Universidade Aberta Isced Faculdade de Direito: Tema: Fiscalização Da Constitucionalidade e Da Legalidade
Universidade Aberta Isced Faculdade de Direito: Tema: Fiscalização Da Constitucionalidade e Da Legalidade
Universidade Aberta Isced Faculdade de Direito: Tema: Fiscalização Da Constitucionalidade e Da Legalidade
FACULDADE DE DIREITO
Marrufo Saíde
Código
81210472
Nampula, aos 10 de Agosto de 2022
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Nome:
Marrufo Saíde
Código
81210472
Nampula, aos 10 de Agosto de 2022
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Índice
Introdução...............................................................................................................................3
2. Tipologias de Fiscalização..................................................................................................6
Conclusão..............................................................................................................................14
Bibliografia...........................................................................................................................15
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Introdução
A fiscalização da constitucionalidade surgiu nos Estados Unidos, sob uma Constituição que
não o previa expressamente. Todavia, pôde Marshall, em decisão célebre, deduzir de seu
sistema esse controlo. A fiscalização da constitucionalidade das leis pode ser feita por
órgão político ou por um órgão jurisdicional. Em qualquer dos casos pode a fiscalização ser
confiada a um órgão comum ou a um especial.
Sabemos que a constituição como norma suprema do ordenamento jurídico não tem valor
enquanto não houver entidades com poderes para fazer valer essa qualidade de norma
suprema do ordenamento jurídico. É justamente por esse facto que a própria constituição
estabelece várias formas destinadas a garantir que seja salvaguardada a sua supremacia, e
que seja zelada por entidades com poderes para tal.
Contudo, esperamos com esta abordagem traga elementos relevantes que possam nos
acompanhar no processo de aprendizagem e assimilação dos objectivos traçados para este
módulo e que sejamos capazes de compreender a necessidade de uma fiscalização contínua
da constitucionalidade e legalidade.
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1.1. Breve Compreensão
Por sua vez, Canotilho (2003), advoga que o aperfeiçoamento da aplicação concreta e
exteriorização material do Direito Constitucional está muitas vezes dependente de uma boa
actividade de interpretação da Lei pelas instituições jurídicas, desde o próprio parlamento,
cuja actividade legislativa encontra limites na Constituição, até aos tribunais, cuja
actividade de aplicação da lei aos casos concretos também não deve ofender a Constituição,
o que exige, em toda a extensão da actuação dessas instituições, a necessidade de sempre
tomar como base, na sua orientação e limite, a Constituição da República, enquanto lei
suprema do ordenamento jurídico.
Para procurar uma boa abordagem, é importante definir qual é o paradigma da teoria da
inutilidade de uma decisão de mérito, nos termos da jurisprudência constitucional
moçambicana, como também se mostra relevante uma breve análise comparativa entre o
ordenamento jurídico moçambicano quanto ao tratamento do assunto. A identificação do
efeito de cada forma de eliminação da norma no ordenamento jurídico é determinante para
aferir a lógica da necessidade ou não de apreciação de uma norma já revogada, derrogada
ou alterada.
Para Marbury versus Madison, entendeu que “se a Constituição americana era a base do
Direito e imutável por meios ordinários, as leis comuns que a contradissessem não eram
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verdadeiramente leis, não eram Direitos” (Chamussola, 2014, p. 86). Sendo assim, essas
leis seriam nulas, não obrigando os particulares. Demonstrou mais que, cabendo ao
judiciário dizer o que é Direito, é a ele que compete indagar da constitucionalidade de uma
lei, de facto, se duas leis entrarem em conflito, deve o juíz decidir qual aplicará. Ora, se
uma lei entrar em conflito com a Constituição, é ao juiz que caberá decidir se aplicará a lei,
violando a Constituição, ou, como é lógico, se aplicará a Constituição, recusando a lei.
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2. Tipologias de Fiscalização
Ao abordar a questão da fiscalização, não nos prendemos a uma descrição seca, mas uma
busca de significados e elaborar conceitos obviamente aceitáves que nos ajudem nesta
reflexão. A fiscalização dos actos normativos reconduz-se à fiscalização da
inconstitucionalidade por acção que é a fiscalização típica exercida pelos órgãos de
fiscalização. Sendo assim, Chamussola (2014, p. 86-87), apresenta cinco (5) tipos, a sabe:
Fiscalização Abstracta
Fiscalização Preventiva
como o nome indica é uma fiscalização anterior a própria introdução das normas na ordem
jurídica, ou seja, tem por objecto normas imperfeitas. É por natureza um controlo abstracto
e, no caso de juízo de inconstitucionalidade, as respectivas normas não podem entrar na
ordem jurídica.
A fiscalização preventiva desempenha duas funções bem distintas. Por um lado, impedir a
entrada em vigor de normas presumivelmente inconstitucionais, evitando assim a produção
de efeitos, por outro lado, afastar ou diminuir as reservas que tenham sido levantadas ou
que presumivelmente viriam a ser levantadas quanto à constitucionalidade do diploma e
que poderiam enfraquecer a sua legitimidade e, até, a sua eficácia.
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A fiscalização Sucessiva
Tem por objecto normas já pertencentes à ordem jurídica e a sua função é eliminá-las, ou
pelo menos, afastar a sua aplicação.
É de domínio comum no campo jurídico que a partir da publicação dos actos normativos,
independentemente da sua entrada em vigor, sempre que a referida norma ofenda a
Constituição, pode, nos termos legais, ser pedida a declaração da sua inconstitucionalidade.
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Esta revogação de normas jurídicas verifica-se quando a autoridade legislativa (Assembleia
da República ou Conselho de Ministros), conforme a natureza da norma jurídica em causa,
apresenta nova manifestação legislativa em sentido diverso ao da norma anterior, podendo
ser total ou parcial (derrogação) ou ainda nos casos em que simplesmente é eliminada a
norma anterior e não é introduzida uma nova norma sobre a matéria, como ainda nos casos
em que é introduzida uma norma no ordenamento jurídico que é contrária às anteriores e,
consequentemente, criar uma situação de incompatibilidade entre as normas anteriores e as
novas ou da circunstância de a nova lei regular toda a matéria da lei anterior.
De certo, como nos dá a conhecer Miranda (1988), quando há revogação da lei, a lei
revogada, no que diz respeito à sua aplicação às situações que ela regulava, deixa de poder
ser aplicada, passando a aplicar-se a nova lei que regula a matéria ou passando a observar-
se as estipulações da lei nova. Nos casos em que a revogação implica a eliminação
completa da norma anterior sem a criação de outra que regule a matéria, ou quando se trate
de normas temporárias não substituídas por outras, as cominações da norma anterior
deixam de existir e uma eventual obrigação que era estabelecida em lei anterior deixa de ser
exigida.
Portanto, a revogação, em regra, tem efeito “ex-nunc”, desde agora, significando que
produz-se a partir do momento em que o acto é praticado ou em que a revogação produz
efeitos ou nos casos em que a nova norma começa a produzir efeitos em alteração da norma
anterior. As excepções se verificam nos casos em que a nova lei estabelece disposições
transitórias, nas quais a norma que revoga a anterior estabelece a aplicabilidade das
referidas normas anteriores durante certo período de tempo para situações constituídas na
vigência da norma anterior.
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Vícios formais - incidem sobre o acto normativo como tal, independentemente do seu
conteúdo e tendo em conta apenas à forma da sua exteriorização; na hipótese de
inconstitucionalidade formal, viciado é o acto, nos seus pressupostos, no seu procedimento
de formação, na sua forma final;
Vícios de procedimento - autonomizados pela doutrina mais recente (mas englobados nos
vícios formais pela doutrina clássica) são os que dizem respeito ao procedimento de
formação, juridicamente regulado, dos actos normativos.
Contudo, os vícios formais são, consequentemente vícios do acto, os vícios materiais são
vícios das disposições ou das normas constantes do acto; os vícios de procedimento são
vícios relativos ao complexo de actos necessários para a produção final do acto normativo.
Daqui se conclui que, havendo um vício formal em regra fica afectado o texto
constitucional na sua integralidade, pois o acto é considerado formalmente como uma
unidade; nas hipóteses de vícios materiais, só se consideram viciadas as normas, podendo
continuar válidas as restantes normas constantes do acto que não se considerem afectadas
de irregularidade constitucional.
Nestes casos, Gouveia (2005) afirma que “a semelhança do que acontece com a nulidade
parcial dos negócios jurídicos em Direito privado e com a nulidade parcial dos
administrativos, a inconstitucionalidade de uma norma não conduz automaticamente à
declaração da nulidade das restantes normas (incomunicação da nulidade)”. Fala-se aqui de
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nulidade parcial dos actos normativos. Haverá casos, porém, em que a nulidade parcial
implicará a nulidade total.
Conotilho (2003), afirma que a nulidade parcial implicará a nulidade total quando, em
consequência da declaração de inconstitucionalidade de uma norma, se reconheça que as
normas restantes, conformes a Constituição, deixam de ter qualquer significado autónomo
(critério da dependência). Além disso, haverá uma nulidade total quando o preceito
inconstitucional fazia parte de uma regulamentação global à qual emprestava sentido e
justificação. Não são de afastar as hipóteses de inconstitucionalidade limitada a um
determinado lapso de tempo.
Ao abrigo do artigo 70º da Lei n.º 2/2022, de 21 de Janeiro, Lei Orgânica do Conselho
Constitucional, a declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade com força
obrigatória geral produz efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada
inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação das normas revogadas.
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Neste caso, a nova norma é que torna caduca a anterior por inconstitucionalidade ou
ilegalidade com a entrada da nova, razão de os efeitos da inconstitucionalidade ou
ilegalidade apenas se retrotraírem até à entrada em vigor dessa norma.
É claro que para as situações em que a nova norma torna caduca a anterior, sempre devem
ser ressalvadas situações de leis especiais e leis temporárias, em relação às quais, nos
termos do artigo 7º do Código Civil, não dão lugar à caducidade ou derrogação das leis
anteriores sobre a mesma matéria regulada. Mas nos casos de declaração de
inconstitucionalidade ou ilegalidade de leis especiais ou temporárias, os efeitos já serão
fixados nos termos gerais do nº 1 do artigo 70º da Lei Orgânica do Conselho Constitucional
o que, no nosso entender, dá lugar à aplicação do regime geral que era regulado pela norma
especial.
Contudo, a grande ressalva que é feita é para os casos julgados, conforme resulta do nº 3 do
artigo 70º da Lei Orgânica do Conselho Constitucional. Portanto, todos os casos julgados
ficam ressalvados, o que implica que, nos casos de fiscalização sucessiva e abstracta da
inconstitucionalidade ou de ilegalidade, mesmo se sabendo que houve casos em que foram
aplicadas normas inconstitucionais ou ilegais, tais destinatários dessas decisões devem se
conformar com elas desde que tenham transitado em julgado.
Nulidade – o acto inconstitucional não produz efeitos desde a origem ou desde que o seu
conteúdo colida com a norma constitucional, é insanável, não se pode convalidar, mas
torna-se necessária uma decisão pelo órgão de fiscalização para a sua declaração;
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Anulabilidade – o acto inconstitucional produz efeitos até à anulação pelo órgão de
fiscalização, e Irregularidade – quando a inconstitucionalidade não prejudica a produção
dos efeitos pelo acto, podendo, porém, trazer algumas consequências ou sanções.
Contudo, o artigo a cima citado limita-se a definir a natureza deste órgão de soberania, e,
em termos genéricos, a sua área de competência em razão da matéria, não sendo legítimo,
ainda que a sua letra pudesse, erradamente, induzir a tal, dele derivar directamente
atribuições ou competências específicas.
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pronunciar-se sobre a validade de uma lei visto esta ser a da vontade geral” (Caetano, 1992,
p. 346).
O órgão político especial é aquele que, embora pela sua composição e funções seja
político, todavia recebe a missão especial de examinar a constitucionalidade das leis e de
anular as que considerem inconstitucionais como sucedia com o senado Conservador
instituído pela Constituição francesa do ano VIII e com o senado do 2.º Império.
Órgão jurisdicional comum é qualquer tribunal ordinário da ordem judicial (sistema norte
americano e português). Em Moçambique, Grécia, França, Bélgica existem órgãos com
bastantes semelhanças com os Tribunais Constitucionais.
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Conclusão
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Bibliografia
Artigo 252º da Constituição da República, artigo 158º do Código de Processo Civil e artigo
122º da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto.
Miranda, J. (1988). Manual de Direito Constitucional. Tomo II: Introdução à Teoria Geral
da Constituição. (2ª ed.). Coimbra: Revista.
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