
Referências
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ISO, Geneva, Switzerland, 1991. Citado na página 56.
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CASTRO, H. F. P. de. Investigação experimental do escoamento de água após grade
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(Mestrado) — Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, Belo Horizonte, 2016.
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ZHANG, Z. LDA application methods: laser Doppler anemometry for fluid dynamics.
[S.l.]: Springer Science & Business Media, 2010. Citado 2 vezes nas páginas 59 e 60.
Anexos
182
0,12
1 1
,9 ,9
0 0 55
5,72
35
6,77
2,31
30
1 1
0 0
,7 ,7
9,51
5 5
6,89
9,44
75
90
72,5
,35
3,79
4,46
12
,35
Escala 2:1 Escala 2:1
12
1
ANEXO A. Projetos da Grade Impressa.
14,3
14,3
72,5
76,17
14,3
B B
14,3
1 Vista Superior Sem Projeıes
14,3 14,3 14,3 14,3 14,3 76,17
Corte-BB
1
Técnico e projetista no CDTN/CNEN.
183
Figura A.2 – Desenho da grade impressa contendo detalhes da região de medição após fabricação.
(3)
(3)
(4)
(2)
(5)
(1)
30
(2)
Posiªo - D
Escala 2:1 Posicıes - A,B,C,E,F,G,H,I e J
Escala 2:1
72,5
1
ANEXO A. Projetos da Grade Impressa.
14,3
14,3
A B C
72,5
D E F G
76,17
14,3
H I J
B B
14,3
1
Vista Superior Sem Projeıes
14,3 14,3 14,3 14,3 14,3 76,17
(e B)
(e A )
(e D)
2
184