Insuficiência Cardíaca (Parte 2) - Tratamento
Insuficiência Cardíaca (Parte 2) - Tratamento
Insuficiência Cardíaca (Parte 2) - Tratamento
J U A N D E M O L I N A R I
I N S U F I C I Ê N C I A CA R D Í ACA
PA R T E 2 : T R ATA M E N TO
CARDIOLOGIA Prof. Juan Demolinari | Insuficiência Cardíaca parte 2: Tratamento 2
APRESENTAÇÃO:
PROF. JUAN
DEMOLINARI
Oi, Estrategista, tudo bem? Preparado para este
resumo de um dos temas mais importantes de cardiologia?
A insuficiência cardíaca corresponde a 13% das questões de
cardiologia, sendo que o subtema mais cobrado em provas é
justamente o tratamento dessa doença! Então, fique ligado!
Estamos diante de um resumo quente para as provas! Para mais
detalhes sobre esse tema, consulte nosso livro digital extensivo.
@estrategiamed t.me/estrategiamed
@estrategiamed /estrategiamed
Estratégia
MED
CARDIOLOGIA Insuficiência Cardíaca parte 2: Tratamento Estratégia
MED
SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO 4
2.0 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 5
3.0 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA IC DE FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA (ICFER) 6
4.0 DISPOSITIVOS CARDÍACOS IMPLANTÁVEIS NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA 10
4 .1 . TERAPIA DE RESSINCRONIZAÇÃO CARDÍACA (TRC) 11
CAPÍTULO
1.0 INTRODUÇÃO
Antes de abordarmos diretamente o tratamento, vamos Tal síndrome pode ser causada por anormalidade na função
esclarecer alguns pontos. sistólica, produzindo redução do débito cardíaco (IC de fração de
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa ejeção reduzida) ou por alterações na função diastólica, levando
causada por alterações estruturais e/ou funcionais cardíacas e a dificuldade no enchimento ventricular (IC de fração de ejeção
caracteriza-se por sinais e sintomas característicos, que resultam preservada). Podem, ainda, as duas alterações coexistirem no
da redução do débito cardíaco e/ou da elevação das pressões de mesmo paciente.
enchimento cardíacas.
CAIXA DE DESTAQUE
ICFER: insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida; ICFEI: insuficiência cardíaca de fração de ejeção limítrofe ou intermediária;
ICFEP: insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada.
Existem diferenças quanto ao tratamento desses diferentes grupos. Portanto, vamos dividir nosso estudo da abordagem farmacológica
da IC de acordo com a classificação pela fração de ejeção, abordando de forma independente o tratamento em cada um dos grupos
mencionados.
CAPÍTULO
Dentre os pontos mais comumente abordados sobre terapia não farmacológica, um dos mais polêmicos é a restrição hídrica. Você
observou que a tabela acima não contempla esse tema? O motivo é simples. Essa conduta, embora muito difundida na prática clínica,
não encontra evidências robustas de benefício na literatura. Sendo assim, a mais recente Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca não
recomenda a restrição hídrica como uma terapia para IC.
CAPÍTULO
Sacubitril -
Betabloqueadores valsartana
Ivabradina
Para melhor controle de sintomas, sem alterar, no entanto, a mortalidade, você pode prescrever diuréticos na menor dose necessária
e digitálicos (principalmente se a fração de ejeção for ≤ 45%).
Agora que já conhecemos as drogas, iremos detalhar alguns pontos importantes sobre cada uma dessas classes na tabela abaixo:
Reduzem a mortalidade Não reduzem a mortalidade, apenas os sintomas
Desidratação, hipotensão,
Para controle de sintomas de
Furosemida hipocalemia, hipomagnesemia e
congestão.
ototoxicidade.
Além dos conhecimentos apresentados até aqui, outros tópicos sobre algumas dessas drogas costumam aparecer em provas. Um deles
refere-se às contraindicações ao uso de IECA/BRA, como apresentado na tabela abaixo:
Hipotensão sintomática
Gestação
É importante observarmos que as contraindicações acima é usado para avaliar prognóstico e severidade da IC? Dessa forma,
são comuns a ambas as classes de medicações, porém os IECA caso o paciente esteja em uso de sacubitril-valsartan, perderemos
apresentam ainda contraindicação em casos de tosse limitante e esse parâmetro. Como forma de avaliar esses pacientes, deve-se
refratária e angioedema. Esses eventos adversos são relacionados utilizar os níveis séricos de NT-pró-BNP (pró-hormônio inativo do
ao aumento dos níveis séricos de bradicinina associado aos IECA, BNP) na avaliação do prognóstico e na monitorização da resposta
mas não aos BRA. A associação de IECA com BRA no tratamento da ao tratamento da ICFER, já que são menos afetados pelo uso da
ICFER não é recomendada. medicação.
Outro detalhe que já apareceu em provas é que nem todos Uma das drogas que não altera mortalidade, mas que merece
os betabloqueadores reduzem a mortalidade. Os que apresentam nossa atenção por ser alvo frequente nas provas, é o digitálico.
maior comprovação são o bisoprolol, o carvedilol e o succinato de Essa medicação pode ser usada para controle de sintomas e
metoprolol. Atenção a uma “pegadinha” em provas: o tartarato de hospitalizações dos pacientes com fração de ejeção reduzida e
metoprolol não modifica a mortalidade na IC. Lembre-se do S, só o para controle de frequência cardíaca na fibrilação atrial. O tópico
succinato de metoprolol modifica a mortalidade, o tartarato não. mais “quente” sobre essas medicações é a intoxicação digitálica.
A associação sacubitril-valsartana (INRA), Essa droga possui uma margem estreita para intoxicação, por isso
uma das terapias mais novas aprovadas para o devemos reconhecer os sinais e sintomas desse quadro.
tratamento da IC, também tem aparecido muito Os pacientes com intoxicações digitálicas apresentam
em provas. Um detalhe acerca do uso do INRA é alterações neurológicas, como confusão mental, prostração,
que essa associação provoca um aumento nos alterações de paladar e xantopsia (visão amarelada), alterações
níveis séricos de BNP, uma vez que o sacubitril cardíacas, como taquicardias e bradicardias, e comprometimento
inibe a degradação dessa molécula. Você se lembra de que o BNP gastrointestinal, como náuseas, vômitos e anorexia.
Alterações
ECG.
Xantopsia -
visão
EV Intoxicação Prostração
amarelada digitálica
Náuseas
Ritmo e
vômitos
Sinusal
Prolongamento do intervalo PR
Bigeminismo ventricular
TV/FV
É possível fazer a dosagem do nível sérico de digitálicos, malignas. Sendo assim, é reservado para casos de instabilidade
porém apenas esse nível aumentado não fecha o diagnóstico de hemodinâmica e deve ser usada uma carga baixa. Para tratamento
intoxicação, é necessário que haja sintomas clínicos e alterações dessas arritmias, pode-se usar amiodarona, lidocaína e fenitoína.
eletrocardiográficas. Outro conceito importante em relação ao uso dos digitálicos
O tratamento dessa intoxicação, quando grave, será feito com é o de impregnação digitálica. Trata-se de uma alteração
um anticorpo específico (F-ab fragments) que é pouco disponível eletrocardiográfica característica associada ao uso prolongado do
no Brasil. Os pacientes devem receber suporte clínico com digital, sem significado patológico, sendo apenas um marcador
correção de distúrbios hidroeletrolíticos (nas intoxicações agudas, eletrocardiográfico do uso da medicação. Não tem, portanto,
o mais comum é a hipercalemia, nas crônicas, a hipocalemia – relação direta com a intoxicação digitálica.
principalmente porque, nas intoxicações crônicas, há associação A alteração eletrocardiográfica típica da impregnação
com o uso prolongado de diuréticos, que causam depleção de digitálica é o infradesnivelamento difuso do segmento ST e inversão
potássio). Infelizmente, os digitálicos não são retirados na diálise. de onda T (com aspecto em “colher de pedreiro” ou “bigode do
Outro ponto importante é que, nas taquiarritmias causadas Salvador Dalí”). Vamos ver abaixo um exemplo de ECG com sinais
pela intoxicação digitálica, devemos evitar fazer cardioversão de impregnação digitálica:
elétrica. Esse procedimento pode desencadear taquiarritmias
Fonte: Shutterstock
Figura 3. Infradesnivelamento do segmento ST em formato de "colher de Figura 4. Há também a descrição desse achado como sendo o sinal do bigode do
pedreiro". Salvador Dalí.
CAPÍTULO
Um dos mecanismos de perda de efetividade na contração estimulação artificial de ambos os ventrículos de forma programada.
cardíaca é a dissincronia ventricular. A insuficiência cardíaca está Isso se dá através da colocação de um marcapasso com eletrodos
associada à ocorrência de remodelamento miocárdico, o que de estimulação nos ventrículos direito e esquerdo (esse último
pode desencadear distúrbios da condução intraventricular que geralmente posicionado no seio coronariano). Com a recuperação
promovem uma contração assincrônica entre os ventrículos da contração ventricular sincrônica, espera-se uma melhora da
esquerdo e direito e entre as paredes do ventrículo esquerdo. função ventricular e, consequentemente, dos sintomas de IC. A essa
Baseado nesse conhecimento, foi desenvolvida uma técnica de estimulação se dá o nome de terapia de ressincronização
técnica capaz de recuperar o sincronismo ventricular, baseada na cardíaca (TRC).
Figura 5. Observe como na primeira imagem a contração ventricular esquerda é assincrônica. Já na segunda imagem, a colocação do ressincronizador restaura uma
contração efetiva.
Sobre esse tema, o que é mais cobrado em provas é a indicação da TRC, baseada nos pacientes que têm maior benefício de sua
utilização.
Dessa forma, a TRC está formalmente indicada para os pacientes portadores de ICFER
com FEVE ≤ 35%, que permanecem sintomáticos apesar do tratamento clínico otimizado,
apresentando ECG com ritmo sinusal, portadores de BRE completo e com duração do
complexo QRS ≥ 150ms. Esses pacientes foram os que mais se beneficiaram da TRC nos
ensaios clínicos.
Refratarie
Refratarie
dade ao
tto clínico
tto clínico
FEVE ≤
EV
35% TRC BRE
BRE Largo
Largo
Ritmo
Ritmo Sinusal
Sinusal
Se o BRE tiver duração entre 130-150 ms ou se a morfologia do QRS for de BRD com duração ≥ 160 ms, também pode ser indicada a
TRC, porém com menos evidência de benefício.
Outra indicação para TRC ocorre naqueles pacientes que necessitam de implante de marcapasso comum, mas que também sejam
portadores de ICFER.
A morte súbita é responsável por 30 a 50% dos óbitos dos portadores de IC, sendo que cerca de 80% desses episódios são decorrentes
de arritmias ventriculares como taquicardia ventricular (TV) ou fibrilação ventricular (FV).
Nas provas, geralmente são cobrados os critérios para indicação do CDI na prevenção
primária. Nesse cenário, o implante de CDI ocorrerá na seguinte situação: pacientes
com ICFER sintomática, com FE ≤ 35%, em uso de terapia medicamentosa otimizada,
em classe funcional NYHA II e III e que tenham boa expectativa de vida em 1 ano. Se
o paciente for portador de cardiopatia isquêmica, deve-se avaliar a FEVE pelo menos
40 dias após o episódio de infarto agudo do miocárdio e 90 dias após a cirurgia de
revascularização miocárdica (recomenda-se aguardar esse período para avaliar a
possível recuperação da função ventricular).
Morte súbita
Refratarie
abortada
dade ao
em TV/FV
tto clínico
IC EV
+ TV
CDI Síncope por
BRE Largo
TV/FV
IC FEVE
Ritmo
≤35% e
Sinusal
síntomas
Figura 8. Resumo das indicações de implante de CDI (cardiodesfibrilador implantável). TV: taquicardia ventricular; FV: fibrilação ventricular; IC: insuficiência cardíaca;
FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo.
CAPÍTULO
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Na ICFEP não existem drogas capazes de reduzir mortalidade, apenas sintomas e hospitalizações.
Portanto, recomenda-se tratar as comorbidades.
CAPÍTULO
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Drogas contraindicadas na IC
AINES Corticoides
Sotalol Quinidina
https://bit.ly/3s3CROr
CAPÍTULO
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