Laje Alveolar Protendida
Laje Alveolar Protendida
Laje Alveolar Protendida
(1) Eng.Civil MSc, aluno de Doutorado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(2) Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo
Resumo
Os elementos de concreto perdem capacidade resistente em situação de incêndio. Neste artigo, apresenta-
se a análise térmica de uma laje alveolar protendida, de um shopping em situação de incêndio. Em geral, as
áreas de shoppings não são compartimentadas, ou seja, a laje pode sofrer ação térmica em ambas as
faces. O método tabular, apresentado na ABNT NBR 15200:2004, somente prevê as situações de lajes em
que a ação térmica atua em uma face. Desse modo, efetua-se uma análise térmica via elementos finitos. Ao
final do trabalho, são fornecidas algumas recomendações e conclusões para a verificação da segurança de
lajes alveolares protendidas em situação de incêndio.
Abstract
The concrete elements have its resistance reduced in fire situation. In this paper, a thermal analysis of a
prestressed hollow core slab of a shopping mall in fire is presented. In general, the areas of shoppings are
not compartmented, i. e., the slab can has thermal action in both the faces. The tabular method, presented in
ABNT NBR 15200:2004 is just for slabs with thermal action in one face. In this paper, a thermal analysis
based on finite elements is done. Some recommendations and conclusions for prestressed hollow core slab
in fire verification are presented.
2 Ação Térmica
θ g = 20 + 345log ( 8t + 1) (1)
onde θ g é a temperatura dos gases quentes em ºC e t é o tempo expresso em minutos.
temp. máxima
fase de
aquecimento
fase de
resfriamento
ignição
tempo
inflamação
generalizada
Figura 1: Fases de um incêndio natural
1200
1000
Temperatura (ºC)
800
600
400
200
Tempo (min.)
0
0 15 30 45 60 75 90
3 Propriedades Térmicas
Na análise térmica das lajes adotam-se as características térmicas segundo as
especificações do EC2 parte 1.2 (2004) para o concreto silicoso de densidade normal,
apresentadas nos itens seguintes.
O fator de emissividade será adotado igual a 0,7 e o coeficiente de transferência de calor
por convecção igual a 25 W/m2°C, conforme recomendações da norma européia EC2
parte 1.2 (2004).
1,5
0,5
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)
O EC2 parte 1.2 (2004) recomenda que a variação do calor específico em função da
temperatura ( c p ,θ ) para concretos silicosos secos seja representada por meio das
expressões (3).
c p ,θ = 900 para 20oC ≤ θ ≤ 100 o C
c p ,θ = c p , pico para 100 oC < θ ≤ 115o C
(1000 − c )
c p ,θ = c p , pico +
p , pico
(θ − 115 ) para 115o C < θ ≤ 200o C (3)
85
θ
c p ,θ = 900 + para 200oC < θ ≤ 400 o C
2
c p ,θ = 1100 para 400 o C < θ ≤ 1200 o C
1600
1500
Calor específico (J/kgºC)
1400
1300
1200
1100
1000
900
800
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)
3.3 Densidade
ρ (θ ) = ρ ( 20o C ) . ⎜1 − 0, 02
⎛ (θ − 115) ⎞ para 115oC < θ ≤ 200o C
⎟
⎝ ⎠ 85
⎛
ρ (θ ) = ρ ( 20o C ) . ⎜ 0,98 − 0, 03
(θ − 200 ) ⎞ para 200o C < θ ≤ 400o C
(4)
⎟
⎝ 200 ⎠
ρ (θ ) = ρ ( 20o C ) . ⎜ 0,95 − 0, 07
⎛ (θ − 400 ) ⎞ para 400oC < θ ≤ 1200o C
⎟
⎝ 800 ⎠
2400
2350
Densidade (kg/m³)
2300
2250
2200
2150
2100
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)
4 Relações tensões-deformações
O EC2 parte 1.2 (2004) propõe uma relação tensão-deformação para as armaduras ativas
em temperaturas elevadas, válida para uma taxa de aquecimento entre 2 e 50K/min,
baseando-se nos ensaios feitos pelas siderúrgicas British Steel (Reino Unido) e ARBED
(Luxemburgo), e são dadas pelas equações (5).
σ = E p ,θ ε para ε ≤ ε pp ,θ
⎛b⎞
σ = f pp ,θ − c + ⎜ ⎟ ⎡⎢ a 2 − ( ε py ,θ − ε ) ⎤⎥
2 0,5
para ε pp ,θ < ε ≤ ε py ,θ
⎝ a ⎠⎣ ⎦
σ = f py ,θ para ε py ,θ < ε ≤ ε pt ,θ (5)
⎡ ε − ε pt ,θ ⎤
σ = f py ,θ ⎢1 − ⎥ para ε pt ,θ < ε ≤ ε pu ,θ
⎣⎢ ε pu ,θ − ε pt ,θ ⎦⎥
σ = 0, 0 para ε = ε pu ,θ
Onde os parâmetros são definidos pelas equações (6) a (9).
f
ε pp ,θ = pp ,θ
E p ,θ (6)
ε py ,θ = 0, 02
(f − f )
2
py ,θ pp ,θ
c= (9)
(ε py ,θ − ε pp ,θ ) E − 2( fp ,θ py ,θ − f pp ,θ )
Em que ε py ,θ , ε pp ,θ , ε pt ,θ , ε pu ,θ são as deformações lineares específicas no escoamento, no
limite de proporcionalidade, no limite do patamar de escoamento e a última na
temperatura θ a , respectivamente, f pp ,θ é a tensão correspondente ao limite de
proporcionalidade, f py ,θ é a resistência ao escoamento e E pθ o módulo de elasticidade na
temperatura θ a , cujos valores são fornecidos no EC2 parte 1.2 (2004). A Figura 6 mostra
a lei constitutiva das armaduras ativas a altas temperaturas.
σ
fpy,θ
Epθ=tgα
α
ε
εpp,θ εpy,θ = 0,02 εpt,θ εpu,θ
6 Análise térmica
3φ 5,0mm
φ12,7mm
Figura 12: Detalhes das isotermas na região das cordoalhas: (a) que dista 5,0 cm
da face inferior, (b) que dista 3,0 cm da face inferior.
Figura 13: Detalhes das isotermas na região superior: (a) lateral, (b) central.
0.45
0.4 0,4264 fpyk
0.35
redutor de resistência
0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05 0.055 0.06
0.8
0,795 f pyk
0.7
redutor de resistência
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
400
350
300
Temperature [ °C ]
250
200
150
100
50
x=0.600 y=0.280
0
0 10 20 30 40 50 60
Time [minutes]
0.8
0.7
0,74 fyk
0.6
redutor de resistência
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005
Neste artigo apresentou os subsídios para a verificação de uma laje alveolar protendida
em situação de incêndio. Por se tratar de um estabelecimento comercial varejista, onde os
ambientes não são compartimentados, a ação térmica na laje pode ocorrer nas duas
faces simultaneamente. Dessa forma, o método tabular apresentado pela ABNT NBR
15200:2004 não é aplicável.
Assim, para a verificação da laje em situação de incêndio efetuou-se uma análise térmica
por meio de uma modelagem em elementos finitos, com a finalidade de se obter o campo
de temperaturas na seção transversal da laje e, consequentemente, o diagrama tensão-
deformação das armaduras considerando a elevação na temperatura das mesmas.
Com o conhecimento dos diagramas tensão-deformação e a seção transversal reduzida
(desconsidera-se as áreas de concreto onde a temperatura é superior a 500ºC) é
possível, utilizando os procedimentos convencionais de dimensionamento presentes na
ABNT NBR 6118:2003, a verificação da laje alveolar protendida em situação de incêndio.
No modelo analisado aplicou-se a curva padronizada temperatura-tempo em ambas as
faces, a favor da segurança. Em casos específicos em que na face superior da laje não
há carga de incêndio, mas, transmissão de calor por meio da fumaça, estudos térmicos de
incêndio mais apurados devem ser realizados a fim de se determinar a ação térmica mais
realística.
8 Agradecimentos
9 Referências bibliográficas
Anderberg, Y.; TCD 5.0 - User’s Manual. Fire Safety Design, Lund, 1997.
Costa, C. N., Rita, I. A., Silva, V. Pignatta. Princípios do “método dos 500ºC” aplicados no
dimensionamento de pilares de concreto armado em situação de incêndio, com base nas
prescrições da NBR 6118 (2003) para projeto à temperatura ambiente. In. IBRACON – 46º
Congresso Brasileiro do Concreto. Florianópolis. 2004.