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Laje Alveolar Protendida

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Análise térmica de laje alveolar protendida em situação de incêndio

Thermal analysis of prestressed hollow core slabs in fire

Igor Pierin (1); Valdir Pignatta e Silva (2)

(1) Eng.Civil MSc, aluno de Doutorado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(2) Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo

Resumo
Os elementos de concreto perdem capacidade resistente em situação de incêndio. Neste artigo, apresenta-
se a análise térmica de uma laje alveolar protendida, de um shopping em situação de incêndio. Em geral, as
áreas de shoppings não são compartimentadas, ou seja, a laje pode sofrer ação térmica em ambas as
faces. O método tabular, apresentado na ABNT NBR 15200:2004, somente prevê as situações de lajes em
que a ação térmica atua em uma face. Desse modo, efetua-se uma análise térmica via elementos finitos. Ao
final do trabalho, são fornecidas algumas recomendações e conclusões para a verificação da segurança de
lajes alveolares protendidas em situação de incêndio.

Palavra-Chave: incêndio, análise térmica, laje alveolar, laje protendida.

Abstract
The concrete elements have its resistance reduced in fire situation. In this paper, a thermal analysis of a
prestressed hollow core slab of a shopping mall in fire is presented. In general, the areas of shoppings are
not compartmented, i. e., the slab can has thermal action in both the faces. The tabular method, presented in
ABNT NBR 15200:2004 is just for slabs with thermal action in one face. In this paper, a thermal analysis
based on finite elements is done. Some recommendations and conclusions for prestressed hollow core slab
in fire verification are presented.

Keywords: fire, thermal analysis, hollow core slab, prestressed slab

ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 – 51CBC0218 1


1 Introdução
As lajes alveolares são constituídas de painéis de concreto protendido de altura constante
e alvéolos longitudinais, responsáveis pela redução no peso da estrutura, ocasionando
uma economia em relação às lajes de concreto convencionais.
A análise de lajes alveolares em situação de incêndio é mais complicada quando
comparadas as lajes maciças ou pré-moldadas. Os alvéolos causam descontinuidades na
transferência de calor e o gradiente térmico deve ser tratado com precisão pelo modelo.
O objetivo desse artigo é analisar termicamente uma laje alveolar protendida executada
em um shopping center. Em vista da área do shopping não ser compartimentada, a laje
pode sofrer ação térmica nas duas faces. Dessa forma, a utilização do método tabular
para a verificação de estruturas de concreto em situação de incêndio, previsto na ABNT
NBR 15200:2004, não é aplicável. Assim, são necessárias analises térmicas para a
verificação da segurança em situação de incêndio.
As análises térmicas fornecem o campo de temperaturas atuantes no elemento estrutural
para posterior verificação da segurança estrutural em incêndio.

2 Ação Térmica

Nas análises de estruturas, o incêndio é caracterizado pela relação entre a temperatura


dos gases quentes e o tempo. Em um incêndio real, essa relação, denominada de curva
natural de incêndio, é de difícil avaliação, pois depende de uma série de variáveis, tais
como a carga de incêndio, as características geométricas do compartimento e o grau de
ventilação. De um modo geral, o incêndio compartimentado pode ser representado por
três fases distintas, conforme pode ser visto na Figura 1: (i) ignição, (ii) aquecimento e (iii)
resfriamento.
Tendo em vista que a curva temperatura-tempo do incêndio possui muita variabilidade
dos parâmetros envolvidos, convencionou-se adotar um modelo padronizado para os
ensaios. Esse modelo é conhecido como modelo do incêndio-padrão.
A principal característica dos modelos de incêndio-padrão é que as curvas só apresentam
o ramo ascendente, ou seja, a temperatura dos gases é sempre crescente com o tempo e
independente das características do ambiente e da carga de incêndio. A utilização dessas
curvas para a representação dos incêndios reais tem pouco significado físico. No entanto,
a norma brasileira ABNT NBR 14432:2000 e a maioria das normas internacionais
permitem a utilização de tempos padronizados associados à curva de incêndio-padrão
com a finalidade de fornecer parâmetros de projeto. A curva padronizada mais difundida e
fornecida nas normas brasileiras ABNT NBR 14432:2000 e ABNT NBR 5628:2001, é a
ISO-834 (ISO, 2002), sendo expressa pela equação (1) e ilustrada na Figura 2.

θ g = 20 + 345log ( 8t + 1) (1)
onde θ g é a temperatura dos gases quentes em ºC e t é o tempo expresso em minutos.

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temperatura (ºC)

temp. máxima

fase de
aquecimento
fase de
resfriamento
ignição

tempo
inflamação
generalizada
Figura 1: Fases de um incêndio natural

1200

1000
Temperatura (ºC)

800

600

400

200

Tempo (min.)
0
0 15 30 45 60 75 90

Figura 2: Curva padronizada temperatura-tempo.

A ABNT NBR 14432:2000 estabelece que para estabelecimentos de comércio varejista e


com a altura da edificação entre 6 a 12 metros, seja adotado o Tempo Requerido de
Resistência ao Fogo (TRRF) igual ou superior a 60 minutos.
A ABNT NBR 15200:2004 apresenta uma tabela com a espessura mínima recomendada
para a laje (h) e as distâncias mínimas (c1) entre o centro geométrico da armadura e a
face de concreto exposta ao fogo, em função do TRRF.

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A mínima espessura h é exigida para garantir a função corta-fogo. A função corta-fogo
somente é necessária no caso de lajes de vedação de compartimentos. Compartimento é
a edificação ou parte dela, compreendendo um ou mais cômodos, espaços ou
pavimentos, construídos para evitar a propagação do incêndio de dentro para fora de
seus limites, incluindo a propagação entre edifícios adjacentes, quando aplicável. Em
vista de a área de shopping não ser compartimentada, essa exigência não é necessária.
As distâncias mínimas c1 apresentadas na ABNT NBR 15200:2004 foram determinadas
admitindo fogo somente em uma das faces (inferior). Em vista de a área de shopping não
ser compartimentada, a ação térmica pode atuar nas duas faces das lajes. Dessa forma,
os valores devem ser recalculados para essa condição mais severa. Há necessidade,
portanto, de análise térmica das lajes.

3 Propriedades Térmicas
Na análise térmica das lajes adotam-se as características térmicas segundo as
especificações do EC2 parte 1.2 (2004) para o concreto silicoso de densidade normal,
apresentadas nos itens seguintes.
O fator de emissividade será adotado igual a 0,7 e o coeficiente de transferência de calor
por convecção igual a 25 W/m2°C, conforme recomendações da norma européia EC2
parte 1.2 (2004).

3.1 Condutividade térmica

A variação da condutividade térmica para concretos silicosos com densidade normal é


expressa pela equação (2).

λc = 2 − 0, 2451(θ / 100 ) + 0, 0107 (θ / 100 )


2
(2)
onde λc é a condutividade térmica do concreto em W/mºC e θ é a temperatura em ºC.
A equação (2) é válida para temperaturas entre 20ºC e 1200ºC.
A Figura 3 mostra a variação da condutividade térmica para concretos silicosos com
densidade normal em função da temperatura de acordo com o EC2 parte 1.2 (2004).

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2
Condutividade (W/m.ºC)

1,5

0,5

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)

Figura 3: Variação da condutividade térmica em função da temperatura.

3.2 Calor específico

O EC2 parte 1.2 (2004) recomenda que a variação do calor específico em função da
temperatura ( c p ,θ ) para concretos silicosos secos seja representada por meio das
expressões (3).
c p ,θ = 900 para 20oC ≤ θ ≤ 100 o C
c p ,θ = c p , pico para 100 oC < θ ≤ 115o C
(1000 − c )
c p ,θ = c p , pico +
p , pico
(θ − 115 ) para 115o C < θ ≤ 200o C (3)
85
θ
c p ,θ = 900 + para 200oC < θ ≤ 400 o C
2
c p ,θ = 1100 para 400 o C < θ ≤ 1200 o C

onde θ é a temperatura em ºC.


Devido à evaporação de água livre presente no concreto endurecido, o valor do calor
especifico é constante para temperaturas entre 100ºC e 115ºC. Esse valor ( c p , pico )
depende do teor de umidade do concreto, conforme mostra a Tabela 1.
Neste trabalho, admitiu-se o teor de umidade igual a 1,5% por peso de concreto, por
corresponder ao teor mínimo de umidade esperados nos elementos usuais de concreto
nos ambientes internos dos edifícios. Segundo Costa e Silva (2007), a adoção do teor de
umidade igual a 1,5% do peso do concreto fornece campos de temperaturas
conservadores.

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A Figura 4 mostra a variação do calor específico em função da temperatura para o
concreto silicoso com 1,5% de teor de umidade.

Tabela 1: Valores de pico em função do teor de umidade


Teor de umidade c p , pico (J/kgºC)
0% 900
1,5% 1470
3,0% 2020

1600
1500
Calor específico  (J/kgºC)

1400
1300
1200
1100
1000
900
800
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)

Figura 4: Variação do calor específico em função da temperatura.

3.3 Densidade

A variação da densidade do concreto com a temperatura ( ρθ ) é influenciada pela perda


de água. O EC2 parte 1.2 (2004) recomenda que essa variação seja determinada
conforme as equações (4).
ρ (θ ) = ρ ( 20o C ) para 20oC ≤ θ ≤ 115o C

ρ (θ ) = ρ ( 20o C ) . ⎜1 − 0, 02
⎛ (θ − 115) ⎞ para 115oC < θ ≤ 200o C

⎝ ⎠ 85

ρ (θ ) = ρ ( 20o C ) . ⎜ 0,98 − 0, 03
(θ − 200 ) ⎞ para 200o C < θ ≤ 400o C
(4)

⎝ 200 ⎠

ρ (θ ) = ρ ( 20o C ) . ⎜ 0,95 − 0, 07
⎛ (θ − 400 ) ⎞ para 400oC < θ ≤ 1200o C

⎝ 800 ⎠

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onde θ é a temperatura em ºC e ρ ( 20o C ) é a densidade do concreto a temperatura
ambiente (20ºC).
A Figura 5 ilustra a variação da densidade do concreto em função da temperatura,
considerando a densidade do concreto à temperatura ambiente igual a 2400 kg/m³.

2400

2350
Densidade (kg/m³)

2300

2250

2200

2150

2100
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)

Figura 5: Variação da densidade do concreto em função da temperatura.

4 Relações tensões-deformações
O EC2 parte 1.2 (2004) propõe uma relação tensão-deformação para as armaduras ativas
em temperaturas elevadas, válida para uma taxa de aquecimento entre 2 e 50K/min,
baseando-se nos ensaios feitos pelas siderúrgicas British Steel (Reino Unido) e ARBED
(Luxemburgo), e são dadas pelas equações (5).
σ = E p ,θ ε para ε ≤ ε pp ,θ
⎛b⎞
σ = f pp ,θ − c + ⎜ ⎟ ⎡⎢ a 2 − ( ε py ,θ − ε ) ⎤⎥
2 0,5
para ε pp ,θ < ε ≤ ε py ,θ
⎝ a ⎠⎣ ⎦
σ = f py ,θ para ε py ,θ < ε ≤ ε pt ,θ (5)
⎡ ε − ε pt ,θ ⎤
σ = f py ,θ ⎢1 − ⎥ para ε pt ,θ < ε ≤ ε pu ,θ
⎣⎢ ε pu ,θ − ε pt ,θ ⎦⎥
σ = 0, 0 para ε = ε pu ,θ
Onde os parâmetros são definidos pelas equações (6) a (9).
f
ε pp ,θ = pp ,θ
E p ,θ (6)
ε py ,θ = 0, 02

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⎛ c ⎞
a 2 = ( ε py ,θ − ε pp ,θ ) ⎜ ε py ,θ − ε pp ,θ + ⎟ (7)
⎜ E p ,θ ⎟⎠

b 2 = c ( ε py ,θ − ε pp ,θ ) E p ,θ + c 2 (8)

(f − f )
2
py ,θ pp ,θ
c= (9)
(ε py ,θ − ε pp ,θ ) E − 2( fp ,θ py ,θ − f pp ,θ )
Em que ε py ,θ , ε pp ,θ , ε pt ,θ , ε pu ,θ são as deformações lineares específicas no escoamento, no
limite de proporcionalidade, no limite do patamar de escoamento e a última na
temperatura θ a , respectivamente, f pp ,θ é a tensão correspondente ao limite de
proporcionalidade, f py ,θ é a resistência ao escoamento e E pθ o módulo de elasticidade na
temperatura θ a , cujos valores são fornecidos no EC2 parte 1.2 (2004). A Figura 6 mostra
a lei constitutiva das armaduras ativas a altas temperaturas.
σ 

fpy,θ 

Epθ=tgα 
α 
ε 
εpp,θ        εpy,θ = 0,02          εpt,θ                    εpu,θ 

Figura 6: Relação tensão-deformação para aços a altas temperaturas.

5 Método dos 500ºC

Para a verificação da capacidade resistente de elementos de concreto em situação de


incêndio, a ABNT NBR 15200:2004, o EC2 parte 1.2 (2004) e o boletim do CEB número
208 (1991) recomendam a utilização de métodos analíticos.
O método dos 500ºC idealizado na Suécia é o mais difundido no meio técnico. Segundo
Buchanan (2001), o método sugere desprezar a área de concreto acima de 500ºC, por
não apresentar função estrutural.
Os procedimentos básicos de cálculo para o dimensionamento de estruturas de concreto
em situação de incêndio são descritos a seguir (Costa et al, 2004):
(i) Determinação do campo de temperaturas no interior do elemento estrutural em
função do TRRF;

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(ii) Reduzir a seção transversal, desprezando as áreas de concreto com temperatura
acima de 500ºC;
(iii) Determinar as temperaturas nas armaduras;
(iv) Reduzir as propriedades mecânicas do aço em função da temperatura;
(v) Estimar a resistência da peça considerando a seção e as propriedades do aço
reduzidas;
(vi) Comparar a resistência estimada em temperatura elevada com o esforço solicitante
em situação excepcional.
Os esforços solicitantes devem ser determinados considerando todas as características
reológicas do concreto à temperatura ambiente, segundo a ABNT NBR 6118:2003, mas
tomando-se γc = 1,2. Além disso, devem ser utilizados os diagramas tensões-deformações
do aço correspondentes às temperaturas obtidas por meio de análises térmicas e
tomando-se γs = 1,0.

6 Análise térmica

Na determinação da distribuição do campo de temperaturas para a laje alveolar


protendida, utilizou-se o programa de computador SuperTempCalc (STC), desenvolvido
na Universidade de Lund, Suécia, (Anderberg, 1997). O programa STC começou a ser
desenvolvido em 1985 para a análise térmica de estruturas bidimensionais por meio do
método dos elementos finitos (MEF). O programa foi confrontado com inúmeros ensaios
desde a sua primeira versão e utilizado na elaboração do EC2 parte 1.2 (2004).
Na Figura 7 apresenta-se o modelo de laje alveolar protendida analisado termicamente,
com altura de 26 cm e uma capa (revestimento de cimento e areia) de 5 cm. As
cordoalhas de 3 φ 5 mm e φ 12,7 mm estão centradas a 3 cm e a 5 cm da face inferior,
respectivamente. As armaduras passivas (negativas) de φ 8 mm c/11 cm estão centradas
a 3 cm da face superior do concreto.

3φ 5,0mm
φ12,7mm

Figura 7: Modelo de laje analisado termicamente

Na Figura 8, apresentam-se as condições de contorno utilizado na análise, em que “2” é a


curva de aquecimento padronizada e “1” corresponde ao ar interno à cavidade.

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Figura 8: Condições de contorno utilizado na análise

Após algumas simulações, a fim de se otimizar a malha de elementos finitos, empregou-


se a malha indicada na Figura 9, malha triangular de 2 cm x 2 cm.

Figura 9: Malha de elementos finitos usado na modelagem

Na Figura 10, apresenta-se o campo de temperaturas a que estará submetida a laje e


revestimento no TRRF = 60 min.
Na Figura 11, apresentam-se as isotermas na laje no TRRF = 60 min, enquanto que nas
figuras 12 e 13 são apresentadas em detalhes as isotermas nas regiões de armadura
ativa e passiva, respectivamente. Observa-se que a isoterma de 500 °C passa a 2,2 cm
da face inferior e a 2,2 cm da face superior. Sendo essas as faixas que devem ser
retiradas da altura do concreto para fins de dimensionamento em incêndio. Da altura
original da laje, devem ser retirados 2,2 cm na zona comprimida. Na região de contato da
laje com os apoios essa redução pode ser desconsiderada, conforme mostra a Figura 14.

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Figura 10: Campo de temperaturas da laje de 26 cm para 60 min

Figura 11: Isotermas da laje de 26 cm no TRRF = 60 min

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(a) (b)

Figura 12: Detalhes das isotermas na região das cordoalhas: (a) que dista 5,0 cm
da face inferior, (b) que dista 3,0 cm da face inferior.

Figura 13: Detalhes das isotermas na região superior: (a) lateral, (b) central.

Figura 14: Espessura do concreto a ser desconsiderada no dimensionamento em


situação de incêndio

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As armaduras ativas (cordoalha) de 3 φ 5 mm e φ 12,7 mm estão centradas a 3 cm e a 5
cm da face inferior, respectivamente. Na Figura 15 apresenta-se a variação de
temperatura nas cordoalhas. Aos 60 min a temperatura vale 415 °C para a cordoalha
localizada a 3 cm da face inferior e 250 °C para a localizada a 5 cm. Os diagramas
tensão-deformação estão apresentados, respectivamente, às figuras 16 e 17.

Figura 15: Variação de temperatura na região das cordoalhas

0.45

0.4 0,4264 fpyk

0.35
redutor de resistência

0.3

0.25

0.2

0.15

0.1

0.05

0
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05 0.055 0.06

Figura 16: Diagrama tensão-deformação para cordoalha a 415 °C (3 cm da face


inferior na laje de 26 cm)
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0.9

0.8
0,795 f pyk
0.7
redutor de resistência

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05

Figura 17: Diagrama tensão-deformação para cordoalha a 250 °C (5 cm da face


inferior na laje de 26 cm)

As armaduras passivas (negativas) de φ 8 mm c/11 cm estão centradas a 3 cm da face


superior do concreto. Na Figura 18 apresenta-se a variação de temperatura nessas
barras. Aos 60 min a temperatura vale 400 °C. O diagrama tensão-deformação está
apresentado na Figura 19. Na construção desse diagrama, assumiu-se a compatibilidade
entre deformação do aço e do concreto e, portanto, limitou-se, conforme recomendação
do EC 2 parte 1.2 (2004), a deformação linear especifica do aço a 0,2% da deformação
plástica residual.

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450

400

350

300
Temperature [ °C ]

250

200

150

100

50

x=0.600 y=0.280
0
0 10 20 30 40 50 60
Time [minutes]

Figura 18: Variação de temperatura na região das armaduras negativas

0.8

0.7
0,74 fyk
0.6
redutor de resistência

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005

Figura 19: Diagrama tensão-deformação para armadura passiva (compressão) a


400 °C (3 cm da face superior na laje de 26 cm)

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7 Conclusão

Neste artigo apresentou os subsídios para a verificação de uma laje alveolar protendida
em situação de incêndio. Por se tratar de um estabelecimento comercial varejista, onde os
ambientes não são compartimentados, a ação térmica na laje pode ocorrer nas duas
faces simultaneamente. Dessa forma, o método tabular apresentado pela ABNT NBR
15200:2004 não é aplicável.
Assim, para a verificação da laje em situação de incêndio efetuou-se uma análise térmica
por meio de uma modelagem em elementos finitos, com a finalidade de se obter o campo
de temperaturas na seção transversal da laje e, consequentemente, o diagrama tensão-
deformação das armaduras considerando a elevação na temperatura das mesmas.
Com o conhecimento dos diagramas tensão-deformação e a seção transversal reduzida
(desconsidera-se as áreas de concreto onde a temperatura é superior a 500ºC) é
possível, utilizando os procedimentos convencionais de dimensionamento presentes na
ABNT NBR 6118:2003, a verificação da laje alveolar protendida em situação de incêndio.
No modelo analisado aplicou-se a curva padronizada temperatura-tempo em ambas as
faces, a favor da segurança. Em casos específicos em que na face superior da laje não
há carga de incêndio, mas, transmissão de calor por meio da fumaça, estudos térmicos de
incêndio mais apurados devem ser realizados a fim de se determinar a ação térmica mais
realística.

8 Agradecimentos

Os autores agradecem à CAPES, ao CNPq, à FAPESP e à T&A Construção Pré-


fabricada pelo apoio a esta pesquisa.

9 Referências bibliográficas
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