SOLUÇÕES

FINANCEIRAS
CRIATIVAS PARA A
AGRICULTURA
FAMILIAR
SUMÁRIO
EXECUTIVO

A Fundação Rabo, em um primeiro aporte no Brasil, a) o endosso da Rede APOMS, não como garantidor
promoveu a formação de uma linha de crédito que do risco, mas na identificação dos tomadores de
inova ao incluir o pequeno produtor agrícola sem as crédito e avaliação da capacidade de pagamento,
garantias “tradicionais” para empréstimos. O projeto por meio de um “plano de crédito simplificado”;
da nova linha de crédito, focado no bioma Cerrado,
teve como público prioritário os pequenos b) montagem de um mecanismo de crédito “leve” e
produtores em agroecologia da Rede APOMS “flexível”, em termos de taxa de juros, taxas de
(Associação dos Produtores Orgânicos de Mato administração e processo de aprovação de crédito;
Grosso do Sul). A estruturação da linha de crédito,
com novas ferramentas de garantia e dentro de uma c) o estabelecimento de ferramentas de mitigação
perspectiva de investimento de impacto, foi de risco por meio da atuação da assistência técnica,
realizada pela Alimi Impact Ventures. Para viabilizar viabilizada pela doação.
a linha de crédito, foi construída uma parceria com a
Cresol Centro Sul. Na execução do projeto, as atividades de concessão
de empréstimos servem a um público que tem
O aporte tem um montante de aproximadamente barreiras de acesso ao crédito tradicional. Em última
R$ 1 milhão alocados em duas finalidades. A primeira análise, busca-se realizar uma transformação de
é a de constituir um fundo rotativo com 60% do realidade do pequeno produtor agrícola. Nesse
total, operado pela Cresol. A segunda finalidade, que sentido, o crédito combinado com a filantropia
corresponde a 40% do montante, foi direcionada viabiliza tal transformação, pois avalia o que deve
para o CETAF (Centro de Treinamento para a ser feito, oferece recursos financeiros para a
Agricultura Familiar), que é administrado pela execução das melhorias e acompanhamento em
APOMS, na forma filantropia estratégica. Na termos de uso dos recursos. Sem o suporte
concepção, o projeto da nova linha de crédito utiliza customizado e abrangente, o pequeno produtor
a estrutura de assistência criada pela Rede APOMS e permanece excluído do sistema financeiro e
Cresol na região para flexibilizar o acesso ao crédito, enfrenta barreiras para encontrar um ciclo virtuoso
de um lado, e mitigar riscos do crédito através da de crescimento. O resultado é melhores condições
assistência técnica coordenada pelo CETAF, de outro de produção e de vida para os pequenos produtores
lado. agrícolas, adotando práticas de produção mais
sustentáveis e contribuindo para o meio ambiente.
Dessa forma, a solução combina recursos de
diferentes tipos – crédito e filantropia – e implementa
três adaptações principais:

INDICADORES DE DESEMPENHO BENEFÍCIOS SOCIOAMBIENTAIS

50 contratos empréstimos firmados, com Geração de oportunidades de renda

um ticket médio de R$ 11.500 Adoção de práticas mais sustentáveis de
107 ações de treinamento, formação e produção – agroecologia
conscientização Recuperação de áreas verdes no Cerrado
3.000 árvores plantadas em área de Envolvimento da população e
reflorestamento conscientização ambiental
135 metros cúbicos de rama de mandioca 150 hectares plantados com novas
para produtores locais variedades de mandioca orgânica

2
INTRODUÇÃO

Fazer um empréstimo pode parecer uma tarefa trivial e necessária para a produção agrícola como
atividade econômica. Afinal, o agricultor deve incorrer em custos para a produção muito antes de receber
as receitas das vendas dos produtos. Para os pequenos agricultores, que reconhecidamente necessitam um
atendimento diferenciado, diversas políticas públicas específicas, como crédito subsidiado e apoio técnico
especializado, foram criadas e implementadas. Entretanto, ainda assim, pequenos agricultores do Mato
Grosso do Sul enfrentam dificuldades para acesso ao crédito.

Na prática, para acessar o crédito, os pequenos agricultores não conseguem as comprovações usuais
básicas. Por exemplo, os produtores localizados em assentamentos da reforma agrária vivenciam muitas
vezes um processo burocrático e custoso de acesso ao título da terra e de regularização fundiária, e com
isso muitos não têm comprovação da propriedade das terras. Ademais, como as ferramentas de controle
gerencial frequentemente não são aplicadas em pequenas propriedades agrícolas, muitos agricultores não
conseguem demonstrar o desempenho econômico histórico por falta de registros formais.

Assim, sem comprovações para garantias básicas, o crédito não é aprovado pelas instituições financeiras ou
linhas de crédito tanto do PRONAF como para o ABC (Agricultura de Baixo Carbono). Outro aspecto
relacionado a gestão familiar é a falta de assistência técnica e acesso a canais de venda que, por um lado,
afeta a capacidade de produção e, por outro, afeta a capacidade de vender a produção.

Tal contexto acaba criando uma espécie de armadilha em que o pequeno produtor agrícola precisa
incrementar a produção e a produtividade para acessar canais mais vantajosos de vendas, mas não obtêm
os meios de execução em termos financeiros e de assistência técnica. O fato de ainda haver um elevado
número de pequenos agricultores sem acesso a serviços para financiar a produção mostra a limitação dos
serviços de créditos disponíveis. Em consequência, há a necessidade de buscar soluções inovadoras para
incluir os pequenos produtores e criar oportunidades de geração de renda, conservação de biomas e
criação de oportunidades atrativas para as novas gerações.

Esta é a motivação da Fundação Rabo, em trabalho conjunto com a Alimi Impact Ventures, para desenhar
uma linha de crédito inovadora para atender a Rede APOMS, via a Cresol. A linha de crédito foi desenhada
e implementada entre 2019 e 2021, no valor de aproximadamente R$ 1 milhão e focada em produtores
agroecológicos no Cerrado. A linha de crédito teve como objetivo o aumento da produção, melhor acesso
de mercado, adaptação a práticas agroecológicas e consequente aumento da renda. O crédito foi
disponibilizado em conjunto com capital de filantropia estratégica, como uma ferramenta de gestão de
risco, empregado no treinamento dos tomadores de crédito.

O sucesso na implementação dessa estrutura de crédito, medido pelos indicadores de desempenho e uma
avaliação dos benefícios socioambientais, dentre eles o zero desvio no uso do crédito e as baixas taxa de
inadimplência. Nessa publicação compartilhamos os fatores que identificamos como ‘pontos de inflexão’
para apoiar no processo de linhas similares em outras regiões do Brasil e da América Latina.

Rabo Foundation
Alimi Impact Ventures
Cresol
Associação dos Produtores Orgânicos do Mato Grosso do Sul

3
A REDE APOMS:
APOIANDO OS
PEQUENOS
AGRICULTORES
DO SUL DO MATO
GROSSO DO SUL

O Estado do Mato Grosso do Sul está localizado na região Centro-Oeste do Brasil, com área
aproximada de 360 mil Km2 e uma população 2,8 milhões de pessoas[1]. O estado tem vocação para
a produção agrícola, dado que 13 cidades estão entre as 100 maiores produtoras do agronegócio
brasileiro[2]. No mesmo território da grande produção agrícola e de empresas de processamento de
alimentos, há mais 70 mil famílias de pequenos produtores agrícolas[3] que buscam por melhores
condições de produção e de vida. Embora ambas as produções em grandes e pequenas propriedades
sejam muito relevantes na região, é evidente que o agronegócio, em grandes propriedades, recebe
mais investimentos, tecnologia e assistência, por ter maior impacto econômico.

O pequeno produtor agrícola não está completamente desamparado, mas há escassez de serviços de
apoio e desenvolvimento tecnológico específicos para este tipo de produção. No Mato Grosso do Sul,
o Governo do Estado disponibiliza 476 profissionais capacitados para assistência técnica, o que
significa que um profissional atende cerca de 148 produtores.

Em termos de disponibilidade de crédito, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (PRONAF) é a política pública do governo federal que garante recursos financeiros a taxa
subsidiadas. No entanto, em termos de acessibilidade a esta linha de crédito subidiada, vale ressaltar
que, segundo dados do Banco Central, pouco mais de cinco mil agricultores do Mato Grosso do Sul
acessaram o PRONAF em 2021, o que corresponde a 7,7% dos 70 mil pequenos produtores do Estado.
No último Plano Safra, de 2020/21, houve a disponibilidade de R$ 39,4 bilhões[4] para as famílias de
pequenos produtores. Entretanto, na atual safra de 2020/21, o Governo Federal foi obrigado a
interromper a contratação de linhas de crédito, por falta de recursos[5]. Essas evidências
demonstram que o apoio ao pequeno produtor ainda necessita de novas soluções e recursos.

[1] Fonte: IBGE

[2] Fonte: Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura familiar, Mato
Grosso do Sul. Disponível em: https://www.semagro.ms.gov.br/ms-tem-13-municipios-entre-na-lista-dos-100-mais-ricos-
do-agronegocio-no-brasil-aponta-ibge/. Acesso em 25 de fevereiro de 2022.
[3] Fonte: Governo de Estado do Mato Grosso do Sul. Disponível em: http://www.ms.gov.br/governo-estrutura-cadeia-
produtiva-e-beneficia-70-mil-familias-de-pequenos-agricultores/. Acesso em 25 de fevereiro de 2022.
[4] Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Governo Federal. Disponível em:
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola/plano-safra/2021-2022/agricultura-familiar. Acesso em 25
de fevereiro de 2022.
[5] Fonte: Valor Econômico. Disponível em: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/02/05/sem-recursos-
tesouro-suspende-subsidio-ao-credito-rural.ghtml. Acesso em 05 de fevereiro de 2022.

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S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

A Rede APOMS foi construída ao longo de mais de 20 anos como uma ação coletiva para solucionar
os entraves do pequeno produtor agrícola do Sul do Mato Grosso do Sul. A Rede tem como estrutura
central a APOMS (Associação dos Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul), que foi fundada no
ano de 2000, na cidade de Glória de Dourados, como uma associação de pequenos agricultores que
compartilhavam a crença de uma alimentação mais saudável por meio da agricultura sustentável e
do comércio justo. Após alguns anos em operação, a APOMS tornou-se conhecida por sua liderança e
experiência em agricultura sustentável, estabelecendo representantes em diversas cidades. A Rede
APOMS oferece também assistência por meio de visitas técnicas e cursos. Assim, a associação foi
capaz de construir uma rede que que alcança vários aspectos da pequena propriedade rural,
nutrindo outras organizações como o Centro de Treinamento para a Agricultura Familiar (CETAF), a
cooperativa de comercialização dos produtos, COOPERAPOMS, e a parceria com a cooperativa de
crédito Cresol.

O CETAF está instalado em uma área de 31 hectares, na cidade de Glória de Dourados. O Centro de
Treinamento conta com instalações para salas de aula, auditório, laboratórios, alojamentos,
refeitórios, viveiro de mudas, áreas de produção teste e uma área de conservação. O objetivo do
CETAF é o de apoiar a formação técnica do produtor e de desenvolver tecnologias específicas para a
pequena propriedade. Além das atividades de formação e pesquisa, o CETAF possui um viveiro de
mudas e a capacidade de produção de insumos agrícolas. Ademais, as instalações também abrigam
o Parque Natural de Glória de Dourados, que além de atuar como uma área de reserva de espécies
nativas do Cerrado, centraliza também atividades de edução ambiental.

A COOPERAPOMS – Cooperativa de Produção e Comercialização da Rede de Produtores Orgânicos de

Mato Grosso do Sul – tem instalações em um galpão de na cidade de Dourados. A cooperativa é
dedicada a venda dos produtos agrícolas da Rede APOMS e, nesse sentido, desempenha diversos
papeis. Em primeiro lugar, a COOPERAPOMS participa de licitações de escolas públicas e
organizações militares, garantindo contratos de venda de alimentos. Além das negociações dos
contratos, a COOPERAPOMS é responsável pela execução dos contratos, organizando os pedidos
semanais e a logística de buscar, separar e distribuir os produtos.

A Cresol é uma cooperativa de crédito que tem origem no estado do Paraná, região Sul do Brasil, e
tem o objetivo de oferecer soluções financeiras por meio do relacionamento. Ainda que não seja
parte da Rede APOMS, a Cresol abriu uma agência de relacionamento na cidade de Glória de
Dourados por intermédio de lideranças da APOMS. Com efeito, amplia-se a disponibilidade de linhas
de crédito na região, que eram um obstáculo importante identificado na Rede APOMS.

A associação de produtores APOMS, com o centro de treinamento e assessoria técnica CETAF e a

cooperativa de comercialização COOPERAPOMS, e a parceria com a cooperativa de crédito Cresol
formam uma REDE de apoio para os pequenos produtores agrícolas. As ações de cada um desses
atores da rede proveem atividades de apoio ao longo de toda a cadeia produtiva, dos insumos até o
consumidor final.

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S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

Como exemplo das ações, vale mencionar, pelo lado dos insumos, o fornecimento de biofertilizandes,
mudas e sementes, além da organização de compras coletivas para diminuir o custo de aquisição. Na
produção, cerca de 170 famílias recebem acompanhamento e assistência técnica da APOMS e do
CETAF. A APOMS também atua como certificador de produtos orgânicos, servindo de alternativa para
agregar valor ao produto. Já na parte de escoamento de produção, a COOPERAPOMS cria canais de
vendas, organiza os pedidos semanais informando cada produtor o que deve fornecer e busca os
alimentos na propriedade. A figura 1 representa a criação de valor na Rede APOMS.

F I G UR A 1. C R I AÇ Ã O D E V A L OR N A RE D E AP OM S
FO N TE: A DA PT AD O D E M AR KE T A SSE SS M EN T A BO U T IM P A CT IN V ES TI NG IN CL IM AT E-SM A RT AG R ICU L TU RE IN
B RA ZI L (20 18) E A TU ALI ZA D O D UR AN T E VI SI TA D E C AM P O E M FE V. 2 022.

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UMA COLABORAÇÃO
MÚLTIPLA PARA A CRIAÇÃO
DE UMA LINHA DE CRÉDITO:
FUNDAÇÃO RABO, REDE
APOMS, CRESOL E ALIMI
IMPACT VENTURES

Por um lado, a rede de apoio da APOMS não é capaz de suprir todas as necessidades dos pequenos
produtores agrícolas, especialmente aquelas relacionadas ao acesso a crédito. Por outro lado, a
estrutura de apoio existente serve de base crítica para viabilizar soluções inovadoras para criação de
novas linhas de crédito. Foi esta perspectiva que motivou a Fundação Rabo realizar o primeiro
investimento de impacto no Brasil. Após um estudo do mercado brasileiro focado na agricultura
climate-smart, com apoio da Alimi Impact Ventures, a Fundação identificou na Rede APOMS a
possibilidade de combinar investimentos e doação em um só projeto, com a Cresol como instituição
financeira parceira.

O público-alvo são os pequenos produtores agrícolas que não acessam o crédito tradicionalmente
oferecido para o segmento. Para viabilizar o crédito, a solução teve três aspectos essenciais: (i) o
endosso da Rede APOMS, não como garantidor do risco, mas na identificação dos tomadores de
crédito e avaliação da capacidade de pagamento, por meio de um “plano de crédito simplificado”; (ii)
a montagem de um mecanismo de crédito “leve” e “flexível”, em termos de avaliação de crédito, taxa
de juros e taxa de administração; e (iii) o estabelecimento de ferramentas de mitigação de risco via
assessoria técnica e treinamento de gestão da propriedade, proporcionado pelo CETAF, e pelo apoio
dos técnicos da APOMS e da COOPERAPOMS. De modo resumido, a formação técnica e o acesso a
canais de venda contribuíram para o baixo índice de inadimplência e ao zero desvio no tipo de uso
do recurso financeiro.

Para realizar tal processo, a inovação consiste na combinação de diferentes tipos de recursos
financeiros, no valor total de aproximadamente R$ 1 milhão. Desse montante, cerca de 60% formam
uma linha de crédito reembolsável , enquanto 40% dos recursos foram aplicados como doação para
o desenvolvimento de diversas atividades de apoio. Assim, o aporte realizado pela Fundação Rabo
nutre os vários elementos criados pela Rede APOMS e a Cresol como instituição financeira parceira.
Essa visão holística é a chave para o sucesso da empreitada e para oferecer alternativas factíveis para
o desenvolvimento sustentável da região.

7
TEORIA DA MUDANÇA:
COMO UMA LINHA DE
CRÉDITO TRANSFORMA A
VIDA DOS PEQUENOS
PRODUTORES AGRÍCOLAS
E O SEU ENTORNO?

A lógica do funcionamento da iniciativa conjunta da Fundação Rabo, Cresol e Rede APOMS com o
apoio de estruturação da Alimi Impact Ventures, pode ser representada por uma sequência de
eventos que leva a benefícios socioambientais. Tal representação é conhecida como “teoria da
mudança”, que inicia com a caracterização recursos, isto é, o orçamento, os materiais e as pessoas
disponíveis para o projeto. As ações tomadas no uso de recursos e suas transformações nos produtos
e serviços são as atividades do projeto.

A implementação do projeto, que consiste nas atividades planejadas de conversão de recursos em

produtos e serviços, que são controladas e monitoradas pelos agentes e que geram indicadores de
desempenho específicos. Por fim, espera-se que a implementação do projeto gere resultados não-
financeiros para a população-alvo, que não estão sob controle dos executores.

Esses resultados podem ser chamados de benefícios socioambientais que são intencionalmente
incluídos como propósitos da iniciativa. A teoria da mudança, dessa forma, é passo fundamental para
estabelecer métricas e indicadores para auferir os benefícios socioambientais da iniciativa. A figura 2
representa a teoria de mudança para a linha de crédito da Fundação Rabo, via Cresol, para os
produtores associados à APOMS.

F IG UR A 2. T E O R IA D A M U D A N ÇA D A LI NH A D E CR É DIT O P AR A O S P RO D UT O RE S A PO M S N O C ER R AD O D O M AT O
G RO SS O D O SU L (N O B U I UK I ITO , A L IM I I MP AC T VEN TU R E S, 20 2 2).

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S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

Recursos. Para o projeto, os recursos financeiros disponibilizados pela Fundação Rabo constituíram
um total de aproximadamente R$ 1 milhão, sendo 60% como crédito e 40% como capital de
filantropia estratégica. A parte destinada à linha de crédito foi canalizada via a Cresol Centro Sul e a
parte do capital filantrópico estratégico, no formato de doação, foi viabilizado via CETAF (Centro de
Treinamento da Agricultura Familiar). Os recursos da doação foram alocados no formato de
treinamentos sobre aspectos de gestão da propriedade, de tecnologias e processos de plantio em
agroecologia e também permitiram melhorias nas instalações e atividades do CETAF. Esse recurso
também custeou a disponibilização de técnicos para assistência aos tomadores de empréstimos e
associados da APOMS.

Atividades. Para a linha de crédito, as atividades envolveram: identificação dos perfis dos tomadores,
cadastro e concessão de crédito. Um ponto determinante foi o desenvolvimento de um método
adaptado para a análise e concessão do crédito dos pequenos produtores agrícolas. O “plano de
crédito simplificado” consistia em um documento de ‘uma página’ com dados do solicitante, dados
da propriedade, atividade a ser financiada, a justificativa para o financiamento, o orçamento e uma
declaração de um técnico que acompanhou o orçamento. O plano de crédito simplificado é um dos
elementos essenciais para a viabilidade da linha de crédito, já que a falta de documentos é um dos
principais obstáculos que os pequenos agricultores ao buscarem empréstimos, especialmente o
título da terra.

Para isso, o plano simplificado muda o foco da análise de: crédito como um processo avaliação do
passado documentado, para uma avaliação do futuro com o potencial de produção e de vendas. Esse
é um procedimento de inclusão de produtores, oferecendo acesso a financiamento que eleva sua
capacidade produtiva e de geração de renda.

Uma segunda adaptação no processo concessão de crédito foi a flexibilidade do plano técnico. Por
exemplo, uma família que busca crédito para a construção de um poço quer resolver um problema
de acesso a água. Entretanto, se durante a execução do plano, o poço se mostra inviável, a família
poderia ficar sem possibilidades de utilizar os recursos ou incorrer em despesas maiores que o
previsto. Na linha de crédito da Fundação Rabo, a construção do poço pode dar lugar a construção
de um açude, que resolve o problema inicial e não aumenta as despesas inicialmente previstas.

A assistência técnica e treinamento, viabilizados como parte de alocação dos recursos de

filantropia estratégica, trazem aspecto de inovação na mitigação dos riscos de inadimplência. O
agricultor que recebe treinamento para a produção e gestão utiliza os recursos de forma mais
eficiente. Assim, a doação associada ao crédito, cria as condições para que o pagamento do
empréstimo ocorra no prazo previsto.

Para atestar essa estratégia, 92% dos produtores agrícolas que tomaram o empréstimo receberam
algum tipo de treinamento. E o resultado é que a taxa inadimplência foi baixa. Mas esse não é o
único efeito observado em relação aos impactos do treinamento e assessoria técnica como
ferramenta de mitigação de risco de crédito.

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S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

A assistência técnica percorre todas as etapas do uso dos recursos dentro da propriedade, desde a
fase anterior ao empréstimo, até o produto a ser vendido. Muitos planos simplificados de crédito
foram elaborados pelos técnicos da APOMS, seja em visitas pontuais ou em dias de campo. Dessa
forma, o sucesso do método de avaliação de crédito está associado à atuação dos técnicos do CETAF,
financiados pela doação. Além disso, os técnicos da APOMS também utilizaram a experiência para
criar canais de distribuição mais vantajosos para os agricultores por meio de vendas coletivas (ver o
relato da experiência em Sidrolândia, na próxima seção) ou entregas na COOPERAPOMS. Em outras
palavras, além do papel tradicional de suporte nas atividades produtivas, os técnicos da APOMS
serviram como uma espécie de agentes de crédito e consultores de venda.

No âmbito o CETAF, atividades diversas foram executadas visando o treinamento, a restauração de

áreas com espécies nativas do Cerrado, a pesquisa e desenvolvimento de novas variedades e a
produção de alimentos, biofertilizantes e mudas.

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SO L U Ç Õ E S F I N A N C E I R A S C R I A T I V A S P A R A A P OIAR PEQUENOS PRODUTORES AGRÍCOLAS NO CERRADO

Produtos e serviços.

T A B E L A 1 . P A R T I C I P A N T E S D A S A T I V I D A D E S DE TREINAMENTO.

NÚMERO DE NÚMERO DE NÚMERO DE

QUANTIDADE
MULHERES JOVENS HOMENS

CURSO 28 131 160 157

DIA DE CAMPO 31 423 418 420

PALESTRA 48 476 586 435

TOTAL 107 1030 1164 1012

INDICADORES DE DESEMPENHO

ÁREA DE CULTIVO EXPERIMENTAL DE MANDIOCA NO CETAF

11
S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

Resultados. Diferente dos produtos e serviços, que estão sob controle dos executores do projeto, os
resultados podem ser chamados de benefícios socioambientais. Em primeiro lugar, o acesso ao
crédito cria oportunidades para os agricultores e, assim, espera-se um aumento da renda. Além disso,
dada a vocação dos técnicos da APOMS, os tomadores de empréstimos adotaram práticas mais
sustentáveis – agroecológicas – de produção. Por fim, o plantio e árvores no Parque Natural de Glória
de Dourados, que está localizado nas instalações do CETAF, contribui para recuperação de áreas de
verdes, para a conscientização ambiental da população e para o desenvolvimento cultural e de lazer.
As evidências quantitativas e qualitativas dos resultados socioambientais advindos da linha de crédito
são apresentadas a seguir.

BENEFÍCIOS SOCIOAMBIENTAIS

Geração de oportunidades de renda

Adoção de práticas mais sustentáveis de produção – agroecologia
Recuperação de vegetação nativa do Cerrado
Envolvimento da população e conscientização ambiental
150 hectares plantados com novas variedades de mandioca orgânica

12
OS BE N E F Í C I O S
SOCIO A M B I E N T A I S :
RELAT O S D E E X P E R I Ê N C I A S

F O R M A Ç Ã O TÉCNICA E AÇÕES COLETIVAS PARA A VENDA DE LEITE EM

S I D R O L Â N D IA.

F I G U R A 3 A U M E N T O D A P R O D U Ç Ã O D E L E I T E E DAS RECEITAS COM VENDAS,

13
S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

O trabalho dos técnicos da APOMS, no entanto, não se limita às atividades produtivas no interior das
propriedades, mas envolve também aspectos de comercialização. No caso específico em Sidrolândia,
um processo de venda coletiva do leite para um laticínio foi incentivado e coordenado pela técnica
da APOMS. Tal iniciativa promoveu melhores condições de negociação de preços e gerou um
aumento de até 90% do valor por litro.

Consequentemente, a receita total de vendas do grupo de 14 famílias praticamente triplicou pelo

efeito combinado do aumento da quantidade produzida e do preço de venda. Antes do empréstimo,
a receita diária com a venda do leite era um pouco superior a R$ 20 mil. Após o empréstimo, com o
aumento da produção e melhoria do preço, a receita passou a ser de cerca R$ 77 mil, isto é, cerca de
285% de aumento.

Ainda que os resultados coletivos mostrem um impacto significativo, é possível mostrar experiências
individuais ainda mais relevantes. Uma família específica, composta por um casal e um filho, obteve
um empréstimo de R$ 10 mil. O recurso utilizado na correção do solo, na reforma de pastagens e na
aquisição de uma ordenhadeira. Pouco tempo depois, a produção de leite teve um aumento de
600% e as receitas com vendas chegaram a ter um aumento de 1.200%.

A experiência em Sidrolândia retrata como a combinação de linha de crédito e assistência técnica é

crítica para a geração de benefícios sociais – geração de renda. O trabalho de assistência técnica
começa antes da concessão do crédito, auxiliando na construção de planos simplificados. Após o
empréstimo, a assistência técnica é fundamental para o uso efetivo dos novos recursos e,
consequentemente, o aumento da produção. Os cursos de formação em gestão financeira e
cooperativismo, aliado a experiência e liderança da APOMS, resulta em geração de renda por meio de
diversos aspectos.

P RO D UT OR D E PE C UÁ R I A DE
L E IT E D E S ID RO LÂ N D I A N O
A SS EN T A M E NT O EL D O R A D O
I, D UR A NT E VIS IT A CO M A
A SS E S SO R A T É CN I C A D A
A PO M S .

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FLEXIBILIDADE E ALCANCE
AMPLIADO PARA OS
QUILOMBOLAS EM
DOURADOS

A Comunidade Quilombola da Picadinha, na cidade de Dourados – MS, foi estabelecida em 1907.

Desde então, a localidade abriga muitas famílias e descendentes dos primeiros moradores. Foi nesta
comunidade que uma das moradoras tomou um empréstimo de R$ 6 mil com a finalidade de
construir de um poço para solucionar um problema de irrigação. Após a concessão do crédito,
verificou-se que o projeto técnico inicial era inviável e o valor obtido não era suficiente para as obras.
Em uma situação convencional de empréstimos, não é possível alterar significativamente o plano
técnico, o que criaria um problema para a comunidade quilombola, que teria que incorrer em
maiores custos para realizar o projeto. Entretanto, a linha de crédito da Fundação Rabo e Cresol
permite a mudança do plano inicial. Afinal, o objetivo do empréstimo era resolver um problema de
acesso a água para irrigação e não especificamente a construção de um poço.

A solução foi a construção de um açude. A água do açude é, então, bombeada para a área mais
elevada de produção, reservada em uma caixa d’água. O sistema de irrigação, então, faz uso da água
já reservada ao lado da produção. Um aspecto relevante da melhoria da propriedade da comunidade
quilombola é a geração de benefícios para várias famílias, já que o açude beneficia a irrigação da
produção de sete famílias que vivem nas terras.

O açude, serve também para outras atividades, já que possibilita a criação de peixes e o
abastecimento de uma piscina construída ao lado. Os peixes servem de fonte de alimentos para o
sítio e a piscina é área de lazer e, também, uma fonte de renda extra. A piscina é parte de uma área
utilizada para camping, onde pessoas da região pagam para passar finais de semana.

BENEFÍCIOS SOCIAIS

Geração de renda pela melhoria da

Geração de renda pela melhoria da
produção: aumento da produção e
produção: aumento de 100% da produção
diminuição de custos pela irrigação
Geração de renda por meio do incentivo a
Melhoria da vida por oferecer a acesso
ações coletivas: aumento de 90% do preço
aos peixes para alimentação

V ISI T A À P RO PR IE D AD E D A S
T O M A DO R AS DO C R ÉD IT O Q U E
P OS SI BI LIT O U S O LU CI ON A R PROBL E M A
D E F A LT A DE R EC U RS O HÍ DR ICO PA R A
U SO D OM É ST IC O E NA P RO DU Ç Ã O
A GR ÍC O LA F AM IL I A R .

15
S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

D E T A L H E D O A ÇU DE Q U E É F O NTE P R IM Á R IA D E Á GU A E A LI M EN T O S (P E IX E S ) P ARA AS F AM Í L I A S

O C RÉ D ITO V IA B I LI Z O U A C O NS TR U ÇÃ O DA EST R UT U R A P A RA A F OR M A Ç Ã O D O
A ÇU D E E T A M B EM O S C OM P O NENT E S P A RA D IS T R I BU I ÇÃ O DA Á GU A E I RR I G AÇ Ã O.
N O DE TA LH E A B O M B A D ’Á GU A ABA ST E CE CA IX A S D ’Á GU A N A ÁR E A D E
H OR T IC U L TU R A.

Á RE A D E P R OD U ÇÃ O NO S ÍT IO DA F AM Í LI A DE M UT U Á R I O S
P AR A A SO LU Ç ÃO D E RE CU R SOS HÍ DR I CO S, CO M D E T A L H E
D A CA IX A D’Á G UA E D A P R OD UÇÃO D E M AN D I O C A .

16
O CETAF: FORMAÇÃO DE PESSOAS,
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO,
PRODUÇÃO DE INSUMOS, INCENTIVO AO
EMPREENDEDORISMO E PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL CENTRALIZADAS EM UMA
ÚNICA LOCALIDADE, PRÓXIMA AOS
PRODUTORES AGRÍCOLAS FAMILIAR

Como um programa de crédito com adaptações inovadoras para o pequeno agricultor, a relação
entre atividades do projeto e benefícios sociais pelo aumento de renda é direto. Entretanto, no
projeto da Fundação Rabo, há um conjunto de atividades auxiliares que produzem benefícios
socioambientais significativos.

O CETAF (Centro de Treinamento a Agricultura Familiar), com sede onde estão os produtores, na
cidade de Glória de Dourados, o elo coordenador para o alcance desses resultados. Em primeiro
lugar, o CETAF é o ponto de referência para as atividades principais de formação e aprimoramento
técnico dos pequenos produtores, mitigando riscos de inadimplência da linha de crédito. Em
paralelo, pela experiência acumulada, as atividades de formação disseminam técnicas mais
sustentáveis – agroecológicas – de produção.

O CETAF é também um espaço para a produção de insumos, como biofertilizantes, e atividades de

pesquisa e desenvolvimento. A produção de insumos é também uma potencial fonte de receitas para
o CETAF e um caminho para a autonomia econômica das instalações. Em parceria com a Embrapa
Mandioca e Fruticultura, foi implementada uma produção experimental de mandioca, onde
variedades são cultivadas em áreas demarcadas.

Os produtores que fazem parte do experimento de introdução de nova variedade na região já

produziram 15 hectares de mandioca, sendo que a produção inicial possibilitou a multiplicação para
outros 150 hectares. A introdução de novas variedades dentro de uma abordagem agroecológica,
aprimorando técnicas para produtores locais, gera benefícios ambientais significativos para a região.

V IST A A É RE A D O C E TA F (C E NT RO D E E D UCAÇÃ O E
TR E IN A M E N TO DA A G RI CU L TU RA F A M I LIA R )
L OC AL IZ AD O N A C I DA DE D E GLÓ RIA D E D OU R AD O S (M S)

17
 SO L U Ç Õ E S F I N A N C E I R A S C R I A T I V A S P A R A A P OIAR PEQUENOS PRODUTORES AGRÍCOLAS NO CERRADO

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS

ENTRADA DO PARQUE NATURAL

MUNICIPAL DE GLÓRIA DE DOURADOS,
LOCALIZADO NAS INSTALAÇÕES DO CETAF.

ÁREA DE REGENERAÇÃO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GLÓRIA DE DOURADOS

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 LIÇÕES
APRENDIDAS

O projeto da Fundação Rabo deve ser avaliado de forma holística, onde há uma sinergia entre a linha
de crédito e a filantropia estratégica. A combinação de recursos com fins lucrativos e a filantropia é
um princípio que pode ser replicado e disseminado para outras localidades e contextos.

Vale ressaltar que a execução desse tipo de abordagem, com múltiplos recursos e múltiplos
propósitos, depende de uma estrutura de execução consolidada. Em outras palavras, o ecossistema
construído pela Rede APOMS e a parceira Cresol é um fator crítico de sucesso. Assim, para ser
escalável e replicável, deve-se buscar comunidades de produtores que já estejam organizados
coletivamente em termos de produção e comercialização. Nesse sentido, a linha de crédito não
fomenta novas associações, mas atua na ampliação de uma rede social em funcionamento.

Este capital social acumulado foi um fator crítico para avaliação de crédito e o baixo índice de
inadimplência. O processo concessão de crédito conta com as relações interpessoais estabelecidas
pela Rede APOMS, o que permite entender as necessidades das famílias atendidas e forma de apoio
disponibilizada. A assistência técnica e o programa de treinamento em gestão complementam o
conjunto de condições necessárias para o uso do crédito ao que foi destinado.

Tratando-se especificamente da situação dos pequenos produtores atendidos pela linha de crédito,
há de se ressaltar as barreiras de acesso. Pode-se dizer que esses agricultores estavam “presos em
uma armadilha” em que não conseguiam aumentar a produção e melhorar as condições de vida por
falta de oportunidades. Esses são produtores que necessitam de um primeiro impulso, viabilizado por
visitas dos técnicos, injeção de recursos financeiros, acompanhamento técnico e acesso a mercado.

No projeto em análise, um aspecto relevante é se a renda adicional gerada e a melhoria das

condições de vida foram suficientes para prover uma inclusão econômica e retirar esses produtores
de uma situação de isolamento. Isto é, em período subsequente ao apoio, é desejável que as famílias
possam evoluir em termos de produção e gestão, sem um acompanhamento próximo e customizado.
Neste sentido, esta linha de crédito visa 'incubar' esses produtores para que possam passar a acessar
as linhas de créditos e a assistência técnica pelos canais tradicionais.

Ainda sobre fornecer autonomia, os recursos da doação foram um dos principais responsáveis por
manter o CETAF em funcionamento. Os recursos de filantropia são um ponto inicial e devem prover
as bases para a construção de um plano estratégico de autonomia econômica do CETAF, baseado em
receitas advindas da comercialização de insumos e ao prover serviços de assistência técnica.

Dando continuidade ao projeto de linha de crédito no Mato Grosso do Sul, em 2022 a Fundação Rabo
está realizando um segundo aporte, no valor total de BRL 1,5 milhão. Com base nas lições aprendidas
e a estrutura e conhecimento do primeiro aporte, o segundo projeto tem como objetivo a adaptação
da propriedade dentro de uma perspectiva sistêmica que irá gerar maior produtividade e menor
desperdício. Essa linha de crédito envolve dois tipos de aportes – o de capital de custeio da produção,
e o de investimento para viabilizar melhorias em infraestrutura que sejam necessárias para a
integração sistêmica. Dessa forma, a prioridade é fomentar propriedades que combinam várias
culturas e diferentes produtos e serviços. 19
S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

LIÇÕES APRENDIDAS

Sinergia entre recursos com fins lucrativos e filantropia estratégica

Potencialização do ecossistema já construído pela Rede APOMS e a parceira Cresol
Acompanhamento altamente customizado e próximo para quem está “preso em uma armadilha”
de isolamento e falta de oportunidades.
Processos críticos de avaliação de crédito e apoio técnico dependentes de conhecimento e capital
social acumulado na rede de pequenos produtores agroecológicos

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S O L U Ç Õ E S F I N A N C EI RA S CR IATIV A S P A R A AP O I A R PE Q U EN O S PR O DU T O R E S A G RÍ C OLA S NO C E R RA D O

QUEM SOMOS?

Fundação Rabo
Constituído de três níveis, o Sistema Cresol
conta com uma Confederação, quatro Centrais
A Fundação Rabo faz parte do Grupo de Crédito e suas cooperativas singulares. A
Rabobank, um fornecedor de serviços Cresol Centro-Sul RS/MS, é uma das
financeiros que opera em princípios cooperativas singulares integrantes do Sistema,
cooperativos em mais de 40 países. A Fundação com agências de relacionamento no Alto
apoia projetos que promovam a participação Uruguai e Serra Gaúcha e no Mato Grosso do
econômica e a autossuficiência na Holanda e Sul, e que, desponta como uma das
internacionalmente. Nos países em participantes da linha de crédito em parceria
desenvolvimento, a Fundação se concentra em com a Rede APOMS, Fundação Rabo e Alimi
microfinanças e apoio relacionado a Impact Ventures.
associações e cooperativas agrícolas baseadas
em pequenos produtores. Os serviços O Sistema Cresol possui mais de 680 mil
oferecidos são empréstimos, garantias e famílias cooperadas e conta com agências de
assistência técnica. As doações são relacionamento em 17 estados brasileiros, em
complementares ao foco principal do um trabalho com foco no atendimento
Rabobank no desenvolvimento institucional e personalizado, fornecendo soluções financeiras
capacitação. www.rabobank.nl para gerar desenvolvimento dos cooperados, de
seus empreendimentos e de toda comunidade.
Rede APOMS www.cresol.com.br

APOMS - Associação organizada em rede Alimi Impact Ventures

formada por produtores/as que se dedicam a
construção de formas mais sustentáveis de A Alimi Impact Ventures é uma consultoria que
produção e de forma coletiva estão construindo visa ampliar o investimento de impacto na
ferramentas de suporte às necessidades América Latina em negócios pró-clima.
verificadas nos aspectos ligados a Inovação Priorizamos o ethos de uma Economia Circular
Tecnológica; a comercialização e aproximação e da Produção e Distribuição Sustentável de
com os consumidores e o acesso a crédito de Alimentos. Ainda, temos uma lente de
forma mais criativa/interativa para alavancar a investimento em gênero e o engajamento da
produção de alimentos mais saudáveis. nova geração como temas transversais.
https://www.facebook.com/redeapoms

Atuamos com base na Perspectiva Sistêmica,

incluindo os diferentes atores-chave nas
Cresol cadeias de valor internacionais, investidores de
impacto, grandes corporações, formuladores de
A Cresol é um Sistema Cooperativo de Crédito políticas e bancos de desenvolvimento. Nossa
Rural com Interação Solidária que surgiu para atuação está consolidada em três pilares
oferecer, além de serviços financeiros, principais: Match-making entre investidores e
desenvolvimento e inclusão social aos investidas; Captação de Recursos e Co-
associados. Concebido por organizações da Investimento e Identificação, incubação e
agricultura familiar, o Sistema busca fomentar construção de portfolio de negócios de
a cooperação por meio do crédito orientado e impacto. www.alimi.com.br
da educação financeira. 21
 SOLUÇÕES
FINANCEIRAS
CRIATIVAS PARA A
AGRICULTURA
FAMILIAR
2022
Citação da apresentação:

Autores:

Editoração:

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Soluções financeiras criativas

para a agricultura familiar