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TCC Final - Lediane Muniz

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INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA

CURSO DE GRADUAÇÃO DE LICENCIATURA EM


MATEMÁTICA

Lediane Lima Muniz

Calculadora: Considerações sobre seu


uso nas aulas de Matemática

NITERÓI
2020
LEDIANE LIMA MUNIZ

CALCULADORA: CONSIDERAÇÕES SOBRE


SEU USO NAS AULAS DE MATEMÁTICA

Monografia apresentada à Coordenação


do Curso Graduação de Licenciatura em
Matemática da Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial para
aprovação na disciplina Monografia (GGT
00013).

Orientadora: Flávia dos Santos Soares

Niterói
2020
LEDIANE LIMA MUNIZ

CALCULADORA: CONSIDERAÇÕES SOBRE


SEU USO NAS AULAS DE MATEMÁTICA

Monografia apresentada à Coordenação


do Curso Graduação de Licenciatura em
Matemática da Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial para
aprovação na disciplina Monografia (GGT
00013).

Aprovada em: 07/12/2020

Banca Examinadora

Profa. Flávia dos Santos Soares - Orientadora


Doutora – Universidade Federal Fluminense

Prof. Bruno Alves Dassie - Membro


Doutor – Universidade Federal Fluminense

Prof. Carlos Eduardo Mathias Motta - Membro


Doutor – Universidade Federal Fluminense
AGRADECIMENTOS

A Deus por ser sempre o meu sustento nas horas mais difíceis e por me permitir
chegar até aqui. A Maria Santíssima por interceder pela minha vida e caminhada.

Aos meus pais por todo apoio durante todos esses anos de graduação, em especial
a minha mãe Beatriz que sempre esteve ao meu lado em todas as situações.

A minha amada vó Maria Auxiliadora por ser um grande exemplo para mim e por ser
meu porto seguro.

Ao meu namorado João Marcos Divino por todo apoio, amizade e incentivo durante
esta jornada que foi de muita luta.

A minha orientadora Flávia Soares por toda paciência e dedicação durante a escrita
desse trabalho de conclusão.

Aos meus amigos que estiveram comigo seja os que trilharam o mesmo caminho
rumo a licenciatura em Matemática ou até mesmo os que apenas me viam correr
atrás deste sonho. Em especial a minha amiga Tahyz Pinto por ser um grande
presente que recebi com está graduação e aos meus amigos do “Foca no diploma”
que foram meu sustento nos últimos semestres. E por muitas amizades que
conquistei ao longo dessa jornada.
RESUMO

A presente proposta de monografia tem como objetivo fazer considerações a respeito


do uso da calculadora no ensino da matemática com argumentos favoráveis e
contrários. Além disso, apresentar sugestões de atividades com o uso da calculadora
em sala de aula. Será feito um estudo bibliográfico a partir de trabalhos já publicados
sobre o assunto, buscando discutir sobre o uso e o não uso de calculadoras na
escola identificando qual o seu uso em livros didáticos, quais são as orientações
oficiais para sua utilização no ensino e qual a opiniões de professores a respeito da
inserção da calculadora na sala de aula e nas tarefas matemáticas.
Palavras-chave: Educação básica, Ensino de matemática, Tecnologia, Calculadora.
ABSTRACT

The present monograph proposal aims to make considerations regarding the use of
the calculator in the teaching of mathematics with favorable and opposite arguments.
In addition, present suggestions for activities using the calculator in the classroom. A
bibliographic study will be made based on works already published on the subject,
seeking to discuss the use and non-use of calculators in the school, identifying what
they are used in textbooks, what are the official guidelines for their use in teaching
and what is the teachers' opinions regarding the insertion of the calculator in the
classroom and in mathematical tasks.
Keywords: Basic Education, Mathematics Teaching, Technology, Calculator.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Coleção Buriti Mais – Matemática – Valor posicional................... 32


Figura 2 – Coleção Buriti Mais – Matemática – Subtração............................ 33
Figura 3 – Coleção Buriti Mais – Matemática – Multiplicação........................ 33
Figura 4 – Coleção A conquista da Matemática – Assim também se 34
aprende .........................................................................................................
Figura 5 – Coleção A conquista da Matemática – Usando a calculadora
parte 1 ........................................................................................................... 35
Figura 6 – Coleção A conquista da Matemática – Usando a calculadora –
parte 2 ........................................................................................................... 36
Figura 7 – Coleção A conquista da Matemática – Usando a calculadora –
parte 3 ........................................................................................................... 36
Figura 8 – Coleção – Matemática – Bianchini – Raiz quadrada com
aproximação decimal..................................................................................... 44
Figura 9 – Coleção – Matemática – Bianchini – Raiz quadrada com
aproximação para π....................................................................................... 44
Figura 10 – Coleção Matemática: compreensão e prática – calculadora
científica......................................................................................................... 45
Figura 11 – Coleção Matemática: compreensão e prática – cálculo de
potências........................................................................................................ 45
Figura 12 – Coleção Matemática: compreensão e prática – cálculo de
juros............................................................................................................... 46
Figura 13 – Coleção Matemática: compreensão e prática – Raiz de uma
equação do 2° grau........................................................................................ 46
Figura 14 – Coleção Matemática: compreensão e prática – Cálculo de
razões trigonométricas.................................................................................. 46
Figura 15 – Coleção Matemática: Realidade & Tecnologia – Comprimento
da circunferência............................................................................................ 47
Figura 16 – Coleção Matemática: Realidade & Tecnologia –
Arredondamento de números........................................................................ 47
Figura 17 – Coleção Matemática: Realidade & Tecnologia – Porcentagem
em tabelas...................................................................................................... 48
Figura 18 – Coleção Matemática: Realidade & Tecnologia – Porcentagem
em gráficos.................................................................................................... 48
Figura 19 – Coleção Projeto Teláris – Cálculo de porcentagem.................... 49
Figura 20 – Coleção Projeto Teláris – Cálculo de raiz quadrada não exata.. 50
Figura 21 – Coleção Projeto Teláris – Cálculo aproximado com radical....... 50
Figura 22 – Coleção Projeto Teláris – Razões trigonométricas..................... 50
Figura 23 – Coleção Projeto Teláris – Cálculo de áreas................................ 51
Figura 24 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Aproximação
com números racionais.................................................................................. 54
Figura 25 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Porcentagem....... 55
Figura 26 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Potenciação........ 55
Figura 27 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Soma infinita de
uma progressão geométrica.......................................................................... 56
Figura 28 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – ângulos na
calculadora..................................................................................................... 57
Figura 29 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Calculadora e
tabela............................................................................................................. 58
Figura 30 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Matemática
financeira........................................................................................................ 58
Figura 31 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Variação
percentual...................................................................................................... 59
Figura 32 - Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da
superfície de um prisma hexagonal............................................................... 59
Figura 33 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da
superfície de um prisma octogonal................................................................ 60
Figura 34 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da
superfície de um prisma................................................................................. 60
Figura 35 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da
superfície de um cone reto............................................................................. 61
Figura 36 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Planificação do
cone reto........................................................................................................ 61
Figura 37 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da
superfície de um sólido.................................................................................. 62
Figura 38 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da
superfície de um cone reto............................................................................. 62
Figura 39 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área de
superfície da esfera........................................................................................ 63
Figura 40 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da
superfície de uma semiesfera........................................................................ 63
Figura 41 – Coleção #Contato – Matemática Financeira............................... 64
Figura 42 – Coleção #Contato – Função polinomial...................................... 64
Figura 43 – Coleção #Contato – Equação do 3° grau................................... 65
Figura 44 – Todos podem calcular................................................................. 72
Figura 45 – Supor e testar............................................................................. 73
Figura 46 – Códigos da calculadora – resposta correta ............................... 74
Figura 47 – Códigos da calculadora – calendário ........................................ 74
Figura 48 – Código para o cálculo de área.................................................... 75
Figura 49 – Cálculo da área da sala de aula ................................................ 75
Figura 50 – Números grandes....................................................................... 76
Figura 51 – Uso de dados personalizados..................................................... 76
Figura 52 – Seis teclas................................................................................... 77
Figura 53 – Preencha as caixas..................................................................... 78
Figura 54 – Somando 1000............................................................................ 78
Figura 55 – Maior e menor............................................................................. 79
Figura 56 – Operações ausentes................................................................... 79
Figura 57 – Produtos...................................................................................... 80
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Resumo das citações sobre calculadora nas resenhas


do PNLD 2019 (1º ao 5º ano) ........................................................................ 28
Quadro 2 – Resumo das citações sobre calculadora nas resenhas
do PNLD 2020 (6º ao 9º ano) ........................................................................ 37
Quadro 3 – Resumo das citações sobre calculadora nas resenhas
do PNLD 2018 (1º ao 3º ano) ........................................................................ 52
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 11
2 USO DAS CALCULADORAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA 15
2.1 Recomendações de documentos legais ...................................... 15
2.2 Usos das calculadoras em livros didáticos para a educação
básica .............................................................................................. 27
3 CALCULADORAS EM SALA DE AULA? ....................................... 66
3.1 Opiniões sobre o não uso da calculadora ................................... 66
3.2 Em defesa do uso da calculadora em sala de aula ..................... 68
4 SUGESTÕES E PROPOSTAS PARA A SALA DE AULA COM O
USO DA CALCULADORA .............................................................. 72
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 81
6 REFERÊNCIAS ................................................................................ 83
11

1 INTRODUÇÃO

Inicialmente, não era esse o tema que eu tinha em mente para esta
monografia. Entretanto, quando minha orientadora sugeriu o tema do uso de
calculadora no ensino da Matemática, me fez lembrar de uma de minhas aulas na
disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino I, quando ela sugeriu uma atividade que
utilizava a calculadora e o quanto este fato despertou a minha curiosidade e encanto
pela abordagem deste uso em sala de aula.

O tema em questão, de certa forma, está ligado a outros temas que eu tinha
em mente e agora posso escrever de forma mais ampla. Além disso, atualmente já
trabalho na área como professora de Matemática e tenho o desejo de fazer essa
abordagem em minhas aulas. Sendo assim, nada mais justo do que me aprofundar
em algo que eu desejo trabalhar um dia.

Depois de optar por este tema e conversar com algumas pessoas a respeito,
foi possível perceber o quanto algumas ainda são resistentes ao uso da calculadora
nas aulas de Matemática. E eu por muitas vezes expliquei que a calculadora é
apenas mais um recurso que pode ser um aliado nas aulas de Matemática, assim
como os jogos didáticos e outros materiais também são.

A calculadora é um aparelho que está presente em nosso cotidiano. Hoje o


acesso a esse instrumento é muito facilitado, pois ela está presente nos celulares,
do mais simples ao mais moderno e está presente também em computadores, tablets
etc. Além disso, é possível encontrá-la em diferentes modelos e a um preço
acessível.

Como pode-se ler nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o acesso a


ela e a outros recursos tecnológicos era compreendida uma realidade para grande
parte da população.

Por outro lado, também é fato que o acesso a calculadoras,


computadores e outros elementos tecnológicos já é uma realidade
para parte significativa da população. (BRASIL, 1998, p. 30)
12

E por que não a tornar uma aliada nas aulas de Matemática? D’Ambrósio
(1986) ressalta que a calculadora é uma ferramenta muito importante para o
aprendizado da Matemática.

Hoje, todo mundo deveria estar utilizando a calculadora, uma


ferramenta importantíssima. Ao contrário do que muitos professores
dizem, a calculadora não embota o raciocínio do aluno – todas as
pesquisas feitas sobre aprendizagem demonstram isso (p. 56).

A utilização da calculadora nas aulas de Matemática ainda gera muitas


discussões entre alguns professores de Matemática que acreditam que este
aparelho não pode estar presente em suas aulas para o ensino e aprendizagem
desta disciplina.

Para D’Ambrosio (1986), a escola tem o papel de preparar os alunos para o


futuro e não apenas prender-se em situações que ocorreram no passado. Métodos
antigos funcionam, mas podem não funcionar tão bem em uma nova geração que
temos hoje.

A escola deve se antecipar ao que será o mundo de amanhã. É


impossível conceber uma escola cuja finalidade maior seja dar
continuidade ao passado. Nossa obrigação primordial é preparar
gerações para o futuro (p. 42).

De fato, seu potencial é enorme quando pensadas em aulas bem elaboradas


e não sendo apenas mais um objeto facilitador de cálculos, e sim um meio pelo qual
alunos estudantes podem se tornar mais críticos para explorar ideias numéricas e
conceitos dos mais diversos.

Lorente (2008) sinaliza para um falso risco que se corre ao utilizar a


calculadora, principalmente com alunos mais novos, pois pode ser que estes queiram
utilizá-la até mesmo para cálculos mais simples. Borba e Selva (2009) também
apontam para isso indicando que, por desconhecimento de possíveis usos desse
recurso, muitos professores são resistentes ao uso da calculadora em sala de aula
13

“pois julgam que a calculadora fará todo o trabalho no lugar do estudante, e este,
assim, não desenvolverá sua compreensão de conceitos matemáticos” (p. 52-53).

Parece haver um esquecimento de que a calculadora não funciona


por si mesma, mas que é preciso que alguém dê os comandos do
que ela efetuará, ou seja, ao resolver uma situação por meio da
calculadora, é preciso que o usuário escolha as operações a serem
efetuadas, que as execute apropriadamente e que, depois, reflita
sobre a validade do valor obtido, pois pode haver erros na escolha
dos procedimentos ou no manuseio na hora de efetuar os cálculos
(BORBA, SELVA, 2009, p. 53).

Por isso, cabe ao professor incentivar seu uso consciente a fim de explorar
suas potencialidades nas aulas.

Silva (apud LORENTE 2008), ainda aponta que existem muitas vantagens no
uso da calculadora e que este fato permite ao professor desenvolver um trabalho
voltado para compreensão e construção de conceitos, para o desenvolvimento do
raciocínio e para a resolução de problemas. Além disso, a calculadora pode ajudar
na compreensão de conceitos tais como: números (inteiro, decimal, racional,
irracional,...), sucessão, série, convergência, média, arredondamento e
aproximação, probabilidade, função, etc.

Com base em tudo que foi mencionado anteriormente, a presente proposta de


monografia a presente proposta de monografia tem como objetivo fazer
considerações a respeito do uso da calculadora no ensino da matemática com
argumentos favoráveis e contrários. Além disso, buscamos apresentar sugestões de
atividades com o uso da calculadora. Será feito um estudo bibliográfico a partir de
trabalhos já publicados sobre o assunto, buscando discutir sobre o uso e o não uso
de calculadoras na escola identificando exemplos de propostas de uso em livros
didáticos, quais são as orientações oficiais para sua utilização no ensino e qual a
opiniões de professores a respeito da inserção da calculadora na sala de aula e nas
tarefas matemáticas.

Essa monografia será desenvolvida em quatro capítulos. O primeiro sobre a


justificativa do tema escolhido.
14

O segundo capítulo aborda o uso das calculadoras no ensino de Matemática


a partir de documentos oficiais e também sobre o uso da calculadora em livros
didáticos da educação básica.

O terceiro capítulo apresenta ponderações comuns, favoráveis e contrárias, ao


uso da calculadora em sala de aula.

O quarto capítulo traz sugestões e propostas para a sala de aula com o uso
da calculadora. E por fim, as considerações finais e referências.
15

2 USO DAS CALCULADORAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA

Neste capítulo vamos fazer considerações sobre alguns documentos oficiais


e o que eles trazem a respeito do uso da calculadora como recurso para o ensino e
a aprendizagem da Matemática. Além disso, analisaremos alguns livros didáticos de
Matemática propostos aprovados pelo PNLD e suas sugestões de abordagem do
uso da calculadora.

2.1 Recomendações de documentos legais

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os recursos didáticos


exercem um importante papel no processo de aprendizado dos alunos, uma vez que
estes recursos estão cada vez mais presentes na vida cotidiana das pessoas. É
nosso entendimento que, entre tais recursos está a calculadora, que é o recurso com
ênfase neste trabalho.

Um recurso didático por si só não surtirá efeito no processo de aprendizagem,


senão combinado com situações problema que auxiliarão os alunos a expandirem
sua visão para a compreensão de conteúdos abordados em sala de aula.

recursos didáticos como jogos, livros, vídeos, calculadoras,


computadores e outros materiais têm um papel importante no
processo de ensino e aprendizagem. Contudo, eles precisam estar
integrados a situações que levem ao exercício da análise e da
reflexão, em última instância, a base da atividade matemática
(BRASIL,1998, p. 43).

A calculadora pode ser um instrumento imediato para auxiliar no ensino da


Matemática, melhorando a compreensão dos estudantes e a aprendizagem de
conteúdos que por muitas vezes não são de fácil entendimento de um modo geral.
Como consequência os alunos ficam desmotivados pois não conseguem perceber a
importância desses conteúdos.
16

Um instrumento que pode de imediato, contribuir para a melhoria do


ensino da matemática. A justificativa para essa visão é o fato de que
ela pode ser usada como instrumento motivador na realização de
tarefas exploratórias e de investigação, além de levar o aluno a
perceber a importância do uso dos meios tecnológicos disponíveis
na sociedade contemporânea (BRASIL, 1998, p. 45)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) defendem que o uso da


calculadora pode ser visto como uma forma inovadora de abordar os conteúdos,
além de ser uma boa maneira de observar as operações feitas e entender que é
preciso ter um olhar crítico para fazer a interpretação correta do problema,
desenvolvendo assim a aprendizagem de processos cognitivos.

[...] constata-se que ela é um recurso útil para a verificação de


resultados, correção de erros, podendo ser um valioso instrumento
de autoavaliação. A calculadora favorece a busca e percepção de
regularidades matemáticas e o desenvolvimento de estratégias de
resolução de situações-problema, pois ela estimula a descoberta de
estratégias e a investigação hipóteses, uma vez que os alunos
ganham tempo na execução dos cálculos. Assim elas podem ser
utilizadas como eficiente recurso para promover a aprendizagem de
processos cognitivos (BRASIL, 1998, p. 45).

É possível também, utilizar a calculadora para fins exploratórios e de


investigação, por exemplo, em resultados de operações com números decimais para
questionar o porquê de alguns números terem duas casas decimais após a vírgula
ou até mesmo três. Com isso, o estudante construirá um significado para aplicação
desses números. Outra possibilidade é trabalhar com estimativas, levando ao aluno
a desenvolver sua capacidade crítica matemática ao escolher qual será o melhor
resultado para cada situação apresentada.

Usando a calculadora, podem colocar sua atenção no que está


acontecendo com os resultados, compará-los, levantar hipóteses e
estabelecer relações entre eles, construindo significado para esses
números (BRASIL, 1998, p. 45).

No mundo atual, é notável que estamos rodeados de muitas situações nas


quais é necessário fazer cálculos. Muitas vezes deve-se saber fazer cálculos
17

mentais, em outras precisamos executar uma operação mais complexa. A


calculadora pode ajudar nestas situações, como por exemplo, ao calcular os
rendimentos da caderneta de poupança.

Além disso, ela possibilita trabalhar com valores da vida cotidiana


cujos cálculos são mais complexos, como conferir os rendimentos na
caderneta de poupança, cujo índice é um número com quatro casas
decimais (BRASIL, 1998, p. 45).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), afirmam ainda que a utilização


de recursos como o computador e a calculadora podem ser uma atividade
experimental rica, pois, se bem conduzida pelo professor, fará com que os
estudantes ampliem seu aprendizado e se arrisquem mais, ampliando sua visão na
resolução de situações-problema.

A utilização de recursos como o computador e a calculadora pode


contribuir para que o processo de ensino e aprendizagem de
Matemática se torne uma atividade experimental mais rica, sem
riscos de impedir o desenvolvimento do pensamento, desde que os
alunos sejam encorajados a desenvolver seus processos
metacognitivos e sua capacidade crítica e o professor veja
reconhecido e valorizado o papel fundamental que só ele pode
desempenhar na criação, condução e aperfeiçoamento das
situações de aprendizagem (BRASIL, 1998, p. 45).

No tópico “Organização de Conteúdos”, os Parâmetros Curriculares Nacionais


(PCN) destacam que a importância no estudo da representação dos números
racionais graças a grande propagação do uso da calculadora e de outros
instrumentos que a utilizam.

a ênfase maior ou menor que deve ser dada a cada item, ou seja,
que pontos merecem mais atenção e que pontos não são tão
essenciais; assim, por exemplo, o estudo da representação decimal
dos números racionais é fundamental devido à disseminação das
calculadoras e de outros instrumentos que a utilizam (BRASIL, 1998,
p. 53).
18

Os recursos didáticos podem ser grandes aliados no ensino, desde que bem
utilizados. Além da calculadora, a televisão, vídeos, jogos entre outros, podem ajudar
no desenvolvimento de um processo mais crítico nos alunos durante seu
aprendizado.

recursos didáticos como livros, vídeos, televisão, rádio, calculadoras,


computadores, jogos e outros materiais têm um papel importante no
processo de ensino e aprendizagem. Contudo, eles precisam estar
integrados a situações que levem ao exercício da análise e da
reflexão (BRASIL,1998, p.57)

Os alunos, nesta fase, estão desenvolvendo determinadas habilidades de


cálculo mental, construção de algumas teorias e com isso é necessário que sejam
feitas abordagens convencionais ou não, utilizando a calculadora ou não.

Neste ciclo, os alunos devem ser estimulados a aperfeiçoar seus


procedimentos de cálculo aritmético, seja ele exato ou aproximado,
mental ou escrito, desenvolvido a partir de procedimentos não-
convencionais ou convencionais, com ou sem uso de calculadoras.
(BRASIL, 1998, p. 67)

Há estudo que apontam para as controvérsias em torno do uso da calculadora


nas aulas de Matemática (ARAUJO, SOARES, 2002; BORBA, SELVA, 2009; LUNA,
LINS, 2017), mas muitos estudiosos e professores recomendam sua utilização uma
vez que esta pode ser útil (ou quase imprescindível para muitos) cálculos complexos
de situações cotidianas, tal como a conversão de moeda, cálculo de descontos etc.

Com relação aos recursos de que o professor pode lançar mão no


terceiro ciclo, a calculadora, apesar das controvérsias que tem
provocado, tem sido enfaticamente recomendada pela maioria dos
pesquisadores e mesmo pelos professores do ensino fundamental.
Dentre as várias razões para seu uso, ressalta-se a possibilidade de
explorar problemas com números frequentes nas situações
cotidianas e que demandam cálculos mais complexos, como: os
fatores utilizados na conversão de moedas, os índices com quatro
casas decimais (utilizados na correção da poupança), dos descontos
como 0,25% etc. (BRASIL, 1998, p. 68).
19

Uma das vantagens no uso da calculadora é que é possível controlar e


verificar os resultados de cálculos exatos e aproximados com números naturais,
inteiros e racionais. Um exemplo é o valor aproximado de raízes quadráticas por
meio de estimativas.

Cálculos (mentais ou escritos, exatos ou aproximados) envolvendo


operações com números naturais, inteiros e 72 racionais, por meio
de estratégias variadas, com compreensão dos processos nelas
envolvidos, utilizando a calculadora para verificar e controlar
resultados (BRASIL, 1998, p. 71).
Cálculos aproximados de raízes quadradas por meio de estimativas
e fazendo uso de calculadoras. (BRASIL, 1998, p. 72).

É importante ressaltar que os alunos precisam aprender a identificar qual o


melhor método para abordar uma situação-problema proposta, utilizando a
calculadora para elaborar meios de verificação dos resultados e como instrumento
para obter os resultados.

Outro aspecto importante dos conteúdos do quarto ciclo é o de levar


o aluno a selecionar e utilizar procedimentos de cálculo (exato ou
aproximado, mental ou escrito) mais adequados à situação-problema
proposta, fazendo uso da calculadora como um instrumento para
produzir resultados e para construir estratégias de verificação desses
resultados. (BRASIL, 1998, p. 83)

A álgebra é uma área da Matemática muito importante e, para a compreensão


de muitos conceitos como o de variável, função, entre outros, os recursos
tecnológicos como calculadora e computador podem ajudar juntamente com o uso
de planilhas e construções gráficas.

Para apoiar a compreensão desses conceitos pode-se lançar mão da


construção e interpretação de planilhas, utilizando recursos
tecnológicos como a calculadora e o computador (BRASIL, 1998, p.
84).
20

A calculadora também pode ser usada para trabalhar os conteúdos de


Estatística, uma vez que é preciso analisar dados, fazer cálculos de verificação e até
mesmo para obter resultados com mais rapidez.

Na resolução de situações-problema envolvendo estatística, os


alunos podem dedicar mais tempo à construção de estratégias e se
sentir estimulados a testar suas hipóteses e interpretar resultados de
resolução se dispuserem de calculadoras para efetuar cálculos,
geralmente muito trabalhosos (BRASIL, 1998, p. 85).

De acordo com os PCN (BRASIL,1998) é possível utilizar a calculadora nas


aulas sobre juros simples e compostos, pois ela pode ser útil na construção de
estratégias de resolução e no desenvolvimento da noção intuitiva desses conteúdos.

Resolução de situações-problema que envolvem juros simples e


alguns casos de juros compostos, construindo estratégias variadas,
particularmente as que fazem uso de calculadora. (BRASIL, 1998,
p.87).

Com a calculadora também é possível pensar em situações a fim de discutir


sobre aproximações racionais de números irracionais com o número π. Uma das
sugestões do PCN (BRASIL,1998) é usar várias calculadoras para mostrar as
diferentes maneiras que esse número aparece no visor da calculadora, podendo
também pedir aos estudantes para compararem os valores da calculadora do celular
com a dos computadores.

É possível, no entanto, propor situações que permitam aos alunos


várias aproximações sucessivas de π. Ao trabalhar com essas
aproximações, é interessante usar diferentes calculadoras e informar
os alunos a respeito dos cálculos que são feitos em computadores
de grande porte, que produzem o valor de π com milhões de dígitos
sem que haja o aparecimento de um período na expansão decimal
(BRASIL, 1998, p.107).

Também é possível trabalhar com aproximação de números irracionais


usando números racionais. Neste caso, pode-se elaborar um situação-problema que
utilize o conceito de arredondamento e faça o uso da calculadora.
21

Uma segunda possibilidade é a de efetuar cálculos com os irracionais


por meio de aproximações racionais. Nesses casos apresenta-se
uma situação apropriada para tratar o conceito de arredondamento e
utilizar as calculadoras (BRASIL, 1998, p.107).

Um bom exemplo de aproximação com a calculadora é o caso de raízes de


números que não são quadrados perfeitos como no cálculo de √20. O aluno do
terceiro ciclo ainda não conhece os números irracionais, então esse pode ser um
bom caminho a se seguir para iniciar o trabalho com o tema:

O aluno no terceiro ciclo, que provavelmente não conhece a


existência dos irracionais, poderá encontrar a solução desse
problema, utilizando a calculadora para obter um resultado
aproximado (BRASIL, 1998, p.114).

Como mencionado anteriormente, a calculadora pode ajudar na construção


de estratégias para resolver problemas, inclusive problemas simples de divisão. Um
exemplo proposto pelo PCN (BRASIL,1998), é encontrar o quociente de uma divisão
sem usar a tecla específica da operação. Isso possibilitaria ao aluno utilizar outros
métodos para chegar ao resultado, como por exemplo usando a operação inversa
da divisão.

[...] a calculadora pode ser um eficiente recurso por possibilitar a


construção e análise de estratégias que auxiliam na consolidação
dos significados das operações e no reconhecimento e aplicação de
suas propriedades. Um exemplo pode ser o de desafiar o aluno a
determinar o quociente de uma divisão exata sem utilizar a tecla de
dividir. (BRASIL, 1998, p.115).

Ainda sobre estimativas, outro exemplo é no cálculo do produto de números


decimais em que, sem a calculadora, o aluno pode determinar o intervalo do
resultado desta multiplicação e ir construindo seu raciocínio. Por fim, o aluno utilizaria
a calculadora para verificar se suas estimativas estão corretas e assim, validar ou
não o método utilizado para a obtenção deste resultado.

A calculadora também é um recurso interessante para que o aluno


aperfeiçoe e potencialize sua capacidade de estimar. Na situação em
22

que se propõe ao aluno que estime o resultado da multiplicação de


12,7 por 8,536 por exemplo, inicialmente ele pode determinar o
intervalo em que esse resultado. (BRASIL, 1998, p.115).

É possível utilizar a calculadora para fazer análises de processos que


envolvam dados de estatística e probabilidade que são comuns em notícias de jornal
que tratam de informações envolvendo pesquisas de opinião, economia, índices
populacionais, etc. Essas informações costumam utilizar números grandes e
trabalhosos, devido ao assunto abordado e a calculadora pode auxiliar na verificação
desses dados.

Nesse trabalho a calculadora é um instrumento imprescindível


porque os cálculos são muitos e costumam ser trabalhosos em
virtude dos números envolvidos, revistas, rádio, televisão, Internet
etc.(BRASIL, 1998, p.134).

Na Estatística, muitas vezes, é necessário o uso da calculadora, pois a


demanda dos dados analisados é grande, uma vez que o foco dessa ciência é
estudar a coleta, registro, organização e análise dos dados de uma pesquisa.

No trabalho com a estatística, a calculadora é, muitas vezes, um


instrumento imprescindível porque os cálculos são muitos e
costumam ser trabalhosos em virtude dos números envolvidos
(BRASIL, 1998, p.136).

No documento Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006),


deve-se pensar na formação que capacita para o uso de calculadoras e planilhas
eletrônicas. A ideia é contemplar uma formação escolar de forma que a seja possível
usar a “Matemática como ferramenta para entender a tecnologia, e a tecnologia
como ferramenta para entender a Matemática” (p. 87).
O documento traz como exemplo o fato de que no trabalho com calculadoras,
é preciso saber informar, via teclado, as instruções de execução de operações e
funções.
23

é a habilidade em estimar mentalmente resultados de operações que


identifica, de imediato, um erro de digitação, quando se obtém 0,354
como resultado da multiplicação “35,4 * 0,1”; é o conhecimento sobre
porcentagem que habilita para o uso da tecla “%”; é o conhecimento
sobre funções que explica por que na calculadora tem-se sen (30) =
- 0,99, ou que explica a mensagem “valor inválido para a função”
recebida, após aplicar-se a tecla “sqrt” (raiz quadrada) ao número (-
5). Em calculadoras gráficas, é o conhecimento sobre funções que
permite analisar a pertinência ou não de certos gráficos que são
desenhados na tela. Como as calculadoras trabalham com
expansões decimais finitas, às vezes essas aproximações afetam a
qualidade da informação gráfica (BRASIL, 2006, p. 87).

Um documento mais recente para trazermos para este trabalho é a Base


Nacional Comum Curricular (BNCC). Ao enunciar as competências gerais 2 e 5 para
a Educação básica, a BNCC (BRASIL, 2017) defende o uso de recursos tecnológicos
como aliados no ensino e na aprendizagem, uma vez que estes podem tornar os
alunos mais críticos, estimulando a curiosidade por meio das atividades propostas
com esses recursos.

Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria


das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a
imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive
tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
(BRASIL, 2017, p. 9)
[...]
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas
diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar,
acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva. (BRASIL, 2017, p. 9)

A BNCC (BRASIL, 2017) destaca que nos anos iniciais há uma expectativa de
que os alunos resolvam problemas com números inteiros e racionais. Espera-se que
desenvolvam habilidades estratégicas para a resolução de problemas com esse
conteúdo utilizando, além de estimativas, cálculo mental, algoritmos e a calculadora.
24

No tocante aos cálculos, espera-se que os alunos desenvolvam


diferentes estratégias para a obtenção dos resultados, sobretudo por
estimativa e cálculo mental, além de algoritmos e uso de
calculadoras. (BRASIL, 2017, p. 268)

Na abordagem da temática “Probabilidade e estatística”, destaca-se o uso de


tecnologias, como a calculadora para avaliar e comparar resultados.

Merece destaque o uso de tecnologias – como calculadoras, para


avaliar e comparar resultados, e planilhas eletrônicas, que ajudam
na construção de gráficos e nos cálculos das medidas de tendência
central (BRASIL, 2017, p. 274).

Um outro destaque é que nos anos iniciais é preciso retomar as vivências


cotidianas do aluno com os números. Além disso, enfatizam-se alguns meios que
devem ser acrescentados nesta fase, no que diz respeito aos cálculos e, a
calculadora é um deles.

No que diz respeito ao cálculo, é necessário acrescentar, à


realização dos algoritmos das operações, a habilidade de efetuar
cálculos mentalmente, fazer estimativas, usar calculadora e, ainda,
para decidir quando é apropriado usar um ou outro procedimento de
cálculo. (BRASIL, 2017, p. 276)

A BNCC (BRASIL, 2017) destaca que o uso de materiais didáticos auxilia na


aprendizagem, pois eles possibilitam que os alunos façam conexões com seu
cotidiano e assim tragam um significado plausível a determinados conteúdos.

Os significados desses objetos resultam das conexões que os alunos


estabelecem entre eles e os demais componentes, entre eles e seu
cotidiano e entre os diferentes temas matemáticos. Desse modo,
recursos didáticos como malhas quadriculadas, ábacos, jogos, livros,
vídeos, calculadoras, planilhas eletrônicas e softwares de geometria
dinâmica têm um papel essencial para a compreensão e utilização
das noções matemáticas. (BRASIL, 2017, p. 276)
25

No tópico de habilidades voltadas para o 4° ano do ensino fundamental, a


BNCC (BRASIL, 2017) sugere que a calculadora seja usada quando necessário para
auxiliar os alunos no reconhecimento de operações inversas, como adição e
subtração, multiplicação e divisão, por meio de investigações.

(EF04MA13) Reconhecer, por meio de investigações, utilizando a


calculadora quando necessário, as relações inversas entre as
operações de adição e de subtração e de multiplicação e de divisão,
para aplicá-las na resolução de problemas. (BRASIL, 2017, p. 291)

Neste mesmo tópico para o 5° ano do ensino fundamental, a BNCC (BRASIL,


2017) sugere que a abordagem seja feita num contexto da educação financeira e
outros conteúdos, visto que estes possuem uma conexão direta com a realidade dos
alunos e toda sociedade.

(EF05MA06) Associar as representações 10%, 25%, 50%, 75% e


100% respectivamente à décima parte, quarta parte, metade, três
quartos e um inteiro, para calcular porcentagens, utilizando
estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de
educação financeira, entre outros.(BRASIL, 2017, p. 295)

Nos anos finais do Ensino fundamental é importante levar em consideração


as experiências e os conhecimentos matemáticos já vivenciados pelos alunos
(BNCC, 2017), ou seja, os recursos didáticos só serão válidos se forem associados
a situações ligadas à história da Matemática para despertar o interesse em aprender
a Matemática de modo significativo.

Além dos diferentes recursos didáticos e materiais, como malhas


quadriculadas, ábacos, jogos, calculadoras, planilhas eletrônicas e
softwares de geometria dinâmica, é importante incluir a história da
Matemática como recurso que pode despertar interesse e
representar um contexto significativo para aprender e ensinar
Matemática. Entretanto, esses recursos e materiais precisam estar
integrados a situações que propiciem a reflexão, contribuindo para a
sistematização e a formalização dos conceitos matemáticos.
(BRASIL, 2017, p. 298)
26

No tópico de habilidades voltadas para o 6° ano, a calculadora é citada em


três habilidades: na resolução e elaboração de problemas com números naturais, na
resolução e elaboração de problemas com números racionais e na resolução e
elaboração de problemas com porcentagens para trabalhar a ideia de
proporcionalidade sem usar a “regra de três”.

(EF06MA03) Resolver e elaborar problemas que envolvam cálculos


(mentais ou escritos, exatos ou aproximados) com números naturais,
por meio de estratégias variadas, com compreensão dos processos
neles envolvidos com e sem uso de calculadora. (BRASIL, 2017, p.
301)
[...]
(EF06MA11) Resolver e elaborar problemas com números racionais
positivos na representação decimal, envolvendo as quatro operações
fundamentais e a potenciação, por meio de estratégias diversas,
utilizando estimativas e arredondamentos para verificar a
razoabilidade de respostas, com e sem uso de calculadora. (BRASIL,
2017, p. 301)
(EF06MA13) Resolver e elaborar problemas que envolvam
porcentagens, com base na ideia de proporcionalidade, sem fazer
uso da “regra de três”, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental
e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros.
(BRASIL, 2017, p. 301)

Assim como a educação financeira foi citada no tópico de habilidades do 5°


ano do ensino fundamental, neste mesmo tópico para o 7° ano é mais uma vez
citada. Só que neste momento a orientação é para trabalhar porcentagens utilizando
acréscimos e decréscimos.

(EF07MA02) Resolver e elaborar problemas que envolvam


porcentagens, como os que lidam com acréscimos e decréscimos
simples, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e
calculadora, no contexto de educação financeira, entre outros.
(BRASIL, 2017, p. 307)

A BNCC (BRASIL, 2017) propõe o uso de recursos tecnológicos desde os


anos iniciais, estimulando desde cedo pensamento computacional do aluno por meio
de interpretação e elaboração de algoritmos.
27

Além disso, a BNCC propõe que os estudantes utilizem tecnologias,


como calculadoras e planilhas eletrônicas, desde os anos iniciais do
Ensino Fundamental. Tal valorização possibilita que, ao chegarem
aos anos finais, eles possam ser estimulados a desenvolver o
pensamento computacional, por meio da interpretação e da
elaboração de algoritmos, incluindo aqueles que podem ser
representados por fluxogramas. (BRASIL, 2017, p. 527)

2.2 Usos das calculadoras em livros didáticos para a educação básica

O livro didático é uma ferramenta muito importante utilizada pelos professores


para auxiliar no ensino em sala de aula. Antes de chegar às salas de aula das escolas
públicas, precisam ser aprovados na avaliação realizada pelo Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD). Após a avaliação um Guia com as resenhas das obras
aprovadas fica à disposição das escolas para que os(as) professores(as) escolham
o mais indicado para suas aulas.

Especificamente falando dos livros de Matemática, é possível observar que


algumas obras vêm inserindo o uso da calculadora, seja em seu contexto explicativo
do conteúdo ou em sugestões para a realização de atividades com o uso dela.

Borba e Selva (2009) apontam o livro didático como um recurso importante


para que a calculadora esteja mais presente na sala de aula pois:

De forma indireta, os livros didáticos determinam os conteúdos e os


recursos que serão utilizados na escola, pois, apesar de ser possível
a complementação do que é proposto no livro, em geral, muitos
professores vivenciam as atividades apontadas na ordem e forma
propostas (p. 50) .

Dessa forma, entendemos que a calculadora poderá ser mais utilizada se:

os livros didáticos propuserem atividades diversificadas com esse


recurso e orientarem os professores sobre o propósito do uso da
calculadora nessas atividades. Assim, os manuais de professores
que acompanham livros didáticos poderiam trazer uma discussão
maior sobre como a calculadora pode ser utilizada em sala de aula,
28

apresentando sugestões de atividades a serem desenvolvidas de


forma complementar às atividades propostas no livro didático (p. 50).

Fizemos uma busca pela palavra “calculadora” no Guia de livros didáticos do


PNLD 2019 (BRASIL, 2018) para saber qual o destaque tem sido dado nas coleções
de 1º ao 5º ano os resultados estão no Quadro 1.

Quadro 1 – Resumo das citações sobre calculadora nas resenhas


do PNLD 2019 (1º ao 5º ano)

Local da
Coleção citação no Citação
Guia
A AVENTURA DO – Análise Os recursos didáticos mais explorados são
SABER – MATEMÁTICA as calculadoras simples, o ábaco de pinos,
o material dourado, o quadro valor de lugar,
AUTORIA: Iracema Mori o tangram e alguns jogos. Esses recursos
são aproveitados adequadamente e de
acordo com o nível de escolaridade
proposto. (p. 39)

– Sala de aula O pouco incentivo ao uso de recurso


tecnológicos variados em sala de aula
requer a complementação pelo professor,
considerando que a obra limita-se apenas
ao uso da calculadora. (p. 41)

A CONQUISTA DA – Análise Trabalhando numa perspectiva


MATEMÁTICA interdisciplinar, contextualizada e de
colocar o manipulável como ferramenta
AUTORIA: José Ruy para consolidar a aprendizagem, a obra
Giovanni Junior propõe que no processo de ensino e
aprendizagem sejam explorados os
registros das produções dos alunos, as
discussões coletivas e o trabalho oral, os
jogos e as brincadeiras e o uso da
calculadora. (p. 44)

– Sala de aula Com auxílio da calculadora, são


trabalhadas as relações inversas entre as
operações básicas. Outros conteúdos
desenvolvidos são a identificação de um
número desconhecido que torna uma
igualdade verdadeira e a noção de
equivalência entre termos de uma
igualdade ao se aplicar a mesma operação
envolvendo a mesma quantidade em
ambos os termos. (p. 45)
29

ÁPIS – MATEMÁTICA – Sala de aula É recomendável que, com o devido


planejamento, o professor busque explorar
AUTORIA: Luiz Roberto tecnologias midiáticas como computador,
Dante softwares, calculadoras, internet,
simuladores, vídeos, dentre outras, algo
tão essencial no momento histórico que
vivemos e que, por sua natureza, possuem
um considerável potencial didático-
pedagógico. (p. 52)
APRENDER JUNTOS – Descrição Ao longo da obra, observamos a presença
MATEMÁTICA de ícones que indicam: trabalho com
calculadora, cálculo mental, trabalho em
AUTORIA: Patrícia dupla, atividade oral. (p. 54)
Nakata, Andrezza
Guarzoni Rocha
AQUARELA - – Análise A demanda para utilização de recursos
MATEMÁTICA matemáticos, como algoritmos, tangram,
material dourado, calculadora, softwares,
AUTORIA: Katiani da apps, sítios online, entre outros, permeia
Conceição, Helena do todos os volumes da coleção. (p. 62)
Carmo, Borba Martins,
Susana Maris Franca da
Silva, Lourisnei Fortes
Reis
AR - APRENDER E – Análise É positiva a proposição do uso de
RELACIONAR: softwares de geometria, planilhas
MATEMÁTICA eletrônicas, aplicativos, tecnologias da
informação e comunicação, assim como o
AUTORIA: Enio Ney de empreendimento do uso da calculadora,
Menezes Silveira sempre indicado por um ícone próprio.
Também são indicados diversos vídeos e
sites que complementam e auxiliam na
construção de conhecimentos
matemáticos. (p. 67)
BURITI MAIS – – Análise Outro recurso metodológico da coleção diz
MATEMÁTICA respeito ao uso de tecnologias como
softwares e calculadora. A obra sugere, em
AUTORIA: Renata diversos momentos e atividades, o uso da
Martins Fortes calculadora como ferramenta para auxiliar
Gonçalves, Carolina na resolução de cálculos e compreensão
Maria Toledo, Daniela de resultados. Muitas dessas atividades
Santo Ambrósio, Debora são planejadas para além da simples
Reis Pacheco, Maria realização do cálculo, como aquelas que
Aparecida Costa Bravo, desafiam o estudante a resolver uma
Nara Di Beo, Patrícia operação buscando estratégias diferentes
Furtado, Thais Bueno de quando uma das teclas não está
Moura, Diana Maia, Mara funcionando, fazendo-os pensar em quais
Regina Garcia Gay teclas apertar e por quê, utilizando a
calculadora, também, em uma perspectiva
problematizadora. Metodologicamente, a
obra propõe a utilização de recursos
didáticos diversificados, como materiais
30

concretos e recicláveis, jogos,


calculadoras, internet, entre outros. (p.73 )
EU GOSTO - – Análise Para o trabalho com os sólidos
MATEMÁTICA geométricos, são utilizados caixas e
objetos do cotidiano, desenvolvendo a
AUTORIA: Helenalda nomenclatura das figuras gradativamente e
Resende de Souza de modo adequado. Os recursos
Nazareth, Ainda Ferreira tecnológicos são pouco privilegiados, a
da Silva Munhoz, Marília calculadora é modestamente utilizada a
Barros de Almeida Toledo partir do 4º ano. (p.78)
LIGA MUNDO - – Análise A interação entre estudantes é bastante
MATEMÁTICA incentivada e pode contribuir
significativamente para o desenvolvimento
AUTORIA: Eliane Reame da autonomia de pensamento, do
raciocínio crítico e da capacidade de
argumentar do estudante, tanto nas
atividades coletivas, nos jogos e realização
de pesquisas, quanto nas atividades em
que se pede para o aluno conversar,
explicar ou trocar ideias com os colegas
sobre resultados e processos de resolução
e elaboração de problemas. Quanto ao uso
de tecnologia, encontram-se atividades nas
quais o emprego da calculadora para
efetuar cálculo é necessário e, em menor
incidência, para observar propriedades
numéricas. (p.85)
MATEMÁTICA COM – Análise A calculadora é a única tecnologia proposta
SALADIM nas atividades. (p.91)

AUTORIA: Eduardo
Sarquis Soares, Denise
Alves de Araújo – Sala de aula A calculadora é uma ferramenta bastante
explorada na obra, seja para aprender a
manuseá-la, para conferir cálculos
mentais, para validar as estratégias de
jogos, ou para resolver problemas cujo foco
não são os algoritmos, mas sim as
estratégias de raciocínio. (p.93)
MEU LIVRO DE – Visão geral Propõe o desenvolvimento de habilidades
MATEMÁTICA e competências matemáticas destinadas
aos alunos desta etapa de escolaridade. O
AUTORIA: Antônio uso de materiais manipulativos e da
Nicolau Youssef, Oscar calculadora tem como objetivo promover a
Augusto Guelli Neto reflexão sobre o conteúdo e o estímulo à
troca de experiências entre os alunos.
(p.94)
– Análise
O uso da calculadora predomina na obra
em atividades de natureza investigativa,
mas o uso da tecnologia é restrito a esse
recurso. (p.97)
31

NOSSO LIVRO DE – Visão geral O uso da calculadora é bastante adequado,


MATEMÁTICA mas há pouca referência a outros recursos
digitais. (p.100)
AUTORIA: Antônio Lucas
Carolino Pires, Ivan Cruz – Análise Há incentivo ao uso da calculadora no
Rodrigues, Célia Maria estudo dos números e operações,
Carolino Pires principalmente para investigar padrões. Em
geral, a abordagem dessa unidade
temática é adequada e busca-se atribuir
significados aos conceitos e
procedimentos, porém as sistematizações,
na sua maioria, são deixadas a cargo do
professor. Os números racionais são muito
bem trabalhados nas formas decimal e
fracionária, com destaque para a
exploração da relação entre as
representações fracionária e decimal,
inclusive com a calculadora. As principais
porcentagens, 10%, 25%, 50% e 100%,
também são abordadas. (p.102)
NOVO BEM-ME-QUER - – Descrição Muitas das atividades propostas, além de
MATEMÁTICA bem contextualizadas, se apoiam em
recursos tecnológicos como computador e
AUTORIA: Ana Lúcia calculadora e incentivam o trabalho em
Gravato Bordeaux Rego, grupo. (p.107)
Clea Rubinsteins,
Elizabeth Maria Franca
Borges, Vania Maria e
Silva Miguel, Elizabeth
Ogliari Marques
NOVO PITANGUÁ – – Descrição Muitas das atividades propostas, além de
MATEMÁTICA bem contextualizadas, se apoiam em
recursos tecnológicos como computador e
AUTORIA: Karina calculadora e incentivam o trabalho em
Alessandra Pessoa da grupo. (p.113)
Silva, Jackson da Silva
Ribeiro
VEM VOAR - – Análise O uso da calculadora é explorado em
MATEMÁTICA atividades dialogadas e com desafios
matemáticos. O aluno é incentivado a
AUTORIA: Júlio Cesar comparar sua resolução com a dos
Augustus de Paula colegas. (p.126)
Santos
– Sala de aula Na proposta bimestral, são sugeridas três
sequências didáticas que abordam temas e
conteúdos harmoniosamente interligados
com o Livro do Estudante, tais como:
contar, estimar e comparar, conhecendo a
calculadora, jogo dos palitos, brincando de
adicionar, tangram, dentre outros. (p.127)
É importante providenciar com
antecedência os materiais necessários
para viabilizar as atividades, tais como:
32

tesouras para recorte do material, dados,


lápis de cor, cartolina, cola, varetas de
madeira, tinta guache em cores variadas,
tampinhas de garrafas, caixas, latas, bolas,
marcadores, calculadoras, modelos de
sólidos geométricos, bola de isopor, ábaco
de pino, dentre outros. (p.128)
ODISSEIA - – Descrição Não há uma uniformidade na presença
MATEMÁTICA dessas seções em todos os volumes. São
apresentados ícones para utilização de
AUTORIA: José Roberto recursos, como calculadora e para indicar
Bonjorno, Regina de quando as atividades podem ser realizadas
Fátima Souza Azenha em grupos, em duplas, pesquisa,
Bonjorno, Maria Ribeiro oralmente e quando as fotografias estão
Soares, Tania Cristina fora de proporção. (p.119)
Rocha Silva Gusmão

Com objetivo de observar como o uso da calculadora vem sendo trabalhado


nos livros didáticos de Matemática escolhemos algumas coleções1 para uma leitura
mais cuidadosa.

No exercício a seguir (Figura 1), deseja-se trabalhar o princípio do valor


posicional no sistema de representação decimal, além de relacionar as casas
decimais mostrando, por exemplo, que podemos escrever quatro centenas como
quatrocentas unidades. Isso deve ser feito com o uso da calculadora.

Figura 1 – Coleção Buriti Mais – Matemática – Valor posicional

Fonte: TOLEDO, 2017, 5º ano, p. 19

1
O objetivo aqui não é fazer uma análise exaustiva das coleções, mas apenas fornecer alguns
exemplos para melhor entendimento do tipo de uso que vem sendo proposto pelos autores.
33

Neste outro exercício (Figura 2) a proposta é fazer um cálculo aritmético


usando a calculadora, mas fazendo uma associação ao cálculo mental.

Figura 2 – Coleção Buriti Mais – Matemática – Subtração

Fonte: TOLEDO, 2017, 5º ano, p. 45

Nos comentários sobre esta outra questão (Figura 3), o livro sugere que o

professor proponha aos alunos a fazer esta operação utilizando o algoritmo usual
inicialmente e depois questione o aluno de qual forma “Giovana” poderia fazer esta
conta. No item b, espera-se que o aluno perceba porque foi preciso subtrair 32
unidades do resultado final.

Figura 3 – Coleção Buriti Mais –Matemática – Multiplicação

Fonte: TOLEDO, 2017, 5º ano, p. 51

No livro A conquista da Matemática ( 5° ano), na primeira Unidade, dedicada


a explora o sistema de numeração decimal, inicialmente faz-se uma apresentação
da calculadora (Figura 4), mostrando suas principais funções. Após isso, são

propostos quatro exercícios que visam explorar o conceito apresentado no capítulo.


34

Para resolver os exercícios os alunos têm que explorar as funções da calculadora


para formar números.

Figura 4 – Coleção A conquista da Matemática – Assim também se aprende

Fonte: GIOVANNI JÚNIOR, 2018, 5º ano, p. 25

No mesmo volume do 5º ano, ao tratar da adição e subtração de números


naturais, um dos capítulos busca explorar o uso da calculadora para essas
operações. O objetivo do capítulo é, segundo os autores, “utilizar a calculadora para
auxiliar na resolução da adição e da subtração e estimular, assim, a identificação das
teclas relacionadas aos comandos necessários para se chegar corretamente aos
35

resultados” (GIOVANNI JÚNIOR, 2018, 5º ano, p. 44). As orientações sugerem ainda


que o professor explore a origem das primeiras calculadoras.

Nas questões 1 e 2 (Figura 5) trabalham o cálculo por estimativa. O exercício


propõe que seja feita uma estimativa do possível resultado e que os alunos
verifiquem na calculadora o resultado estimado.

Figura 5 – Coleção A conquista da Matemática – Usando a calculadora (parte 1)

Fonte: GIOVANNI JÚNIOR, 2018, 5º ano, p. 44

Nas questões 3, 4 e 5 (Figura 6) a calculadora é usada como uma ferramenta


de cálculo. Isso mostra que há muitas possibilidades de uso da calculadora, inclusive
para reforçar os cálculos.
36

Figura 6 – Coleção A conquista da Matemática – Usando a calculadora (parte 2)

Fonte: GIOVANNI JÚNIOR, 2018, 5º ano, p. 45

Nas questões 6 e 7 (Figura 7) a calculadora é usada como apoio nos cálculos.


A atividade com alguma tecla “quebrada” estimula o aluno a buscar outras operações
que tenham o mesmo resultado.

Figura 7 – Coleção A conquista da Matemática – Usando a calculadora (parte 3)

Fonte: GIOVANNI JÚNIOR, 2018, 5º ano, p. 45


37

Esse tipo de uso confirma a visão do autor que defende “não o uso da
calculadora para substituir os procedimentos, os algoritmos ou o cálculo mental, e
sim como um recurso a mais para auxiliar o desenvolvimento do raciocínio
matemático” (GIOVANNI JÚNIOR, 2018, 5º ano, p. XXVII).

Da mesma forma que fizemos para os livros de 1º ao 5º ano, fizemos uma


busca pela palavra “calculadora” no Guia de livros didáticos do PNLD 2020 (BRASIL,
2019), a fim de verificar as referências a calculadoras nas coleções de 6º ao 9º ano.
Os resultados estão no Quadro 2.

Quadro 2 – Resumo das citações sobre calculadora nas resenhas


do PNLD 2020 (6º ao 9º ano)

Local da
Coleção citação no Citação
Guia
A CONQUISTA DA – Análise Em algumas obras, há incentivo ao uso de
MATEMÁTICA tecnologias, com predomínio do uso de
calculadora e softwares educacionais, com
AUTORIA: José Ruy especial atenção aos de geometria dinâmica.
Giovani Júnior, Benedicto Entretanto, o uso de tecnologias de
Castrucci informação e comunicação poderia ser mais
valorizado e incentivado nas obras. (p. 95)

APOEMA – – Sala de aula O pouco incentivo da coleção ao uso de


MATEMÁTICA recursos tecnológicos variados em sala de
aula requer a complementação das atividades
AUTORIA: Adilson Locen pelo professor, a partir da exploração de
tecnologias midiáticas como computador,
softwares, calculadoras, internet,
simuladores, vídeos e videoaulas, entre
outros. (p.102)

CONVERGÊNCIAS – Descrição Um encarte, com orientações quanto ao uso


MATEMÁTICA das ferramentas como calculadora, régua,
compasso, esquadro, transferidor, software de
AUTORIA: Eduardo geometria dinâmica, está incluso no final de
Chavante cada volume, bem como o Aprenda Mais, com
sugestões de livros e sites cujo propósito é
ampliar o conteúdo apresentado ao longo de
cada volume. (p.110)

– Análise Observa-se no Manual do Professor


indicações da utilização dos recursos
tecnológicos, dentre eles o uso da
calculadora, planilhas eletrônicas e softwares
38

de geometria dinâmica, entretanto,


priorizando uma abordagem técnica no uso
dessas ferramentas. (p. 111)

GERAÇÃO ALPHA – Análise Nas unidades que tratam de Números e


MATEMÁTICA Álgebra há atividades com a sugestão do uso
de calculadora. (p. 116)
AUTORIA: Carlos N. C. de
Oliveira, Felipe Fugita

MATEMÁTICA - – Visão geral O uso de diversos recursos didáticos (jogos,


BIANCHINI calculadoras, material dourado e softwares de
geometria dinâmica) são estratégias
AUTORIA: Edwaldo exploradas no decorrer da coleção. (p. 119)
Bianchini
Em todos os volumes, há em suas páginas
– Descrição iniciais, uma carta ao estudante, explanando
sobre a estrutura dos capítulos e os ícones
para utilização de recursos como atividade em
dupla ou em grupo, cálculo mental e uso da
calculadora. (p. 119)

Há na obra sugestões de uso de diferentes


– Análise estratégias metodológicas como jogos,
softwares, pesquisas, calculadora, tanto em
sala de aula, como extraclasse. Sobre o
Manual do Professor, este descreve a
estrutura da obra, os fundamentos teórico-
metodológicos que direcionam a coleção, os
objetivos gerais, a proposta didática, a
proposta de avaliação e algumas outras
concepções importantes que nos ajudam a
melhor compreender os modos
(epistemológicos) como esse material se
relaciona com o ensino e a aprendizagem de
matemática.( p. 122)

MATEMÁTICA - – Visão geral As seções especiais, em sua maioria,


COMPREENSÃO E apresentam temáticas relevantes e são
PRÁTICA potenciais para a mobilização de ações
associadas às habilidades da Base. Os
AUTORIA: Ênio Silveira diferentes recursos, como calculadora,
softwares e instrumentos de construção
geométrica estão presentes na coleção. (p.
125)

– Descrição Alguns ícones são utilizados ao longo das


páginas do LE e correspondem ao trabalho
em dupla ou em grupo, indicação de cálculo
mental e uso de calculadora, bem como de
recursos tecnológicos. Todos os volumes se
encerram com as Respostas das atividades
propostas e a Bibliografia. (p. 125)
39

– Sala de aula A calculadora e os softwares são propostos na


obra, porém é recomendável que o professor
proporcione aos estudantes estabelecer
relações entre essas ferramentas e os
conteúdos das diferentes Unidades temáticas,
ultrapassando uma abordagem diretiva
baseada no passo a passo. (p. 130)

MATEMÁTICA – Descrição Há destaque em alguns capítulos para as


ESSENCIAL possíveis discussões de temas voltados ao
exercício da cidadania, presentes na seção
AUTORIA: Patricia Moreno Cidadania: explore essas ideias. No que tange
Pataro, Rodrigo Balesti ao uso de tecnologias, a obra destaca o uso
da calculadora, de planilhas eletrônicas e de
softwares de geometria dinâmica. As
atividades que exploram o uso da calculadora,
em sua maioria, privilegiam o uso de teclas e
o cálculo de expressões numéricas, sendo
poucas as atividades que exploram esse
instrumento na resolução de situações-
problema, envolvendo as seguintes relações
matemática: verificação de regularidades,
realização de cálculos confirmadores de
resultados, a partir de estimativas;
investigação das relações entre operações
inversas, dentre outros. O uso de planilhas
eletrônicas e softwares de geometria dinâmica
são propostos sempre ao final de cada
volume. Nenhuma abordagem inicial de
conteúdo é feita, a partir do recurso, às
tecnologias. As atividades que empregam o
cálculo mental, em geral, são propostas a
partir de um modelo. Atividades que exploram
estimativas, arredondamentos e
aproximações também estão presentes na
coleção e são poucas as que sugerem o uso
da calculadora como instrumento de
verificação de resultados. (p. 134)

– Análise As atividades que exigem o uso da


calculadora priorizam cálculos diretos ou
conferências de resultados, e não exploram
atividades de observação de regularidades.
(p. 136)

– Sala de Aula Os vídeos que compõem o material


audiovisual possuem uma estrutura
metodológica vinculada à exposição de
conteúdos e a estratégias de visualização com
a utilização de recursos, tais como:
40

visualização de imagens e estabelecimento de


relações com a matemática; apresentação de
atividades envolvendo softwares de geometria
dinâmica, planilhas eletrônicas e calculadora;
manipulação de instrumentos de desenho e
medidas e realização de construções
geométricas com esses instrumentos. (p. 138)

É importante, também, complementar o


trabalho envolvendo probabilidade, de forma a
ampliar o uso de exemplos e atividades com
situações que se vinculam a eventos
aleatórios. A utilização da calculadora deve
extrapolar as orientações da obra e ser
utilizada, por exemplo, na observação de
regularidades. ( p. 138)

MATEMÁTICA – Análise Ao longo do Livro do Estudante, há sugestões


REALIDADE & para o uso de recursos didáticos, como a
TECNOLOGIA calculadora, jogos, construções geométricas e
o material audiovisual oferecido pela coleção.
AUTORIA: Joamir Souza (p. 143)

– Visão geral O referencial teórico-metodológico é baseado


nos avanços conquistados pela educação
matemática, dentre outros: trabalhar ideias,
fazer com que os alunos aprendam por
compreensão, trabalhar a matemática por
meio de situações problemas; trabalhar o
conteúdo com significado; permitir uso
adequado de calculadora e computadores,
valorizar e levar em conta a experiência
acumulada pelos alunos dentro e fora da
escola. (p. 147)

TELÁRIS MATEMÁTICA – Visão geral O referencial teórico-metodológico é baseado


nos avanços conquistados pela educação
AUTORIA: Luiz Roberto matemática, dentre outros: trabalhar ideias,
Dante fazer com que os alunos aprendam por
compreensão, trabalhar a matemática por
meio de situações problemas; trabalhar o
conteúdo com significado; permitir uso
adequado de calculadora e computadores,
valorizar e levar em conta a experiência
acumulada pelos alunos dentro e fora da
escola. (p. 147)

– Descrição Algumas atividades vêm assinaladas com


ícones indicando: cálculo mental, resolução
oral ou conversa em grupo, uso de
calculadora ou a existência de material
41

audiovisual relacionado ao tema ou conteúdo


abordado; Explorar e descobrir: com situações
de exploração, experimentação, verificação,
descobertas e sistematização dos conteúdos
apresentados; Leitura: que apresenta textos
adicionais, que complementam e
contextualizam a aprendizagem, muitas vezes
com contextos interdisciplinares que priorizam
temas como: ética, saúde e meio ambiente.
Os textos são acompanhados de questões
que evidenciam a Matemática em diferentes
contextos: Jogos; Matemática e tecnologia,
que propõe uso de calculadora e softwares
livres; Revisando seus conhecimentos, com
atividades que revisam conceitos e
procedimentos já estudados, em anos ou
capítulos anteriores; Testes oficiais, com
questões de avaliações oficiais sobre
conteúdos em estudo; Verifique o que
estudou, com atividades de revisão e
verificação de conteúdos abordados ao longo
do capítulo, seguidas de uma proposta de
autoavaliação para que o aluno reflita sobre
seu processo de aprendizagem ou sobre
atitudes que tomou em relação aos estudos,
ao professor e aos colegas; Raciocínio lógico:
com atividades voltadas para a aplicação de
noções de lógica na resolução de problemas;
Bate-papo, com atividades orais visando o
compartilhamento de opiniões e
conhecimentos entre colegas e professor;
Você sabia?, que apresentar fatos e
curiosidades relacionados aos tópicos
estudados; Um pouco de história, com
informações e fatos históricos relacionados à
matemática; Atividade resolvida passo a
passo, com resolução detalhada e
comentada, seguida de uma sugestão de
ampliação. (p. 148)

– Análise A realização das operações por meio do


cálculo mental e /ou com uso da calculadora,
bem como a resolução de problemas são
introduzidos pela explanação das etapas da
resolução baseada na obra de Polya.
Enquanto ampliação das operações
numéricas tem-se, também, a potenciação,
seguida da radiciação. (p. 149)

– Sala de aula É importante que o professor esteja atento


para utilização dos diversos recursos, tais
como: calculadora, instrumentos de medida,
42

softwares. Recomenda-se que o professor


esteja atento ao excesso de atividades que
tratam da ação de resolver e poucos que
exigem a ação de elaborar. (p. 152)

TRILHAS DA – Visão geral A obra conta, ainda, com o material


MATEMÁTICA audiovisual composto por 4 vídeos destinados
a cada um dos bimestres, totalizando 16
AUTORIA: Fausto Arnaud vídeos, que são apresentados na forma de
Sampaio tutorial, para que o aluno possa fazer uso de
recursos tecnológicos, tais como as planilhas
eletrônicas, o software Geogebra e a
calculadora. (p. 154)

- Descrição Cada um dos 4 volumes da obra é composto


por 11 seções com objetivos definidos: Boxe
trocando ideias: inicia se com uma dupla de
páginas que apresenta um tema com o
objetivo de promover uma discussão
relacionada ao conteúdo a ser trabalhado,
Desenvolvimento dos conteúdos: em que são
apresentados os conteúdos, Atividades, que
apresentam atividades simples e complexas
referentes aos temas desenvolvidos e
também alguns problemas resolvidos,
Atividades complementares, que propõe
atividades contextualizadas e
interdisciplinares, que integram a matemática
a outras áreas do conhecimento, Saiba mais,
que apresenta textos diversificados que
abordam algum conteúdo sob a perspectiva
histórica, curiosidades, relações com outros
campos da matemática, Análise da resolução,
que apresenta problemas desafiadores
obtidos em bancos de questões, Trabalhando
com a informação, que aborda objetos de
conhecimento e habilidades que envolvem
probabilidade e estatística, a fim de retomar
conceitos principais e preparar para a
abordagem de novos conceitos que serão
objeto de trabalho ao longo do ano.,
Tecnologia digital, que estimula o uso de
softwares dinâmicos, planilhas eletrônicas e
calculadoras, O que aprendi, com atividades
que retomam os principais assuntos
trabalhados na unidade e questões que
motivam o aluno a se autoavaliar,
Conhecimento interligado ou em ação, em que
são trabalhados temas que estabelecem
conexão com outras áreas de conhecimento,
além de temas que estabelecem conexão
entre assuntos trabalhados e temas
43

contemporâneos, Desvendando enigmas, que


propõe uma situação problema para que os
alunos utilizem os conhecimentos construídos
por meio da unidade. Em cada um dos
volumes, nas páginas finais, há o gabarito de
todas as atividades, com sugestões de leitura
numa seção anterior às referências
bibliográficas, que encerram o volume. (p.155)

Passamos a alguns exemplos de uso da calculadora em algumas das


coleções destacadas no quadro 2.

Edwaldo Bianchini, em sua coleção “MATEMÁTICA” defende o uso de


recursos tecnológicos e destaca que a “calculadora é somente mais um recurso
auxiliar, não um substituto do exercício do raciocínio ou da capacidade analítica”
(BIANCHINI, 2018, 9º ano, p. XIV). Dessa forma, afirma que o que propõe é “o uso
da calculadora de maneira consciente, de modo a contribuir para a reflexão dos
conteúdos matemáticos [...] e como auxiliar na resolução de problemas” (p. XIV).
Além disso, o autor considera que por ser das tecnologias disponíveis uma das mais
simples e de menor custo, “ela pode ser utilizada como instrumento motivador na
realização de atividades exploratórias e investigativas e assim contribuir para a
melhoria do ensino” (BIANCHINI, 2018, 9º ano, p. XIV).

Uma das ocorrências que destacamos são as duas propostas de exercícios


que abordam o conceito de raízes quadradas não exatas. Na questão 41, o aluno
precisa usar a calculadora considerando que a tecla de cálculo de raiz está
“quebrada”. Isso fará com que o aluno utilize outros meios para encontrar essas
raízes e como são raízes inexatas, pode-se trabalhar com estimativa. Na questão
seguinte, a proposta é trabalhar com verificação de resultado, uma vez que o aluno
terá que conferir os resultados obtidos no exercício anterior.
44

Figura 8 – Coleção Matemática – Bianchini – Raiz quadrada com aproximação decimal

Fonte: BIANCHINI, 2018, 9º ano, p. 32

Em outra ocorrência (Figura 9) a calculadora é utilizada para trabalhar com


radiciação e a fim de avaliar uma aproximação para o número π.

Figura 9 – Coleção Matemática – Bianchini – aproximação para π

Fonte: BIANCHINI, 2018, 9º ano, p. 61

Outra coleção, Matemática: compreensão e prática, a defesa do uso da


tecnologia é feita de maneira breve no Manual do professor, ao afirmar que:

a utilização das diversas tecnologias de aprendizagem na aula de


Matemática permite uma expansão das oportunidades de aquisição
do conhecimento – por exemplo, a calculadora e os softwares para a
aprendizagem da Matemática, que permitem a ampliação na busca
de novas estratégias para a resolução de problemas (SILVEIRA,
2018, 9º ano, p. XVIII).
45

Um exemplo na obra é a atividade de uso da calculadora no capítulo referente


a potenciação e radiciação de números reais. Na seção “Lendo e aprendendo”
apresenta-se como usar as teclas “yx” e “x2” da calculadora.

Figura 10 – Coleção Matemática: compreensão e prática – Calculadora científica

Fonte: SILVEIRA, 2018, 9º ano, p. 17

Um exemplo de atividade para trabalhar o conceito de potenciação no 9º ano


(Figura 11) é proposta mais adiante.

Figura 11 – Coleção Matemática: compreensão e prática – Cálculo de potências

Fonte: SILVEIRA, 2018, 9º ano, p. 34


46

Na figura 12, podemos ver uma sugestão de atividade com a calculadora no


capítulo de Matemática Financeira que trabalha juros e tratamento da informação. O
aluno precisa considerar os valores a tabela para desenvolver o exercício.

Figura 12 – Coleção Matemática: compreensão e prática – Cálculo de juros

Fonte: SILVEIRA, 2018, 9º ano, p. 48

Em outro momento (Figura 13) a calculadora está sendo proposta como


auxiliar para verificar se um número é raiz de uma equação do 2° grau.

Figura 13 – Coleção Matemática: compreensão e prática – Raiz de uma equação do 2º


grau

Fonte: SILVEIRA, 2018, 9º ano, p. 124

Em outra atividade, a calculadora científica é usada para calcular os valores


das razões trigonométricas de seno, cosseno e tangente dos ângulos sugeridos.

Figura 14 – Coleção Matemática: compreensão e prática – Cálculo de razões


trigonométricas

Fonte: SILVEIRA, 2018, 9º ano, p. 189


47

O uso de calculadoras também está presente na coleção Matemática:


Realidade & Tecnologia. A atividade a seguir é uma proposta apresentada para
calcular o comprimento da circunferência a partir de aproximações do número
irracional π.

Figura 15 – Coleção Matemática: Realidade & Tecnologia – Comprimento da


circunferência

Fonte: SOUZA, 2018, 9º ano, p. 22

Outra situação envolve o usa da calculadora para trabalhar com


aproximações e comparação entre os valores a fim de posicioná-los corretamente
na reta numérica.

Figura 16 – Coleção Matemática: Realidade & Tecnologia – Arredondamento de números

Fonte: SOUZA, 2018, 9º ano, p. 24


48

Sugere-se também o uso da calculadora no cálculo de porcentagens como as


atividades das Figuras 17 e Figura 18 a seguir.

Figura 17 – Coleção Matemática: Realidade & Tecnologia – Porcentagem em tabela

Fonte: SOUZA, 2018, 9º ano, p. 174

Figura 18 – Coleção Matemática: Realidade & Tecnologia – Porcentagem em gráfico

Fonte: SOUZA, 2018, 9º ano, p.220-221


49

Em outra coleção, Projeto Telaris, as porcentagens também aparecem como


tema escolhido para propostas com o uso da calculadora.

Figura 19 – Coleção Projeto Teláris – Cálculo de porcentagem

Fonte: DANTE, 2015, p. 163

Outros temas em que a calculadora aparece é no cálculo de raízes quadradas


não exatas. Aqui sugere-se uma atividade com o uso da calculadora, para o cálculo
direto, e outra sem.
50

Figura 20 – Coleção Projeto Teláris – Cálculo raiz quadrada não exatas

Fonte: DANTE, 2015, 9º ano, p. 15

Ainda no mesmo capítulo outras atividades com o cálculo de radicais sugerem


o uso da calculadora.

Figura 21 – Coleção Projeto Teláris – Cálculo aproximado com radicais

Fonte: DANTE, 2015, 9º ano, p. 23

No exercício a seguir (Figura 22), temos um exemplo de como podemos usar


a calculadora na Geometria para encontrar o valor do lado de um triângulo.

Figura 22 – Coleção Projeto Teláris – 9º ano - Razões trigonométricas

Fonte: DANTE, 2015, 9º ano, p. 211


51

Ainda no campo da Geometria, outra proposta (Figura 23) associa o uso da


calculado ao cálculo de área. Isso mostra que é possível utilizar a calculadora como
apoio nas aulas de Geometria.

Figura 23 – Coleção Projeto Teláris – Cálculo de áreas

Fonte: DANTE, 2015, 9º ano, p. 211

Para as coleções do Ensino Médio, constam as seguintes menções ao seu


uso nas coleções que constam no Guia do PNLD 2018 (BRASIL, 2017).
52

Quadro 3 – Resumo das citações sobre calculadora nas resenhas


do PNLD 2018 (1º ao 3º ano)

Local da citação no
Coleção Citação
Guia
MATEMÁTICA - – Metodologia do A calculadora é, geralmente,
CONTEXTO & ensino e empregada para a realização de
APLICAÇÕES aprendizagem cálculos, em especial no trabalho com
a matemática financeira. (p. 49)
AUTORIA: Luiz Roberto
Dante
QUADRANTE – Visão geral A importância do uso das tecnologias
MATEMÁTICA no ensino e aprendizagem é ressaltada
ao final de cada volume, em seções
AUTORIA: Diego Prestes com formato tutorial. As orientações
Eduardo Chavant estão voltadas ao emprego da
calculadora científica e de um software
gratuito. (p. 51)

– Descrição da obra Ao final dos volumes, encontram-se as


seções: Ferramentas, que incluem
exercícios para emprego da
calculadora científica e do software
gratuito LibreOffice Calc; Leitura e
Pesquisa, com sugestões de livros e
sites para aprofundamento dos
estudos; Gabarito; e Referências
Bibliográficas. (p. 52)

– Em sala de aula Sugere-se ao docente que procure


realizar atividades com o uso de
ambientes computacionais, pouco
valorizadas em cada livro, exceto na
sua seção final, intitulada Ferramentas.
Por outro lado, para melhor aproveitar
essa seção, será importante
providenciar o material necessário e
testar as orientações propostas, tendo
em vista as diferenças entre
calculadoras. (p. 58)

MATEMÁTICA: CIÊNCIA – Abordagem dos É igualmente acertado o uso da


E APLICAÇÕES conteúdos calculadora, na exploração do cálculo
de aproximações racionais de números
AUTORIA: irracionais. (p. 63)
Gelson Iezzi, David
Degenszajn,, – Metodologia do Em relação ao uso de tecnologias, além
Nilze De Almeida, ensino e das instruções sobre algumas
Osvaldo Dolce, aprendizagem funcionalidades de diferentes modelos
Roberto Périgo de calculadoras científicas,
frequentemente é solicitado o uso da
calculadora científica, mas sem
53

maiores explorações que conduzam o


estudante a reflexões: a ênfase recai
em seu uso como instrumento de
cálculo. Os softwares de geometria
dinâmica são mencionados, em geral,
junto à exposição de alguns gráficos de
funções ou das cônicas, traçados com
o Geogebra. Contudo, não há
sugestões para que os estudantes
utilizem esses softwares. (p. 64)
MATEMÁTICA PARA – Visão geral São propostas situações motivadoras,
COMPREENDER O com o uso do computador e da
MUNDO calculadora. Também se discutem
questões do ENEM ou de vestibulares,
AUTORIA: Kátia Stocco que incluem análises das possíveis
Smole, Maria Ignez Diniz estratégias de resolução, além de boas
sugestões para um trabalho em
conexão com outras áreas do
conhecimento. (p. 67)

– Sala de aula Nas seções Foco na Tecnologia,


Computador e Calculadora, encontram-
se atividades exploratórias que
possibilitam a ampliação ou o
aprofundamento dos conhecimentos
matemáticos. Entretanto, será
importante verificar, previamente, se as
calculadoras dos estudantes realizam
as funções requeridas. (p. 73 )

MATEMÁTICA: – Descrição da Nestes, há textos explanatórios,


INTERAÇÃO coleção acompanhados de atividades
E TECNOLOGIA resolvidas e propostas aos estudantes.
Uma característica da obra são as
AUTORIA: Rodrigo variadas seções destacadas nas
Balestri unidades. Algumas delas têm
denominações específicas: Produção
Textual, Calculadora, tratamento da
Informação, Desafio, Em Grupo. (p. 74)

– Metodologia do A calculadora é, igualmente, bem


ensino e utilizada, como instrumento para
aprendizagem verificar e comparar resultados,
estabelecendo-se relações entre eles.
(p. 78)

#CONTATO – Descrição da obra Sucedem-se atividades identificadas,


MATEMÁTICA como: Contexto, Atividades resolvidas,
Atividades, Calculadora e Desafio. (p.
AUTORIA: Joamir Souza, 82)
Jacqueline Garcia
54

– Metodologia do Tanto no Livro do Estudante quanto no


ensino e Manual do Professor, há boas
aprendizagem sugestões de uso de calculadora e de
dois softwares livres (p. 86)

CONEXÕES COM A – Em sala de aula Na coleção, são oferecidas boas


MATEMÁTICA instruções para o trabalho com
softwares e planilhas eletrônicas, mas o
AUTORIA: Fabio Martins uso de calculadoras restringe-se a
De Leonardo viabilizar e acelerar os cálculos. Vale a
pena o professor buscar complementos
para explorar as calculadoras, de modo
que o estudante possa também
elaborar e validar conjecturas
necessárias para construção do
conhecimento matemático (p. 102).

Passamos a alguns exemplos de uso da calculadora em algumas das


coleções destacadas no quadro 3.

Na Coleção Matemática: Ciência e aplicações destacamos uma proposta que


tem como objetivo trabalhar com aproximações, com mais ou menos casas decimais.

Figura 24 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Aproximações racionais

Fonte: IEZZI et al, 2016, 1º ano, p. 30

Outro exercício visa estimular o cálculo mental e utilizar e a calculadora é


usada como recurso para verificar os cálculos realizados mentalmente.
55

Figura 25 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Porcentagem

Fonte: IEZZI et al, 2016, 1º ano, p. 36

Nota-se que no texto explicativo sobre potenciação na Coleção Matemática:


Ciência e aplicações, o autor faz menção ao uso da calculadora científica para
auxiliar no cálculo de potências com o uso da tecla “yx”. Em alguns modelos de
calculadora essa tecla pode ser substituída pela tecla “^”.

Figura 26 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Potenciação

Fonte: IEZZI et al, 2016, 1º ano, p. 128

Mais adiante nesta mesma coleção, temos a construção do conceito de soma


infinita de uma progressão geométrica. A calculadora é proposta para que o aluno
verifique de valores sugeridos das potências e assim, que observe a lei de formação
da soma infinita em uma progressão geométrica.
56

Figura 27 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Soma infinita de uma Progressão


geométrica

Fonte: IEZZI et al, 2016, 1º ano, p. 188

Em outro momento, o autor explica um pouco mais sobre como inserir ângulos
na calculadora científica e para mostrar seu uso no cálculo de razões trigonométricas
(Figura 28).
57

Figura 28 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Ângulos na calculadora

Fonte: IEZZI et al, 2016, 1º ano, p. 220

Em outro ponto da Coleção a calculadora auxilia no cálculo de porcentagens


e arredondamentos (Figura 29) no campo da Estatística, e também na Matemática
Financeira (Figura 30 e Figura 31).
58

Figura 29 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Porcentagens

Fonte: IEZZI at al, 2016, 1º ano, p. 267

Figura 30 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Matemática financeira

Fonte: IEZZI et al, 2016, 3º ano, p. 153


59

Figura 31 – Coleção Matemática: Ciência e aplicações – Variação Percentual

Fonte: IEZZI at al, 2016, 3º ano, p. 156

Outras ocorrências de uso da calculadora estão na coleção Matemática:


Interação e tecnologia. No exemplo a seguir a calculadora é utilizada para verificar e
comparar resultados. Os exercícios a seguir (Figuras 32 a 34), referem-se ao cálculo
de área da superfície de um prisma.

Figura 32 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da superfície de um prisma


hexagonal

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 58


60

Figura 33 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da superfície de um prisma


octogonal

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 58

Figura 34 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da superfície de um prisma

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 58


61

Ainda nesta coleção, Matemática: Interação e tecnologia, podemos encontrar


exercícios nos quais sugere-se o uso da calculadora para a área da superfície de um
cone reto, da superfície da esfera como veremos nas Figuras 35 a 40.

Figura 35 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da superfície do cone reto

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 98

Figura 36 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Planificação do cone reto

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 98


62

Figura 37 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área de sólidos geométricos

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 98

Figura 38 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da superfície do cone reto

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 98


63

Figura 39 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da superfície da esfera

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 114

Figura 40 – Coleção Matemática: Interação e tecnologia – Área da superfície da


semiesfera

Fonte: BALESTRI, 2016, 3º ano, p. 114

Na Coleção #Contato o autor traz um exemplo resolvido explicando o uso da


calculadora na Matemática financeira.
64

Figura 41 – Coleção #Contato – Matemática financeira

Fonte: SOUZA et al, 2016, 3º ano, p. 26

O exercício da figura 42 sugere o uso da calculadora para trabalhar com


função polinomial.

Figura 42 – Coleção #Contato – Função polinomial

Fonte: SOUZA et al, 2016, 3º ano, p. 173


65

Outra atividade da coleção (Figura 43) sugere o uso da calculadora científica


para determinar uma das raízes de uma equação cúbica.

Figura 43 – Coleção #Contato – Equação do 3° grau

Fonte: SOUZA et al, 2016, 3º ano, p. 186

A partir dos exemplos aqui listados percebemos que, em geral, os livros


didáticos oferecem oportunidades para que os professores façam uso da calculadora
em sala de aula associada a cálculos considerados mais trabalhosos, aproximações
e arredondamentos, estimativas, e em vários conteúdos.
66

3 Calculadoras em sala de aula?

Neste capítulo vamos tratar sobre algumas opiniões sobre o não uso da
calculadora em sala de aula nas aulas de Matemática. Ou seja, alguns dos motivos
que leva os professores e algumas pessoas a não serem a favor desse meio
tecnológico nas aulas de Matemática.

Além disso, neste capítulo também vamos abordar quais são as opiniões em
defesa desse uso em sala de aula.

3.1 Opiniões sobre o não uso da calculadora

Em uma pesquisa feita por Borba e Selva (2009) com 40 professores do 4° e


5° ano do Ensino Fundamental sendo 10 de escolas públicas e 10 particulares fez
um levantamento de como os professores se sentiam com o recurso da calculadora
em suas aulas de Matemática. Nessa pesquisa foram abordadas sete perguntas:

➢ Que recursos você costuma utilizar nas suas aulas de Matemática?

➢ Você acredita ser importante usar a calculadora em sala de aula? Por quê?

➢ Tem algum(ns) conteúdo(s) da Matemática no(s) qual(is) você acredita que


pode ser indicado o uso da calculadora?

➢ Você realiza as atividades propostas no livro didático com seus estudantes?


Você propõe outras atividades? Se sim, quais?

➢ Você vê alguma vantagem em usar a calculadora em sala de aula? E quais


seriam as desvantagens?

➢ Para você, que dificuldade(s) pode encontrar ao usar a calculadora em sala?


E o que pode ser feito para superar tal(is) dificuldade(s)?

➢ Você acredita que os professores estão preparados para usar a calculadora


em sala de aula?
67

Ao final dessa pesquisa Borba e Selva (2009) concluíram que os professores


reconhecem que existem muitas aplicações em sala de aula com a calculadora para
auxiliar nas aulas de Matemática, porém não se sentem preparados para tal uso.
Além de considerar que há uma resistência de pais e das escolas por parte desse
uso.

Apesar do estímulo ao uso da calculadora – tanto a partir de


discussões teóricas quanto por meio de observações empíricas –
parece, ainda, haver resistências ao uso desse recurso em sala de
aula, o que pode, em parte, ser justificado devido à escassez de
propostas de atividades a serem desenvolvidas junto aos
estudantes. O desconhecimento de possibilidades de uso didático da
calculadora inibe que esse recurso seja amplamente utilizado para
fins de aprendizado dos estudantes (Borba, Selva, 2009, p. 50).

O mesmo foi observado por Luna e Lins (2017) em uma pesquisa feita com
quatro dos sete professores do Ensino Fundamental e Médio de uma escola pública
localizada na Paraíba. A pesquisa tinha como problemática a seguinte pergunta:
Quais os saberes docentes de professores de Matemática dos anos finais do Ensino
Fundamental sobre o uso da calculadora? e teve por objetivo descrever esses
saberes. Além disso, eles levavam em consideração o que diz o autor Tardif (2014),
no que diz respeito ao saber disciplinar que em seu livro Docentes e Formação
Profissional destaca que existem quatro tipos de saberes na atividade docente:
saberes de formação inicial, disciplinares, curriculares e experienciais Tardif (2014,
apud LUNA, LINS, 2017).

A pesquisa foi dividida em três momentos: no primeiro momento os


professores fizeram uma redação e responderam a um questionário inicial, no
segundo momento passaram por um workshop para professores e por fim, no
terceiro momento responderam a um questionário final.

Por fim, chegou-se à mesma conclusão de Borba e Selva (2009), a de que os


professores reconhecem as aplicações do uso da calculadora em aulas de
Matemática, porém sentem-se inseguros por não se acharem preparados para tal,
“uma vez que em seus processos de formação, a calculadora tem sido uma questão
pouco abordada ou ausente” (p. 57).

Dessa forma, concordamos com Luna e Lins (2017) sobre a necessidade de


abordar o uso da calculadora nos cursos de formação inicial e continuada de
68

professores entendendo que o “preparo, por parte do professor, é fundamental para


que ele possa gerar atividades de trabalhos atrativas e inovadoras (p. 150).

Em vários fóruns na internet e na fala de professores é possível identificar


argumentos contra o uso da calculadora. Em uma postagem sobre o uso da
calculadora que acompanhamos pelo Facebook recolhemos algumas falas a
respeito do uso da calculadora.

A seguir apresentamos 8 dessas falas dentre os comentários da rede social.

Argumento 1: “O lado negativo é que os tornam dependentes.”

Argumento 2: “Mas os que desejam aprender vão se esforçar para não se tornarem
dependentes”.

Argumento 3: “Além de se tornarem dependentes, não sabem a tabuada e irão ser


excluídos futuramente de qualquer concurso!!!”

Argumento 4: “Com ou sem tabuada os que sentem dificuldade extrema e preguiça


junto, jamais se preocupariam com concurso que envolva cálculos!!”

Argumento 5: “Até o sexto ano, ele deveria estar sabendo as quatro operações, como
isso não acontece a calculadora ajuda na correção mais rápida dos exercícios.”

Argumento 6: “Eles ficam muito dependentes e não querem pensar. Até poderia usar
em algumas atividades, mas não todas.”

Argumento 7: “Acredito que isso atrapalhe o cálculo mental.”

Argumento 8: “Eu permito em algumas situações, mas não para uso contínuo. Só a
partir do 9° ano.

Argumento 9: “A calculadora inibe o raciocínio dos alunos”

Argumento 10: “A calculadora não deve ser usada porque são proibidas no vestibular
e demais concursos.”

3.2 Em defesa do uso da calculadora em sala de aula

Neste tópico iremos apresentar algumas respostas para argumentos citados


no item anterior. E assim, vamos listar nove respostas correspondentes.
69

O argumento da frase 1 acusa a calculadora de tornar o aluno dependente de


seu uso. Entendemos que o uso da calculadora tornará o aluno dependente se o
professor não tiver um objetivo com a utilização desse recurso didático no
desenvolvimento da atividade proposta e se não houver uma orientação devida para
este uso. E isso pode acontecer com qualquer recurso didático, por exemplo, uma
tabuada, se o professor não orientar o aluno como a usar, ele se tornará dependente
da mesma forma.

Quanto à argumentação 2, cabe ao professor trabalhar com esse recurso de


forma atrativa aos alunos para despertar neles o interesse pelo conteúdo estudado.

Para

O uso das calculadoras incentiva a motivação dos alunos e, mais que


isso, desperta o prazer pela investigação matemática. Para os alunos
desmotiva dos devido a seus fracassos com cálculos, a calculadora
abriria novas oportunidades de trabalhar, deixando de lado essas
dificuldades operatórias. Os alunos com facilidade de desenvolver
cálculos obteriam das máquinas um ritmo mais acelerado nas suas
investigações (ARAÚJO, SOARES, 2002, p. 19).

A argumentação 3 ressente-se de que os alunos não sabem a tabuada e com


o uso da calculadora irão saber menos ainda. Nossa compreensão é de que a
tabuada também é um recurso didático que precisa ser trabalhado de maneira
correta, não apenas para consulta. Talvez pudesse aliar esses dois recursos para
um melhor aproveitamento e futuramente, seja para um concurso ou não o aluno
estará preparado para enfrentar os desafios que vierem.

Como citado como resposta para a argumentação 2, é necessário que as


atividades sejam atrativas e investigativas, que despertem o interesse do aluno. Além
disso, se for algo que tenha um sentido, vai despertar a curiosidade do aluno e ele
irá deixar sua “preguiça” de lado.

Como resposta para a argumentação 5, podemos usar a calculadora para o


ensino e aprendizagem das quatro operações. Um exemplo é restringir o uso da tecla
de multiplicação e pedir para que o aluno faça esta operação de outra maneira.
Alguns livros mencionados na seção anterior propõem a calculadora para ser um
aliado no ensino destas.
70

Assim como na pesquisa de Borba e Selva (2009), a fala parece mostrar que
os professores possuem conhecimento sobre conteúdos viáveis de se trabalhar com
a calculadora em sala de aula, “mas restringem, em geral, esse uso ao trabalho com
números e operações e não evidenciam reconhecer que conteúdos de outros eixos
matemáticos também possam ser trabalhados com esse recurso” (p.55-56).

Em função do argumento 6 podemos dizer que tudo tem um momento certo


de se utilizar. Esse mesmo argumento sobre a dependência dos alunos da
calculadora também estava evidente na pesquisa de Borba e Selva (2009). Isso
evidencia que os professores

não se sentem, ainda, seguros sobre formas de trabalhar com a


calculadora, pois se revelam receosos de que se inviabilize a
aprendizagem de procedimentos de cálculo por parte dos
estudantes. Também não se sentem seguros quanto a formas de
acompanhar os procedimentos dos estudantes no uso da
calculadora (p. 57).

Basta o professor fazer uma análise da turma e ver qual será a melhor
abordagem, o momento propício para tal uso, ao invés de não permitir o uso em sala
de aula.

Ao contrário do que se diz no argumento 7, não se trata de a calculadora


atrapalhar o uso do cálculo mental. Essas duas formas de cálculo devem estar
presentes no ensino e não serem pensadas como excludentes.

Por fim, em resposta ao argumento 8 nos questionamos: Por que apenas no


9° ano? A calculadora pode ser inserida como recurso didático já nos anos iniciais.

Ao argumento 9, segundo Medeiros (2010) ao se fazer conta com algoritmos


habituais também pode não haver raciocínio, pois muitas o aluno apenas faz várias
repetições e decora o processo sem entender o porquê desse desenvolvimento. Mas
a grande questão é fazer contas sem se ter um significado para esse processo.
Assim, para a autora “o problema não é usar ou não a calculadora, mas trabalhar os
cálculos sem compreensão, sem dar significado aos mesmos para os alunos” (p. 20)

A calculadora não deve ser proibida pelo fato de não ser permitida em
concursos, segundo Medeiros (2010), mas sim ser uma aliada. O professor precisa
71

investir em atividades que desenvolvam o domínio do cálculo mental, que trabalham


com a tabuada para melhor compreensão e ainda atividades que reforcem o melhor
entendimento das operações.
72

4 Sugestões e propostas para a sala de aula com o uso da calculadora

Vimos no capítulo 2 várias atividades que podem ser utilizadas com o uso da
calculadora propostas em livros didáticos brasileiros.

Em seu texto, Borba e Selva (2009, p. 57-58) sugerem atividades com o uso
da calculadoras que visam:
• à exploração/manuseio do teclado e das funções da calculadora;
• ao alívio de carga operacional por meio do uso da calculadora;
à conferência/comparação/confronto de resultados obtidos por
outros
procedimentos de cálculo;
• à exploração de conceitos;
• à diversão.

Nesse capítulo vamos trazer aqui algumas outras atividades com a


calculadora como recurso didático nas aulas de Matemática que localizamos em
outros materiais.

A proposta abaixo foi retirada de Duea et al (1997). Segundo os autores, todos


os alunos podem fazer as quatro operações utilizando a calculadora.

Figura 44 – Todos podem calcular

Fonte: DUEA et al, 1997, p. 166

O aluno pode ainda utilizar a calculadora para testar possibilidades de


resolução. A seguir podemos observar no exemplo que o aluno terá que testar quais
73

números deverão ser retirados para concluir a soma. Isso fará com que ele trabalhe
as operações de soma e subtração. E, na segunda pergunta desse, o aluno terá que
relacionar a soma e a multiplicação. Sendo assim, o uso da calculadora facilitará o
desenvolvimento das operações, mas não “impedirá o raciocínio do aluno”.

Figura 45 – Supor e testar

Fonte: DUEA et al, 1997, p. 166

A calculadora registra o processo de raciocínio de quem está utilizando-a. As


propostas das figuras 46, 47 e 48 a seguir, podem ser desenvolvidas com o auxílio
dos códigos de memorização da calculadora, as teclas M+, M- e MRC. Assim, os
alunos podem justificar o método de raciocino que está utilizando para resolver a
atividade proposta.

Nas figuras 46 e 47, o aluno pode usar a tecla de memorização M+ para


solucionar os problemas propostos.
74

Figura 46 – Códigos da calculadora – resposta correta

Fonte: DUEA et al, 1997, p. 167

Figura 47 – Códigos da calculadora - calendário

Fonte: DUEA et al, 1997, p. 167

Já no exemplo da figura 48, pode-se usar a tecla de memorização M- para


solucionar o problema proposto. Fazendo assim a subtração da área total pela área
que não está hachurada.
75

Figura 48 – Código para o cálculo de área

Fonte: DUEA et al, 1997, p. 168

A calculadora pode ser utilizada como recurso de problemas reais, por


exemplo, no cálculo de área. O professor pode sugerir que os alunos calculem a área
de sua sala de aula, ou até mesmo de um cômodo de sua casa. O conceito de área
fará mais sentido se aplicado a uma situação real.

Figura 49 – Cálculo da área da sala de aula

Fonte: DUEA et al, 1997, p. 170


76

Os alunos se sentem mais confiantes para realizar atividades com “números


grandes" utilizando a calculadora como apoio.

Figura 50 – Números grandes

Fonte: DUEA et al, 1997, p. 170

Nesta outra proposta (Figura 51), o aluno utilizará seus próprios dados e a
calculadora o auxiliará e talvez até o professor possa sugerir que os alunos
comparem suas respostas.

Figura 51 – Uso de dados personalizados

Fonte: DUEA et al, 1997, p. 171


77

É possível utilizar a atividade a seguir para trabalhar as quatro operações


aliada com investigação. Essa é uma questão adaptada2, na qual o aluno terá que
usar apenas seis teclas da calculadora para obter o resultado igual a 20.

Figura 52 – Seis teclas

Fonte: GREAT BRITAIN, 1999, p. 3

Uma outra proposta para trabalhar com as operações fundamentais é a


atividade a seguir. O aluno terá apenas algumas opções de números para formar
somas e subtrações. E a calculadora vai auxiliá-lo nessa tomada de decisões.

2
A atividade é originalmente em língua inglesa e foi traduzida pela autora.
78

Figura 53 – Preencha as caixas

Fonte: GREAT BRITAIN, 1999, p. 3

Podemos usar a calculadora para trabalhar o raciocínio lógico e a tomada de


decisão de quais números combinar para que a soma resulte em 1000.

Figura 54 – Somando 1000

Fonte: GREAT BRITAIN, 1999, p. 5


79

Nesta outra atividade com auxílio da calculadora, o aluno pode identificar qual
o padrão para que os números sejam os maiores possíveis.

Figura 55 – Maior e Menor

Fonte: GREAT BRITAIN, 1999, p. 8

Em outra proposta é necessário fazer combinações para preencher os


espaços com o sinal correspondente a operação correta. É possível trabalhar a ideia
de expressão numérica.

Figura 56 – Operações ausentes

Fonte: GREAT BRITAIN, 1999, p. 11


80

Nesta atividade pode-se trabalhar o algoritmo da multiplicação com um e dois


dígitos. E com o processo de investigação, pois os alunos terão que verificar se o
resultado está na grade apresentada.

Figura 57 – Produtos

Fonte: GREAT BRITAIN, 1999, p. 12


81

5 Considerações Finais

O estudo proposto neste Trabalho de conclusão de curso teve como objetivo


fazer considerações a respeito do uso da calculadora no ensino da matemática com
argumentos favoráveis e contrários. Além de apresentar sugestões de atividades
com o uso da calculadora. A pesquisa sobre o tema foi feita a partir de um estudo
bibliográfico de trabalhos já publicados a respeito do uso da calculadora nas aulas
de Matemática, como o tema era tratado em documentos oficiais, e em livros
didáticos visando verificar a utilização desse recurso no ensino da matemática e as
opiniões acerca disso.

É notável a presença da calculadora em nosso cotidiano. Ela é um recurso


tecnológico que evoluiu ao longo dos anos e pode ser encontrada da versão mais
simples à mais sofisticada. Além de que as versões mais simples possuem um bom
custo-benefício. A calculadora está presente em celulares, computadores etc.

Observa-se que os documentos oficiais, tais como PCN (BRASIL,1998) e


BNCC (BRASIL,2017), trazem em seus escritos a inserção da calculadora nas aulas
de Matemática, assim como podemos observar em um dos tópicos desse trabalho
de conclusão. O PCN (BRASIL,1998), por exemplo, afirma que o uso da calculadora
deve ser integrado a uma situação problema. Porém, ainda há muitos embates
quanto ao uso.

Ao longo desse trabalho vimos que muitos livros didáticos propõem algumas
atividades com a calculadora, porém não o suficiente para fazer um trabalho mais
efetivo. Algumas atividades encontradas eram para trabalhar aproximação, valor
posicional, cálculo mental, algumas aplicações na Geometria para cálculo de áreas.
Um outro fato, é que nem todos os livros orientavam como fazer a utilização das
teclas da calculadora.

Foi possível perceber que muitos professores não utilizam a calculadora


como recurso em suas aulas de Matemática por não se sentirem seguros ao propor
seu uso, uma vez que muitos não tiveram uma preparação adequada em sua
formação acadêmica ou até mesmo por experiências escolares em que seu uso “era
proibido”. Além de alguns professores que acreditam que esse uso pode ser
82

prejudicial à compreensão do conteúdo de matemática. Levando os alunos a ficarem


“dependentes” desse recurso.

Existem muitas propostas de atividades para o uso da calculadora como


recurso didático. Alguns exemplos foram abordados no capítulo quatro, no qual
podemos ver que é possível usar a calculadora para trabalhar com vários assuntos
como aproximação, radiciação e potenciação, aliado ao cálculo mental e a resolução
de problemas etc.

O que nós hoje, enquanto futuros professores de Matemática, precisamos é


de uma boa preparação acadêmica neste quesito de recursos didáticos, em especial,
os recursos tecnológicos, como por exemplo a calculadora. Que é um recurso
simples e acessível, porém que ainda levanta muitas questões sobre sua
contribuição nas aulas de Matemática. E como podemos perceber, há muitos
conteúdos que podem ser explorados a partir desse recurso didático e o professor
deverá selecionar com a turma o momento para utilizá-lo de forma mais produtiva ao
trabalho com a Matemática.
83

6 Referências

ARAUJO, D. A.; SOARES, E. S. Calculadoras e outras geringonças na escola.


Revista Presença pedagógica, Belo Horizonte, v. 8, n. 47, p. 14–27, 2002.
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terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Matemática. Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em :
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/matematica.pdf. Acesso em: 30 out. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Básica (SEB).


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suas tecnologias, volume 2. Brasília: MEC/SEB, 2006.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Ministério


da Educação. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em: <
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_s
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– Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,
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BRASIL. Ministério da Educação. PNLD 2019: Matemática – guia de livros didáticos


– Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação,
Secretária de Educação Básica, 2018. Disponível em:
https://pnld.nees.com.br/assets-pnld/guias/Guia_pnld_2019_matematica.pdf.
Acesso em: 30 out. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação. PNLD 2020: Matemática – guia de livros didáticos


– Anos Finais do Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Básica, 2019. Disponível em: https://pnld.nees.com.br/assets-
pnld/guias/Guia_pnld_2020_pnld2020-matematica.pdf>. Acesso em: 30 out. 2019.

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84

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SOUZA, J. et al. #Contato Matemática. São Paulo: FTD, 2016.

SOUZA, J. Matemática Realidade & Tecnologia. São Paulo: FTD, 2018.

TOLEDO, C. M. Buriti Mais – Matemática. São Paulo: Moderna, 2017.

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