Modelagem Numérica de Diferentes Situações de Acoplamento para Um Sistema Empurrador-Barcaça
Modelagem Numérica de Diferentes Situações de Acoplamento para Um Sistema Empurrador-Barcaça
Modelagem Numérica de Diferentes Situações de Acoplamento para Um Sistema Empurrador-Barcaça
Porto Alegre
2010
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Mecânica
BANCA EXAMINADORA:
Porto Alegre
2010
de modo especial, aos meus pais, que sempre estiveram ao meu lado, e
jamais mediram esforços para que eu realizasse o meu sonho.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus por estar sempre presente, iluminando meus caminhos, e
por me dar força e coragem para encarar os desafios da vida.
À minha Mãe, Neiva, meu maior orgulho, minha maior força, por confiar em mim, acreditar
no meu sucesso, por fazer todo e qualquer sacrifício para me manter longe de casa, estudando,
pela confiança, amizade, pelo amor incondicional, carinho, apoio.
Ao meu Pai, Germano, o legítimo “Borjão”, quem me orgulho muito, por me incentivar a se-
guir os estudos, pelos conselhos, pelas palavras, conversas nos momentos ruins, pela ajuda
nos estudos, e por toda sabedoria.
Ao meu amigão, Marcos “Cois”, por tudo o que representa na minha vida, no carinho, no a-
mor, nas brincadeiras, na amizade, parceria, na educação, nos estudos, por deixar de lado a si
para me ajudar.
À minha namorada, Ana, que desde o início esteve ao meu lado, apoiando-me em todas as
minhas dificuldades, pelo companheirismo, carinho, amor, pela amizade, atenção, compreen-
são.
Aos meus familiares, que sem dúvida alguma são a razão deste sonho ter se tornado realidade.
Aos meus amigos, que de certa forma também fizeram parte desta conquista.
Ao meu orientador, Ignacio Iturrioz, pelos ensinamentos, pela confiança, amizade, e pela pro-
vocação e desafio propostos neste trabalho.
Ao amigo, André Schaan Casagrande, pelas oportunidades desde o início da faculdade, por
todas as conversas, conselhos, principalmente por acreditar em mim, e me mostrar os cami-
nhos que venho traçando na minha formação.
À amiga, Roberta Perini, peça fundamental na minha formação, por ter estado sempre ao meu
lado, nos dias e noites em claro de estudo, pela paciência, por estar sempre disposta a me aju-
dar, sobretudo pela amizade e, principalmente, por me aturar por esses longos anos.
Ao meu grande amigo, Welder Boeno, por todos os momentos de estudo, pelos obstáculos
enfrentados, vitórias conquistadas, pelas conversas nas longas viagens para o Campus do Va-
le, e por tudo que aprontamos na faculdade.
Ao Engenheiro Adriano Kuckoski, por toda a ajuda na parte de simulação numérica, funda-
mental para a realização deste trabalho.
Aos professores e colegas de curso, pelos anos de convivência, amizade, e por todos os mo-
mentos em que estudamos juntos, que muito complementaram minha formação, pessoal e
profissional.
Às empresas nas quais estagiei, EIDT Ciriex e TMSA, pela oportunidade e por contribuírem
para a minha formação.
Este trabalho contou com apoio das seguintes entidades:
- Aliança Navegação e Logística Ltda.
- Grupo de Mecânica Aplicada (GMAp/UFRGS)
“O pessimista reclama do vento, o otimista
espera que ele mude, o realista ajusta as velas.”
RESUMO
O tema proposto neste trabalho está inserido em um campo, o qual vem ganhando im-
portância no Brasil nos últimos anos, que é a Área Naval. De acordo com a motivação apre-
sentada, o objetivo é avaliar o desempenho estrutural de diferentes conceitos de acoplamento
– o sistema articulado e o sistema integrado – entre duas embarcações, representadas pelo
empurrador Trevo I e pela barcaça Aliança II, ambas pertencentes à empresa Aliança Navega-
ção e Logística Ltda. As embarcações navegam na Bacia do Sudeste operando no transporte
de carvão entre Charqueadas e o Pólo Petroquímico em Triunfo. Para isso, propõe-se criar
modelos em elementos finitos do empurrador e da barcaça, com um grau de detalhe maior na
região onde ocorre o acoplamento entre ambas as embarcações. Em seguida, calibram-se os
mesmos, é apresentada uma metodologia de estudo a ser aplicada aos modelos, e, por último,
comparam-se os resultados entre as duas alternativas em relação ao nível de tensões. A mode-
lagem numérica chegou à melhor proposta para o sistema de acoplamento.
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
4. METODOLOGIA ............................................................................................................... 5
5. OBJETO DE ESTUDO....................................................................................................... 7
6. RESULTADOS ................................................................................................................. 12
7. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 14
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO
Objetivos: Em sintonia com a motivação apresentada, o objetivo geral deste trabalho é avali-
ar o desempenho estrutural do acoplamento entre duas embarcações, sendo elas: o empurrador
Trevo I e a barcaça Aliança II, ambas pertencentes à empresa Aliança Navegação e Logística
Ltda., que navegam na Bacia do Sudeste operando no transporte de carvão entre Charqueadas
e o Pólo Petroquímico em Triunfo.
Os objetivos específicos desse estudo são:
• Criar os modelos em elementos finitos do empurrador e da barcaça com um grau de de-
talhe maior na região onde ocorre o acoplamento entre ambas as embarcações;
• Calibrar ambos os modelos em situações de trabalho simples;
• Comparar resultados entre duas alternativas conceituais de acoplamento propostas (a
comparação será realizada em termos de tensões, deslocamentos e reações na região do aco-
plamento).
1
Navegação interior: A realizada em hidrovias interiores, assim considerados rios.
2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2.2 – Sistemas de Terceira Geração (Fonte: TAISEI ENGINEERING CONSULTANTS, 1991)
Artubar: apresentado na Figura 2.4. Possui apenas um grau de liberdade, o de giro no sentido
longitudinal do conjunto empurrador-barcaça. O acoplamento entre a proa do empurrador e a
popa da barcaça ocorre através de dois pinos de grande diâmetro, variando entre 1m e 2m.
Articouple: possui três especificações diferentes, quais sejam: cremalheira (K), fricção (F) e
sistema combinado de fricção e cremalheira (FR). Ele esta ilustrado na Figura 2.5(a). Esse
acoplamento foi desenvolvido tendo em vista solucionar os problemas que o conceito Artubar
apresentava. A grande diferença nesse sistema está no fato de ele permitir o acoplamento em
qualquer situação de calado das embarcações. O Articouple F possui o funcionamento basea-
do no princípio do atrito. Permite que as operações de carga e descarga sejam realizadas sem
que haja necessidade do desacoplamento, entretanto, necessitam de manutenção com certa
freqüência, pois utilizam elementos que desgastam ao longo do tempo. Os acoplamentos que
envolvem componentes F possuem limitações de tamanho e são indicados para embarcações
que operem em condições de navegação com ondas não superiores a 3,5m de altura.
Intercon: apresentado na Figura 2.5(b). Foi desenvolvido para solucionar problemas dos sis-
temas citados anteriormente. Permite, como nos outros sistemas, apenas um grau de liberdade,
o de giro no sentido longitudinal do conjunto empurrador-barcaça. Todos os outros movimen-
tos são restringidos. Nas paredes de bombordo e boreste da popa da barcaça existe uma cre-
malheira no sentido vertical, que tem como principal objetivo restringir o movimento relativo
vertical entre barcaça e empurrador. A cremalheira possui um ângulo de abertura, que facilita
4
(a) (b)
Figura 2.5 – Sistemas de Terceira Geração, (a) Articouple e (b) Intercon (Fonte: TAISEI
ENGINEERING CONSULTANTS, 1991)
Ainda na Terceira Geração, existe o Sistema Triofix, considerado como sistema inte-
grado ou rígido (ITB). Nele o acoplamento é realizado através de três pontos, e foi desenvol-
vido pelo Engenheiro T. Yamaguchi, da empresa Taisei Engineering Consultants. Está dispo-
nível em três especificações diferentes: Cremalheira – TK (para grandes unidades), Crema-
lheira – TR (para pequenas unidades), Combinado Fricção e Cremalheira – TRF. Um exemplo
pode ser visto na Figura 2.6.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esclarecimentos sobre Esforços Atuantes nos Cascos das Embarcações: Para o es-
tudo de sua estrutura, o navio pode ser considerado uma viga, uma caixa, ou peça composta
de muitas pequenas vigas unidas – a resistência como um todo depende da eficiência de todas
as peças elementares. O navio será apenas tão forte quanto for o seu componente mais fraco.
Um navio flutuando é submetido a esforços primários (tensões longitudinais), e secundários
(carga e ou pressão interna, coluna hidrostática lateral, etc.). Considerando o navio uma viga
em forma de caixa, a aba superior da viga será o convés resistente (normalmente o convés
superior), e a aba inferior será o fundo. Os esforços que surgem quando o navio está sobre
uma crista (alquebramento) ou em um cavado (tosamento) de onda são ilustrados na figura a
seguir:
Figura 3.1 – Comportamento de um navio como uma viga (Fonte: FONSECA, 1989)
Além dos esforços citados, sobre embarcações em formação de comboio, quando aco-
pladas com sistemas mecânicos específicos, incidem outros esforços. Esses devem ser igual-
mente considerados pelos projetistas, pois alteram significativamente a distribuição de esfor-
ços primários da viga navio.
Algumas dessas solicitações externas às embarcações, todas elas resultantes da intera-
ção entre as embarcações do sistema, são enunciadas a seguir: empurre, frenagem, manobras,
curvas, ventos, correnteza, ondas de través, e, ainda, devido ao tipo de articulação.
Esses esforços são de difícil quantificação e dependem de inúmeros parâmetros desde
geométricos das embarcações (coeficientes de bloco, comprimento, boca, calado, porte) até
relacionados às condições de navegação (ondas, ventos, velocidade, curvas, correntezas, etc.),
e serão objeto do projeto proposto à FINEP. Nesse aspecto, análises criteriosas de combina-
ções deverão ser levadas em conta.
4. METODOLOGIA
Sistema Ansys: Nos modelos realizados foi utilizado o software Ansys (v.10). O
mesmo permite a modelagem em elementos finitos para resolver numericamente uma grande
variedade de problemas mecânicos. Esses problemas incluem: análise estrutural estática e
dinâmica (ambas lineares e não-lineares), de transferência de calor, e problemas de fluidos,
bem como os problemas acústicos e eletromagnéticos.
Para o estudo em questão foram utilizados no Ansys (v.10) três tipos de elementos para
a solução estática dos modelos: beam188, shell63 e link1 (ANSYS, 2004).
O elemento beam188 é um elemento de viga 3-D linear (2-nós) ou quadrático. Tem seis
ou sete graus de liberdade em cada nó. Esses incluem as translações nas direções x, y, e z e as
rotações nas direções x, y, e z. Permite um sétimo grau de liberdade, relativo ao grau de
6
݇ = ߩ݃ܣ௪ (1)
= ܾ݃ߩ௪ (2)
ߜ = ݇ ′ (3)
7
Para representar as molas no modelo numérico utiliza-se o elemento link1. Como a rigi-
dez desse elemento é regida pela equação (4), ele tem um módulo de elasticidade específico
ா
=ܭ (4)
5. OBJETO DE ESTUDO
O objeto de estudo deste trabalho são duas embarcações que constituem o sistema em-
purrador-barcaça.
A barcaça, chamada Aliança II, é uma embarcação não propulsada, responsável pelo
serviço de transporte de carga. Já o empurrador, chamado Trevo I, é uma unidade propulsora,
e tem a tarefa de acoplar na barcaça com o intuito de empurrá-la (no Anexo A são apresenta-
das as características principais dessas embarcações).
Esse sistema navega na Bacia do Sudeste, operando no transporte de carvão entre Char-
queadas e o Pólo Petroquímico em Triunfo. As embarcações pertencem à empresa Aliança
Navegação e Logística Ltda., a qual atua fortemente no tráfego internacional. A Figura 5.1
ilustra as duas embarcações.
(a) (b)
Figura 5.2 – Modelo de cascas e viga para (a) popa barcaça e (b) proa empurrador.
Para definir a seção transversal da região modelada como viga, a mesma foi desenhada
no software Solidworks (v.2009). A partir daí, obtiveram-se as propriedades (centróide, mo-
mentos de inércia de área, área da seção transversal), necessárias aos elementos de viga. A
Figura 5.3 mostra as dimensões gerais e os valores para as propriedades geométricas, em rela-
ção ao seu centróide, para a seção transversal da barcaça.
PROPRIEDADES DA SEÇÃO
TRANSVERSAL
Área 0.49m2
Centróide x=0; y=1.89m; z=0
Ixx 1.70m4
Iyy 7.85m4
Izz 9.55m4
2
Plano de Linhas, Desenho de Linhas ou Plano de Construção: Representação da forma e dimensões do casco de um
navio por projeções de certas linhas em três planos ortogonais de referência. (Arte Naval p. 63 2-39)
9
Como simplificação, para todos os elementos foram utilizadas a mesma seção, sabendo-
se que na região da proa isso não acontece, pois essa varia longitudinalmente ao navio. A Fi-
gura 5.4 ilustra uma das cavernas modeladas no Ansys (v.10), com todos os detalhes, e outra
representando a mesma caverna, porém simplificada, construída no Solidworks (v.2009).
(a) (b)
Figura 5.4 – Modelos das cavernas nos softwares (a) Ansys e (b) SolidWorks.
(a) (b)
Figura 5.5 – Representação esquemática das considerações feitas nos modelos das embarca-
ções: (a) barcaça e (b) empurrador.
CARGA
140 TONELADAS
Figura 5.6 – Distribuição de massa ao longo da barcaça e considerações de carregamento.
3
Calado: É a distância vertical entre a superfície da água e a parte mais baixa do navio naquele ponto.
11
tórios, isto é, equivaleram aos valores das cargas aplicadas. Por fim simulando a embarcação
com seu peso próprio e totalmente carregado com 1500 toneladas, as reações novamente esta-
vam coerentes, obtendo-se para o seu somatório o valor de 1738 toneladas (equivale ao soma-
tório do seu peso próprio mais o carregamento).
Como último teste, através dos planos fornecidos pela Empresa Aliança, com as caracte-
rísticas da embarcação (resumidas no Anexo A), verificou-se os valores de massa dessa e
também a condição de calado máximo, em deslocamento carregado4. Encontrou-se como dife-
rença de massa para a barcaça um valor equivalente a 94 toneladas, já que nos planos consta
uma massa para ela em deslocamento leve5 de 332 toneladas e no modelo chegou-se a uma
massa de 238 toneladas, e um calado de 2m, inferior ao calado máximo permitido, em seu
deslocamento carregado, que é de 3,22m. Concluiu-se que essa diferença se deu pelo fato de
que as seções transversais consideradas no caso da viga-navio não condizem com a realidade,
pois não foram considerados os elementos transversais, como chapas, barras chatas, reforços.
Verificou-se, portanto, a massa de cada caverna em ambos os modelos, o completo (Ansys) e
o simplificado (Solidworks), ambos ilustrados na Figura 5.4 e se observou uma variação de
massa por caverna modelada, que no total de cavernas chega-se a massa total da embarcação.
Como solução para esse problema, visando chegar a um modelo o mais próximo do real, alte-
rou-se a densidade dos elementos de viga da viga-navio, de maneira que se chegasse à massa
de 332 toneladas da embarcação. Feito isso, simulou-se novamente a barcaça totalmente car-
regada e, além da sua massa, desta vez se obteve um calado de aproximadamente 3.2 metros,
enfim, ambos os valores corretos.
Para o caso do empurrador, a embarcação leve apresenta uma massa de 149 toneladas
mais 70 toneladas de porte bruto6. Fez-se o teste para a embarcação apenas com seu peso pró-
prio, chegando-se novamente a um valor inferior ao verdadeiro, porém esse foi corrigido ana-
logamente a barcaça, e com um total de 221 toneladas, chegou-se a um calado de aproxima-
damente 2 metros, conforme especificação.
A seguir, a Figura 5.7 ilustra a condição de deslocamento carregado e calado máximo
para ambas as embarcações, obtidos a partir dos modelos numéricos.
BARCAÇA EMPURRADOR
CALADO MÁXIMO CALADO MÁXIMO
- 3m - - 2m -
4
Deslocamento Carregado: É o deslocamento que tem a embarcação quando está flutuando na sua condição de maior imer-
são, ou seja, completamente carregada, e está associado ao calado moldado da embarcação.
5
Deslocamento Leve: É o deslocamento que a embarcação, com todos os seus equipamentos e máquinas prontos para fun-
cionar, apresenta quando está completamente descarregada, isto é, sem carga nos porões ou nos demais compartimentos a ela
destinados, sem passageiros, tripulantes ou seus pertences, sem provisões, sem água doce, potável ou de lastro e sem combus-
tíveis ou lubrificantes.
6
Porte Bruto: O porte bruto é definido como a diferença entre o deslocamento carregado e o deslocamento leve e caracteriza
a quantidade de carga que uma embarcação pode transportar (não apenas a carga paga que normalmente é alocada nos porões
ou tanques de carga, mas todo e qualquer item transportado a bordo, exceto quando considerado como item componente do
deslocamento leve), sendo normalmente expresso em “toneladas de porte bruto” (tpb).
12
Simulação Numérica: A partir dos modelos validados, parte-se agora para a simulação
numérica. A metodologia adotada para avaliar os modelos sugere que ambas as embarcações
sejam analisadas separadamente, e a partir daí são propostas interações entre ambas, de forma
que, seja possível representar os dois conceitos de acoplamento entre elas.
De acordo com os modelos construídos será possível, neste primeiro estudo, avaliar a-
penas a integridade estrutural das regiões detalhadas em 3D, isto é, a popa e proa, da barcaça
e do empurrador, respectivamente, ou seja, nada se pode afirmar com relação, por exemplo, a
meia-nau7 das embarcações. Então, mesmo que, a partir dos resultados encontrados neste tra-
balho consiga-se garantia de que a estrutura não sofrerá danos, não se pode garantir o mesmo
das demais regiões, por não serem consideradas nas análises realizadas.
Como base para os estudos que serão propostos, levar-se-á em consideração apenas os
movimentos vertical (translação no eixo Y) e o giro (rotação em torno do eixo X), isso pelo
fato de que as únicas cargas que compõem o sistema são o peso próprio e o peso do carrega-
mento, isto é, apenas cargas verticais, desconsiderando-se outros tipos de carga, tais como,
força de empurre, frenagem, manobra, curva, correnteza, efeito de onda, de vento, e outras
conforme citadas no Capítulo 3.
Para tal, as seguintes etapas são propostas, as quais se ilustram de forma esquemática na
Figura 6.1(a).
(1) Inicialmente, analisam-se as embarcações separadas, com seu peso próprio atuando
e, no caso da barcaça, mais o peso relativo ao seu carregamento. Com isso, pode-se verificar
quais são os deslocamentos máximos obtidos em cada um dos casos;
(2) A partir desses deslocamentos relativos, aplica-os como deslocamentos prescritos no
empurrador;
(3) Obtêm-se as reações relativas a esses deslocamentos prescritos. Essas reações são
responsáveis pelas ações atuantes na barcaça;
(4) Analisa-se a barcaça carregada frente às reações impostas pelo empurrador;
Apresentada a metodologia adotada para avaliar a influência de uma embarcação sobre
a outra em estado de acoplamento entre elas, agora é preciso estabelecer critérios para a con-
sideração dos dois tipos de acoplamento que será estudado: o sistema rígido e o sistema arti-
culado. De acordo com os tipos de deslocamentos que se está considerando, a diferença entre
os dois sistemas propostos consiste em que no sistema rígido tem-se que aplicar no empurra-
dor ambos o deslocamento vertical e o deslocamento angular relativos, ou seja, estamos con-
siderando que ambas as embarcações estão engastadas entre si, isto é, está se restringindo os
dois graus de liberdade. Já no caso do sistema articulado, restringe-se apenas o deslocamento
vertical, deixando o giro livre.
6. RESULTADOS
7
Meia-nau: A meia-nau está localizada no meio do comprimento de regra (L), sendo esse comprimento medido a partir do
ponto de intersecção da face externa da roda de proa com a linha de flutuação.
13
δyE = -1.98m δyB = -3.19m δyB - δyE = -1.21m Ry = -115150N Ry’ = 115150N
B θxE = 0.11E-2 θxB = 0.47E-2 θxB - θxE = 0.36E-2 Mx = 396280Nm Mx’ = -396280Nm
’
C δyE = -1.98m δyB = -3.19m δyB - δyE = -1.21m Ry = -94392N Ry = 94392N
Figura 6.1 – (a) Metodologia adotada para análise numérica, (b) Resultados para o sistema de
acoplamento rígido e (c) Resultados para o sistema de acoplamento articulado.
Em se tratando dos resultados relativos às tensões, a Figura 6.2 apresenta os gráficos ob-
tidos a partir da simulação numérica.
7. CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo geral avaliar diferentes conceitos de acoplamento para
um sistema de comboio específico proposto, um empurrador e uma barcaça, correspondentes
ao Trevo I e a Aliança II, respectivamente. Para cumprir essa tarefa foram construídos mode-
los em elementos finitos de ambas as embarcações com um grau de detalhamento maior nas
regiões da popa e da proa. Na realização do trabalho foi possível concluir que:
• Os modelos do empurrador e barcaça construídos se apresentam como ferramentas óti-
mas para se analisar as tensões em diferentes tipos de cenários que possam ser avaliados.
• Numa avaliação preliminar foi possível observar que o sistema articulado solicita menos
a estrutura dos dois navios.
Considerações finais: O presente trabalho está inserido em um campo que não faz parte, di-
retamente, da formação de Engenheiro Mecânico. Junto com o desafio proposto pelo GMAp,
veio um vasto aprendizado nessa área, que representa um horizonte desconhecido, principal-
mente para quem não tem essa formação. Grande parte do tempo de desenvolvimento do tra-
balho foi investida na modelagem das embarcações, algo não trivial. Além disso, fez-se ne-
cessário conhecimento de terminologia naval, entendimento dos planos das embarcações e
uma ampla pesquisa nesses temas.
Como sugestões para trabalhos futuros ficam a análise de sensibilidade de malha, a aná-
lise para outros modos de falha, como flambagem de painéis reforçados, a utilização de ten-
sões últimas de acordo com regras de Sociedades Classificadoras, e todo estudo relativo à área
naval, tais como os movimentos, esforços, aos quais os navios estão sujeitos.
8
A tensão de escoamento do aço ASTM A36 corresponde a 250MPa.
15
REFERÊNCIAS
ANSYS, Inc. ANSYS Verification Manual. Ansys Release 10.0. Canonsburg, 2004.
NAVEGAÇÃO ALIANÇA LTDA. Arranjo Geral e Perfil Externo: Trevo I. ITE Engenha-
ria. Porto Alegre, 1993a.
NAVEGAÇÃO ALIANÇA LTDA. Perfil Estrutural: Trevo I. ITE Engenharia. Porto Ale-
gre, 1993b.
NAVEGAÇÃO ALIANÇA LTDA. Seção Mestra: Trevo I. ITE Engenharia. Porto Alegre,
1993c.
NAVEGAÇÃO ALIANÇA LTDA. Arranjo Geral e Perfil Externo: Aliança II. ITE Enge-
nharia. Porto Alegre, 2002a.
NAVEGAÇÃO ALIANÇA LTDA. Perfil Estrutural: Aliança II. ITE Engenharia. Porto A-
legre, 2002b.
NAVEGAÇÃO ALIANÇA LTDA. Seção Mestra: Aliança II. ITE Engenharia. Porto Alegre,
2002c.
NAVEGAÇÃO ALIANÇA LTDA. Memorial Descritivo: Aliança II. ITE Engenharia. Porto
Alegre, 2003.
TOLDO Jr., E. E.; CORRÊA, I. C. S.; ALMEIDA, L. E. S. B.; FERREIRA, E. R.; GRUBER,
N. L. S. Wave Prediction Along Lagoa dos Patos Coastline, Southern Brazil. Pesquisas
em Geociências (UFRGS). 2006.
VAN DER VELDEN MARINE SYSTEMS. Dyna-Cliq Coupling System. Disponível em:
http://www.vandervelden-marinesystems.com/rudders.cfm?pk=571&lang=enem, Acesso em
25 de agosto de 2010.
Boca: É a maior largura da embarcação, medida na seção mestra, até as linhas moldadas das
cavernas (parte interna das chapas do costado) para as embarcações de casco metálico. Nas
embarcações não metálicas, a medida é efetuada por fora do costado.
Casco: É o corpo do navio sem mastreação, ou aparelhos acessórios, ou qualquer outro arran-
jo. O casco não possui uma forma geométrica definida; a principal característica de sua forma
é ter um plano de simetria (plano diametral) que se imagina passar pelo eixo da quilha; da
forma adequada do casco dependem as qualidades náuticas de um navio: resistência mínima à
propulsão, mobilidade, estabilidade de plataforma.
Pontal Moldado: É a distância vertical, medida junto ao bordo na meia-nau, entre o topo da
quilha e o topo do vau do convés superior.
Popa – Extremidade posterior do navio. Forma exterior adequada para facilitar a passagem
dos filetes líquidos que preenchem o vazio deixado pelo navio, para tornar mais eficiente à
ação do leme e do hélice.
Porão: É o espaço contido pela estrutura do navio na qual está localizado um tanque de carga
independente
Proa: Extremidade anterior do navio no sentido de sua marcha normal. Forma exterior ade-
quada para mais facilmente fender o mar.
ANEXO C – Peças principais da estrutura dos cascos metálicos (Fonte: Fonseca, 1989)