Gafi e Coaf
Gafi e Coaf
Gafi e Coaf
2018
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Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Direito pela
Universidade Federal de Pernambuco, aprovado com distinção. Bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES (2006/2008). Pós-Graduado em Direito Penal
Econômica e Europeu pela Universidade de Coimbra. Professor da Faculdade de Direito da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Coordenador e Professor do Programa de Mestrado em Direito da Escola Paulista
de Direito(2014-2016). Professor Visitante da Università degli Studi di Siena. Presidente da Comissão
Especial de Direito Penal Econômico da OAB/SP desde 2014. Líder do Grupo de Pesquisa "Direito Penal
Econômico" - UPM. Pesquisador do Grupo "A Tutela da Supraindividualidade e da Ordem Econômica, em
uma Perspectiva Constitucionalizada da Intervenção Penal" - FMC. Pesquisador do Grupo "Globalização
e Fundamentos Dogmáticos do Direito Penal Econômico" da Faculdade Damas. Pesquisador Associado no
CIHJur. Membro da Comissão de Reclassificação de Periódicos da Área do Direito da CAPES desde 2015.
Tem experiência na área de Direito Penal e Processo Penal, com ênfase em Direito Penal Econômico e
Empresarial. E-mail: marcoaurelio@florenciofilho.com.br.
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Mestranda em Direito Político e Econômico (Universidade Presbiteriana Mackenzie). Especialista em
Direito das Relações de Consumo (PUC - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Graduada em
Direito (Universidade Presbiteriana Mackenzie). Participou do Legal Education Exchange Program
(Thomas Jefferson School of Law). Advogada.
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ABSTRACT: This article aims to analyze the institutional arrangement that involves
COAF, in order to investigate its suitability to achievement of its duties while one of the
main actors of anti-money laundering policy in Brazil. Making use of hypothetical-
deductive method and the research developed based on bibliographical and legal
references it presents a brief overview about the evolution of the Brazilian policy for
tackling and preventing money laundering, and emphasizing the implementation of
COAF. Afterwards, it is analyzed the institutional arrangement that involves COAF,
which addresses the analysis of the adopted financial intelligence unity model, of its
structure and duties, as well as its relationship with the others actors of the anti-money
laundering policy. Hence, it is verified that although it presents some critical issues, the
institutional arrangement which involves COAF was well built, and, finally it is
concluded that the arrangement is suitable for COAF´s activities, and if improved, mainly
in regard to its structure, will assure more effectiveness to Brazilian anti-money
laundering policy.
Key words: Money laundering. COAF. Institucional arrangement. Policy.
INTRODUÇÃO
Não obstante o novo contexto da era globalizada tenha trazido em seu bojo
inúmeros benefícios, tais como o desenvolvimento das comunicações, o intercâmbio de
ideias e conhecimento e a integração econômica dos países por meio do maior fluxo de
bens, serviços e mão de obra, há que se observar que a eliminação de barreiras também
apresenta aspectos negativos, dentre os quais se destacam a expansão dos grupos
criminosos que antes atuavam em âmbito regional e o redesenho da criminalidade para
além das fronteiras, a qual não mais pode ser controlada pelos Estados, que tiveram seu
poder diluído3.
3
Nas palavras de Hobsbawn, “[...] a globalização, a vasta ampliação da mobilidade das pessoas e a
eliminação em grande escala dos controles fronteiriços na Europa e em outras partes do mundo tornam cada
vez mais difícil para os governos controlar o que entra e sai dos seus territórios e o que ocorre neles. É
tecnicamente impossível controlar mais do que uma fração mínima do conteúdo dos contêineres que
transitam pelos portos sem reduzir o ritmo da vida econômica diária quase pela metade. Os traficantes e os
comerciantes ilegais valem-se amplamente dessa facilidade, assim como da incapacidade dos Estados de
controlar ou mesmo monitorar as transações financeiras internacionais.” (HOBSBAWM, E. Globalização,
democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 144-145.)
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4
BIJOS, L. M. J.; ALMEIDA, M. J. M. A globalização e a 'lavagem' de dinheiro: medidas internacionais
de combate ao delito e reflexos no Brasil. Revista CEJ, Brasília, v. 19, p. 84-96, 2015. p. 88.
5
MACEDO, C. M. R. Lavagem de dinheiro: análise crítica das leis 9.613, de 03 de março de 1998 e
10.701 de 09 de julho de 2003. Curitiba: Juruá, 2006. p. 29. Segundo Romulo Braga “é importante
assinalar, não obstante, que o critério da utilização do vocábulo lavagem de dinheiro se explica pela
conversão ou transformação do ‘dinheiro sujo’ em ‘dinheiro limpo’, ou de ‘dinheiro frio’ em ‘dinheiro
quente’, que tem como característica determinante a introdução na economia de bens originários de
atividade ilícito, a qual representa um aumento no patrimônio do agente. Neste tipo de transação não se
busca exatamente rentabilidade, a não ser tranquilidade em virtude da origem ilícita de onde provém o
capital.” (BRAGA, Romulo Rhemo Palitot. Lavagem de dinheiro: fenomenologia, bem jurídico protegido
e aspectos penais relevantes. Curitiba: Juruá, 2013, p. 23)
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6
UNODC. O que é o crime de lavagem de dinheiro. Disponível em: <https://www.unodc.org/lpo-
brazil/pt/crime/o-que-e-o-crime-de-lavagem-de-dinheiro.html>. Acesso em: 08 jun. 2018.
7
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Combate à corrupção e à lavagem de dinheiro. Disponível em:
<http://www.justica.gov.br/sua-protecao/lavagem-de-dinheiro/institucional>. Acesso em: 08 jun. 2018.
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8
BUCCI, M. P. O conceito de políticas públicas em direito. In: BUCCI, M; P; D. Políticas públicas:
reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 39. “A política criminal vocacionada à
prevenção e à repressão da lavagem de ativos e à retirada do produto ilícito do delito, bem como do
perdimento do patrimônio adquirido de forma ilegal, passou a impor ao sistema bancário e aos agentes
financeiros a obrigação de colaborar com a persecutio criminis, comunicando às autoridades competentes
toda vez que se deparem com atividade suspeita envolvendo quantias determinadas, além do dever de
comunicar às autoridades ou instituições respectivas movimentos e transações monetárias suspeitas.
É sabido que uma das maiores dificuldades na luta contra o delito de lavagem advém de seu complicado
polimorfismo. À exaustão, a doutrina, acolhendo o modelo explicativo do Grupo de Ação Financeira
(GAFI), destaca os ciclos do branqueamento, distinguindo objetivamente três etapas: i) da colocação
(placement); ii) da dissimulação dos ativos (layering); e iii) da integração dos bens, direitos ou valores à
economia regular (integration). Dessas três fases, o momento mais vulnerável para o agente do delito – e
no qual se pode impor um maior dever de prevenção – é o da primeira, quando o agente tenta introduzir no
sistema financeiro o produto do delito precedente. Nesse diapasão, é compreensível que a medida inicial
de prevenção ao branqueamento de capitais seja a imposição ao sistema bancário e às instituições de crédito
– na função de garantidores do sistema financeiro – um especial dever de diligência (due diligence) quando
da identificação do seu cliente e na comunicação de operações suspeitas.
Desse modo, procede a assertiva de que a normativa em matéria de lavagem de capitais está orientanda a
impedir o ingresso dos fundos maculados na economia formal mediante o adequado conhecimento do
cliente (fase da colocação), a detectar as operações ou transações suspeitas (principalmente na fase da
diversificação) e a identificar os ativos de origem delitiva por meio de uma eficiente investigação
patrimonial (na fase de integração). As legislações penais modernas acolhem dispositivos dessa natureza,
e não poeria ser diferente com a nossa Lei n. 9.613/98, nos arts. 9º, 10 e 11.” (RIOS, Rodrigo Sachez.
Direito penal econômico: advocacia e lavagem de dinheiro: questões de dogmática jurídico penal e de
política criminal. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 46-49)
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DUARTE, C. S. O ciclo das políticas públicas. In: SMANIO, Gianpaolo Poggio; BERTOLIN, Patrícia
Tuma Martins; BRASIL, Patricia Cristina. O Direito e as Políticas Públicas no Brasil. São Paulo: Atlas,
2013. p. 19.
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10
“Criado em 1989 pelo G-7, o GAFI é um organismo intergovernamental cujo objectivo é o de desenvolver
e promover uma resposta internacional para o combate ao branqueamento de capitais e financiamento de
terrorismo. É um organismo que elabora políticas, reunindo peritos em questões jurídicas, financeiras e de
aplicação da lei para levar a cabo reformas de leis e regulamentos nacionais em matéria ABC e CFT,
uniformizando-as com vista a uma luta eficaz, objectiva e de promoção conjunta de estratégias.
(...)
O GAFI adoptou um conjunto de 40 recomendações, que constituem um sistema abrangente universal em
todos os países do mundo. As 40 recomendações estabelecem princípios de acção; permitem aos países
flexibilizar a aplicação dos princípios de acordo com as respectivas circunstâncias particulares e requisitos
constitucionais. Aesar de não serem vinculativas, elas têm sido amplamente reconhecidas pela comunidade
internacional e pelas organizações relevantes, como os padrões internacionais ABC” (SATULA, Benja.
Branqueamento de capitais. Lisboa: Universidade Católica, 2010, p. 53-54)
11
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Grupo de Ação Financeira Internacional – GAFI. Disponível em:
<http://www.justica.gov.br/sua-protecao/cooperacao-internacional/atuacao-internacional-2/foros-
internacionais/grupo-de-acao-financeira-internacional-gafi>. Acesso em: 09 jun. 2018.
12
GAFILAT. Quem somos. O órgão internacional. Disponível em: <http://gafilat.org.iplan-unix-
03.toservers.com/conte nt/quienes/&lang=pt>. Acesso em: 09 jun. 2018.
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13
COAF. Competências. Disponível em: <http://www.coaf.fazenda.gov.br/acesso-a-
informacao/Institucional/compete ncias>. Acesso em 14 abr. 2018.
14
ARAÚJO, F. D. Uma análise da Estratégia Nacional Contra a Corrupção e a lavagem de dinheiro
(ENCCLA) por suas diretrizes. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 2, n. 1, p. 53-82,
jan./jun. 2012. p. 64.
15
STRECK, Lenio. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da construção do
Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011, p. 35.
74
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16
MOHALLEM, M. F.; RAGAZZO, C. E. J. Diagnóstico Institucional: primeiros passos para um plano
nacional anticorrupção. Rio de Janeiro: FGV Direito Rio – CJUS, 2017, p. 52. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/ dspace/handle/10438/18167>. Acesso em 14 abr. 2018.
17
BIASOLI, R. ENCCLA: um exemplo de união. In: Secretaria Nacional de Justiça. ENCCLA - Estratégia
nacional de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro: 10 anos de organização do estado brasileiro
contra o crime organizado. Brasília, Ministério da Justiça, 2012 p. 58. Disponível em:
<http://www.justica.gov.br/sua-protecao/lavage m-de-dinheiro/arquivos_anexos/enccla-10-an os.pdf>.
Acesso em: 18 out. 2017.
18
BUCCI, Maria Paula Dallari. Fundamentos para uma Teoria Jurídica das Políticas Públicas. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2013. v. 1. p. 179
p. 179.
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19
Segundo Marco Antonio de Barros, “criou-se o COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras
com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar, identificar e investigar as
ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas na Lei de Lavagem, sem prejuízo da competência dos
demais órgãos e entidades governamentais envolvidos nesse combate.” (BARROS, Marco Antonio de.
Lavagem de capitais: crimes, investigação, procedimento penal e medidas preventivas. Curitiba: Juruá,
2017, p. 187)
20
COAF. Padrões internacionais de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo e
da proliferação: as recomendações do GAFI. 2012. Disponível em:
<http://www.coaf.fazenda.gov.br/links-externos/As% 20Recomendacoes%20GAFI.pdf>. Acesso em 13
jun. 2018.
21
EGMONT GROUP. Information paper on financal intelligence units and the Egmont Group. Disponível
em: <ht tp://216.55.97.163/wp-content/themes/bcb/bdf/int_regulations/egmont/EGinfo-web_en.pdf>.
Acesso em: 13 jun. 2018.
76
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22
BUSINESS CRIME BUREAU. Information paper on The Egmont Group and Financial Intelligence
Units. Disponível em: <http://216.55.97.163/wp-content/themes/bcb/bdf/int_regulatio ns/egmont/EGinfo-
web_en.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2018.
23
EGMONT GROUP, op. cit.
24
WORLD BANK. International Monetary Fund. Financial Intelligence Units: an Overview. Washington,
2004, p.15. Disponível em: <https://www.imf.org/external/pubs/ft/FIU/fiu.pdf>. Acesso em 09 jun. 2018.
25
EGMONT GROUP, op. cit.
26
WORLD BANK, op. cit., p. 13-14.
27
EGMONT GROUP, op. cit.
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28
WORLD BANK, op. cit., p. 10-11.
29
Ibidem, 2004, p. 11.
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O mais grave dessa questão é que o COAF, como um órgão administrativo que
30
BECHARA, F. R. Desafios na investigação de organizações criminosas: meios de obtenção de prova;
relatório de inteligência financeira. Revista jurídica ESMP-SP, São Paulo, v.10, p. 159-186, 2016. p. 181-
182.
31
ROMANTINI, G. L. O desenvolvimento institucional do combate à lavagem de dinheiro no Brasil desde
a lei 9.613/98, 2003. 226 f. (Dissertação de Mestrado em Ciências Econômicas) – UNICAMP, Campinas,
2003. p. 138.
79
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32
OLIVEIRA, B. Q. As limitações impostas pelo princípio da legalidade ao poder regulamentar do
conselho de controle de atividades financeiras. Justiça do Direito, Passo Fundo, v. 30, p. 421-443, 2016. p.
434.
80
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33
BECHARA, op. cit., p. 174.
34
COAF. Estrutura. 2018. Disponível em: <http://coaf.fazenda.gov.br/acesso-a-
informacao/Institucional/organograma >. Acesso em: 14 jun. 2018.
35
ROMANTINI, op. cit., p. 108.
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36
CONGRESSO NACIONAL. Relatório final da CPMI dos correios VIII, Brasília, 2006, p.1747-1751.
Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/84897>. Acesso em 14 jun. 2018.
37
COAF. Relatório de avaliação mútua do Brasil, 2010, p. 9. Disponível em:
<http://www.coaf.fazenda.gov.br/menu /avaliacao-mutua-do-brasil>. Acesso em: 14 jun. 2018.
82
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38
COAF. Relatório de gestão – exercício 2016, Brasília, 2017, p. 31 Disponível em:
<http://www.coaf.fazenda.gov.br /links-externos/5-relatorio-de-gestao-de-2016.pdf/view>. Acesso em: 14
jun. 2018.
39
RODRIGUES, P. P. COAF: Unidade de Inteligência Financeira no Brasil, 2008. 59 f. (Dissertação para
conclusão do curso de Direito) – USP, São Paulo, 2008. p. 12-13.
40
CONGRESSO NACIONAL, 2006, p. 1662.
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e Polícia Federal. Há que se observar que tais críticas ao COAF denotam o problema de
coordenação e interação dos próprios membros do COAF, bem como destes com órgãos
externos, como o MP e a PF. Como sugestões aventadas pelos procuradores da república,
na mesma pesquisa destacam-se: acesso do MP às informações colhidas pelo COAF;
maior estrutura do COAF; inserção do MPF como membro do COAF; criação de um setor
de inteligência no âmbito do MPF, interligado ao COAF. Outrossim em um dos
comentários dos juízes federais, tem-se que uma das prováveis razões para a aplicação da
Lei nº 9.613/98 ser classificada como tímida e incipiente no momento de realização da
pesquisa, seria a falta de disposição política do COAF no sentido de desenvolver um
trabalho integrado com as instituições vistas com desconfiança pelo Executivo (MPF,
judiciário).41
Nesse ponto vale destacar que, apesar de ter havido avanços nessa seara, o
problema ainda persiste e o COAF tem ciência das implicações negativas que as situações
conflituosas entre seus membros, bem como destes com outros atores institucionais, como
outros órgãos supervisores, MP e judiciário podem vir a ter sobre a eficiência no
tratamento da lavagem de dinheiro.
Nesse sentido, em seu Relatório de Gestão de 2016, destaca como um dos
dois Projetos Estratégicos Corporativos – PEC do Ministério da Fazenda que estão sob
sua responsabilidade a otimização dos processos de trabalho do COAF, sobretudo suas
interfaces com os processos de outras unidades do Ministério da Fazenda e outros atores
com competências ou interesse em prevenção e combate da lavagem de dinheiro,
mediante a adoção de solução tecnológica avançada e a proposição de plano de
fortalecimento de suas estruturas organizacionais.
Em suma, as principais críticas ao arranjo institucional que implementou o
COAF estariam relacionadas à estrutura insuficiente do órgão, o que reflete diretamente
na qualificação e especialização dos servidores e a precariedade na integração e
coordenação das relações entre os membros do COAF, bem como destes para com atores
externos inseridos no sistema de combate e prevenção de lavagem de dinheiro.
Ressalte-se que tais críticas correspondem a limitações em suas atividades
que estão intimamente ligadas às desvantagens do sistema administrativo, em especial no
41
JUSTIÇA FEDERAL. Conselho da Justiça Federal. Uma análise crítica da lei dos crimes de lavagem de
dinheiro. Brasília: Conselho de Justiça Federal, 2002. Série Pesquisas do CEJ, v. 9. Disponível em:
<http://www.cjf.jus.br /cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-
1/pesquisas-do-cej/uma-analise-critica-da-lei-dos-crimes-de-lavagem-de-dinheiro>. Acesso em: 18 abr.
2018.
84
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42
BUCCI, M. P. Fundamentos para uma teoria jurídica das políticas públicas. São Paulo: Saraiva, 2013.
p. 191.
43
COUTINHO, D. R. O direito nas políticas sociais brasileiras: um estudo sobre o programa Bolsa Família.
In: SCHAPIRO, Mario Gomes; TRUBEK, David. Direito e Desenvolvimento um diálogo entre os Brics.
São Paulo: Saraiva, 2012. p. 73-122.
85
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CONCLUSÃO
44
BECHARA, op. cit., p. 181-182.
86
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REFERÊNCIAS
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Públicas. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 1.
BUCCI, Maria Paula Dallari. O conceito de políticas públicas em direito. In: BUCCI, M;
P; D. Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva,
2006.
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EGMONT GROUP. Information paper on financal intelligence units and the Egmont
Group. Disponível em: < http://216.55.97.163/wp-
content/themes/bcb/bdf/int_regulations/egmont/EGinfo-web_en.pdf>. Acesso em:
13 jun. 2018.
JUSTIÇA FEDERAL. Conselho da Justiça Federal. Uma análise crítica da lei dos
crimes de lavagem de dinheiro. Brasília: Conselho de Justiça Federal, 2002. Série
Pesquisas do CEJ, v. 9. Disponível em: <http://www.cjf.jus.br /cjf/corregedoria-da-
justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/pesquisas-do-cej/uma-
analise-critica-da-lei-dos-crimes-de-lavagem-de-dinheiro>. Acesso em: 18 abr.
2018.
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