Trabalho de DC em Curso
Trabalho de DC em Curso
Trabalho de DC em Curso
A constituição como norma suprema do ordenamento jurídico não tem valor enquanto não
houver entidades com poderes para fazer valer essa qualidade de norma suprema do
ordenamento jurídico. É justamente por esse facto que a própria constituição estabelece
várias formas destinadas a garantir que seja salvaguardada a sua supremacia, fixando bases
que garantam o cumprimento das suas normas, incluindo no processo de feitura das normas
ordinárias que devem obediência à Constituição. Juntamente com essas bases, também foram
estabelecidas várias formas de fiscalização da constitucionalidade para garantir que normas já
aprovadas possam ser submetidas ao crivo da constituição.
Portanto, sempre que se entender que uma norma é contrária à Constituição, seguindo os mais
restritos procedimentos de acesso à justiça constitucional, pode ser feito o pedido de
fiscalização da constitucionalidade, nas suas várias vertentes, entre as quais, no que interessa
para o presente caso, a fiscalização sucessiva concreta e/ou fiscalização sucessiva abstracta
da constitucionalidade (apenas a fiscalização sucessiva, seja abstracta ou concreta, é que
interessa para o presente artigo, visto que para os casos de fiscalização preventiva a
actividade de fiscalização é feita antes de a norma entrar em vigor no ordenamento jurídico, o
que retira a possibilidade de na pendência da fiscalização seja revogada ou derrogada a norma
em escrutínio, por ser impossível derrogar ou revogar uma norma que ainda não está em
vigor). Nesse âmbito, várias situações podem justificar que no momento da apreciação
sucessiva concreta e fiscalização sucessiva abstracta da constitucionalidade e da legalidade, –
a Lei, o regime jurídico ou as próprias disposições legais, – objecto da fiscalização, sofram
alteração, revogação, derrogação, reforma ou alteração.
De acordo com dicionário de língua portuguesa, fiscalizar significa verificar se algo está em
conformidade com o que fora previsto, significa também vigiar, observar atentamente,
examinar e etc. Por outro lado, a Constituição é um conjunto de normas jurídicas que ocupa o
todo da hierarquia do direito de um Estado. Pode dizer-se também que a Constituição é
constituída por leis fundamentais que regulam todos os elementos do Estado. Desde
organização das estruturas de Estado aos direitos e garantias do cidadão.
Sendo a Constituição da República a Lei Magna do Estado, todos devem subordinar-se a ela,
incluindo o Estado que além de subordinar-se a ela, deve fazer obedecer tudo o que está
pautado na Constituição. Isso significa que as demais normas ou atos jurídicos devem estar
em conformidade com o que está pautado na Constituição, implica que todos os actos do
Estado, os tratados, convenções e acordos internacionais, a revisão constitucional, os
referendos e todas as normas do plano ordinário devem estar em total conformidade com a
Constituição para que seja declarada constitucional, quando assim não acontece, a norma é
declarada inconstitucional.
1. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE FISCALIZAÇÃO EM ANGOLA
Angola ficou independente em 1975, livrando-se do julgo colonial, assim em 1975 nasce a
primeira Constituição Angolana, com a designação de Lei Constitucional nessa Constituição
não existiam processos de fiscalização da constitucionalidade. De 1975 a 1991 existiram vari-
adas revisões constitucionais mais nenhuma delas foi capaz de introduzir a fiscalização da
constitucionalidade. A revisão de 1992 cria o Tribunal Constitucional e consequentemente a
fiscalização da constitucionalidade, as funções do Tribunal Constitucional passaram a ser de-
sempenhadas pelo Tribunal Supremo, até a data de 2008, quando foi institucionalizado o Tri-
bunal Constitucional. Na Constituição de 2010 que é a atual, os processos de fiscalização da
constitucionalidade continuam existindo é com um maior reforço.
Desde o ano 2010 Angola encontra-se na Terceira República, com a aprovação da CRA. A
Primeira República começa com a entrada em vigor da LCRPA 2, que entrou em vigor no dia
11 de Novembro de 1975, tendo sido aprovada em 10 Novembro de 1975 3, não se verifi-
cando qualquer processo de fiscalização da constitucionalidade. É aprovada a lei n.o 18/88,
de 31 de Dezembro (Lei do Sistema Unificado de Justiça),que eliminou a organização judici-
ária herdada de Portugal e instituiu o Sistema Unificado de Justiça, isto é, um sistema que
procurou integrar, de forma lógica as diversas jurisdições (civil, criminal, administrativa, mil-
itar, etc.), até ali mais ou menos separados, numa organização judiciária única, fazendo
nascer assim o Tribunal Popular Supremo (hoje Tribunal Supremo) no topo da cadeia hier-
árquica dos tribunais em Angola.
A Segunda República começa com a Lei no 12/91, de 6 de Março, para Adérito Correia e
Bornito de Sousa, surgiu uma nova constituição, já que, entre a LC que até a altura vigorava e
a que passou a vigorar existia uma nítida descontinuidade, que veio a ser aprofundada com a
lei de Revisão constitucional no 23/92, deixando de estar em vigor a LC de 1975, com as suas
diversas alterações .
A lei no 23/92 cria o Tribunal Constitucional , ao mesmo tempo que atribui ao Tribunal
Supremo o exercício dos poderes do Tribunal Constitucional enquanto este não for instituído.
Quanto a fiscalização concreta fica difícil classificar ela como tal, devido a má técnica leg-
islativa, pois que esta não consta do Capitulo I do Titulo V da Lei Constitucional, acabamos
por encontrar situações que caracterizam-se como sendo fiscalização concreta, no Art. 134º
alinha d) e e) da Lei Constitucional, este artigo nos fala das competências do TC, competên-
cia esta que atribuiremos a qual dos tipos de fiscalização previsto na LC? Uma vez que a fis-
calização concreta não foi prevista como um dos processos de fiscalização da inconstitu-
cionalidade.
Ainda durante a Segunda República foi aprovada a Lei nº 2/08, de 17 de Junho – Lei Or-
gânica do TC e a Lei n.o 3/08, de 17 de Junho – LOPC, estavam Art. 125º Nº 1 da Lei Con-
stitucional da República de Angola (publicada ao abrigo da Lei nº 23/92 de 16 de Setembro)
Art. 6º da Lei nº 23/92 de 16 de Setembro.
2. PRINCÍPIO DA CONSTITUCIONALIDADE
Quando em presença de eleição de um incidente ocorrido durante uma ação, ou seja, durante
a resolução de um conflito nos Tribunais, surge o incidente, (declarasse inconstitucional uma
norma) e no mesmo Tribunal decorre o processo para apurar-se a constitucionalidade da
norma, este modo de controlo chama-se Fiscalização por modo de controle por via incidental.
Fiscalização por via principal concreta verifica-se que o mesmo que acontecem na via
incidental, ou seja, no decorrer de uma ação, dá-se um incidente(recusa-se a aplicação de uma
norma alegando ser inconstitucional), porém difere da incidental na medida em que o
processo instaurado para averiguação da inconstitucional é constituido autonomamente pelo
Tribunal Constitucional.
3.1 FISCALIZAÇAO CONCRETA
3) O modelo Misto
Este modelo resulta da convergência entre os modelos difuso e concentrado num mesmo
e único sistema de fiscalização da constitucionalidade. Nesse sistema, acontece uma
aglutinação harmoniosa Entre os modelos de controlo difuso realizado por todos os tribunais
e o controlo concentrado, efetuado por um único tribunal. Isto é no modelo jurisdicional
misto admite-se a possibilidade no mesmo processo em apreciação num tribunal comum ser
invocada a inconstitucionalidade da norma aplicável ao caso e o tribunal da causa conhecer e
apreciar a questão da inconstitucionalidade por ato próprio a título de incidente da instância,
sem necessidade de remeter o processo ao Tribunal Constitucional para decidir. Nesta
contexto, em caso de declaração de inconstitucionalidade da norma, os efeitos desta decisão
apenas são válidos e aplicáveis ao processo em causa (controlo difuso).
Em paralelo o sistema misto prescreve a regra do controlo realizado apenas pelo Tribunal
Constitucional, ou seja, há apenas algumas entidades que podem, a título direito recorrer ao
Tribunal Constitucional para a verificação da conformidade constitucional de determinada
norma. Nestas circunstâncias, a decisão proferida pelo Tribunal Constitucional possui efeitos
gerais, acarreta nulidade da norma considerada inconstitucional e a mesma é expurgada do
ordenamento jurídico (Controlo concentrado).
Esta foi o modelo eleito constitucionalmente por certos países africanos, como Angola,
Moçambique, África do Sul ,Beni, Burundi e etc.
5. TRIBUNAL CONSTITUCIONAL ANGOLANO
O Tribunal Constitucional é definido pela CRA como órgão de soberania ao qual compete em
geral administrar a justiça em matéria de natureza jurídico-constitucional nº1 do art.180º da
CRA. Conforme estabelecido na constituição, o tribunal constitucional, assume um papel
importante na construção e consolidação do Estado Democrático e de Direito, na defesa da
Constituição e na preservação da integridade da ordem jurídica.
As normas que possam ser declaradas inconstitucionais a posterior e que começam então a
produzir efeitos a declaração a partir do momento em que esta última tenha sido revogada,
aqui, abrem-se algumas exceções, sobretudo respeitantes a casos julgados ou ainda salvo
decisão contrária do Tribunal Constitucional reportando-se a normas criminais e a normas
disciplinares, ou ainda de mera ordenação social, ou ainda que o conteúdo, portanto, se
mostrem menos favorável para os arguidos, aqui é importante traçar um último cenário que,
por razões de segurança jurídica, de equidade e de não menos importante, a de interesse
Público de excepcional relevo, o Tribunal Constitucional pode fixar um alcance mais restrito
do que aquele consagrado número 1 e no número 2 deste artigo 231º da CRA.
A fiscalização abstrata vincula-se a um poder funcional de iniciativa e não direito de
iniciativa, porque impede sobre certos órgãos ou frações de titulares de órgãos do poder
político no âmbito do sistema político global da Constituição, porque se reconduz a uma
competência e porque é dominado exclusivamente como uma perspetiva de interesse Público
e objeto.
O nº2 do artigo 26º da LPC estabelece uma proibição de submissão a este tipo de fiscalizaçao
os diplomas aprovados por referendo. Porém essa norma mostra-se diferente ao que aparece
como exemplo no artigo 227º da CRA. Por isso pensamos que não pode o legislador
ordinário excluir do âmbito da fiscalizaçao abstrata sucesssiva os diplomas aprovados por
referendo, mesmo que elas já tenham sido submetidas a fiscalizaçao preventiva porque o
legislador originário tomou como exemplo ao tratar dos objectos da fiscalizaçao sem colocar
qualquer observação de proibião do referendo não podere ser fiscalizado sucessivamente.
Segundo o Professor Jorge Miranda, omissão pode ser entediada como a falta de medidas
legislativas necessárias, falta esta que pode ser total ou parcial. A violação da Constituição,
na verdade, provém umas vezes de completa inércia do legislador e outras vezes da sua
deficiente actividade, competindo aos do órgão da fiscalização, pronunciar-se sobre a
adequação da norma legal à norma constitucional.
A omissão está relacionada sempre com um período de tempo histórico, a necessidade de se
legislar sobre factos que estejam a acontecer se requer que o legislador competente crie leis
para que a constituição seja cumprida.
Vejamos, para que se refira a inconstitucionalidade por omissão deve-se analisar o tempo que
decorre entre a entrada em vigor da constituição, o tempo de acontecimentos dos factos na
sociedade e a falta de legislação, para que a norma constitucional não exequível por si mesma
seja cumprida.
O significado último da inconstitucionalidade por omissão consiste no afastamento, por
omissão por parte do legislador ordinário dos critérios e valores da norma constitucional não
exequível e, esse afastamento do pode reconhecido no tempo concreto em que um e outro se
movam (Jorge Miranda, Direito constitucional, pág.590)
Para debatermos:
Actos normativos
Os tratados, convenções e acordos internacionais
A revisão constitucional
O referendo
O Tribunal Constitucional tem se pronunciado sobre a validade constitucional dos actos
administrativos, de actos legislativos e, bem assim, dos actos judiciais cuja regularidade
constitucional se questiona. Assim apresentada a questão, não parece existir qualquer
dificuldade em concluir que o nosso modelo de controlo da constitucionalidade consagrado
na Constituição da República de Angola, comporta a fiscalização de todos os atos praticados
pelos poderes públicos.
0, nasce assim a actual judicial review Angolano,falamos em actual pois que a ideia de
judicial review foi implementada pela primeira vez na Segunda República, através da Lei de
Revisão constitucional nº 23/92, que fez publicar a Lei Constitucional, no Art. 153º da LC.
A fiscalização judicial da constitucionalidade das leis e demais actos normativos do estado
constitui, nos modernos Estados constitucionais democráticos, um dos mais relevantes
instrumentos de controlo do cumprimento e observância das normas constitucionais. Pois que
é de vital importância, sendo assim a responsabilização dos titulares de cargos públicos e o
controlo do exercício do poder por maiorias democraticamente legitimadas.
Se olharmos para os modelos de justiça constitucional, no que toca ao controlo da
constitucionalidade Angolano acaba por adotar os dois modelos: modelo da separação e
modelo unitário.
Modelo unitário neste modelo considera-se que todos os tribunais têm o direito e o dever de,
no âmbito das suas acções e recursos submetidos a decisão do juiz, aferir a conformidade
constitucional do acto normativo aplicável ao feito submetido a decisão judicial, este modelo
também é conhecido como modelo de fiscalização judicial (judicial review).
Sendo assim, como já fizemos referência, os processos de fiscalização existentes em angola
são: a fiscalização abstrata preventiva (art. 228º da CRA), fiscalização abstrata sucessiva (art.
230º da CRA), fiscalização da inconstitucionalidade por omissão (art. 232º da CRA).
CONCLUSÃO
Para isso existe um órgão do Estado que tem a função de guardião da constituição que é o
Tribunal Constitucional, ele verifica a constitucionalidade das demais normas do
ordenamento jurídico angolano, esta verificação pode ser feita de forma preventiva, antes da
promulgação da norma , ou a fiscalização em virtude da tutela dos direitos fundamentais dos
cidadãos , aprecia em recurso a constitucionalidade das decisões dos demais tribunais.
2Cfr. MACHADO, Jonatas E. M., Costa, Paulo Nogueira da e Hilario, Esteves Carlos. Dire-
ito Constitucional Angolano, 2a edição, Coimbra Editora, Coimbra, 2013.p. 36